A missão da reitora violeta

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


WILLIAN BRITO

A MISSテグ DA REITORA VIOLETA

1997



Deus permita que eu consiga cantar no verso brejeiro a esperança que vinga no meu Araripe inteiro com a posse da Reitora que há de ser nosso luzeiro Desterrada no estrangeiro por querer democracia, lutar por dignidade, pra João, pra Zé, pra Maria Violeta Arraes uniu à força a sabedoria. Ela sofreu muitos dias a dor do exílio forçado sem ter cometido crime, sem ter caído em pecado, mas com isso seu caráter fez-se firme e temperado.


Sua casa foi consulado dos filhos dessa nação banidos injustamente só por ter opinião contrária a ordem ditada pela tal revolução.

Nos idos da provação lutou brava e francamente pelos direitos humanos remando contra a corrente com o apoio do marido homem polido e decente. Mesmo distante da gente querida no seu sertão Violeta Arraes mergulhou nas águas da tradição para poder resistir às forças da repressão.


Cada qual tem sua missão Violeta achou a dela construir um novo tempo pintar uma nova aquarela passando à limpo o Araripe com a sua paisagem bela.

O campo, a vila, a favela precisam ser resgatados, carecem ser entendidos, precisam ser estudados e os direitos do povo mais que tudo respeitados.

Seus estudos concentrados nas ciências sociais dão-lhe a sensibilidade que falta a muitos mortais pros problemas econômicos, políticos e ambientais


Trabalhando em hospitais de bela e eterna París Violeta Arraes conheceu o lado triste e infeliz que é a doença mental pro ser humano e o país. Quando convocada diz: “Sim aceito trabalhar pela gente do Araripe não posso me recusar, mas luto por Pernambuco Piauí e Ceará. “Pois é preciso alargar a bitola da visão, é preciso reviver o sentido a direção daquilo que se define como nossa região”.


“Nós temos a obrigação de fazer desse Brasil um gigante despertado consciente, varonil um igual entre os demais, não um vassalo servil”.

“Por tanto o que nos uniu tem que ser fortalecido nosso destino precisa ser calibrado, aferido num processo transparente negociado e vivido”. “O discurso faz sentido, vamos todos pois a luta discutindo com respeito, divergindo sem disputa, há muito para ser feito a dificuldade é bruta”.


Quando o sujeito matuta no tamanho da missão que exige desde o início uma neoconcertação, uma nova sinergia das forças da região.

E uma planificação abrangente e integrada onde o governo coopere com as forças articuladas da sociedade inteira, vê quanto a carga é pesada. E as condições da estrada só vendo pra acreditar, quanto falta informação quanto tem por pesquisar, e os recursos humanos quanto pra capacitar.


Recursos onde buscar pra salário, equipamento? como fazer um contrato para o desenvolvimento sustentável do Araripe? sigo com meus pensamentos.

Pra resolver o sofrimento da água de Marcolândia, de Simões, de Araripina, que é o mesmo de Moreilândia o que se pode fazer desafia a Interlândia? Ao contrário da Islândia temos sol, temos calor inda sofremos com a seca, o grande circo do horror que transcende o imaginário e recusa a morte e a dor.


É necessário propor medidas definitivas chega de clientelismo, de ações paliativas, precisamos de mudanças estruturais, criativas.

E a saúde coletiva beirando a calamidade diarreia, lepra, cólera medram na sociedade doenças já tão antigas quanto a própria humanidade.

Só muita tenacidade e um pouco de otimismo para enfrentar o quadro triste do analfabetismo que cobra resposta a altura do antigo conformismo.


E o perverso oportunismo que degrada o ambiente privatizando um recurso fundamental pro vivente norma constitucional direito certo da gente? “Ética” propõe pra frente a Reitora, isso é legal pois eu acho que ela seja uma reserva moral artigo raro hoje em dia nesse mercado global. Um pacto novo leal ela pode mediar do sertão com o litoral que possa nos resgatar nos tirar do ostracismo, nos unir, nos integrar


Como Bárbara de Alencar, Violeta tem força, brilho, tem a obstinação do Reitor-mor Martins Filho, acho pois que a nossa URCA não há de sair do trilho.

A Igreja Pós Concílio, Pós Vaticano II, é o que me parece a URCA se abrindo mais para o mundo Plácido Cidade Nuvens tem nisso um papel profundo Irineu no outro mundo deve estar comemorando “Efemérides” deve estar alegre atualizando, março de 97, 14 imortalizando.


Não sei se estou delirando mas rimei de coração traduzi para o cordel o que dita a inspiração e coisas que ouvi do povo nas quebradas do sertão.

Se ofendi peço perdão não canto pra magoar mas não sei o que é mentir só rimo o que acreditar, se não agradar, não calo, vou cantar noutro lugar

FIM



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