Presente de mãe

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


PEDRO BANDEIRA

PRESENTE DE Mテウ

JUAZEIRO DO NORTE-CE



MĂŁe padroeira das massas Sombra que alivia as dores Arvore das ramas esparsas Cobrindo o mundo de flores Forte amozona sem pausas Advogada das causas De tudo que aconteceu Dama, alfaiate e maestra Escrava, rainha e mestra Do filho que Deus lhe deu Unico amor puro do mundo Erva que cura desmaio Dona fiel do segundo Domingo o mĂŞs de maio Curvo-me ao seu grande dia Data que o mundo irradia Quando sua aurora vem Deus rasga a toalha escura Saudando a maior figura Que a face da terra tem


Dia que o sol cor de gema Beija a orla horizontal E a alma escuta um poema Que se repete anual São doze horas de prantos De emoções, de encantos Num filme que Deus se aferra Data que Nossa Senhora Viaja de mundo afora Dando uma volta na terra Como uma flor que me encanta Sua meiguice não finda Quanto mais meiga mais Santa Quanto mais Santa mais linda Seus olhos me encorajam Seus sentimentos me trajam De riso e filosofia O chão se rejuvenesce A terra faz uma prece E Deus inaltece o dia


Deusa do nosso convivio Arquivo do meu altar Eu nunca lhe dei alivio Nem direito de gozar Ninfa do meu mar sem ondas Lâmpadas das noites redondas Bússola que mostra o perigo Véu que cobria meu berço Eu morro mas não esqueço O que você fez comigo De noite você cantava Triste como uma viúva Sua voz se consertava A voz sonora da chuva Quando o trovão tenebroso Rangia espalhafatoso Você parava pra ouvir Eu chorava e lhe chamava E a minha insônia não dava Direito a você dormir


Quando o sol rasgava a peça Dos lençóis do firmamento Você fazia depressa O meu primeiro alimento Quando parava o chuveiro Eu pulava num barreiro Como quem vai se banhar Tudo eu em casa quebrava Mas você não reclamava Pra não me traumatizar Os raios do sol subiam Além cantava um “tetéu” As sombras diminuiam E as nuvens beijavam o céu Você olhava da porta Sentindo que a brisa morta Passava enxugando o chão Fazendo cócegas nas aguas” Cantando e tirando as mágoas Que a mãe tem no coração


Eu de camisa sem manga Calça curta, pele fina Olhava minha “fianga”(rede) Estendida na “fachina”(cerca) Meu lençol branco molhado Você com todo cuidado Esquentava no fogão Dizendo num gesto esquio: Eu posso dormir no frio Mas o meu filhinho, não Meu pai rebanhava os burros A tarde assombrava a terra E o mundo ouvia os sussurros Das cachoeiras da serra Na vespera de noite parda Você, meu anjo da guarda Cantava uma “Ave Maria” E a noite com seu pretume Cobria o chão com ciúme Da voz que você fazia


Cabelos brancos e pretos Luz, trabalho e paciencia Enigmáticos sonetos Que tem magnificencia Ajuda Cristo as mães pobres Que para os filhos são nobres Abre Brasil o teu cofre Prova o valor do teu nome Matando a sede e a fome Da Mãe faminta que sofre O crime que mais impede De no homem acreditar É vê uma Mãe que pede A quem se nega de dar É triste pra natureza Duma tristeza infantil Eu não resolvo o problema Mas ofereço um poema A todas mães do Brasil.

FIM



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