O açude criminoso e a morte de jurupi

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


PEDRO BANDEIRA

O AÇUDE CRIMINOSO E A MORTE DE JURUPI

1974



Dia tres de fevereiro de setenta e quatro o ano o mais negro desengano veio enlutar o Juazeiro uma mágoa um desespêro um pranto no Cariri do ancião ao guri toda cidade chorou quando a Rádio anunciou a morte de Jurupi

Novo, cheio de saúde sem esperar o momento morreu de afogamento nas aguas de um grande açude; nessas horas quem ajude é bem dificil chegar todo amigo é popular porem na hora da morte é muito difícil um forte pra querer acompanhar


Chegou no banho inda cedo brincou por cima das águas sem nunca pensar na fráguas que a vida traz em segredo entrou na água sem medo sorridente e vaidoso no auge mais perigoso não viu que estava nadando num pranto de lágrimas brando dos olhos de um criminoso

É perverso e assassino aquele açude malvado porque matou afogado um radialista menino que por vitima do destino soltou a bóia por traz perdeu as forças vitais baixou no lugar mais fundo de lá foi ao outro mundo do qual não volta jamais


Quase não era encontrado depois de tudo absorto inda vi seu corpo morto antes de ser sepultado seu féretro foi carregado por quase toda cidade da velhice a mocidade se notava em cada rosto a solidão de um desgosto no véu azul da saudade

A Iracema se calou e em prova de amizade uma crônica de saudade a Progresso anunciou mestre Coêlho soluçou Célia, Maciel, Joaninha Lourdes, Geraldo e Toinha eu com Zé Alves chorei Cicero Antonio e Wanderley Helena e dona Rosinha


Bosco, Toinho e Osmar Dalva, Wellington e Zé Mauricio Jurupã no sacrificio desejou se acabar Umberto, Derval, Zemar Luiz Carlos e Lucier Boaventura a sofrer disse: de todos daqui só a mãe de Jurupi nunca mais vai se esquecer Lágrima, flor e poesia sentimento e oração recebeu da multidão na missa de setimo dia quase a igreja não cabia os prantos sentimentais os companheiros e os pais toda Rede Iracemista chora pelo radialista que se foi pra nunca mais

FIM



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