Edição 281 - Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra

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21 DE FEVEREIRO DE 2017 ANO XXVII Nº281 GRATUITO PERIÓDICO DIRETORA CAROLINA FARINHA

Proposta dos novos Estatutos da AAC em rascunho Trabalho da Assembleia de Revisão dos Estatutos perto do seu término. Membros procuram uma maior transparência nos processos de regulamentação e controlo dos órgãos da AAC PÁG. 3 HUGO GUÍMARO

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ENSINO

CULTURA

DESPORTO

Segurança e manutenção do edifício são prioridades no trabalho da DG/AAC. Instalações elétricas e sanitárias são ponto de partida dos trabalhos

A Semana Cultural da UC tornouse um evento que, hoje em dia, envolve a população conimbricense em geral. Este ano coloca-se a questão da identidade

Infraestruturas, financiamento e falta de comunicação marcam dificuldades do desporto da AAC. Seccionistas esperam mais apoio no futuro

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CIÊNCIA

Falhas metodológicas ou um baixo Fator de Impacto levam à ocultação de resultados negativos dos artigos científicos, o que impede o progresso da ciência


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EDIFÍCIO DA AAC: MUDANÇAS EM DISCUSSÃO Reestruturação das casas de banho e instalações elétricas são prioridades. Segurança das instalações e condições da Sala de Estudo ainda em debate - POR INÊS NEVES E RAFAEL SOARES -

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m início de mandato, a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/ AAC) é confrontada com problemas ao nível da estrutura do edifício. A “restruturação das instalações elétricas e de rede”, bem como a “melhoria das condições sanitárias”, são algumas das problemáticas consideradas pelo administrador da DG/AAC, João Ferreira, como “essenciais” a ser resolvidas. Como próximos passos de trabalho, o administrador apresenta o pedido de orçamento para que as propostas sejam “apresentadas e a sua viabilidade verificada”. As condições sanitárias, por “não serem as melhores”, bem como o aumento do espaço e da qualidade das casas de banho, são aspetos prioritários para o administrador da DG/AAC. A escolha destas problemáticas é justificada por se tratarem “das mudanças essenciais a curto prazo”, embora não sejam de “fácil concretização”, devido às “burocracias” que as mesmas envolvem. Face ao maior fluxo de utilização das casas de banho do piso zero, o administrador procura “colocar mais urinóis e sanitas”, enquanto, nos pisos superiores, a intenção passa por “estarem apenas funcionais”, vincula João Ferreira. Referentes às condições climatéricas da Sala de Estudo e às contínuas queixas dos seus utilizadores, João Ferreira responde que, “antes das obras, havia equipamento de ar condicionado, que era para ser colocado na Sala de Estudo”, mas que “desapareceu”. O administrador da DG/AAC não sabe qual a razão que justifique o seu desapare-

ALEXANDRE GOUVEIA

cimento, mas apresenta esta questão como uma “uma batalha que tem de ser tida”. Estabelecido um “único contrato” com a empresa 365 de segurança, entre as 20 e as 8 horas, os porteiros “fazem uma vistoria diária a todos os pisos e secções”. Dado o estado dos pisos superiores do edifício no fim das noites académicas, João Ferreira apresenta a possibilidade de “haver credenciais para o seu acesso”. Contudo, com “a Sala de Estudo a funcionar, não se pode estar a limitar a passagem”. “Acima de tudo são seccionistas e por isso podem subir”, fundamenta o administrador. “Garantir a acessibilidade a todos os estudantes e cidadãos com deficiências motoras” é uma das preocupações que sensibilizam o órgão dirigente, tal como explica o presidente da DG/AAC, Alexandre Amado. Porém, devido aos “custos elevados” dos mecanismos ideais para o fazer, o presidente da DG/AAC afirma “não haver disponibilidade financeira” para os cobrir. João Ferreira acrescenta ainda que a criação de uma casa de banho para os mesmos, no piso zero, é uma prioridade. No entanto, o acesso aos outros pisos, através de rampas ou elevadores, “é, de momento, inviável”. “Seria necessária uma reestruturação total do edifício”, justifica. O “acesso a salas que permitam fazer reuniões mais alargadas, auditórios que possibilitem a realização de outro tipo de eventos e a potencialização dos jardins” são ainda desejos expressos pelo presidente da DG/AAC ambicionados a longo prazo e “cuja viabilidade vai ser testada com o tempo”.

REGRESSO DO CONSELHO FISCAL AO ATIVO Rigor e transparência continuam a ser as bandeiras de Eric Jorge. O presidente do Conselho Fiscal revela ainda estar expectante quanto aos novos Estatutos da AAC - POR LUÍS MARUJO -

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m mês depois da tomada de posse dos corpos gerentes da Associação Académica de Coimbra (AAC), o presidente do Conselho Fiscal da AAC (CF/AAC), Eric Jorge, reitera como princípios orientadores do trabalho do órgão fiscalizador “o rigor e a transparência”. Neste começo de mandato, Eric Jorge refere que as funções do órgão que preside têm passado por “atualizar e regularizar os assuntos em atraso, como eleições e a apresentação de contas na tesouraria e contabilidade”. O presidente do CF/AAC adianta também que “a partir de dia 10 de março vai estar tudo tratado”, embora ainda existam casos pontuais por resolver. Sobre o papel do CF/AAC na amortização da dívida da AAC, o presidente faz uma ressalva, já que este não está na alçada do órgão. Segundo Eric Jorge, a sua contribuição para esta questão passa por “procurar onde existem maiores incumprimentos [na apresentação de contas]” e, depois, distinguir “entre o negligente e o intencional”.

Uma grande preocupação no seio do CF/AAC tem sido “perceber a razão para tantos incumprimentos, tão regulares”. Apesar destas infrações, Eric Jorge considera que o contexto em que se deram deve ser levado em conta. O presidente do CF/AAC afirma que o processo demissionário instaurado pelos seus antecessores “condicionou muito o trabalho dos núcleos e das secções no segundo semestre do ano anterior”. Com as prioridades centradas na organização, Eric Jorge afirma que ainda não foram “apurados todos os factos”, no que toca à situação que envolveu a anterior Direção Geral (DG/AAC) e o CF/ AAC demissionário. O processo que deu origem a toda a situação, as alegadas infrações cometidas por membros da Secção de Cultura Física da AAC, “encontra-se em suspenso”, adianta Eric Jorge. O presidente do CF/AAC confirma que pretende continuar essa investigação, para que se possa “apurar a verdade”. Contudo, diz também que não tenciona “sancionar ninguém sem hipó-

tese de defesa”. Eric Jorge confessa que a espera pela entrada dos novos Estatutos da AAC em vigor tem “atrasado um pouco as funções”. Apesar disto, diz também que, a serem aprovados, estes vão permitir “uma maior agilização de trabalhos por parte do CF/AAC” e, deste modo, facilitar a conclusão do trabalho em mãos. O CF/AAC não tem como “competência direta a amortização da dívida”, mas a procura das “maiores falhas, onde existem maiores incumprimentos”. Com o fim do processo de regularização das eleições apresenta a emissão do parecer do Relatório Anual e Contas da DG/AAC e o Relatório de Contas da Queima das Fitas como os próximos pontos a investir antes de entrar nas “fases finais das investigações” dos processos já instaurados. “Regular tudo e só depois pegar nesta pasta” é a linha orientadora que Eric Jorge pretende para a execução dos trabalhos por parte do CF/AAC.


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ESTATUTOS DA AAC AINDA SEM DATA PARA FINALIZAÇÃO Conselho Disciplinar e Regulamento dos Organismos Autónomos estão entre as propostas da ARE/ AAC ainda sujeitas a plenário final. Rigor e isenção são palavras de ordem para um novo CF/AAC - POR RITA FLORES E DANIELA PINTO -

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riar e estabelecer regras que vão modificar a forma como a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) se relaciona com os vários conselhos, secções e núcleos vai “obrigar a DG/AAC a regular-se”. As palavras são do presidente da DG/AAC, Alexandre Amado, que vê com “bons olhos” a “maior transparência e os mecanismos de controlo” presentes nas propostas iniciais dos novos Estatutos da AAC. Ao longo do último ano, e já com mandato alargado até maio de 2017, a Assembleia de Revisão dos Estatutos da AAC (ARE/AAC) tem quase concluída a primeira fase de trabalho. Das discussões em plenário já finalizadas constam, logo no tópico “Generalidades”, pontos que dizem respeito à organização do Conselho Fiscal da AAC (CF/AAC), DG/AAC e Assembleia Magna da AAC (AM/AAC). Como explica Alexandre Amado, “os três órgãos essenciais à casa”. António Arnaut, membro da ARE/AAC, sublinha ainda que “as três grandes discussões das reuniões focaram o CF/AAC e o modelo de fiscalização, os poderes e as diferentes competências das secções, núcleos e DG/AAC”. O dirigente máximo estudantil salienta que, entre as propostas dos novos Estatutos, está “uma estrutura que investiga, para que depois o CF/ AAC acuse”. O órgão fiscalizador é “um órgão com poucos poderes”, classifica António Arnaut, pelo que na especialidade se prevê o “aumento do número de elementos de sete para 11 e uma especificação das suas competências”. “Rigor e isenção” são as palavras que Alexandre Amado utiliza para classificar a nova proposta do órgão.

AAC explica que depois do CF/AAC, “a quem chegam as denúncias”, iniciar o processo, passa a pasta para o CD, órgão que tem como função investigar as causas das denúncias, acusar e preparar a acusação”. António Arnaut sublinha que, com as mudanças, a “única função que o CF/AAC tem nas ações disciplinares é ouvir as testemunhas, os acusados, ver todas as provas e, depois, decidir em conformidade”. Alexandre Amado, face à complexidade da AAC, considera “fundamental” a existência da CD, para “garantir que quem investiga e quem acusa são entidades diferentes”, fundamenta. Por outras palavras, o presidente da DG/AAC ressalva a ideia de que “não se concentre [o trabalho] na mesma pessoa”. Alexandre Amado justifica que “assegurar a justiça dos processos” tem como fim “trazer mais autossuficiência à AAC”. António Arnaut esclarece que este novo órgão também se destaca por ser “o primeiro que pode ser eleito por sócios não efetivos”, o que significa que “é eleito por voto preferencial, onde são apresentadas listas completas de quatro efetivos, mais quatro suplentes e as pessoas votam em quem quiserem, sem se prender com a ordem como foi apresentada a lista”. Outra das questões abordadas passa pelos “Organismos Autónomos e o seu regime de funcionamento”, explica António Arnaut. O membro da ARE/AAC ressalva que procura definir-se “o que é o estatuto do Organismo Autónomo, negociado pela DG/AAC com os Organismos Autónomos, de forma prévia”.

Uma estrutura autossuficiente A criação de uma Comissão Disciplinar (CD) apresenta-se assim como “um novo órgão da AAC” que, “constituído por quatro pessoas, vai funcionar como o Ministério Público da AAC”, fundamenta António Arnaut. O membro da ARE/

Futuras decisões e prazos de propostas Para que os estatutos sejam validados pela ARE/ AAC vão ter de ser aprovados por dois terços dos elementos que a constituem. Em caso de chumbo, como explica a presidente da Mesa de Plenário da ARE/AAC, Rita Andrade, teria de ser organizada

uma “nova assembleia e começar o trabalho do zero”. Após a discussão de todas as ideias apresentadas pelas cinco comissões de trabalho que constituem a ARE/AAC, a proposta final é redigida pela Comissão de Redação constituída pela presidente da Mesa de Plenário e dois elementos eleitos. São de novo debatidas e aprovadas em plenário final. “Não é obrigatório passar em AM/AAC, dado que a ARE/AAC tem legitimidade para as aprovar”. Contudo, Rita Andrade considera que, depois de aprovadas, “caso haja uma AM/AAC em breve, faz todo o sentido serem apresentados para dar conhecimento e legitimidade aos sócios”. Acrescenta ainda a importância de “formar os núcleos e outros órgãos da AAC face às alterações”. Apesar de “não haver nenhuma data fixa” para a finalização dos trabalhos, o presidente da DG/ AAC espera que estejam terminados em “poucos meses”. Rita Andrade acredita que o término está para “muito breve”, mas “depende da existência de quórum nos próximos plenários”. A presidente da Mesa de Plenário da ARE/AAC faz um balanço de mandato positivo, no sentido em que “não tem sido uma revisão por alto”, mas sim “uma análise aprofundada dos atuais Estatutos”, com a finalidade de “discutir as problemáticas e encontrar alternativas”. Todavia, ressalva “os consecutivos plenários que não se realizaram por falta de quórum” como ponto negativo de todo o processo. Rita Andrade justifica ainda o período extensivo de funcionamento da ARE/AAC não apenas “pelas faltas nos plenários, mas também pela complexidade dos trabalhos.” “Nada pode ser assumido como definitivo, nem quanto à DG/AAC, nem em outra parte dos Estatutos já discutida”, tal como explica o presidente da DG/AAC. Porém, “numa casa com mais de 60 estruturas”, Alexandre Amado comenta que a lógica de “aumentar a transparência” dos processos de regulamentação é “positiva”. HUGO GUÍMARO


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“QUEM SOMOS?”: À PROCURA DE UMA IDENTIDADE De “um ensaio para a academia” a “um grande festival”, a Semana Cultural da UC tornou-se num momento esperado. A programação engloba atividades que decorrem pela cidade - POR CRISTINA OLIVEIRA E ISABEL SIMÕES HUGO GUÍMARO

nente entre o passado, o presente e o futuro”. A Semana Cultural dá a conhecer à população em geral as diversas atividades que se realizam na UC. Ao mesmo tempo, estão inseridas na sua programação as celebrações do Dia da Universidade, que se comemora a 1 de março, e a atribuição do Prémio Universidade de Coimbra. Todos os anos, a UC destaca uma personalidade relevante no panorama nacional que se tenha mostrado inovadora nas áreas da cultura e da ciência. Este ano, o prémio vai ser entregue a Madalena Victorino, coreógrafa portuguesa.

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ntre os dias 1 de março e 28 de abril, a Universidade de Coimbra (UC) acolhe a 19ª Semana Cultural. Com o mote “Quem Somos?”, a questão de identidade serviu como inspiração para a organização de mais de 80 atividades. Na programação estão exposições, espetáculos e tertúlias que vão ser dinamizadas por toda a cidade. A apresentação do programa decorreu no Colégio da Graça, na Rua da Sofia, numa “espécie de regresso ao polo zero da UC”, introduz a vice-reitora do pelouro da cultura, Clara Almeida Santos. Para a vice-reitora, os tempos são “interessantes para falar sobre a questão de identidade”, em particular na perspetiva da universidade que “está à procura de si própria” e numa “tensão perma-

Como tudo começou A iniciativa já é recorrente na vida da cidade e é marcada, hoje em dia, por “um grande festival cultural que já ultrapassou as fronteiras da UC”, como afirma João Gouveia Monteiro, antigo pró -reitor para a cultura da UC entre 2003 e 2007. A sua criação remonta a 1999, no mandato de Maria de Fátima Silva, enquanto pró-reitora da cultura entre 1999 e 2002, com o objetivo de divulgar “o que era produzido na UC, a sua riqueza e património”, explica João Gouveia Monteiro. Na época, com a duração de uma semana apenas, o evento era designado “Semana da Mostra Cultural da Universidade de Coimbra”. A primeira edição surgiu como “um ensaio para a academia”, rodeada de “alguma suspeita e surpresa”, esclarece Maria de Fátima Silva. No entanto, apesar da “forma tímida” como nasceu, tornou-se evidente o potencial que a iniciativa apresentava e esta “despertou o interesse” das secções culturais da Associação Académica de Coimbra

(AAC), das unidades orgânicas e das faculdades, garante a antiga pró-reitora para a cultura. Da Alta à Baixa Em 2004, a iniciativa ganhou uma nova dimensão. O nome mudou para o que hoje se conhece e um novo formato foi adotado para a Semana Cultural. “Tornou-se a Semana da Mostra Cultural num festival mais amplo que demorava cerca de um mês e que tinha um tema principal”, aponta João Gouveia Monteiro. O objetivo era “convidar as unidades orgânicas da universidade e os grupos da AAC para mostrarem o que faziam”, ao mesmo tempo que estes se “abriam mais à comunidade e se conheciam uns aos outros”, sublinha Luísa Lopes, coordenadora da programação. Muitas foram as mudanças que a Semana Cultural sofreu. No entanto, João Gouveia Monteiro acredita que estas “se mantiveram num patamar de qualidade bastante bom” e que é um “exemplo da conjugação de esforços das diversas entidades da universidade”. A partir de 2008, a Semana Cultural abriu-se à cidade. Giacomo Scalisi e Madalena Victorino, que colaboraram na programação deixaram na memória o desfile de uma Orquestra Francesa que uniu a Alta à Baixa, e as repúblicas de Coimbra. Para José António Bandeirinha, antigo pró-reitor para a cultura entre 2007 e 2011, este foi “um momento marcante”, que “traçou um caminho de apoio ao conhecimento”. José António Bandeirinha garante que “se pode dizer tudo o que se quer sobre a Semana Cultural, menos que ela é insignificante”.

CONVERSAR TAMBÉM É UMA FORMA DE VIAJAR Percorrer o mundo através de palavras é o objetivo do projeto que não se quer prender a uma rigidez formal. Os colóquios pretendem fomentar o pensamento crítico entre os participantes - POR CARLOS ALMEIDA -

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Casa das Artes Bissaya Barreto (CABB) tem sido, desde junho de 2015, palco de tertúlias em que “experienciar um lugar através de alguém que o conheça” é o principal conceito. É assim que o diretor da CABB, Alexandre Lemos, descreve as sessões intituladas Conversas de Viajantes que têm tido lugar nas últimas quartasfeiras de cada mês neste local. Existe sempre um tema específico dentro do universo das viagens, e um ou mais oradores, conhecedores do tema escolhido, abrem a discussão ao público. Amanhã, dia 22, pelas 19 horas, decorre a 21ª edição que tem como tema Moçambique nas décadas de 1970 e 1980. Desde a primeira edição que as sessões têm uma média de mais de 30 pessoas na assistência, como explica Rui Munhoz, um dos organizadores. Afirma que se criam laços de amizade e que se forma uma comunidade. “Há pessoas que vêm de forma regular e que depois trazem amigos”, assegura o

organizador. Acrescenta ainda que “as conversas correm sempre bem, porque os oradores e o público estão entusiasmados”. Alexandre Lemos acredita que “discutir viagens é discutir lugares, da perspetiva do viajante, e também falar de experiências mais únicas”. O organizador complementa que “uma viagem pode ser qualquer coisa, há uma filosofia, uma arquitetura”. As Conversas de Viajantes, na opinião de ambos, são um espaço em que não só se discute o ato de viajar, como também se expõem experiências pessoais inerentes às viagens. Rui Munhoz acrescenta que “não é uma comunidade que quer colecionar carimbos no passaporte, mas sim que viaja a partir de recursos escassos com um propósito humano”. O organizador ilustra que os oradores têm total liberdade na apresentação das sessões e que é essencial que o público interrompa e até discuta em qualquer ocasião. Esclarece que mesmo al-

guns dos oradores já convidados foram elementos de plateias de sessões anteriores. Segundo Alexandre Lemos, as conversas “acabam por ser um afastamento de exercícios de futilidade e vaidade, para que sejam também câmaras de ressonância crítica”. As tertúlias incluem ainda jantares inspirados nos temas escolhidos. “As conversas continuam mesmo durante e depois dos jantares”, ilustra Rui Munhoz. Escolher um tema, segundo o organizador e o diretor da CABB, não tem sido um problema. “Os assuntos nunca se esgotam, por exemplo, pode-se falar do Japão numa sessão, mas não quer dizer que mais tarde não se aborde uma temática relacionada com o mesmo país”, como assegura Rui Munhoz. Quanto a expectativas para futuras edições, manter o número de participantes e criar diferentes abordagens são os principais objetivos dos dinamizadores das Conversas de Viajantes.


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DISTÂNCIA ENTRE SECÇÕES DESPORTIVAS E DG/AAC Duração dos mandatos do órgão dirigente e processo de Bolonha vistos como impeditivos para recrutar atletas. Falta de financiamento é razão de descontentamento por parte dos seccionistas - POR ANTÓNIO LADEIRA, JOÃO PIMENTEL E PEDRO SILVA -

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ão 27 as modalidades desportivas que integram a Associação Académica de Coimbra (AAC). A maioria delas encontra-se num momento estável, em termos desportivos. Porém, a condição financeira de algumas das secções revela-se fragilizada. Todas elas têm pontos de vista diversificados no que toca à relação entre as mesmas com a Direção-Geral da AAC (DG/AAC). Contudo, os obstáculos na comunicação com este órgão são os principais problemas apontados. Dificuldades, por um lado, e prosperidade, por outro A Secção de Desportos Náuticos da AAC tem conquistado o pódio nas últimas provas nacionais em que tem competido. O seu presidente, Miguel Alfaiate, constata que “têm alcançado o terceiro lugar”. Porém, é exposto que a “DG/AAC vê o desporto com distanciamento, mas acaba por perceber que é o braço mais comprido da AAC”, como explica o presidente da Secção de Natação da AAC, Miguel Abrantes. Nesta lógica, o seu homólogo da Secção de Vólei da AAC, Manuel Leal, acusa-a “de fingir que as secções desportivas não existem”. Afirma que a sua secção tem preocupações a nível de infraestruturas, visto que foi afastada do seu campo habitual e treina “num canto, o que dificulta a prática”. O vice-reitor da Universidade de Coimbra (UC) para o desporto, Amílcar Falcão, em resposta, refere que “não há conhecimento de que assim seja”, uma vez que “existe um mapa de ocupações de espaço e a UC respeita-o”. Por seu turno, o tesoureiro da Secção de Tiro com Arco da AAC, Adamo Caetano, revela que as maiores dificuldades são “as deslocações, inscrições e os materiais, que são muito caros”. A Secção de Pesca Desportiva da AAC conta apenas com cinco atletas e nenhum deles é universitário. Esta situação é justificada por Belisário Borges, treinador da secção, pela “falta de apoios para cativar atletas”. Para o presidente da Secção de Lutas Amadoras da AAC, Adilson Brito, o rendimento desportivo da secção foi “afetado de modo significativo” pelo processo de Bolonha. Este explica que o tempo é “curto para que os estudantes universitários, vindos de fora de Coimbra, se formem na modalidade”. Nesse sentido, o tesoureiro da Secção de Ténis de Campo da AAC, Eduardo Cabrita, revela que a formação dos atletas, chegados à universidade, “depende do trabalho dos clubes”. Apesar das dificuldades enunciadas por estas secções, existem modalidades a experienciar progressos. A Secção de Badminton da AAC conta com o “maior número de atletas federados deste desporto em Portugal”, 80 membros, como menciona o presidente da secção, Diogo Silva. Também o Futsal, integrado na Secção de Futebol da AAC (SF/AAC), “duplicou o número de atletas federados”, como declara o seu coordenador-geral, João Filipe. A condição financeira das secções “A difícil situação financeira alastra-se a todas as secções”, defende o presidente da SF/AAC, Rui Pita. Este pensamento é corroborado pelo diri-

gente da Secção de Patinagem da AAC, João Pires, que menciona que “os subsídios são curtos e não se sabe quando é que os mesmos são distribuídos”, o que leva a “dificuldades no momento de planear a época desportiva”. O presidente da Secção de Xadrez da AAC, André Trigo, pensa que “o financiamento dá para sobreviver” e acrescenta que “há outras secções com apoios superiores”. O presidente da Secção de Bilhar da AAC, Ricardo Salgado, expõe que “os atletas se financiam a si próprios, pois pagam quotas e as suas inscrições nas competições”. A generalidade das secções está de acordo quanto à demora e incerteza do financiamento. Quanto à Secção de Andebol da AAC, o seu presidente, David Simões, sustenta que este dinheiro “tem, muitas vezes, de vir dos pais dos atletas”. A Secção de Halterofilismo da AAC menciona, como conta o seu presidente, Bruno Almeida, que o financiamento “não é satisfatório, mas chega para sustentar a secção”. O presidente da Secção de Desportos Motorizados da AAC, João Azeiteiro, aponta dívidas à Câmara Municipal de Coimbra (CMC) ou à DG/ AAC, para com a secção, relativas às duas últimas edições do Rali Queima das Fitas. “A CMC assegurou à secção que o dinheiro foi transferido, mas a verdade é que nunca chegou”, fundamenta João Azeiteiro. Em resposta, a CMC alega que “os pagamentos vão diretos para a AAC” e que “a sua distribuição, pelas secções, não cabe à CMC”. Confrontado com o mesmo assunto, o presidente da DG/AAC, Alexandre Amado, confessa que “este problema não foi colocado ao órgão dirigente”. Porém, afirma que, “se foi transferido, é porque está na AAC”.

O futuro da relação com a DG/AAC A maioria das secções aponta a “falta de comunicação com o órgão dirigente”, como maior problema, refere a presidente da Secção de Basebol da AAC, Diana Lavado. Porém, o presidente da Secção de Badminton da AAC, Diogo Silva, aplaude o facto de a “DG/AAC já ter estabelecido contacto”, o que só acontecia com passadas direções, “em caso de necessidade”. A relação entre o órgão dirigente e a Secção de Basquetebol da AAC, de acordo com o seu presidente, João Bigotte de Almeida, é uma “relação de amor-ódio”. O mesmo refere que a secção tem sido “maltratada e que não estaria no Estádio Universitário se não tivesse pulso firme”. Acusa ainda a “AAC de ser submissa à UC”. Em resposta a estas declarações, Alexandre Amado, explicita que “não há submissão, há sim cooperação entre as instituições”. Amílcar Falcão reforça que “a reitoria está empenhada em privilegiar a AAC”. Os vários dirigentes das secções desportivas destacam mudanças para alterar o rumo do desporto na AAC. “O modelo de financiamento tem que ser repensado”, alude o presidente da Secção de Rugby da AAC, Paulo Picão. O presidente da Secção de Halterofilismo da AAC, Bruno Almeida, é da opinião de que “o desporto deve ser mais apoiado no futuro”. Já a Secção de Atletismo da AAC, prevê um futuro negativo, pois existem “poucas pessoas interessadas”, explana o seu presidente, Mário Rui. Até ao fecho desta edição, não foi possível obter declarações das secções de Karaté, Boxe, Cultura Física, Ginástica, Judo, Taekwondo e Radiomodelismo da AAC. JOÃO RUIVO


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APRENDER NOVAS LÍNGUAS POR MAIS UNS CENTÍMETROS DE CÉREBRO O domínio de vários idiomas promove o desenvolvimento cerebral e atrasa problemas cognitivos decorrentes do envelhecimento. Efeitos nocivos da aprendizagem são desmitificados - POR LUÍS ALMEIDA E PEDRO DINIS SILVA -

A idade ideal é qualquer uma desde que se queira aprender”, acredita Manuela Grazina, investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC). Ao interiorizar duas ou mais línguas, o cérebro de um indivíduo sofre uma determinada estimulação com consequências a nível cognitivo. Isabel Poço Lopes, docente do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), esclarece que “ao aprender um novo idioma o cérebro ganha uma elasticidade diferente”. A aprendizagem e memorização de uma nova língua, explica Manuela Grazina, “requer a interação de várias áreas do cérebro, bem como a capacidade de interligar e sedimentar ligações”. Completa ainda que os grafismos, a conjugação e o significado das palavras correspondem, também, ao processo de assimilação de um novo idioma. “Aprender uma segunda língua dá elasticidade ao cérebro”, explica Isabel Poço Lopes. “Contextos e relações intertextuais criam nas pessoas uma capacidade de adaptação benéfica em termos cognitivos”, elucida. Manuela Grazina salienta ainda que “não existe nenhum dado científico que prove que a aprendizagem de um número elevado de línguas possa ser nociva para o cérebro”. Complementa que, “quanto maior for o estímulo de aprendizagem, maior o aumento do volume cerebral”. A docente da FLUC acrescenta esta informação ao apontar que “há zonas do cérebro que ficam mais desenvolvidas num bilingue do que num monolingue”.

HUGO GUÍMARO

No que respeita à interiorização de um idioma, Isabel Poço Lopes salienta que, para um indivíduo, “é mais fácil aprender uma língua que não seja tão aparentada à materna”. Em contrapartida, Manuela Grazina realça que “aquilo que se consegue reconhecer em relação ao conhecimento já possuído é apreendido de uma maneira mais rápida”. Esclarece que o processo de aprendizagem “tem que ver com a capacidade e o contexto sociocultural de cada um”. Segundo a docente da FLUC, um idoso que domine várias línguas tem a capacidade de atrasar alguns problemas a nível cognitivo que surgem com a idade. Isto acontece porque “permite o desenvolvimento da capacidade de raciocínio, ao tornar o sujeito mais ágil nas tarefas cognitivas do que um monolingue”. “As crianças, por não terem um sistema linguístico consciente, têm uma maior capacidade para absorver um novo idioma”, fundamenta Isabel Poço Lopes. Por sua vez, Manuela Grazina explica que “todo o tempo de desenvolvimento cerebral, até atingir o pico, por volta dos 20 ou 21 anos, é a altura ideal”. A partir daí, “o processo depende das capacidades das pessoas e pode tornar-se mais lento, sem deixar de ser possível”, elucida. A docente da FLUC reflete que é “um mito considerar que a aprendizagem de uma nova língua prejudica a pessoa. Está provado que exige um esforço maior mas que, a longo prazo, constitui um ganho do ponto de vista cognitivo”, justifica. “Aprender um idioma é uma espécie de ginástica para o cérebro”, conclui Manuela Grazina.

‘WORKSHOP’ MÉDICO VISA CONSCIENCIALIZAR COIMBRA Doenças Congénitas da Glicosilação estão na base de uma formação que vai ocorrer na cidade. Esta pretende dar respostas à comunidade médica e quebrar a “barreira geográfica” entre os doentes - POR INÊS FERREIRA E JOANA PEDRO -

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ar a conhecer e informar são objetivos a atingir com o ‘workshop’ “Think metabolic, Think Congenital Disorders of Glycosylation”, que se vai realizar no próximo dia 27 de fevereiro, na sala Miguel Torga, na Ordem dos Médicos de Coimbra. Aumentar o conhecimento científico e médico sobre as Doenças Congénitas da Glicosilação (CDG), em inglês, é o foco desta formação destinada a jovens e adultos. A presidente e fundadora da Associação Portuguesa de Doenças Congénitas da Glicosilação (APCDG), Vanessa dos Reis, assume que “alertar a comunidade” é uma das principais motivações, com vista a ajudar no diagnóstico. Assim, o evento vai contar com “diversas sessões, centradas em trabalhos desenvolvidos por membros da APCDG”. Representa uma “ocasião única de receber informações em primeira mão sobre este grupo de doenças considerado um modelo para outras doenças raras”, acrescenta. Grande parte das proteínas humanas sofre uma

adição de antenas de açúcares, fenómeno denominado glicosilação. “É um processo biológico de muita importância para o organismo”, como afirma a presidente da APCDG. Quando essa adição não ocorre de forma correta, a doença contraída afeta vários órgãos. Esta é uma perturbação “rara e grave que põe em risco a vida dos portadores”, acrescenta Vanessa dos Reis. As CDG são, no geral, “incapacitantes e comprometem a qualidade de vida devido à falta de autonomia do doente”. Além disso, os sintomas desta anomalia são comuns a outras patologias, o que dificulta o diagnóstico e exige o envolvimento de várias especialidades médicas para o tratamento. Grande parte das CDG ainda não têm tratamento, embora os avanços nas técnicas de genética se mostrem úteis no diagnóstico destas doenças. “Têm-se dado a conhecer vários sinais e sintomas que estão por detrás destas patologias”, conclui a presidente da APCDG.

O isolamento geográfico das famílias, denominado por Vanessa dos Reis como “barreira geográfica”, é outro dos desafios a enfrentar. Trocar experiências ou ter informação atualizada sobre estas doenças constitui uma dificuldade para os agregados familiares, devido à raridade destas patologias. A presidente da APCDG acredita que “a divulgação deste trabalho vai permitir apresentar soluções à comunidade médica”. Ressalva ainda que tudo o que for descoberto nesta área vai ajudar a dar resposta a doenças mais comuns, pois a glicosilação é a causa de doenças como diabetes, Parkinson, cancro ou Alzheimer. No futuro, a APCDG pretende “estar próxima dos centros principais do país”, como afirma Vanessa dos Reis. Apesar das “dificuldades em termos de recursos humanos e financeiros”, garante que “assegurar uma atividade anual sobre as Doenças Congénitas da Glicosilação é a melhor via” e pretende continuar.


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A PROGRESSÃO DA CIÊNCIA COM A OCULTAÇÃO DE RESULTADOS NEGATIVOS Cumprimento da transparência científica permite evolução em todas as áreas. Enviesamento das pesquisas leva a replicação dos investimentos financeiros - POR JOANA BEJA E CAROLINA CARDOSO -

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uma investigação científica, os resultados podem ser considerados positivos ou negativos. Lisete Mónico, docente na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), entende, por resultado negativo, “aquele que é inesperado, contrário às hipóteses do investigador”. É, na opinião da docente, “atípico”. Nem sempre estes resultados são publicados e nem sempre a comunidade científica tem acesso a estas investigações. As editoras têm tendência a valorizar os resultados positivos e a descartar os negativos. A docente avança que a ciência deve “abrir-se à possibilidade de publicar também estes casos que correm mal, para que não seja desperdiçado tempo e dinheiro numa investigação sem fundamento”. A validade e visibilidade dos resultados científicos negativos Isabel Lopes, investigadora no Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas da Universidade de Coimbra, na área do desenvolvimento de novos instrumentos e métodos, considera que “um estudo não é suficiente para estabelecer um facto como provado”. Isto porque “tanto os resultados positivos como os negativos devem conter a informação suficiente para que o estudo seja replicado”. Estes casos ocorrem quando se observam, numa experiência, resultados válidos, negativos ou positivos, mas que, por não serem testados mais vezes, “se veio a revelar que não eram reproduzíveis”. Este fenómeno “não foi comprovado de forma científica”. Por isto, devem ser publicados para poderem ser revistos e comprovados. “Estas pesquisas científicas são ocultadas, a maior parte das vezes, pelas revistas e, em alguns casos, pelos próprios investigadores”, defende Humberto Rocha, docente na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). Acrescenta ainda que não existe interesse, por parte do público, no conhecimento de investigações científicas que correm mal. Afirma que “a publicação de resultados positivos é mais visível, por razões históricas”. No entanto, reconhece a importância da publicação de resultados “desfavoráveis” já que, “se tudo o que é publicado fosse verdade, já se teria descoberto a cura para quase todas as doenças, o que é falso”. Isabel Lopes alerta para a “existência de uma prática de publicação em que se pensa que só os resultados positivos são relevantes”. O sistema de revisão e de publicação não dá cobertura aos resultados negativos, pois “valoriza apenas os positivos”, como declara Humberto Rocha. Acrescenta que a maioria dos investigadores, “se tivesse oportunidade, publicava ambos os casos”. Lisete Mónico confirma esta teoria e refere que “a comunicação social e a imprensa preferem resultados mediáticos”. A docente da FPCEUC complementa que “é preciso uma atitude neutra na investigação e que os ‘rankings’ contrariam essa neutralidade”. Razões que levam os investigadores a não quererem publicar os resultados A docente da FPCEUC realça que os resultados não favoráveis devem-se a “falhas metodológicas na investigação”, o que leva a que os investigadores não

HUGO GUÍMARO

queiram vê-los publicados. Francisco Ambrósio, docente na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), alerta para o facto de “as editoras que publicam os resultados negativos terem Fator de Impacto 1 no número médio de citações de artigos científicos publicados, causado pelo desinteresse do público, o que não dá prestígio aos investigadores”. “Quando há interesses económicos subjacentes”, pelo contrário, são os cientistas ou os financiadores das investigações que preferem que os resultados negativos não venham a público, como observa o docente da FMUC. As principais áreas em que ocorre “este tipo de ocultações são as das ciências da vida e da saúde”, pois a competitividade faz com que “haja grupos que guardem segredo”, acrescenta. “Existe muita pressão para publicar e obter resultados positivos”, explica o docente da FEUC. Lisete Mónico afirma que “há mais abertura para a publicação dos resultados negativos nas ciências exatas”. No entanto, “poupava-se tempo e dinheiro se se publicassem também os resultados negativos”, defende Humberto Rocha. Além disso, era possível evitar que outros investigadores “percorressem o mesmo caminho e fossem dar àquele resultado”, acrescenta. Francisco Ambrósio considera que “se cria um ciclo vicioso”. Todos os docentes entrevistados concordam que os resultados negativos são tão válidos e essenciais como os positivos. Contudo, o dinheiro e o tempo gastos numa investigação que tem resultados negativos não é desperdiçado, uma vez que “permite excluir modelos teóricos, que previam que fossem observados sinais de umas determinadas características”, adianta Isabel Lopes. Soluções para contrariar esta barreira editorial Para modificar esta situação, Humberto Rocha propõe que, “através de uma reflexão da comunidade científica, com editores, revisores ou autores”, se publiquem os resultados. Por seu lado, Francisco Ambrósio sugere a criação de “uma base de dados universal, dividida por áreas científicas, onde se incluíssem vários resultados negativos obtidos na ciência”. O objetivo principal não seria “dar prestígio aos investigadores”, mas permitir que “a comunidade científica tivesse conhecimento dos resultados”. Assim, impedia-se que outros grupos gastassem o seu tempo e dinheiro. Reflete ainda sobre a solução para este problema, pois é necessário “mudar o paradigma a nível internacional e tentar incutir, desde cedo, nos jovens investigadores, a importância da publicação ou divulgação dos resultados negativos”. “A quantidade de informação que é produzida por ano, nas mais diversas áreas é enorme”, como afirma Francisco Ambrósio. Isto torna difícil a tarefa de saber quantos resultados negativos foram obtidos. Todavia, o docente da FMUC sugere que se “incentivem as grandes editoras a terem algumas revistas nas quais os esforços sejam mais direcionados para a publicação de resultados negativos, ainda que o Fator de Impacto seja baixo”. Por sua vez, Lisete Mónico refere também a importância dos investigadores “terem a coragem de publicar os resultados negativos” pois, para a docente, “a ciência requer transparência, abertura e questionamento”.


21 DE FEVEREIRO DE 2017

SOLTAS -8-

EM CONT(R)OS DA DERROTA E SEUS GENTIS DEMÓNIOS - POR SECÇÃO DE ESCRITA E LEITURA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA -

FOTOGRAFIA POR PATRÍCIA MENDES - SECÇÃO DE FOTOGRAFIA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA

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assava ele cabisbaixo, como era de seu costume. No corpo, a cor do luto. Na alma, a cor nenhuma. Assentou-se calmo em um banco gélido na praça do marco zero da cidade. Belas paisagens que não se queriam vistas. Belas damas que não se queriam incomodadas. “Aqui foi fundada a cidade!” bradavam indivíduos de outrora. Era clara a primeira derrota: ali, onde, em um dia deslumbrante, natureza floresceu, árvores foram deitadas abaixo para que se fundasse a tal cidade. “Que imensa perda”, mais valia deixar o relvado, mas relvado não há. O frio, mais frio do que de costume, fê-lo levantar-se. “E agora essa! Nem se pode ler o jornal em paz que o frio açoita-me!” e sob o chicote que vinha na brisa, entendia que precisava mudar de sítio. A igreja, se calhar? Seria uma possibilidade, mas fé não há. “Nesta cidade, todos caminhos levam a lugar nenhum”. Talvez isso parecesse interessante. Quem

não se sente tentado a se perder por caminhos de um lugar que conhece e desconhece simultaneamente? Quem não gostaria de flanar por uma cidade de tão estreitas vielas e de surpreendentes declives e aclives? Infelizmente, decerto não ele. Queria chegar a um local já planeado, onde pudesse cumprir com seu dever digníssimo (qual não sabemos). Seria esse Éden. Para seu desencanto, jardim não há. Decidiu subir as escadarias da cidade para que pudesse, ao menos, contemplar o pôr do sol. Como não poderia deixar de ser, foi tomado por imenso cansaço e já quase não chegou ao último degrau. Entre tropeços e cansaço de um bêbedo, viu, dos degraus finais, os últimos momentos de um sol que se punha em uma imagem nada romântica, considerando as nuvens cinzas que o abraçavam. Mais um prenúncio de uma batalha perdida: o fim do dia é a vitória da noite. É mais um fim que ocorre inexoravelmente todos os dias. É mais um dia

que se perde. Queria a vitória, mas a vitória não há. Em meio a sua frustração, o ilustre perdedor, que não tem relvado, que não leu jornal, que não andou à Baudelaire, que não viu o sol se pondo esplendoroso, vai-se embora. Em uma esquina próxima, vê uma casa lotérica aberta e uma espera imensa para fazer apostas. Pensa matematicamente e conclui que aqueles indivíduos, jovens e velhos ali à espera, são (ou, pelo menos, serão) todos perdedores. Aproxima-se de uma senhora e pergunta se ela já ganhou algum prémio. A senhora responde negativamente. Ele então questiona “Se sabe que não vai ganhar, por que joga toda semana?”. Imediatamente é retrucado “Ó, filho, se me tiram a derrota, aí mesmo que nada me sobra”. Buscava uma faísca de esperança, mas esperança não há. Naquele dia comprou uma dessas raspadinhas esportivas. Parece que vai à corrida de cavalos na próxima semana. Queria ir naquela semana mesmo, mas corrida não há.


21 DE FEVEREIRO DE 2017 SOLTAS -9-

FACEJAQUIM DA AAC - POR JGS -

Queima das Fitas Coimbra

Comunicado Caros estudantes, Mediante os resultados mais recentes, manifestamente inferiores aos que já realizámos, e dado que nos parece existir um novo panorama económico e social no nosso país e cidade, vimos oficialmente comunicar-vos o novo paradigma a aplicar na Queima das Fitas. Sabemos que é arrojado e que muitos vão criticar esta opção, mas contra essas vozes decidimos fazer tudo precisamente da mesma forma! Depois de muita reflexão, temos a certeza que este risco vai compensar a médio/longo prazo. Contamos contigo já na próxima venda de vouchers! Saudações académicas

OBITUÁRIO - POR CABRA COVEIRA -

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PAPEL? QUAL PAPEL?

iz-se por aí que existe um órgão deliberativo da Associação Académica de Coimbra. Diz-se também que é o único que pode aprovar coisas importantes como o Relatório Anual e Contas da Direção-Geral. No entanto, a convocatória feita por este órgão pode apenas não ser mais do que um mito urbano, mais uma daquelas histórias que se ouve nos corredores do edifício da rua Padre António Vieira. Há quem diga que viu uma afixada durante breves instantes, mas decerto não passou de uma miragem.

O AR (CONDICIONADO) É DE TODOS

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rocura-se equipamento de ar condicionado desaparecido da Sala de Estudo da Associação Académica de Coimbra. Reza a lenda que D. Sebastião deverá voltar numa manhã de nevoeiro, o mesmo se espera do aparelho. Os seus responsáveis sentem a sua falta neste inverno rigoroso e solicitam aos sócios que, caso o avistem, informem as autoridades competentes. Quem será que regressa primeiro? O antigo rei de Portugal perdido em batalha ou o equipamento que desvaneceu na envidraçada Sala de Estudo?


21 DE FEVEREIRO DE 2017 ARTES FEITAS - 10 -

CINEMA

Perdidos na edição - POR VASCO SAMPAIO –

Jackie De

Pablo Larraín

Com

Natalie Portman, Peter Sarsgaard, Greta Gerwig

2016

N

ão fazia falta outro filme sobre os Kennedy. E surpreendentemente, Jackie parece novo, e a sua história mais interessante do que se poderia imaginar. Aqui há manchas de sangue no famoso casaco cor-de-rosa. Há um Presidente com o crânio perfurado, debruçado sobre uma primeira-dama a gritar de desespero. Há recordações da Casa Branca empacotadas à força, enquanto a banda-sonora do musical Camelot ecoa por toda a residência presidencial. Esta é a história – e a aura – de Jacqueline Kennedy, a viúva, acompanhada de vários elementos típicos de um bom filme: a banda-sonora avassaladora, a escolha meticulosa de cada elemento cénico e, claro, o maravilhoso retrato que Natalie Portman faz desta mulher numa luta constante com o legado do seu marido, com as perceções dos que a rodeiam,

mas, sobretudo, consigo mesma. Drama, imponência e muito sentimento. Até aqui, uma trama que tem tudo para dar salas de cinema cheias e um par de Óscares. Mas Jackie cai por terra quando visto pelo seu conjunto. Numa narrativa não-linear como esta, é preciso um forte elo de ligação que torne o filme coeso e faça cada ‘frame’ valer a pena. Veja-se Pulp Fiction de Tarantino, 21 Grams de Iñárritu, Memento de Nolan (ou como construir grandes filmes desconstruindo as suas narrativas). E, depois, veja-se Jackie. O seu suposto fio condutor - uma entrevista da ex-primeira-dama à Life Magazine - vazio de qualquer tensão ou ‘suspense’. Uma história desastrosamente fraturada em trechos dispersos, sem qualquer noção de ordem ou lógica a uni-los. Um todo que, de tão desa-

Em

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra

O

artista plástico, José Pedro Croft, reuniu cinco obras para uma reedição da exposição “Prova de Estado”, a serem visitadas, de forma livre e gratuita, até 11 de Março no espaço Círculo Sereia, a cargo do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC). A mostra trata de uma seleção de obras de um ícone das Belas-Artes e dos mais notáveis artistas da geração dos anos 80, não só a nível nacional, onde expõe desde 1981, como a nível internacional, tendo sido convidado a integrar a edição de 2017 da Bienal de Artes de Veneza. Para esta “Prova de Estado”, o artista plástico apresenta numerosos ensaios, de processo artesanal, que refletem, o dissabor que um artista sente em dar como concluída, ou definitiva a sua criação. A arte quer-se inconstante e José Pedro Croft, através desta exposição convida-nos a ziguezaguear entre um conjunto de harmoniosas gravuras, vívidos desenhos, dípticos graúdos onde o carmesim e o es-

Podia ser pior

EM PALCO

Prova de Estado 4 de fevereiro a 11 de março 2017 quinta a sábado, 21h30 às 16h00

gregado e dissonante, comete um erro imperdoável numa biografia: deixar no público a impressão de que não conhece realmente a personagem principal. E isto é especialmente desapontante depois de 90 minutos a aprender quase tudo sobre Jackie - como lidou com a morte do marido, como a revelou aos filhos, como se comportou durante um belíssimo cortejo fúnebre a transbordar de simbolismo. Os pormenores estão todos lá. Fica por descobrir o essencial.

Provas criativas - POR JOÃO RUIVO –

carlate abundam, e uma instalação de gesso e madeira que contrapesa e abranda as sensações que a exposição provoca. Foi num conjunto de 16 desenhos, sem título, que uma obra, entre as demais, me despertou a atenção. Trata-se de uma obra em que a tela foi retalhada de modo a suprimir os espaços brancos de uma gravura pentagonal revestida a guache acerejado e tinta da china. Ainda nesta peça, o verniz faz relampejar as texturas e é assim que, perante o olhar, o desassossego surge. Destaque para uma instalação presente nesta mostra, criada em 2016 e com mais de dois metros de altura, tem uma forma paralelepípeda e é composta sobretudo por Gesso e Madeira. A peça minimalista contrasta com as restantes obras, na cor, na forma, no processo. Todavia uma instalação deste perfil, necessitava de um maior realce em termos posicionais, ficou a sensação de que a peça teria um resultado

distinto se ocupasse um outro lugar. A exposição “Prova de Estado” teve na sua primeira edição no verão passado, na Galeria Ala da Frente, em Vila Nova de Famalicão, nessa mostra ocorreu a publicação de um livro, com o mesmo título, onde o filósofo espanhol Amador Veja afirma: “Parece-me que o trabalho de Croft com as suas provas de estado é um testemunho muito singular da renúncia em dar por definitiva a criação.” O espaço de intersubjetividade para o qual as peças nos remetem, é mais que um mero prazer estético, dessa forma, e para desfrutar das obras, o espectador deve assumir um espírito livre e não recear o que é, à primeira vista, ambíguo.

A Cabra aconselha


21 DE FEVEREIRO DE 2017 ARTES FEITAS - 11 -

MÚSICA

GUERRA DAS CABRAS A evitar

Slow Motion no Faroeste

Fraco Podia ser pior

- POR FILIPE FURTADO -

Podia ser melhor A Cabra aconselha A Cabra d’Ouro

J

á nos habituamos a João Hasselberg como contador de contos. Em “Dancing Our Way to Death” o contrabaixista chama Pedro Branco, guitarrista, que assina também esta pequena viagem em dez temas. João anda por paragens holandesas, Pedro em terras dinamarquesas, duas semanas num estúdio no passado verão e eis, então, esta mescla entre o jazz, o folk, e um pouco de indie. Sentem-se estes diferentes cenários de “Dancing Our Way to Death” como um ‘remake’ de um velho e clássico ‘western’, logo em “I Think I Love You” e o sugestivo “Miniature #1 For Our Contryside Life”. A terceira faixa tem letra de Allison Philips e Afonso Cabral (You Can’t Win, Charlie Brown). E é na doce voz de Cabral que ficámos imóveis num pacífico êxtase de “Eyes from Above”: “Just stay right here/wait for the sun (...) it all will change”. Em “The Heart is a Lonely Hunter” escutamos também a guitarra do veterano Afonso Pais, dobrando e misturando melodias com Pedro Branco, como quem troca histórias em redor de uma fogueira, ou não estaríamos numa banda sonora digna de escuras noites em distantes pradarias. Em “Born in Captivity” dá-se a libertação da guitarra para o seu estado selvagem, reunido no cheiro a blues do fa-

Dancing Our Way to Death De

João Hasselberg & Pedro Branco

2016

roeste. Afonso Pais e Pedro Branco são dois pistoleiros que contam as suas aventuras e os desfortúnios dos inimigos em câmara lenta. “Far Far Away” é de novo momento de êxtase melancólico, agora de tragédia da estória, em que os protagonistas se sentem perdidos e abandonados. A voz de Elina Silova vem do outro lado do mundo, enquanto os ornamentos do contrabaixo vão acentuado detalhes, personagens nesse relato trágico. Quando chegamos a “Although You’re Going, Nobody Wants You There” sabemos que a viagem está a chegar ao fim, nesse “slow dance” – o final feliz da trama, assobiado por Hasselberg. Neste trabalho a duo entre João Hasselberg e Pedro Branco sentimos a coerência com os discos anteriores. Sempre uma leveza nas melodias, nos arranjos. Um respirar tranquilo entre cada elemento, cada instrumento, cada nota, para dançarmos pausadamente até à traquila morte que dá nome ao disco.

A Cabra aconselha

LIVRO A rapariga que podia ter perdido o comboio - POR PAULO SÉRGIO SANTOS -

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om mais de dois milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, o livro de estreia de Paula Hawkins (o segundo, ‘Into the Water’, está previsto para este ano) é, de forma analítica, um sucesso. Portugal não fugiu à regra, com a obra a estar nos escaparates grande parte dos dois últimos anos, acompanhando inclusive a adaptação cinematográfica. ‘A Rapariga no Comboio’ insere-se no género literário do romance policial, com laivos de ‘thriller’, respeitando a estrutura narrativa clássica do tipo: crime, investigação e culpado. O enredo presenteia o leitor com as efabulações mentais da protagonista, uma mulher desempregada e alcoólica, que cumpre religiosamente um trajeto diário de comboio, que a leva dos subúrbios de Londres ao centro da cidade. Nesse percurso, Rachel observa quotidianamente um casal, que apelida de Jess e Jason, até ao dia em que Jess desaparece do palco criado no seu imaginário (sem que antes a tivesse visto com outro homem), desaparecimento esse alvo de cobertura mediática, o que despoleta a necessidade intrínseca de ajudar, de contar tudo o que viu e intuiu como verdade. A autora britânica escreve um livro na senda da recente moda literária anglófona, que tem como um

dos expoentes Gillian Flynn. Embora ressalvando questões específicas de cada obra na sua abordagem social, há paralelismos que podem ser traçados, como protagonistas com desequilíbrios marcados e dependentes de personagens masculinos com baixa autoafirmação. Um dos pontos fracos da obra é precisamente o uso exagerado de clichês sobre alcoolismo e divórcio, e a categorização das mulheres enquanto sexo fraco. A tentativa de abordagem de um lado obscuro da vida doméstica feminina também não resulta e, nesse aspeto, a literatura japonesa, onde a temática está muito vincada, poderia ter sido referência, por exemplo através de ‘Out’, de Natsuo Kirino. A escrita de Hawkins não é má, mas perde-se em becos sem saída, personagens e enredo lineares e um desenlace demasiado percetível. Sem se introduzir algo de novo, sem quebrar fronteiras, não se desafia a literatura, é apenas mais do mesmo. E assim, uma obra não sustem a passagem do tempo.

A Rapariga no Comboio De

Paula Hawkins

Editora Topseller

2015 Podia ser pior


Mais informação disponível em

EDITORIAL - POR CAROLINA FARINHA -

Ainda sem Estatutos da AAC Em revisão por tempo indeterminado, os Estatutos da Associação Académica de Coimbra (AAC) parecem ainda não ter fim à vista, apesar de posições otimistas por parte de alguns dos seus membros, que estabelecem as próximas semanas (ou meses) como possível momento para a conclusão do documento mais importante da AAC. E, se este é assim tão importante, devia ser uma prioridade para todos os membros da Assembleia de Revisão dos Estatutos da AAC, cujo mandato foi estendido até maio de 2017. A extensão ficou pautada pela falta de comparência nas reuniões e consequente falta de quórum, que impossibilitou o avanço do trabalho. Esperemos que não existam assuntos mais prementes que impeçam a conclusão das propostas nos próximos tempos. “Rigor e transparência” continuam a ser bandeiras promovidas pelo atual presidente do Conselho Fiscal da AAC (CF/AAC). No entanto, apesar da demissão do CF/AAC antecessor e dos processos que ficaram suspensos devido a este facto, o dirigente não tem como prioridade apurar as razões que levaram à demissão. Não vai a entrada em vigor dos novos Estatutos atrasar as funções do CF/AAC e, como resultado, todos os processos que deviam ser tratados antes? Em tempo de eleições, muito foi dito pelos candidatos em relação à manutenção do edifício. Agora que começa um novo mandato impõe-se saber se as modificações necessárias na AAC vão ser feitas ou relegadas para segundo plano. De facto, a água da casa de banho das mulheres do segundo piso da AAC já foi arranjada, resta saber se vai haver água ou mais alguma modificação a ser feita antes do final do ano letivo.

A extensão ficou pautada pela falta de comparência nas reuniões e consequente falta de quórum, que impossibilitou o avanço do trabalho. Esperemos que não existam assuntos mais prementes que impeçam a conclusão das propostas nos próximos tempos”

Ficha Técnica

Diretora Carolina Farinha

Paginação Carolina Farinha

Jornal Universitário de Coimbra – A CABRA Depósito Legal nº183245702 Registo ICS nº116759 Propriedade Associação Académica de Coimbra

Equipa Editorial Rita Flores (Ensino Superior), Carlos Almeida (Cultura), João Pimentel (Desporto), Mariana Bessa e Rita Fonseca (Ciência & Tecnologia)

Ilustração João Ruivo

JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA

Fotografia Alexandre Gouveia, Hugo Guímaro

Impressão FIG – Indústrias Gráficas, S.A. Telf. 239499922, Fax: 239499981, e-mail: fig@fig.pt

Colaborou nesta edição Luís Almeida, Joana Beja, Carolina Cardoso, Inês Ferreira, António Ladeira, Luís Marujo, Inês Neves, Cristina Oliveira, Joana Pedro, Daniela Pinto, Pedro Silva, Pedro Dinis Silva, Isabel Simões, Rafael Soares

Produção Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra

Colaboradores Permanentes Inês Duarte, Filipe Furtado, João Ruivo, Vasco Sampaio, Paulo Sérgio Santos

Tiragem 2000 exemplares

Agradecimentos Reitoria da Universidade de Coimbra


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