As perguntas do rei e as respostas de camões

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INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


SEVERINO G. DE OLIVEIRA

AS PERGUNTAS DO REI E AS RESPOSTAS DE CAMÕES



Leitores se vós escutar Esta pequena proposta Da descrição de Camões Acha interessante e gosta Ouvindo o que êle fez Sorria pra cair de costa

Camões foi enjeitado Ninguem sabe onde nasceu Dizem que acharam êle Na porta de um Fariseu Num dia santificado Do Santo Bartolomeu

O Fariseu quando o achou Levou-o para criar Com cinco anos botou Camões para estudar Com seis anos êle aprendeu Ler escrever e contar


Com sete anos Camões Não era mais inocente Começou a vingar Pelo mundo abertamente Profetizando o futuro O passado e o presente

Na hora que o rei soube Disse Camões afamado Mandou logo um conselheiro Depressa dar-lhe um recado Que vinhesse com urgência Comparecer ao reinado Camões recebendo a ordem Do rei seu superior Foi direto ao reinado Chegando lá com amor Saudou o rei depois disse As ordens rei meu senhor


O rei disse pra Camões Ouça o que vou lhe dizer Eu tenho trinta perguntas Para você responder Se falhar uma das tais Sem recurso vai morrer

Camões respondeu ao rei Seu trabalho é complicado Porem o senhor comigo Vai tomar bonde errado Fassa lá suas perguntas Que sou um pouco vexado

O rei disse a Camões Tu és menino novo Vou fazer-te uma pergunta Aqui perante o povo Qual é o melhor da galinha? Camões respondeu o ovo


Com um ano e quarenta meses Num dia de carnaval O rei encontrou Camões E perguntou afinal Camões me diga com que Êle respondeu com sal

O rei gritou ora bolas Agora eu vou enrasca-lo Camões você vá na côrte Antes do cantar do Galo Não va vestido nem nú Nem a pé nem a cavalo

Camões pensava ali consigo O rei comigo não pode Vestiu-se numa tarrafa E assanhou o bigode E para a casa do rei Saiu montado num bode


Camões chegando gritou Cheguei eu aborrecido Nem 2 pés nem a cavalo Não cheguei nú nem vestido O rei disse nem o chão Dar jeito a esse bandido

O rei com essa resposta Quase dava-lhe a murrinha Chamou Camões e disse-lhe Você coma ordem minha Venha desleitar um boi Amanhã a tardinha

Quando foi no outro dia Camões saiu preparado Perto da casa do rei Deu um grito agigantado Quando o rei olhou na porta Camões vinha disparado


Quando Camões foi passando O rei disse: credo em cruz Pra onde váis? Camões disse: Com à ordem de Jesus Vou buscar uma parteira Que meu pai quer dar a luz

O rei disse mentiroso Me dizes agora onde foi Que viste homem dar a luz Nessa voz Camões disse Me diga qual é a terra Que se tira leite em boi

Nessa hora o rei ficou Em ponto de se morder Disse Camões me responda Sobre pena de morrer Quanto mas cresce mas mingua O que é que quer dizer


Camões disse: senhor rei A coisa está decidida Um velho de 80 anos Já que tem idade crescida Quanto mais cresce a idade Mais mingua os dias de vida

Disse o rei: vou fazer outra Preste atenção no momento Quanto mais tira mais cresce Responda sem fingimento Se você responder esta Eu sei que tu tens talento Camões deu uma risada Com gesto de mangação Olhou para o rei e disse: Vou dizer preste atenção Quanto mais tira mais cresce É um buraco no chão


O rei ficou se mordendo E saiu encabulado Chegou em casa pensando Qual era o plano acertado Quando acertou disse: eita Morresse Camões danado

Chamou Camões e lhe disse Se não disser vai pra forca Vou fazer-lhe outra pergunta Responda se for matraca Porque é que a beleza Só anda atraz da vaca Camões respondeu ao rei Eu digo perfeitamente Eu como não tenho estudo Tenho cá na minha mente Ela anda atraz da vaca Porque ela anda na frente


O rei respondeu está certo Me respondeu na razão Quero que me responda outra Qual é o animal então Que luta com 3 sentidos Dê-me esta explicação Camões disse é um cachorro Magro que só bacalhou Com um sentido êle late Com outro defende-se do pau E outro vai no nariz Farejando o bicho mau O rei disse: advinhas-te Mais tenho outra pra dizer Se firme preste atenção O que vou lhe esclarecer Se não der resposta certa O jeito é você morrer


Camões disse para o rei Minha língua não emperra O rei disse: então responda Ligeiro sem fazer guerra Quem é que nasce e não morre Em cima de nossa terra

Camões disse: senhor rei O meu pensar não é tôrto Isto que o senhor pergunta Só pode ses um abôrto Quem nasce e não morrer mais Com serteza nasce morto O rei disse: eu tenho outra Para você responder A pergunta é a seguinte Responda se, se atrever O que é que o homem faz Que Deus não pode fazer


Camões disse para o rei Vou responder com franqueza Muitos homens se embriagam E cai até na fraquesa E de Deus não fazer isto Eu tenho plena certeza O rei disse muito bem Me responda num segundo Quero que responda outra Com seu pensar iracundo Me diga qual o vivente Que não tem amor ao mundo

Camões respondeu é peixe Que dentro das águas corre Porem quando ver o mundo Que ninguem não lhe socorre Ligeiro perde a ação Com cinco minutos morre


O rei disse está exato Mas vai perder seu valor Com esta pergunta agora Que eu vou fazer ao senhor Me diga quem está acima De Jesus o Salvador

Camões disse: eu vou dizer Com fé que tenho nele Agora neste momento Eu sou forçado a dizer-lhe Quem vive acima de Cristo Só é a coroa dele O rei ficou pensando Com tal declaração Disse: êste Camões danado Não tem cara de cristão Pelo jeito me parece Ser protegido do cão


Porém disse ali consigo Agora eu vou lhe enrascar Chamou Camões e lhe disse Outra eu vou lhe perguntar E esta eu quero ver Você dizer sem pensar

Preste atenção veja est Que muito decente eu acho Me responda esta pergunta Cuidado não passe em baixo Qual é o animal que Nasce feme e morre macho Camões disse ao senhor rei Isso eu já sei o que é É um bicho pequeno Preto da cor de café É pulga e só vira bicho Depois que no pé


Disse o rei: vou dizer outra Talvez você não conheça Se não for experiente Talvez que você padeça Qual é o bicho que anda Com os pés sobre a cabeça

Camões disse esta pergunta Para mim serve de môlho É mesmo que um cuzido Com quento, couve e repolho Quem bota os pés na cabeça Só pode ser um piôlho O rei disse: este danado O cão é amigo dele Na charada e na pergunta No mundo ninguém dá nele Pelo jeito quer eu vejo Nem o cão enrasca êle


Mas eu tenho outra pergunta Para ele responder Chamou camões e lhe disse: É para você diser O que é que quem não tem Tambem não deseja ter Camões pensou um pouco E nesta ocasião Chamou o rei e disse Na minha decifração Eu tenho para mim que é Doença, intriga e questão

O rei ali levantou-se E lhe disse: vagabundo Me responda outra pergunta Em menos de um segundo Divida a terra e me diga Onde fica o meio do mundo


Camões pegou um compasso Com muita coragem e fé Fez uma roda no chão E no meio botou o pé E disse para o rei olhe: O meio do mundo onde é O rei disse pra Camões Não interrompa a escria Me diga qual é a flor Que todo homem palpita Camões sorriu e lhe disse: É uma moça bonita Com esta resposta o rei Saiu todo encabulado Chagando em casa contou De Camões o resultado A rainha disse eu Enrasco aquele danado


Nisto a rainha pegou Um urinol cor de vinho Surperlotou-o de noite Saiu muito cedinho Onde Camões passava Deixou êle no caminho

Quando Camões foi passando Olhou muito abismado Pegou o vazo dizendo: É muito certo o ditado Quem não come da galinha Rói os ossos e bebe o caldo Camões sempre costumava Neste lugar a tardinha Olhar para atmosfera Em uma pedra que tinha O rei que sabia disto Convidou logo a rainha


Quando foi demanhãzinha Da corte os dois viajaram As cinco a meia do dia Na dita pedra chegaram Levantaram ela e ali Por baixo um papel botaram

Quando botaram o papel Camões chegou apressado Subiu na pedra e ficou Olhando pra todo lado Naquilo o rei perguntou Que ves que estás assombrado Camões disse: senhor rei Amargura não da mel Saiba vossa senhoria O mundo não está fiel Porque a terra subiu Altura de papel


Nessa hora o rei voltou Pra casa desenganado Chegando em casa formou Um pensamento acertado Dizendo com este agora Eu mato aquele danado Depressa chamou Camões E foi lhe dizendo assim: Eu quero que voce faça Um trabalho para mim Com este ou voce escapa Ou de fato leva fim

O trabalho é pra você Ir lá naquele sobrado Arrancar um cabedal Que tem no quarto enterrado Pra ver se pode por êste meio Acabar o mal assombrado


Camões disse: é muito facil Lá cada quarto tem tres Só não posso é arrancar Todos êles de uma vez Só garanto ao senhor Em dá uma todo mez

O rei disse muito bem Do que passou-se eu me lembro Nosso contrato está feito Hoje quinze de Novembro Basta me dar a primeira No miado de Dezembro Camões foi lá no sobrado E um buraco cavou Depois comprou um jarra No mesmo canto enterrou Começou estercar dentro Até que superloutou


Quando a jarra estava cheia Cam천es cobriu desta vez Com cem moedas de ouro E saiu com rapidez Foi convidar o rei mesmo! No dia que fez um mez O rei saiu com Cam천es Sem fazer cara de choro E quando chegou no quarto Que viu o grande tesouro Disse: Cam천es, eu preciso Tomar um banho de ouro

Pegou a jarra amarrou Sobre os cabritos do sobrado Ficando debaixo dele Bateu com um ferro pesado Quando a jarra abriu em banda Foi merda pra todo lado


Camões desertou dali I não quiz mais brincadeira Reinou tristesa na côrte I nesta hora fageira Lembraram êste folheto O trovador oliveira FIM



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