O planeta do rabão e os sinais do céu

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


PEDRO BANDEIRA

O PLANETA DO RABÃO E OS SINAIS DO CÉU



Peço permissão a Deus Ao Padre Cicero Romão Nossa Senhora das Dores São Cosme e São Damião Para me darem memória E eu fazer a história Do Planeta de Rabão. A dezoito de novembro Do ano setenta e tres As sete horas da noite Na mais louca rapidez Foi de arrepiar cabelo Vou contar o desmantelo Que o bicho do Rabão fez

Naquela noite eu estava No Rio Grande do Norte Quando o claro apareceu O clima mudou de sorte Em menos de um segundo Houve um balanço no mundo De paralisar transporte


As mulheres se assombraram No maior espalhafato Uma dizia: eu estou vendo Uma cruz e um retrato É o sinal de fome e sede Ou Jesus em uma rêde Ou um avião a jato

Outra dizia: neguinha Já vi que coisa veloz Eu estou com tanto mêdo Chega “tou tremendo a voz” Aquilo é sinal de guerra Que Deus tá mostrando a terra Pra servir de exemplo a nós Um viuvo de má vida Chorando se ajoelhou Disse: eu traí minha esposa Ela tambem me enganou Na hora da aflição Danou o chifre no chão Que a espinhela envergou


Um cabra vinha da roça Com uma trouxa de algodão Disse segurando a trouxa: Morro com você na mão É mais fácil eu me lascar Do que correr e deixar Minha trouxona no chão Um velhote em Paraíba Vinha chegando da feira Na hora que viu o claro Entrou numa capoeira Danou os quartos num tôco Que “afolozou” a trazeira

Uma moça de roupa curta Se debruçou na janela Na hora que viu o bicho Correu chamando a mãe dela Se debruçou por capricho Ficou olhando p’ro bicho E o povo olhando pra ela


Um fumeiro em Pernambuco Chamado Chico da Funda Estava ajeitando o fumo Quando viu a coisa imunda Meteu-se no carrapicho Correu com mêdo do bicho Que o pé batia na bunda Tinha padre no banheiro Quando viu a coisa crua Correu dizendo: é uma nave Que vem caíndo da lua Ficou como uma égua em pé Depois foi que veio dar fé Que veio sem roupa pra rua

Não sei se aquilo é de Deus Se é dos homens ou é do diabo Dizem que breve vem outro Mostrando um leque e um cabo Não sei se é segunda ou sexta Sei que vou vê gente besta Correr com mêdo do rabo.

FIM



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