Edição 270 Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra

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18 DE MARÇO DE 2015 • ANO XXIV • N.º 270 • GRATUITO DIREÇÃO RAFAELA CARVALHO E PAULO SÉRGIO SANTOS

acabra

‘SERINUS SERINUS’ ETOLOGIA Fêmeas de Milheirinha escolhem o parceiro mais colorido. A cor é sinal de saúde

JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA

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Centro de Congressos inacabado vai ter verba cultural para 2015 O fim da empreitada no Convento de São Francisco foi agora adjudicado e irá custar mais 9 milhões de euros, para além dos 500 mil destinados em Setembro de 2014 a reparação de anomalias. O edíficio não está perto de concluído, mas a vereadora Carina Gomes anuncia que o orçamento cultural de 2015 já contempla atividades no edíficio. Carina Gomes não adianta eventos nem quantias, nem alternativas para a aplicação do dinheiro caso a obra voltem a atrasar PÁG. 11

ENCONTRO NACIONAL DE DIRECÇÕES ASSOCIATIVAS

FINANCIAMENTO

TROPICANA

JOSÉ VITERBO

Dirigentes nacionais reuniram para discutir Onde a UC vai possíveis alterações ao regulamento de bolsas buscar dinheiro

Primavera e arte contemporânea

A mística de volta ao Estádio do Calhabé

Bragança foi cidade eleita para receber Encontro Nacional de Direcções Associativas (ENDA). Durante um fim de semana completo, o movimento associativo juntou-se, neste que é um dos maiores momentos de representação estudantil em Portugal. Serviram de mote para o debate as principais questões que preocupam os estudantes do Ensino Superior. Numa altura em que já se definiu a comissão de revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas, os dirigentes nacionais focaram o debate nas questões de Ação Social Escolar. No encontro

estiveram presentes Daniel Freitas da Federação Académica do Porto (FAP) e Daniel Monteiro da Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), ambos membros da comissão de revisão. Os dois saem da discussão com um dossier de propostas aprovado a nível nacional e que defende os interesses dos estudantes. Na cidade de Coimbra, com propósitos semelhantes, teve lugar a Conferência Nacional do Ensino Superior, organizado pela Juventude Comunista Portuguesa.

Em tempo de vacas magras, que é como quem diz cortes orçamentais por parte de quem governa Portugal, o Ensino Superior vê-se a braços com a tarefa de manter a qualidade e o nível de outrora. A Universidade de Coimbra não é exceção e os sucessivos cortes, que totalizam aproxidamente 15 por cento desde 2010, são contrabalançados por uma ginástica financeira por parte da reitoria, com recurso a fundos comunitários europeus e as propinas dos estudantes internacionais.

Três artistas brasileiras organizam, dia 22 de março, uma mostra de arte contemporânea que procura desafiar outros artistas a realizarem trabalhos fora da sua área. Uma casa de portas vermelhas, na Alta de Coimbra, será o local onde, durante menos de 24 horas, diferentes conceções artísticas se vão ligar à primavera e a Coimbra. O objetivo é juntar público com sensibilidades diversas na Ocupação Tropicana, nome que pretende fundir as palavras tropical e tricana.

Aos 52 anos, José Viterbo ocupa a sua cadeira de sonho. Em Coimbra, o reinado do antigo treinador dos sub-23 estudantis mostra três vitórias e um empate, que se juntam a outros três empates ainda da era Paulo Sérgio, o que faz com que a Briosa esteja invicta há sete partidas. O atual 13º lugar equivale a 25 pontos, quatro a menos da meta matemática da permanência. Os que torcem pela Académica esperam isso e que Viterbo continue a apostar, como é seu apanágio, nos jogadores nacionais.

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DESTAQUE

ENDA

Dirigentes discutem propostas a apresentar à comissão de revisão do regulamento de bolsas Membros da Comissão de Revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior foram chave nas diferentes discussões do quadro da ação social discutidas no Encontro Nacional de Direcções Associativas (ENDA). O Presidente da Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra Bruno Matias conseguiu também fazer valer algumas das suas propostas apresentadas ao movimento associativo. Por Sandro Raimundo

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Encontro Nacional de Direcções Associativas (ENDA), ocorrido no fim de semana de 14 e 15 de março, surge numa altura de grandes movimentações políticas. Com os já conhecidos, e presentes, representantes dos estudantes na Comissão de Revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior (RABEEES), o pelouro da ação social foi um dos mais destacados. O presidente da Federação Académica do Porto (FAP) e membro da comissão de revisão do RABEEES, Daniel Freitas, explica algumas das medidas que considerou mais importantes, tais como a contabilização dos rendimentos deixar de ser considerado rendimentos brutos e passar a ser contabilizados como líquidos. Esta posição é partilhada com o colega da comissão de revisão, o pre-

sidente da Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), Daniel Monteiro. O dirigente considera que a questão que lhe parece fundamental é a necessidade de existência “de um ano de carência” para quando um ano letivo não corre

Daniel Monteiro, da FNAEESP lembra a necessidade de existência de um ano de carência bem a um aluno, isso “faça com que este fique de fora da ação social”. Ambos os membros da comissão declararam vir a trabalhar “no sentido de reunir com os representantes das várias entidades e apresentar algumas das preocupações dos es-

tudantes”. A Comissão de Revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior (RABEEES) tem uma constituição formada pelo atual Assessor do Secretário de Estado do Ensino Superior e antigo dirigente da FAP, Ricardo Morgado; um representante do CRUP, a reitora da Universidade de Évora, Ana Costa Freitas; o representante do CCISP, Fernando Sebastião; o diretor da Direção Geral de Ensino Superior (DGES), João Queiró. Até à hora do fecho não nos foi possível apurar o nome do representante da Associação Portuguesa de Ensino Superior Privado (APESP). O objetivo do conjunto deste grupo é rever o RABEEES e produzir resultados no prazo de dois meses para lançar o novo regulamento de forma a entrar em vigor no mês de maio.

Associação Académica deixa marca no ENDA O presidente da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), Bruno Matias, apresentou, entre outras, uma proposta sobre o aproveitamento escolar mínimo para a atribuição de bolsa

Daniel Freitas, da FAP e Daniel Monteiro, da FNAEESP, integram a comissão de revisão do regulamento deixar de ser 60 e passar a ser de 50 por cento. “O que ficou aprovado em ENDA para propor ao governo é que o estudante terá de, pelo menos, fazer 30 ECT’s, independentemente do número de unidades curriculares inscrito”, explica o presidente

da DG. Esta proposta de Bruno Matias, das condições de acesso à bolsa, foi um dos pontos que ambos os membros da comissão de revisão do RABEEES destacaram como proposta importante a levar à discussão na defesa dos interesses dos estudantes. Por outro lado, uma moção que, segundo Bruno Matias, “infelizmente não foi aprovada” foi a questão de uniformização dos valores da ação social indireta. “O movimento associativo acha que tem de continuar a existir balizas e um teto máximo”, afirma. No entanto, Bruno Matias promete defender esta proposta e diz que “a AAC manteve e manterá as suas posições independentemente daquilo que o ENDA descida ou não”

Diferentes políticas abordadas em ENDA

Outra das questões levantadas du-

FÓRUM AAC 2015 - LINHAS ORIENTADORES Nos dias 28 de fevereiro e 1 março realizou-se o Fórum AAC 2015. Este evento contou com a presença da direcção-geral (DG) e os representantes dos núcleos da Associação Académica de Coimbra (AAC). Os dirigentes, reunidos na Pampilhosa da Serra, concertaram um conjunto de mais de 150 propostas que prometem reformar o Ensino Superior (ES) e que podem ser divididas em seis grupos orientadores: a organização do sistema de Ensino Superior (ES), a gestão das Instituições de ES (IES), o financiamento das IES, a Ação Social Escolar (ASE), a qualidade e avaliação e, por fim, a internacionalização. Estas linhas orientadoras foram levadas a votação na Assembleia Magna (AM), no passado dia 9 de março, tendo sido aprovadas por larga maioria. O próximo passo, declarado pelo presidente da DG/AAC Bruno Matias é a criação de um livro que compile a totalidade das propostas a ser entregue a diversas estruturas ligadas ao Ensino Superior e as principais intervenientes políticos das próximas eleições legislativas. O objetivo é ajudar a definir o futuro do ensino universitário. No documento da moção distribuído em magna lia-se algumas propostas gerais, consideradas pela DG/AAC como as mais prementes a reivindicar. No que toca à organização do ES, os estudantes pedem igualdade entre Politécnicos e Universidades em matéria de acesso. Já na área do financiamento pede-se a definição de uma fórmula que atribua verbas suficientes para garantir o funcionamento normal das IES. No campo da Gestão das IES, a AAC propõe que a nomeação do reitor, que atualmente é feita pelo Conselho Geral, passe a ser feita por uma Assembleia Eleitoral, constituída por três corpos universitários. No âmbito da ASE reivindica-se uma uniformização a nível nacional dos preços da ação social indireta. Quanto ao grupo da Qualidade e Avaliação, lê-se uma proposta de apelo à garantia de atribuição do Suplemento ao Diploma até ao momento em que o estudante finalize o seu ciclo de estudos, de forma a que possa ter a sua formação extracurricular valorizada. A Internacionalização, por fim, tem uma proposta de eliminação da propina dos estudantes internacionais, que passou a ter um custo de sete mil euros, admitindo que o ES tem de ser gratuito e de qualidade, sem olhar à sua condição social e, principalmente, ao seu país de origem.


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DESTAQUE rante a reunião prende-se com o limiar da elegibilidade, tendo os estudantes discutido o seu aumento de 14 para 16 vezes os indexantes sociais. Foram ainda debatidas, durante o fim de semana de ENDA, outras políticas nomeadamente o abandono escolar, em que ficaram acordadas algumas moções que, segundo o presidente da FAP, serão posteriormente apresentadas à comunicação social. Também levado a discussão foi o novo modelo de financiamento apresentado pela Secretaria de Estado do Ensino Superior ao Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e ao Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP). Sobre as linhas de ação estratégica para o ES, foram apresentadas propostas

Abandono escolar, financiamento das instituições e condições de acesso ao ES foram alguns temas discutidos de revisão à regulamentação de diversos programas, nomeadamente o Retomar e o +Superior. O presidente da DG/AAC finalizou ao vincar a sua vontade de trabalhar “em conjunto na revisão de atribuição de bolsas” e prometeu apresentar “um conjunto de propostas e alterações”. Porém, Bruno Matias, não esqueceu algo que tem vindo a defender e apresentou uma moção relativa ao abandono escolar. Os dirigentes associativos tiveram ainda tempo para discutir as condições de acesso ao ES. O presidente da FNAEESP disse “repudiar toda e qualquer hierarquização do ES” e referiu que não se revia “nesse tipo de propostas. Daniel Freitas prometeu reunir“esta semana com a Comissão de Educação, Ciência e

Em Coimbra teve lugar a 15ª Conferência Nacional do Ensino Superior organizada pela JCP Cultura da Assembleia da República para partilhar este testemunho de tal oposição à proposta avançada pelo Conselho Coordenador”.

Coimbra focada nas políticas educativas

Em simultâneo com o ENDA, acontecia em Coimbra, no dia 14 de março, a 15ª Conferência Nacional do Ensino Superior (CNES), convocada pela Juventude Comunista Portuguesa (JCP). O mote era a discussão pelos direitos a uma educação pública e gratuita. Presente na CNES, esteve Carolina Rocha, militante da JCP, que explicou em grosso modo os diferentes pontos debatidos na conferência. A estudante destaca principalmente as questões “do ES no geral e a maneira como os estudantes sentem os ataques feitos à educação por parte do governo”.

SANDRO RAIMUNDO

Movimento estudantil comemora 24 de Março Pedro Barreiro Rafaela Carvalho Após a Assembleia Magna (AM) do passado dia 9 de março, a Associação Académica de Coimbra (AAC) prepara o dia do estudante que se comemora a 24 de março. A moção para as ações reivindicativas foi aprovada por maioria e contempla um convite ao governo para passar o dia na Universidade de Coimbra “assistindo a aulas, comendo nas cantinas e vivenciando o funcionamento dos serviços académicos”. O Presidente da Direção-Geral da AAC Bruno Matias garante que já foram enviados alguns convites, mas até ao momento ainda não é possível saber quem aceitará a proposta. “Queremos guardar alguma reserva em relação a essa matéria”, sublinha. Ainda assim, mesmo que nenhum representante governamental aceite, a AAC defeniu ainda uma ação de protesto que terá início no Polo I seguindo em arruada até ao edifício da associação académica que será tapado com panos negros e envolto numa corrente humana, com estudantes de pulsos atados com cordas. Sob o mote “No Ensino Superior de pés e mãos atados”, os estudantes pretendem chamar a atenção para problemas a nível do financiamento das Instituições de Ensino Superior (IES), da ação social escolar, da pedagogia e do abandono escolar. Carolina Rocha, a estudante que apresentou em AM a adenda à moção para que o protesto fosse feito em formato de arruada, esteve ainda presente no passado dia 14 na Conferência Nacional do Ensino Superior da Juventude Comunista Portuguesa e explica que o Dia do Estudante deste ano é o momento em que os alunos do ES “exigem a demissão deste governo e das suas políticas”. Também em sede de ENDA, de acordo com Daniel Freitas, presidente da FAP, este ano o Dia do Estudante fica marcado por “um período mais longo de ações locais de contacto com os estudantes transmitindo aquelas que são as preocupações do movimento associativo e conferências com entidades de relevo para discutir temáticas do Ensino Superior”. “Tudo culminará em Coimbra, no dia em que se comemora o aniversário da Crise Académica de 69”, remata. Daniel Monteiro, presidente da FNAEESP, explica mais pormenorizadamente os planos para as comemorações das duas datas: “vão ser realizadas ações locais nas associações académicas com a escrita de um caderno com as diversas preocupações que afetam os estudantes do ES. No final, esse documento “será apresentado à secretaria de Estado”, remata.


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ENSINO SUPERIOR REVISÃO DOS ESTATUTOS DA ORDEM DOS ADVOGADOS

Proposta de exigência de mestrado para exercer advocacia indigna alunos RAFAELA CARVALHO

A última etapa para discutir as propostas de alterações nos Estatutos da OA ficou marcada pela ausência das exigências reclamadas por parte da Ordem e do movimento de estudantes de Direito Pedro Barreiro Luís Saraiva Sandro Raimundo O Conselho de Ministros aprovou, no passado dia 12 de março, as propostas de alteração dos Estatutos da Ordem dos Advogados (OA) apresentadas, em janeiro, pela Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz. O documento final não contempla as sugestões apresentadas, nem pela OA, nem pelo movimento estudantil de Direito. O coordenador nacional do Conselho Nacional de Estudantes de Direito (CNED), Carlos Cunha Coutinho, diz que a proposta apresentada pelo governo que, entre outras medidas, exige o grau de mestre para a admissão no estágio da Ordem dos Advogados, é “completamente injustificada e desnecessária”. Esta visão é partilhada pelo presidente do Núcleo de Estudantes de Direito da Associação Académica de Coimbra (NED/AAC) Alexandre Amado que aponta “não se tratar mais do que uma tentativa de levantar barreiras à profissão”. Por outro lado, o Ministério da Justiça justifica que esta proposta “não é inédita no ordenamento jurídico” e pretende aproximar as condições

OS REPRESENTANTES DOS ESTUDANTES DE DIREITO VÃO TENTAR AGORA CONVENCER OS GRUPOS PARLAMENTARES DA PREMÊNCIA DAS SUAS EXIGÊNCIAS de acesso, à semelhança do que é exigido atualmente no concurso de admissão ao Centro de Estudos Judiciários (CEJ).

Estudantes de Direito contestam medidas

O CNED não desiste de tentar abolir esta proposta que diz ir “contra os princípios constitucionais”, explica Carlos Cunha Coutinho. O coordenador nacional promete “procurar convencer os grupos parlamentares da bondade e da justiça” das proposta sapresentadas pelo CNED e espera assim conseguir convencer a sua posição “no momento da votação“ em Assembleia da República (AR). Outra das propostas afetas aos estudantes do Ensino Superior é a alteração da duração do estágio da OA que,

se aprovado, será reduzido para 18 meses e com um exame de avaliação no final, ao contrário dos atuais 24 meses e com provas intermédias. Esta proposta teve um parecer positivo por parte dos estudantes de Direito que se mostraram a favor, como explica o coordenador nacional do CNED. Ainda assim, Alexandre Amado insiste que “o estudante precisa de oito anos até exercer a profissão”, criticando assim o facto de, apesar da redução de seis meses de estágio, a exigência do mestrado continua a ser o maior problema. António Marinho e Pinto, ex-Bastonário da Ordem dos Advogados, vem em defesa das propostas que exigem o mestrado à data da inscrição nos estágios da Ordem, ao justificar que são “medidas que visam aumentar a qua-

lidade da justiça”, pois as licenciaturas não conferem “os conhecimentos adequados para exercer a profissão”. “Não pode haver nos tribunais diferenças de grau académico porque estão no mesmo plano de dignidade”, reforça. Neste aspeto, o presidente do NED/ AAC diz que a avaliação de competências “é da responsabilidade da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) e não cabe a mais ninguém fazê-lo”. Marinho e Pinto acrescenta ainda que, no seu tempo, chegou a apresentar medidas semelhantes mas que a “Ministra da Justiça cometeu uma fraude gigante” e nunca chegou a apresentar as suas propostas em AR para serem levadas à discussão. Os estudantes de Direito sustentam a esperança de chumbo das propostas

em AR em consequência da exigência do grau académico, mas para Marinho e Pinto essa é das poucas medidas que está correta e considera que grande parte das restantes “são uma aberração que vai ser chumbada na AR”. “A maioria dos deputados tem um sentido de dignidade política muito superior ao da Ministra da Justiça”, acredita Marinho e Pinto. Com algumas medidas “o governo quer governamentalizar a OA e controlá-la”, aponta o ex-Bastonário, mas a Ordem não aceita pois “não é governamentalizável, muito menos controlável por qualquer poder, sobretudo o político”, finaliza. O Jornal A Cabra tentou, sem sucesso, até ao fecho desta edição recolher o parecer da atual Bastonária da OA Elina Fraga.

República da Praça promete avançar com recurso Senhorio da República da Praça avançou com mais um pedido de despejo, desta vez aceite pelo Tribunal de Coimbra. Moradores prometem não baixar braços Sandro Raimundo O constante pedido de ação de despejo, proposto pelo senhorio do imóvel da República da Praça, teve finalmente luz verde no passado 25 de fevereiro. O Tribunal de Coimbra emitiu um documento onde decretou ordem de despejo dos inquilinos da propriedade e o pagamento de 6960

euros - valor referente à acumulação do pagamento apenas parcial da renda. Deste total serão deduzidos os valores mensais de 5,99 euros, correspondente à renda antiga que têm vindo sempre a pagar e também 4336 euros “a título de compensação por benfeitorias” realizadas na república pelos próprios inquilinos, explica o documento emitido pelo Tribunal. A sentença dá razão ao senhorio do edifício visto afirmar não existir “qualquer fundamento para recusar o aumento da renda, que foi justamente atualizada, respeitando o critério aplicável fixado na lei“. Os repúblicos recusaram-se a respeitar a atualização, pois consideraram-na, na altura, junho de 2013, exagerada (5,99 euros para 534,94 euros por mês). Ainda assim, os repúblicos prometem “recorrer a todas as instâncias

possíveis”, afirma um dos moradores, Gonçalo Quitério, que diz sentir-se “confiante”. “O nosso problema nunca foi o pagamento das rendas”, começa por explicar o repúblico, mas sim o novo contrato que, se assinado, “não irá ser renovado” pelo senhorio, o que obriga depois ao abandono da habitação. O morador diz que estão “dispostos a pagar qualquer tipo de valor”, proposta que o senhorio tem vindo a recusar. “Desde que herdou o imóvel em 1990” que o arrendatário desenvolveu “um ódio de estimação com a República da Praça”, afirma Gonçalo Quitério. A possibilidade de venda do imóvel aos moradores também chegou a ser rejeitada e, segundo o repúblico, o senhorio chegou a dizer preferir “oferecer o prédio do que vendê-lo à república”.

PAULO SÉRGIO SANTOS


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ENSINO SUPERIOR

Fontes de receita externa ajudam a equilibrar orçamento da UC A Universidade de Coimbra tem feito esforços no sentido de contrariar os sucessivos cortes impostos pelo governo. A procura de financiamentos externos e a captação de estudantes internacionais, cujas propinas foram aumentadas para cerca de sete mil euros, têm sido um forte contributo para uma melhor estabilização económica da instituição. Por Pedro Barreiro e Sandro Raimundo

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om a dotação real do Orçamento do Estado (OE) destinada ao Ensino Superior (ES) a ter uma descida significativa ao longo dos últimos anos e com o aumento das queixas dos estudantes face à gestão das contas da Universidade de Coimbra (UC), esta tem procurado outras fontes de financiamento para aumentar a qualidade do ensino numa instituição que, segundo o reitor João Gabriel Silva, se quer cada vez mais “global”. De forma a concentrar esforços no estabelecimento de soluções financeiras, o ponto 1 do 77º Artigo do Regime Jurídico das Instituições de ES (RJIES) veio criar o Conselho de Gestão (CG). O órgão é constituído atualmente pelo reitor, pela vice-reitora Margarida Mano e pela administradora da UC Teresa Antunes. A título de convite está presente como observador permanente Jonathan Torres, administrador da Associação Académica de Coimbra (AAC). As competências deste órgão passam por conduzir, nos termos da lei, a gestão administrativa, patrimonial, financeira e dos recursos humanos da UC, bem como fixar as taxas e emolumentos.

Orçamento para 2015

Grosso modo, o quadro de finan-

ciamento da UC divide-se em quatro blocos – Orçamento do Estado (OE), Projetos e Atividades, Investimento e Receita Própria. Num cenário de flagelo financeiro, a universidade sabe que pode contar com as receitas vindas do Estado e do valor das propinas mas estas representam apenas uma quota parte, que é cada vez mais baixa para a sua sobrevivência. De forma a conseguir atingir os objetivos, a UC tem recorrido cada vez mais a financiamentos alternativos. Parte da receita provém da prestação de serviços a empresas. Porém, segundo declarações do reitor à RTP2, no passado dia 12 de fevereiro, “as empresas estão a sofrer muito os efeitos da crise económica e portanto também não têm muito dinheiro”. Por essa razão “embora a atividade se tenha mantido, não tem sido propriamente daí que tem vindo a receita adicional”, conclui o reitor. Além dessa fonte de receita, os financiamentos externos, através dos Projetos e Atividades, são outra das fontes de rendimento da instituição. De acordo com Margarida Mano, vice-reitora para Planeamento e Finanças, Avaliação Institucional e Ação Social Escolar, estas representam “uma fatia muito significativa”, visto que totalizam

cerca de 20 milhões de euros. No entanto, será “tendencialmente maior nos próximos anos” acredita a vice-reitora. O quadro de orçamento engloba, entre outros, fundos comunitários europeus como o Horizonte 2020; o Portugal 2020 e o Centro 2020. Esta oportunidade de financiamento está, no entanto, dependente da atividade desenvolvida em projetos de investigação. Se o projeto estiver “aquém do esperado, o financiamento será penalizado ou inexistente”, refere Margarida Mano. Além disso, o crescimento deste financiamento dependerá muito da “capacidade de competir e de apresentar bons projetos”, remata. Relativamente às propinas, estas compõem uma receita total de 27 milhões de euros. Para João Gabriel Silva este valor é “uma questão da sobrevivência” e “sem propinas” a universidade fechava. Enquanto administrador da DG/ AAC, Jonathan Torres é contra as propinas. No entanto, o atual observador permanente no Conselho de Gestão admite que para se abolir a propina e a UC não arcar com esse défice, a “falta de financiamento do Estado não pode ser uma realidade”. Jonathan Torres explica que a

sua presença no Conselho de Gestão não representa “um conflito de interesses quando eventualmente a AAC ou as suas posições sejam alvo de discussão” pois “está salvaguardado pelo não direito a voto” neste órgão. E destaca ainda a importância de poder mostrar uma outra realidade daquilo que é o dia-a-dia da universidade para os estudantes. Para compensar, em parte, o elevado valor da propina a UC adotou uma estratégia para evitar que a ação social “sofresse impacto completo dos cortes” ao “assegurar o aumento das bolsas do fundo de apoio social” através da distribuição de parte das propinas para esse fim, explica a vice-reitora.

Planeamento financeiro em risco

No que diz respeito a outras fontes de rendimento, no orçamento da universidade entram cerca de quatro milhões e meio de euros provenientes de investimento, que provêm de candidaturas a projetos. Parte deste valor é, por consequência dos sucessivos cortes, “naturalmente subtraído daquilo que é o financiamento” para manutenção, visto que “existe um sub-financiamento”, clarifica a vice-reitora. Ainda assim, no global da recei-

ta da UC, o OE ainda representa a maior parcela: aproximadamente 73 milhões de euros, o que corresponde a cerca de metade do total dos orçamento (perto de 139 milhões de euros). No entanto, este valor, como explica Margarida Mano, sofreu “nos últimos cinco anos sucessivos cortes” que, somados, rondam já os 22 milhões de euros.

Contenção financeira atrapalha estratégia

A universidade tem apertado o cinto da melhor maneira possível. Para a vice-reitora, uma das “medidas mais drásticas” que tomaram foi a “não renovação do pessoal”, que se traduziu num gradual envelhecimento do corpo docente, para “acomodar os cortes”, justifica. No entanto, como aponta a vice-reitora, há medidas positivas a destacar. O exemplo da atração de estudantes internacionais, é, do ponto de vista financeiro “uma oportunidade muito grande”, pois os mesmos pagam agora cerca de sete mil euros de propinas, explica. Assim, foi possível começar, apesar do corte de seis milhões de euros, “o ano de 2015 com o mesmo orçamento de 2014”, sem ser necessário recorrer ao reforço, acrescenta Margarida Mano. INFOGRAFIA POR CATARINA CARVALHO

RECEITAS UC

RECEITAS SASUC


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CULTURA

Vencedor do Resistance Rap Battles decide-se na Tabacaria A Resistance Music Records, em parceria com a Wreck Chords Creative Ensemble, traz à Tabacaria da OMT a final da primeira edição das Resistance Rap Battles Beatriz Maio Camila Vidal No dia 26 de março realizam-se as semifinais e final da primeira edição das Resistance Rap Battles na Oficina Municipal de Teatro (OMT), às 22h00. Será decidido o vencedor de entre os apurados na primeira eliminatória, que decorreu no bar Aqui Base Tango no dia 5 de março. Desta competição, que contou com oito inscritos, foram selecionados os quatro rappers semi-finalistas: Farahi, Sentinela, Usi e Patrão. Para além destes, estão também confirmadas as atuações do coletivo Natureza Oculta e do rapper Oculto, bem como alguns artistas da organização. O evento é organizado em parceria por três entidades, a OMT, a editora Resistance Music Records e a Wreck Chords Creative Ensemble, esta última ligada à produção e gravação de música de novos artistas. A Resistance já organizou também espetáculos noutros quadrantes da

música na OMT, sendo a segunda vez que o espaço acolhe iniciativas da editora. Nas palavras da diretora artística da OMT, Isabel Craveiro, há um grande entusiasmo “pelo facto de haver esta tomada de posição de jovens estudantes que querem promover atividades culturais” e reforça que “as expectativas são elevadas”. A diretora artística afirma ainda que a OMT tem “sempre muitos jovens nas atividades da companhia”, mas desta vez trata-se em particular de “público ligado à área musical do hip-hop”. O representante da Resistance e organizador da iniciativa, Raphael Mesquita, aponta a OMT como “um espaço onde eventos musicais deste género não ocorrem com muita frequência” e espera que “seja uma parceria para continuar”. A Wreck Chords integra-se no evento a convite da Resistance e encarrega-se do acompanhamento instrumental dos artistas em palco. Com estúdio sediado em Coimbra, a parceria surge, nas palavras do seu representante Odir Martins, porque começaram “a fazer gravações para alguns dos artistas do catálogo da Resistance”. A Wreck Chords é, para o representante, um “coletivo criativo”. Odir Martins refere que o objetivo do Resistance Rap Battles “é acima de tudo fomentar a cultura hip-hop na cidade e criar mais uma plataforma que possa iniciar MC’s”. Fábio Leite é um dos artistas que vai subir a palco no dia 26. Atuará a solo, no

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seu projeto Oculto, e também na dupla Natureza Oculta. “Trabalhámos com eles e somos amigos de longa data”, refere Fábio Leite, como motivos para aceitar o convite feito pela Wreck Chords. O evento procura valorizar “as pessoas ligadas ao hip-hop de Coimbra, um nicho cada vez maior”, e dar a oportunidade de “terem visibilidade e onde se mostrar”, segundo Raphael Mesquita. Isabel Craveiro espera que a OMT “continue a ser um espaço dedicado a artistas emergentes” e o plano é que estas iniciativas continuem “ao longo do ano em outras áreas da música”.

Battles da disputa à união

O HIP HOP CHEGA A COIMBRA EM FORMA DE ‘BATTLES’

As ‘battles’ de rap são normalmente marcadas por um espírito competitivo muito forte. Para Odir Martins, apesar de as ‘battles’ “serem conhecidas por muitas disputas e guerras”, o rap de Coimbra tem mostrado “uma parte que está muito ligada à união das pessoas e não propriamente à competição”. O representante da Wreck Chords revela ainda que a afluência a este tipo de eventos ainda não é a ideal, mas espera que “chame mais público, que seja algo que resulte e que se possam realizar iniciativas semelhantes no futuro”. A competição terá três rondas de ‘battles’, com a duração de dois minutos para cada concorrente por ronda. Depois das duas primeiras semifinais, são decididos os dois concorrentes para disputar a final. O júri é composto por um elemento da Resistance Music Records, um representante do programa de hip-hop Suburbano, da Rádio Universidade de Coimbra, e ainda por um produtor de hip-hop da Wreck Chords.

Secção de Gastronomia volta ao ativo e promove convívio Secção de Gastronomia, revitalizada com nova direção, procura recuperar sucesso conseguido no passado, com projetos diferentes e uma equipa ainda reduzida Vasco Sampaio Depois de três anos de hiato, a Secção de Gastronomia da Associação Académica de Coimbra (SG/AAC) voltou ao ativo, após eleições em outubro, com novidades na equipa, no espaço e nas propostas. Desde novembro, realizou dois “workshops” e procura agora a aprovação de um projeto para instalar uma banca no recinto da Queima das Fitas, de forma a tentar “recriar o ambiente que se vivia há 30 ou 40 anos na Alta de Coimbra”, afirma o presidente da secção, Gustavo Rocha. Para além disso, até ao final do ano, pretendem

aceitar pedidos de núcleos de estudantes para, com eles, organizarem aulas e divulgarem a sua atividade. Contudo, como lembra a tesoureira da SG/AAC, Dina João, a estrutura dirigente é composta, na sua maioria, por estudantes e a realização das atividades depende em exclusivo da disponibilidade dos mesmos, o que faz com que nem sempre se cumpram os pedidos recebidos. Também o presidente sublinha que a secção conta, de momento, com apenas quatro membros, razão pela qual se torna complicado “chegar a todo o lado”. Para o vice presidente do Conselho Cultural, Luís Moniz, a secção pode estar aberta se “a situação eleitoral estiver regularizada e os planos de contas e de atividades estiverem em conformidade”, pelo que o reduzido número de sócios não é um problema. O vice presidente aponta ainda que “o grau de participação associativa dos estudantes no pós-Bolonha diminuiu”, o que leva Gustavo Rocha a reforçar que se pretende que a secção esteja aberta a todos os que queiram contribuir com projetos que abranjam

a comunidade. “Qualquer secção, que queira continuar a existir, é viável, pelo próprio espírito da AAC”, lembra Luís Moniz, até pelos 20 anos que a SG/AAC já tem. Também o presidente da secção mostra que o projeto se mantém relevante ao afirmar que “a cozinha não é só cozinhar, a maneira como se promove o convívio é também muito importante”. Assim, a secção procura focar-se na atividade gastronómica como uma forma de partilha de experiências e conhecimentos para continuar ativa durante mais tempo. No início, o regresso desta secção passou pela procura de um local adequado e de pessoas competentes e aptas a ajudar na prossecução das atividades pretendidas. Hoje, com espaço definido, o principal objetivo é recuperar o que tornou a secção bem-sucedida no passado. O entrave é a reduzida participação dos estudantes nas diversas secções, já ressalvada por Luís Moniz, e observada na inexistência de pessoas na sessão aberta organizada pela SG/AAC, no passado dia 11.

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CULTURA

Exibição de arte contemporânea celebra a primavera em Coimbra Ocupação Tropicana é o nome da mostra de arte contemporânea que irá estar em Coimbra, após o primeiro dia de primavera Inês Duarte Inês Sanches A casa de portas vermelhas, na rua Fernandes Tomás, irá albergar a mostra de arte contemporânea Ocupação Tropicana no dia 22 de março. Este projeto consiste numa exposição de obras de arte criadas por quinze artistas portugueses, brasileiros e angolanos. Um evento que contém um desafio: levar os artistas a “expor e desenvolver trabalhos que saiam do seu espaço de conforto”, refere a organizadora do projeto e artista visual, Marcia Vaitsman. Para a artista, a Ocupação Tropicana é “uma tentativa de conectar com a cidade de Coimbra e, ao mesmo tempo, mostrar trabalhos de qualidade de arte contemporânea que sejam um risco”. Marcia Vaitsman, que costuma trabalhar em suporte de vídeo e fotografia, dá o exemplo do seu trabalho, que desta vez será culinário, algo que “não é inédito na arte contemporânea”. O objetivo é estimular o paladar e o olfato dos transeuntes, ao oferecer os seus cozinhados a quem passa. Luciana Cardoso, outra das organizadoras do evento, trabalha como advogada e irá CATARINA CARVALHO - ARQUIVO

realizar uma instalação “de boas vindas à primavera”, com papel e luzes. Marcia Vaitsman alude ainda a um “fotógrafo de Lisboa que vai fazer uma performance de algumas horas”. Luciana Cardoso afirma que “tem sido um trabalho muito rico em diálogo” e que “é uma ocupação muito inovadora e colaborativa, com pessoas de diferentes áreas”. A advogada confessa que a parte do desafio que mais está a gostar é a “interação com os artistas, as vanguardas dos media, das culturas e das referências diferentes”, algo que propicia um diálogo criador de “novos horizontes, novas referências, que permite pensar a partir de outras lógicas e enriquece o vocabulário artístico e humano”. A residência privada irá ser transformada num espaço público durante doze horas para promover “uma interação mais direta entre esses dois universos”, declara a advogada. A casa, onde residem Luciana Cardoso e o seu marido, tem uma porta dupla na cozinha que abre para o exterior, “como se fosse uma extensão da rua”, o que permite essa interação. “Se as portas daquela casa estão abertas, as pessoas já têm contacto direto com a moradia, não existe espaço entre a casa e a rua”, afirma Marcia Vaitsman.

A arte num local não convencional

O espaço foi também escolhido por “não ser um espaço convencional para se mostrar arte contemporânea”, afirma a artista visual e organizadora, Gabriela Caetano.

As organizadoras pensaram numa residência como espaço acolhedor da mostra de arte também para os restantes artistas, para que se desafiem e pensem em “novas propostas que poderiam ser adaptadas num contexto de uma casa e não de uma galeria ou um museu”, afirma Gabriela Caetano. Ocupação Tropicana é ainda uma “comemoração da primavera”, afirma Marcia Vaitsman. O nome é uma alusão às palavras tropical e tricana. Gabriela Caetano explica que “Tropicana remete à primavera, ao calor, ao início da estação” mas também à estátua da tricana no Quebra-Costas, perto do espaço da mostra. As três organizadoras, ao perceberem a sua ligação com as mulheres de Coimbra, acharam interessante e decidiram, segundo Gabriela, “jogar com esse nome”. Quanto ao que espera do evento, Gabriela Caetano acredita que o público vai “encontrar trabalhos bastante interessantes” e que está “com as melhores expectativas”. Já Luciana Cardoso deseja que a Ocupação Tropicana resulte numa “boa mistura de diferentes públicos, linguagens, formatos, e que se consiga retirar uma energia muito positiva para que novas exibições consigam ser pensadas”. Marcia Vaitsman afirma que “a grande expectativa é poder atingir pessoas e públicos diferentes que normalmente procuram a arte”, mas que neste caso seja a arte a procurar o público. “Acredito que Coimbra merece um evento assim, um evento diferente”, conclui Gabriela Caetano.

INÊS DUARTE

A CASA PRETENDE SER UMA LIGAÇÃO COM A RUA

Lágrimas de Amores a 28 de março no TAGV O IV Lágrimas de Amores acontece no final do mês e terá a participação de tunas de vários pontos do país. As Mondeguinas são as convidadas do festival Mariana Afonso O Coral Quecofónico do Cifrão - Tuna da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra realiza, no próximo dia 28 de março, o seu Festival de Tunas, IV Lágrimas de Amores. O presidente do Coral Quecofónico do Cifrão, António Rocha, explica que “o festival consiste num encontro de tunas de vários pontos do país”, em que vão estar presentes a Trovantina (Tuna do Instituto Politécnico de Leiria), a Magna Tuna Cartola, pela

Universidade de Aveiro, e a Transmontana (Tuna Universitária de Trás-os-Montes e Alto Douro). Da Faculdade de Economia do Porto participará a Tuna Académica TAFEP e as Mondeguinas, uma das tunas femininas da Universidade de Coimbra, são as convidadas. O principal objetivo do IV Lágrimas de Amores é promover a cultura e diversidade das tunas de Coimbra, tal como de tunas de outros pontos do país. António Rocha quer mostrar que “as tunas não são só vida boémia” e acrescenta ainda que “parte da receita da bilheteira irá reverter para uma instituição”. A Magna Tuna Cartola, que nunca participou em edições anteriores do Lágrimas de Amores, “vem à cidade dos estudantes para conhecer melhor o ambiente académico no contexto de tunas”, afirma o seu presidente. João Tavares refere ainda que a realização deste tipo de eventos é importante para que

as tunas possam mostrar o seu trabalho e também para que os cidadãos “conheçam e convivam com pessoas de outros pontos do país”. Já Nuno Santos, tesoureiro da Trovantina, diz que, embora já tenham atuado em Coimbra, nunca participaram neste festival e espera que o evento “corra da melhor maneira”. Filipe Pacheco, magister da TAFEP, afirma que esta participa porque consideram importante ir a festivais fora da cidade do Porto e sublinha o interesse em vir a Coimbra, a “cidade onde a vida estundantil surgiu”. O magister defende que “é bom ir a universidades de outras cidades do país para estabelecer contactos e mostrar também a cultura do Porto”. Filipe Pacheco refere também que tem bastantes expetativas porque “os festivais fora do Porto são sempre muito bons”. O magister da TAFEP conclui que “mais do que

rivalidades de palco, o festival é representado fora deste, onde muitas vezes surgem amizades e existem ligações que ficam”. Em anos anteriores, este festival tem tido bastante afluência de estudantes, familiares e apoiantes de outras tunas. António Rocha espera que este ano “haja mais envolvência e presença de um maior número pessoas, não só na sala do TAGV mas também pelas ruas da cidade”. O evento contará com uma noite de serenatas no dia 27, a decorrer no Café Santa Cruz. No dia seguinte, as tunas irão visitar alguns monumentos da cidade e vários bares, onde irão animar os presentes, num itinerário criado pelo Coral Quecofónico do Cifrão. A atuação das tunas terá lugar no mesmo dia, no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), e no final dessa noite está previsto um convívio entre as tunas e o público.


8 | a cabra | 18 de março de 2015 | Quarta-feira

DESPORTO NIGHT RUNNERS TIAGO CORTEZ

EXISTEM TRÊS TIPOS DE MODALIDADES: CAMINHADA (5KM), CORRIDA DE INICIAÇÃO (7KM) E CORRIDA RÁPIDA (9KM)

Um vício para todas as idades

Projeto da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), com mais de um ano, já conta com aplicação própria para ajudar a pôr Coimbra a mexer todas as quartas feiras à noite. Participantes chamam-lhe um “vício” que promove o convívio e um estilo de vida saudável. Texto por Vasco Sampaio e fotografia por Tiago Cortez

O

exercício físico parece estar na moda. O termo ‘running’ surge agora para dar nome a um hábito saudável que cada vez é praticado por mais pessoas. Mas é mesmo de correr que se trata. Na passada quarta-feira, 11 de março, pelas 21h30, cerca de 600 pessoas reuniram-se no Largo da Portagem, na Baixa de Coimbra. A noite começa com um aquecimento coletivo. Os participantes dividem-se em três grupos que, à hora marcada, partem em diferentes direções. Assim acontece há mais de um ano, todas as quartas, neste local de encontro do projeto ‘Night Runners’. Desde o dia 13 de novembro de 2013, raras foram as semanas em que esta corrida não aconteceu, apesar de todas as condicionantes organizacionais e meteorológicas. Com inspiração em fenómenos semelhantes desenvolvidos noutros locais do país, como Leiria, Lisboa e Santarém, o projeto ganhou forma e começou a crescer até chegar aos números atuais. A ideia foi posta em prática por alunos do curso de Desporto e Lazer da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), num projeto desenvolvido para a unidade curricular de Animação Sociodesportiva, sob alçada de dois professores da

instituição, António Sérgio Damásio e Ricardo Melo. Com o avançar do tempo, são os estudantes mais novos do mesmo curso que vão tomando as rédeas da atividade, apoiados pelos mesmos professores e por estagiários do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), que continuam a distribuir tarefas e a certificar que tudo corre nos conformes. Depois, aspetos práticos como o aquecimento, a escolha dos percursos e a dinamização das corridas são levados a cabo pelos alunos dos primeiro e segundo anos, o que funciona como treino para o futuro desenvolvimento e preparação de diferentes projetos na mesma área desportiva.

“Desporto para todos”

“A nossa intenção é que as pessoas de Coimbra venham e se divirtam ao máximo e, claro, pratiquem atividade física, que é o mais importante”, explica um dos organizadores, o estagiário do IPC, Rúben Ferreira. Por possibilitar o acesso de todos os cidadãos a uma atividade desportiva como esta, o organizador orgulha-se de poder dizer que têm vindo a disponibilizar estas ações à cidade sob o mote “desporto para todos”. Ao mesmo tempo, as corridas são também um espaço de convívio e

confraternização, onde se fazem novas amizades durante um percurso que incentiva o conhecimento de diferentes locais da cidade que sejam iluminados e seguros para a prática deste tipo de exercício - é, segundo quem a organiza, uma atividade que se torna divertida pela conjugação de vários aspetos. Os corredores são os mais variados, de jovens de 18 anos a senhoras de idades avançadas. Há ainda alunos de Desporto da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra (UC), que picam o curso rival, e voluntários da Cruz Vermelha que asseguram a segurança médica. Para além disso, a organização pretende também que sejam pessoas exteriores à fundação do projeto a tomar iniciativa e a colaborar na preparação e dinamização da corrida em si, podendo chegar a líderes de grupo, que comandam e indicam o caminho aos que os seguem. Fernando Ferrão, que participa nas corridas há mais de um ano, caracteriza o projeto como uma “experiência fantástica, onde se conhecem pessoas com o mesmo gosto pela corrida, pelo desporto e pela prática de uma vida saudável”. As corridas acabam por funcionar como um treino para quem pretende tomar parte noutros tipos de

atividade desportiva. Residente na Granja do Ulmeiro, Fernando Ferrão desloca-se todas as quartas-feiras a Coimbra apenas com o propósito de correr nos ‘Night Runners’, viagem que justifica com o facto de estas corridas se terem tornado um “vício”.

Diferentes níveis para diferentes participantes

No início de cada corrida, depois do aquecimento conjunto, os participantes e organizadores juntam-se em três grupos e falam sobre o caminho a percorrer. Cada um desses grupos tem um tipo de exercício diferente: caminhada, de cinco quilómetros, corrida de iniciação que dista sete quilómetros, e corrida rápida, com nove quilómetros. Nesta última é onde é dada mais liberdade para os atletas se desviarem do percurso original e adotarem o seu próprio ritmo. De um grupo para o outro, afirma Rúben, “ainda que as pessoas e a intensidade sejam diferentes, o espírito é o mesmo”. O entusiasmo é tanto, reforça o organizador, que facilmente os participantes evoluem de uma etapa para a seguinte. O que pretendem os orientadores é que quem participa continue a desafiar-se a si mesmo e a fazer atividades adequadas à sua capacidade física.

Manter o “vício” ativo

Para continuar a diversificar e chamar novos públicos para um projeto com mais de um ano, os ‘Night Runners’ associam-se a outras iniciativas como forma de ganhar visibilidade. No início deste ano, começaram também a utilizar uma aplicação para Android, desenvolvida por estudantes de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, que contém informação atualizada sobre os diferentes percursos, a hora e local do encontro e um serviço de geolocalização para facilitar a leitura dos mapas e o decorrer da corrida. Com a aplicação, refere Rúben Ferreira, “as pessoas informam-se melhor sobre o que acontece nos percursos e envolvem-se mais na orientação de outros participantes pelas ruas da cidade durante a atividade”. Contudo, lembra o organizador, o que faz com que os participantes continuem a aparecer todas as quartas é, de facto, a postura adotada por todos os envolvidos no projeto. Mais do que exercício físico, convívio, e descoberta das ruas de Coimbra, o que continua a fazer o projeto durar é a simpatia, a boa disposição e o bem-estar que advém da participação nas corridas.


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DESPORTO

“Somos todos Viterbo”

DR

Quase um ano depois, a AAC/OAF volta a ganhar para o campeonato no antigo Calhabé. Jogadores, treinadores e adeptos depositam grande fé no mister de 52 anos Tiago Cortez A Briosa sofreu uma alteração na equipa técnica há um mês. José Viterbo, que treinava a equipa de sub23, assumiu o comando da equipa sénior e está invencível há quatro jornadas, com 10 pontos alcançados. Mas o maior feito foi levar os estudantes à primeira vitória em jogos em casa, a contar para o campeonato, o que já não acontecia há 350 dias. Após a demissão de Paulo Sérgio, a Associação Académica de Coimbra/ Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF) virou-se para um treinador da casa. Viterbo aproveitou a oportunidade e, antes que a direção escolhesse um substituto, foi vencendo e convencendo os adeptos, que exigem a permanência do técnico até ao final da época. Nos últimos dias surgiu ainda o movimento, ampliado pelas redes sociais, “Somos todos Viterbo” que já se faz notar através de cartazes nos estádios em que a Académica joga. Quem já bateu José Viterbo por duas vezes esta época foi Bruno Ferreira, treinador da equipa sénior da Secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra. Apesar dos triunfos, Bruno Ferreira tece rasgados elogios ao técnico e revela que jogar contra as equipas de Viterbo não é fácil. “São sempre equipas muito organizadas e muito competentes, porque entrar no último terço de terreno deles é muito complicado”,

DESDE QUE ENTROU, JOSÉ VITERBO CONTA JÁ COM TRÊS VITÓRIAS E UM EMPATE afirma Bruno Ferreira, que considera a experiência de José Viterbo o seu principal ponto forte. Se a permanência até ao fim da época parece já uma realidade, a extensão do contrato para o próximo ano é uma completa incógnita. Nuno Teles, jogador da Académica B – Sub 23, diz que Viterbo tem mérito no

atual momento da Briosa e explica como o mister consegue tirar o melhor partido de cada jogador, melhor do que fazia Paulo Sérgio. “Ele não se cansa de incentivar os jogadores e acredita sempre nas suas capacidades”, diz o jogador de 23 anos, que confessa ter o sonho de jogar pela primeira equipa da Briosa. Nuno Te-

les garante que Viterbo é apaixonado pela Académica e defende que “é um grande tónico quando o treinador sente o clube que está a representar”.

Dinâmica de vitória com mais portugueses

Ricardo Lopes defende que José Viterbo tem “um academismo puro”.

O membro da claque Mancha Negra refere que “Viterbo é o melhor treinador para passar ao balneário a ideia do que é ser Académica”. Ricardo Lopes gostaria de ver Viterbo ao comando dos estudantes para lá desta época. “Era muito merecido que a direção lhe desse uma oportunidade de começar uma época em Coimbra”, conclui. O carinho pelo treinador gerou mesmo a criação de uma petição por parte de Tiago Queiroz; “José Viterbo - o treinador que nós queremos e que a Académica precisa” é o título do documento já assinado por 289 pessoas. O adepto da Académica explica que uma das maiores diferenças que viu na equipa, após a entrada de Viterbo, foi a garra e entrega dos jogadores. “Nos últimos jogos têm jogado muito mais jogadores portugueses e acho que é isso que devemos fazer apostar na academia”, acrescenta Tiago Queiroz. A opinião é partilhada por Bruno Ferreira, que espera que “o mister José Viterbo seja o clique que faltava para valorizar todos os atletas jovens do distrito de Coimbra”, dado que muitos são desvalorizados e desistem do futebol. Na opinião de Bruno Ferreira, “houve um gradual afastamento entre a Académica e a cidade de Coimbra, muito por causa de certas situações adversas, mas tudo mudou desde que o mister José Viterbo pegou na equipa, e aí se vê a inteligência dele”. Esse entusiasmo levou, este domingo, 6300 adeptos às bancadas do Estádio Cidade de Coimbra. Sem contar as partidas com os três grandes, o jogo contra o Nacional foi o que levou mais gente ao estádio. Para isso muito contribuiu também a campanha que desafiava os sócios e estudantes a levarem até onze bilhetes de forma gratuita. Com a vitória, a Académica soma 25 pontos e está mais próxima de garantir a manutenção na liga.

AAC quer sagrar-se campeã nacional feminina de hóquei AAC já empatou com as novas campeãs europeias e vai agora tentar roubar-lhes o trono nacional. Para isso, conta com três jogadoras que estão na seleção nacional Tiago Cortez A equipa sénior feminina da Associação Académica de Coimbra (AAC) ficou em primeiro lugar na primeira fase do campeonato nacional da primeira divisão. A equipa da cidade dos estudantes esteve irrepreensível na zona norte de apuramento, ao vencer todos os jogos e com apenas cinco golos sofridos em casa. Com esses resultados, a AAC passou à fase de apuramento

de campeão, onde agora procura vencer o título nacional. O primeiro jogo da segunda fase resultou num empate a um golo com o Benfica. Mas este não foi um empate qualquer, mas sim obtido contra as bicampeãs nacionais que ainda este fim de semana se sagraram campeãs europeias. A diretora da equipa, Anabela Sotaia, conta que a equipa tem vindo a crescer de ano para ano e que esta época o objetivo é vencer o título nacional. “O nosso rival direto é o Benfica, que foi buscar as melhores atletas aos vários clubes do país, por isso é uma super equipa”, afirma Anabela Sotaia, ao mesmo tempo que fala com orgulho do empate obtido em casa. A dirigente diz mesmo que a equipa poderia ter conseguido um melhor resultado, não fosse a má exibição da equipa de arbitragem. “Não fizemos mais porque o árbitro não permitiu,

estragou o jogo completamente”, criticou Anabela Sotaia. Carlos Fernandes, treinador da equipa sénior feminina de Hóquei em Patins da AAC, acredita que a experiência das jogadoras é o ponto forte da equipa. “A equipa encontra-se num excelente pico de forma e, neste momento, está tudo em aberto para aquilo que são os nossos objetivos”, afirma Carlos Fernandes, que antecipa uma luta acesa pelo título.

Experiência internacional e estado do pavilhão

Na semana passada, três atletas da equipa foram convocadas para a seleção nacional. Alice Vicente, Carolina Gonçalves e Ana Ferreira estiveram no estágio realizado no Luso, que serviu de preparação para o Europeu da modalidade, a realizar este ano em Itália. Carolina Gonçalves explica que a seleção é mesmo a única hipótese de adquirir experiên-

cia internacional, já que apesar de a equipa ter os pontos necessários para jogar competições europeias, “não há verbas” para deslocações. Nuno Cortez, tesoureiro da Secção de Patinagem, explica que obter orçamento para uma época desportiva é complicado. “A Direção-Geral da AAC dá o que pode, mas só cobre 20 por cento do orçamento anual da secção”, afirma. O dirigente da secção esclarece que o resto do orçamento são as equipas que o encontram, através de patrocínios. ”Se arranjarmos um patrocínio de 40, 50 mil euros, e nos disserem que esse dinheiro é afeto à equipa sénior feminina para jogar lá fora, nós vamos”, conclui Nuno Cortez. Na verdade, a única equipa com disponibilidade financeira para jogar competições europeias femininas é o Benfica. O grande rival da equipa da AAC sagrou-se campeão europeu em Hóquei em Patins, este

domingo, ao vencer a final da competição, contra a equipa francesa do US Coutras, por 5-2, num jogo disputado em Manlleu, Espanha. Mas em Portugal a oposição promete ser maior. A equipa da Académica recebeu e venceu a Associação Desportiva Sanjoanense por 1-0. Carlos Fernandes acredita que a equipa pode ganhar todos os jogos do campeonato e sagrar-se campeã nacional, “nem que para isso seja preciso ir vencer à Luz”. Outra das grandes preocupações da equipa é o estado de conservação dos pavilhões do Estádio Universitário. “Quando chove, cai água, o piso fica húmido e para patinar é péssimo”, diz Carolina Gonçalves. “Se tivéssemos boas condições, boas instalações, um melhor campo, porque o piso de facto está cada vez mais degradado, poderíamos fazer melhores resultados”, conclui Anabela Sotaia.


10 | a cabra | 18 de março de 2015 | Quarta-feira

CIÊNCIA & TECNOLOGIA DR

COMPORTAMENTO ANIMAL ESTUDADO NA FCTUC

Elas gostam é dos mais coloridos Tese de doutoramento defendida na Universidade de Coimbra explica porque é que, nas aves, as fêmeas têm preferência por machos mais coloridos para parceiros e revela que existe uma relação entre a cor e a saúde do animal. Por Rita Fé

S

empre se soube que, para conquistar a fêmea, o pavão abria a sua cauda em leque para exibir as suas cores faustosas. Do que ainda não se tinha a certeza, era da forma como isto realmente influenciava a escolha por parte da fêmea. Paulo Gama Mota, docente da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e um dos investigadores desta experiência, esclarece a importância deste trabalho na área da etologia animal. “Este estudo ajuda-nos a perceber porque é que, durante o processo evolutivo das aves, surgiram tantas colorações intensas e vibrantes nos animais”, refere o docente, que acrescenta ainda que se sabe que “estas colorações estão associadas à reprodução - as fêmeas preferem sempre os machos mais coloridos - a questão é porquê? Foi a isto que se tentou responder”.

Cor enquanto sinónimo de saúde

A MILHEIRINHA (‘SERINUS SERINUS’) APRESENTA DIMORFISMO SEXUAL NA COLORAÇÃO

Uma recente experiência desenvolvida na UC conseguiu perceber o que está por detrás deste comportamento caricato. “Porque é que as milheirinhas preferem acasalar com os machos mais coloridos” é o nome da tese defendida por Sandra Trigo, que consistiu na captura da ave típica do baixo Mondego - a milheirinha - para posterior observação em laboratório. Os machos foram divididos em dois grupos, nos quais só um deles

recebeu uma dieta rica em carotenoides, “substâncias químicas com propriedades de pigmentos que atribuem coloração às aves; porém, alguns deles, como o betacaroteno, atuam no sistema imunitário, reforçando-o”, explicita o investigador. Desta forma, este grupo de machos evidenciou uma maior variedade de cor, o que, por sua vez, revela uma boa saúde fisiológica. Os machos mais coloridos serão também os machos mais saudáveis, “por isso, as fêmeas demonstram uma clara preferência por este grupo em detrimento do outro, que recebeu uma dieta pobre em carotenoides”, demonstra o docente.

Complexidade na escolha do par

Paulo Gama Mota explica também que a sexualidade das aves, e a relação entre macho e fêmea, possibilitam ser um campo de estudo mais alargado. “A complexidade do canto, por exemplo, pode também ser um fator determinante para a escolha de um parceiro por parte da fêmea, e é algo que também foi verificado nas milheirinhas”. Uma melodia complexa e variada denuncia um macho “com maior desenvolvimento e isso estimula as fêmeas. Se existir um stress de desenvolvimento na ave, isso traduz-se num canto mais pobre”, explica o investigador. A dança de corte pode ser também um dos fatores que condiciona

a escolha de um parceiro, “como acontece muito nas aves marinhas, em que quase não há diferenças entre machos e fêmeas”, explica o docente da FCTUC. Nestes casos, o macho pode dançar enquanto a fêmea observa a sua performance ou podem atuar juntos, “e é a coordenação de movimentos e a compatibilidade entre os indivíduos que conduz à formação de um par estável”, remata. Um outro aspeto que, segundo o docente, também tem vindo a despertar interesse dos etólogos, prende-se com o investimento parental. O macho pode, em alguns casos, conduzir a fêmea até ao alimento ou tomar ele próprio a iniciativa de o recolher e oferecer à parceira. Em determinadas situações, chega mesmo a capturar o alimento e a depositá-lo diretamente na boca da fêmea. Desta forma, o macho demonstra que está apto, não só para cuidar da fêmea enquanto esta protege os ovos, mas também para cuidar das crias. “Ainda não sabemos bem o que usam as fêmeas para avaliar isto nos machos”, ressalva Paulo Gama Mota acerca dos critérios utilizados na escolha do par, que “é um assunto que foi bastante trabalhado, mas do qual ainda não saíram resultados muito esclarecedores”. Posto isto, entende-se que a relação amorosa entre as aves obedece a uma ciência que não é tão óbvia quanto se possa pensar, mas que continuará, sem dúvida, a ser estudada pelos cientistas.

Ciência e divertimento nos corredores da Pediatria Desde 3 de março que os alunos de Bioquímica levam a ciência, em regime de voluntariado, às crianças do Pediátrico de Coimbra Rita Fé Rita Espassandim O Exploratório Infante D. Henrique – Centro Ciência Viva de Coimbra e o Centro Hospitalar de Coimbra (CHUC) aliaram-se aos alunos de Bioquímica da Universidade de Coimbra (UC), num projeto que pretende levar a ciência aos internamentos de Pediatria.

Margarida Castro, professora de Bioquímica na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCTUC) e principal dinamizadora desta iniciativa que inicialmente contava apenas com um grupo de três alunos, afirma que esta era uma “ideia que já tinha há muito tempo, de expandir a ciência para fora da universidade e para a cidade”. Ideia essa que decidiu juntar a uma outra área que também a cativa: “trabalhar com crianças”. O projeto conta já com um ano e, com vista à sua continuidade, “em julho de 2014 organizou-se um curso de três dias com vários alunos, para planear as experiências” que seriam apresentadas nas sessões com as crianças. O público-alvo são as crianças entre os cinco e os dez anos, e o conceito fundamental

incide na apresentação de “experiências simples, que se podem fazer em casa, inofensivas, baratas, acessíveis e que despertem o espírito de curiosidade nas crianças”, declara a docente. Com o tempo, a iniciativa alargou-se cada vez mais e não só houve uma grande adesão por parte dos alunos de Bioquímica, como também “se conseguiu o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian”. Assim, para além do Hospital Pediátrico, os alunos expandiram as atividades a outras instituições como o Colégio São José e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra. Apesar de apenas estudantes de Bioquímica estarem envolvidos no projeto, devido à sua proximidade

com a docente e aos conhecimentos que têm na área das ciências, Margarida Castro afirma que seria interessante “organizarem-se sessões paralelas noutras áreas, como a Física e a Matemática”. Sobre a importância que estas atividades podem ter para o estudante universitário, a dinamizadora realça que “para além da componente científica, esta iniciativa é também uma forma de lidar com crianças e de lhes transmitir mensagens, o que se torna muito enriquecedor do ponto de vista humano, uma componente muito importante no percurso académico”. Mariana Gouveia, estudante do terceiro ano de Bioquímica, afirma que, apesar de só ter ido uma vez ao Pediátrico, foi uma experiência gratificante. “Tenciono repetir, já

me voltei a inscrever, pela vontade de ajudar, de lhes arrancar um sorriso, e acho que conseguimos alcançar isso”, refere a estudante. Margarida Castro considera que o projeto está a ser bem recebido: “as mães das crianças estão presentes e tentam entender as atividades que realizamos, para poderem fazê-las em casa”. Professora e aluna concordam que o projeto funciona como um quebrar de rotina quer para as crianças, que “se sentem felizes e espantadas com o que vêem”, quer para os pais, afirma a estudante. Assim, tem-se assistido a momentos de cor e alegria nos corredores da Pediatria, onde as crianças contrariam a dura realidade dos tratamentos que as trouxe ali e deixam-se ir à descoberta da ciência.


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CIDADE

Orçamento cultural camarário de 2015 já contempla Convento de S. Francisco Mesmo sem estar terminado, a vereadora da Cultura Carina Gomes confirma que o centro de congressos já tem orçamento e atividades previstas ainda para 2015 Guilherme Monteiro João Neves Apesar de o centro de congressos do Convento de São Francisco ainda não estar terminado, a vereadora para a Cultura Carina Gomes referiu que já existe dinheiro do orçamento deste ano reservado para organizar eventos culturais nas futuras instalações. No entanto, Carina Gomes não quis adiantar quantias nem que eventos

são esses que estão a ser preparados para o espaço cultural. Para além disso, a socióloga escusou-se a apresentar alternativas para esse orçamento caso as obras voltem a atrasar e, portanto, não seja possível realizar as atividades planeadas. A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) adjudicou a conclusão das obras à empresa Ferreira-Construção SA. A empreitada vai custar aproximadamente mais 9 milhões de euros aos cofres camarários e tem um prazo de 150 dias contínuos, a contar a partir da formalização contratual, que só deverá acontecer no próximo mês de maio. José Ferreira da Silva, deputado da Assembleia Municipal (AM) eleito pelo movimento cívico Cidadãos Por Coimbra (CPC), não se mostra admirado com esta situação e refere que os orçamentos camarários “não têm muita credibilidade”, lembrando

o caso dos Encontros Fotográficos do Centro de Artes Visuais que “também estavam previstos mas não chegaram a acontecer”. O deputado tem “as maiores dúvidas que se faça alguma coisa [eventos culturais] ainda este ano no Convento de São Francisco”.

Um projeto repleto de problemas

A pasta do Centro de Convenções e Espaço Cultural do Convento de São Francisco já vai longa na memória dos conimbricenses e na lista de encargos da Câmara Municipal de Coimbra. O projeto remonta ao último trimestre do ano de 2010, quando Carlos Encarnação era o presidente do executivo camarário, e estava previsto terminar durante o ano de 2013. Dois anos e muitos milhões de euros em derrapagens na conclusão do projeto, o centro de congressos do Convento de São Francisco ainda está

por terminar. De acordo com José Ferreira da Silva, a responsabilidade do atraso é “em primeira linha da empresa” MRG – Engenharia e Construção, SA, que “não cumpriu com rigor as obrigações contratuais”, explica. O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, anunciou que está marcada para o próximo mês uma reunião pública para discutir o desenvolvimento do projeto do Convento de São Francisco e a sua valorização cultural. José Ferreira da Silva espera que se possa “definir exatamente o que vai ser e quem vai servir” o espaço cultural.

Infiltrações no centro de congressos

Na AM ordinária da passada quinta-feira, 12 de março, Manuel Pires da Rocha, deputado municipal eleito pela CDU, levantou a questão da infiltração de águas nas instalações do centro de

congressos, que pôde verificar “há cerca de um mês e meio”, aquando de uma visita do partido ao Convento. Os responsáveis projetaram o centro de congressos numa “zona de cheia” onde “seria expectável que a água invadisse aquele espaço”, acusa o diretor do Conservatório de Música de Coimbra. Manuel Pires da Rocha afirma que estão a ser levadas a cabo “técnicas sofisticadas ao nível do solo e do subsolo” para tentar “reter a água”. Já de acordo com José Ferreira da Silva, os problemas verificados ao nível das infraestruturas são “graves e urgentes”, o que levou o executivo a um “procedimento autónomo para a adjudicação” das obras. Assim, a CMC viu-se obrigada a despender mais “cerca de 500 mil euros”, só para resolver o problema das infiltrações. O deputado municipal prevê que as “obras independentes” estejam prontas dentro de três meses.

RAFAELA CARVALHO

Governo quer limitar consumo de álcool após duas da manhã Comerciantes de Coimbra temem que as medidas restritivas que o Ministério da Saúde pretende implementar afetem a economia da cidade Cátia Cavaleiro João Neves No início do mês, o Ministério da Saúde apresentou um projeto de lei que pretende proibir o consumo de bebidas alcoólicas no exterior dos estabelecimentos depois das duas da manhã. A proposta apresentada pelo Secretário de Estado e adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, pretende, ainda, aumentar a idade mínima de compra e consumo de vinho e cerveja dos 16 para os 18 anos. A proposta surge após a avaliação realizada pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas

Dependências, que apresenta resultados de vários estudos. Entre eles, um realizado pelo Instituto de Drogas e Toxicodependência em 2010 que mostra que Portugal é o oitavo país do mundo onde se consome mais álcool, com uma quantidade de “cerca de 9,6 litros de etanol ‘per capita’”. Os donos e gerentes de estabelecimentos noturnos da cidade de Coimbra estão, no geral, de acordo com a medida, apesar de apontarem algumas consequências. Maria Rosa, gerente do RS Bar, concorda com a medida, “em especial com o aumento da idade de proibição”. Pedro Moelas, responsável pelo bar ‘O Moelas’, vai mais longe ao afirmar que a situação noturna em Coimbra “é uma javardice” e precisa de ser regulada. Os comerciantes dos espaços de diversão noturna rejeitam ser associados ao consumo excessivo de álcool na cidade. Jorge Faustino, gerente do Jokas Bar, esclarece que “os bares não podem vender garrafas” e “todos os produtos expostos são para consumo no interior do estabelecimento”, pelo

SANDRO RAIMUNDO

que não podem ser responsabilizados pelos excessos que ocorrem nas ruas. O empresário concorda com o projeto de lei, apesar de estar ciente que lhe vai afetar o negócio. Marco Portugal, gerente do Bigorna Bar, confirma que a proposta do Ministério da Saúde pode vir a pôr em causa o normal funcionamento do estabelecimento e aponta mesmo o “prejuízo” de ter de “fechar portas mais cedo”.

Projeto de lei pode “secar” Coimbra

Maria Rosa defende que muitos estudantes escolhem a Universidade de Coimbra devido à sua “vida noturna”. No entanto, a diversão noturna da cidade pode estar ameaçada pelo projeto de lei e a gerente do RS Bar sustenta a possibilidade de uma parte dos estudantes deixar de optar por estudar em Coimbra. As medidas restritivas, apresentadas por Fernando Leal da Costa, podem ter repercussões negativas para Coimbra, afetando o seu tecido económico, que caíria “num ciclo vi-

cioso” porque são os estudantes “quem financia a cidade”, refere Maria Rosa.

Proposta não esclarece penalizações

Segundo o subintendente Nuno Dinis, chefe da área operacional de fiscalização da PSP de Coimbra, a proposta de lei não é clara no que diz respeito a quem será penalizado no caso de se cometerem infrações. A proposta “pode suscitar algumas dúvidas” mas “o estabelecimento nunca se pode alhear” de responsabilidades, explica Nuno Dinis. “É preciso reconstituir a origem da bebida”, reforça. Se, de facto, a bebida provier de um estabelecimento de diversão noturna, “a lei tem de atribuir essa responsabilidade” aos comerciantes, explica o subintendente da PSP. Por outro lado, se a bebida tiver sido adquirida em qualquer outro lugar, então, a responsabilidade recai sobre o indivíduo. Até ao fecho desta edição, não foi possível contactar o Secretário de Estado e adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa.


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RAFAELA CARVALHO

150d 00h 00’00’’

Editorial É tudo uma questão de tempo

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Mais nove milhões de euros é quanto a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) vai investir no Convento de São Francisco. Valor que se soma aos 500 mil euros anunciados em setembro de 2014 e que visavam a correção de anomalias de construção. Depois de várias derrapagens orçamentais e adiamentos da data de conclusão, prevê-se que o Centro de Congressos esteja concluído 150 dias consecutivos após se reiniciarem as obras, algo que não deverá acontecer antes de abril/maio deste ano. Se tudo correr pelo melhor a conclusão terá lugar entre os meses de setembro e outubro. Mas isso não será provável tendo em conta o historial da obra. A esperança da população de Coimbra - e do país, já que falamos de dinheiros públicos - é que isso realmente aconteça. Até porque, ao que parece, o convento ainda mete água mas já existe no orçamento municipal uma verba destinada à realização de eventos culturais naquele espaço. A vereadora da Cultura Carina Gomes não esclarece qual o montante destinado para esse fim, nem tão poucos que atividades estão planeadas. Poucos devem ser os que acreditam que, durante este ano, ainda haverá lugar a qualquer evento que não um remake do Titanic. O que não se compreende é como se pode planear um orçamento cultural partindo de meros pressupostos e não de certezas. Como diz o deputado municipal José Ferreira da Silva, e somos obrigados a concordar, os orçamentos camarários “não têm muita credibilidade”. A verdade é que existem instituições e projetos cuja necessidade de apoio é bastante mais premente. Até porque, vendo bem, ainda não é suficientemente claro aquilo para que o espaço irá servir. O próprio presidente da CMC, Manuel Machado, só na semana passada anunciou a reunião pública que terá lugar durante o mês de abril e que servirá para discutir o desenvolvimento do projeto e a sua valorização cultural.

O que não se compreende é como se pode planear um orçamento cultural partindo de meros pressupostos e não de certezas. A verdade é que existem instituções e projetos cuja necessidade de apoio é bastante mais premente.

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No que diz respeito ao movimento associativo nacional, chegamos à altura em que os dirigentes associativos fervilham nas suas mini cadeiras do poder. Com o aproximar do Dia do Estudante, a 24 de março, e das comemorações do 17 de abril de 1969, esta é a época alta da reivindicação estudantil. É aproveitar antes que cheguem as festas académicas e os períodos de avaliação. Vendo bem, não é por acaso que o governo pretende que o novo Regulamento de Atribuição de Bolsas entre em vigor no mês de maio. Só nos últimos quinze dias reuniu o Fórum AAC, o Encontro Nacional de Dirigentes Associativos, bem como a Juventude Comunista Portuguesa na Conferência Nacional do Ensino Superior. As ações políticas multiplicam-se pelo país e o Presidente da Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra Bruno Matias já enviou convite ao Governo para que este nos visite. O mais provável é que, à semelhança do que já aconteceu anteriormente, este não aceite, mas salvaguarda-se ao menos a intenção. Ainda assim, caso o governo se mostre disponível será engraçado poder partilhar um prato de arroz mal cozido e uma cadeira desengonçada com quem vai mandando neste país. Rafaela Carvalho

Ficha Técnica

Direção Paulo Sérgio Santos, Rafaela Carvalho

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Equipa Editorial Sandro Raimundo (Ensino Superior), Inês Duarte (Cultura), João Neves (Cidade), Rita Fé (Ciência e Tecnologia), Tiago Cortez (Desporto) Fotografia Catarina Carvalho, Inês Duarte, Rafaela Carvalho, Paulo Sérgio Santos, Sandro Raimundo, Tiago Cortez

Colaborou nesta edição Beatriz Maio, Cátia Cavaleiro, Camila Vidal, Guilherme Monteiro, Inês Sanches, Luís Saraiva, Mariana Afonso, Pedro Barreiro, Rita Espassandim, Vasco Sampaio Colaboradores permanentes Diana Craveiro, Camilo Soldado, Filipe Furtado, João Gaspar, Maria Eduarda Eloy, Teresa Borges Paginação Rafaela Carvalho

Impressão FIG - Indústrias Gráficas, S.A.; Telf. 239499922, Fax: 239499981, e-mail: fig@fig.pt Produção Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra Agradecimentos Reitoria da Universidade de Coimbra, Rádio Universidade de Coimbra Tiragem 3000 exemplares


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