Edição 310 Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

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OPINIÃO

15 DE NOVEMBRO DE 2022 ANO XXXII Nº310 GRATUITO PERIÓDICO
LUÍSA
- ELEIÇÕES
-
DIRETORA JOANA CARVALHO EDITORES EXECUTIVOS
MACEDO MENDONÇA E FÁBIO TORRES (AAC)EITA-SE
DG/AAC 2022

ÓRGÃOS CENTRAIS DA AAC

ASSEMBLEIA MAGNA

Constituída por todos os estudantes da UC, é o órgão máximo deliberativo da casa. Pode ser convocada a pedido da Direção-Geral ou de cinco por cento dos associados efetivos da AAC e tem a obrigatoriedade de se reunir pelo menos quatro vezes ao ano. É da sua compe tência exclusiva a aprovação dos relatórios de contas uma semana após o parecer dado pelo Conselho Fiscal.

DIREÇÃO-GERAL

É o órgão máximo executivo da AAC e tem o poder de convocar Assembleias Magnas. Faz a gestão da casa a nível financeiro e de ordem de trabalhos e põe em prática as decisões tomadas na Assembleia Magna (AM). Constituída por 15 a 25 elementos, é subdividida internamente por pelouros.

MESA DA ASSEMBLEIA MAGNA

Constituída por um presidente, um vice-presi dente e dois secretários, é quem divulga, organiza e dirige a AM. Detém a responsabilidade pelas eleições dos órgãos centrais da casa, de modo que o seu presidente também preside a Comissão Eleitoral dos mesmos.

CONSELHO FISCAL

Principal órgão fiscalizador da casa, é responsável por dar os pareceres dos relatórios de todos os or ganismos da AAC e festas académicas. É constituí da por onze membros e as suas eleições ocorrem em março. Tem a palavra final no julgamento de irregularidades estatutárias investigadas pela Comissão Disciplinar.

COMISSÃO DISCIPLINAR

É o órgão de investigação da casa, criado nos últi mos Estatutos da AAC. É eleita por sufrágio uni versal. Detém a tutela e iniciativa da ação disci plinar na sua fase de inquérito. Posteriormente, elabora uma nota de culpa acusatória que é en tregue ao Conselho Fiscal.

15 de novembro de 2022 02 ENSINO SUPERIOR

João Maduro e Gonçalo Pardal disputam presidência da MAM/AAC

Lista E propõe empregar núcleos na difusão de informação. Candidato de continuidade chama a duração da assembleia “faca de dois gumes”

ESTUDANTES PRIMEIRO

Nestas eleições, a lista E -Estudantes Primeiro- apresenta João Maduro como candidato ao órgão máximo delibera tivo da AAC. O candidato destaca como moti vos da sua candidatura a sua experiência na Assembleia Magna (AM) aquando da “aprova ção de lutas pela reivindicação” e a vontade de “garantir que há condições propícias à existên cia desses momentos”.

Sobre as propostas da sua lista, o candida to destaca um “vetor de proximidade”, tendo como mote incentivar mais estudantes a com parecerem em AM. Expressa também o desejo de garantir que todo o corpo estudantil tenha “oportunidade de falar e, quando a têm, que não haja impedimentos e possa expor toda a sua ideia sem quaisquer limitações”.

João Maduro sugere usar os núcleos para “di vulgar quando vai haver uma AM, bem como a ordem de trabalhos”. Ao contrário do seu opo sitor, o estudante da FDUC adota uma posição

SENTIR ACADÉMICA

Gonçalo Pardal encabeça a Lista S - Sentir Académica na disputa pela presidência da MAM/AAC. Quando questionado sobre os motivos da sua candidatura, reitera que reconhece “a importância da Assembleia Magna como um todo” e acha que “faz sentido na nossa Academia que a pessoa que esteja à frente seja competente”.

As propostas do projeto pautam-se pela com petência, brio e, nas palavras do candidato, “res peito pela Academia e por todos os associados que a compõem”. O mestrando em Engenharia Química na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra realça o papel da MAM/AAC como órgão moderador. Lamenta ainda a falta de participação de todos os estu dantes na AM, assim como a falta de adesão. “São todos convidados a participar, todos con vidados a dar a sua palavra”, sublinha.

“Comprometemo-nos a ter local, hora e ordem de trabalhos definida com antecedên cia para a Assembleia”, declara Gonçalo Pardal.

mais ativa ao dizer que "devem-se ir adotan do medidas, e acompanhando os seus resulta dos, se estão a trazer mais pessoas, a ver como funcionam”.

Em relação à falta de adesão, o candidato propõe a implementação de mais Assembleias Magnas. “O facto de termos AM mais regula res poderá potenciar os estudantes a ir a, pelo menos, uma Magna, ao contrário do que agora acontece”, declara.

No que toca à descentralização, João Maduro acredita que a solução não é levar a AM aos ou tros polos. “No fundo, o que nós temos de fazer é garantir que existem transportes gratuitos para que os estudantes se consigam deslocar”, justifica. Reforça ainda que “a AAC tem trans portes, podemos pô-los em uso”.

Sobre as razões que o levaram a juntar o seu nome ao de Gonçalo Lopes, João Maduro refere a palavra “confiança” e argumenta que, sem pre que foi a uma Magna, viu “pessoas como o

Gonçalo, capazes de defender as reivindicações dos estudantes”. Por fim, apela à procura de in formação para que haja “um voto consciente e informado”. Termina ao desejar uma boa cam panha ao seu oponente.

Reconhece ainda que o tempo de duração das AM são um entrave à adesão. Reitera ainda que sente “que a duração é “uma faca de dois gumes”. “Ao dar mais tempo para interven ções, os estudantes vão querer participar, mas, a Assembleia estende-se” o que faz com que o quórum se torne insuficiente, justifica. No en tanto, pretende “nunca cortar palavra aos es tudantes”. Posto isto, promete “garantir que a ordem de trabalhos é cumprida”.

O tema da descentralização, uma constante ao longo das últimas eleições, voltou a ser men cionado. Os estudantes dos polos mais afasta dos têm dificuldades em comparecer, devido à dificuldade de deslocação até ao local. O atual coordenador-geral da Política Educativa da Direção Geral (DG/AAC) declara que “se hou vesse uma solução-chave nas mãos, já teria sido implementada”.

Ao lado de João Caseiro, em quem Gonçalo Pardal vê competências “para trazer a estabi lidade e a união de que a Académica precisa”,

o candidato procura “dignificar a nossa Casa”. Destaca “encontrar um equilíbrio entre uma ordem de trabalhos fluída e a participação de todos os estudantes” como principal objetivo da sua candidatura e promete “fazer o máxi mo para que todos sejam bem recebidos”. As eleições vão decorrer no próximo dia 17 de no vembro, quinta-feira.

03 15 de novembro de 2022 ENSINO SUPERIOR

Lista E - Estudantes Primeiro

Gonçalo Lopes, estudante de licenciatura na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, candidata-se à DG/AAC pela lista E para acabar com “amplos ataques a direitos dos estudantes”. Objetivo é alcançar reivindicações do projeto através da combatividade. Aluno de direito apela a um voto “livre e consciente”.

15 de novembro de 2022 04 ENSINO SUPERIOR
Por Joana Carvalho

A vossa lista conta com apoio partidário? Não.

Quais as bandeiras do teu projeto?

Não lhes chamaria bandeiras, chamaria reivindica ções e prioridades que encaramos como essenciais, em especial com o aumento do custo de vida generalizado. Existem situações como as questões da ação social, o fim da propina, as residências e os SASUC que, se fos sem financiados de maneira correta, seriam capazes de responder aos problemas dos estudantes. Outra prio ridade é a aproximação aos estudantes. Só com uma unidade, quer no plano dos associados da Associação Académica de Coimbra (AAC), quer no plano nacio nal, em especial no Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA), em torno dos problemas concre tos, é que os conseguiremos resolver.

De que forma consideras possível lutar pelas necessidades dos estudantes no ENDA, apesar do baixo poder de voto da AAC em comparação com os estudantes que representa?

Quando colocamos a questão da baixa representati vidade, estamos a partir de uma premissa errada. O ENDA tem as suas falhas, uma delas o modelo de voto. No entanto, serve sobretudo como uma plataforma de discussão das associações, sejam elas académicas, de estudantes ou federações. Depois, é fundamental olharmos para o tipo de voto que devemos querer ter e para o modo de funcionamento que o ENDA deve ter. A melhoria do seu funcionamento passa não pela existência do voto, mas pela questão do consenso. Acreditamos que o tema mais falado no encontro seja a falta da ação social escolar. Não queremos um ensino superior elitizado. Achamos que o ENDA é um passo importante para a unidade do movimento estudantil nacional, que vai permitir fazer grandes ações a nível nacional com resultados visíveis para os estudantes.

O que destaca a vossa lista das restantes?

A proximidade aos estudantes é algo que nos destaca e não queremos que se resuma aos momentos de campa nha. Enquanto integrantes da Lista E somos frequenta dores das Assembleias Magnas (AM) de uma maneira muito permanente, olhamos para a AAC como o único meio possível para resolver os problemas dos estudan tes. Acho que também é importante colocar a questão da unidade, terceiro pilar do nosso projeto. Não existiu nenhum direito dos estudantes nos últimos anos que não tenha sido conquistado com ações reivindicativas desenvolvidas por eles. E isto vai para além daquilo que deve ser a atuação de uma associação académica. Consideramos o nosso projeto como alternativo: apre sentamo-nos para estar sempre do lado dos estudantes, para os colocar sempre em primeiro. Isso é fundamen tal e diferenciador.

Na tua candidatura referes um “ataque aos di reitos basilares dos estudantes”, em que medi da é que esses direitos estão a ser atacados e o que pode a DG/AAC fazer quanto a isso?

Já há vários anos que os direitos dos estudantes são atacados, como as questões das refeições sociais, das residências e das repúblicas. Colocaria também o pro blema do próprio Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), que ataca a democracia inter na das instituições de ensino superior; os estudantes vêem-se espartilhados quanto à sua participação nos

órgãos da Universidade de Coimbra, não têm qualquer tipo de voz no governo da sua universidade. A DireçãoGeral da AAC (DG/AAC) pode colocar pressão suficien te, organizar os seus estudantes e partir para a luta. Não ter medo disso porque sabemos que só a partir da luta é que conseguiremos alcançar os nossos objetivos.

Na tua opinião a atual DG/AAC não tem coloca do os interesses dos estudantes em primeiro lugar?

De facto, não. Existiram momentos que foram positi vos, como a manifestação no dia 29 de setembro ou a questão das cantinas rosa, mas isso não chega. Foram apresentadas em AM muitas propostas no sentido de a DG/AAC sair à rua em defesa dos interesses dos seus estudantes. Essas propostas muitas vezes não foram votadas porque não existia quórum suficiente e a maio ria das vezes a DG/AAC não se vinculou, apesar de ter essa obrigação. Isto resulta, portanto, numa DG/AAC que teve os seus pontos positivos, mas com um saldo negativo. Nesse ponto, não responde às necessidades dos estudantes nem defende os seus direitos da forma que deveria.

De que maneira é possível fomentar uma união entre os estudantes e a AAC?

Isto, de certa maneira, pode ser difícil de entender à primeira vista. Há a ligação com os núcleos e com as faculdades, as atividades da AAC e as secções que de sempenham um papel fundamental nessa ligação dos estudantes à AAC. Os estudantes querem resolver estas questões, mas necessitam de uma AAC que os coloque primeiro.

Qual é a tua opinião quanto às propinas dos estudantes internacionais e de mestrados?

Aqui não vou falar só sobre propinas, uma coisa que muitas vezes as pessoas esquecem são as taxas e emo lumentos, que são importantes. São desde logo um en trave ao acesso ao ensino superior e uma das manei ras mais fáceis de o elitizar. Naturalmente, uma lista tem que defender o fim imediato de todas as taxas de maneira a acabar com esta elitização. A propina zero não é o objetivo, porque a existência de uma propina zero implica que possa aumentar. Nós defendemos a extinção de todas as propinas, taxas e emolumentos em todos os ciclos de estudo.

A precariedade no meio científico tem sido de batida. Como é que a tua lista pretende defen der os interesses dos estudantes de doutora mento que querem concorrer a bolsas, sendo que não há suficientes?

Não consideramos que os doutorandos sejam estudan tes. Os doutorandos são trabalhadores e, como tal, devem ter direito a um contrato de trabalho com os seus direitos, o que não se tem verificado. Têm um tra balho altamente precário, para aquilo que é a sua im portância e para o que acrescentam à Universidade não existe uma compensação justa. As bolsas de investiga ção, que muitas vezes chegam tarde e a más horas, obri gam-nos a procurar outros meios de financiamento.

Então consideras que é incompatível essa con dição de estudante como o enquadramento legal enquanto trabalhador? Eu não diria que é incompatível. Diria que o doutoran do tem de ser considerado trabalhador, apesar da sua

base de trabalho ser o estudo. A partir do momento em que se estabelece uma relação de trabalho entre a pessoa e a Universidade, esta passa a ser regulada conforme as normas do Código do Trabalho. Assim, o próprio profissional terá acesso a muito mais direitos do que aquilo que tem, que é quase nada.

Que estratégias é que vês para unir as estru turas internas da casa, nomeadamente os nú cleos e as secções?

Aquilo que me parece é que não são as secções que não se querem chegar às Direções-Gerais. São elas que se afastam das secções. Tem que haver um trabalho con junto, a DG/AAC tem que estar ao lado das secções para poder avançar no seu trabalho. É muito importante um trabalho próximo, de diálogo e de união. Tem faltado a visão de que são as secções que, de facto, levam a AAC para lá do edifício. Nós não podemos ter as questões do financiamento das secções, nem de logística tal qual como estão a ser tratadas. Existem problemas nestas questões e a DG/AAC tem a obrigação de as resolver em articulação com as secções, de maneira a deixar avançar a casa.

O que motivou esta candidatura e qual a tua relação com a AAC antes da mesma?

Sem dúvida alguma o estado em que vemos a AAC, mas mais ainda o estado em que os estudantes e a defesa dos seus direitos está. Nos últimos tempos, o poder reivin dicativo da AAC está muito diminuído e isso influen cia a sua relação com os estudantes. A minha relação nunca passou por participação em cargos de direção ou por qualquer tipo de envolvência nessas questões. Passou sobretudo pela participação nas atividades que a AAC faz, acima de tudo ações reivindicativas porque considero que essas são primordiais e também em AM, que são um ponto essencial. Acho que os estudantes que nunca participaram em cargos de DG/AAC não devem ser vistos como menos capacitados de os exer cer. É um ponto completamente errado e a realidade demonstra-o.

Queres deixar alguma mensagem aos estudantes?

Em primeiro lugar, consideramo-nos a lista alternativa que irá corresponder às expectativas dos estudantes para uma AAC que os coloque a si e aos seus direitos, interesses e aspirações como agenda principal. A nossa lista é luta, é combatividade. Isto quer dizer que vem de trás, de pessoas que sempre participaram nas AM, sempre participaram ativamente na vida da AAC, du rante a campanha, trabalham nesse sentido, e após a campanha cá estão para o continuar a fazer. Outra questão muito importante é a do voto, temos muitas vezes abstenções a rondar os 95 por cento. Isso é alar mante e deve ser uma preocupação de todas as listas.

Por fim, mais do que apelar ao voto no nosso projeto, queria apelar a um voto livre, consciente, um voto que defenda os interesses dos estudantes.

05 15 de novembro de 2022 ENSINO SUPERIOR

Lista P - Parem de EmPatar

Wilson Domingues, aluno da FDUC, candidata-se à presidência da DG/AAC lado a lago com um pato. O candidato acredita que parte da melhoria da academia passa por “rentabilizar mais os seus espaços”, através do estabelecimento de um ‘Airbnb’ no edifício da AAC. Propõe também uma parceria da cantina com a ‘Uber Eats’, para que possa haver um decréscimo nas filas da cantina .

15 de novembro de 2022 06 ENSINO SUPERIOR
Por Sofia Ramos

Pedia que te apresentasses.

Nesta campanha, como estou em representação do Pato, queria que se dirigissem a mim como Zé. Foi o nome que ele utilizou para se dirigir a mim naquela noite em que eu o conheci e em que ele expôs toda a sua mágoa com o que se está a passar na academia.

Queres contar como é que conheceste o Pato?

Bom, foi uma noite de festa, uma noite louca. Eu nem quero falar muito disso, mas a verdade é que eu fui, enfim… Fui, de facto, fazer aquilo que não é suposto. Não sei se entende. Enfim, deixar um pouco a minha marca no lago. E pronto, o Pato abordou-me e disse: "não podes fazer isso, está errado”. Depois disse-me que havia algo que se estava a passar e que precisava da minha ajuda, uma vez que não é associado efetivo. Agora sou mais consciente, portanto, estou aqui para ajudar nesta luta.

O vosso projeto conta com algum apoio partidário?

Não, não temos nenhum apoio partidário. Temos algum apoio financeiro e logístico que vem do bando dos patos. Conseguiram juntar um pouco as suas pou panças para ajudar e temos também o ‘plafond’ que a Associação Académica de Coimbra (AAC) nos atribuiu para a campanha.

Quais são as principais bandeiras do vosso projeto?

O nosso projeto segue três pilares fundamentais: o empreendedorismo, as juventudes e a biodiversidade.

Em primeiro lugar, é necessário rentabilizar a AAC e a Universidade de Coimbra (UC), por exemplo, através da transformação dos espaços da AAC em 'Airbnb's'. Iria trazer muitos fundos para a casa e iria permitir que se fizessem as obras que o edifício necessita. Achamos tam bém que deve ser atribuída uma sala da Direção-Geral da AAC (DG/AAC) a cada juventude. A Juventude Monárquica Portuguesa, por exemplo, está claramente sub-representa da. A biodiversidade também é muito importante, porque estamos a falar de patos que querem ser representados. Não queremos discriminações. Queremos que os patos tenham voz. Estou aqui para fazer isso mesmo.

Dirias que foi isso que motivou a candidatura? Sim, porque os patos vieram para ficar. Chegaram ao lago da AAC e não querem ir embora, mas querem boas condições e o lago limpo. O pato acredita que só somos capazes de limpar o lago se limparmos a AAC. Esta candidatura surge nesse sentido.

Quais são os principais problemas que querem resolver?

Os problemas de rentabilidade da própria AAC: fazer obras, reformar casas de banho, colocar saídas de emergência. Os problemas de espaço das secções e dos organismos também têm de ser resolvidos, por isso é que defendemos que passem a ter as suas salas e sedes no ‘Student Hub’. Os problemas dos alojamentos são muito importantes. O Pato acredita que se retirarmos os estu dantes que estão em Coimbra, muitos destes problemas vão acabar, bem como as filas nas cantinas. A melhor forma de eliminar os problemas da oferta é eliminar a procura. Devia haver uma parceria entre os Serviços de Ação Social da UC e a ‘Uber Eats’. Eliminava-se a procura das cantinas presencialmente, a refeiçãozinha seria entregue onde quer que o estudante estivesse.

De regresso ao alojamento, se investirmos nas aulas à distância, vamos retirar os estudantes da cidade. Vão ter de vir aqui de vez em quando, porque é bom para o turismo poder tirar umas fotos com os estudantes de capa e batina. O turismo é um pilar muito impor tante, no nosso entender. Achamos que as Repúblicas podiam ser inseridas nas rotas turísticas, inclusive. Outra questão é a falta de afluência dos estudantes, tanto às eleições quanto às Assembleias Magnas (AM). Defendemos que quem for votar nas eleições, deve ter direito a um bilhete pontual para as Queima das Fitas, e, se conseguir trazer dez estudantes consigo, pode receber um bilhete geral. Acho também que devemos sempre abrir dois barris de cerveja depois de cada AM.

Falaste na questão do alojamento. Outra gran de preocupação é a ação social. Gostava que fi zesses assim um apanhado do que é que o Pato pensa sobre isso?

Como fomentamos a biodiversidade, e para além das pro postas que já referi para acabar com as filas, acho o pro blema da propina muito importante. O Pato defende que a propina nacional deve subir para igualar a internacional.

O que distingue o vosso projeto dos outros?

O nosso projeto distingue-se, desde logo, por estarmos a tentar dar voz aos patos. Queremos corrigir os problemas da AAC, limpar o lago e, ao contrário de todas as outras listas que têm surgido nos últimos tempos, temos pro postas eficazes que vão apostar na captação de fundos para resolver estes problemas. É isso que distingue a nossa lista: a eficácia e a abertura de dizermos “é isto que a AAC e a UC sabem fazer e é isto que vão fazer”.

Das várias propostas que vocês apresentam, qual é a prioritária? A que vão atacar em pri meiro lugar?

Os três pilares são tão importantes que é difícil priorizar, teria de ser visto de acordo com as nossas possibilidades no imediato. São tudo problemas que já vêm de trás que não estão a ser resolvidos e nós, tendo capacidade para resolvê-los, vamos resolvê-los. Não vai ficar nada para trás. O nosso objetivo é implementar todas as nossas propostas assim que for possível, porque tem de ser feito, não há tempo a perder.

Qual é que é o posicionamento da vossa lista em relação à saída da AAC do ENDA (Encontro Nacional de Direções Associativas)?

O Pato diz que não tem uma opinião formada sobre isso neste momento. Ele vai pesquisar um pouco. Depois, quando ele tiver uma resposta, eu partilharei.

Já falaste do espaço que as secções podem uti lizar e sugeriste o ‘Student Hub’ como respos ta. De que outra forma pretendem articular a relação com as restantes estruturas internas de secções e núcleos?

Nós achamos que se deve apoiar ao máximo as secções culturais e os organismos autónomos. Por isso, uma das propostas que nós temos é dar-lhes formações de em preendedorismo, de forma a permitir uma rentabilização para que depois consigam pagar a taxa para aceder ao TAGV. Como o Pato aceita todas as migalhas que lhe dão, consideramos que tudo o que é caridade deve continuar a existir, através do contrato programa da UC. Em rela ção às secções desportivas, a dívida que a DG/AAC tem perante o Conselho Desportivo não está a ser paga. Uma

das nossas propostas é saldar essa dívida. Como? O Pato teve a ideia de uma campanha solidária, chamada "És sedentário, doa o teu inventário", que consiste em cada um de nós dar material desportivo que não usa de forma a que possa reverter a favor das secções desportivas.

Há alguma razão pela qual a vossa lista não avan çou com candidato para a Mesa da Assembleia Magna?

Acredito que, para o Pato, se deve ao facto de ele consi derar que a DG/AAC é o órgão que mais pode aplicar as medidas para conseguir limpar o lago. Não o questionei muito sobre isso. Enfim, a minha missão é fazer o Pato ser ouvido. Sou um mero mensageiro.

Como é que planeiam construir uma relação com a Reitoria? Como é que se querem distin guir de DG/AAC anteriores no que diz respeito à relação com o reitorado?

Eu acho que a nossa atuação perante a reitoria vai ser de proximidade. Nós partilhamos de muitas das ideias que a reitoria tem. Aliás, uma das nossas propostas vai ao encontro de algo que a reitoria já aposta que é no tu rismo. A UC é uma melhor agência de turismo do que a Universidade. Sugerimos passar as aulas de Direito para a modalidade online. Dessa forma, os estudantes não poderiam sair e ocupar os espaços, pelo que o turismo poderia ser plenamente explorado pela Universidade. Mas acho que deve ser aprofundado e é esse apoio que queremos dar à UC.

A abstenção tem sido uma coisa que tem pautado muito as últimas eleições. Consideram que exis te uma responsabilidade para combater isso, se quiserem combater como é que o vão fazer? É precisamente o que eu já referi. Temos que dar para receber algo em troca. O ser humano tem essa nature za. O Pato, do contacto que tem com o ser humano, viu isso. Por essa razão, defendemos aquelas entregas de bilhetes para a Queima das Fitas. E assim, com toda a certeza, a abstenção iria diminuir muito.

Mas estás a dizer que manterias o mesmo plano de ação para cativar os estudantes a ir às AM? Não, para as a magnas seria abrir dois barris. Acho que um é pouco. No fundo, é o mesmo princípio: dar algo aos estudantes, um incentivo, um prémio, ou um docinho, se posso chamar assim.

Como é que a vossa lista encara a crise a nível de saúde mental no Ensino Superior?

Bom, o Pato diz que a saúde mental é algo que entre os patos não está a ser valorizado. A partir do momento que a saúde mental dos patos for valorizada, ele vai poder falar sobre isso, mas, neste momento, ele não tem muitas condições para falar.

Por que é que os estudantes deviam confiar no vosso projeto e votar em vocês?

Deviam confiar porque estamos aqui com ideias à mostra de toda a gente. Queremos empreendedorismo, juventudes e biodiversidade. Portanto, somos os mais eficazes e não têm outra razão para não votar em nós a não ser que não queiram o melhor para a academia.

Querem deixar alguma mensagem aos estudantes?

O Pato gosta sempre de participar e falar um pouco... (Chiar de pato de borracha). É isto que ele tem a dizer.

07 15 de novembro de 2022 ENSINO SUPERIOR

Lista S - Sentir Académica

João Caseiro, mestrando em Administração Educacional na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, recandidata-se à presidência da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC). O atual presidente diz que o seu trabalho ainda não está concluído e afirma que a “Académica sente-se em todas as áreas”. O candidato pretende elevar o nome e o símbolo da casa e promete fazer Coimbra e todos sentirem o valor da Académica.

15 de novembro de 2022 08 ENSINO SUPERIOR
Por Hugo Marques

A tua candidatura conta com algum apoio partidário? Não.

Qual o motivo da tua recandidatura à presidên cia da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC)?

Assumo duas posições por detrás da recandidatura: a minha vontade de continuar a contribuir para a AAC, sentir que ainda posso dar mais de mim a esta causa e o apoio dos meus colegas que motiva também a avançar com este projeto.

Quais são os principais objetivos do projeto "Sentir Académica"?

Dar mais estabilidade à casa e elevar o nome da Académica a partir de uma administração mais robusta, mais eficien te e também de uma atuação política mais concertada. Com um maior alcance, trabalhar para a cultura, para o desporto e para os estudantes a partir destas duas bases, a administração e a política, para garantir o máximo de estabilidade interna. Pretendemos recuperar a saúde finan ceira da AAC, o que vai possibilitar o desenvolvimento das secções culturais, das secções desportivas e dos núcleos. Queremos apresentar novas propostas também ao nível do ensino superior que sejam consistentes e fundamentadas.

Como presidente atual da DG/AAC, qual o ba lanço que fazes a este mandato?

Vou incluir o período de dezembro a março porque foi a mesma equipa que esteve em funções. Foi um mandato marcante pela negativa, com o falecimento do Cesário, o que exigiu uma reformulação e as eleições extraordinárias de abril. Apesar das adversidades, conseguimos conquistas para os estudantes e lidar com os obstáculos de uma forma sustentável, assim como dar respostas aos pedidos das secções e dos núcleos. Creio que foi um mandato positivo e gostava de salientar a resiliência desta equipa, que se manteve até agora a trabalhar para o melhor da Académica.

Quais as principais mudanças entre ambas as candidaturas?

A renovação da DG/AAC, caso sejamos eleitos, é um projeto que contém elementos de continuidade, mas também outros membros novos que vão integrar a equipa, com experiência em diversas áreas. O objetivo é trazer o máximo de qualidade à AAC. Na cultura e no desporto, o trabalho será semelhante. Temos alterações ao nível do desporto, cultura, política, administração, intervenção cívica e cidadania,pedagogia e informação.

És associado efetivo da AAC há 5 anos. Numa visão geral, onde vês a necessidade de uma grande ação?

Durante cinco anos passei por diversas estruturas e tive várias etapas dentro do meu percurso, tendo passado por vários órgãos da casa. Consigo assim identificar diversos planos de ação onde existem melhorias a ser feitas. Divido a resposta em dois planos: o plano mais interno da AAC e o plano mais externo, direcionado para a relação entre a co munidade estudantil com a UC. A nível das cantinas, temos mais uma a servir prato social. Porém, as filas continuam a ser bastante grandes, o que faz com que os estudantes as evitem, uma vez que têm consciência do tempo reduzido de hora de almoço. No que toca às residências, temos que continuar a fazer uma regular monotorização do estado das mesmas. O que não pode acontecer é passarem anos sem uma manutenção devida, porque, se o problema se arrastar, vai existir uma necessidade de requalificação ou

de uma obra mais estrutural. A AAC tem que se manter ao lado dos estudantes que estão nas residências para procu rar e manter as melhores condições possíveis.

Face às críticas apresentadas à falta de recursos para a mobilidade reduzida, a AAC tem planos para avançar com alguma solução?

Temos completa consciência de que, aqui no edifício da AAC, estamos muito limitados, tal como em vários edifícios da Universidade, em termos de acessibilidade. Devido à necessidade de aprovação e de todas as compo nentes legais inerentes ao que é o património cultural e histórico, é uma causa complicada. Ainda assim, es tamos sempre atentos e vamos trabalhar para ter uma cidade mais inclusiva, para dar melhores condições às pessoas com dificuldade motora. Pretendemos junto da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e da UC encontrar as melhores soluções para estas problemáticas, porque sozinhos não conseguimos dar resposta a tudo.

Os movimentos de ação social são um ponto crucial da AAC. De que forma pretendes con tinuar com essa luta?

Existe uma necessidade de continuar com reivindica ções, tanto relativas ao Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES), cuja revisão tem sido uma luta e uma bandeira da AAC ao longo dos anos, como relativas à ação social. Não podemos deixar de estar à frente de lutas como o combate à propina e a reversão da recente decisão governamental do seu congelamen to. Isto estende-se para os estudantes internacionais e de segundo e terceiro ciclo. Temos que estar sempre presentes na luta por mais ação social e ter uma maior ligação, tanto com a UC, como com a CMC.

Na apresentação da candidatura referiste apostar mais na cultura e no desporto. De que forma pretendem investir e criar uma maior adesão a essas secções?

Temos 27 secções desportivas e 16 secções culturais, o que nos dá um peso único nestas áreas na cidade. O trabalho que tem que ser feito pela AAC é procurar junto da CMC e da UC as melhores condições possíveis para o desenvolvimento das nossas estruturas. A nível desportivo precisamos de utilizar espaços da Academia para termos boas condições para treinar e desenvolver a prática desportiva. A Câmara Municipal também tem complexos desportivos que não são tão acessíveis, mas que existem e podem ser disponibilizados. A nível cul tural, temos de assegurar as melhores condições para as secções, porque isto vai não só ajudar a elevar ainda mais o nosso símbolo e nome, como também o da região como um todo. Quando uma secção está fora de Coimbra a representar a Académica, está também está a repre sentar a cultura coimbrã, a UC e a cidade.

Em entrevista à RUC, afirmas ser prioridade manter a estabilidade financeira da AAC. Como pretendes solucionar a possível crise económi co-social que se avizinha?

Quando referi a crise, direcionei-me mais ao impacto di reto nos estudantes e às dificuldades que as suas famílias vão passar. A UC, a CMC e o Governo têm um papel muito importante no combate ao eventual aumento do abandono escolar por motivos de ordem socioeconómica e relacio nados com a saúde mental. Se um estudante tiver num contexto mais desfavorecido ou se estiver a atravessar por dificuldades socioeconómicas em casa, pode ter um estudo

menos profícuo e os seus resultados escolares diminuídos. Outra vertente da crise é o impacto financeiro que pode significar para a AAC: o maior apoio habitual que recebe mos é o da UC, que consiste em 233 mil euros negociados. Sentimos uma necessidade de reforçar este apoio, assim como as parcerias existentes e tornar a Académica mais estável financeiramente. Temos de ser os primeiros a de fender os estudantes e as estruturas de base como um só.

Pretendes continuar com a mesma postura face à reitoria?

Sim. O trabalho que temos feito face à reitoria tem sido sempre de acompanhamento, mas quando necessário também de crítica e reivindicação. Não nos inibimos de criticar a reitoria quando necessário. Ainda assim, acima de tudo, o trabalho que temos para com a Universidade é a de reportar situações e chegar com matéria concre ta, com dados, para procurar as melhores soluções. A nossa postura será sempre procurar o melhor para os estudantes e para a Académica.

"Por uma Académica mais representativa, unida e ligada às suas gentes" são palavras da tua candidatura. Como pretendes ligar-te mais à comunidade estudantil?

Quando falo de uma Académica “mais representativa e ligada às suas gentes” incluo os estudantes e incluo toda a gente que com ela se identifique. Pretendemos implementar programas internos que aproximem a comunidade estu dantil da AAC, através do Gabinete de Apoio ao Estudante (GAPE) e de um projeto que é o “De portas abertas”. Neste último, os estudantes vão poder deslocar-se até à DG/AAC, com horários estabelecidos, e reportarem situações, faze rem questões, falarem simplesmente da sua opinião face à Academia e à Universidade. Pretendemos estar ligados aos antigos e atuais estudantes e representá-los cada vez mais, estar mais próximos de toda a cidade de Coimbra, da região e também de todo o país. No fundo, de todos aqueles que se identificam com a AAC.

Que novos valores espelham esta nova candidatura?

A AAC tem de ser inclusiva e procurar a contribuição de todos para o desenvolvimento da casa. Nos momentos mais adversos a Académica mostrou-se resiliente, mostrou a sua capacidade de fazer mais e melhor e de conseguir con quistas para si através da união. Eu apontava que os cinco pilares da minha candidatura são a estabilidade, confiança, união, proximidade e a inclusão, que acabam por refletir um conjunto de valores que nós pretendemos implemen tar na atuação no próximo mandato, caso sejamos eleitos.

Quais as estratégias a adotar para o sucesso neste novo ano?

Uma administração forte e robusta que possibilite um desenvolvimento da casa interna e externamente. Este projeto candidato à DG/AAC pretende ser um projeto de trabalho, união e que consiga elevar o nome da AAC de uma forma sustentável.

Tens algo a acrescentar?

Gostava de acrescentar que as portas da AAC com este projeto "Sentir Académica" estarão sempre abertas a todos os que queiram participar na sua construção. Somos uma casa inclusiva e deixo assim o repto à comu nidade estudantil para se aproximarem, para ouvirem as nossas ideias, naturalmente se desenvolverem com a AAC e sentirem a Académica.

09 15 de novembro de 2022 ENSINO SUPERIOR

Por entre as várias vidas do Salão Brazil

No aniversário de dez anos do Salão Brazil sob gestão do Jazz ao Centro Clube, José Miguel Pereira comemora história da casa. Para além disso, clama uma maior participação da comunidade na construção do futuro do espaço.

Salão de jogos, panificadora, pensão, res taurante: o Salão Brazil já viveu muitas vidas desde a sua construção. Erguida há cerca de cem anos, a casa comemorou os seus dez anos sob gestão do Jazz ao Centro Clube (JACC) em outubro deste ano. Nos dias que correm, José Miguel Pereira é, ao mesmo tempo, músico contrabaixista e responsável pela coordenação e direção artística do Salão. Nos primórdios da sua existência, o edifício foi uma panificadora, no seu primeiro piso, e uma pensão, no segundo, para depois ser convertido num salão de jogos. No ano 2000, tornou-se um restaurante, e foi nesta época que o JACC iniciou lá as suas exibições, ainda que pontuais. Em ou tubro de 2012, a titularidade do Salão Brazil foi adquirida pela associação e, logo no próximo mês, o JACC transformou a casa na sua sede. Por meio de mudanças de senhorio e crises financei ras, o Salão Brazil continuou a reinventar-se e assim se mantém até aos dias de hoje.

Sobre as dificuldades encontradas nos primei ros anos de gestão, José Miguel Pereira declara que o JACC iniciou as suas atividades no Salão “num contexto difícil” de crise internacional e intervenção externa em Portugal. Contudo, o coordenador salienta os esforços do Clube em construir um espaço que “as pessoas se orgu lhem de frequentar e onde possam ver concertos de todos os géneros musicais”. Ademais, reco nhece o papel essencial que a compra do espaço pela Câmara Municipal de Coimbra teve nesta construção, ao legitimá-lo como património cultural do município.

Em relação à cidade, o dirigente celebra que “não há nenhuma outra com a oferta cultural, o tipo, a quantidade e a diversidade entre dis ciplinas artísticas e número de espetáculos que Coimbra tem”. Para se destacar no meio deste oceano de projetos, o músico considera que o Salão Brazil se distingue pela “proximidade que oferece entre os artistas e o público”.

De acordo com José Miguel Pereira, “as dimen sões reduzidas do espaço são perfeitas” para a atmosfera intimista que pretendem proporcio nar. Congratula ainda os avanços em que tem reparado, no que diz respeito à disseminação cultural: “hoje em dia é possível verificar uma tendência à profissionalização de estruturas e disciplinas artísticas”, pelo que se revela espe rançoso para o que está por vir.

Quanto ao futuro do Salão Brazil, o contra baixista promete “uma grande festa” no ano vindouro, de comemoração do vigésimo aniver sário do JACC e dos cem anos do edifício. Para terminar, José Miguel Pereira acentua o desejo de envolver a comunidade na gestão do espaço: “gostávamos de ouvir as pessoas, perceber o que acham que pode ser o futuro do local”. Assim, apela aos coimbrenses que “decidam quais vão ser as próximas vidas do Salão Brazil”.

Renovam-se os espaços, melhora-se o Cinema de Coimbra

Casa de Cinema de Coimbra com novos métodos de exibição após aquisição por parte da CMC. Tiago Santos afirma querer “agitar as águas do cinema de Coimbra”.

Acompra das salas de cinema do Edifício Avenida por parte da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) ocorreu no dia 11 de maio de 2022, e apresenta já mudanças para a área da cultura. As salas utilizadas pelo Centro de Estudos Cinematográficos da Associação Académica de Coimbra (CEC/AAC), a Fila K e o Caminhos do Cinema Português são agora um equipamento do município.

Segundo o presidente da CMC, José Manuel Silva, a compra das salas de cinema do Edifício Avenida “não estava prevista”. No entanto, a autarquia continuava “atenta ao excelente tra balho promovido no espaço”, esclarece o diri gente. Refere também a sua preocupação na “transação do imóvel para investidores priva dos”, pois tal poderia significar a perda da “di namização de atividades sócio-cinéfilo-cultu rais”. Acrescenta que o objetivo da CMC passou

por criar “na Região de Coimbra um ponto de encontro da cinefilia e dos seus promotores”.

A preservação das salas no panorama cultural da cidade vai trazer “coesão regional e nacional na promoção da cultura cinematográfica”, ex plica o autarca. José Manuel Silva menciona que a compra possibilita, ainda, receber neste espa ço “os vários agentes que trabalham na promo ção e produção da sétima arte”. Tiago Santos, membro do CEC/AAC, demonstra-se otimista em relação à parceria com a Câmara, uma vez que “é importante trabalhar em conjunto, para que Coimbra seja um destino cinematográfico”. Salienta também que “a confiança e apoio por parte da CMC no trabalho até agora realizado” motivam as associações, no sentido de “não de siludir as expectativas”.

O responsável admite “ser esgotante não ter salas dignas no polo I, disponíveis ao fim de se

mana, para fazer formações”, que se tornam possíveis agora com a reativação dos espaços. Neste sentido, explica que o Auditório Salgado Zenha é "um espaço interessante” para essas atividades, mas critica os seus acessos, que equipara ao “caminho para a cadeira elétrica”. No que toca ao público, declara que, desde que existe uma sala aberta na cidade, a adesão dos estudantes aumentou “de 10 para 35 por cento ao longo do ano”. Denota também um aumento no envolvimento na Associação Caminhos, que “triplicou no espaço de um ano”.

Tiago Santos conclui que “com o potencial de equipamento que existe, consegue-se fazer uma coisa fundamental: levar o cinema às pes soas”. Assim, as salas ganham valor ao “envol ver as pessoas, as comunidades e as institui ções” e torna-se possível “agitar as águas do cinema de Coimbra”.

10 15 de novembro de 2022 CULTURA

Com mais de vinte participações no Encontro Nacional de Etnografia e Folclore (ENEF), a Orquestra Típica e Rancho (OTR) da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC) perfaz 41 anos de história. O amor do estudante que defende e representa o folclore encontra neste grupo um lugar cativo, que se destaca por ser único na região de Coimbra. O grupo foi fundado em maio de 1981, carrega no estandarte uma sim ples imagem com um par a dançar e diferentes fitas com as cores das faculdades.

À conversa com quatro dos seus membros - Beatriz “Luna” Nogueira, Rodrigo Pereira, Rebecca Battisti e Soraia Cardoso - ficaram-se a conhecer as experiências e a visão de cada um sobre passado, presente e futuro do folclore de Coimbra. Distintas entre si, Beatriz “Luna” refere que entrou na OTR há “mais ou menos dois anos, porque tinha lá amigos e parecia um grupo divertido”. Rodrigo Pereira era seccio nista antes de integrar a Orquestra, por isso “já lá tinha pessoas conhecidas”. Salienta que este foi o primeiro grupo criado da SF/AAC e que “é sempre importante experimentar uma vez”. Quando esteve pela primeira vez em Coimbra de Erasmus, Rebecca Battisti entrou na OTR, pois conhecia alguns seccionistas. Ao regres sar a Coimbra, desta vez de forma definitiva, voltou a integrar o grupo. Por sua vez, Soraia Cardoso foi “puxada pela colega” no seu primei ro ano em Coimbra e por lá continuou. Beatriz Nogueira enfatiza que a “Vira de Coimbra” é uma canção “obrigatória em qualquer atuação,

Afinal, o Amor do Estudante também pode ser Folclore

Noivo e Noiva, Tricana e Citadino, Barqueiro e Arrufadeira dançam, cantam e encantam na Orquestra Típica e Rancho da SF/AAC. Futuras participações nos encontros nacionais de folclore e festivais internacionais são algumas das ambições.

pois representa não só a Orquestra, como tam bém a Tuna Universitária, que tem uma versão própria”. O tema não representa tanto o folclore regional, pelo que “hoje é mais a capa e a bati na”, menciona.

O esqueleto da Típica Na Orquestra, o canto, a dança e a música regio nal são partes integrantes das apresentações. Fazem parte da cantata apenas dois membros: a cantadeira, de voz mais estridente, e o cantor. Muitos dos instrumentos que compõem o ima ginário folclórico da orquestra são típicos da cidade de Coimbra, como o acordeão, o bombo, a viola, o pandeiro e o violino. No entanto, “o último não é tão casual por faltar alguém que o saiba tocar”, explica Rodrigo Pereira. O jovem infere que as pessoas podem aprender a tocar os instrumentos quando se juntam à toccata: “tal como nas danças, na música há sempre alguém disponível para ensinar”, reforça.

Importante imagem das apresentações da Orquestra, os trajes típicos foram concebidos com base em exemplares do século XIX. Rodrigo Pereira menciona que “o folclore, como qual quer tema, evolui”. Ainda assim, a OTR tenta preservar a tradição coimbrã, em especial os trajes, que representam diversos ofícios e clas ses sociais da região. Destacam-se a Noiva, a Tricana, a Arrufadeira, a Tremoceira, o Noivo, o Citadino, o Estudante e o Jornaleiro. Beatriz Nogueira afirma que a participação assídua de antigos é um fator determinante para a preser vação desse património.

A Típica nos palcos

O último festival internacional no qual a OTR participou foi em Espanha, antes da COVID-19, “onde o tratamento é mais formal e há mais respeito pelo trabalho”, confidencia Beatriz Nogueira. Já passaram por Itália, Roménia, México, Hungria e Canadá. No âmbito nacio nal, promovem o Festival “O Mondego”, no final do primeiro semestre, e outro intitulado ENEF, no segundo. Neste último encontro, os grupos académicos vêm conhecer Coimbra e, “sob um acordo de amizade”, também convidam a OTR para os seus festivais, refere a jovem.

Nessas festas convivem com outros grupos “com a mesma coluna portuguesa, mas toda uma vestimenta e trajes diferentes”, explicam os membros do grupo. Voltar a participar em festivais internacionais e assegurar a evolu ção da OTR, no que toca à dança e à música, são grandes ambições da Orquestra para o futuro. Rebecca Battisti afirma que todos os entrevista dos entraram na OTR por brincadeira. Ao con trário do que estavam à espera, ficaram porque, afinal, “é interessante, engraçado e divertido”, confessa entre risos. Beatriz Nogueira acredita que “há estudantes que querem fazer parte de ranchos, mas ainda não têm conhecimento da Orquestra Típica”.

Os interessados podem entrar na parte da dança, da cantata ou da toccata. Os ensaios ocorrem todas as segundas-feiras, às 19h00, e quartas-feiras, às 21h00, na Sala Tó Nogueira, por baixo da sala de estudo da AAC.

11 15 de novembro de 2022 CULTURA
Correia
Por Benny Correia Por
Benny

Sondagem A CABRA/RUC: João Caseiro à frente na corrida eleitoral

Gonçalo Lopes e Wilson Rodrigues estão empatados. Sondagem revela que estudantes de Coimbra não querem Propina Zero e 7,5 por cento não tem opinião formada sobre tema.

Após anos adormecida, a sondagem elei toral A CABRA/Rádio Universidade de Coimbra (RUC) regressa para mais uma previsão. Uma análise inicial indica que a lista S – Sentir Académica, liderada por João Caseiro, se encontra à frente dos outros projetos. Por sua vez, a lista E – Estudantes Primeiro, encabeçada por Gonçalo Lopes, encontra-se em pé de igual dade com a lista P – Parem de Empatar, de Wilson Domingues, representante do Pato.

Existe ainda um nível de indecisão no seio da comunidade estudantil em relação às eleições da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), assim como da Mesa da Assembleia Magna da AAC (MAM/AAC). O nível de estudantes que não sabe do que se trata ou não se interessa ultrapassa os 50 por cento.

Ao olhar para os resultados, no geral, a lista de João Caseiro arrecadou uma intenção de voto su perior a 40 por cento em ambas as faculdades do Polo III, com 43,1 por cento na FMUC e 40,5 por cento na FMUC. Já o projeto de Gonçalo Lopes demonstra uma maior popularidade na FDUC, onde estuda, com 10,7 por cento, e na FLUC (7,5 por cento). Já o projeto Parem de Empatar tem a sua maior expressão geral na Faculdade de Direito da UC, com 7,9 por cento das intenções de voto, seguida da FLUC, onde contou com 7%.

Em suma, a sondagem aponta para uma vi tória distanciada de João Caseiro, com cerca de 36,7 por cento na amostra de 1000 estudan tes com distribuição proporcional de indecisos pelos candidatos. Ainda assim, a abstenção do mina mais de metade da tendência, o que vem dar força aos resultados dos últimos anos.

FEUC - Na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) foram aborda dos 101 estudantes, dos quais 49 demonstraram a intenção de voto na lista S (48,5 por cento). Por sua vez, os alunos desta faculdade mostraram -se divididos entre a lista E e a lista P, com seis estudantes a escolherem cada uma. Os indecisos (13) e os que admitem não saber (21) contam com um total inferior ao projeto encabeçado por João

Nº de matrículas

Resultados DG/AAC

Percentagem com distribuição de indecisos

Caseiro, o que demonstra uma tendência de po pularidade para a lista nesta faculdade. Houve seis votos em branco.

FLUC - Num universo de 3397 alunos, responde ram 201. Na Faculdade de Letras da UC (FLUC), a resposta dominante foi “Não sei” (89). Aqui, mais uma vez, a lista E e a lista P estão equilibradas, com 15 e 14 votos, respetivamente. Já a lista S encontra-se na frente com 42 intenções de voto e supera os indecisos, que são 30. Os votos em branco, nesta faculdade, foram 11.

FCTUC - À semelhança de outras unidades or gânicas, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC) (polo I e II) revela uma predomi nância do “Não Sei” (54,6 por cento). No entan to, João Caseiro lidera a sondagem, com 17,6 por cento. Em 238 inquiridos, Wilson Domingues e o Pato contabilizaram 12 apoiantes. A lista E soma 13 votos entre a amostra abordada. Também se verificou que 19 pessoas admitiram votar em branco ou nulo. Os indecisos perfazem um total de 9,2 pontos percentuais nesta faculdade.

FDUC - Para lá da Porta Férrea, as diferenças atenuam um pouco. Num total de 140 pessoas, 49 declararam não saber, enquanto 24 se mos traram indecisos e 13 admitiram votar bran co. A lista Estudantes Primeiro surgiu com 15 votos, atrás da Sentir Académica, que angariou 28 pessoas. A lista do Pato conseguiu 11 votos, pelo que obteve, nesta faculdade, a maior dis tância da lista encabeçada por Gonçalo Lopes: quatro votos de diferença.

FFUC - Na Faculdade de Farmácia a intenção de voto com maior expressividade foi na lista S (34). Aqui, 14 estudantes declararam estar indecisos e 27 não saber. Os votos em branco foram cinco, pelo que ultrapassaram a totalidade de votos an gariados pelas listas E e P, que, mais uma vez, surgiram empatadas com dois votos cada. Num total de 84 inquiridos, verifica-se uma falta de popularidade das últimas duas listas referidas.

FCDEF - A Faculdade de Ciências de Desporto e Educação Física foi onde a amostra foi menos re presentativa, dado terem sido abordados apenas 13 de 732 estudantes. Ainda assim, seis destes con fessaram “não saber”, enquanto dois votaram em branco. Os outros cinco inquiridos demonstra ram intenções de votar na lista de continuidade.

FPCEUC - O candidato da lista S não conseguiu o melhor resultado em casa. Obteve 29 intenções de voto dentro de um total de 86 estudantes. 33 alunos da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação não sabem e 11 estão indecisos. Já 8 optam pelo voto em branco. Nesta unidade orgânica, a lista P angariou três votos, um a mais que a lista E.

FMUC - Na Faculdade de Medicina foram 137 o total de pessoas sondadas, dos quais 57 dizem que não sabem do que se trata, enquanto 11 afir mam estar indecisos. Aqui a lista do Pato conse guiu 4 votos, o projeto Estudantes Primeiro con quistou apenas uma pessoa, enquanto Sentir Académica alcançou o seu melhor resultado: 59 estudantes (43,1 por cento).

12 15 de novembro de 2022 CENTRAL

Resultados MAM/AAC

Todos os anos, as eleições são marcadas por vá rios temas de destaque, como a propina, a ação reivindicativa estudantil e o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES). Por outro lado, o Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA) adquiriu um maior relevo este ano letivo. Dentro destes temas, os resulta dos destas sondagens foram reveladores.

Propina

Nos Estatutos da AAC, o ponto 1 do artigo 2.º oficializa o “Princípio da Defesa do Ensino Superior Público, democrático, universal, gra tuito e de qualidade”. De acordo com os resul tados, foram 35,4 por cento os estudantes que defendem a diminuição da propina e 13,2 por cento que optaram por manter o seu valor. Já 1,3 pontos percentuais apelaram ao aumento. Em contrapartida, 24,6 por cento procuram a diminuição gradual até 0, enquanto 18 por cento lutam pela abolição. Aqui, apenas 7,5 por cento declarou não saber ou não ter opinião.

Ação Reivindicativa De um modo geral, foram mais os estudantes que se mostraram satisfeitos com a ação reivin

Espaço de Opinião

Todos os anos a história repete-se. Em novem bro, os candidatos à DG/AAC prometem uma casa aberta, democrática e próxima dos estudantes. No final, as tarjas produzidas na mesma em presa de sempre são guardadas e o restante 'merchandise' de campanha torna-se uma re líquia de uma semana, onde os cafés de Coimbra são palco de conversas sobre o PROJETO, a "casa" e onde as palavras "irreverência", “va lores” ou “causa” são repetidas até à exaustão. Este ano, os artistas mudaram, mas a músi ca foi a mesma. Ora, este trabalho conjunto A CABRA/RUC, dá-nos algumas luzes sobre as ra zões que explicam este triste fado.

A importância desta sondagem ultrapassa,

dicativa levada a cabo pela AAC (34,8 por cento), do que os que a consideram insuficiente (25,9 por cento). Neste tema, 38,7 por cento declara ram não ter opinião formada. Apesar de não ser tão representativo, houve ainda 6 estudantes que a consideram excessiva.

RJIES

Quanto ao assunto da revisão, manutenção ou revogação do RJIES, as respostas foram as mais expressivas no que toca à ignorância acerca do tema. Este tópico contou com 59,5 por cento dos inquiridos a responder nesse sentido. Foram 319 os estudantes que responderam no sentido da revisão, e apenas 22 prezam pela revogação. Por último, 64 pessoas apoiam a sua manutenção.

ENDA

O resultado desta sondagem foi surpreenden te neste tema: após aprovação em Assembleia Magna da saída da AAC do ENDA, apenas 6,3 por cento dos inquiridos apoiam a saída. A per manência no ENDA arrecadou 55,7 por cento dos votos, enquanto os estudantes sem opinião correspondem a 38 por cento. Isto demonstra uma clara discrepância com o deliberado na AM de 19 de outubro.

MAM/AAC - Para a Mesa da Assembleia Magna da AAC (MAM/AAC), encontram-se na corrida Gonçalo Pardal, estudante da FCTUC, pela lista S, enquanto João Maduro, da FDUC, se candida ta pela lista E. Nas sondagens, a primeira pre nuncia-se vencedora, com 314 estudantes (31,4 por cento) a assumirem votar no projeto. Por sua vez, a lista E aglomera 66 intenções de voto (6,6 por cento).

O número de estudantes que não sabe se vai votar ultrapassa os 400. Dos restantes, há 116 indecisos e 68 inclinados a votar em branco ou nulo. No geral, Gonçalo Pardal detém um maior apoio na FEUC, com 49,5 por cento. Por sua vez, e apesar de continuar atrás da lista S, João Maduro tem uma maior expressão em casa, ao obter 15,7 por cento de apoiantes na FDUC. De um modo geral, a sondagem aponta para uma vitória do candidato da lista S, o que segue a tendência da eleição para a DG/AAC.

em larga medida, o ato eleitoral. Os números são claros e não mentem. Um vasto setor do eleitorado não se revê nos cavalos de batalha defendidos pelas sucessivas DG/AAC.

Comecemos pela propina zero, uma velha rei vindicação. O que é que os números relativos a esta questão nos dizem? Primeiro, mostram que a maioria dos estudantes se mostra con tra esta reivindicação. Segundo, indica que o caderno reivindicativo da AAC está parado no tempo, não existindo, por parte dos sucessivos dirigentes, uma preocupação de perceber quais são os novos anseios dos estudantes.

Esta indiferença perante o trabalho da AAC é evi dente. Por exemplo, 38,7 por cento dos estudantes não têm opinião formada sobre o papel da ação reivindicativa da AAC e apenas 6,3 por cento dos estudantes questionados consideram que a AAC deve sair do ENDA, uma ação considerada funda

Riscos da Sondagem

- POR JOANA CARVALHO -

Esta sondagem apresenta uma margem de erro de 3 por cento e de confiança de 95 por cento. Este in quérito vai ter uma grande influência nos resulta dos. A sua divulgação vai ocorrer no último dia de campanha, pelo que não há muito espaço para os candidatos se mobilizarem e tentarem chegar aos sítios em que se encontram mais desfalcados.

Também é importante ter em conta que, ao con trário de anos anteriores, contamos com uma lista para a DG/AAC sem um candidato para MAM/AAC. Isto pode ter influência na forma como os votos da lista P se vão distribuir depois no voto para o órgão deliberativo máximo da AAC.

A amostra desta sondagem revela ainda que a maioria das pessoas inquiridas são de primeiro ano, o que pode explicar a falta de conhecimento por parte das pessoas que responderam em relação a determi nadas matérias. Por fim, a categoria “não sei” não se cinge exclusivamente às abstenções, e pode refletir a falta de interesse da amostra, como também a já referida falta de informação sobre o assunto.

*Ficha Técnica na última página.

mental por várias DG/AAC ao longo dos anos.

Em suma, as preocupações dos dirigentes as sociativos não casam com as da maioria dos estudantes. Como é que podemos mitigar este problema?, perguntará o leitor mais atento. Diria que um bom primeiro passo seria atuali zar as bandeiras da AAC, de forma a moderni zar tanto as reivindicações como a política da Académica. Caso contrário, este disco arranha do vai continuar a tocar até riscar totalmente.

13 15 de novembro de 2022 CENTRAL
Da Propina ao ENDA: o que conhecem os estudantes?
Percentagem com distribuição de indecisos Acredito que a propina deveria ser:

Estudantes e atletas: outra forma de viver a experiência universitária

Judocas treinam na SJ/AAC desde crianças. Para Francisco Mendes, apoio da UC facilita vida aos desportistas.

ASecção de Judo da Associação Académica de Coimbra (SJ/AAC) tem já 65 anos de existência e é tida como uma referên cia da modalidade em Portugal. Na atualidade, conta com 20 estudantes universitários, de di ferentes polos académicos, que dividem a sua vida entre a paixão pela modalidade e as suas aspirações académicas.

Vicente Rovira, estudante da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e Francisco Rovira, da Faculdade de Direito da UC, são gémeos com 21 anos e partilham o tapete desde os três anos. Para o primeiro, ter um irmão na mesma modalidade é bom porque "se tem um ombro amigo e um apoio extra para conse guir chegar mais longe.” Por sua vez, Francisco Rovira salienta que “é ter um parceiro para tudo numa modalidade individual como é o judo”.

Francisco Mendes, estudante da Faculdade de Farmácia da UC (FFUC) e Beatriz Moreira, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC, foram medalhados nos últimos Jogos Universitários Europeus, no passado mês de julho, na Polónia. Francisco Mendes, de 24

anos, alcançou a medalha de ouro que “procu rava desde 2018”. Para o judoca, conquistar este troféu foi uma honra por estar a “representar a AAC”. Por sua vez, Beatriz Moreira, de 20 anos, conquistou a medalha de bronze, o que se tor nou para si “um dia bastante feliz”.

Para os estudantes-atletas, estes triunfos são o resultado de um forte compromisso e exigência, pois, como a judoca refere, “é um desafio conci liar as duas vertentes” e confessa que já chegou a deixar as aulas e os estudos para trás. Para estes quatro, conciliar os dois aspetos da sua vida é bastante difícil, mas Francisco Mendes frisa que “os apoios que a universidade tem dado e as condições que há em Coimbra facilitam uma vida tanto desportiva como de estudante”.

De acordo com Beatriz Moreira, as conquis tas validam o esforço colocado na modalidade e incentivam os atletas a continuar. Contudo, Vicente Rovira realça que “não é só uma ques tão de mérito, mas também uma questão de se perceber em que patamar se está e a qual se quer chegar”. Francisco Mendes sublinha que pode ria haver mais reconhecimento por parte das várias entidades desportivas a nível nacional. Para o estudante da FFUC, os resultados fazem parte do desporto, uma vez que “quando se entra no tapete, apenas um vai vencer”. Beatriz Moreira acredita que se deve ver o lado positivo, ainda que as derrotas sejam frustrantes.

Uma das dificuldades apontadas pelos estu dantes-atletas está relacionada com a gestão do tempo, pois entre treinos, competições, estágios e a faculdade, não há muito espaço para descan sar ou socializar. Vicente Rovira confessa que a vida social acaba por ser na faculdade. Esta opinião é também partilhada pelo seu irmão Francisco, que explica que “para chegar a um certo nível há horários que são incompatíveis em termos sociais”. Para Beatriz Moreira, a vida social ficou "um bocado para trás”. A mesma explica que apenas frequentou poucas praxes e teve que falhar certos jantares de curso.

Como consequência das responsabilidades presentes na vida de um atleta-estudante, o ‘stress’ e a ansiedade podem afetar a sua saúde mental. Beatriz Moreira conta que aprendeu a lidar com estas emoções. Segundo Vicente Rovira, a ansiedade é apenas ao nível das pro vas, por lhes dar mais importância. Filipe Rosa, coordenador técnico da SJ/AAC, salien ta que ainda não foi sentida a necessidade de dar acompanhamento psicológico aos atle tas, mas destacou que os membros da secção

“estão atentos e procuram que se sintam mo tivados e acarinhados”.

As lesões são uma das partes mais desafian tes para estes atletas. Estas representam, para Francisco Mendes, uma mudança completa da sua rotina, visto que “não conseguem ter os mesmos hábitos, nem realizar as atividades regulares”. Francisco Rovira refere que nunca teve nada grave, mas confessa que tem “colegas que sentem o perigo de lesões que possam aca bar com as suas carreiras”. Todos estes atletas concordam que a parte mais difícil é ficarem afastados do que mais gostam - o tapete.

Em relação ao futuro, o desejo geral de todos é prosseguir com a sua carreira desportiva e conquistar novos títulos. Francisco Mendes ambiciona “medalhar no circuito mundial”. Em contrapartida, Vicente Rovira não tem um objetivo fixo e está disposto a ir para onde o judo o levar. Esta posição é também adotada por Beatriz Moreira, que quer ir com calma e ver o que o futuro lhe espera. Já Francisco Rovira não quer estragar a "magia" e, por isso, não tem planos definidos.

14 15 de novembro de 2022 DESPORTO
- POR ANDREINA DE FREITAS E MARIANA NEVES - Por Andreina Neves Por Andreina Neves Por Mariana Neves Cedida por Francisco Neves

AAC com olhos no pódio

Diogo Tomázio acredita ser possível equipas da casa superarem a marca da edição passada. Vencedores dos CNU têm oportunidade de se mostrar contra melhores da Europa.

Os Campeonatos Nacionais Universitários (CNU), organizados pela Federação Académica de Desporto Universitário (FADU), iniciam-se neste mês de novembro. Segundo o vogal para a políti ca desportiva da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), Diogo Evangelista, foi um dos clubes fundadores da FADU, pelo que não é a primeira vez que a aca demia compete neste nível.

O vice-presidente da DG/AAC para as Relações Externas e para as Relações Internacionais, Diogo Tomázio, esclareceu que, com o passar dos anos, os resultados das equipas académicas têm sido cada vez melhores. As suas expectati vas são que a AAC continue a sua trajetória e que exceda as 65 medalhas, conseguidas na edição anterior. Realça ainda que este é o “maior clube desportivo da zona centro, de longe”.

Para além de participar, a AAC vai também receber alguns eventos desportivos. Em feve reiro, Coimbra vai ser palco das segundas jor nadas de basquetebol, tanto o feminino como do masculino, as duas vertentes do andebol e do futsal feminino. De acordo com o vice-presiden te da DG/AAC, estas competições vão ser dispu tadas no Estádio Universitário e no Pavilhão Jorge Anjinho, com a possibilidade de recorrer a outros pavilhões da cidade.

Uma das modalidades que a Académica vai disputar é o badminton em regime misto. O evento vai decorrer nos dias 22 e 23 de novem bro, no Porto. A segunda fase, individual, vai

ocorrer apenas no próximo semestre.

O treinador da equipa universitária de bad minton, Diogo Silva, que ocupa este cargo pelo quinto ano consecutivo, revela que o desempe nho da academia tem sido positivo. Os atletas têm conseguido medalhas de pódio nas últi mas edições dos jogos da FADU. Nesta edição, os participantes pretendem manter ou melhorar os seus resultados.

A AAC também está inscrita na competição de xadrez, modalidade disputada em equipas mis tas. Este campeonato tem data marcada para o próximo dia 24, no Porto. Embora ainda não tenha a equipa finalizada, o vice-presidente da Secção de Xadrez da AAC (SX/AAC), Eduardo Nunes, mostra-se confiante em relação ao po tencial dos participantes. Revelou ainda que, para além de se sentir aliviado com o regres so aos campeonatos presenciais, sente que “há mais do que qualidade na SX/AAC” para ficar bem qualificada.

Outros campeonatos a serem disputados pela AAC são os de basquetebol. Nesta modalida de, a organização do campeonato é diferente das anteriores. Os rapazes vão passar por duas Jornadas Concentradas (JC), com a primeira dividida entre Norte e Sul. O mesmo acontece com as atletas, mas sem divisões regionais.

A equipa conimbricense masculina vai par ticipar na primeira JC do Sul, que vai ter lugar em Faro, sob a coordenação da Associação Académica da Universidade do Algarve, nos dias 16, 17 e 18 de novembro. A segunda jornada

vai ser realizada em Coimbra, de 27 de fevereiro a 1 de março. Das dez equipas inscritas, as duas melhores vão ter acesso direto para a Fase Final e o terceiro classificado vai disputar os ‘play-o ffs’ contra a melhor associação das ilhas. Os re sultados vão ser disputados em jogos, de quatro partes com seis minutos de duração cada uma.

A primeira JC de basquetebol femini no realiza-se nos dias 29 e 30 de novembro, em Guimarães, acolhida pela Associação Académica da Universidade do Minho. Já a segunda, vai ser disputada em Coimbra e, tal como acontece com a competição masculina, apenas as duas melhores equipas têm acesso direto para a Fase Final. De acordo com o trei nador da equipa, Gonçalo Melo, a mesma não participa há duas edições consecutivas e a sua presença este ano deve-se à iniciativa das pró prias atletas. Por questões logísticas, ainda não tiveram a possibilidade de iniciar os treinos.

Diogo Tomázio mostra-se confiante no desem penho dos atletas e na preparação das compe tições. O vice-presidente da DG/AAC acredita que, mesmo após uma pausa forçada causada pela pandemia da COVID-19, “o rendimento dos atletas continua ao nível desejado”.

Os vencedores dos CNU qualificam-se para os Jogos Europeus Universitários, organizados pela ‘European University Sports Association’. A edi ção de 2023 vai decorrer entre os dias 25 de junho e 2 de julho, na cidade de Tirana, na Albânia.

15 15 de novembro de 2022 DESPORTO
Por Simão Moura

Como a linguística nos constrói

Estudo visa analisar particularidades de várias linguagens. Cientista reforça a importância “transversal” da área.

Oprojeto “TypoMetaLing: Effect of lin guistic experience on metacognition in language tasks and transfer to non -linguistic behavior” ganhou 1,5 milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação. Desenvolvido por Leona Polyanskaya, investi gadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), o projeto internacional liga lingua gem e comportamento.

O projeto procura entender as particulari dades de várias linguagens e de que forma in fluenciam a nível cognitivo e comportamen tal. A ideia para esta pesquisa surgiu quando Leona Polyanskaya era professora na Rússia e dava aulas a alunos monolíngues e bilíngues. Nessa altura, a investigadora reparou que os alunos bilíngues abordavam a resolução de problemas matemáticos e aprendiam novas línguas de forma diferente. Ao mesmo tempo,

os monolíngues tinham dificuldades que os bilíngues não tinham.

Após observar estas divergências, a investiga dora da UC ganhou interesse em compreendê -las. O objetivo prendia-se em inferir o porquê de monolíngues e bilíngues diferirem, assim como tornar as aulas para os dois grupos mais eficazes. Dedicou-se à linguística no seu dou toramento e trabalhou em diferentes países, o que lhe possibilitou a observação de outras convivências e linguagens. Apesar de já possuir um maior entendimento sobre o tema, a antiga docente continuou focada na “procura de res postas” e candidatou-se à bolsa. Estes fundos vão permitir levar esta pesquisa aos locais e às pessoas necessárias. “Quando és investigadora tu queres sempre mais, tens uma resposta e dez perguntas”, contou.

Esta investigação vai ser realizada à escala mundial e tem como critério pessoas que falem

só uma ou duas línguas. Leona Polyanskaya es pera que o projeto se realize, tanto em campo, como em laboratório, pois pretende analisar os resultados entre as instâncias. Revela, tam bém, que o ambiente em que se analisa uma po pulação é influenciado por vários fatores, como a distância ao mar, o contacto com animais, o ruído da cidade, entre outros.

A investigadora vai contar com ajuda de uma equipa, já que “o projeto tem uma dimensão grande”. Leona Polyanskaya admite ter preci sado de “recrutar pessoas para formar um bom corpo”. A equipa vai englobar outros investiga dores, estudantes de doutoramento e técnicos, que vão ajudar na pesquisa, na comunicação com o público e na construção de ‘websites’. A cientista afirma que o projeto tem uma impor tância “transversal” para a sociedade, dado que todas as áreas beneficiam deste.

4 milhões de euros vêm limpar água europeia

UE financia projeto internacional para proteção da qualidade da água de consumo. Objetivos principais são mudança de legislação e estudo de impactos na saúde.

No âmbito do “Horizonte Europa”, pro grama da União Europeia (UE) para o incentivo da investigação e da inova ção, surge o “H2OforAll”, projeto internacio nal liderado pela Universidade de Coimbra (UC). A iniciativa arrancou dia 1 de novembro e acaba de receber um financiamento de qua tro milhões de euros. Este projeto conta com a parceria de 18 entidades de dez países diferen tes, dentro e fora da UE. O principal objetivo é o desenvolvimento de tecnologias inovadoras que permitam a monitorização, prevenção da contaminação e o tratamento da água canali zada destinada ao consumo humano.

Luísa Durães, investigadora no Departamento de Engenharia Química (DEQ), é corresponsá vel pelo projeto coordenado por Rui Martins, professor no mesmo departamento. A docente explica que, hoje em dia, a maior parte dos pro cessos de desinfeção e de tratamento da água

potável são feitos através de produtos químicos à base de cloro, para a eliminação de microrga nismos. “Apesar dos produtos usados não serem nocivos para a saúde humana, ao entrarem em contacto com matéria orgânica presente na água, originam subprodutos de desinfeção”, esclarece a investigadora do DEQ. Esses com postos criados são difíceis de controlar por po derem surgir ao longo da rede de distribuição da água, o que obriga a um controlo até ao ponto de abastecimento do utilizador, explica ainda.

Para garantir a qualidade da água em toda a rede, a docente revela que vão ser estudadas e aplicadas, ainda que em protótipo, tecnolo gias de deteção rápida in-situ. Estas podem ter uma aplicação direta na qualidade e desinfeção da água e a utilização de radiação ultravioleta vem permitir eliminação dos microrganismos. Além disso, Luísa Durães indica como um dos principais desafios a complexidade das cadeias

de distribuição. “É necessário o desenvolvi mento e a aplicação de sensores que detetem os subprodutos de desinfeção no fluxo da água”, refere. A professora confessa que esta é uma “tarefa árdua”, dado que as redes têm cente nas de quilómetros, mas acredita que “é fulcral perceber onde se formam estes compostos, e evitar que se formem, para assegurar que não chegam às habitações".

Dada a magnitude do projeto e da parceria entre os diversos investigadores, institutos e empresas de países participantes, a investiga dora considera o financiamento suficiente para atingir os objetivos do projeto. A correspon sável espera que, da colaboração de todos os intervenientes, surja um estudo aprofundado para a alteração da legislação europeia, caso os resultados sejam positivos. “Queremos que não só a Europa, mas todo o planeta beba água de elevada qualidade”, finaliza Luísa Durães.

16 15 de novembro de 2022 CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Odesperdício na Festa das Latas e Imposição de Insígnias (FL) que regres sou este ano entre os dias 4 e 9 de outu bro, observou-se ao longo das ruas de Coimbra. A festa académica, que visa integrar os novos alunos da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) tem sus citado críticas. O Movimento Não Lixes, uma associação sem fins lucrativos, começou a tentar combater alguns dos excessos em 2013 e, desde então, tem-se destacado neste sentido.

Fernando Jorge Paiva tornou-se ativista devi do ao impacto do cortejo da Festa das Latas no rio Mondego. Sendo também atleta de desportos náuticos, comenta que observou “não existirem melhorias nenhumas” e acrescenta que, este ano, houve “um aumento de carros de compras furtados”. No entanto, sente-se honrado por estar a “proteger o rio das atrocidades ambien tais”. Salienta ainda que “faz sentido haver um desfile e os estudantes divertirem-se, o que não faz sentido é roubar carros de compras e atirar lixo para o chão”. O ativista quer reforçar ainda a ilegalidade destes atos.

No que toca à atitude dos estudantes, o ativista menciona que, neste último desfile, se “torna ram violentos”, ao serem abordados pelos mem bros do movimento com o intuito de recolher os carrinhos de compras. Fernando Jorge Paiva reforça que fez dez reuniões com diversos in

A (falta de) sustentabilidade na Festa das Latas

Desperdício na Festa das Latas de Coimbra conta com cerca de cinco mil toneladas de lixo. Ativista ambiental refere aumento de furtos de carrinhos de compras.

tervenientes, desde 2014 a 2019”, mas que “nin guém quis saber”, confessa. O militante conclui que não encontrou, até agora, uma pessoa num cargo de liderança que quisesse resolver a ques tão. Por outro lado, elogia a atitude da Escola Superior Agrária de Coimbra que não utiliza carros de compras no decorrer do cortejo. Deixa ainda um apelo para que esta “moda que alguém inventou seja desmontada”, face ao aumento de furtos registados.

Por parte da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), o responsável pela coordenação da FL foi o seu administrador, Rodrigo Marques. O estudante acredita que, este ano, “houve uma diminuição dos resíduos acumulados”, devido à maior sensibilização por parte dos intervenientes. Destacou ainda algumas parcerias efetuadas no âmbito da re dução de desperdícios, com a empresa Refood, a ERSUC – Resíduos Sólidos do Centro e também com a Câmara Municipal de Coimbra (CMC).

Rodrigo Marques menciona que se deve “conti nuar a trabalhar em cooperação e de forma cada vez mais atempada e evoluída”, para possibili tar uma diminuição da quantidade de resíduos produzidos. Para o administrador , os esfor ços da DG/AAC, da CMC, do público e de outras entidades foram essenciais para a recolha dos carrinhos e do lixo produzido durante o cortejo.

Segundo o coordenador-geral do evento, a

Comissão Organizadora da FL tem o trabalho de “sensibilização para a não utilização dos car rinhos de compras no cortejo”. O facto de este ocorrer em espaço aberto torna “muito compli cado tomar uma atitude de proibição”, ressalva o administrador da DG/AAC. Por outro lado, o controlo dos “resíduos produzidos nas barracas” seria algo mais fácil, afirma Rodrigo Marques. O dirigente finaliza com um apelo às próximas comissões organizadoras para terem uma maior atenção quanto à “política de sustentabilidade nas festas académicas”, para que seja possível “obter maiores resultados”.

Em colaboração, os serviços da Divisão de Saúde e Ambiente da CMC e a empresa SUMA, a contrato da autarquia, recolheram os resíduos do cortejo deste ano. Os dados, segundo a página oficial da CMC, foram de cerca de cinco tonela das e meia, Das mesmas, foi possíveis reciclar quatro toneladas e meia. Quanto ao número de recursos humanos nesta ação contou-se com 38 operacionais e, no que toca a recursos materiais, recorreu-se à utilização de 12 meios mecânicos. Por parte da CMC foram coletados quinhentos carrinhos de compras, acrescendo a outras en tidades, como a Não Lixes, que recolheram mais de dois mil no total. Em contacto com a SUMA, a requisição de dados ficou a cargo da autorização da CMC, da qual não foi obtida resposta.

17 15 de novembro de 2022 CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Arquivo
Cedida por Câmara Municipal de Coimbra

@BaixaCoimbra avança para segunda fase de candidatura

Objetivo é dinamizar comércio local com apoio da CMC, APBC e Coimbra Mais Futuro. Inclusão e melhoria na relação entre consumidor e comerciante são pilares do projeto.

Os Bairros Comerciais Digitais chegam a Coimbra após a confirmação da elegibi lidade da candidatura @BaixaCoimbra para a linha de financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A Câmara Municipal de Coimbra (CMC), a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) e a associação Coimbra Mais Futuro reúnem-se para recorrer às novas tecnologias. O objetivo é transformar as relações entre os comercian tes e os consumidores no espaço público. Esta candidatura constitui uma medida para a inclusão de um maior número de comercian tes, cujo acesso a ferramentas digitais é limita do. Em suma, o objetivo é capacitar os vende dores para formas distintas da loja física, como a digital e a híbrida, para promover negócios locais. A presidente da APBC, Assunção Ataíde,

salienta que “quanto mais Coimbra crescer para o mundo, mais se pode beneficiar com essa reciprocidade”.

A principal finalidade é proporcionar uma nova identidade visual e disponibilizar informações importantes para a tomada de decisões do con sumidor, de modo a facilitar o comércio. Desta forma, pretende-se “englobar a comunidade” e o comércio citadino diversificado e inclusivo, salienta Assunção Ataíde. Para o futuro, a presi dente da APBC revela a possibilidade de alargar o núcleo geográfico envolvido, para otimizar a relação entre comerciantes e consumidores.

O conceito de Bairro Digital permite moder nizar a vivência dos utentes de um determina do espaço urbano contíguo, com o objetivo de promover o seu comércio e a integração digi tal das cadeias de abastecimento e escoamen

to, conforme consta na página da SecretariaGeral da Economia. Assim, o foco desta linha de financiamento são os setores económicos e os modelos de negócio de elevada densidade em estabelecimentos comerciais e prestação de serviços. A presidente da APBC conta que se pretende englobar a “comunidade e não deixar de parte determinadas áreas porque a socieda de é um todo”.

Não obstante, Assunção Ataíde refere que “o que se pretende é potenciar o comércio local com outras ferramentas, sem matar o contac to do olho a olho, que é a vitalidade de uma ci dade”. Os locais abrangidos pelas medidas si tuam-se entre as imediações da Sé Velha e o Rio Mondego, e também entre a Rua da Sofia e o Parque do Mondego.

Open Day do canil promove o combate ao abandono de animais

Devido ao aumento do número de aban donos, o Canil Municipal de Coimbra está a apostar no projeto Open Day. O evento, lançado a 27 de março deste ano, em barca na sua oitava edição no mês de novembro. Para quem decide adotar um animal, neste dia, há isenção de taxas, tratamento prévio de doen ças e registro com ‘microchip’.

Francisco Queirós, vereador do serviço Médico Veterinário da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), afirma que o resultado da úl tima edição foi positivo. A seu ver, “muitas fa mílias foram ver a exposição, o que levou ao aumento do número de adoções”. De acordo com o autarca, durante o Open Day muitas fa mílias optam por adotar animais mais novos em detrimento daqueles com deficiência ou mais velhos. Como não é possível proporcio

nar melhor qualidade de vida no canil, tenta -se incluí-los em projetos.

Uma das iniciativas atuais do canil é o Cão Combate a Solidão, onde se escolhem animais do abrigo para trabalhar em lares de pessoas idosas, “fragilizadas pela idade e pela solidão”, como explicou o vereador. A seleção feita pela equipa veterinária do canil é baseada no com portamento e personalidade dos cães, de modo a definir perfis compatíveis. Outra proposta a ser implementada é a inserção de animais nas escolas – com início nas áreas suburbanas.

Mesmo com a criação de novos planos por parte do município, a falta de conscientização dos cidadãos afeta o progresso para prevenir o aumento do número de animais de rua. Além disso, Francisco Queirós apontou para a falta de apoios financeiros e para a atual crise eco

nómica, que levam a que continue a haver so brelotação no canil. Explica ainda que os preços da alimentação e saúde dos animais são tanto a causa como a consequência deste problema.

Construído em 1986, o vereador da CMC ga rante que o local já não satisfaz as necessidades para alocar os animais. Francisco Queirós men ciona que a solução “passa pela construção de um canil novo”, mas que não há previsão para o efeito por dificuldades económicas.

O foco dos trabalhos da CMC para o canil não se vai basear só no que diz respeito à adoção. Francisco Queirós menciona ainda a aprovação de um novo projeto em reunião camarária, se gundo o qual vai ser possível fornecer serviços veterinários a animais oriundos do canil que sejam adotados por famílias carenciadas.

18 15 de novembro de 2022 CIDADE
Sobrelotação e taxa de abandono são alguns problemas que preocupam vereador da CMC. Objetivo do projeto é dar visibilidade ao espaço e promover adoções responsáveis.

O “fantasma” da inflação assombra Coimbra

Futuro causa apreensão nos conimbricenses. Taxa de variação do índice de preços do consumidor tem valor mais elevado desde maio de 1992.

Acrescente inflação que impacta Portugal tem-se revelado uma fonte de preocupa ção para a população das cidades portu guesas. Os negócios de Coimbra estão dentro dessa realidade e, nesse sentido, importa perce ber como os cidadãos estão a lidar com a subida de preços observada no dia a dia.

Bruno Pedrosa, de 35 anos, trabalha como coordenador de operações da Praça da Restauração do Mercado Municipal D. Pedro V e mostrou-se receoso quanto ao panorama que assola o país. O coordenador caracterizou esta operação como “sem precedentes” na cidade coimbrã e salientou o contexto recente e parti cular da sua criação – no meio de uma guerra. Essa é uma das razões para ainda não se ter sen tido um impacto tão significativo. Embora ad mita a dificuldade em manter os preços atuais e a possibilidade de aumentos no futuro, frisou que este contratempo, até ao momento, não foi transmitido ao cliente.

O orientador acredita que as pessoas tomam decisões mais ponderadas numa situação de crise como a atual e, por isso, priorizam “outras necessidades ao lazer, como as refeições fora das suas próprias casas”. No entanto, deixa um apelo à valorização das pequenas e médias empresas, pois “as dificuldades são sentidas por todos”.

Maria Bento, de 65 anos, vendedora de frutas no mercado municipal e Aida Lopes, de 50, pro prietária do Mercadinho da Sé Velha, revelam que os seus negócios ainda não sofreram efeitos significativos causados pelo aumento de pre ços. As razões apontadas são distintas. No caso da vendedora deve-se ao facto da fornecedora

com a qual trabalha ainda não ter aumentado os preços dos produtos. Já para Aida Lopes, a sua clientela ser composta, sobretudo, por es tudantes e turistas, ainda não causou uma di minuição na afluência.

Ana Paula Simões tem 52 anos e é funcioná ria num talho no mesmo mercado onde Maria Bento trabalha. A talhante partilhou uma preo cupação comum entre as duas trabalhadoras: a quebra de vendas. Neste sentido, Ana Paula Simões reitera que “há um tempo [os clien tes] levavam quilos, agora levam só aquilo que precisam, não levam em excesso”. Na mesma linha, as três comerciantes mostraram-se apreensivas quanto ao futuro, pois, segundo Maria Bento, “ninguém gosta de comprar as coisas mais caras”.

A inflação obrigou também a que se tivesse que “poupar em tudo”, como aconteceu com Dulce Ramos, de 62 anos e cliente do mercado municipal. Contudo, esclareceu que não é a pri meira vez na sua vida que se sentiu forçada a mudar os seus hábitos de consumo e a abdicar de certos produtos para adquirir a medicação para a diabetes.

Assim como Dulce Ramos, Ana Paula Simões e Maria Bento mencionam passar por proble mas semelhantes nos seus quotidianos fora do negócio. Como relatou Maria Bento: “temos de viver com o que temos e gerir o dinheiro da me lhor maneira”.

Uma visão mais minuciosa quanto à crise que o país atravessa foi apresentada por Miguel Fonseca, vereador da Economia, Contabilidade e Finanças da Câmara Municipal de Coimbra

(CMC). O autarca explicou que “num contexto como o presente, quaisquer evoluções negativas ou positivas na situação macroeconómica na cional repercutem-se no concelho de Coimbra”.

A taxa de variação do índice de preços do con sumidor alcançou os 10,1 por cento, o valor mais elevado dos últimos 30 anos. Para o vereador, este indicativo é “um fantasma que estava no armário e que já há muito tempo se pensava que teria deixado de exercer a sua ameaça”. Miguel Fonseca mencionou também um estudo reali zado por especialistas do sono da Eachnight, no qual consta que Portugal é o terceiro país com maiores níveis de ‘stress’ financeiro para as famílias mais pobres.

Devido à CMC considerar que o comércio local pode estar mais exposto do que empresas mul tinacionais, estão a ser estudadas medidas que combatam a inflação. Assim, o orçamento fiscal para o ano de 2023 vai contar com uma redução na derrama, de 1,5 para 1,45 por cento sobre os negócios de volume superior a 150 mil euros. No entanto, estas soluções vão ser apenas “comple mentares às do Governo”, explicitou o vereador.

Por fim, Miguel Fonseca relatou a discussão corrente na Associação Nacional de Municípios Portugueses sobre a necessidade de elaboração de medidas de auxílio às autarquias, por parte do Governo Central. Enquanto esperam que o apelo seja ouvido, declarou que a CMC vai fazer os possíveis para aliviar este cenário ao máxi mo. Quando questionado sobre a possibilidade deste apelo ser ignorado, o vereador assumiu: “não temos plano B”.

19 15 de novembro de 2022 CIDADE
Por Daniela Fazendeiro

CRÓNICAS DO TRODA

Como é que é chavalos? Então, estáva mos nós tão descansados depois de uma Latada cheia de oferta cultural e não é que o trono desta monarquia está à venda outra vez? Desta vez são três patos que se can didataram ao poleiro. Nem tudo é mau, ao que parece um deles finalmente assumiu-se como xoxalista perdido a querer liderar a AAC. Será que é filho bastardo? Custou, demorou um ano a revelar ao pessoal, mas agora já conseguimos ver que todas as famílias passam por dificul dades mas acabam por se voltar a unir. Sejam bem-vindos de volta, xoxalistas <3 Mas não se preocupem, se quiserem reclamar, agora podem ir à Magna à borla. Será que também já se oferecem finos? Ah desculpem... Ao que parece, anda para aí um artista a prometer que basta entrar num autocarro dos SMTUC e temos um bilhete gratuito para as Magnas. Já alguém avisou o Zé Manel que os "seus" SMTUC falidos ainda vão ter mais esta des pesa? O que vale é que o Metro está a chegar... Nós a pensar que a Briosa estar na terceira era

Desta vez são três patos que se candidataram ao poleiro

o pior que nos podia acontecer, mas afinal há sempre mais um prego para pôr neste caixão. O que vale é que em maio voltamos a ter mais um festival, cheio de artistas que ninguém quer ver e com preços exorbitantes! A casa tá difícil de pagar, mas para a Queima há sem pre dinheiro. O tio Costa já deu 50 paus para ajudar... Vá portem-se bem e não mijem no lago, o ecológico já acabou mas há por aí uns gajos que ainda se preocupam com ele... Beijos molhados da vossa Orxestra <3

Com a chuva de outo no a cidade fica cada vez mais só nossa. Dos que cá vivem, dos que a visitam com calma e da queles que têm tempo para a partilhar. #hávidanestacidade

cabreando por aí...

20 15 de novembro de 2022
SOLTAS
O REGRESSO DOS XOXALISTAS - POR ORXESTRA PITAGÓRICA -

MULHERES, VIDA, LIBERDADE

Passaram-se 2 meses desde a morte de Mahsa Amini após ter estado presa pela polícia da moralidade do Irão por, ale gadamente violar as regras de uso do hijab ao ter deixado alguns fios de cabelo visíveis fora do seu lenço de cabeça. No entanto, o trabalho para o ser feita justiça pela morte da mulher iraniana não parou.

Desde a sua morte a 16 de setembro, ocorre ram demonstrações e protestos em mais de 80 cidades. Hoje, passadas 8 semanas, continuam os protestos: mulheres a cortar os seus cabelos e a queimar os seus hijabs, assim como demons trações de apoio por parte de estudantes. Estas são algumas das formas que o povo iranianoes tá a usar para se tentar fazer ouvir contra o rígi do código de vestimenta da República e aqueles que o aplicam. No entanto, esta revolução não foi feita sem uma reação por parte do governo da República Islâmica. A resposta por parte do Governo iraniano foi feita através do bloqueio das duas redes sociais restantes, Instagram e

WhatsApp, e a morte de dezenas de protestan tes por forças de segurança apenas por exigirem direitos humanos básicos, ao mesmo tempo que mais de 32 jornalistas já foram detidos.

A luta contra a obrigatoriedade do hijab, no entanto, já é uma luta longa.

A consagração da República Islâmica após o fim da monarquia tinha como papel preponde rante a mulher e o seu papel na sociedade. Os líderes desta república utilizavam a mulher e os seus direitos para contrastar uma mudança contra o liberalismo ocidental. Embora muitas mulheres tivessem apoiado a revolução irania na (por razões religiosas, políticas ou económi cas) muitas viram os seus direitos serem-lhes retirados numa questão de dias: foram encora jadas a criar famílias numerosas e se focar em apenas trabalho doméstico, levando ao fecho de centros de mulheres, infantários e abolição de iniciativas de planeamento familiar. Menos de um mês depois do instauro da república ocor reu o primeiro protesto contra a obrigatorie

OBITUÁRIO

dade do hijab. A força contra esta revolução foi sentida com muita força, com prisões em massa e execuções. Em 1999, estudantes reali zaram durante várias demonstrações contra a República Islâmica instaurada.

A submissão das mulheres aos poderes dos regimes opressores é histórica e só podemos pará-la reivindicando e dando voz a quem não consegue ter a sua. A luta é e sempre será pelo direito de escolha, pelos direitos humanos bá sicos e transversais. Uma sociedade só será evo luída quando atingirmos isso, e a luta só acabará quando mais nenhuma de nós seja refém do ma chismo e do patriarcado. Quantas mais de nós têm de morrer por causa de um lenço de cabelo?

Cabritando por aí MAM/AQUI

Ai Guiguinho! O que andaste a fazer por aqui… O tacho não te chegou? Precisavas também da carrinha, não é? Espero que tenhas dado um beijinho de pedido de desculpas aos putos do basquetebol. Mas calma que, tu poden do, resolves tudo com grades no bar de Direito. Mas alto lá, que conseguiste um feito: que a Académica era uma nódoa em campo já toda a gente sabia, mas evitar vergonhas ao não deixá -los sequer chegar lá, isso é de génio. Resta uma pergunta: Limites de velocidade, cumpren -se? 120 km/h em localidades? Parece pouco. És lindo, vamos sentir a tua falta, Cabrita Académico . Não leves o autocarro!

Oh chefes! Gostam de frango? Kentucky’s

Fado chicken bate bué. Mas agora muito a sério, ir com fino para uma entrevista é bom, ir com whisky e um cigarro é de lord. Grande academista que me saíste. Gosto.

Mas vamos fazer isto curto e grosso, como o povo gosta. De letras ou não, ainda és melhor a contar votos do que o teu antecessor. De degrau em degrau, toma a bastilha o galo. Sem brinco e sem tacho, estás a ficar depenado. Os galos can tam o fado? Voa, meu fofo, com toda a cagança e toda a pujança. FRA!

21 15 de novembro de 2022 SOLTAS

CINEMA

Trás-os-montes como objeto artístico

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Um dos marcos do novo cinema portu guês é o filme “Trás-os-montes” de 1976. Dirigido por António Reis e Margarida Cordeiro, é ele também um marco na docufic ção portuguesa. O filme acima de tudo vale por ser uma peça com valor etnográfico. Esse olhar sobre a gentes da terra fria mostra-nos um sítio que apesar de geograficamente não ser uma ilha parece viver num ritmo próprio. Impermeável ao passar do tempo. Entre os olhares dos seus

habitantes, as preocupações do quotidiano, o fascínio ingénuo das crianças por brincadeiras simples e a angústia das mulheres que viram os maridos partir – o objeto artístico forma-se.

O cinema português (e a arte portuguesa de forma geral) nunca esqueceram a região, com excelentes exemplos como “Restos do vento” e “Herdade”, de Tiago Guedes.

2022 ofereceu-nos mais uma peça que coloca trás-os-montes como personagem principal.

“Alma Viva” de Cristèle Alves Meira cruza o luto com a perspetiva de Alma (Lua Michel) numa narrativa que encontra suporte no desconheci do e no medo. Num jogo constante entre o terre no e o espiritual, o preconceito e a superstição. O medo como traço de personalidade de um país que ainda vive. Medo que surge neste retrato de trás-os-montes como intrínseco num Portugal que resiste no nordeste transmontano. Um re trato simples em vários aspetos, mas perspicaz.

"DEMOCRATIA DRAMATICAE

AAcademia vive por estes dias mais um momento de escrutínio democráti co, não fizéssemos nós jus ao título de Academia mais votável do País.

Constituem já umas quasi-tradições os vários fenómenos de chicana eleitoral que se perpe tuam pelas gerações e programas políticos.

Nos tempos do Clube Dramático do séc. XIX, precursor da nossa Associação Académica, as eleições eram vividas não com menos entu siasmo ou criatividade. A sociedade estudan til dividia-se em duas facções: Os Polainudos, da alta classe, de charutos, luva e polaina e a restante 'plebe', os Briosos. Eram frequentes as confrontações não só através do voto, mas também da chacota e do murro. Os Cafés ha bituais viravam sedes de campanha e na rua a batalha era regida pelos vários líderes de opi nião que argumentavam, e esmurravam-se efusivamente, pelo voto dos restantes.

Perto da data da eleição, um Brioso influente recebeu um telegrama com a notícia do fale cimento da sua mãe. Sem telefones ainda em existência, e com as distâncias na escala dos dias, este teve que ausentar-se para a sua terra natal para ir tratar dos assuntos funéreos. Deuse o acaso de, no caminho para a sua cidade, cruzar-se com um colega conterrâneo, ao qual ficou a saber que a mãe também tinha padecido de mal superior. Mas sucede-se que ao chegar a casa, para grande espanto seu, depara-se com a sua progenitora fresca e de boa saúde! Tudo não passava de uma grande farsa para desviar o seu voto e a sua influência do dia das eleições! Soube-se mais tarde, que foram cente nas os telegramas, que invariavelmente culmi naram com a vitória da lista oposta à desejada!

Hoje em dia, já não há telegramas malan dros, mas ainda se extravia uma urna de vez em quando, ou forjam-se uns Grelos...! Cabe a

cada um de nós o dever cívico e académico de pugnar por um processo eleitoral limpo e hon rado e apelar aos nossos colegas para que façam o voto de forma consciente e responsável."

Sem mais de momento,

22 15 de novembro de 2022
ARTES FEITAS
P'lo Magnum Consilium Veteranorum - Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra
ESPAÇO PATROCINADO PELO MCV
- PELO CONSELHO DE VETERANOS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA - MAGNUM CONSILIUM VETERANORUM -

De acordo com o Artigo 17º, alínea 3, da Lei de Imprensa, qualquer publicação deve divulgar, anualmente, o seu estatuto editorial.

4ACABRA e ACABRA.PT praticam um jorna lismo que se quer universitário no sentido amplo do termo – desprovido de preconceitos, criativo, atento, incisivo, crítico e irreverente.

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ACABRA e ACABRA.PT são dois órgãos de comunicação social académicos cujo objeti vo é constituírem-se – numa simbiose capaz de aproveitar o formato e estilo diferente que cada um possui – enquanto Jornal Universitário de Coimbra.

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ACABRA e ACABRA.PT têm como público -alvo a Academia de Coimbra e é sob este princípio que devem guiar as decisões editoriais.

ACABRA e ACABRA.PT orientam o seu con teúdo por critérios de rigor, criatividade e independência política, económica, ideológica ou de qualquer outra espécie.

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A isenção, imparcialidade e integrida de que devem marcar o trabalho no Jornal Universitário de Coimbra implicam por parte dos seus jornalistas o conhecimento e aceitação de regras de conduta. Assim, o jornalista deve:

1. Recusar cargos e funções incompatíveis com a sua atividade de jornalista. Neste grupo in cluem-se ligações à Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, à Queima das Fitas, ao poder autárquico, bem como a atividade em gabinetes de imprensa, na área da publicida de e das relações públicas. Deste grupo estão excluídos, por respeito para com o direito do estudante de Coimbra de participar na gestão da Universidade de Coimbra, os cargos em ór gãos de gestão das faculdades e da universida de. Cabe à Direção do Jornal Universitário de Coimbra decidir quais os casos em que a ativi dade jornalística se encontra prejudicada por outras atividades e agir em conformidade.

2. Abdicar do uso de informações obtidas sob a identificação de “jornalista do Jornal Universitário de Coimbra” (ou similares) em trabalhos que não sejam realizados no âmbito do Jornal Universitário de Coimbra. Além disso, o jornalista compromete -se ao sigilo das informações obtidas desta forma. Exceções a esta norma poderão ser autorizadas pela Direção do Jornal Universitário de Coimbra.

3. Recorrer apenas a meios legais para a obtenção da informação, sendo norma a identificação como jornalista do Jornal Universitário de Coimbra. De forma alguma podem ser usadas informações ob

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ACABRA e ACABRA.PT praticam um jorna lismo de qualidade, que foge ao sensaciona lismo e reconhece como limite a fronteira da vida privada.

são responsáveis; contudo, as decisões edito riais d’ ACABRA e d’ ACABRA.NET não estão subordinadas aos interesses ou a qualquer posi ção da Secção de Jornalismo, nem aquele facto interfere com a relação sempre honesta e trans parente que ACABRA e ACABRA.NET se obri gam a ter perante os seus leitores.

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ACABRA e ACABRA.PT são na sua essência constituídos por um conteúdo informativo, mas possuem espaço e abertura para conteúdos não informativos, que se pautem por critérios de qualidade e criatividade.

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A CABRA é um jornal quinzenal, cuja pe riodicidade acompanha os períodos de ati vidade letiva.

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ACABRA.PT é um site informativo, de atua lização diária, cuja atividade acompanha os períodos de atividade letiva.

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ACABRA e ACABRA.PT integram-se na Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra, perante cuja Direção

Princípios e normas de conduta

tidas através de conversas informais ou outras si tuações em que o jornalista não se identifica como tal e como estando em exercício de atividade.

4. Abdicar de se envolver em atividades ou to madas de posição públicas que comprometam a imagem de isenção e independência do Jornal Universitário de Coimbra. Contudo, o Jornal Universitário de Coimbra reconhece o direito inalienável do jornalista universitário a assu mir-se como cidadão. Assim, nunca um jorna lista do Jornal Universitário de Coimbra será impedido de se manifestar em Reunião Geral de Alunos ou Assembleia Magna, desde que não es teja nessa altura em exercício da sua atividade jornalística, em cujo caso deverá prescindir do seu direito de expressão e voto. De igual forma, nunca será impedido de participar ativamente em qualquer atividade pública. Cabe à Direção do Jornal Universitário de Coimbra decidir quais os casos em que a atividade jornalística se encontra prejudicada por outras atividades e agir em conformidade.

5. Ter consciência do valor da informação e das suas eventuais consequências, particularmente no meio académico de Coimbra, no qual o Jornal Universitário de Coimbra é produzido e para o qual produz. Neste contexto particularmente sensível, o jornalista deve ter especial atenção à proveniência da informação e à eventual parcia lidade ou interesses da fonte (não descurando o imprescindível processo de cruzamento de fon tes), bem como garantir uma igualdade de repre sentação em caso de informações contraditórias

ou interesses antagónicos, evitando que o Jornal Universitário de Coimbra se torne meio de comu nicação de qualquer instituição, grupo ou pessoa. Num meio em que o desenrolar de acontecimen tos pode afetar, direta ou indiretamente, o Jornal Universitário de Coimbra, o jornalista tem tam bém que saber manter o distanciamento necessá rio para a produção de uma informação rigorosa.

6. Garantir a originalidade do seu trabalho. O plá gio é proibido. Nestes casos, a Direção do Jornal Universitário de Coimbra deverá agir disciplinar mente e o jornal deverá retratar-se publicamente.

7. Recusar qualquer tipo de gratificação exter na pela realização de um trabalho jornalístico. Estão excluídos deste grupo livros, cd’s, bilhe tes para cinema, espetáculos ou outros eventos, bem como qualquer outro material que venha a ser alvo de tratamento crítico ou jornalístico; constituem também exceção convites de enti dades para eventos que tenham um inegável interesse jornalístico (por exemplo, convites da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra para cobertura do Fórum AAC). Cabe à Direção do Jornal Universitário de Coimbra resolver qualquer questão ambígua.

8. Qualquer derespeiro em relação aos pontos acima vigentes implicará uma queixa por parte da Direção do Jornal Universitário de Coimbra e do seu Conselho de Redação às entidades com petentes, nomeadamente o Conselho Fiscal da Associação Académica de Coimbra, ou à forma lização de procedimentos legais.

23 15 de novembro de 2022 ARTES FEITAS
INFORMATIVO ACABRA.PT
DO JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA A CABRA E DO PORTAL

Mais informação disponível em

Editorial

Deixem a Sátira em Paz

Aépoca eleitoral é sempre um momento tumultuoso na Academia. Muitas reu niões, manifestos, conversas de café marcam a semana de campanha, enquanto o “trono real” se encontra à espera do seu su cessor. Pelo menos, o cargo de presidente de dois dos órgãos centrais mais importantes da Associação Académica de Coimbra parece ter sido encarado assim por muitos.

Este ano prova não ser diferente, sobretudo agora que vemos o regresso de uma tradição, que parece estar por muitos esquecida: as listas satíricas. A lista P – Parem de Empatar traz de volta à memória a candidatura de Bruno Briosa, um canídeo que por aqui passou em 1997 e quis deixar a sua marca.

O mais importante destas listas não é o facto de terem como cara principal criaturas não hu

manas, nem tão pouco as propostas que apresen tam. Estes projetos trazem ao de cima, por entre risos, os problemas fundamentais não só do Ensino Superior, como também, neste contex to em específico, os problemas estruturais que assolam a nossa casa, e que parecem persistir.

Não é que as listas de sátira representem uma falta de seriedade para com os assuntos que in teressam aos estudantes. Precisamente por serem ridículas e de paródia é que é possível ver o quanto estes assuntos não estão a ser le vados a sério.

Não me considero uma pessoa necessariamen te fatalista, mas faço parte desta casa há tempo suficiente para perceber que velhos hábitos são difíceis de mudar. No entanto, não me considero acima de uma boa gargalhada acerca dos vícios de uma instituição que a muitos diz tanto.

Ficha técnica

O inquérito publicado nesta edição foi realizado no dia 10 de novembro, entre as 9 e as 18 horas. Mil estudantes foram questionados, correspon dente a cerca de 3,5 por cento dos estudantes

Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

Depósito Legal nº478319/20 Registo ICS nº116759

Propriedade Associação Académica de Coimbra

Morada Secção de Jornalismo

Rua Padre António Vieira, 1 300-315 Coimbra

da UC, de forma aleatória, de entre todas as fa culdades. A distribuição das amostras foi feita com base em dados numéricos cedidos pela UC, tendo em conta quantos estudantes tem cada

Diretora Joana Carvalho

Equipa Editorial Luísa Macedo Mendonça & Simão Moura (Ensino Superior), Raquel Lucas & Ana Filipa Paz (Cultura), Larissa Britto & Fábio Torres (Desporto), Eduardo Neves & Sofia Ramos (Ciência & Tecnologia), Clara Neto & Daniel Oliveira & Sofia Variz Pereira (Cidade), Gabriela Moore & Sofia Ramos (Fotografia)

Colaborou nesta edição Mateus Araújo, Marcelle Brooman, Ana Cardoso, Frederico Cardoso, Benny Correia, Daniela Fazendeiro, Andreina de Freitas, Luís Gonçalves, Letícia Lopes, Hugo Marques, Sam Martins, Sofia Moreira, Mariana Neves, Bruna Passas, Maria Inês Pinela, Alice Rodrigues, Luísa Rodrigues, Bruna Santa

unidade orgânica. A responsabilidade desta sondagem é do Jornal Universitário de Coimbra – A CABRA e do departamento de informação da RUC.

Conselho de Redação Luís Almeida, Tomás Barros, Inês Duarte, Filipe Furtado, Leonor Garrido, Hugo Guímaro, Margarida Mota, Bruno Oliveira, João Diogo Pimentel, Paulo Sérgio Santos, Pedro Emauz Silva

Fotografia Hugo Marques, Daniela Fazendeiro, Andreina De Freitas, Mariana Neves, Benny Correia, Joana Carvalho

Paginação Ricardo Sacadura, Mariana Tavares da Silva

Impressão FIG - Indústrias Gráficas, S.A. Telf.239 499 922, Fax: 239 499 981, e-mail: fig@fig.pt

Produção Secção

Associação

Tiragem 2000
de Jornalismo da
Académica de Coimbra
Não me considero uma pessoa necessariamente fatalista, mas faço parte desta casa há tempo suficiente para perceber que velhos hábitos são difíceis de mudar.
- POR JOANA CARVALHO -
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