Edição 279 do Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra

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23 DE NOVEMBRO DE 2016 ANO XXV Nº279 GRATUITO PERIÓDICO DIRETORA INÊS DUARTE EDITORA EXECUTIVA CAROLINA FARINHA

ELEIÇÕES

AAC 2016

A - PÁG. 2 -

ENSINO

C

Duas listas na corrida às eleições para os corpos gerentes da AAC. Comissão Eleitoral pretende simplificar o processo eleitoral para os sócios efetivos - PÁG. 10 -

CULTURA

Os direitos humanos são o foco de um espetáculo em que testemunhos reais pretendem alterar perspetivas da parte do público e provocar o seu interesse - PÁG. 8 -

DESPORTO

Equipa de futebol da Académica aproxima-se da DG/AAC. Até ao momento foram tomadas três medidas para reforçar a união entre as duas estruturas - PÁG. 11 -

CIÊNCIA

Alterações climáticas preveem consequências globais que reuniram vários países na COP-22. Temperatura não deve aumentar mais de 2ºC até fim do século


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CORPOS GERENTES DA AAC EM VOTAÇÃO Aproximação à comunidade estudantil é ponto de concordância das duas listas candidatas aos órgãos de gestão da AAC. No sentido de facilitar o envolvimento dos estudantes, poucas são as alterações existentes no processo eleitoral. - POR CAROLINA FARINHA -

Os órgãos gerentes da Associação Académica de Coimbra (AAC) vão ser eleitos nos dias 28 e 29 de novembro pelos sócios efetivos da AAC. A semana de campanha, com início no passado dia 19, estende-se até à antevéspera do primeiro dia de eleições. Para a Direção-Geral (DG/AAC), existem duas listas na corrida eleitoral. João Carvalho recandidata-se ao órgão gerente pela Lista A – “Até Quando?” e Alexandre Amado encabeça a Lista C – “A Tua Causa”. Ambas apresentam lista homónima à Mesa da Assembleia Magna (MAM/AAC) e ao Conselho Fiscal (CF/AAC). O presidente da Comissão Eleitoral (CE), César Temudo, apela, aos sócios efetivos, a leitura do Título VI do Regulamento Eleitoral, que estabelece uma “base geral de como se exerce o voto”. De acordo com o documento que regulamenta as eleições, os votantes devem indicar, ao presidente da mesa da secção de voto, o nome, o número mecanográfico e o curso em que estão inscritos, bem como entregar o cartão de estudante da Universidade de Coimbra (UC). César Temudo explica que, na falta do documento indicado, os eleitores podem “entregar um cartão de identificação com fotografia e nome”. CE com intenção de reduzir custos nas eleições O presidente da CE realça que não existem diferenças significativas em relação ao processo eleitoral do ano 2015. “Continuar a haver dois dias de voto” e as urnas vão situar-se nos mesmos locais. César Temudo aponta que “vai ser mantida uma urna em cada departamento” da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC. Na Faculdade de Direito da UC vão ser colocadas três urnas, na Faculdade de Letras da UC, duas urnas, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC, na Faculdade de Desporto e Educação Física da UC, assim como na Faculdade de Farmácia da UC vai existir uma urna. Como novidade, o presidente da CE pretende ter duas urnas na Faculdade de Medicina da UC, “embora ainda seja necessário pensar como se vão distribuir os cadernos eleitorais nessas urnas”. À semelhança do ano passado, o ‘plafond’ máximo para a campanha é de 1500 euros, “segundo estipulado no Regulamento Eleitoral”, clarifica César Temudo. As listas são obrigadas a entregar à CE “um orçamento alargado, em que estipulam os gastos”, no início da campanha eleitoral e, no final, “apresentam as faturas”, de forma a existir um controlo das despesas. Para este ano, o presidente da CE quer diminuir os custos, “sem nunca reduzir as urnas, pois isso poderia provocar um impacto negativo nas eleições”. César Temudo considera que um menor número de urnas “poderia servir de desculpa para alguns estudantes não votarem”. Manter o processo eleitoral idêntico ao ano passado permite “torná-lo o mais natural e simples possível”. O presidente da CE adianta que, com o atual CF/AAC demitido, não vai haver nenhum membro deste órgão gerente para controlar as eleições.

Desta forma, “a fiscalização vai ter de ser feita pela CE, não só pelo seu presidente, como também pelos mandatários das listas” presentes na corrida. A correção e a consideração entre os membros das listas candidatas aos órgãos gerentes da AAC é o que o presidente da CE deseja que exista no decorrer do processo eleitoral. Acrescenta que espera que haja “debate, partilha de ideias e, acima de tudo, respeito”. MAM/AAC quer mais afluência São duas as listas candidatas ao órgão deliberativo da AAC. Eugeniu Strelet pela Lista A – “Até Quando?” e Tiago Oliveira com a lista C – “A Tua Causa”. Sem apoios partidários, ambos destacam a falta de participação estudantil nas Assembleias Magnas como um ponto fundamental que deve ser modificado. Eugeniu Strelet refere que “as Assembleias Magnas têm sido feitas com o número mínimo de pessoas, que compõe apenas um por cento dos sócios efetivos”. De forma a alterar o panorama verificado, o candidato pela Lista A – “Até Quando?” propõe um maior envolvimento, por parte da MAM/ AAC, não só via ‘e-mail’ e através das redes sociais, como já se faz, mas também com “contacto direto com a comunidade estudantil”. Esta proximidade pode ser possível com a ajuda dos núcleos de estudantes, “que melhor conseguem chegar aos alunos dos cursos que representam”. Eugeniu Strelet considera que existe ainda um desconhecimento, por parte de muitos estudantes da UC, “sobre o que é a AM/AAC e quais as suas funções”. O cabeça de lista defende que tem como intuito “despertar a mentalidade das pessoas para um pensamento crítico acerca dos assuntos que os estão a envolver”. “Criar condições para que a afluência à AM/ AAC seja superior” é a proposta de Tiago Oliveira. O candidato da Lista C – “A Tua Causa” destaca “o papel preponderante” do órgão gerente, pois é nele “que todas as decisões são tomadas, através da intenção de voto dos estudantes”. Acrescenta que a AM/AAC “dá voz aos estudantes”, e que deveria contar com um largo número de participantes. Ao invés, a situação atual visa “representações reduzidas para a aprovação de diretrizes, planos estratégicos e de gestão da AAC”. No que concerne a estratégias concretas, Tiago Oliveira explica que só se entrar em funções “é que se pode traçar um plano mais concreto para as situações críticas da AM/AAC”. Do mandato da MAM/AAC vigente, Eugeniu Strelet considera que deveria ter existido mais atuação. “Houve uma limitação aos mínimos”, o que não permitiu uma aproximação à comunidade estudantil. Já o candidato pela Lista C – “A Tua Causa” afirma que acompanha a MAM/AAC em funções e considera que o que faz é positivo. Confessa que “dar continuidade ao trabalho de competência e de proximidade que tem sido realizado” é um ponto de atuação da sua candidatura. Tiago Oliveira acrescenta ainda que “o estudante

que está de fora tem uma visão positiva da atuação da AM/AAC”. Transparência é ponto de concórdia das listas para o CF/AAC Para o CF/AAC existem também duas listas na corrida eleitoral. Rita Viola assume o lugar de destaque para este órgão gerente da Lista A – “Até Quando?”, enquanto Eric Jorge encabeça a Lista C – “A Tua Causa”. Rita Viola destaca a importância do CF/AAC, no sentido de ter de “estar presente para os estudantes, ouvir os problemas, comunicá-los e poder usar os seus esforços no sentido de os resolver”. Como bandeiras, a candidata pela Lista A evidencia “a defesa e o cumprimento dos Estatutos da AAC”, aliados “a uma maior transparência”. Este último ponto é realçado por Rita Viola como fundamental. A candidata acrescenta que deve existir uma maior divulgação do trabalho desenvolvido pelo CF/AAC. “Muitas pessoas não conhecem a função do órgão gerente e é essencial para que se possam cumprir as funções da melhor maneira”, esclarece. Rita Viola deseja que o CF/AAC esteja em “constante atividade e contacto com os estudantes e com as secções da AAC”. Também Eric Jorge salienta a transparência, unida “ao rigor, ao consenso e ao bom senso” como mote que deve reger o CF/AAC. Explica que a conjugação destes quatro fatores permite “o tratamento de casos de incumprimento de Estatutos da AAC”. O candidato pela Lista C explana que o órgão gerente tem uma influência direta e indireta na AAC. Como influência direta destaca a emissão do “parecer do Relatório Anual e Contas da DG/AAC, dos núcleos de estudantes e da Queima das Fitas”, bem como “atuar nos Regulamentos Internos das secções, dos núcleos e da DG/AAC”. Em relação às influências indiretas “ter a certeza de que os mecanismos para promover o bom funcionamento do órgão estão a ser postos em prática com o máximo rigor”. Todos os membros do CF/AAC eleitos o ano passado apresentaram demissão em julho de 2016, no seguimento do processo instaurado à Secção de Cultura Física da AAC. Limitações estatutárias e atitudes contraditórias por parte de membros da DG/AAC foram as causas apontadas para a demissão. Sobre isto, a candidata da Lista A – “Até Quando?” confessa que, “se há um problema no órgão gerente, este tem de ser resolvido e a resolução não deve passar pela demissão”. Quanto ao balanço do mandato, indica a falta de informação e comunicação para com a comunidade estudantil como problema principal. Eric Jorge, por seu lado, considera que “o processo, no que toca ao CF/AAC, desenvolveu-se de uma maneira correta a nível estatutário”. Adianta que o órgão gerente “tem de marcar a sua posição em relação a qualquer processo”, já que “a ligação do CF/AAC é educar os núcleos, secções e demais órgãos da AAC, para prevenir e não apenas remediar qualquer tipo de ocorrência”.


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Comissão Eleitoral regulamenta o processo que leva à votação dos corpos gerentes da Associação Académica de Coimbra. Direção-Geral, Conselho Fiscal e Mesa da Assembleia Magna são os órgãos de gestão da Academia.

COMISSÃO ELEITORAL

DIREÇÃO-GERAL

Constituída pelo presidente da Mesa da Assembleia Magna, ou por um mandatário por ele apontado, que possui voto de qualidade. Da Comissão Eleitoral (CE) fazem também parte dois representantes de cada lista candidata, com funções de coordenação do processo eleitoral. É da responsabilidade da CE a fiscalização do processo eleitoral. Sorteia, ainda, a ordem para a intervenção no debate dos órgãos.

Composta por 15 a 25 elementos eleitos por sufrágio direto e secreto, assegura a gestão corrente da AAC. Dos membros eleitos existe um presidente, entre um a três vice-presidentes, tesoureiro, administrador e os vogais. À Direção-Geral da AAC compete cumprir e fazer cumprir os Estatutos elaborar o plano de atividades, aprovar o plano orçamental e executar e divulgar as deliberações da AM/AAC. Representar e assegurar o funcionamento da AAC, bem como zelar pelo seu património histórico e coordenar o trabalho das secções da AAC.

CONSELHO FISCAL É o órgão fiscalizador e de jurisdição da AAC. Os sete membros do Conselho Fiscal são eleitos de acordo com o método de Hondt, por sufrágio secreto, direto e universal. Das suas competências faz parte a emissão de parecer sobre o Relatório Anual e Contas da DG/AAC, dos núcleos, secções e Queima das Fitas. Ratifica os Regulamentos Internos das secções e dos núcleos, aplica sanções a sócios e aprecia os recursos dos que se considerem lesados nos seus direitos.

MESA DA ASSEMBLEIA MAGNA Composta por quatro elementos, em que um é o presidente e dois secretários. Das suas competências fazem parte a promoção de eleições para os órgãos da AAC, convocação e direção dos trabalhos da Assembleia Magna (AM) e AM de Voto, e divulgação das deliberações da AM. Dá, ainda, posse aos novos corpos gerentes e preside à CE com o direito a voto na pessoa do presidente ou de um mandatário por ele apontado.


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LISTA A “ATÉ QUANDO?” - POR INÊS DUARTE E CAROLINA FARINHA INÊS DUARTE

Estudante de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, é a segunda vez que João Carvalho se candidata à presidência da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC). Faz parte da Assembleia de Revisão dos Estatutos da AAC e é membro do Conselho Pedagógico da sua faculdade. Consciencializar, mobilizar e informar são as palavras de ordem da candidatura e uma das prioridades é um maior financiamento para o Ensino Superior.

Entrevista disponível na íntegra em www.acabra.pt


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A tua candidatura conta com apoios partidários? Não. Quais as bandeiras do projeto? À semelhança do que ocorreu no ano anterior, este é um movimento e uma candidatura que quer trazer uma discussão de valor político, profundo e estrutural. A exigência de um aumento do financiamento do ES é uma das bandeiras deste projeto. Consciencialização, mobilização e informação aliadas à ação direta são as ferramentas e as bandeiras, no sentido de um aumento real e efetivo do financiamento do ES e, consequentemente, da sua qualidade e democraticidade. Que medidas pretendes fazer para atingir esse financiamento? Esta exigência de maior financiamento é um direito constitucional, conforme previsto na Constituição da República Portuguesa, mas também um direito consagrado nos Estatutos da AAC. Privilegiamos a ação direta, que implica fazer levar a voz dos estudantes junto dos responsáveis no Governo. É isso que nos separa das anteriores DG porque serve-nos de muito pouco uma DG/AAC que diga que é necessário um maior financiamento para o ES, mas que depois nada faça para o concretizar. Não descuramos o diálogo, outros meios de intervenção democrática junto dos responsáveis governamentais, mas privilegiamos a ação direta, as manifestações, as ações de rua, e sabemos que esse é o único meio capaz de dar uma voz às justas reivindicações dos estudantes. Consideras que as manifestações são suficientes para alcançar esses objetivos? Quem está sentado numa mesa de negociações tem muito mais capacidade negocial se tiver junto a si 23 mil estudantes, como é o universo estudantil da UC. Se queremos fazer uma alteração profunda e estrutural no ES, precisamos de saber mobilizar os nossos colegas em torno de um objetivo comum. Em que difere e em que iguala a candidatura deste ano, face à anterior? Esta candidatura emerge do mesmo movimento da do ano passado e o conjunto de valores políticos, de ações e de reivindicações que fazemos é o mesmo, mas com uma urgência renovada face àquilo a que este ano assistimos e à inação da DG. Enquanto não cessarem as dificuldades que o ES enfrenta, nós estamos e estaremos aqui, como no ano passado estivemos, para dar voz aos estudantes insatisfeitos com o rumo que as DG têm vindo a seguir. O ano passado a taxa de abstenção das eleições foi de 76 por cento. Tens propostas para a diminuir? Uma conclusão que se retira da taxa de abstenção tem que ver com o envolvimento dos estudantes em ações que digam respeito à vida política da AAC. Essa taxa de abstenção traduz uma taxa de atividade e envolvimento que não seria a mais desejável. Temos de perceber quais são as causas desse abstencionismo e dessa menor taxa de envolvimento. Uma delas é a ligação que as DG fazem aos estudantes durante o ano letivo. Uma das nossas bandeiras é uma aproximação cada vez mais intensa junto da comunidade estudantil nas suas faculdades e nos assuntos que dizem respeito à sua vida académica. Envolver os estudantes na tomada de decisões e na participação ativa nos assuntos que dizem respeito à sua vida escolar e também à AAC. Este abstencionismo deriva muitas vezes da falta de tempo, do estrangulamento temporal que os estudantes se veem confrontados no seu dia-a-dia. Isso é uma consequência profunda da introdução do Processo de Bolonha, da compactação dos cursos em três anos e da carga de trabalho exagerada. Tens alguma medida para a reestruturação do edifício da AAC? Os estudantes da UC merecem e têm o direito a infraestruturas materiais de qualidade ao seu desenvolvimento profissional e pessoal. Passa por um dos objetivos centrais

da nossa lista a articulação com cada uma das secções culturais e desportivas para avaliar, caso a caso, a necessidade de eventuais melhorias nas infraestruturas ou eventuais intervenções no edifício e nas salas reservadas às secções. Um dos projetos da atual DG foi a modificação do piso zero que se encontra agora com mais espaços comerciais. Qual é a tua intenção para esse piso? O edifício da AAC tem que ser um espaço de lazer e de cultura. Quando se fala dos espaços da AAC, no topo da ordem hierárquica estão os interesses dos estudantes e das secções. É ao serviço delas que os espaços devem estar disponíveis. Que programa tens para as secções desportivas, culturais e núcleos? O que compete a uma DG, para além de um diálogo permanente no sentido de saber quais as necessidades e dificuldades que as secções enfrentam, é também a promoção de uma política cultural e desportiva que possa proporcionar o acesso gratuito a um conjunto de atividades culturais e desportivas que os estudantes de outro modo não teriam. Isto respeitando a autonomia que as secções devem ter e têm, mas articulando essas atividades com outras promovidas pela DG, desde que não ultrapassem esse limite que às vezes é muito ténue entre saber o que pode ser realizado entre a DG e o que pode ser feito no âmbito de cada secção. Qual a tua posição quanto à possibilidade da Universidade de Coimbra passar a Regime Fundacional [RF]? Absolutamente contra. Entendemos que a passagem da UC a Fundação é um passo muito significativo na privatização do ES. Temos uma visão que é conforme à Constituição da República e aos Estatutos da AAC, que é uma visão de um ensino gratuito, democrático, público, universal e de qualidade. O que a passagem a RF representa é uma desresponsabilização do Estado perante o financiamento das Instituições de ES, que ficam responsáveis por recolher 50 por cento dos seus fundos para adotaram este RF. Implica a criação de um Conselho de Curadores [CC] que vai ter de homologar todas as decisões do Conselho Geral. Se a representação dos estudantes nestes órgãos de administração da universidade é já muito diminuta, em função do que já está desenhado no Regimento Jurídico das IES [RJIES}, com a passagem a Fundação, a dependência de um CC, nomeado pelo Governo e que detêm um conjunto de atividades alheias a uma gestão pública de uma universidade, só vem ainda mais diminuir o poder dos estudantes nas tomadas efetivas de decisões na sua vida académica. Há uma certa incoerência da posição da atual DG/AAC, que diz ser contra o Regime Fundacional mas que chumba em Assembleia Magna propostas e ações que visem, desde já, tomar uma decisão contra o RF que vem potencializar os problemas que já são sentidos diariamente e que o ES já enfrenta. A nossa posição em relação a isso é muito desfavorável porque entendemos que de pouco ou nada vale uma DG/AAC que se assuma contra o RF e depois nada faça para o combater. Que propostas tem a tua lista para lutar contra a eventual passagem? Temos de afirmar desde logo a nossa oposição contra este RF. Isso implica uma ação direta concentrada e coordenada com os estudantes e núcleos no sentido de, junto do Conselho Geral, manifestarmos a nossa veemente oposição. Essa tem de se fazer sentir nas ruas e tem de ser feita ao lado dos estudantes. Temos de consciencializar e informar, porque há muito pouco conhecimento público sobre essa matéria, e de mobilizar os estudantes em torno desse assunto e o que ele implica. Qual a tua posição quanto ao RJIES? Somos contra. Foi ele que introduziu a possibilidade de adotar o Regime Fundacional, mas também trouxe um conjunto de questões que são muito preocupantes. Desde logo a redução significativa e drástica dos estudantes nos órgãos que têm a capacidade de tomar decisões na universidade,

como o Conselho Geral. Vemos o RJIES como uma afronta e desrespeito ao princípio democrático da gestão dos órgãos públicos. A gestão da universidade tem de estar a cargo dos seus gestores e os estudantes têm de ter uma efetiva participação nesses órgãos e na tomada de decisões. Somos a favor da revogação total desse regime. E acerca das propinas? Somos pela abolição da propina porque o ES tem de ser gratuito e acessível a todos. No último ano letivo ela foi congelada, é um passo importante e significativo, mas insuficiente. A propina deixa milhares de estudantes de fora do ES todos os anos, dificulta a permanência a milhares de outros, é um instrumento que foi introduzido apenas na década de 90 e que não é praticado em muitos países da Europa. Vem, mais uma vez, desresponsabilizar o Estado dos seus deveres no ES e vem colocar um peso nos estudantes. Planos e propostas para a dívida interna e externa? A dívida é um problema no modo como projeta a Associação Académica de Coimbra a nível local e nacional. A redução é um objetivo, mas acima de tudo advogamos um financiamento superior para as suas atividades. Que formas de financiamento é que podem existir para colmatar essa dívida? O financiamento tem de estar a cargo do Estado, porque a AAC é um legítimo representante de um universo de 23 mil estudantes, é uma associação com valor público muito importante e a sua atividade também se desenvolve em redor da defesa dos direitos dos estudantes. Mas seria o Estado que teria de suportar a dívida interna? Isso tem de ser avaliado caso a caso. De uma maneira geral ,se a dívida é contraída ao serviço do legítimo exercício de atividades que digam respeito aos estudantes da Associação Académica de Coimbra, então tem de haver uma intervenção do Estado. Qual a tua opinião face ao Orçamento do Estado 2017? É preciso mais financiamento para as Instituições de Ensino Superior, é necessário um aumento da ação social escolar direta e indireta, um aumento das bolsas e uma alteração no patamar de carência económica sobre o qual assenta o regime de atribuição de bolsas. O que consideras ser mais pertinente de ser revisto ou até modificado no Ensino Superior? O aumento do financiamento e da ação escolar direta e indireta traduzir-se-ia idealmente num conjunto de fatores como o aumento das bolsas e a revisão da forma de quotização da atribuição das mesmas. É muito importante que se aumente o patamar de carência económica e que a própria forma de contabilização dos rendimentos seja alterada no sentido em que se possam atribuir mais bolsas a mais estudantes. A bolsa tem de cobrir os custos de frequência do Ensino Superior e não se pode limitar ao pagamento da propina. O melhoramento das condições nas residências e a diminuição do valor do prato social são fundamentais. Este devia ser gratuito para os estudantes bolseiros e sofrer uma diminuição drástica para os restantes estudantes. O ano de 2017 vai ser um ano de preparação para os Jogos Europeus Universitários de 2018. Quais as tuas bandeiras e o que pretendes realizar até lá no campo do desporto? A melhoria das infraestruturas, que já esta a ser desenvolvida, deve ser intensificada. É importante trabalhar em articulação permanente com as secções desportivas, mas também com os núcleos e com os próprios de estudantes, no sentido de promover o envolvimento de todos, na participação e divulgação destes Jogos Europeus Univeristários. É também um evento oportuno para lembrar aos Governos matérias políticas de fundo em relação ao desporto. A prática desportiva também deveria ser de acesso a todos, mas ainda hoje muitos estudantes são, por razões de carência económica, deixados de parte.


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LISTA C “A TUA CAUSA” - POR INÊS DUARTE E CAROLINA FARINHA INÊS DUARTE

Alexandre Amado é estudante de Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Com 23 anos, já foi presidente do Núcleo de Estudantes de Direito da Associação Académica de Coimbra (AAC). Neste momento, é vice-presidente da DireçãoGeral da AAC (DG/AAC) e representante dos estudantes de Direito no Senado. A sua candidatura tem como principais motes a mobilização dos estudantes e o desencadear do debate político entre a comunidade académica.

Entrevista disponível na íntegra em www.acabra.pt


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De que forma é feito o financiamento da campanha? É inteiramente feito por nós. Pelos membros da DG/AAC, Conselho Fiscal, Mesa da Assembleia Magna e por todos os estudantes que queiram colaborar. A tua candidatura tem apoios partidários? Não. Quais as principais bandeiras do teu projeto? Ainda estamos a ter reuniões para ultimar as coisas e divulgaremos o produto final na campanha. Se tivesse que resumir o objetivo do mandato a uma coisa apenas, eu diria que era criar um novo impulso de participação cívica na academia. Reanimar a comunidade estudantil e a sua participação associativa, envolver mais estudantes na realidade da AAC, reacender o debate político. A base do projeto parte muito da valorização da componente humana da academia e de trazer as pessoas de novo para as causas da AAC, restaurar solidariedade entre colegas. Um sentimento de que podemos todos fazer pelo coletivo e não temos de passar pelo Ensino Superior [ES], cada um, a tratar apenas do seu futuro pessoal. Este espaço da nossa passagem pelo ES pode e deve ser de definição sobre a sociedade em que devemos começar a fazer algo pelo coletivo e ter a consciência de que, enquanto estudantes, podemos não só mudar a realidade do ES, mas também olhá-lo como uma alavanca para o futuro do país e mudá-lo. Quero mudar o pensamento generalizado de que a participação associativa só se faz por objetivos pessoais e mera recriação. Para isso acho que é muito importante fazer duas coisas. Uma delas é garantir que o envolvimento dos estudantes na AAC é possível, acessível e estimula a participação estudantil mesmo dentro dos órgãos da DG/AAC, nos vários pelouros e nas várias áreas de atividade. Garantir procura, da nossa parte também, de mais pessoas para colaborarem, para se envolverem, para tomar decisões. Serem parte de um processo de construção prolongada ao longo do mandato e de vários projetos. Permitir esse envolvimento e fomentá-lo e, por outro lado, também ter uma capacidade de consciencialização e de aproximação à comunidade estudantil muito maior, que é o que nos permite mobilizar. Conhecer a realidade absoluta da AAC a nível financeiro, pois há uma organização por cumprir e reestruturação a fazer. Disseste que querias envolver os estudantes. De que maneira prática? Deve haver um esforço maior e uma preocupação acrescida da parte da DG/AAC para trazer mais gente a colaborar com a AAC e isso é tão fácil como permitir, estimular, convidar as pessoas a participar ao longo do ano, não apenas na fase de projeto. Consideras-te uma lista de continuidade do mandato de José Dias? É um projeto novo de raiz, mas claro que muitas das suas bases assentam neste mandato. Quais? Uma boa parte dos dirigentes que este ano fez parte da DG/ AAC fará também parte desta, mas quisemos criar um projeto novo, abrirmo-nos à realidade e começar a pensar do zero. Pego naquilo que considero que foi melhor, como a ligação à Associação AAC/Organismo Autónomo de Futebol, quero mantê-la e estimulá-la ainda mais. A proximidade com a cidade, a credibilização da AAC e dos estudantes em geral deu um passo muito importante. Politicamente tivemos um ano que não foi fácil, porque foi o ano em que tudo se definiu no Governo. Este próximo ano, o Governo vai ter de dar sinais claros para onde quer ir e daquilo que quer verdadeiramente fazer. O ano passado a taxa de abstenção nas eleições foi de 76 por cento onde, em 23 mil estudantes, somente cerca de 5400 votaram. Tens propostas para diminuir essa taxa este ano? Abrir as portas às pessoas, consciencializar e informar sobre aquilo que fazemos também e quais são as nossas causas junto de faculdades e departamentos. Vão existir medidas para a reestruturação do edifício?

Dependerá da disponibilidade financeira da AAC. Sei que a situação financeira está bastante melhor, mas são decisões que devem ser tomadas com o conhecimento total da casa e não me cabe prometer uma reestruturação do edifício. O que é certo é que há trabalho a fazer. Profissionalizar o circuito de despesas de toda a AAC, secções, núcleos e DG. Fazer uma divisão de aprovisionamento que permita agilizar e tornar mais eficiente a despesa das estruturas da AAC. Isto garante outros fundos para a reestruturação material e física no edifício, seja através da troca de salas, obras em alguns espaços que também merecem, mas são situações que têm de ser analisadas com tempo e cautela. Não me comprometo. Um dos projetos da DG foi a modificação do piso zero que se encontra com mais espaços comerciais. Qual é a tua intenção para esse piso? Um dos objetivos é a criação de um mercado social, que venda produtos de primeira necessidade a um baixo custo. Era importante e comercialmente seria uma boa oportunidade. Ao mesmo tempo estaríamos a dar uma resposta aos estudantes. Então ficaria sem secções e serviria somente como espaço comercial e de serviços? Pela localização do espaço acho que poderia ser explorado comercialmente, com serviços, essencialmente. Os pisos superiores garantem outra tranquilidade de trabalho, menos movimentação e acho que é isso que conjuga os dois ideais de ambas as partes, garantindo um espaço digno para as secções também. Que visão tens para a diversidade cultural e desportiva das secções da AAC? As secções culturais têm um papel fundamental na difusão de ideias e na capacitação da comunidade estudantil para debater, conhecer, discutir e estimular espírito crítico. Desenvolver a sua atividade numa perspetiva recreativa e cultural. Deve também até, em certos contextos, ser politizado, obviamente numa lógica de unidade, em que a causa seja apropriada por todos. Devem ser assumidos dessa forma, tal como na história o podemos ver. Aconteceu em 1969 com o futebol em que o fenómeno desportivo foi uma bandeira para uma luta política. Quem estava sentado ao lado de Alberto Martins na sala 17 de Abril em 1969 era o presidente do TEUC, não era o vice-presidente da DG. Qual a tua posição quanto à discussão da passagem da UC para Fundação? Preocupa-me muito essa possibilidade. A preocupação maior que os estudantes e AAC devem ter é a sua participação democrática. O que acontece com o Regime Fundacional [RF] é que se cria uma estrutura acima do Conselho Geral com outro tipo de competências, que é o Conselho de Curadores. Constituído por elementos nomeados pelo governo, estes podem ter o poder de homologar decisões estratégicas, a eleição do reitor, a política pedagógica da universidade. Não garante qualquer representatividade dos corpos universitários. O objetivo do regime é colocar todo o investimento feito na universidade nas mãos do mercado, que é aberto. Desse ponto de vista pode ser encarado como justo, mas a investigação dos objetivos pedagógicos e científicos da universidade são uma missão de natureza pública e não está assegurada se o financiamento não for proveniente do Estado. Contudo, existem algumas medidas, como a possibilidade de contratar a prazo docentes para a universidade, que será tida como uma grande vantagem numa perspetiva dos trabalhadores. Tenho muitas reservas quanto ao RF e deve ser um debate aprofundado e extensivo a toda a academia, que nos permita ganhar uma posição firme. A moção aprovada em Assembleia Magna diz que se vai começar com reuniões de informação, plenários, debates e marcar posições só em fevereiro. É um espaço temporal adequado ou há possibilidade de se arrastar demasiado o assunto? O debate nos órgãos da universidade não se iniciará em fe-

vereiro porque vão ser eleitos agora,. Não há razões para crer que é um prazo muito alargado. Se houver uma alteração das circunstâncias que precipite a discussão, terá de haver medidas para consciencialização reforçada. Acerca das propinas, qual é a tua posição? O cenário perfeito seria aboli-las. São um fator de exclusão social porque permite a uns, em detrimento de outros, aceder ao ES. A ação social existe e é um mecanismo de correção que devia cobrir despesas de frequência, alojamento, transportes e alimentação. Isso acontece, mas em muitos casos cinge-se a cobrir o valor da propina. É um contrassenso absoluto. É minha intenção iniciar a revisão da legislação do financiamento da ação social. Tendo em vista uma redução do valor da propina, mais ou menos gradual, sempre com o objetivo último da sua eliminação absoluta. Tens algum plano para essa gradualidade? Tem de se iniciar essa discussão numa lógica de cinco a dez anos, para que, a mais curto ou médio prazo, a propina seja abolida enquanto instrumento de financiamento. E quanto ao congelamento das propinas para o próximo ano? Acho que o mínimo exigível é que a esperança se mantenha. São os mínimos olímpicos para garantir um caminho, mas não são suficientes. Face ao Orçamento do Estado 2017, qual é a tua opinião? É um sinal positivo que foi dado. Se vai chegar? Não sou técnico de contas, creio que não. Acho que se impõe ainda mais financiamento. Pretendes lutar por mais financiamento? Claro que sim. Mais importante do que isso é a questão de onde é que esse financiamento provém. É fundamental perceber que uma larga percentagem de financiamento da UC advém de propinas. José Dias afirmou que a Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Económico [OCDE] vai realizar durante o ano de 2017 uma análise ao ES. Qual é o teu plano e que medidas pretendes tomar sobre essa análise? Forçar a revisão do RJIES, iniciar a discussão sobre a gestão das universidades, a realidade do ES em Portugal. Esta análise da OCDE, a possibilidade de o RJIES ser revisto, a discussão do RF, congelamento das propinas, financiamento, é tudo um conjunto de acontecimentos que obrigam a discussão a ser refrescada. O ano de 2017 vai ser o ano de preparação para os Jogos Europeus Universitários [JEU]. Quais são as tuas bandeiras para esse acontecimento? Estamos a fazer um trabalho de proximidade muito grande com a universidade, com o gabinete de desporto. Todo o projeto desportivo para 2017 terá sempre o objetivo último de preparar os JEU e de os utilizar como forma de nos reestruturarmos internamente, criar pontos melhores entre a UC e as secções desportivas. Planos e objetivos para a dívida interna e externa? Abater. Há sempre uma tendência para abater a externa primeira porque é aquela que pode pôr em causa as estruturas, que pode resultar em penhoras, a perderem indiscriminadamente os seus bens. Acho que a Académica não deve ter dívida, não é um Governo. E quanto à dívida interna, como é que a pretendes abater? Pagando. Para abater dívida é necessário mais fundo, para ter mais fundo é preciso reestruturar. Acho que o piso zero é uma fonte importante. Mas é fundamental que se estruture o circuito de despesa da AAC e que esta seja mais controlada e eficiente. A plataforma informática também é um objetivo e um meio de reestruturar esse circuito, que permita ter uma maior expressão de contas e de faturas.


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A VELHA SENHORA REGRESSA À CASA MÃE Aproximação entre as duas estruturas começou a dar frutos ao fim de três meses. Direção-Geral da AAC defende que “Académica, símbolo e instituição há só uma” - POR JOÃO RUIVO JOÃO RUIVO

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om a equipa de futebol da Associação Académica de Coimbra - Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF) despromovida para a segunda liga, a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), pronunciou-se de modo a demonstrar “estar ao lado da equipa seja na primeira ou na segunda divisão”, explicou o presidente da DG/AAC, José Dias. Deu-se início ao processo de revisão do protocolo, tendo em conta que “a última reforma foi em 2006 e não só estava desadequado como não espelhava a vontade de união”, defende Miguel Franco, vice -presidente da AAC/OAF. Em Assembleia Geral, que antecipou as eleições do clube, José Dias manifestou que seria “necessária uma aproximação da Académica à academia” e, desta forma, o clube “beneficiar do apoio da comunidade estudantil e manter um código genético de vários anos”. O único candidato e atual presidente da AAC/ OAF, Paulo Almeida, reuniu-se com José Dias e “concordou que seria favorável criar um conjunto de iniciativas de aproximação”, afirma o dirigente associativo. Seguiram-se “três meses marcantes”, segundo José Dias, em que foram dados “três passos fundamentais para que os organismos autónomos se sintam parte da Académica”. O presidente da DG/AAC conclui que “Académica, símbolo e instituição há só uma”. Medidas de aproximação da AAC/OAF à casa mãe “Era com tristeza que se ouvia os mais novos dizer que eram da verdadeira académica [OAF], e os jovens da Secção de Futebol reclamarem

para si esse título, por fazerem parte da casa mãe”, confessa José Dias. Deste modo a preparação da época desportiva da Académica começou a ser programada em conjunto com a própria Secção de Futebol. Com um técnico comum entre as duas formações e com a “partilha de espaços e infraestruturas, os jovens da Secção de Futebol começaram a treinar no campo do Bolão, onde decorrem os treinos da equipa principal”, explicou Miguel Franco. A medida passou por uma extinção da Académica sub-23, tendo em conta que era composta por universitários e a afirmação da equipa da secção de futebol foi imediata, ao “promover a troca de jogadores, como aconteceu com o atleta Dany Marques”, conforme explica José Dias. Para assinalar os 129 anos de história da Associação Académica de Coimbra, no passado dia 3 de novembro, o aniversário foi “celebrado e trabalhado em conjunto”, evidencia Miguel Franco. A cerimónia teve como palco o Estádio EFAPEL Cidade de Coimbra, e foi realizada “de uma forma muito própria da academia”, destacou José Dias. Crescente adesão de público Até ao momento, “os jogos da Académica estão a ter uma média superior à do ano passado e é a equipa com maior assistência acumulada na segunda liga”, refere o vice-presidente da AAC/OAF. Mas para que tal tenha sucedido, as iniciativas para avolumar as presenças de capas negras no estádio começaram com o arranque da atual época despor-

tiva. Atividades como, “os alunos poderem tornarse sócios e com direito a ver todos os jogos em casa até ao final da época por dez euros cativou muitos estudantes”, explica Miguel Franco. Foi também anunciada a possibilidade de os estudantes irem ver futebol e contribuírem para uma causa social. Os universitários podem assistir aos jogos em casa, “com bilhetes a três euros, em que o valor da entrada reverte para o fundo solidário António Luzio Vaz”, um sócio honorário e administrador dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra, durante 30 anos. Trata-se da criação de um “fundo de emergência para os estudantes que têm mais dificuldades e que estão em situação de risco de abandono escolar”, explica José Dias. À parte desta iniciativa, existe a possibilidade de oferecer um bilhete a quem for aos jogos com capa e batina. “Estava na bancada, olhei para o lado e vi muitos estudantes a rigor”, confessa Miguel Franco, acerca da adesão. “Jogo após jogo, as pessoas vão começar a aderir e cada vez mais apoiar uma equipa única como a Académica”. José Dias considera que “este ano foi possível fazer algo diferente, com uma dinâmica interessante entre as duas partes”. Para o futuro, defende que a manutenção desta proximidade entre as duas estruturas “depende da boa fé e abertura das futuras direções”. O vice-presidente da AAC/ OAF sublinha que a união é fundamental para o futuro da equipa da Briosa e conclui que “sem a identidade característica da Académica, esta deixa de ser uma instituição e passa a ser apenas um clube de futebol”.


23 DE NOVEMBRO DE 2016 DESPORTO -9-

CANOAGEM, CONDIÇÃO FÍSICA E DEFESA PESSOAL AO DISPOR DA COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA Promover o desporto junto dos estudantes, docentes e funcionários da UC é o objetivo da iniciativa. Alunos da FCDEFUC organizam as atividades desportivas - POR HUGO MATEUS ILUSTRAÇÃO POR JOÃO RUIVO

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o p av i l hão número d ois d o E st á d i o Un ivers it ár i o d e C oi mbra ( E U C) e nas i nst a l aç õ es d o C lub e Fluv i a l d e C oi mbr a v ã o ter lugar as prát i c as d esp or t ivas le va d as a c ab o p elo Gabi nete d e D esp or to d a Unive rs i d ad e d e C oi mbra ( GDU C ) . As at iv i d a d e s come ç aram no p ass ad o d i a 9 d e novembro e s ão d est i nad as a estud antes , d o centes e f u n ci onár i os d a Un ivers i d ad e d e C oi mbra. Nel as const am a d efes a p ess o a l, a cond i ç ão f ísi c a e a c ano agem. As pr i mei ras est ão ao enc argo d e A l ai n Mass ar t e a ú lt i ma à resp ons abi l i d a d e d e B e at r i z G omes , amb os d o centes d a Fa c u l d ad e d e C i ênci as d o D esp or to e E duc aç ã o Fí sica da UC. No c as o d a c ano agem, como refer i do p el a co ord enad ora, B e at r i z G omes , “ há a mais-v ali a d e s e p o d er i nteg rar nest a i n i ci at iva o s e s tud antes d a un i d ad e c ur r i c u l ar d e D e sp or to O p ç ão”. “E les d es emp en ham a f unç ão d e mo n itor i z ar, organ i z ar e d i nami z ar e o do c e nte est á mais no p ap el d e sup er v is i onar”, a c re scent a. Num pr i mei ro momento d a s ess ã o, o s p ar t i cip antes f i c am a con he cer o esp aç o e o s e quip amentos . D e s egui d a, e d ep ois d e re u ni d o o e quip amento que l hes é i nd i c ad o, c omo os c ai aques , as p agai as e os coletes , re a l i z a -s e “um p e queno aque ci mento junto à pl at aforma d e ent rad a”. D e v i d o à at iv i d ad e ai nd a s e encont rar numa f as e i n i ci a l, “s ão d is c ut i d as a lgumas té cn i c as d e ent rad a e cont rol o d o c ai aque”. D ep ois , j á d ent ro d e águ a, “re a l iz am- s e a lguns j ogos ao longo d o p ass e i o no

r i o”. Na pr i me i r a s e ss ã o o p e rc u rs o foi fe ito p ar a jus ante e na s e g u nd a p ar a mont ante, a o longo d o “e xcelente plano de águas da cidade”, aponta a coordenadora. Em parceria com o EUC e a Associação Académica de Coimbra, são levadas a cabo as atividades de condição física e de defesa pessoal. Nas palavras do seu coordenador, Alain Massart, estas “são atividades diferentes, mas ambas têm como objetivo melhorar o bem-estar e a saúde das pessoas”. No caso da defesa pessoal aprendem-se princípios de auto-defesa que “poderão ajudar na melhoria da confiança das pessoas”. Na base destas iniciativas está a promoção da atividade física e do despor to no seio da comunidade universitária. S egundo Alain Massar t, “hoje em dia já não se discutem as vantagens da prática de atividade f ísica a todos os níveis”, que pode vir a ser vir para “combater fatores de risco, como o sedentarismo e o excesso de colesterol”. O docente revela, ainda, que a realização das atividades vai poder, “por ventura, aliciar alguns dos par ticipantes a competir”. Até ao momento tem-se registado uma grande adesão à iniciativa que, mediante a mesma, poderá durar até ao f inal do ano letivo. As inscrições podem ser feitas ‘online’ e estão sujeitas a um número limite. A ofer ta de atividades pode ser aumentada, mediante o ‘feedback’ e os resultados obtidos pelos par ticipantes.

ESTUDANTE DA FDUC VENCE PRÉMIO DE ATLETA FEMININA DO ANO Distinção salienta época desportiva recheada de conquistas. Conciliar o desporto com o estudo é possível “mas nem sempre é fácil” - POR JOÃO PIMENTEL -

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árbara Luz, atleta de ténis da Associação Académica de Coimbra (AAC) e estudante de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (UC), arrecadou o prémio de melhor desportista feminina do ano 2015-2016, na IX Gala do Desporto Universitário. Organizada pela Federação Académica de Desporto Universitário (FADU), é uma cerimónia anual que pretende distinguir os estudantes-atletas, técnicos e dirigentes do desporto universitário português, que se destacam a nível nacional e internacional. A votação foi levada a cabo por clubes que integram a FADU, um júri constituído por referências do desporto universitário português e pela colocação de ‘likes’ na página de Facebook da federação. O coordenador do desporto da Direção-Geral da AAC, Bruno Cruz, explica que “a atleta conseguiu vencer este prémio com todo o méri-

to”, devido ao facto de “este ano ter conquistado a medalha de ouro nos Jogos Europeus Universitários”, disputados em Zagreb, na Croácia. Na final, com as suas colegas Cláudia Gaspar e Ana Luísa Car valho, derrotou a equipa alemã da Universidade de Mainz. Disputou ainda o Campeonato do Mundo de Seleções, onde alcançou o sétimo lugar. A nível nacional sagrou-se bi-campeã. Bárbara Luz conta que a conquista deste prémio “é muito importante” e que “era um dos objetivos de carreira”, quando ingressou na universidade. A estudante começou a praticar ténis com seis anos de idade, na AAC. Neste momento frequenta o terceiro ano do curso de Direito e revela que tem “tentado gerir da melhor forma o estudo e o desporto, mas nem sempre é fácil”. A atleta já tem os olhos postos no futuro e considera que o importante agora é “fazer uma boa pré-temporada e uma boa época internacional.”

Bruno Cruz refere que estes prémios “são conseguidos com muita dedicação, para conciliar a vida académica com o desporto”. Confessa também que “é importante ter na AAC estes atletas” e “que tudo se faz para que tenham as condições necessárias e os melhores resultados para conciliarem a dupla carreira”. Na IX Gala da FADU distinguiu-se também a organização do Campeonato do Mundo de Canoagem, que se realizou em Montemor-oVelho, que foi levado a cabo pela AAC, UC e câmaras municipais de Montemor-o-Velho e de Coimbra. Com a aproximação dos jogos da European Univesity Sports Association, que se vão realizar em Coimbra em 2018, a AAC espera “que ocorram melhoramentos no estádio universitário” e, assim, “cativar mais atletas”, aponta Bruno Cruz.


23 DE NOVEMBRO DE 2016 CULTURA - 10 -

SAIR DA ESCURIDÃO EM PROL DOS DIREITOS HUMANOS O espetáculo que “choca e provoca muito impacto no público” pretende, através de testemunhos reais, sensibilizar o público para “um trabalho que ainda mal começou” PAULO ABRANTES

- POR SIMÃO MOTA -

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iz a Verdade ao Poder- Vozes do outro lado da escuridão” vai ser levada ao palco do Teatro Académico Gil Vicente (TAGV) pela Cooperativa Bonifrates nos próximos dias 29 e 30 de novembro. Este espetáculo, baseado num livro com o mesmo nome, escrito por Kerry Kennedy (sobrinha do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy), incide sobre questões como a violação dos direitos humanos. É uma encenação que pretende espantar as pessoas “com aquilo que no quotidiano está presente e que muitas vezes não se vê”, como descreve o encenador da peça, João Maria André. Com adaptação ao teatro por Ariel Dorfman, a peça foi já exibida em diversas partes do mundo e, em Portugal, foi apresentada em maio, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. O encenador refere que esta “é uma das primeiras encenações que é integral, o que implica uma cenografia, caracterização, figurinos e banda sonora”. Refere ainda que o espetáculo adquire uma dinâmica diferente e, portanto, “há uma conceção geral de espetáculo”. A representação é complementada com alguns elementos artísticos como música e vídeo tal como refere João Paulo Janicas, ator na peça. “No TAGV vai ser um pouco diferente, essa proximidade não é tão evidente”, refere. O ator acrescenta que em espaços diferentes exigem-se abordagens distintas. Segundo João Maria André, este evento, pela sua temática, tem a capacidade de não deixar indiferente o seu público e procura “levar as pessoas a perceber que é no dia-a-

dia que se constroem os direitos humanos. De acordo com João Maria André esta representação “choca e provoca muito impacto no público”. João Paulo Janicas faz notar que a peça “em termos de género é um teatro documental” e que o teor do evento é essencial para o papel da sua apresentação. A escolha das peças obedece à identidade e valores defendidos pela companhia, sendo que a atividade cultural e artística é encarada pela cooperativa como “exercício de cidadania”, refere João Maria André. As expectativas em relação às potencialidades desta encenação começaram a ser construídas desde maio, que, segundo o encenador “obteve um grande êxito”. Desde então, o espetáculo recebeu “opiniões muito positivas e um grande apoio para se continuar a desenvolver o projeto e a fazer apresentações”. Contudo, a representação nem sempre usufruiu de total aceitação. O encenador reconhece mesmo que, ao início, houve alguma relutância em Coimbra em relação à mesma. Os primeiros espetáculos, refere, tiveram algumas dificuldades em “arrancar por falta de público”. Não obstante, o restante da temporada, em que a peça foi representada, foi feita com “a casa cheia”. De forma unânime, parece existir uma convergência na necessidade, atualidade e importância desta peça. Como indica João Paulo Janicas, “esta não é uma luta de um só dia, não é um trabalho concluído, é essa a última frase da peça, a ideia de que o trabalho ainda mal começou”.

“WOW, NADA”: ARTE QUE TRAZ UM POUCO DE TUDO Exposição pretende mostrar um olhar crítico sobre a sociedade contemporânea. O público é confrontado com universos divergentes de obras sem uma ordem cronológica - POR NUNO SANTOS -

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omentos de alguma violência que se traduzem em obras que refletem sobre a sociedade contemporânea”. É assim que o curador da exposição “wow, nada”, Miguel von Hafe Peréz, a descreve. A exposição reúne trabalhos de vídeo, desenho, escultura e instalações gerais que dão uma perspetiva sobre a evolução de 16 anos de trabalho do artista Francisco Queirós. “É para todas as pessoas que quiserem ir ver. As portas estão abertas”, afirma o autor. A exposição, que começou a 11 de novembro, estende-se até dia 13 de janeiro no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. “O que de facto interessa é que as pessoas olhem para a arte sem qualquer tipo de preconceito e depois cada um faz o seu juízo, que é a liberdade última do espectador”, esclarece Miguel von Hafe Peréz. Contudo, a exibição pretende suscitar diferentes reações entre vários tipos de público, como refere Francisco Queirós. O artista afirma ainda que, “para algumas pessoas, esta mostra pode ser uma novidade”. Nas palavras do curador da exposição, “é natural que haja uma espécie de empatia inicial para quem esteja muito distante do universo de artes, que se fundamenta num juízo de valores sobre se gosta ou se não gosta”. Miguel von Hafe Peréz evidencia que por vezes são necessários alguns conhecimentos e referências para a compreensão da obra em todo o

seu sentido. No entanto, o curador refere que isso é normal na arte. Artista e curador concordam que a exposição pode ser uma experiência muito positiva para o estudante universitário. “Convoca universos que lhes são muito próximos com a linguagem do desenho que muitas vezes podemos ver na arte urbana”, ilustra Miguel von Hafe Pérez. Apesar das diferentes formas de compreender e ver a arte de Francisco Queirós, ambos são da opinião que todas as interpretações têm valor, em que “a reação inicial de um leigo é tão justa e tão válida quanto a de um erudito”, defende o curador. Francisco Queirós define a sua arte como maneira de ver o mundo e que esta “serve para o crescimento do ser”. Miguel von Hafe Peréz refere também a capacidade do autor de “confrontar as pessoas com universos que não esperariam à partida ser confrontadas, o artista surpreende as pessoas, perturbando”. O curador aconselha um caminho para a melhor compreensão da arte de Francisco Queirós que passa pela expansão do universo de referências do espectador. Miguel von Hafe Peréz considera-o um dos artistas mais importantes do séc. XXI em Portugal. “Qualquer artista quando cria, tem um objetivo fundamental que é partilhar”, afirma, ao desvalorizar a arte com o único propósito de fins comerciais.

CARLOS ALMEIDA


23 DE NOVEMBRO DE 2016 CIÊNCIA E TECNOLOGIA - 11 -

REVERTER DANOS AMBIENTAIS É OBJETIVO PRINCIPAL DA COP22 Educação é a via de combate ao aquecimento global. “Uma estratégia internacional bem montada” deve ser algo a traçar - POR MARIANA BESSA, PEDRO CHAVES E RITA FONSECA -

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heias, ondas de calor, desertificação, aumento do nível do mar. Tudo isso faz questionar se, daqui a uns anos, a humanidade vai estar no meio do deserto à procura de água dentro de um cato, ou no meio do mar à procura de um farol que indique o caminho para terra. Para travar estas catástrofes ambientais estabeleceu-se, na cimeira do clima realizada em Paris, em 2015, que o aumento da temperatura a nível mundial não deve ultrapassar os 2ºC até ao final do século. A Conferência das Partes (COP-22) da Convenção das Nações Unidas para o Clima, realizada entre 7 e 18 de novembro deste ano, em Marraquexe, Marrocos, serviu para “ ratificar o que foi decidido no acordo de Paris”, segundo Irene Martins, investigadora do Centro de Ciências do MAR e Ambiente da Universidade de Coimbra (MARE/UC) e laboratório MAREFOZ. Os países signatários vão ter a cargo a “mobilização de cem mil milhões de dólares por ano até 2020, para ajuda à implementação de medidas ambientais sustentáveis em países em desenvolvimen-

to e a revisão do acordo a cada cinco anos”, como esclarece a investigadora. Estas práticas vão “afetar a economia” das nações aderentes, “uma vez que vão ter de fechar projetos centrais a carvão e tudo o que utilize energias fósseis”, avança. No entanto, o seu incumprimento “vai implicar custos mais elevados”, já que o aumento do nível médio do mar, uma das consequências, “vai afetar os países com uma faixa costeira”. Nuno Ganho, docente de Climatologia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), realça que “o território português tem condições para criar alternativas renováveis”. “A costa portuguesa tem requisitos para a utilização de energia eólica”, além de “uma grande quantidade de sol que pode ser aproveitada”. A esta juntase a “quantidade de oceanos que permite utilizar energia das ondas”, acrescenta. Ao Governo Português vai caber “a efetivação de um percurso de descarbonização total da economia até 2050”. Para isso, “a revisão do Roteiro Na-

JOÃO RUIVO

cional de Baixo Carbono vai ser uma das medidas a concluir até 2018”, esclarece Irene Martins. Irene Martins afirma que, na opinião do primeiro-ministro, António Costa, que esteve presente na COP22, “a implementação do Acordo de Paris deve ser feita de uma forma rápida”. Devido ao resultado das eleições nos Estados Unidos da América, António Gonçalves, investigador no Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) das universidades de Coimbra, Minho e Porto, espera “que toda a engrenagem que envolve a presidência tenha bom senso, porque o desrespeito por estas convenções pode ter consequências catastróficas para a humanidade”. Irene Martins adianta que, “se o acordo não for cumprido a nível mundial, o seu efeito vai ser menor”. Para Nuno Ganho, a única forma de preparar as sociedades para a mudança de mentalidades passa pela educação, que traduz em “tomada de consciência dos problemas”.

DIABETES JÁ NÃO É UMA DOENÇA SÓ DE IDOSOS Estilo de vida moderno adianta doenças metabólicas às camadas jovens da população. Desconhecimento da patologia provoca a sua estigmatização - POR LÚCIA FERNANDES -

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esde 1991 que, por iniciativa da Federação Internacional da Diabetes, instituição associada à Organização Mundial de Saúde, novembro é o mês dedicado a esta epidemia. Antes considerada uma doença da população idosa, as suas vítimas aumentaram entre os jovens “com cerca de 30 anos”, segundo “dados de observatório, que reportam a 2014”, aponta Luísa Barros, endocrinologista e responsável pela consulta de diabetes de transição no Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra (CHUC). Ermelindo Leal, investigador do grupo Obesidade, Diabetes e Complicações do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC), esclarece que os alimentos mais procurados, como os processados e vendidos em cadeias de ‘fast food’, são os mais calóricos e que “o segredo está na moderação” “A diabetes é uma doença crónica que se manifesta por aumento de glicémia, açúcar no sangue”, reitera a endocrinologista, e que se divide em tipo 1 e tipo 2. A primeira, refere o investigador, resulta do efeito autoimune do organismo. “O corpo ataca as próprias células do pâncreas que produzem insulina”. A segunda, também conhecida por resistência à insulina, está relacionada com o estilo de vida. Esta surgia em pessoas entre os 50 e os 60 anos. Tal já não se verifica porque “há uma alimentação incorreta e uma vida muito sedentária”, aponta Luísa Barros. O problema reside no “elevado teor de açúcares e gor-

JOÃO RUIVO

duras” e na “ausência de nutrientes” dos alimentos, explica Ermelindo Leal. Estes tornam-se “viciantes” porque “proporcionam prazer” e há ainda “muito ‘marketing’ que promove o seu consumo”. No entanto, “se consumidos em moderação podem não levar a estes efeitos” que também podem ser combatidos com a “prática de exercício físico”. Por oposição, a endocrinologista refere que “são necessárias muitas horas de atividade física para queimar o excesso, pelo que é essencial ter cuidados diários com a alimentação”. As bebidas alcoólicas são outra “fonte de açúcar”, o que aumenta a propensão para desenvolver diabetes. Esta má alimentação explica-se pelo estilo de vida moderno. Como “as pessoas não têm tempo para cozinhar as refeições”, ou “tomá-las a devidas horas, o metabolismo é alterado e, quando surge oportunidade, ocorre a ingestão de comidas pesadas”, constata o investigador. A carência económica também influencia as más escolhas alimentares pois “muitos dos produtos mais baratos são pobres a nível nutricional e têm mais açúcares”. No entanto, a endocrinologista destaca “a falta de informação e educação da comunidade”, que leva à “estigmatização da doença”. Ermelindo Leal explora esta ideia, ao indicar que “as escolas deviam ter opções mais saudáveis” e a presença de um nutricionista, já que este desconhecimento leva a que “as pessoas se apercebam da doença só quando fazem exames de rotina”.


23 DE NOVEMBRO DE 2016

SOLTAS - 12 -

EM CONT(R)OS ELEIÇÕES EM PASÁRGADA - POR SECÇÃO DE ESCRITA E LEITURA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA -

FOTOGRAFIA POR PAULO ABRANTES - SECÇÃO DE FOTOGRAFIA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA

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asárgada era uma terra distante, lambida por uma calda frouxa de rio, vegetada por três queixosas tamareiras, para além de um sumptuoso palácio administrativo, o Quartel, cuja função exclusiva era organizar a vida das pessoas de areia, os areínos, ou seja, a população de Pasárgada. Basicamente, o Quartel delegava os responsáveis pela captação da água do rio (aquedutos e arquitecturas similares) e também os mais bem afortunados colhedores de tâmaras, uma vez ao ano, conforme as leis do Inverno. No entanto, Pasárgada era uma democracia e a cada palmo de anos havia eleições para o Quartel. Nessa altura, os grandes areínos dividiam-se em duas frentes: os captadores de água e os colhedores de tâmaras, espelhando assim toda a estrutura sentimental e ideológica da cidade. Os captadores, também mal conhecidos como náufragos, reiteravam em toda eleição o nobilíssimo papel da água, o esmeraldo líqui-

do, o espelho radioso do céu, para, no fim, reivindicarem maior rentabilidade do seu processo distributivo, optimizando a burocracia e, eventualmente, aumentando os impostos. Já os colhedores, que precisavam da água para a sua tarefa, lutavam pelo fim dos impostos sobre ela e culpavam o próprio Quartel como instituição responsável pela sucessiva austeridade. Sobretudo, concentravam na palavra tâmara uma alegoria profundíssima de esperança, falavam da grande colheita como quem fala de um cristo renascido. Eleição vai e vem, e as figuras eram sempre as mesmas. O tecnicista dos náufragos e o discurso da dinamização financeira: “Poderíamos economizar papel diminuindo pra nove a fonte dos pergaminhos oficiais.”, “Pra quê três tamareiras numa cidade tão pequena?”. Dessa forma, eram vistos como raposas eficientes. Mas não tão melhor era a figura dos colhedores: “Chega de lobby dos náufragos nas me-

sas do Quartel!”, “A tâmara é o que nos aproxima como seres humanos.”, e o clichezão, “Os náufragos afundam essa cidade!”. Contudo, passavam o ano a pressionar o Quartel na expansão dos campos férteis nos leitos do rio, ampliando assim a frota das tamareiras e o seu lucro, sempre revertido aos menores areínos. Pasárgada sempre foi assim, desde o tempo do primeiro hercúleo grito. Porém, os tais areínos menores, tímidos e de áridos soldos, vêm participando menos nas grandes discussões políticas. A abstenção chegou a um ponto tão grave que obrigou captadores e colhedores a desbrutalizarem os seus discursos. Consequentemente, nasceu uma exímia escola retórica de grandes areínos responsável por dizer tudo aquilo que ao mesmo tempo esconde, ou seja, que tanto a água quanto as tâmaras já têm donos. Pasárgada, terra distante, lambida por uma calda frouxa de rio, vegetada por três queixosas tamareiras.


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FACEJAQUIM DA AAC - POR JGS -

??? partilhou o post de Académica de Futuro que partilhou o post de Tu és Académica que partilhou o post de Liga-te Mais que partilhou o post de Actua! que partilhou o post de Atreve-te Mais! ??? Caras e caros colegas, Quero agradecer a vossa confiança. Foi uma luta longa e bem disputada que nos fez crescer. O voto de cada um de vós deixa-nos com a enorme responsabilidade de tomar conta da mais antiga, eclética e prestigiada Associação Académica do país. A nossa Académica! Agradecimento feito, dizemo-vos desde já que as prioridades estão bem definidas. Cedo ficou claro que os pontos centrais deste mandato serão a política educativa, a reorganização administrativa, a ligação ao mercado de trabalho e a aproximação aos estudantes. Devemos orgulhar-nos do passado mas construir para o futuro. Procurar uma casa dos estudantes e para os estudantes, que defenda as suas secções, os seus núcleos e a sua identidade. Que lute contra as injustiças, que se manifeste pelos seus direitos. O nosso sonho é saber que é possível fazer tudo isto num projeto de união que marque a diferença, e com um único objetivo: A Académica. Assumimos hoje os nossos princípios e compromissos para com a Academia. Viva a Associação Académica de Coimbra!

OBITUÁRIO - POR CABRA COVEIRA -

PROPOSTAS, PROJETOS, MOÇÕES?

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pluralidade de ideias parece ter-se esvaído com as candidaturas. Será que o caminho até à Secretaria da Associação Académica de Coimbra (AAC) é feito de quaisquer seres sugadores de ideias, ou ‘robots’ impositores do mesmo sentido crítico (ou falta dele)? Cá estaremos para saber qual das listas é a verdadeira alternativa, quando os universos alternativos se juntarem e formarem toda uma Nova Via Láctea no Mundo das Eleições da AAC. Porém… Até Quando existirão Causas?

WHO YOU GONNA CALL?

E

ste ano as paredes da AAC choram. Vertem lágrimas de tristeza pela falta de candidatos surpresa, de última hora, ao Conselho Fiscal. Que dizes tu, parede? 2016 não é ano de listas fantasma? Não há candidatos à maneira para retirar votos às listas alternativas? Foi para isto que se escolheu o método de Hondt? Talvez o ‘remake’ de Ghostbusters tenha sido tão bom que este ano ninguém tenha querido arriscar e dar o corpo ao manifesto. Não fosse para aí aparecer uma malta de aspiradores na mão.


23 DE NOVEMBRO DE 2016 ARTES FEITAS - 14 -

CINEMA

De um mel bem amargo - POR VASCO SAMPAIO –

AmericanHoney De

Andrea Arnold

Com

Sasha Lane, Shia Labeouf, Riley Keough

2016

A

merican Honey é a vida de um grupo de jovens estridentes que viajam pelo Centro-Oeste dos Estados Unidos da América, e que vendem revistas de porta em porta para financiar a próxima viagem de um círculo vicioso. Todos vêm de diferentes cidades e estados americanos. O que os une? As músicas de Rihanna, Rae Sremmurd e Carnage cantadas em uníssono; o álcool e as drogas; o trabalho em que a mentira e a manipulação são essenciais para fazer uns trocos; a carrinha onde viajam: onde as falas são poucas e curtas, mas o que se diz é muito mais através das expressões faciais e dos pormenores habilmente captados pela câmara. No fundo, o que junta estes jovens é o sentimento de pertença a lugar nenhum. E a viagem, que pode de início parecer a de mais um “Spring Breakers”

Embarcação do Inferno 10 de novembro a 4 de dezembro 2016 quinta a sábado, 21h30 às 16h00

Em

Teatro da Cerca de São Bernardo

Í

talo Calvino em seu “Por que ler os Clássicos” já nos ofereceu uma resposta que de tão simples chega a dar raiva: É melhor que não ler. É lendo e conhecendo os clássicos de nossa e de outras culturas que encontramos muitas das repostas para aquilo que somos hoje. Entendo a importância da leitura mas acredito que poder ver uma obra interpretada por atores num teatro oferece novas perspectivas e possibilidade de reflexão, além de imagens que marcam a memória de maneira permanente. É um privilégio, e não desfrutar deste privilégio é um desperdício. Neste exato momento os habitantes de Coimbra tem essa oportunidade e não deveriam perde-la. Embarcação do Inferno, de Gil Vicente, está em cartaz no Teatro da Cerca de São Bernardo até dia 4 de dezembro numa montagem impecável da

ou “Project X”, revela-se como uma reinvenção do sonho americano, adaptado a uma juventude esquecida e sem futuro à vista. É nesse mundo que mergulha Star (Sasha Lane), a protagonista, que nos conduz ao longo desta experiência de uma América profunda. É com Star que enfrentamos as mais medonhas clivagens sociais, quando os jovens viajam de um bairro de belas casas apalaçadas para um outro infestado de metanfetaminas e casas em ruínas. É ao lado dela que observamos o amor à primeira vista com Jake (Shia LaBeouf), e um outro ideal – o do príncipe encantado – confrontado com o ciúme e a intriga. É através dela que compreendemos que a vida destes jovens é, no fundo, o que resta de um sonho derrubado pela dura realidade dos nossos dias.

Um (belo) encontro com o Diabo

E é entre o bucolismo de lindíssimas paisagens americanas regadas a vodka e a tresandar a tabaco que Andrea Arnold, realizadora, desvenda esta América das desigualdades e disparidades, num filme impressivamente reflexivo que não evita os clichés, antes os agarra pelos cornos para lhes trocar as voltas, quase sempre com sucesso. Dar a descobrir este canto raramente revelado pelo cinema americano já valeu a Arnold o Prémio do Júri em Cannes, 2016. Mas a experiência que aqui nos deixa – e o que dela retiramos - vale bem mais que isso.

A Cabra aconselha

EM PALCO

- POR FÁBIO LUCINDO -

Escola da Noite em parceria com o Cendrev. Além de todas as questões apontadas no primeiro parágrafo deste texto o facto de uma obra de tal magnitude e valor histórico estar a ser revista por tais profissionais da o que pensar. Pensar que em sua primeira montagem há exatos 500 anos, tais tipos sociais que são retratados no texto ainda nos são tão familiares e presentes é um exercício, no mínimo, interessante. Pensar que é o desempenho dessas pessoas dentro de seus contratos sociais o que realmente importa - independentemente da estratificação estamental - nos faz refletir sobre nós mesmos no nosso dia a dia. Pensar que mesmo sendo um texto que já foi exaustivamente trabalhado no teatro, essa montagem dirigida por António Augusto Barros e José Russo oferece um potencial de interpretação e particularidades nos âmbitos estético e visual que valem a visita. Belos adereços e enormes bonecos artesanais compõe um cenário que abusa de linhas verticais com escadas e uma cortina de cordas que se abre apenas após o início do espetáculo. Os

atores desenvolvem suas ações com precisão emotiva e física visto que não podem cair nos dois grandes buracos permanentemente abertos no palco. Cito alguns: Igor Lebreaud impressiona pela versatilidade, Miguel Magalhães tem uma capacidade muito particular de hipnotizar a plateia com seus trejeitos e Maria João Robalo criou um parvo tão ousado quanto divertido. Ainda temos José Russo encarnando um diabo que...bom...este você terá que ver com seus próprios olhos pois mesmo que diabo e anjo hoje em dia sejam figuras mais antológicas e metafisicas que qualquer outra coisa, José Russo e Rosário Gonzaga vão provar o contrário. Eles estão entre nós.

A Cabra aconselha


23 DE NOVEMBRO DE 2016 ARTES FEITAS - 15 -

MÚSICA

GUERRA DAS CABRAS A evitar

Buarque em timbres de Zambujo

Fraco Podia ser pior Podia ser melhor

- POR FILIPE FURTADO -

A Cabra aconselha A Cabra d’Ouro

H

á canções que se assobiam, se batucam, se entoam como se estivessem dentro de nós desde sempre. Chico Buarque é uma das maiores referências da música brasileira, um mundo de melodias sentidas em português. “Até Pensei que fosse minha” é o oitavo disco de António Zambujo a trilhar pelo repertório de Francisco Buarque de Hollanda. A caminhada longa de Zambujo há muito abandonara o fado, ou pelo menos nesse registo mais conservador, com limites e barreiras bem definidas. Entregou-se à lusofonia, nesse gingado entre música tradicional portuguesa, o Brasil das bossas e batuques, o tempero do jazz e o ornamento do fado. Entre as 16 faixas que dão corpo a “Até Pensei Que Fosse Minha” encontramos temas como “Geni e o Zepelim”, “Morena dos Olhos D’água” ou “Tanto Mar” essa celebração da revolução dos cravos. Carminho marca presença em “O Meu Amor”, Roberta Sá canta “Sem Fantasia” e Chico dá um ar da sua graça em “Joana Francesa”. Foi também o próprio Chico Buarque que auxiliou na seleção de temas para o disco. Cantar temas de Buarque, já dezenas de vezes reinterpretado, não será trabalho fácil. Aliás, se ouvirmos outras roupagens executadas e pensadas por ou-

Até Pensei que fosse Minha De

António Zambujo

Editora Universal

2016

tros músicos em território português, encontraremos exemplos que elevam em muito a fasquia. As versões de Zambujo não desiludem, trazem arranjos bem polidos, menos densidade melódica. Para a sonoridade do músico de Beja contribuem um rol de experientes músicos: Ricardo Cruz (contrabaixo), Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Marcello Gonçalves (violão sete cordas), Sérgio Valdeos e Zé Paulo Becker (guitarra), João Moreira (Trompete), entre outros. Nessa beleza de cantar com o sotaque de Portugal as canções ganham pela textura, pelo contraste ao tom aberto e alegre do Brasil: são agora outras cores. Basta escutarmos os duetos com Chico ou Roberta Sá para sentirmos esses dois lados da mesma moeda. Ganha honestidade e coerência, soa a António Zambujo. As canções do disco valem por si, mas agora até parecem que são mais nossas que antes, mais deste lado do atlântico que do outro.

Podia ser melhor

LIVRO A virtualidade de um ser vivo - POR PAULO SÉRGIO SANTOS-

D

ecorre o ano de 1968. Philip K. Dick (PKD) publica aquela que viria a ser uma das suas obras de referência, “Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”. O autor morreria alguns anos depois, em 1982, deixando um legado com mais de 120 contos e 40 romances, entre os quais se contam “O Homem do Castelo Alto” e “Os Três Estigmas de Palmer Eldritch”. O livro de PKD, reeditado este ano pela Relógio D’Água, é em si mesmo uma dicotomia entre vários temas recorrentes na obra do escritor. Rick Deckard, a personagem principal, é um caçador de androides que trabalha para o Departamento de Polícia de San Francisco. Habita um mundo futurista e distópico, onde a esmagadora maioria dos habitantes da Terra emigrou para Marte, em consequência de uma guerra mundial que deixou o planeta coberto por nuvens de poeira radioativa. A história começa com Deckard a ter de caçar seis androides de última geração Nexus-6, cuja existência se assemelha à humana e que leva o próprio Deckard a interrogar-se sobre a forma como olha para as máquinas. Essa missão traça o tom do resto do livro, uma interrogação sobre o que é

a humanidade e os valores pelos quais ela se rege. O início é lento e superficial, superficialidade essa que continua ao longo das páginas, num colocar de partes com pouca contextualização, que não chegam para formar o todo. PKD joga também com as aparências entre ricos e pobres, inteligentes e idiotas, na forma dos animais, elementos quase extintos no mundo – uma alegoria para um confronto entre inteligência e consciência, e a forma como sentir, e raciocinar através dessa forma, é independente de tal choque. “Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?” é um bom livro, talvez na senda dos melhores da ficção científica. Encerra no seu título uma contradição, erros cada vez mais típicos nas traduções portuguesas: a ovelha é, na realidade, um carneiro. Na engrenagem oleada que é a trama principal, o fim é uma pedra demasiado grande que a prende.

Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? De

Philip K. Dick

Editora

Relógio D’Água

2016 Podia ser melhor


Mais informação disponível em

EDITORIAL - POR INÊS DUARTE -

A abstenção não é só nos votos

U

m ano após as últimas eleições, em que se previa a existência de somente uma lista, onde a segunda se inscreveu no último dia, voltamos ao mesmo. Se há dois anos a quantidade e variedade de candidatos para os órgãos gerentes da Associação Académica de Coimbra (AAC) era alguma, desde 2015 para cá que essa panóplia não se verifica. Este ano temos, novamente, somente duas listas. Dois candidatos para a presidência da Direção-Geral da AAC que, surpreenda-se, até têm bastantes bandeiras e objetivos em comum. No entanto, prendemse sempre com as mesmas linhas de orientação: mais financiamento, mais bolsas, fim das propinas. Este ano adiciona-se o elemento do Regime Fundacional, em que ambos os candidatos se posicionam contra, divergindo na forma de luta contra ele. A Lista A prefere reivindicar e tomar posições já, ao mesmo tempo que informa, enquanto a Lista C dá prioridade à moção decidida em Assembleia Magna, informar primeiro e só depois, em fevereiro, tomar posições reivindicativas. Porém, nas restantes bandeiras, as posições são semelhantes, com mais ou menos fervor na discussão. Com mais ou menos linhas definidas e propostas concretas. Ambos os projetos se propõem a lutar por um maior interesse dos estudantes, mobilizá-los e consciencializa-los para a vida interna à Academia, para os ajudar a resolver os seus problemas. Impõese, então, uma pergunta: onde anda a pluralidade de ideias e a participação dos estudantes na vida política, que decide a sua vida académica? A abstenção nas votações do ano anteriores passou para possíveis candidatos e já ninguém está interessado em concorrer? As vagas continuam as mesmas, os estudantes é que parece que não.

Se há dois anos a quantidade e variedade de candidatos para os órgãos gerentes da Associação Académica de Coimbra (AAC) era alguma, desde 2015 para cá que essa panóplia não se verifica”

Ficha Técnica

Diretora Inês Duarte

Paginação João Ruivo

Jornal Universitário de Coimbra – A CABRA Depósito Legal nº183245702 Registo ICS nº116759 Propriedade Associação Académica de Coimbra

Editora Executiva Carolina Farinha

Ilustração João Ruivo

Equipa Editorial Carolina Farinha (Ensino Superior), Carlos Almeida (Cultura), João Pimentel (Desporto), Mariana Bessa e Rita Fonseca (Ciência & Tecnologia), João Ruivo (Fotografia)

Impressão FIG – Indústrias Gráficas, S.A. Telf. 239499922, Fax: 239499981, e-mail: fig@fig.pt

Fotografia Carlos Almeida, Inês Duarte, João Ruivo Colaborou nesta edição Pedro Chaves, Lúcia Fernandes, Hugo Mateus, Simão Mota, Nuno Santos Colaboradores Permanentes Filipe Furtado, Vasco Sampaio, Paulo Sérgio Santos JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA

Produção Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra Agradecimentos Reitoria da Universidade de Coimbra Tiragem 2000 exemplares


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