O cavalo voador ou juliêta e custódio

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INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


JOSÉ COSTA LEITE

O CAVALO VOADOR OU JULIÊTA E CUSTÓDIO



Deus do céu me inspirando Descrevo um lindo episódio De mistério, luta e triufo Amor, sofrimento e ódio

Santas musas do Paraíso Fortificai-me um instante Que vou versas um romance Um tanto emocionante Que sugestiona o povo D’um modo impressionante.

Nos confins do horizonte Há muitos anos atrás No Reino do Limo Verde Lugar distante demais Nesse famoso reinado Reinou o rei Vilanaz.

Rei Vilanaz era um homem P’ra não haver outro igual Casado com Doralice Rainha meiga e leal Eram pais de Juliêta Uma Deusa de cristal.


Juliêta era tão linda Parecia um anjo louro Era uma ninfa entoando Um poema encantadôro Ou a lua derramando Os seus filetes de ouro.

Centava dezesseis anos Era bela e cativante Vamos falar sobre a vida D’um monstruoso gigante Que residia no mar Numa ilha bem distante.

Ele vivia em busca D’uma jovem de belesa Pensou roubar Juliêta Aquela linda princesa Para ela amar a ele Ou passar a vida presa


O gigante roubou ela Por uma forma invisivel Nenhum vassalo da côrte Vê ele não foi possível A princesa Juliêta Entrou num sofrer terrivel O rei Vilanaz botou Um edital colorido (se aparecer um rapaz Lutador e detemido Que me trouxer a princesa Dela será o marido) Diversos rapazes foram Mas nenhum a encontrou E com um ano depois O rei desenganou Que eu falo em Custódio Já que o momento chegou.


Cust贸dio morava num sitio Denominado Veneza Quando soube que o rei Vivia na incerteza Ele seguiu ao reinado Foi falar sobre a princesa.

No reinado ele informou-se Do sumisso da princesa Rei Vilanaz disse: eu penso Que ela morreu com certeza Cust贸dio disse: eu trago-a Inda ela estando presa O rei disse: se trouxeres Por mim sereis amparado Mostrou um retrato dela Ficou ele aperriado Sem esquec锚-la um instante Loucamente apaixonado


O rei deu lhe o necessário Custódio então preparou-se Despediu-se do monarca E a viajar destinou-se Depois encontrou um indio Então Custódio informou se O indio disse: meu filho Te explico num instante Encontrareis um cavalo Daqui a três léguas distante Corre sem fazes abalo Que agrada ao viajante. O cavalinho tem azas E vôa com legeireza Você se montando nele Será feliz na empreza Encontrarás Juliêta A mais bonita princêsa


Custódio saiu depressa E já no fim da floresta Viu um cavalo castanho Com uma estrela na testa Calçado de pés e mãos Sinal de bicho que presto.

Disse o cavalo: o que queres Vá dizendo com certeza Custódio lhe respondeu: quero vê minha princeza Embora me custe a vida Mas não vou bancar moleza O cavalo disse: Eu Não posso te explicar Porem, conheço uma velha Que pode te ensinar Reside em Rocha Sombria Atraves da beira-mar.


Disse o cavalo: Te montas E na mesma ocasião Custódio montou-se e ele Voou como um avião Com três minutos passaram Lá nos confins do Japão O cavalinho transpôs O jardim do Zapulon A casa da Deusa Maia O reino de Orion Viram Apolo conversando Com as Virgens de Siom.

Virar o espelho das musas Com um farol luminoso Vênus estava abraçada E beijando seu esposo Viram as ninfas mitológica N’um canto melodioso.


Chegaram a casa da velha Custódio contou-lhe tudo Ela disse: — Vão ligeiro Na casa de Sabe-Tudo Talvez que ele resolva Porque tem muito estudo.

O cavalinho voou Através do arrebol Passou na casa de Júpiter Bem perto de um farol Passou pelo Bosque Verde A na casa da mãe do sol Viram o reino de Marte E a côrte de Apolo Numa altura medonha Mil léguas acima do solo Viram o lar de Saturno E o jardim de Eólo


Passaram nas cordilheiras Do reinado de Vulcano Viram as ninfas nebulosas Que cantam no oceano Passaram o Rochêdo Azul Perto do monte Libano,

Quando o cavalo cansava Ali de tanto voar Corria em velocidade D’um avião não passar E quando cansava as pernas Vôo tornava lenvantar

Afinal eles chegaram Na casa de Sabe-Tudo Vendo Custódio disse: me ensine Quem possa me revelar Disse o velho: tem um bruxo Feiticeiro de alem-mar No Reino das Sete Chaves Talvez o possa ensinar


O cavalinho voou Como pássaro pelos ares Numa grande ligeireza Transpôs diversos lugares Atravessando uma praia Chegou nos confins dos mares

Viram um reino muito rico D’um povo bom e romântico E as sereias cantando Numa ilha do Atlântico Elas estavam entoando Um melodioso cântico. O cavalinho passou Na Fonte de Simpeluza No Reino da Soledade No Bosque da Linda-Musa Nos Rochedos dos Mistérios E no Jardim de Ampeluza.


No Reino das Sete Chaves Em três minutos chegaram Às seis horas da manhã E quando em terra pousaram Custódio ali com o bruxo Em conversação entraram Custódio disse ao bruxo: Vejas que a minha vinda Foi atrás de Juliêta Sorridente, meiga e linda Há dias que a procuro E não encontrei a ainda.

Disse o bruxo: está difícil E não estou iludindo Conheço uma fada que Lhe diz tudo, você indo Ela mora nos confins Do Reino do Monte Pindo


O cavalinho voou Na direção do reinado Aonde morava a fada Que o bruxo tinha falado O cavalo ia veloz E o rapaz escanchado

Quando Constódio chegou Que lhe contou direitinho A fada disse: A princesa Não está muito pertinho Ela vive escravisada Por um gigante matinho.

Ele é muita sabido Radide no Mar Vermelho Engana o próprio Netuno Munido d’um espelho. Transporta qualquer donzela Com o farol d’um espelho.


Ele fez em uma ilha Dois suntuosos sobrados Aonde a brisa espalha Os olores perfumados E a lua ilumina com Seus rais subdourados.

Esse gigante marinho Domina a planeta Marte É diplomado em magia E tem mais de uma arte É verdadeiro astrológico E triunfa em toda parde.

Seus pai fez ele beber Com sua possante idéia O leite de Caprocórnio A linda cabra amaltéia Tem a força de Sansão E é afilhado de Réa.


Esse gigante maldito Desenrola cena trágica O povo já chama ele O herói da força màgica Condús a vitima que quer N’uma madorna letárgica. Ele agarrou a princesa E partiu a toda rédia Fazendo mil piruetas Como se faz em comédia Por essa forma invisivel Pôde fazer-lhe a tragédia

Sua vida é num caixão Que tem no fundo do mar Trancado de cadeado Ninguem não pode ir buscar Dentro tem uma caixinha Cuidado p’ra não errar.


E dentro dessa caixinha Inda tem um passarinho Mate ele com cuidado Que dentro tem um ovinho No ovinho ainda tem Um farol pequenininho

Confie em Deus Verdadeiro Que sereis o triunfante Quebre o caixão e a caixa Tire o pássaro n’um instante Rebente o ovinho e sopre Que se acaba o gigante. Já bem pertinho da ilha Passe com toda cautela Você vê um livro azul Em cima d’uma janela Vê uma moça dormindo Você não fale com ela.


Cuidado quando pasar Lá no Reino do Parnazo Você avista uma Deusa Irmã gêmea de Pegazo Ela está se banhando Nas águas do rio Tarzo

A fada disse ao cavalo: Tenha cuidado, me ouça Lá na ilha do gigante Você mostre sua força Morda, dê e coice e patada Mate tudo e traga a moça.

O cavalinho fez vôo Quase que desembestava Disse: Agora eu chego logo E o espaço cortava Com duas horas chegou Onde o gigante morava


Quando o cavalo passou O portão foi se abrindo Custódio entrou no sobrado Viu o gigante darmindo N’uma cama ressonando Com as pestanas bolindo.

Quando o gigante acordou-se Partiu com todo despacho O cavalinho avançou Porque não temia a macho E deu um coice que quase Botava o sobrado abaixo O gigante disse: Eu vou Mostrar a minha bravura Agarrou Custódio e puxou Uma espada da cintura Com seis metros de tamanho E dois palmos de largura


E levantou com vontade De raiva o dente rangiu Dizendo: Você agora Vai vê o que nunca viu O cavalo deu-lhe um coice Que o gigante caiu.

O gigante fez uma mágica E logo dali levantou se Uns trinta leões chegaram E o gigante retirou-se Do rapaz com os leões A luta feia travou-se, Custódio meteu o aço C’um talento agigantado Era caindo leão Em banda p’ra todo lado Tinha muitos que corriam Com o fato pendurado.


Custódio tinha coragem Destreza e velocidade Quando metia o facão Matava sem piedade E o cavalinho nos dentes Matou p’ra mais da metade.

Custódio gritou na luta Tantos venham como eu furo O último leão que tinha Matou, jogou no monturo Chegou um grupo de negros Que o mundo ficou escuro. Foi o gigante encantado Que mexeu no catimbó E apresentou os negros Que ninguem tinha dó Custódio dizia: venham Que eu quero enfrentá-los só


E embocou nos meleques Fedendo a xifre queimado Metia o facão com força Que saía no outro lado E os moleques diziam: Este sujeito é errado.

O cavalo disse assim: Corram antes que me zangue Eu nunca gostei de negro De mim não quero que mangue Meu alimento é capim Mas hoje vou beber sangue Custódio também dizia: Eu hoje vou me virar Lascava moleque em banda E jogava para o ar O cavalo só mordia Para o pedaço voar.


Custódio dizia; eu hoje Vou lotar um cemitério Quando o cavalinho viu Que o negócio era sério Foi procurar o caixão Para quebrar o mistério

O cavalinho saiu Custódio ficou a lutar Enquanto isto o gigante Correu, foi a força armar P’ra enforcar Juliêta E Custódio não a levar,

O cavalo virou num peixe E foi logo mergulhando Passou uns quinze minutos Debaixo d’água procurando Enquanto isto Custódio Continuava lutando.


Ninguem vencia Custódio Do jeito que ele estava Dava cada caçambada Assombrava até o diabo As pancadas que ele dava.

Custódio acabou os negros Depois olhou pro portão Bem pertinho d’um coreto Viu uma escada no chão Custódio sorriu e disse: Desta eu tenho precisão Ele subiu se n’um prédio Saiu correndo apressado Procurando Juliêta Andando pelo telhado Se ele não fôsse ligeiro Tinha chegado atrazado.


Na mesma ocasião O gigante vinha chegando P’ra perto da guilhotina Com Juliêta chorando Ela da côr d’uma vela De quando em vez suspirando Disse o gigante: Vou mata-te E depois aquele bandido So porque você não quiz Me aceitar por marido Custódio, em cima, trepado Ouvindo tudo escondido. Disse o gigante sorrindo: Teu fim será desgraçado E pegou a alavanca Custódio já preparado Deu um pinote e saltou No lombo dele, escanchado.


O gigante vendo Custódio Ficou de carranca feia Saíram os dois agarrados Embolando na areia Disse o gigante: Eu sou macho Custódio disse: eu sou peia. O cavalo virado em peixe O caixão pôde encontrar Trouxe p’ra beira da praia E quando acabou de quebrar Achou a caixa pequena Tratou logo de tirar.

Quebrou a caixinha e tirou O passarinho sem demora Disse o cavalo: Seu peste! Você me paga é agora Mas o pássaro escapoliu-se Bateu azas e foi embora.


O cavalinho zangou-se E voou no mesmo instante Agarrou o passarinho Já com mil léguas distante Em toda velocidade Pra defender o gigante O cavalinho pegando O passarinho, sustentou O bicho inda quiz voar O cavalinho não deixou Mordeu o pescoço dele Que a cabeça saltou.

O gigante com Custódio Lutava igual um leão O cavalo rasgou o pássaro Tirou o ovo e então Quebrou, soprou no farol O gigante caiu no chão.


Quando o gigante morreu Se montaram no Limo Verde No outro dia cedinho Quando a donzela chegou No reinado de seus pais O rei fez o casamento Da moça com o rapaz O banquête foi tão grande Que quase Não finda mais

Já no reino disse o cavalo Custódio, lhe conto agora Olhe, eu vim enviado Só lhe fazer a melhora Transformou-se numa garça Ali voou foi embora FIM



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