Edição 308 Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

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3 DE MAiO DE 2022 ANO XXXII Nº308 GRATUITO PERIÓDICO DIRETOR TOMÁS BARROS EDITORES EXECUTIVOS FRANCISCO ­BARATA E CARINA COSTA

Cultura nem no Recurso ENSINO - PÁG. 2-3 -

A um mês do começo da QF, estudantes preocupam-se com subida de preços dos carros alegóricos

CULTURA - PÁG. 7 -

Após três anos de pausa, as Jornadas de Cultura Popular retornam a Coimbra com o tema “FESTA: Ritos e Gentes”

DESPORTO - PÁG. 9 -

João Pereira, novo secretáriogeral do Conselho Desportivo, apresenta principais objetivos para o mandato

CIÊNCIA - PÁG. 13 -

UC entre as melhores colocadas em ‘ranking’ que avalia medidas sustentáveis no meio universitário

CIDADE - PÁG. 14-15 -

Depois de Mónica Quintela, Pedro Coimbra fala sobre os temas caros à região e que podem marcar os próximos quatro anos da legislatura


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À boleia do cortejo da Queima das Fitas Concurso público de construtores recebeu apenas uma candidatura. Estudantes preocupados com preços elevados com aproximar do cortejo - POR EDUARDO NEVES E DANIEL OLIVEIRA -

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pós dois anos sem se realizar, o cortejo da Queima das Fitas (QF) está de volta. Uma ­ ­alteração do regulamento para os carros alegóricos que vão participar na cerimónia, introduzido pela Comissão Organizadora da QF (COQF), em 2020, vai ser aplicada pela primeira vez no mês de maio. O cancelamento do cortejo da QF’20 levou à não devolução da maioria dos pagamentos já efetuados pelos estudantes para a construção dos carros. Na altura, não havia regulamentação que contemplasse o retorno do dinheiro, devido a fatores externos, esclarece o coordenador-geral da COQF’22, Carlos Míssel. Refere ainda que esta situação levou a que a comunidade estudantil se virasse contra a organização da QF. Advogados foram contactados, mas não houve progresso na devolução do dinheiro, acrescenta Carlos Míssel. Concurso público: comissões e empresários analisam prós e contras Assim, foi anunciado a 1 de setembro do mesmo ano que a construção dos carros seria controlada por um concurso público, a partir de 2021. A medida requer que os construtores enviem para a COQF um conjunto de documentos que demonstrem que estão aptos

para construir carros alegóricos. O coordenador-geral da COQF’22 afirma que o novo regulamento visa “uniformizar” os contratos, para dar “mais segurança a ambas as partes”, num “negócio paralelo onde, em tempos anteriores, não se conseguia intervir”. Alerta também que esta medida vai continuar nos próximos anos. As presidentes das comissões dos carros de Jornalismo e Comunicação e de Comunicação Social, Íris Marçal e Mariana Ferreira, não concordam com essa imposição. Como só se candidatou um construtor, Bruno Leal, a comissão do carro de Comunicação Social não pode escolher outro, com a consequência de não conseguir participar no cortejo, explica Mariana Ferreira. Íris Marçal afirma que é “quase como se os carros pudessem ser uniformizados, o que não funciona”. Carlos Lima, construtor de carros para o cortejo da QF há mais de 20 anos, conta que, “mesmo que se ins­ crevessem 20 empresas, os estudantes podiam gostar de trabalhar com os familiares e, neste momento, não podem”. Acredita que “os estudantes devem ter a liberdade de fazer os carros com quem quiserem, ou de se­ rem eles mesmos a fazer”. Quanto à alegada limitação da escolha por parte dos estudantes, Bruno Leal menciona que, visto ser o único construtor a inscrever-se, isso condiciona as comissões. O empresário adota uma posição compreensiva para com o novo regulamento e admite não sentir maior controlo por parte da COQF’22, mas sim

uma “maior salvaguarda para as comissões de carro”. No entanto, aponta que, “se houvesse construtores, seriam todos livres de apresentarem os seus preços e as suas soluções”. Carlos Míssel assegura que a COQF’22 não tinha “qualquer interesse em haver apenas um construtor, pelo que foram estendidos os prazos para a inscrição” e relembra que o concurso está ainda aberto. Outro dos aspetos que a COQF pretende controlar com o novo regulamento são os excessos provenientes do número de latas de cerveja que vão em cada carro alegórico. Por um lado, Mariana Ferreira, também estudante da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), considera que a medida é positiva, porque, do que ouvia de amigos e colegas de outros anos, “acabava por ser sempre um desperdício”. Já Íris Marçal, também estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), julga que, face aos vários constrangimentos que a comissão do carro de Jornalismo e Comunicação tem sofrido, a medida não é relevante. Por outro lado, Carlos Lima acha que as limitações nas bebidas “estão mal”, uma vez que “mil latas não chegam para o tempo que [os carros] estão parados”. Outra queixa levantada está relacionada com a taxa de inscrição das comissões para participarem no cortejo da QF, no valor de 600 euros. De acordo com a presi­ dente da comissão do carro de Jornalismo e Comunicação, o valor não estava contemplado no regulamento do cortejo. No entanto, Carlos Míssel frisa que a taxa já é cobrada desde 2010. Segundo o mesmo, o valor diz respeito à contratação de entidades de segurança, bombeiros, entre todos os outros custos que envolvem a cerimónia. Aumento dos preços é principal entrave à construção dos carros O grande desafio evidenciado pelas comissões tem sido a gestão financeira e angariação de fundos. A presi­dente da comissão do carro de Comunicação Social conta que, em princípio, vão ter “uma carrinha, e só isso são quatro mil euros”. Aponta também para o custo das flores e das bebidas, que eleva o valor total de construção do carro para os cinco mil euros, fora o

FOTOGRAFIA NINO CIRENZACEDIDA POR STEFAN CANDEA

SOFIA RAMOS


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custo da taxa de inscrição. Íris Marçal relata que tinha falado com Carlos Lima, que não se inscreveu, e que apresentou preços “muito mais vantajosos” do que Bruno Leal. Ambas as presidentes das comissões consideram, portanto, que o custo dos carros alegóricos é muito elevado. Carlos Lima defende que a COQF’22 devia ajudar os estudantes e as empresas e “não vê nenhum motivo para o aumento dos preços”. Já Bruno Leal atribui os valores praticados a flutuações do mercado e o aumento do custo das matérias primas. Explica ainda que outros aumentos de valores do cortejo foram fruto de inflação, e não incutidos pela COQF. Carlos Míssel admite que a organização também está a sofrer com o aumento de preços. Ressalva, no entanto, que não está a par do aumento do custo de matérias primas, já que é um “negócio paralelo à comissão organizadora”. Confirma também que a COQF não subiu os seus preços, mesmo com o aumento nos pagamentos a fornecedores. O coordenador-geral da COQF’22 informa que uma proposta para haver um “teto máximo” nas despesas de carros foi mencionada, mas que isso levaria a um envolvimento na questão comercial do cortejo “excessivo”. A estudante da FLUC acredita que a sua comissão se encontra em “desvantagem”, visto que é constituída por apenas 12 pessoas, o que diminui a quantidade de elementos disponíveis para angariar fundos. O mesmo ocorre com a comissão do carro de Comunicação Social, que conta com 15 membros, afirma Mariana Ferreira. Segundo o regulamento do cortejo da QF, se uma comissão tiver menos de 16 elemen-

tos tem de pedir permissão ao Magnum Consilium Veteranorum­­­ para participar. Para conseguir dinheiro para a construção do carro, a estudante da ESEC refere que a sua comissão começou a fazer convívios o semestre passado. No entanto, frisa que não puderam fazer muito, porque “ainda havia muitas restrições derivadas à COVID-19”. A presidente da comissão do carro de Comunicação Social acrescenta que “a maior parte dos carros da ESEC não tem dinheiro suficiente para o carro” e que, portanto, pode não conseguir participar. Do trajeto do Cortejo à construção dos carros alegóricos: novidades e anseios Nas edições passadas de cortejo da QF, foram reportados incidentes na entrada dos carros para a Praça 8 de Maio. Quando questionado sobre o trajeto, Carlos Míssel apontou para uma mudança no trajeto habitual do cortejo. Este ano, os carros vão seguir pela Rua da Sofia, em direção à Ponte de Santa Clara, pela Avenida Fernão Magalhães. Esta é uma medida de segurança que, como explicou o coordenador-geral, foi requerida por parte da Polícia de Segurança Pública. Com o cortejo a aproximar-se, o tempo para cons­ truir e finalizar a decoração dos carros é cada vez menor. Íris Marçal não sabe “como é que apenas um construtor vai conseguir acabar cem carros” dentro da data limite. Mariana Ferreira confessa que, apesar de a comissão do carro de Comunicação Social já ter pago o primeiro sinal para a construção do carro, não sabe “o que vai acontecer”. Ressalva ainda a importância da colaboração entre as comissões da Universidade de

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Coimbra e do Instituto Politécnico de Coimbra. No entanto, Bruno Leal garante que, “por enquanto, está tudo a correr como programado”. O construtor apenas relata que não consegue colocar mais adornos nos carros, como bonecos e costuras, por falta de tempo. “Todas as condicionantes que existem para que o cortejo seja possível limitaram o tempo para executar os trabalhos todos”, acrescenta o empresário. Até ao dia 15 de maio, Bruno Leal espera ter os carros finalizados. Uma semana antes do cortejo, o construtor vai entregar os veículos às respetivas comissões, para que estas coloquem as flores de papel, que não estão incluídas nos custos de preparação. O construtor também não inclui a esferovite e as plaquetes. Os materiais incluídos na construção dos carros variam consoante a empresa contratada, segundo constata Carlos Lima, que incluía as flores de papel no valor dos seus carros. A QF’22 vai ter início no dia 20 de maio, com o cortejo a ocorrer no habitual domingo, dia 22, do mesmo mês. Bruno Leal considera que o regresso à normalidade é positivo. Íris Marçal crê que, com o alívio da pandemia, o cortejo “não vai ser um problema”. Apesar disso, a presidente da comissão do carro de Jornalismo e Comunicação mantém-se reticente em relação à qualidade da cerimónia deste ano, face às edições anteriores, e não entende como é que “esta organização vai levar uma QF avante”. Carlos Lima gos­ taria que a preparação dos carros alegóricos voltasse “ao que era, que era o justo, com liberdade contratual”. Já Bruno Leal espera que a COQF tenha a capacidade de manter o cortejo no futuro.

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O continuar de uma DG/AAC de Valores - POR ALEXANDRA GUIMARÃES E RAQUEL LUCAS -

João Caseiro, estudante na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, é eleito novo presidente da DG/AAC e garante continuidade de uma Académica de Valores. O dirigente destaca a curta duração do mandato como principal adversidade e condena as declarações do reitor Amilcar Falcão. Entre os pontos-chave do mandato, João Caseiro salienta a estabilidade, o reforço da ação social e as remodelações do edifício da AAC

SIMÃO MOURA


3 de maio de 2022 Quais são os desafios em assumir, neste momento, a presidência da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC)? Dado que vou assumir o cargo no fim do ano letivo, o maior desafio é levar a cabo todo o trabalho pendente. Quais são as principais medidas que a nova DG/ AAC pretende implementar? Não considero que sejamos uma nova DG/ AAC, porque mantivemos a mesma equipa, o que é benéfico para que o trabalho continue da melhor forma possível. O objetivo é implementar o plano de atividades e de orçamento, assim como criar medidas estáveis dentro da casa, algo planeado desde novembro. Qual é a posição da DG/AAC em relação às recentes declarações do reitor? A posição da DG/AAC, como referido em Assembleia Magna (AM), passa pela demarcação e condenação das posições do reitor. A refeição social e a reabertura das cantinas fazem parte das vossas prioridades? Que ações vão realizar nesse sentido? Um dos principais focos é o regresso do prato social às Cantinas Rosas, algo para o qual a DG/ AAC tem trabalhado. Continuamos a agir em proximidade com a reitoria e com os Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra no sentido dessa reivindicação. Esta semana foi-nos dito que há uma previsão do regresso do prato social para setembro. Caso não se cumpra esse compromisso, cá estaremos para prestar contas, enquanto DG/AAC. Planeiam dar alguma resposta face aos preços altos e à falta de camas nas residências? Sim. Fazemos questão de contactar com os delegados das residências, para saber as pro­ blemáticas de cada uma, aspeto crucial no Ca­ derno Reivindicativo da AAC para as Eleições Legislativas. O objetivo é manter a proximidade com os estudantes que moram em residências e estar a par das condições em que vivem e dos preços que pagam, de forma a garantir condições dignas para habitarem, estudarem e se desenvolverem. Existe, então, uma necessidade de reforçar a ação social? Claro que sim, tanto a nível local, como nacio­ nal. Na manifestação do Dia Nacional do Estudante, em Lisboa, tentámos passar aos go­vernantes a mensagem de que a ação social dada aos estudantes é insuficiente para as suas necessidades. A nível local, a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) anunciou a criação de uma residência estudantil com uma sala de estudo aberta 24h. Foi relevante referir à CMC a pertinência de a AAC estar envolvida no processo. O combate à propina vai ser um dos objetivos? Como planeiam fazê-lo? Essa é uma luta antiga da AAC, reforçada este ano com a manifestação nacional de estudantes e com o Caderno Reivindicativo. Vamos conti­ nuar a trabalhar nesse sentido e a calcular as medidas adequadas para efetivar, pelo menos, uma redução, sem deixar de parte as propinas dos estudantes internacionais. A nível de 2º e 3º ciclo, é fundamental definir decretos legais que não permitam abusos.

Em relação às denúncias de assédio que têm sido tópico de debate, preveem alguma ação? Antes dos casos reportados na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa já tínhamos aberto um gabinete no Student Hub, que incluía orientação nesse sentido. Também em AM foi proposta a criação de uma plataforma para denúncias e reclamações, não só sobre assédio, mas com o propósito de encaminhar, prestar apoio e ob­ter dados estatísticos. Existem muitas pessoas que não se sentem à vontade para avançar com quei­ xas, algo que só as vítimas compreendem, pelo que é necessário ter sensibilidade ao referir estas questões. Enquanto AAC, estamos cá para garantir que os nossos colegas se sintam à vontade para falar, de forma a desconstruir qualquer preconceito relativo à temática. Há que combater o assédio, visto que é um problema transversal e não só da nossa comunidade. As obras no edifício da AAC constam dos planos a curto prazo? Que tipo de remodelações vão ser levadas a cabo? As obras estão previstas para o início de maio e vão incidir sobre os telhados e os terraços. Após uma primeira fase, que vai durar cerca de cinco meses, vamos negociar um seguimento para as intervenções, que são necessárias para que o edi­ fício persista. Consideras que as secções têm espaço suficiente e adequado para desenvolver o seu trabalho? Que medidas estão previstas nesse sentido? Neste momento, aquilo de que dispomos não é suficiente para albergar tudo que é inerente ao movimento associativo e à vida estudantil, como eu próprio referi em AM. Ao longo dos anos, a AAC tem crescido, mas as condições a nível de espaços estagnaram, pelo que vamos apurar que expansões podem ser efetuadas. Vão averiguar isso junto da reitoria? Sim. Na AM não aprofundámos esse debate, mas deixámos a intenção de começar as negociações. Na tua opinião, a AAC possui sustentabilidade financeira? Apesar de existir dívida interna e externa, geri­ mos o que temos, de acordo com os apoios que nos são dados. Se as contas da AAC forem mais sustentáveis, conseguimos dar um desenvolvimento mais consistente à casa, pelo que vamos trabalhar para que haja um reforço dessas ajudas. Os apoios vão ser apenas públicos? Ou não excluem parcerias com entidades privadas? Vão ser, na sua maioria, públicos, de acordo com o cariz da AAC, mas não excluímos outras hipóteses de financiamento. Seja o que for acordado, nunca pode ir contra os nossos princípios, enquanto casa, e o interesse dos estudantes. Têm novas parcerias em mente ou ainda estão a analisar a situação? É uma situação em análise. No início do mandato vimos algumas possibilidades, mas não conseguimos realizar as candidaturas devido aos prazos. Pode ser algo a ser feito no final da nossa DG/AAC. Com a Queima das Fitas (QF) a aproximar-se, estão previstas melhorias em relação à última edição? Esta QF é um regresso à normalidade, visto que

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se vai realizar em maio e com todas as atividades que lhe são inerentes, o que é benéfico para a festa em si. Por se tratar de uma situação excecional, consideras que o tempo de campanha de três dias foi suficiente para mobilizar os estudantes? O fundamental era a informação chegar aos estudantes, o que acontece com mais facilidade se a campanha for presencial nas faculdades. No contexto da eleição extraordinária, não era possível fazer mais do que três dias de campanha. Apesar de não ter chegado a todos os estudantes, a informação circulou e chegou à maioria, graças ao bom trabalho dos órgãos de comunicação da casa e de Coimbra. Enquanto candidatos, tivemos oportunidade de falar dos nossos projetos, ideias e das divergências existentes. Como explicas a afluência às urnas, dado que foi das mais baixas dos últimos anos? Esta foi uma eleição extraordinária, num momento em que não é habitual haver eleições para a DG/AAC e em que tiveram lugar votações para outros órgãos da casa. Também contribui para a baixa afluência o facto de as urnas terem sido centralizadas e de não ter havido um dia de voto antecipado. É compreensível que a afluência não tenha sido como a de novembro. Ainda assim, neste contexto, 1700 eleitores é um número razoável, mas claro que não é satisfatório, porque uma percentagem de abstenção elevada não é algo positivo. Em que pontos achas que a próxima Assembleia de Revisão de Estatutos se deveria focar? O primeiro aspeto que me ocorreu foi o que levou a esta eleição, ou seja, o não estar previsto o falecimento de um presidente ou a sua incapacidade no exercício de funções. É algo que deve ser revisto e pensado, assim como outros pontos, para prever este tipo de situações. Os estatutos têm que ser desburocratizados e tornados claros, para que os órgãos os consigam analisar de forma acessível. Na tua última entrevista ao Jornal A Cabra, mencionaste a necessidade de estabilidade na AAC. O que é que isso engloba e como o planei­ as colocar em prática? Ao falar em estabilidade, referia-me às valências da AAC a nível de trabalho da DG/AAC e do contacto com os estudantes, assim como com quem trabalha na casa. É de salientar a importância da relação com as secções e os núcleos, sem esque­ cer os parceiros locais e nacionais. A estabilidade, algo já em construção, é garantida ao manter-se a mesma equipa na Direção-Geral. O facto de este ser um mandato curto pode re­ presentar um entrave aos vossos planos de ação? Como a DG/AAC manteve as suas funções durante o período da exoneração, já conseguimos efetivar vários planos e mudanças. O mandato não está encurtado. Pelo contrário, a sua continuidade foi assegurada. Tens alguma mensagem a deixar aos estudantes? Agradeço o voto de confiança e por compreende­ rem a legitimidade da DG/AAC eleita em novembro. Estamos nesta casa para trabalhar pela estabilidade e pela proximidade com os estudantes e com todas as estruturas, do ponto de vista interno e externo. Queremos garantir que existe sempre abertura para discussão e para o desenvolvimento da AAC.


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Cesário Silva: “Tu queres, tu tens” Da capacidade única de agregação à luta constante pelos valores daquele que marcou a história da AAC. “A imagem que fica é do Cesário a rir, porque foi assim que ele viveu” - POR LUÍSA MACEDO MENDONÇA E CRISTIANA REIS -

“Ele inspirava-me, inspira-me e inspirará ­ sempre porque, na minha vida também tentei ter sempre a sua atitude: acima de tudo, lutar por aquilo em que acreditamos­­”, Daniel Aragão

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or vezes, até as pessoas mais acarinhadas partem cedo demais, ainda com um caminho tão rico à sua frente que a notícia faz abalar todas as crenças dos que as rodeiam. A 12 de março de 2022, Coimbra e toda a comunidade académica receberam a notícia da perda do seu presidente, Cesário Silva. A sua imagem vai perpetuar-se, não por ser o protagonista da notícia inédita do primeiro presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC) a falecer em funções, mas pelo seu constante sorriso pelos corredores de todos os polos da academia. Vai ser, sim, a imagem de um exemplo para muitos, a imagem de um “verdadeiro” academista, de um verdadeiro amigo, de um verdadeiro presidente. Nascido em Coimbra a 12 de agosto de 1997, Cesário Ribeiro da Fonseca Andrade Silva estudou Engenharia Informática na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (UC), e era aluno de mestrado na mesma área. Mas o seu percurso não ficou por aí. Como pessoa envolvida nos projetos, academista que era, Cesário desde cedo esteve envolvido no Núcleo de Estudantes de Informática da AAC, foi senador e membro do Conselho Geral da UC, até chegar a presidente da Direção-Geral da AAC (DG/AAC). Os seus colegas ­ destacam a sua capacidade de unir as

FOTOGRAFIA CEDIDA POR MARIANA SILVA

pessoas ao seu ­redor e a sua genuinidade, pelo facto de ter conseguido agregar uma equipa e uma Académica nem sempre de acordo, mesmo depois de falecer. Em novembro de 2021, a sua ideia para a “Académica de Valores” saiu vencedora. No final, a brincadeira dos seus amigos do Polo II tinha-se concretizado. “Ele ter chegado a presidente não me surpreendeu. Gozávamos muitas vezes com ele a dizer que um dia iria ser ­presidente, ao que ele respondia sempre que não”, contou João Diogo, que o acompanhou na jornada desde o Polo II até à sala da DG/AAC, como vice-presidente com a pasta dos núcleos. Cesário Silva protagonizou uma das mais disputadas eleições dos últimos anos e aquilo que, no início, não era expectável, foi possível, como lembra o seu colega e amigo, Daniel Aragão. “Naquele momento mágico, ele fez-me acreditar que lutar pelos nossos valores e princípios, por mais difícil e impossível que pareça ir contra o status quo instalado, é possível”, confessou o vice-presidente da cultura do projeto encabeçado por Cesário. “Quando penso no Cesário, penso num exemplo. Um homem de valores e causas com a capacidade de dar o corpo às balas, de lutar por aquilo em que se acredita de forma apaixonada”, acrescenta. A ideia de Cesário enquanto elemento agregador e pessoa de caráter é algo transversal a todas as pessoas que contactaram com ele. “Nós passávamos com o Cesário na rua, por ­exemplo, para atravessar o recinto da Queima das Fitas de um lado ao outro para ir embora, e eu sabia que tinha que perder uma hora da minha vida, porque o Cesário parava de metro a metro porque ­conhecia sempre alguém. Isso acontecia em todo o lado”, recorda João Caseiro, o seu vice-presidente do desporto e, acima de tudo, amigo, como o próprio r­ ealçou. Tanto como amigo, como presidente, Cesário Silva demarcava-se

por ser destemido, mas cuidadoso com as palavras, de maneira a não deixar nada por dizer, sem ferir nenhuma suscetibilidade. Isso foi algo que ­Daniel Tadeu lhe identificou, ao enfatizar a sua “maneira de falar e expressar os seus pensamentos, sem nunca magoar alguém que pensasse diferente”. Não deixou, porém, de recordar o apaixonado discurso relativo à Academia, característica que fez o atual presidente da Mesa da Assembleia Magna da AAC render-se “diante de um verdadeiro Academista, e esses são raros”. Este academista conseguia uma proeza como poucos: “estar em todo o lado a ajudar, ou pelo menos tentar, toda a gente que precisasse”, como descreve a sua irmã, Mariana Silva. Preocupado e protetor, nunca deixou aquilo que mais valorizava de lado, a família: “enquanto irmão mais velho, influenciava tudo na minha vida, até porque tinha uma experiência vasta e foi uma influência em tudo em que esteve”, acrescentou. A perda do presidente da DG/AAC foi algo inédito na história da academia, mas, tal como evidencia João Diogo, “estar tanta gente nas cerimónias fúnebres não foi por ser presidente da DG/AAC, mas por ser o Cesário”. No final da vida, Cesário Silva conseguiu, mais uma vez, concretizar o mote que sempre o guiou: unir toda a Académica. Para o futuro, a memória que vai perdurar é o seu sorriso intemporal. “Foi assim que ele viveu, foi assim que ele olhou para nós quando o estávamos a homenagear. Eu acho que ele se estava a rir”, assegura João Caseiro. O exemplo que o Cesário transmite é o de um líder capaz, não só de agregar uma equipa diversificada, mas também de a levantar nas adversidades. Mesmo quando tudo parecia impossível, chegava com um sorriso e tudo parecia melhorar, como relembra Daniel Aragão. Reuniu assim uma equipa e, em especial, uma academia que, no final de contas, lhe têm e vão para sempre ter uma “profunda, sincera, humilde, infinita gratidão”. Para além do seu legado, ficam as suas palavras: “tu queres, tu tens”.

“Se fosse a d ­ escrever tudo ficaria sem ­páginas para a edição e e­stou, neste momento, em comissão eleitoral. Malandro, deste-nos mais trabalho do que o que ­tínhamos ­idealizado... Mas ­trabalhava ­muito mais só para te ter aqui”, Daniel Tadeu


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XVIII edição das Jornadas de Cultura Popular traz “FESTA: Ritos e Gentes”

43 anos após primeira edição, jornadas regressam com espetáculos de música, dança, teatro e conversas sobre cultura popular. Antonio Nóbrega e Criatura são nomes de referência na programação do evento - POR ANA FILIPA PAZ -

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s Jornadas de Cultura Popular são um projeto bienal, dinamizado pelo Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC), que surgiu em 1979. “FESTA: Ritos e Gentes” é o tema da XVIII edição do evento, que decorre de 23 de abril a 8 de maio. Segundo João Santos, membro da comissão organizadora do GEFAC, as jornadas surgem como “uma extensão dos objetivos do grupo”. Mariana Morais, também organizadora, concorda que o projeto é uma tentativa de “dar a conhecer mais de perto a cultura popular”. A última edição foi realizada em 2019 e abordou “A mulher e a cultura popular”. De acordo com M ­ ariana Morais, “a escolha do tema é sintomática do que se está a passar em termos sociais”. Durante o confinamento, as jornadas foram interrompidas e a pausa permitiu “refletir sobre o impacto de as pessoas estarem privadas da festa”, esclarece a organizadora. No entanto, relata que o GEFAC “nunca parou” e a produção de teatro original “Como Faz a Primavera”, que estreou no primeiro dia das jornadas, no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), começou a ser desenvolvida durante a quarentena. O programa debruça-se sobre a questão da festa “como atividade lúdica, de contestação do poder e como reforço de identidades dos povos”, explica Mariana Morais. Em sinergia com as comemorações do 25 de Abril, o Ateneu de Coimbra acolheu um momento de conversa, promovido pelo GEFAC, sobre “A Festa e o Estado Novo”, no dia 24 de abril. Nas Tricanas de Coimbra foi realizado um baile in-

titulado “Norte Sul Norte”. O mesmo espaço recebe também Rosane Almeida, no dia 7 de maio, numa oficina de danças tradicionais brasileiras. Ao longo de duas semanas, estão expostos na rua do Quebra Costas os registos da cultura da Península Ibérica, pela lente de Arnaldo Carvalho e Egídio­Santos. Durante a primeira semana, reali­ zou-se ainda o filme “Festas de Inverno”, projetado no Mini-Auditório Salgado Zenha do edifício da Associação Académica de Coimbra (AAC), bem como atividades no Teatro de Bolso na AAC e no Parque Verde para o público infantil. Os momentos de conversa continuam no ­Liquidâmbar, numa reflexão sobre a cultura popu­ lar em Portugal, na Galiza e no Nordeste do Brasil­,

no dia 6 de maio. Os organizadores destacam o fim-de-semana de 7 e 8 de maio, em que se realiza um concerto da Criatura, no TAGV, e o espetáculo “Mestiço Florilégio” de Antonio Nóbrega, no Teatro da Cerca de São Bernardo. João Santos admite que a participação destes artistas “foi uma sinergia de vontades e de agendas”. Mariana Morais acredita que os projetos do ­GEFAC­, em particular as jornadas, estão aliados à “res­ponsabilidade do grupo de recuperar o que é tradicional para apresentar aos jovens, para que não se perca e motive outros a continuar este trabalho”. Os organizadores apelam a que haja um maior apoio a este tipo de iniciativas por parte da AAC e da Universidade de Coimbra.

ANA FILIPA PAZ

Segunda parte da Bienal Anozero conta com exposições no Colégio das Artes

“Seminário” é composto por quatro mostras elaboradas por estudantes e docentes. Projeto visa apresentar “perspetivas além da europeia, masculina e branca”, segundo curadora do evento

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o dia 9 de abril, a segunda parte da quarta edição d´O Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra abriu as portas para a continuação do programa iniciado no mês de novembro de 2021. O evento tem como tema a “Meia-Noite” e, de acordo com Filipa Oliveira, uma das curadoras, reflete “o escuro como um modo de ver o mundo de outra forma”. A separação das atividades em dois momentos distintos foi motivada pela situação pandémica e pelo “desejo de a Bienal estar associada a abril”, comenta a curadora. Apesar de as duas partes influenciarem o público a “pensar e a refletir”, Filipa­­­ Oliveira comenta que a primeira serviu de “exposição-conversa, que convidava o público a participar”. Já a segunda desenvolve “o pensamento refletido na primeira parte e acolhe a exposição da maior parte dos artistas”, explica. Filipa Oliveira confessa que “gostava que a Bie­nal despertasse um desejo de ver o mundo a

- POR IRIS PALMA -

partir de outras visões”. Comenta ainda que “todos usam óculos a partir dos quais observam o mundo”. Porém, através do projeto, a curadora espera que o público se aperceba da existência de “muitas outras perspetivas além da europeia, masculina e branca”. Um destaque deste segundo momento da Bie­ nal é a aproximação da comunidade estudantil de diversas faixas etárias, desde o ensino primário ao superior. Neste sentido, a Câmara Municipal de Coimbra disponibiliza uma carrinha, às quartas­feiras, para o transporte de crianças e jovens das suas respetivas escolas para as atividades. Filipa Oliveira indica que é “tradição a curadoria da Bienal ocupar o Colégio das Artes”, mas as curadoras desafiaram a instituição a fazer uma mostra no seu próprio espaço, tendo como ponto de partida a temática da “Meia-Noite”. O Colégio das Artes aceitou o desafio e criou, assim, o projeto “Seminário”, composto por quatro exposições:

“Comer a mesa”, “The art of Teaching”, “Syllabus” e “Teach me to sit still”. “Seminário” agrega o trabalho de estudantes e docentes numa linha condutora de modo a “pensar, através de um gesto curatorial, o espaço académico enquanto espaço ensaístico”, comenta a coordenadora do projeto, Ana Rito. A docente introduz, em relação ao projeto inaugurado no dia 30 de abril, que este incorpora “um dos pilares da Bienal, que é a ideia da observação, da criação e da produção de epistemologias alternativas”. Os estudantes de mestrado em Estudos Curatoriais envolvidos no projeto comentam sobre a ligação entre a Bienal e o “Seminário”. Adolfo Caboclo destaca que “Coimbra é uma cidade noturna e estudantil, com uma vida cultural intensa” e acre­dita que a Bienal captura “a alma da cidade”. Todavia, o também curador da exposição “Teach me to sit still”, defende que são “os alunos que trazem a parte académica para o evento”.


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Estudantes-atletas da AAC brilham nos CNU Equipa de canoagem renova ouro coletivo. Fases finais de basquetebol masculino e futsal feminino disputam-se em maio - POR SARA SOUSA E FÁBIO TORRES -

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época desportiva da Associação Académica de Coimbra (AAC) ficou marcada pelo regresso à normalidade na prática do desporto, em especial nas competições e na regularidade dos trei­ nos, no período pós-pandemia. Até agora, as equi­pas foram premiadas com 23 medalhas nos Campeo­ natos Nacionais Universitários (CNU). Atletas da casa nos pódios Na modalidade de canoagem, em Montemor­-oVelho, no dia 24 de abril, a AAC conquistou o ouro na classificação coletiva e quinze outros pódios. A nível individual, as estudantes conseguiram três medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze. Por sua vez, os rapazes garantiram uma de ouro e quatro de prata. Na competição mista, as equipas da casa arrecadaram duas medalhas de ouro e duas de prata. Com o resultado coletivo, os 15 atletas renovaram o título que lhes pertence há vários anos. No remo, para além de uma medalha de prata pelo coletivo de pontos, o conjunto de estudantesatle­tas destacou-se com três medalhas de ouro nas categorias de W1X, com Inês Oliveira, e M1X, com Dinis Costa. A equipa composta por Eduardo Sousa, Marcelo Simões, Gonçalo Delgado e Simão Simões venceu no M4. Diogo Monteiro arrecadou o prémio máximo de classificação individual no taekwondo, na categoria de -87 kg. No evento realizado em fevereiro, o atleta superou três outros lutadores na variante de ‘dan’. Por sua vez, Francisco Luís conquistou a medalha de prata no duatlo, no início de março em Arroios, distrito de Portalegre. A judoca Flávia Sousa, nos -57 kg, e os judocas Francisco Rovira, nos -90 kg, e Vicente Cortez Rovira­­­, nos +90 kg, conseguiram trazer três meda­

IRIS PALMA

lhas de bronze. O evento ocorreu no Pavilhão Portugal Cultura e Recreio, no Seixal, no dia 2 de abril. A equipa de judo da AAC, apesar dos bons resultados individuais, não alcançou o pódio a nível coletivo. Fora do pódio do CNU ficou a equipa de ténis, que atingiu o quarto lugar. Francisco Matos, ­Bernardo­ Soveral e Francisco Pratas foram os atletas que competiram no evento realizado em Lisboa entre os dias 2 e 4 de março. A equipa da AAC foi eliminada na segunda ronda pela equipa da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico e, embora tenham alcançado a disputa pelo terceiro lugar, acabaram por perder para uma equipa da Universidade Nova de Lisboa. Após duas jornadas concentradas, a equipa de basquetebol masculino conseguiu alcançar a fase final do CNU. A primeira teve Faro como anfitriã, nos dias 16 a 18 de fevereiro, e a outra ocorreu em Coimbra, no fim de março. A única derrota veio pela mão da Associação Académica da Universidade do Minho. Leiria recebe a fase decisiva na última se­ mana de maio. Também a equipa de futsal feminino vai disputar o título de melhor equipa universitária do país após vencer sete jogos em nove. Tal como com a equipa de basquetebol, as estudantes tiveram que passar por duas jornadas concentradas. Entre os dias 22 e 24 de fevereiro, a equipa viajou até Faro, e no início de abril, até Aveiro. A fase final do CNU decorre em Leiria entre os dias 16 e 20 de maio. Já a equipa de futsal masculino da AAC não se apurou para a segunda fase, após seis jogos, entre os quais constam três vitórias.

estudos com os treinos, refere o vogal da política desportiva, Diogo Evangelista. O dirigente acrescenta ainda que, apesar da dificuldade, os jogadores contam com “a ajuda do estatuto de estudante-atleta, o que lhes permite ter justificação para faltar a algumas aulas ou exames, por causa das competições”. De acordo com Diogo Evangelista, quando se está “à procura de atletas de modalidades para representar a AAC no desporto universitário”, é feita “uma recolha dos estudantes que praticam os determinados desportos”. O vogal da política desportiva confessa, no entanto, que houve “problemas desde o início do mandato com modalidades coletivas porque a direção anterior não inscreveu algumas equipas”. O facto de o rugby, o voleibol masculino e fe­ minino, e o basquetebol feminino não terem tido a oportunidade de competir levou a que tivessem que “colmatar essas baixas com outras modalidades não tão praticadas na cidade”, explica o dirigente. Diogo Evangelista considera que as medalhas no taekwondo­­­e no duatlo provaram que “há muitos bons atletas em Coimbra”. O vogal da política desportiva esclarece que “há sempre coisas a melhorar” na gestão das modalidades e que é necessário olhar “para cada experiência com o que se tem”, sem depender da localização das provas. Além disso, realça que existem “boas possibilidades para as secções desportivas da AAC participarem nos campeonatos europeus universitários, que vão ser na última quinzena de julho”. Diogo Evangelista, por fim, lembra que a AAC já conta com vários atletas apurados, mas que o número deve aumentar depois das fases finais. “Vai ser um A perspetiva do vogal da política desportiva dos anos com uma das maiores comitivas”, finaliza “Pode ser, por vezes, complicado” conciliar os Diogo Evangelista.


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João Pereira, a nova cara à frente do Conselho Desportivo Com a saída de Miguel Franco, que ocupava o cargo há oito anos, João Pereira é o novo secretário-geral do Conselho Desportivo da Associação Académica de Coimbra (CD/AAC). Membro do órgão intermédio desde 2016, o antigo estudante de Economia e de Marketing já assumiu o papel de vogal e de tesoureiro. Neste momento, o desportista integra a Secção de Radiomodelismo e a Secção de Futebol - POR DÉBORA CRUZ E GABRIELA MOORE -

Miguel Franco foi secretário-geral do CD/AAC durante cerca de oito anos e tu integravas a equipa. O teu mandato é de continuidade? É um mandato de continuidade. Tudo o que temos pensado para este ano vem do mandato anterior. Na prática, este núcleo de pessoas, que faz parte do CD/AAC, tem estado sempre junto. O Miguel Franco saiu do cargo de secretário-geral, mas continua a integrar a equipa como primeiro suplente. Quais são os principais objetivos e expectativas que tens para o atual mandato? O CD/AAC tem a responsabilidade de garantir as melhores condições para as secções desportivas e para os seus associados. Temos na nossa gestão o Campo de Santa Cruz e o Pavilhão Engenheiro Jorge Anjinho, que são estruturas importantíssimas para o trabalho diário das secções que usam o espaço para a sua prática desportiva. Ao longo dos próximos dois anos, o nosso objetivo para estes espaços é procurar ter a melhor gestão possível, de forma a conseguir melhorias, como a substituição do relvado sintético do Santa Cruz. Uma das metas desta equipa é conseguir apoiar as estruturas para que sejam a nível financeiro estáveis e, em conjunto, preparar um plano estratégico do desporto para a AAC. Pretendemos também obteros melhores resultados possíveis e ter um maior número de atletas de formação a entrar na UC. Em setembro, vamos ainda organizar as celebrações do centenário do Campo de Santa Cruz com a inauguração de uma placa comemorativa no local. O CD/AAC tem procurado mais independência nos espaços utilizados pelas secções. Têm alguma estrutura em mente? Estamos a discutir internamente a

GABRIELA MOORE

criação de um grupo de trabalho para fazer o levantamento de todas as necessidades das secções, com vista a elaborarmos um projeto para não estarmos dependentes de estruturas que não são nossas. O objetivo é procurar autonomia e, quem sabe, até a criação de um espaço próprio, que possa ser utilizado pelas secções. Temos consciência que a construção ou aquisição de um espaço é, neste momento, impossível para nós. Teria que ser suportado por financiamento público. Existe uma dívida interna da DG/AAC para com o CD/AAC. A saúde financeira das secções desportivas é prejudicada com esta realidade? É um tema que deve ser tratado apenas a nível interno. O que aconteceu foi que o conselho teve de emprestar dinheiro à DG/AAC, mas têm existi­ do várias tentativas por parte das diferentes Direções-Gerais de renegociar essa dívida, que deve rondar os 200 mil euros. Neste momento, não existe dívida interna para com as secções, sendo que estamos a distribuir verbas de épocas passadas, por causa do empréstimo. Não vou dizer que é devido a essa verba que as secções não cumprem o seu habitual funcionamento, mas é natural que 200 mil euros fossem sempre ajudar. O

dinheiro faz falta às secções, neste momento, até porque passámos a ter custos pela utilização do Estádio Universitário, entre outros, desde que herdámos o Pavilhão Engenheiro Jorge Anjinho. Temos de ter muito cuidado com a nossa gestão e procurar ter as contas equilibradas, porque possuímos grandes custos fixos durante o mês. Com a pandemia, o desporto teve um período difícil, uma vez que as secções deixaram de ter muitas receitas. Também não houve Queima das Fitas, portanto, não recebemos verbas para poder injetar nas secções. Porém, tenho a certeza de que a DG/AAC vai conseguir renegociar a dívida e, um dia, vai ser apagada do papel. A situação pandémica também provocou a descida do número de atletas da AAC. Existem estratégias para recuperar os números de 2019? Na próxima reunião do Conselho Desportivo, um dos temas que quero falar é a comunicação. Acho que o CD/AAC deveria ser agregador de toda a informação das secções e ajudar a promovê-las para que atraíssem mais atletas, não só ao nível de formação, mas também ao nível de sénior, que é algo que deve ser cruzado com o desporto universitário. Em colaboração com a DG/AAC, deve ser construído um novo plano de comunicação para o desporto da casa, que deverá estar mais centralizado no conselho. O prazo para as pró-secções de Padel e de Boccia provarem que conseguem ascender a secção está a terminar. Qual é o ponto de situação? É um assunto que vai ser decidido em plenário. Se as duas pró-secções provarem que são sustentáveis a nível financeiro, sem que tenham dependência de qualquer mecanismo de financiamento da AAC e mostrarem que têm um calendário competitivo e um plano estratégico, acredito que venhamos a ter mais duas secções desportivas. Como classificas/descrevesa relação entre o desporto da AAC e a cidade de Coimbra? Acho que há um afastamento da academia coim­ brã e da própria cidade ao desporto, mas penso que é algo transversal. Também se tem notado esse afastamento no Organismo Autónomo de Futebol. Não me parece que seja um divórcio, mas pode caminhar para um. Há 20 anos, era sagrado ir ao futebol ao domingo. Recordo-me de, com o meu pai, vermos três ou quatro jogos de secções diferentes num sábado à tarde, no Estádio Universitário. É este tipo de ligação com as pessoas da cidade que me parece que se está a perder. Há um afastamento e parece-me que a cidade não dá a devida importância ao desporto na AAC.


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A candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027 não convenceu - o que vem a seguir? Câmara e grupo de trabalho criticam falta de imparcialidade por parte do júri. Agentes políticos e culturais apelam à cooperação para futuro da cultura conimbricense - POR JORGE BOTANA, SOFIA VARIZ PEREIRA E MATEUS ROSÁRIO -

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oimbra não vai ser Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2027. No passado dia 11 de março, o júri do concurso anunciou que a cidade ficara de fora da segunda fase do processo. Esta decisão causou uma série de reações por parte dos intervenientes que contribuíram para o desenvolvimento da candidatura. Assim, abriuse uma discussão sobre a saída da competição e o futuro da atividade cultural de Coimbra. O debate público de reflexão sobre a candidatura, organizado e moderado pela Coolectiva, teve lugar no Convento São Francisco (CSF), na noite de 27 de abril. Estiveram presentes no painel o pre­sidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), José Manuel Silva, membros do grupo de trabalho da candidatura, representantes da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Politécnico de Coimbra­­­(IPC), assim como programadores e agentes culturais da cidade. No debate esteve em cheque a imparcialidade dos jurados no processo de seleção. O ilusionista Luís de Matos, representante do grupo de trabalho da candidatura, afirmou que “Coimbra foi enganada” e considera que houve discriminação de uma candidatura “sólida”, preparada durante três anos, em detrimento de outra, a de Aveiro, feita “em dois meses”. Para surpresa do público presente, o mágico destacou a resposta da Comissão Europeia à questão formulada pelo grupo de trabalho sobre a “seriedade” do júri. Segundo Luís de Matos, a instituição europeia, apesar de elogiar a candidatura de Coimbra, “não desmentiu nenhuma acusação de parcialidade”. “É vergonhoso”, reforçou. O presidente da CMC acompanhou o descontentamento. Referiu que as críticas feitas ao ‘Bid Book’ (livro da candidatura) são “incompreensíveis” e

CRIADA PELA COMISSÃO EUROPEIA, EM 1985, A DISTINÇÃO DE CEC PRETENDE CELEBRAR A DIVERSIDADE E CULTURA DOS PAÍSES EUROPEUS. EM PORTUGAL, AS CIDADES DE LISBOA, PORTO E GUIMARÃES JÁ OBTIVERAM O TÍTULO DISTINTIVO DAQUELE QUE É CONSIDERADO O MAIOR EVENTO CULTURAL DA EUROPA. COIMBRA PERDEU, EM 2022, A COMPETIÇÃO PARA OUTRAS CONCORRENTES LUSITANAS: AVEIRO, BRAGA, ÉVORA E PONTA DELGADA des­ tacou que “é difícil arranjar um documento mais completo e detalhado do que o apresentado”. Em entrevista ao Jornal A CABRA, Carina Gomes, antiga vereadora da cultura, considera que o ‘Bid Book’ estava “à altura de passar à fase seguinte” por apresentar “temáticas interessantes para programação, além de pontos fortes e oportunidades para a cidade”.

que, para próximas candidaturas, “se envolvam todas as pessoas e coletividades”. Sobre o papel da Academia no processo da candidatura, o secretário-geral do Conselho Cultu­ ral da Associação Académica de Coimbra, César Sousa, lamenta “o desprezo da produção cultural académica”. Refere ainda que a “não integração” dos grupos académicos na candidatura faz “com que se perca um grande valor que poderia ter sido introduzido” no ‘Bid Book’. Em relação ao papel da AAC na cultura da cidade, César Sousa acredita que “é preciso promover todos os agentes culturais académicos” na vida de “toda a comunidade coimbrã”. Para isso, apela à “colaboração com a CMC”, tanto no financiamento como na “realização de atividades de maior envergadura”. Por sua vez, Luís de Matos acredita que a candidatura deixa “notas altamente positivas”. Assim, o ilusionista referiu-se ao facto de “assinar um pacto entre a cidade e os diferentes partidos políticos e estruturas cívicas”, além de tornar possível que “dois executivos contrários apostaram na mesma estratégia”.

Os dois lados da moeda Além do debate formal celebrado no CSF, a decisão do júri tem suscitado discussão no seio das conversas pela cidade. A presidente do Teatrão - Oficina Municipal de Teatro (OMT), Isabel Craveiro, considera que a candidatura “era um projeto interessante e importante para a cidade”. Contudo, a responsável pelo teatro acredita que “deveria ter havido maior envolvimento das estruturas locais na definição e na partilha dos objetivos da candidatura”. Sugere também que “o público poderia ter sido envolvido de uma forma geral” e lamenta que tal “não tenha acontecido”. Neste sentido, as críticas chegaram também da parte do ensino superior. Cristina Faria, coordenadora da cultura do IPC, afirma que “gostaria de ter tido uma ação mais presente” e pede E agora? Tanto a CMC como os agentes culturais tentam, agora, olhar para o futuro e tirar partido do trabalho realizado com a candidatura. O presidente da CMC afirma que Coimbra deve trabalhar para “acolher mais projetos, dar facilidades e desenhar caminhos que não dependam só de financiamento”. O autarca refere que a Câmara está a trabalhar para construir uma Casa das Comunidades, no edifício do antigo Hospital Pediátrico e prepara-se para se candidatar a Cidade Europeia da Música. “Há um imenso caminho a percorrer e temos tudo o que é necessário para o fazer”, afirmou José Manuel Silva. Quem também concorda com esta visão é Carina Gomes. Apela a que a experiência da candidatura “seja aproveitada e continue a ser desenvolvida no futuro”. Neste sentido, a vereadora acredita que o projeto já deu frutos, como a “criação do Conselho­­­ Municipal da Cultura, a inauguração do Centro de Arte Contemporânea e o apoio ao associativismo cultural”. Carina Gomes considera, assim, que a candidatura trouxe “novos modos de ver, frequentar e usufruir da cultura” em Coimbra. Além desta visão, a presidente da OMT, Isabel Craveiro, julga que a cidade “não deve focar os seus objetivos, na área cultural, em candidaturas”, mas JORGE BOTANA


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sim em “traçar metas” a longo prazo. Isabel Craveiro convida a CMC a “perguntar-se como os públicos podem crescer e a pensar na descentralização dos eventos”. Refere ainda que a Câmara deve trabalhar para “alimentar a criação artística e fazer dela uma questão de desenvolvimento da cidade”. Da mesma forma, a curadora da estrutura artística “Linha de fuga”, Catarina Saraiva, presente no debate público, apelou a “não pensar no que funcionou mal” e a estabelecer mecanismos para “saber o que se vai fazer para a frente”. O futuro do Convento São Francisco Inaugurado no século XVII, a estrutura do edi­ fício do CSF foi criada para acolher os monges franciscanos que ocuparam o local até à Revolução de 1820. Nos dias que correm, o convento é usado para a realização de congressos e funciona também como uma casa cultural e de espetáculos. Na ótica do novo programador do CSF, Francisco­­­ Paz, trata-se de um “equipamento que tem potencial para projetar e poder acolher uma cultura forte”. Além disso, destacou também que a estrutura pode “receber congressos da parte corporativa e trazer para a região congressos internacionais”. Exemplos disso são atividades organizadas pela Organização das Nações Unidas e Conselho Europeu - órgãos que já usufruíram do espaço para reuniões. Para eventuais propostas futuras, Francisco Paz reforçou a necessidade de o CSF ser “mais equilibrado em termos financeiros”. Para isso, é preciso apos­tar “em espetáculos que se sabe que vão ter um retorno maior e que tenham qualidade suficiente para se justificar que sejam apresentados”, refere. Para o sucesso deste equilíbrio, o programador pretende rea­lizar “um trabalho de gestão ponderado, equilibra­do e racional, de maneira a diminuir os custos sem diminuir o trabalho e a qualidade de oferta”. Ao refletir sobre eventuais falhas do convento, Francisco

MARÍLIA LEMOS

Paz afirmou que a comunicação é aquilo que precisa de “aumentar de forma significativa”, pois considera que são concretizados “muitos eventos que as pessoas alegam não ter conhecimento”. Sobre o que o convento pode aproveitar da candidatura a CEC, o programador do CSF vê como uma oportunidade converter Coimbra “numa das cidades mais inclusivas do mundo”, uma vez que tem habitantes de 125 nacionalidades distintas. Nessa mesma linha, adiantou também que preparam atividades em sinergia com entidades culturais brasileiras, entre elas, o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.

““É preciso promover todos os agentes culturais académicos” na vida de “toda a comunidade ­coimbrã””, César Sousa

O QUE DIZ O RELATÓRIO DE PRÉ-SELEÇÃO E AS DIVERSAS IMPRESSÕES ESTRATÉGIA A LONGO PRAZO

ORÇAMENTO

ATIVIDADE ­CULTURAL E DIMENSÃO ­EUROPEIA

O presidente da CMC O programador do CSF, O júri, segundo referiu lamentou que o júri Francisco Paz, considera o presidente da CMC, “tenha desprezado “difícil de compreender” o criticou a falta de expli- ­Coimbra”, mesmo com relatório do júri, que excações concretas sobre um orçamento amplo punha que “Coimbra não a estratégia a longo para a cultura, que, em mostrava capacidade para prazo, mencionada no 2020, foi de 18,5 mi­ organizar eventos culturais livro da candidatura. lhões* de euros. José que projetem a Europa”. O O autarca assume não Manuel Silva comparou programador sublinhou perceber “o critério de este dado com o de que, em 2020, Coimbra escrutínio ­do júri” Aveiro, situado em 7,4 realizou 714* eventos face milhões* de euros. aos 190* de Aveiro

IGUALDADE DE GÉNERO E ­INCLUSÃO No documento elaborado pelo júri foi apontada a “falta de diversidade de géneros e falta de inclusão”. Por sua vez, a presidente do Teatrão, Isabel Craveiro, sente que “o facto de o grupo de trabalho ter apenas uma mulher não se refletiu no projeto apresentado” *DADOS DISPONÍVEIS EM: PORDATA


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Arqueólogos da UC desenterram o passado da Mesopotâmia Investigadores visam estabelecer projetos de longa duração no terreno. Descobertas no Curdistão Iraquiano podem mudar forma de compreender antiguidade - POR LARISSA BRITTO E CLARA NETO -

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ma equipa de arqueólogos do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP) da Faculdade de Le­ tras da Universidade de Coimbra (FLUC) regressou às escavações ao Curdistão Iraquiano. Desde 2013, a equipa deslocou-se ao local quatro vezes, com o objetivo de explorar a área pouco estudada de Kani Shaie. O projeto originário da UC conta com a coordenação de Maria da Conceição Lopes, professora de arqueologia na UC e coordenadora científica do CEAACP, de André Tomé, investigador do CEAACP, e de Steve Renette, investigador pós-doutorado da Universidade da ­ Colúmbia Britânica (Canadá). A região de Kani Shaie “pode ter sido uma espécie de estação de paragem e de encontro da população da Mesopotâmia”, estabelece André Tomé. O investigador confessa que o local é “um testemunho que precisa de ser mais estudado”. De acordo com o arqueólogo, a ideia era concentrarem-se na Síria, contudo, com os avanços do Estado Islâmico no país, “surgiu outra oportunidade no Curdistão e a vontade política de receber a equipa”, refere. As descobertas trazem “informações relevantes sobre a Idade do Cobre e do Bronze”, que auxiliam no melhor entendimento do terceiro e do quarto milénio a.C., como conta Maria da Conceição Lopes. No decorrer das escavações, a equipa deparouse com “impressões de selos que se assemelham às

FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA UC

faturas do presente”, revela André Tomé. Conclui, assim, que estes selos são evidência do “início da burocratização, do comércio e do controlo de propriedade”. Quanto à vivência no local, clarifica que Kani Shaie é difícil de habitar, dado a inclinação do terreno e à erosão existente. O investigador entende que a escolha de explorar as montanhas do norte iraquiano surgiu do facto de a “historiografia ser omissa em relação a estas regiões, durante estes períodos”. “A experiência de estar no Curdistão é muito curiosa”, aponta a coordenadora científica. Maria da Conceição Lopes esclarece que “na Europa iniciam-se e fecham-se telejornais com a guerra da Ucrânia”, enquanto que o mesmo não acontece no Médio Oriente. Continua ao elencar que uma das razões para isto acontecer é que, “para a população curda, a guerra mantém-se presente, pois é algo que se espera quase todos os dias na região”. Segundo a docente de arqueologia, as expectativas eram de continuação “do projeto e da criação de um conhecimento inédito dos processos de construções das cidades, que ainda estão em fase de investigação”. Maria da Conceição Lopes afirma que o seu papel na iniciativa é o de “diplomacia científica, o de introduzir a UC nestes meios, o FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA UC de formação e o de entendimento das estratégias necessárias para a produção de conhecimento”. Ex- que contribuem para o estudo da região”. Outro dos plica, ainda, que “a equipa tem dados inovadores objetivos definidos foi o de “estabelecer um projeto de longa duração da UC naquela zona”, acrescenta. Dentro do projeto, o que causa mais entusiasmo a André Tomé é o facto de ter a oportunidade de “descobrir mais sobre a antiguidade das práticas e das formas de comportamento humano como comunidade”. O motivo para tal pesquisa despertar interesse está na crença de não existir “nem presente, nem futuro, sem o conhecimento aprofundado do passado”. O investigador esclarece ainda que há uma expectativa de retorno para uma campanha de estudo dos materiais já descobertos, porém “as escavações em si só vão retomar em 2023”. Sobre a população curda na atualidade, André Tomé acredita que é “um desafio para a equipa tentar apoiar as comunidades, a fim de aumentar a vertente turística, pelo que também é importante enquanto fator económico’’. Apresenta ainda o ponto da situação relativa à economia petrolífera no Curdistão, que é “um fator de instabilidade social”. No entanto, o investigador assegura que esta condição não foi um entrave para serem “bem recebidos no local”. Para além do apoio da UC, também fazem parte da equipa investigadores de outras instituições, como da Universidade da Carolina do Norte (EUA) e da Universidade de Toronto (Canadá). Por outro lado, o projeto fruiu do “apoio excecional da equipa reitoral e do diretor da FLUC, Albano Figueiredo”, enfatiza Maria da Conceição Lopes. Quanto ao financiamento, a escavação beneficiou do auxílio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, da Universidade de Cambridge e da Universidade da Pensilvânia.


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A viagem da UC para um futuro mais verde Já foram atingidas metas de desenvolvimento sustentável definidas para 2023. Futuro energético limitado pelo património histórico - POR SOFIA RAMOS -

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27 de abril a Universidade de Coimbra (UC) foi classificada, pelo terceiro ano consecutivo, a instituição mais sustentável de Portugal, pelo The Times Higher Education Impact Rankings. Este ‘ranking’ analisa o desempenho de medidas em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Mais de 1600 universidades, distribuídas por 99 países, foram classificadas, sendo que a UC ficou posicionada em 26.º lugar, com 94,1 pontos em cem. Em comparação com o último ano, a UC desceu 5 níveis, no entanto aumentou a classificação total em 1,4 pontos. Este ano, a avaliação contou com cerca de 500 novas candidaturas de instituições de ensino superior. Todas as entidades são obrigadas a fornecer dados para o ODS 17, alusivo à parceria global, no qual a UC pontuou 92,6. Os restantes são opcionais, porém a pró-reitora para a área do Planeamento e da Sustentabilidade, Patrícia Pereira da Silva, e também docente na Faculdade de Economia da UC, afirma que foram “fornecidos dados para todos os ODS”. A pró-reitora garante que a UC “anda há muitos anos a trabalhar nestas matérias”, sendo que a sua prática e ação “ antecede há muito este ‘ranking’”. O chefe da Divisão de Planeamento e Gestão e coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento Sustentável da UC, Filipe Rocha, concorda que este fator se reflete na pontuação de cem no critério de transparência. Frisa também a importância da “publicação de relatórios detalhados” e a “criação das páginas dedicadas ao desenvolvimento sustentável” para obter esta classificação. O coordenador salienta ainda a criação de “muitas publicações académicas em coautoria com países de baixo rendimento” e “publicações relacionadas com os ODS” como fatores de relevância. No ODS 9, referente a infraestruturas, industrialização e inovação, a UC posicionou-se no nível quatro, com 99,9 pontos. Este objetivo engloba o número de patentes e rendimentos vindo de parcerias com a indústria. Patrícia Pereira da Silva atribui ao desenvolvimento de ‘spin-offs’ universitários e patentes, a “capacidade que a universidade tem de gerar novas receitas a partir da indústria e do comércio”. Constata que as mesmas proporcionaram uma receita de “cerca de 55 milhões de euros”. No objetivo número dois, relativo à erradicação da fome, segurança alimentar, nutrição e agricultura sustentável, verificouse uma redução de 1,6 valores. A avaliação do mesmo considera também a investigação e educação nas áreas de interesse. A docente destaca o “sucesso das campanhas de combate ao desperdício alimentar”, assim como, “a existência do menu social a preços acessíveis nas cantinas”. Menciona ainda a importância de projetos como a “iniciativa de voluntariado dos estudantes para a entrega de refeições para colegas em isolamento”. Em relação às dificuldades enfrentadas pelos

[A avaliação não os] “faz relaxar, obriga antes a manter um sentido de responsabilidade muito grande para continuar as boas práticas e melhorar aquelas em que há dificuldade em alcan­ çar”, Patrícia Pereira da Silva estudantes em contexto pandémico, a pró-reitora lamenta a falta de apoio, mas afirma que, “em comparação com as outras instituições, fez-se muito mais”. O quarto objetivo de destaque foi o número 11, que visa tornar as cidades e as comunidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis, na qual a pontuação foi de 85,5. Patrícia Pereira da Silva ressalta o “acesso público a edifícios e a paisagens de património natural” proporcionadas pela universidade. “Neste ODS foi muito importante o apoio às artes e ao património”, explica e relembra que muita da atividade cultural “mudou para via remota, mas não se anulou”. Filipe Rocha discute a complexidade dos parâmetros de avaliação deste ‘ranking’ ao explicar que “o mesmo fator pode ser, por um lado, beneficiador e, por outro, penalizador”. Em relação à área do património, ilustra que este é “pontuado em cem por cento no ODS de apoio às artes e ao património mas, ao mesmo tempo, prejudica o ODS 7 de consumo energético”. No

mesmo sentido, a pró-reitora comenta como, apesar do “orgulho enorme de sermos património classificado da UNESCO”, os edifícios do Polo I exigem “consumos energéticos tremendos”. Entre as medidas tomadas, Patrícia Pereira da Silva sublinha “a instalação de painéis fotovoltaicos” e a redução no “uso de papel e consumíveis”. Filipe Rocha aponta os “cadernos de encargos e aquisição sustentável” dos SASUC, onde foram delimitados critérios de sustentabilidade. Explica que estes consideram fatores como “a distância do fornecedor ao armazém”, a “produção na região de Coimbra”, o “processamento biológico” e a agricultura familiar. A pró-reitora acredita que esta avaliação deve refletir-se na “imagem pública da UC”, e afirma que “está alinhada com as expectativas e exigências das novas gerações”. Destaca a importância das parcerias desenvolvidas, que “têm como parte integrante envolver sempre os estudantes”. Patrícia Pereira da Silva expõe ainda a natureza comparativa do ‘ranking’, que inclui institutos “com características socioculturais muito diferentes e universidades de tamanhos variados”. A docente acrescenta que a avaliação não os “faz relaxar, obriga antes a manter um sentido de responsabilidade muito grande para continuar as boas práticas e melhorar aquelas em que há dificuldade em alcançar”. O Plano Estratégico da UC, que delineia as metas a atingir de acordo com os ODS, tem o seu término no ano de 2023. Apesar do sucesso em vários dos pilares definidos, ainda estão por atingir os objetivos relativos ao número de estudantes atletas, taxa de abandono escolar, produção de energia fotovoltaica e o número de processos e laboratórios com certificação ISO 9001. Com Sofia Puglielli

IRIS PALMA


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Coimbra tem “demasiada riqueza para pensar pequeno” - POR LUÍSA MACEDO MENDONÇA -

Pedro Coimbra, licenciado em Engenharia Civil pela Universidade de ­Coimbra, tomou o segundo lugar da lista do Partido Socialista (PS) por ­ Coimbra nas legislativas de 2022, a seguir a M ­ arta Temido. Temas como o Palácio da Justiça, a linha de alta velocidade, o chumbo da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027 e a aplicação dos fundos comunitários europeus foram abordados pelo deputado, na sequência da maioria absoluta do partido

“Coimbra tem condições únicas para se afirmar no panorama nacional (e não só) como uma cidade da cultura”

“Nós precisamos de um novo Palácio da Justiça para dotar a cidade, os atores da justiça e os cidadãos a que ela acedem de melhores condições”

GABRIELA MOORE


3 de maio de 2022 Quais os temas caros à região que gostaria de tra­zer para debate na Assembleia da República (AR)? Em primeiro lugar, queria aproveitar e associar-me à dor que a academia passa pelo falecimento do presidente da DG/AAC. Qualquer cidadão se sente esmagado pe­ rante um acontecimento destes e eu queria associar-me e deixar também um voto de pesar a toda a Academia*. Feito este parágrafo, diria que temos muitas e importantes causas para nos mobilizarmos nos próximos anos na defesa da nossa região e do nosso distrito. No que diz respeito à área da saúde, por exemplo, recordo que a nova maternidade de Coimbra era para ter sido construída há mais de 40 anos. A cidade não se pode perder neste tipo de atrasos e indecisões. A localização já foi estabelecida e há dinheiro do capital estatutário do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC) e de fundos comunitários para a poder construir. Em relação à mobilidade, há que resolver o pro­ blema do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), que também se arrasta há demasiados anos. Outra realidade que não se pode ignorar é o facto de, para Coimbra, capital da região, ser importante o aprofundamento do canal da Figueira da Foz e do seu porto através de fundos comunitários. Permite uma maior competitividade às empresas da nossa região, sobretudo, por via das exportações. Por último, há um processo muito importante pelo qual é preciso lutar e ainda não há solução: o novo Palácio da Justiça. Não tem havido grandes desenvolvimentos e é preciso que a cidade e a região se unam para concretizar esse projeto. Nós precisamos de um novo Palácio da Justiça para dotar a cidade, os atores da justiça e os cidadãos a que ela acedem de melhores condições.

culturais, cívicos, capazes de criar atrati­vidade.

O PS conseguiu, pela segunda vez, uma maioria absoluta. Como é que avalia o resultado obtido pelo partido em Coimbra? Uma maioria absoluta e um resultado destes nunca se deve a um único fator. Eu diria que esse conjunto de fatores são: o reconhecimento de um balanço positivo da governação do PS; o reconhecimento do mérito de António Costa; e depois também uma penalização dos partidos de direita e de esquerda que, de forma irres­ ponsável, votaram contra um orçamento, de forma a derrubar o Governo. O resultado foi bom e, em Coimbra, foi um dos melhores do país. O PS elegeu seis em nove deputados, que é um resultado notável.

Qual acha ser o maior entrave para os deputados do partido apoiarem o sentido de voto dos deputados da região? A dificuldade é o centralismo - não queria utilizar nenhum adjetivo pesado, mas enfim - inútil e prejudicial para o país em que vivemos, porque, de facto, temos um país a duas ou três velocidades. Há um obstáculo enorme à descentralização, à coesão territorial e à uniformização do país. O TC teria todo o cabimento em Coimbra, quer por razões históricas, quer pela nossa Faculdade de Direito e o histórico dos seus professores. Eu sou um regionalista convicto. Não é necessário aumentar despesa pública para haver regionalização, mas, se houver regiões fortes, mais reivindicativas, com mais capacidade de exigir da administração central condições e respeito, talvez seja possível descentralizar mais.

O que tem a dizer acerca da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027 não ter passado a fase de pré-seleção? Tenho pena. Acho que Coimbra tinha aqui uma oportunidade para voltar a afirmar-se como uma cidade cosmopolita, aberta ao mundo e dinâmica do ponto de vista social e cultural. Seria muito bom para a cidade e região termos seguido em frente. Vejo isso como uma má notícia e com tristeza. É um mau sinal, que espero que possa ser recuperado com outras iniciativas e candidaturas. Ainda no tema da cultura, um dos debates que tem marcado a atualidade em Coimbra é a gestão do Convento São Francisco (CSF). Coimbra precisa de inves­ tir mais na cultura, a começar pela gestão do CSF? Eu acho que é um tema importante. Não queria entrar tanto em temas autárquicos, visto que estou aqui como deputado da AR, mas esse é um tema importante para a região, embora da respon­sabilidade da autarquia. O que posso e devo di­zer é que, de facto, o CSF tem que ser uma referência regional e nacional do ponto de vista cultural. Coimbra tem condições únicas para se afirmar no panorama nacional (e não só) como uma cidade da cultura. O CSF tem que ser uma estrutura com essa ambição de afirmação. Coimbra tem que ter ambição, não pode pensar pequeno. Nós temos demasiada riqueza para pensarmos pequeno. O projeto do CSF não pode ser só para a região, mas para o país, com programas

De volta a uma questão que abordou no início: a nova maternidade de Coimbra. A oposição criticou o facto de não estar incluída no Plano de ­R­ecu­p­eração e Resiliência (PRR). Que fundos vão ser canalizados para a construção da infraestrutura? Como eu disse, há fundos disponíveis do próprio ca­ pital do CHUC para alocar a este investimento. Assim que estiverem em curso os projetos, as peças técnicas necessárias e o projeto de execução da maternidade, vão haver fundos comunitários para cons­truir a maternidade. O país, neste momento, com a questão do PRR, a bazuca europeia, com o Portugal 2030 e ainda com o que falta executar, o país tem - vou falar em números redondos -, na próxima década, 60 mil milhões de euros para inves­ tir. São recursos financeiros que o país nunca teve à disposição nesta ordem de grandeza. O que nós agora precisamos é de capacidade de execução e de bons projetos. Em novembro de 2021 foi chumbada a mudança do Tribunal Constitucional (TC) para Coimbra. O PS mostrou-se bastante divi­dido. Qual a sua posição acerca do assunto? Eu faria o mesmo que fiz nessa votação: votar a favor da vinda do TC para Coimbra. Eu votei a favor, assim como os deputados do PS de Coimbra, que entendem que essa e qualquer outra iniciativa legislativa que defenda os interesses da nossa região são de apoiar. Eu votei várias vezes na AR contra a orientação de voto da minha bancada parlamentar e este foi um exemplo disso. Aproposta foi da autoria do PSD, legitimamente, e, quando se colocar de novo, seja de quem for a iniciativa, votaremos a favor.

E considera que o desenvolvimento da linha de alta velocidade, como falou há pouco, vai ajudar a colmatar esse problema? Eu penso que a linha de alta velocidade é um fator de coesão territorial, social e de competitividade para as nossas empresas e que melhora a qualidade de vida das pessoas. Uma empresa que tem sede em Coimbra, cujo gestor ou empresário tem de ir apa­nhar um voo ao Porto ou a Lisboa, porque tem uma reunião no centro da Europa, passa a ser algo natural, e isso facilita-nos a vida, dá-nos competitividade. Este desenvolvimento da mobilidade serve também como argumento para a descentralização. É, talvez, o desafio mais estruturante que temos pela frente. No que diz respeito à habitação, está previsto algum investimento ou apoio nesta área através, por exemplo, da reabilitação ou construção de novas residências? O país tem carências grandes de habitação, portanto, nós precisamos de uma política de habitação que permita a todos um melhor acesso à habitação e um acesso a preços dignos e competitivos a um direito básico de qualquer cidadão. Esta vai ser uma das principais prio­ridades dos fundos. O PRR é muito vocacionado para esse tema (quer a habitação pública para jovens,

cidade 15

famílias de classe média, quer a habitação social) e compete aos municípios, em articulação com o Estado, desenvolver esses investimentos e aproveitar também para que se possam continuar a requalificar os centros urbanos. Regressemos a um dos temas iniciais: o Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM). De que maneira acha que o projeto vai colmatar os problemas sentidos pela população, assim como os salientados pela oposição? O SMM, no atual contexto, pode ser dividido em dois momentos: um deles é a linha(s) urbana(s) dentro da cidade de Coimbra; o outro é a chamada “Linha da Lousã”, que liga a Lousã a M ­ iranda do Corvo. O SMM é agregador e é um fator de coesão territorial, para além de Coimbra. Como é óbvio, as linhas urbanas são aquelas que, pelos estudos que existem, vão ter mais procura. Porém, depois desta fase, nós, cidadãos, temos que pensar no alargamento do SMM a mais concelhos. Temos o ­exemplo de Condeixa, que está aqui muito perto e faz todo o sentido que o SMM, numa outra fase, possa ser também alargado para lá, devido à morfologia do terreno, bem como por ser um polo de grande concentração de pessoas. A seguinte questão tem que ver com a reabilitação do IP3. Esse projeto, assim como o investimento na sua segurança, vão ser trazidos a debate? Sobre o IP3 posso dizer o seguinte: o IP3 passa por Coimbra, Penacova e Viseu. É, no entanto, uma estrada desadequada aos dias de hoje. Há um troço intermédio, no troço de Penacova, que já está requa­lificado. Para fazer obras são precisos projetos. Porque é que são mais demorados? Porque esses dois troços vão ser em autoestrada sem portagem e, assim, requerem um estudo de impacto ambiental, um processo relativamente complexo. Tudo isto custa 134 milhões de euros, que estão no Orçamento do Estado (OE). Uma pequena parte já foi gasta, cerca de 15 mi­lhões de euros. A requalificação dos outros dois troços vai custar 120 milhões de euros, previstos no OE. Isto só pode ser feito pelo OE, ao contrário, por exem­plo, do SMM, da linha de alta velocidade, da maternidade e do porto da Figueira, que se englobam nos fundos comunitários. As estradas, fora as chamadas ‘last miles’, já deixaram de ter apoios dos fundos comunitários. Portanto, isto só é possível com o OE. Para terminar, de que maneira é que o conflito na Europa se vai repercutir em Portugal e quais são as dificuldades que isso vai trazer para a legislatura? A guerra já se está a refletir nas nossas vidas de forma muito clara. Nós vamos ao supermercado e está tudo mais caro; a gasolina ou gasóleo também; as empresas estão a ter dificuldades enormes a atender ao aumento do custo da energia, pelo que estão, inclusive, a parar produções devido aos preços insustentáveis; e as matérias primas em todos os setores estão a aumentar, por exemplo, na construção civil. Eu penso que a solução para a guerra vai ter que ser uma solução diplomática e que seja encontrada o mais depressa possível. A Rússia tem que, em breve, fazer cedências e pôr termo a este conflito, porque um Estado autoritário, antidemocrático e opressor, que tem um comportamento destes ao nível da 2.ª Guerra Mundial, não pode ter qualquer tipo de perdão, nem de conivência. Todas as palavras são poucas para condenar estes acontecimentos, o comportamento da Rússia e do seu presidente.

*Nota: a entrevista foi realizada dia 21 de março, cerca de uma semana após o falecimento de Cesário Silva.


16 soltas 3 de maio de 2022

CRÓNICAS DO TRODA - POR ORXESTRA PITAGÓRICA -

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omo é que estão as nossas FAMS? Conti­ nuam à espera nas filas das cantinas para comer­ alguma coisa? Um mês tem 31 dias e deixaram a emoção toda para os últimos? E valia bujas e ninguém nos chamou para jogar?! As passadas eleições para a DG

pareceram os jogos da nossa querida Briosa. 94-6? Esperamos que haja vaselina suficiente para aqueles rabinhos. Ficamos tristes pela Lista U não ter ganhado porque acreditamos que ia ser bom para as secções de modalidades de luta da casa. (Em unidade ou

não, “luta, luta, camarada, luta”). Além disso, a semana passada andaram todos à pancada para ver quem é que batia mais no ­MAGnífico ReITor e não conseguiram lembrar-se que a nota de repúdio indicada para o tio receber era a que nós escrevemos?! Em suma, a Magna foram ali umas três horinhas de, como ia dizer o nosso Querido Presidente não fosse a vergonha das palavras a contê-lo, “medição de pilas”. Pena não ter dito, há coisas que só se dizem de uma maneira. A discussão era sobre qual a melhor maneira de dizer ao Reitor que a malta que tem fome não tem necessariamente guita para ir comer ao restaurante e que as gajas assediadas nem sempre fazem de propósito para o serem. O braço de ferro deu empate, mas o nosso Maestro foi lá desempatar e trouxemos, mais uma vez, os 3 pontos para casa. Para contrastar com a ‘Mágica’. Ainda lhe chamamos ‘Mágica’ ou… ? Um beijinho a todas as mães do mundo, mas especialmente para aquelas que percebem todos os dias que deviam ter posto o preservativo. Só mais uma coisa, não se aproximem do gabinete do Pátio das Escolas… Anda lá o Lobo Mau! De resto, às Capuchinho Vermelho desta Academia, portem-se bem e até uma próxima, e não se deixem comer! Carícias Académicas

ÉXTÉGUES DA ISABEL - POR ISABEL SIMÕES -

A meu lado dois promotores imobiliários discutem questões ligadas ao negócio. O que me perturba? A distância que existe entre quem vende e quem compra. Como se habitar não fosse o primeiro direito.

Chego a Coimbra B, busco um lugar para comprar um jornal ou uma revista e nada? Em contrapartida, um samurai está na plataforma aguardando a chegada do comboio.

É sexta-feira. Cá vão eles e elas de mala aviada de regresso às terrinhas. #hávidanestesmtuc

#hávidanestacidade

#hávidanestacidade

cabreando por aí...


3 de maio de 2022

soltas 17

Relatório do IPCC: tu fazes a diferença! - POR TOMÁS CORREIA - GRUPO ECOLÓGICO DA AAC -

A 4 de abril de 2022 foi aprovada uma parte do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). Intitulado de “Alterações Climáticas 2022: Mitigação das Alterações Climáticas”, este segmento do relatório mostra que, dentro dos cenários projetados, vamos ultrapassar o limite definido em 2015 no Acordo de Paris: o aumento em 1,5º C da temperatura global. Se o segundo melhor cenário requer que as emissões de carbono sejam cortadas definitivamente a metade até 2050, o relatório mostra que há medidas em todos os setores para essa redução até 2030! Se mantivermos o rumo atual, as projeções indicam que o carbono que iremos mandar para a atmosfera excederá as 850 gigatoneladas (Gt). Porém, idealmente, apenas mais 510 Gt de carbono podem ser retidas na atmosfera, de acordo com os melhores cenários.

As medidas mais conhecidas passam por (1) ter cuidado com a nossa alimentação. Sempre que possível, optar por uma refeição vegetariana reduz a nossa própria pegada ecológica e, consequentemente, a pegada mundial. Por cada grama de carne de ruminante produzido, as emissões de carbono para a atmosfera conseguem atingir níveis na ordem do quilogramas por ano. muito desse carbono emitido vem da própria emissão de gases com efeito de estufa dos animais ruminantes e do uso excessivo da terra. Portanto, o consumo de carne aumenta a pegada ecológica de cada pessoa. Optar por refeições sem carne tem um impacto positivo! Outra medida passa por (2) ter cuidado com as viagens. Longas deslocações de avião, com mais de 1000 km, podem produzir (bem) mais de 200 kg de carbono por pessoa que faz a viagem! É muito melhor optar,

quando possível, por viagens de comboio para longas distâncias, sendo o meio de transporte com a menor pegada ecológica. Para distâncias mais curtas, andar de bicicleta e a pé é a melhor opção. Para além destas medidas que podemos adotar, aquela (talvez) mais importante é (3) plantar uma árvore. A melhor forma de não exceder as 510 Gt de carbono seria mesmo poder retirar o carbono da atmosfera, algo que as plantas conseguem fazer! Uma árvore adulta consegue retirar mais de 20 kg por ano! Plantar e manter florestas pode ajudar em grande escala a retirar milhões de toneladas de carbono da atmosfera. Na rea­ lidade, são as florestas que atualmente persistem que nos impedem de ultrapassar os piores cenários projetados. Mas os esforços têm de ser conduzidos na redução das emissões. No combate às alterações climáticas, tu fazes a diferença!

OBITUÁRIO - POR CABRA COVEIRA -

[PROCURA-SE TÍTULO]

S

eria futurismo? Não é que desceram mesmo? Fafe, Anadia, Desportivo de Curral de Móinas, Canelas 2010, Sanjoanense, S. João Ver, Montalegre, Amora, Cova da Piedade, Caldas, Cuspe FC, Real, Felgueiras, Vitória FC e o ­Oliveira do Hospital. Estes são alguns dos clubes com quem a nossa Brio-o-o-o-o-o-oo-o-sa pode vir a colecionar novas derrotas. Muita parra pouca uva, meus caros. Não há jotinha que pegue nisto, como se pode ver pela ausência de candidatos à presidência do clube. Citando dois grandes filósofos e empreendedores do mundo futebolístico, conhecidos por Júlio de Matosinhos e o outro (também de Matosinhos provavelmente), “trocam de treinador como eu troco de ceroulas” (são siameses).

BUCHA E ESTICA

PIA FININHO

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hamem o Rato-Esquilo! Temos um Falcão para depenar. Aí sim, vai haver histeria. Mas esconder histeria é com esta malta. Reza a lenda que, depois deste berbicacho todo, não houve mais filas nas cantinas... que se vissem! Que eras uma ave rara todos sabiam, agora arraçada de burro é que é surpreendente. Isto torna as coisas complicadas, mas de certo que alguém no DCV te saberá dar um nome. Só é preciso uma viagem ao Pólo I. Se fores assediado, chama o PAN. Com esse salário de certeza que tens telemóvel, né? Afinal de contas, só não denuncia quem não quer. A UC não é a Santa Casa da Misericórdia, mas não está longe de ser um hospício. De qualquer forma, basta descer as escadas e confirmar por ti. Mas pronto, quem tem cu tem medo.

J

á contava Laurindo Frias AKA Estica que corriam os anos de 1800 e picos e os estudantes andavam a aviar professores como quem come tremoços, em defesa de ideais liberais. No entanto, antes de voltar aos pastos, o nosso querido Estica de repente lembrou-se que a Académica existe e tem princípios. Do outro lado do ringue, no campeonato dos dirigentes inúteis, na categoria dos pesos pesados, ainda a subir as escadas (com dificuldade), vem Vítor Parada AKA Bucha. Não há muito mais a dizer. A Disciplinar continua morta e, de acordo com o próprio Bucha, nem o mail conseguiram meter no site. Mas calma que teve menos dois meses de mandato e a net da casa é o que é. Que tenham um bom resto de percurso no CRT: Centro de Reabilitação do Tacho.


18 artes feitas 3 de maio de 2022 GUERRA DAS CABRAS

CINEMA

A evitar Fraco

Tradição é agora - POR BRUNO OLIVEIRA -

Que por nascer no meio da comunidade Para nós é música, p’ra eles identidade E porque vejo que saber gostar de ouvir É diferente de lembrar e produzir”.

Aliado ao disco “Portugal desde a raiz”, surge um documentário que revela o processo de criação do mesmo e que procura mostrar a viagem, os momentos e os detalhes que culminaram no álbum, acompanhado pela voz de Budda Guedes. O complementar de um projeto musical que aqui ganha uma dimensão narrativa, é um mergulho na tradição musical portuguesa que, antes disso, é uma ideia, um projeto, uma viagem e as pessoas que o construíram. O projeto está inserido numa tradição que conta com grandes referências, como Michel Giacometti, também em Portugal, e Ry Cooder em Cuba, e ainda mais recentemente B Fachada, muito fiel

ao seu estilo em “Tradição Oral Contemporânea”. O projeto visitou seis regiões do país e colaborou com oito artistas e bandas portuguesas. Como explica o autor, o pedido aos artistas foi que escolhessem elementos musicais que visem refletir a sua região, de forma a criar um retrato eclético do país, não se ficando apenas pela etnografia. O disco e o documentário valem também por isso mesmo: pelo retrato. O retrato daquele ­Portugal­­, daquela parte capturada pelas câmaras e microfones, que é curto e incompleto inevitavelmente. A palavra raiz, no entanto, remete-nos para outro sítio: a tradição é apenas uma base para aquilo que se criou ao longo das nove faixas. Como explica o autor, “o objetivo foi criar um disco e um documentário vídeo onde se foram buscar as raízes da música nacional e fundi-las com as influências do século XXI”, contemporizando assim a tradição.

Podia ser melhor Razoável A Cabra aconselha A Cabra d’Ouro

Aquilo que os músicos oferecem aos artistas locais é trabalho e produção. É um remeter da música popular para o ‘pop’, nunca em detrimento da sua voz e das suas origens. No filme vemos também o convívio, não menos importante, e o caminho registado em imagens pouco cuidadas. As primeiras linhas deste texto são versos retirados de uma música de B Fachada, intitulada “Tradição”, e remetem para esta ideia evidente de que a música se cruza com identidade. E ainda que o papel de quem lembra e produz é radicalmente diferente de quem “gosta de ouvir”, o projeto de Budda Guedes cruza estes papéis aparentemente inconciliáveis.

PORTUGAL DESDE A RAIZ

De Nico Guedes com Budda Guedes 2022

A Cabra aconselha

HOW TO INSÍGNIAS NA QUEIMA DAS FITAS - PELO CONSELHO DE VETERANOS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA - MAGNUM CONSILIUM VETERANORUM -

strado (5ª matrícula ou 6ª em Medicina) então está na altura de te juntares à alta sociedade dos Doutores com o conjunto da Cartola e Bengala! Se és do tipo mais clássico, não te esqueças de fazer acompanhar por uma garrafa de champagne (e até charuto para os mais requintados). Durante o Cortejo abre alas à frente do teu carro e celebra antecipadamente o teu sucesso nos exames! Mas atenção! Não te auto-reduzas à condição de Caloiro! O uso das Insígnias vem sempre acompanhado da Capa e da Batina e, claro está, a pujança de um ou dois FRA’s!

E

h Doutor! A Queima das Fitas está a chegar! Já tens lugar marcado para a Récita? E o laço arranjado para o Baile de Gala das Faculdades? E as Insígnias, sabes como e quando as usar...? Doutor que se preze não sai de casa sem as suas Insígnias! Ora vamos então lá ver: - Se és aluno de 2º ano de Licenciatura, de 3º ano de Direito ou de Mestrado Integrado ou no 4º ano de Medicina está na altura de pedires ao teu afilhado que te compre o Grelo! Como ainda não o podes usar na Pasta, pega num

NOTA: O fim dos Mestrados Integrados não tem ainda, neste ano lectivo, efeito no percurso praxístico devenalfinete e prende-o na lapela esquerda! Em Setembro terás do, mesmo os estudantes que já transitaram de tipo de curque o colocar na Cerimónia de Imposição de Insígnias! so, usar as suas insígnias como se não houvesse transição. Para os actuais Grelados, ou seja, 3º ano de Licenciatura, 4º de Direito ou MI ou 5º ano de Medicina então está na altura de Queimar o Grelo! Usa-o na Pasta até à manhã de Domingo do Cortejo, onde queimas o Grelo e libertas as Fitas da tua Pasta onde serás doravante um ilustre Fitado da Academia! Depois não te esqueças depois de desfilar com as tuas Fitas, em cima, ou junto do Carro do teu curso pela cidade! Se estás em condições para concluir o curso de MeESPAÇO PATROCINADO PELO MCV


3 de maio de 2022

MÚSICA

Nuvens coloridas de fumo ninja - POR PEDRO DINIS SILVA -

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mês de março viu emergir um “grupo de quatro agentes secretos dedicados à exploração doa pop por meios não orto­doxos”. É assim que se descrevem os Fumo Ninja, quarteto composto pelos talentos não tão secretos de Leonor Arnaut (voz), Norberto Lobo (baixo), Ricardo Martins (bateria) e Raquel Pimpão (teclas). “Olhos De Cetim” é o primeiro esforço deste coletivo e entra diretamente para o radar dos melhores discos do ano. Brincadeira incessante, jogo de sombras e de so­ nhos, este disco transforma pedaços de fantasia em impulsos musicais cheios de persona­lidade. A faci­ lidade com que atingem este objetivo é de tal maneira magnética que nos prende a atenção desde o começo. Eis um álbum de estreia que consegue, com apenas dez faixas e uma duração total que não ultrapassa a meia hora, construir um habitat singular e descomprometido, que abre as portas a um curioso caminho de possibilidades, e que estampa, logo à partida, a assinatura indelével desta nova banda. As introduções são feitas com “Aku3”, que des­ cerra as cortinas e deixa a luz entrar. Segue-se a maravilhosa “Chapada Da Deusa”, o ‘single’ que antecipou o disco, onde se traçam com liberdade os recantos deste universo. Aqui não se reconhecem fronteiras entre a pop, o jazz e o R&B. Tudo se mistura num gigante caldeirão de criatividade. “Sim/ não” e “Mangas De Camisa” são exemplos perfeitos

OLHOS DE CETIM

De Fumo Ninja Editora Revolve Género Pop, R&B 2022

da experimentação que o grupo tão bem leva a cabo. Em “Algas” e “Segredo”, duas pequenas viagens só por si, também nos versos se colhem os frutos doces desta interessante aventura. “Andróide” e “Django Hair” parecem transcrições sonoras de um sonho longínquo, e a odisseia termina brevemente com a brisa utópica de “Holograma”, que deixa por saciar o desejo de continuar a navegar por estas imagens. Espiritual e deambulante, “Olhos De Cetim” encontra o seu engenhoso balanço entre vontades reais e cores esbatidas do imaginário. Os seus bons humores orbitam ao nosso redor, em movimentos ora bruscos e rompantes, ora suaves e cari­ nhosos. O seu propósito é tão misterioso quanto o seu próprio nome: serão os “olhos de cetim” refe­ rentes ao olhar infantil de uma criança, que brinca ingenuamente com o mundano? Será este cetim o dos lençóis e das galáxias inteiras que se guardam lá por dentro? Haverá alguma certeza, fará alguma coisa sentido? As respostas vão e vêm, como os sonhos, em nuvens coloridas de fumo ninja.

Quando um quadrado amoroso surge em Conversas Entre Amigos - POR LEONOR GARRIDO -

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rances é uma jovem aspirante a escritora. Paralelamente aos estudos na Universidade de Trinity, em Dublin, com a sua grande amiga (e outrora namorada) Bobbi, apresenta-se muitas vezes em bares para dar voz à sua poesia. Numa destas noites, ambas conhecem Melissa, uma jornalista cuja personalidade é motivo imediato de deslumbre. Esta mulher, mais velha e sofisticada, interessa-se pelo trabalho das duas amigas e, daí, surge uma relação que vai impactar as suas vidas. A atração que Bobbi sentiu desde o início por Melissa, e que julga ser recíproca, faz com que a relação de ambas seja diferente da dinâmica que existe quando Frances está presente. Desta forma, e sentido uma certa exclusão, em encontros realizados em casa de Melissa, Frances aproxima-se de Nick, o marido da jornalista. Os dois acabam por se apaixonar e começar uma relação. A partir desse momento, Frances tenta manter o controlo da sua vida, querendo agir como se fosse inabalável, apesar de sentir cada vez mais instabilidade nas suas relações mais próximas: com Nick, com o pai, e especialmente com Bobbi, que, apesar de tudo, ainda considerava como a sua “outra-metade”. No decorrer do romance, as conversas que sucedem entre as personagens são em si algo poético e significativo. Vemos Bobbi e Frances constantemente a debater e a questionar assuntos

artes feitas 19

flagrantes, como o capitalismo e o machismo, e em todos os encontros e jantares acabam por refletir sobre algo. As mais comuns situações são alvo de introspeção. O facto de o enredo ser lento é bastante relevante para realçar que, nesta história, o importante são as quatro personagens, as relações que têm, a extensa exposição do seu caráter e a análise detalhada das suas inseguranças, dúvidas e tomadas de decisão. A escrita de Sally Rooney consegue facilmente transportar-nos para os pensamentos das personagens pois, apesar de estas serem por vezes egoístas e ignorantes do seu privilégio, são personagens reais. Os assuntos sobre os quais se debruçam fazem-nos pensar sobre as relações e como a sociedade nos apresenta rótulos e conceitos pré-estabelecidos e desperta uma necessidade de desconstrução dos mesmos.

A Cabra aconselha

LIVRO

Conversas Entre Amigos De Sally Rooney Editora Editorial Presença 2018

A Cabra aconselha


Mais informação disponível em

EDITORIAL Estado da arte

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- POR TOMÁS BARROS -

oimbra vive um período de transformação, um momento de mutação tanto a nível desportivo como cultural e da educação. Em tempos de desespero impera o caos e para atingir a bonança precisa de timoneiros capa­ zes de garantir prosperidade durante a tempestade. As declarações do Magnífico Reitor foram uma acendalha que espoletou fogo no seio da comunidade académica. A Academia e as Repúblicas prontamente responderam de diversas formas, uma delas na forma de uma nota de repúdio aprovada em Assembleia Magna. Muito antes de ser aprovada em Magna, já mais de 47 estruturas a tinham assinado. Nesta última edição do ano letivo 2021/2022 do Jornal Universitário de Coimbra, A Cabra, foi indispensável tecer uma abordagem mais profunda sobre os problemas que neste momento assolam a academia e a cidade. Não só nesta edição em papel, mas também na edição online, A Cabra tem primado por dar visibilidade a todos os temas estruturantes para a vida dos estudantes e de todos os que habitam a cidade. A Cabra, enquanto jornal universitário, orgulha-se de ser o único que produz edições em papel e que as distribui gratuitamente pela Universidade e para toda a cidade, agora com ainda mais alcance, graças à parceria celebrada com a Associação Académica e com Diário de Coimbra, que distribui parte das edições. A­gora, essa ação encontra-se cada vez mais condicionada e mesmo em risco, devido aos custos que a acarretam. O Jornal prima por honrar o trabalho de todos aqueles que por ele passaram e que, mesmo passados muitos anos, continuam a ajudar. Este mote alia­ do à vontade de informar e ao desenvolvimento de um tipo de jornalismo mais lento e que se debruça por temas muitas vezes “esquecidos”, são algumas das características que demarcam este que, para mim, é uma escola de jornalismo e uma família. A Cabra faz o seu papel em prol dos estudantes, dos conimbricenses e assim prosseguirá, te­nho a certeza, apesar de quaisquer dificuldades. Obrigado a todos os que fazem do jornal, o jornal.

A Cabra, enquanto jornal universitário, orgulha-se de ser o único que produz edições em papel e que as distribui gratuitamente pela Universidade e para toda a cidade”

Ficha Técnica

Diretor Tomás Barros

Pinto, Paulo Sérgio Santos, Pedro Emauz Silva

Jornal Universitário de Coimbra – A CABRA Depósito Legal nº 478319/20 Registo ICS nº116759 Propriedade Associação Académica de Coimbra

Editores Executivos Francisco Barata e Carina Costa

Fotografia: Jorge Botana, Marília Lemos, Gabriela Moore, Simão Moura, Ana Filipa Paz, Sofia Ramos

Morada Secção de Jornalismo Rua Padre António Vieira, 1 3000-315 Coimbra

Equipa Editorial Joana Carvalho e Simão Moura (Ensino Superior), Débora Cruz e Marília Lemos (Cultura), Francisco Barata e Diogo Machado (Desporto), Carina Costa e Gabriela Moore (Ciência & Tecnologia), Catarina Magalhães (Cidade) Colaborou nesta edição Jorge Botana, Larissa Britto, Débora Cruz, Alexandra Guimarães, Raquel Lucas, Luísa Macedo Mendonça, Gabriela Moore, Clara Neto, Eduardo Neves, Daniel Oliveira, Iris Palma, Ana Filipa Paz, Sofia Variz Pereira, Sofia Puglielli, Sofia Ramos, Cristiana Reis, Pedro Dinis Silva, Mateus Rosário, Sara Sousa, Fábio Torres

JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA

Conselho de Redação Luís Almeida, Cátia Beato, Inês Duarte, Filipe Furtado, Leonor Garrido, Hugo Guímaro, Maria Monteiro, Margarida Mota, Bruno Oliveira, João Diogo Pimentel, Daniela

Ilustração Iris Palma Paginação Luís Almeida, Tomás Barros, Larissa Britto, Joana Carvalho, Leonor Garrido, Raquel Lucas, Gabriela Moore, Fábio Torres

Impressão FIG – Indústrias Gráficas, S.A. Telf. 239499922, Fax: 239499981, e-mail: fig@fig.pt Produção Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra Tiragem 2000


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