A negra do penteado e a trouxa misteriosa

Page 1


ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


SEVERINO CARLOS

A NEGRA DO PENTEADO E A ─ TROUXA MISTERIOSA ─



Leitores cheguei agora Com mais uma novidade Novos acontecimentos No mundo da vaidade Que servirá de exemplo Para toda a humanidade. O povo vive marchando No caminho da sedução No lamaçal do pecado No beco da corrução Na avenida da miséria No mundo da ilusão.

Deus está mostrando exemplo Alguém faz que não conhece Zomba da santa doutrina E da lei de Deus esquece Para abraçar a miséria Na cegueira permanece.


Satanás já vem laçando Com a magia simbólica Moda, mentira, uso e dito, E com força diabólica Fuleragem, esparro e gíria Iludindo a fé católica.

A evolução dos tempos E a ciência moderna Fez morrer a consciência Deixou a ganância externa Que obriga o povo a fazer Grande ofensa a força eterna. E Lusbel que foi expulso Pelo nosso Pai eterno Inspirou o pensamento D’um certo cantor moderno N’uma gravação que diz Tudo mais vá pro inferno.


Apareceu uma negra Nojenta cheia de prosa Na estrada Rio Bahia Com uma trouxa volumosa É a Negra do Penteado E a Trouxa Misteriosa.

Me contou um viajante E um motorista também Que encontrou com a negra E a dita negra tem Uma trouxa que com ela Não se ajuda ninguém. Disse que era uma trouxa Preta, feia e volumosa Cheia de feitiçaria, Uso e moda escandalosa Tudo o que não presta tem Na Trouxa Misteriosa.


O chofer parou o carro Viu mesmo de olho nu A negra cheia de prosa Da roupa de couro cru Foi dizendo ai queridinho Estava procurando tu.

10 homens pegaram a trouxa Querendo a negra ajudar Botaram força e a trouxa Não se aluiu do lugar O povo ficou nervoso Em tempo de se assombrar.

Um dos homens perguntou-lhe O que havia na bagagem E a negra lhe respondeu: Com diferente linguagém É escândalo, moda e orgia Vício, uso e fuleragem.


Na negra naquela hora Assanhou o pixaim Depois fez um penteado Que parecia um cupim Disse: estou tão doente Ai! Que eu não queria assim. Vou revelar o segredo Desta trouxa tão pesada Ela está representando A culpa da rapazeada Tudo que o povo inventa Na trouxa está colocada. Nesta minha trouxa tem Calça moda “caribê” Mini-saia e saia justa Saiote curto e godê Pra vestir os cabeludos Da turma do yê-yê-yê.


Tudo mais vá pro inferno Essa moda é da pontinha Para Pedo, Pedo para Ai vovó a vez é minha Só tem tú tá oh maré Eu só quero de bandinha. Tem retrato de mulher Senvergonha e enxerida E de moça escandalosa Que já foi prostituida Satanás já tomou nota Dos passos de sua vida.

Tem vestido uso tubinho Milonga e unhas pintadas Cabelos estuquiados E sobrancelhas rapadas No livro da culpa estão Nas páginas fotografadas.


Mulher casada que tem Um outro amor escondido E minha trouxa está cheia De mulher falsa ao Marido Quando chega no inferno Bebe chumbo derretido. Homem casado que gosta De andar fora de hora Atrás de um pé quebrado Com beliscada por fora Na Trouxa Misteriosa Soluça, lamenta e chora.

Sujeito falso a bandeira Falador da vida alheia Quando chegar no inferno Vai botar força na veia Para puxar a carroça Que a mãe do diabo passeia


Os bandidos, os criminosos Os desordeiros tarados Pagar達o com suas vidas Todos crimes praticados Nas fornalhas infernais Brevemente s達o queimados Botei no fundo da trouxa Filho desobediente Retrato de maconheiro Vigarista inconsciente Conquistador mentiroso E ladr達o com cara de gente Ladr達o que rouba no peso Na trouxa tem de fileira E m,alandreco que vive Azilado em gafieira Mulher imunda e nojenta E mocinha bandoleira.


Cachaceiro a mau visinho Pode ficar avisado Que seu nome está na trouxa Da negra do penteado Para servir de cavalo Pro diabo andar montado. Na Trouxa da Negra tem Mistério e feitiçaria Porém ela se ajuda E corre de noite a dia Pelo mundo sem parar Arranjando freguesia.

Ela anda com alguém Percorrendo o mundo a pé Já foi na China Vermelha Jeruzalém Nazará E o companheiro dela É Samuel Belibé.


Já percorreu a Espanha O Japão e a Hungria A França e a Inglaterra A Rússia e Alexandria A Europa e a Palestina A África, Asia e Turquia.

Quando alguém fala em tua porta Que tu sai não vê ninguém Foi Samul Belibé Que passou já vai além É sinal que em tua casa Brevemente a negra vem

Se ela vir em tua casa Mande a danada ir embora E reze uma oração Da Virgem Nossa Senhora A negra é a besta-fera Que anda de mundo a fora.


Ela anda pelo mundo Atrás de ovelha perdida Para colocar na trouxa Deixar a mesma iludida Quem se encontrar com ela Tenha cuidado na vida.

Quem comprar este é protegido Da Virgem Mãe milagrosa E quem não comprar vai andar Numa estrada tortuosa E se encontrar com a negra Da Trouxa Misteriosa. FIM



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.