O principe oscar e a rainha das aguas

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INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


JOSÉ BERNARDO DA SILVA

O PRINCIPE OSCAR E A RAINHA DAS AGUAS

1974



Orgulho... Filho das trevas E pai da impiedade É irmão gêmeo do ódio Os quais germinam a maldade Todos êstes se reúnem Pra combater a verdade Essa questão abstrata Já vem de antigamente A mentira combatendo A verdade seriamente Não vence, mas já tem feito Muitos sofrerem inocente

Ninguém se julgue feliz Por mais que tenha ventura Pois a sorte tem 2 liquidos Um dôce e um de amargura E ninguém sabe da hora Que a desdita procura


Houve no Reino da Pérsia Há muitos séculos passados Um rei chamado Nebul Honesto, justo e honrado Sábio e muito justiceiro De todos apreciado Quando o rei Nebul contava Cinquenta anos de idade Cegou quase de repente Foi uma fatalidade Todos do reino sentiram Essa triste novidade Fêz vir a sua presença Tôda espécie de oculista O mais especialista Mas não conseguiram dar Ao rei Nebul sua vista


Recorreu ao espiritismo Fadas e feitiçaria Tôda ciência oculta Que pelo mundo existia A fim de ver se um jeito A sua vista daria

Nada puderam fazer O esfôrço foi baldado É tanto que o rei Nebul Ficara desenganado Resignou-se por ter A sorte lhe desprezado

Meses depois no palácio Viram uma velha chegar Pediu licença aos guardas Porque queria falar Com a sua majestade E um remédio ensinar


Os guardas interessados Deixaram a velha entrar Ela chegando ao rei Depois de o cumprimentar Beijou-lhe a mão e pediu Licença para falar

- O rei Nebul, disse ela Para vossa majestade Inda existe um remédio De valor e utilidade Porém para adquiri-lo É grande a dificuldade

- Daqui a milhões de léguas Tem num reino uma vertente Quem se banhar nessa fonte Fica bom rapidamente Porém guarnecendo a fonte Tem uma grande serpente


- É êste é único remédio Que curará suas mágoas Porém quem fôr conseguir Submete-se a grandes frágoas E o donatário do reino É a Rainha das Aguas - Essa agua de que falo É mais que misteriosa É tanto que sua cura Já se chama milagrosa Porém ir aquela fonte É cousa muito custosa

- Quem fôr buscar dessa água Não é bom que vá sozinho E quando chegar no reino No pôrto tem um velhinho Que da fonte de que falo É quem conhece o caminho


- Se o rei Nebul tiver Uma pessoa que vá Ver a água de que falo Quando essa chegar cá Com meia hora depois Sua vista voltará

O rei ficou muito alegre E na mesma ocasião Recompensou a velhinha Por aquela informação Restava quem fôsse ver Seu meio de salvação

Rei Nebul tinha 3 filhos Era o mais velho Agar O segundo era André E o mais moço Oscar Então podiu ao mais velho Pra dita água ir buscar


Preparou uma esquadra Disse a Agar que chefiasse E fosse ao Reino das Aguas Em país algum saltasse Só no ponto destinado E antes dum ano voltasse O principe seguiu viagem Quando num país chegou Mandou arrear os ferros Depois em terra saltou Grande festa na cidade Naquele dia encontrou

O principe entrou na festa Começou a se divertir Perdeu o dinheiro no jogo Então tratou de agir Na mesma hora foi prêso Não pôde mais prosseguir


Tendo decorrido um ano E o principe sem chegar Nebul o velho monarca Começou a lastimar Julgando seu filho morto Levava a vida a chorar

Preparou outra esquadra Poderosa e muito forte Deu a André e lhe disse: Em país algum aporte Se não chegares com 1 ano Chorarei a tua morte

Seguiu André, com 3 meses Chegou no mesmo país Onde Agar estava prêso No carcere triste infeliz André entrou na cidade Julgando ali ser feliz


Porém num grande banquete Gastou todo capital Rompeu com um personagem Da familia imperial Foi preso com a esquadra Inclusive um general Decorrido mais um ano E os principes não chegaram O rei dizia chorando: Meus filhos se acabaram As maiores desventuras Para mim se encaminharam

Então o principe mais nôvo Que era o jovem Oscar Ofereceu-se ao rei Pra dita água ir buscar Como era muito nôvo O rei não lhe quis mandar


- Meu filho, disse Nebul Pra semelhante viagem Seria até contra-senso Se eu tivesse coragem

Porém Oscar resoluto Tanto fêz tanto insistiu Com tanta amabilidade A seu pai tanto pediu Para fazer tal viagem Que o rei Nebul consentiu

Uma pequena esquadra O rei mandou preparar E Oscar no outro dia Depois de se confessar Rogou a Deus que quisesse Nessa emprêsa lhe ajudar


Saltou no mesmo país Onde os irmãos saltaram Para assistir uma festa Todos dali convidaram Mas êle renunciou Os afagos que mostraram

Soube que os irmãos ali Se achavam encarcerados Foi ao juiz e soltou-os E deixou-os demorados Seguiu a sua viagem Com os seus fiéis soldados

Chegou no Reino das Águas No pôrto saltou sozinho Foi logo a casa do velho Que morava bem pertinho O que era quem podia Lhe ensinar o caminho


- Bom-dia, meu bom velhinho Disse-lhe Oscar prazenteiro O velho lhe respondeu: Tenha o mesmo, cavalheiro; Olhou e conheceu logo Qu'era 1 principe estrangeiro O velho lhe perguntou: O que deseja comigo? Aqui no Reino das Águas Lugar de tanto perigo? - Meu velho, disse Oscar Tenho um negócio consigo

- Tens um negócio comigo? Então quem é o senhor? - Sou um principe estrangeiro E na Pérsia morador Sou filho do rei Nebul Um monarca imperial


- A uns sete anos atrás Meu pai a vista perdeu Recorreu todos os médicos E nenhum jeito lhe deu Empregou todos os meios Porém nenhum lhe valeu - Por fim já resignado Com a sua triste sina Chegou um dia na côrte Uma velha peregrina Ensinou-lhe um remédio Porém não da medicina

- Disse ela que aqui Neste reinado contém Uma fonte milagrosa Que grande prodígio tem Porém com grande obstáculo Essa água se obtém


- E disse mais que no pôrto Tinha um velho morador Que no mistério da fonte Era o único senhor Segundo o que ela disse Só pode ser o senhor

- Portanto, meu bom velhinho Não queira se aborrecer Qual o caminho da fonte? Faça o favor de dizer E para colhêr a água Eu o que devo fazer? - Menino, essa fonte fica Por traz daquela montanha É guarda uma serpente Duma natureza estranha É ligeira como um raio A bala não lhe arranha


- De fato, a água da fonte Tem prodígio divinal Tem realizado aqui Muita cura radical Tanto gente como bicho Já curou muito afinal - Porém há uns 20 anos Aqui chegou uma fada Horrenda e misteriosa Feiticeira e malvada Logo se apoderou Da dita fonte falada

- Antes disso, todo mundo Tinha plena liberdade De tirar água da fonte Havendo necessidade Mas com a chegada dela Surgiu a dificuldade


- Porque a bruxa exigia Do pessoal que chegava Uma avultada quantia Sem a qual ninguém tirava A água prodigiosa Que outrora não se comprava - Porque a bruxa exigia Do pessoal que chegava Uma avultada quantia Sem a qual ninguém tirava A água prodigiosa Que outrora não se comprava

- Muitos ainda pagaram Os que podiam pagar Os pobrezinhos, coitados Já não podiam arranjar Fizeram queixa ao rei O rei mandou-a chamar


- Ela recebeu a ordem Do supremo imperador Mandou dizer que não ia Pelo mesmo portador Dizendo que neste mundo Não tinha superior - O rei mandou uma fôrça Buscá-la prisioneira Ela rompeu com a fôrça Como uma flecha certeira Matou um oficial Que comandava a fileira

- Os soldados quando viram Seu chefe tombar sem vida Partiram pra feiticeira Com uma fúria desmedida Ela desapareceu Não pôde ser perseguida


- Dali a fôrça voltou Para a côrte imperial Quando o rei foi sabedor Dessa desgraça fatal Jurou de vingar a morte Do distinto oficial

- Logo após grande refôrço Cercou a dita vertente Porém em lugar da fada Tinha uma grande serpente A qual enfrentou a fôrça E devorou muita gente - Voltou a fôrça incompleta Sendo o esfôrço baldado Quando o rei soube do caso Ficou muito indignado Dizendo que a fada Era o diabo encantado


- No outro dia o rei Reuniu seu batalhão Pra dar combate à serpento Foi triste a situação A fera matou o rei Deixando órfã a nação

O rei que era viúvo Tinha uma filha somente É a Rainha das Aguas Moça distinta e valente Jurou de só se casar Com quem matasse a serpente - Aqui tem chegado principe Até da côrte estrangeira Combatem com a serpente Porém saem na carreira A princesa é a rainha E continua solteira


- Como lhe disse a velhinha De todo mistério eu sei Como nenhum procurou-me Também nunca ensinei Você como veio a mim Tudo lhe ensinarei - A serpente é encantada Ninguem a mata com bala O guerreiro deve ir só Sutil para não assanhá-la E somente a ferro frio Alguém poderá matá-la

- Se quer ganhar a vitória Vá e não leve ninguém Basta levar uma espada Se você coragem tem Confie em Deus e não corra Que talvez se saia bem


- Quando você lá chegar Se ela estiver dormindo É com os olhos abertos A cauda sempre bolindo Encha na fonte a garrafa E vá se escapulindo

Oscar seguiu para a fonte Tomado de precaução Antes de chegar da fonte Foi avistando o dragão Os olhos grandes abertos Disse: boa ocasião

Logo sem perda de tempo Na fonte a garrafa encheu Mas ao ir se retirando A serpente estremeceu Partiu para cima dêle Porém Oscar não correu


Oscar empunhou a espada Vibrou-lhe um golpe mortal A serpente desviou-se Partiu pra êle afinal Então travaram um luta Naquela brenha fatal A serpente dava esturros Parecendo endiabrada E investiu a Oscar Com uma fúria desmarcada E a esperava na espada

Depois de terem lutado Uma hora francamente Oscar cravou a seu jeito A espada na serpente Logo após notou na fera Um aspecto diferente


A serpente antes era Um mosntro descomunal Porém depois dêsse golpe Se transformou afinal Metade virou em gente E metade em animal

Já ferida e transformada Mas não se deu por vencida Investiu contra Oscar Porém um pouco abatida Com outro golpe certeiro O principe tirou-lhe a vida

O velho foi ao palácio A princesa fêz ciente De que 1 principe estrangeiro Foi lutar com a serpente Ela seguiu com a fôrça Socorrê-lo, certamente


Quando a princesa chegou Oscar estava sentado Mesmo no pé da vertente A fera morta dum lado O principe vendo a princesa Ficou muito admirado

A princesa perguntou-lhe: Principe herói quem és então? Oscar se ajoelhou E dela beijou a mão Dizendo que era filho De estrangeira nação

- Meu pai é o rei da Pérsia A quem a fatalidade Roubou a vista e deixou-o Em grande fragilidade Para qual a medicina Já não teve utilidade


- Um velha ensinou-lhe Esta água divinal Eu vim aqui encontrei Lutamos mais duma hora Porém matei-a afinal

A princesa contou tudo Que houve anteriormente Como a serpente matou A seu pai tão cruelmente E ela jurou casar-se Com quem matasse a serpente

- Portanto: disse a princesa Com grande contentamento Casar-me-ei com você; Oscar sem acamhamento Respondeu-lhe: com prazer Selarei o juramento


A princesa conduziu O principe na carruagem Para a c么rte onde Oscar Foi com grande homenagem Recebido e conhecido Como grande personagem Deu a princesa 1 banquete Em honra de seu amado Durante a grande festa Oscar foi apresentado Como noivo da princesa E her贸i condecorado

Foram 3 dias de festa Para todos do lugar No fim dos quais Oscar disse: Princesa, quero voltar Porque ao meu velho pai Tenho pressa de curar


Todos dalí contemplaram Aquêle futuro rei Lhe perguntou a princesa: Quando te esperarei? - Antes dum ano, disse êle Prometo que voltarei

Deu a princesa a Oscar Um anel com um brilhante Como prova de amor Jurando naquele instante Oscar também deu a ela U'a medalha importante

Perguntou ela a Oscar: Quando é que casar, queres? Disse êle: de hoje a um ano... - Pois bem, se tu não vieres De reinado do teu pai; Vou buscar onde estiveres


Então o principe lhe disse: Se eu não aparecer No tempo já referido Podes então ir-me ver Porque estou em perigo Ou antes para morrer

Despediram-se um do outro Muito se recomendaram Oscar voltou ao país Onde os irmãos ficaram E a vitória de Oscar Os dois então invejaram

Os dois príncipes invejosos Trairam o seu irmãozinho Deram a bordo um banquete Em honra do principezinho Pegaram o pobre inocente Embriagaram-no com vinho


Quando viram êle ébrio Os invejosos sorriam Tiraram a garrafa dágua Que na mala dêle viram Com outra dágua do mar Êles substituiram

Oscar quando melhorou Daquele ébrio estado Navegou à tôda pressa Pra côrte do seu reinado Sem ver que a sua água Os irmãos tinham roubado

Quando chegaram na Pérsia Onde eram moradores Os receberam com festas Honras, aplausos e louvores Foram levados à côrte Em carruagens de flôres


Oscar banhou logo os olhos Do seu pai imperador Êsse quase enlouquece Desesperado de dor Para examinar a água Mandaram vir um doutor Depois do exame feito O médico pôde afirmar Que aquela água era Água salgada do mar O rei encolerizado Bradava contra Oscar

Os dois trouxeram a água Que dêle tinham tomado Banharam os olhos do rei Que estava indignado Com a dor da água salgada Que Oscar tinha banhado


Quando o rei banhou os olhos Ficou bom rapidamente Abençoou os 2 filhos Que estavam na sua frente E almadiçoou a Oscar Coitado, pobre inocente Oscar quis lhe relatar Sua história de valor Os irmãos interromperam Nebul com ódio e rancor Disse que encarcerasse Êsse malvado impostor

Agar e André receberam Aplausos de todo mundo E Oscar foi logo prêso Em menos de um segundo Condenado a morrer Num bosque horrível imundo


Com urgência foi levado Por um grande batalhão Para um bosque além da serra Lugar de consumação Onde com fé implorou Á Virgem da Conceição

Disse êle: oh! Virgem Mãe Mandai-me 1 socorro forte Olhai que aqui estou Sob o govêrno da morte Tenhais dó dêste inocente Revogai a minha sorte!

- Santa Virgem mãe de Deus De lá da eternidade Livrai-me dêstes algozes Tenhais de mim piedade Sou um inocente, bem vês Não usei de falsidade!


- Mandai para socorrer-me O anjo São Gabriel Rogai por mim a Jesus O vosso filho fiel Para que eu seja livre Desta morte tão cruel!

Fazia pena se ouvir A lamentação de Oscar Os soldados comovidos Não o quiseram matar Deixaram êle sozinho Ali no bosque ficar

O príncipe ficou ali Naquele bosque deserto Sujeito às feras bravias Á fome, à sêde por certo Dormindo nas altas árvores Que haviam ali por perto


Depois de andar bastante Banhado em pranto e horror Foi sair em uma aldeia Na casa de um lavrador Se ofereceu como escravo E tomou-o por seu senhor

O principe no seu silêncio Recordava-se, coitado As delicias que gozou Na côrte do seu reinado E hoje naquele ermo Por todo desamparado

- Mil vêzes, dizia êle Eu tivesse sucumbido Nas garras daquele monstro Que por mim foi abatido De que me ver nesta sorte Como escravo foragido


O lavrador o tratava De modo grosseiramente Nos serviços mais pesados Botava o pobre inocente Êle que não declarou-se Sofria amargosamente Assim nessa amargura Um ano passou Oscar A princesa noiva dêle Não vendo êle chegar De acôrdo com o trato Resolveu ir lhe buscar

Preparou os seus navios E um grande contigente De cem mil homens armados E seguiu incontinenti Para o reinado da Pérsia Buscar o seu pretendente


Logo que chegou na Pérsia Mandou um dos generais Avisar ao rei Nebul Que lhe mandasse o rapaz Que trouxe a água da fonte Do seu reino um ano atrás

- Êsse rapaz de que falo Me jurou de casamento Se não em entregar êle Lhe digo sem fingimento Sua pequena cidade Arrasarei de momento

O rei ficou muito aflito Quando leu a intimação E mandou o principe Agar Em lugar do seu irmão A princesa expulsou-o Da porta da embarcação


O Agar saiu expulsou Do navio á ponta-pé Voltou e disse: é Oscar Que o noivo dela é Nebul em vez de Oscar Enviou o principe André

A princesa ai zangou-se E disse: homem atrevido Retire-se da minha vista O rei está iludido Eu quero aqui é Oscar Que è o meu escolhido

A princesa muito irada Mandou outra intimaçao Dando dois dias de prazo Pra resolver a questão Ou Nebul mandava Oscar Ou perderia a nação


O rei ficou muito aflito O jeito era se entregar Seus soldados eram poucos Para cem mil enfrentar Chorava de arrependido Por ter matado a Oscar

E estava lamentando Quando chegaram os soldados Disseram que o menino Êles não tinham matado Sim, o deixaram no bosque Por muito lhe ter rogado Com essa nova, Nebul Teve um raio de esperança Mandou os seus emissários Os de maior confiança Procurar o principe Oscar Pela circunvizinhança


Mandou pedir à princesa Que tivesse paciência Esperasse cinco dias Que o rapaz da exigência Se achava de viagem Mas ia pedir-lhe urgência

A princesa concedeu-lhe O prazo que o rei pedia Dizendo que um segundo Depois disso não cedia Se não mandasse-lhe o principe A guerra responderia As fôrças foram ao bosque Com cuidado procuraram O principe, porém ali Vestígio algum encontraram Pois num dia e duas noites Todo bosque revistaram


Muita gente procurava Cada qual por sua vez Tinha desejo de achar O belo principe cortês Acharam como escravo Na casa dum camponês

O camponês quando soube Que o seu trabalhador Era um principe estrangeiro Quase morre de pavor Botou-o nas costas e foi Entregá-lo ao seu amor

Já estava findo o prazo Quando o jovem apareceu Embora muito abatido A princesa o conheceu Devido o grande brilhante Do anel que ela deu


A princesa perguntou-lhe O que tinha acontecido E porque motivo êle Estava tão abatido Também no dia do trato Não lhe tinha aparecido

Disse êle: fui traído Pelos cruéis irmãos meus; - Agora, disse a princesa Te viagar dos irmãos teus; - Não senhora, disse êle Apelarei para Deus - Daqui mesmo, disse êle Amanhã viajarei Com você para seu reino A meu pai não voltarei Você escreva para êle Dizendo que seguirei


A moça mandou ao rei Uma carta que dizia Que justamente era aquele O principe que ela queria Por isso sua cidade Já não bombardearia

E o principe ia com ela Mas não tivesse cuidado Que êle breve seria Um monarca coroado Por ter sido êle o principe Que tinha amor lhe jurado O rei mandou lhe pedir Que antes de ir embora Quisesse o visitar Dizendo: alta senhora Quero abençoar meu filho E conhecer minha nora


A princesa foi à côrte Levou Oscar com certeza Foram fazer o pedido Do rei Nebul sua alteza O rei deu banquete em honra Do seu filho e da princesa O rei muito satisfeito Por ver seu filho chegar Arrependido chorava E foi a nora abraçar De tudo pediu perdão E abençoou a Oscar

Os principes facinorosos Foram logo interrogados Por causa da falsidade Foram ambos condenados A morrer em praça pública Numa fogueira queimados


Oscar que era dotado De amor e gratidão Vendo tão cruel sentença Teve dêles compaixão Pediu que o pai soltasse-os Embora contra a razão O rei soltou-os, porém Foram ambos deserdados Em todo reino da Pérsia Ficaram sendo odiados Filhos bons são protegidos E os maus são castigados

Na miséria dos 2 príncipes Só se ouvia falar A herança que era dêles Nebul deu a Oscar Não houve ainda quem visse O traidor triunfar


No mesmo dia casou-se Oscar com sua princesa Foi para o Reino das Águas E lá ficou com certeza Junto com sua rainha Dona de muita riqueza O rei Nebul muito triste Por ver seu filho partir Para tão longe da pátria Pediu também para ir Mas não podia deixar A sua patria e sair

Foi dolorosa a partida De Oscar e da princesa Pois todo mundo sentiu A mais profunda tristeza Causada pela partida Dos corações de nobreza


Logo que Oscar chegou No pôrto do seu reinado Em festa desembarcou Com a princesa de lado E logo pelos vassalos Como rei foi aclamado

As fortalezas salvaram Aquêle feliz momento Houve festa quinze dias Em louvor do casamento Todos ali demonstraram Prazer e contentamento

Oscar depois de ser rei O seu primeiro cuidado Foi mandar buscar o velho Que lhe havia ensinado Todo mistério da fonte Que êle havia libertado


Assim que o velho chegou Do palácio imperial Oscar mandou dar a êle Um imenso cabedal E nomeou-o depois Por conselheiro geral

Mandou por seus emissários À Pérsia irem levar Ao seu pai, água da vida Como também avisar Que quem dela precisasse Era só mandar buscar Aos reinos estrangeiros Mandava dizer então Que da água milagrosa Quem tivesse precisão Mandasse ver que a fonte Estava à disposição


Não era mais como dantes Que precisavam comprar E com grande sacrificio Poderiam arranjar Hoje o tributo exigido Só era a fonte zelar Além do que está dito Oscar era respeitado Pelas nações estrangeiras E pelos seus, estimado Por cuja razão tornou-se Seu nome considerado

Foi o rei que já se viu Caridoso e justiceiro Dos que então existiam Oscar foi o mais guerreiro E que deixou sua fama Nas áreas do mundo inteiro


E a Rainha das Águas Por muitos anos viveu Nos braços do rei Oscar Muito velhinha morreu Deixando por sucessor Do reinado, um filho seu

Oscar também já estava Com a idade avançada Ao expirar deixou A fonte recomendada Pra serventia dos entes Necessitados e mais nada

Se eu soubesse, leitor Que na fonte verdadeira Eu me banhando sarava Da maldita quebradeira Eu ia nem que passasse No caminho, a vida inteira


Zombar com a falsidade É querer a perdição Basta esta narração Esclarecendo a verdade Representa que a maldade Na terra a ninguém convence A pessoa má que pense Representar crueldade Depois que vir a verdade Do inocente é quem vence FIM



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