O pecador não é nada

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


INÁCIO FRANCISCO DA SILVA

O PECADOR NÃO É NADA



Morre tudo nêste mundo Mergulha na terra fria Nada terá garantia E é menos dum segundo Desde rico a vagabundo Segue em uma só estrada E não tem hora marcada Pra fazer esta partida Contudo termina a vida Que pecador não é nada.

Nunca me sai da lembrança Napoleão Bonaparte Que exercitou-se em arte De brigar desde criança Querendo tomar vingança Com sua cortante espada Porem na hora marcada A morte lhe tocalhou Botou-lhe um cerco e matou Que pecador não é nada.


Vejo o rico se orgulhando Por ter o nome de nobre Quando passa por um pobre Sempre sai repugnando Por ver um pobre passando Uma vida aperriada Mas segue na mesma estrada Que vai o milionário Diz quem não for uzurário Que pecador não é nada.

Quem já leu de Pedro cem A sua biografia Já viu que êle vivia No mundo como ninguem Nunca quiz fazer o bem A pessoa pobre coitada Sua fortuna avultada Com 3 dias liquidou-se Êle esmolando findou-se Que pecador não é nada.


Rotixildes possuia Dinheiro que não se espantava Nem no chão nunca pisava Pelos insetos que via Os escravos o conduzia Numa cadeira dourada Porém na hora marcada Seu riso findou-se em choro Morreu deixou todo ouro Que pecador não é nada. Quem viu de Getulio Vargas O tempo que êle viveu Durante o período seu Não passou vidas amardas Julgou que suas amargas Tinha uma aplumada Mas uma hora atrasada Êle se suicidou Por si mesmo se matou Que pecador não é nada.


Nunca me esquecerei De um grande marechal Quem com mal plano fez mal Aquele nosso bom rei Tudo isto eu decorei De Deodoro a charada Que jogou grande armada Contra D. Pedro II Todos dois saiu do mundo Que pecador não é nada.

Olhem que João Pessoa Foi um bom Governador Não vem mais outro senhor De conciencia tão bôa João Dantas alma atôa De mão ferina pesada Fez aterrar a estrada D’um bom que candidatou-se Mas tambem suicidou-se Que pecador não é nada.


Eu vejo hoje até pobre Do mundo se orgulhar É bastante êle arranjar Qualquer quantia de cobre Já quer ser mais que o nobre Muda até de passada Depois em uma calçada Se abraça com uma bacia Tomba e cai por terra fria Que pecador não é nada. Eu já vi até cantor No mundo se orgulhando Só porque vive cantando Já pensa ser um doutor Quer ser igual professor Nem liga seu camarada Se uma moléstia pesado Atacar êste infeliz É que êle chora e diz Que pecador não é nada.


Vejo mocinha bonita Metida na fantazia Rubicada e na orgia Toda enfeitada de fita Muitas vezes se irrita Com a própria camarada Porque está ombreada Com o moço amante dela Vem a morte lasca ela Que pecador não é nada.

Vamos na Bíblia sagrada Ouvir um versinho agora Na vida daqueles homens Que viveram em outrora Para ver se agrado alguem Que me ouve nesta hora.


Nunca me esqueço de Jó Dos tormentos que sofreu Também muito padeceu José filho de Jacó O grande rei Faraó Inventou grande cilada Querendo formar armada Contra o povo de Israel Terminou bebendo fel Que pecador não é nada

Me recordo a Salomão Que foi o rei da ciência Até mesmo a providência Êle quis passar lição Mas é que Sabá então Lhe interrompeu a estrada Teodora foi falada Em ciência e matemática Mas morreu perdeu a prática Que pecador não é nada.


Me recordo de Sanção Que foi o rei do talento David com mal pensamento Lhe fez grande traição Dalila por ser então Uma mulher depravada Se fez de Sansão amada Até dar-lhe cabo a vida Diz o poeta na lida Que pecador não é nada. Herodes foi grande Rei Naquele tempo passado Contra Jesus Cristo amado Propois uma falça lei Tudo isto decorei Lendo na Bíblia sagrada Chegou a hora atrasada Os vermes ao rei correu O miseravel rei morreu Que pecador não é nada.


Judas traiu a Jesus Por ter cruel coração Fez a maior traição Aquela divina luz Por nós se findou na cruz Numa hora amargurada Mas para a nação sagrada Deus pai eterno o levou E judas se enforcou Que pecador não é nada. Olhem como Madalena Na vida se orgulhava Num espelho se olhava Julgava-se uma sucena Cravo jasmim ou verbena Pela manhã ovalhada De pois caiu ajoelhada Nos pés de nosso Jesus Porque lhe faltava luz Que pecador não é nada.


João Batista e Izaias Noé Moises Abrahão Jozué Ló Arão Izaque Jó Zacarias Daniel Jonas Tubias Naquela época passada Nos diz a bíblia sagrada Que foram bons pregadores Mas por serem inferiores Terminaram-se nada.

Esterlina prata e ouro Rubim topázio brilhante Esmeralda diamante Jóias do melhor tesouro Se finda mesmo que couro Perde o valor desagrada So tem que fazer parada No pó do planeta terra Tudo nele se encerra Termina tudo em nada.


Mulher bonita e faceira Andando muito pintosa Na vida vive orgulhosa O tolo cai de carreira Êle vai na bagaceira Lança-se na espanada Julgando que na entrada Outro não dar-lhe empurrão Se finda os dois no chão É quando fica em nada. Senhores aqui termino A lenda que versejei Neste verso faço ponto Tem o preço que botei O valor de cem cruzeiros Só cobro o que empreguei.

FIM



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