O marido que trocou a mulher por uma tevê à cores

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


RODOLFO COELHO CAVALCANTE

O MARIDO QUE TROCOU A MULHER POR UMA TEVÊ À CORES

1975



Muita gente não acredita Nesta minha narração, Porém o fato é concreto, Ninguém me diga que não, Do marido que enjoou Da sua esposa e a trocou Por uma Televisão.

Dizem que João Alfredo Petroleiro residente Num bairro de Salvador, Vivendo folgadamente Sózinho, sem companheira, Possuia geladeira, Dormia em “Cama Patente”. A casa de João Alfredo Era ver casa de nobre, Tinha de tudo e de bom Pois ganhava muito cobre... Era empregado o rapaz Na empresa “PETROBRÁS” Melhor emprego de pobre.


Bem pertinho à casa dele Morava Pedro Aguiar Jogador de Profissão Conhecido no lugar, Casado com Dona Rosa Cuja esposa virtuosa Que muito honrava seu lar.

Pedro Aguiar era um tipo Que tinha todo o defeito Se comprava não pagava E além disso o sujeito Não honrava o próprio nome Matava a mulher de fome Pela falta de respeito. Tinha dia que a mulher Fogo em casa não fazia Porque Pedro nas Tabernas Jogava à noite e bebia Sem responsabilidade Perante à sociedade Era um ente sem valia.


Ao contrário: João Alfredo Nada devia a ninguém, Mas tinha um grande defeito Pra ser um homem de bem, Era levado a conquista, Bastava mulher à vista Êle ultrapassava além.

Um dia Pedro Aguiar Certo dinheiro o tomou, Que era pra jogar João Alfredo lhe emprestou Havia o prazo passado E Pedro sempre calado Nada o João lhe falou.

Certo dia Pedro foi Outro negócio propor E falou para João: ─ Não quer vender o senhor A SUA TELEVISÃO Pó preço de ocasião?... Eu serei o comprador.


─ Como é que você pode Meu TELEVISOR comprar, Se ainda está me devendo, Sem um tostão me pagar? Faço negócio a dinheiro Pois não sou aventureiro De ainda lhe confiar. Pedro Aguiar respondeu: ─ Escute meu cidadão, Porém, eu venho tratar Cujo negócio em questão Com boa mercadoria, Sei que o senhor aprecia Melhor que a TELEVISÃO.

O rapaz com a conversa Ficou bastante contente Pensando que o negócio Lhe servia certamente, Pensou êle: o atrasado Sei que vou ser reembolsado... Nisto lhe ouviu sorridente.


Pedro notando o interesse Do rapaz conquistador Falou-lhe sem cerimônia, Sem ter o menor pudor: ─ O meu caso, snr. João É a sua TELEVISÃO Por uma noite de amor.

─ Eu troco a minha mulher Por sua TELEVISÃO, Se acaso o senhor quiser Tenho a chave em minha mão A noite quando eu sair O senhor pode ir dormir Com minha autorização. João Alfredo surpreso Quase não acreditou Mas pela mulher de Pedro O rapaz se interessou, Disse: ─ o negócio é fechado, Deu o aparelho apressado E a chave dele tomou.


Pedro contente na hora Levou a TELEVISÃO E vendeu-a nesse dia Na BAIXA DO TABOÃO, Começou puxando fogo Passou a noite no jogo Ficando sem um tostão!

Agora vamos saber O que foi que aconteceu Com João Alfredo que foi Procurar o que era seu Êle com a chave na mão Sem bater o coração Saiu quando anoiteceu.

Acontece que a esposa De Pedro sempre dormia Com uma acha de lenha Porque quando ele bebia Queria nela bater E para se defender Ela assim se prevenia.


Quando João Alfredo abriu A porta de Aguiar A mulher viu o ruido Começou a desconfiar Nisto o infeliz entrou De casa a dentro, a chamou Pra com ela se deitar. Rosa levantou-se aflita Para enfrentar o sujeito. Êste contou o negócio Que com Pedro tinha feito Disse ela: ─ o meu marido Não passa de um bandido Me faltando com respeito.

Porém, o senhor eu acho Ser muito pior que êle; Quem procede dêsse modo Não tem êsse nem aquele É igualmente um ladrão A sua reputação Eu comparo com a dele.


Respondeu João Alfredo: ─ Eu é que não posso perder E a senhora por certo Hoje tem que me querer, Disse Rosa: ─ Você venha Que esta acha de lenha Bota seu sangue a correr.

João Alfredo sem demora Pra ela se dirigiu, Ela sapecou-lhe a lenha Que êle rodou e caiu, Rosa nesta mesma hora Arrastou-o de porta afóra Fechou a casa e dormiu.

Passou-se a noite porém, Pedro em casa não chegou, No outro dia às dez horas Foi que êle regressou Quando em casa foi entrando Viu a esposa chorando Mas nada lhe perguntou.


Rosa pegou sua roupa E foi a mala arrumando Pedro perguntou-lhe a causa Isto ela estava esperando Partiu para cima dele Deu uma cacetada nele Que êle caiu ciscando. Foi ela a Delegacia Contou tudo ao Delegado Foi prêso João Alfredo Por ter a mulher comprado E o miserável marido Por ter a mulher vendido Também foi trancafiado.

Rosa nesse mesmo dia Partiu para o Juazeiro Onde moravam seus pais Deixando o vil companheiro Para servir de lição Que da esposa um coração Não se vende por dinheiro.


João Alfredo saiu Da Bahia envergonhado, Pois o seu procedimento Foi por demais comentado, Hoje êle está morando Em Aracaju, pagando O seu êrro praticado. Pedro Aguiar ao depois Que a mulher o abandonou Foi residir em Bomfim Onde ali se empregou, Deveras arrependido Pelo triste acontecido A esposa procurou

Porém Rosa revoltada Não o quis mais aceitar, Pedro caiu aos seus pés E jurou-lhe sempre honrar Tinha deixado a bebida E também em sua vida Prometeu não mais jogar.


Rosa vendo a conversão Resolveu lhe dá o sim E foi viver com o marido Que tornou-se um querubim, Vive hoje realmente O casal feliz, contente, Na cidade do Bonfim.

R- ealmente que êste caso aconteceu O- leitor tem a moral D- o que o jogo não presta, O- o seu fim é sempre fatal, L- amento este drama e rogo, F- rancamente que não jogo O- jôgo só causa o mal. FIM



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