3 minute read

Podcast/Ondas Impressas

Joanna Marini

Advertisement

Roberto Nogueira Ferreira

Comunicação impressa.

Há dois séculos gerando emprego e renda, preservando o meio ambiente! ivemos um tempo de inversão de valores, fake news e descrenças generalizadas. A comunicação impressa, além da gráfica, aí está para mostrar a quem tem olhos para ver, ouvidos para ouvir, inteligência para discernir, que ela vai muito além e está presente em nossas vidas não só através dos jornais, livros e revistas, levando acesso à cultura e às artes. Ela também é a voz a que recorremos para nos orientar sobre a comida e o medicamento embalados. Em evento recente, o Congresso Nacional foi célere ao aprovar uma lei que cria a bula digital, modismo tecnológico que avança sobre nossas vidas, ainda que, graças a ações organizadas de empresas e associações gráficas, como a Abigraf, as bulas impressas tenham sido preservadas. Até quando? Enquanto países tecnologicamente mais avançados dispõem de leis que obrigam a bula impressa, há quem pense que o Brasil deu um passo à frente. Corte para um parêntese. O trâmite do projeto de lei sobre bulas evidenciou o desconhecimento de quem deveria ter conhecimento sobre a contribuição da indústria gráfica e transformada do papel às questões ambientais. Parlamentares saudaram a instituição da bula digital como uma grande “contribuição do Congresso para a sustentabilidade do meio ambiente”. Debatem e decidem um tema relevante Roberto Nogueira Ferreira é consultor da Abigraf Nacional em Brasília roberto@rnconsultores.com.br sem saber que o papel que a indústria gráfica nacional transforma em cultura, informação e documento não vem de árvores nativas, mas sim de árvores plantadas especialmente para esse fim.A quem interessa o desinteresse pela verdade? John Kenneth Galbraith, preocupado com questões objetivas como guerra, inflação, fome e os desarranjos econômicos, produziu e registrou em livro impresso (por isso também eterno) “A Era da Incerteza”. Nós, e não só nós, caminhamos a passos largos e coordenados para — quem sabe? — uma nova Era: A da Ignorância? A da Esperteza? A do Salve-se Quem Puder? Certo é que a população em geral, e os parlamentares e as autoridades, em especial, necessitam saber que mais do que aquela “velha e boa” e mais que necessária tipografia, o nome desse negócio é comunicação gráfica, há 200 anos gerando emprego e renda em todos os rincões desse País. A economia digital ceifará empregos e empresas, mas, por enquanto, quem deveria debater e se aprofundar sobre seus efeitos perversos sobre cidadãos e empresas e buscar alternativas, parece ter o olhar obscurecido pelo calendário eleitoral. O papel ainda exerce fascínio nos amantes da boa leitura e sempre será o veículo de demandas e registros legais, mas até ele está em risco, acossado pelo mundo da pós-verdade, onde a versão supera

os fatos. Contribuições legais deveriam vir para esclarecer e ajudar, não para agregar preocupações e dificuldades. O exercício democrático pressupõe debates para gerar conhecimento e aflorar soluções de interesse da sociedade como um todo e não de pequenos grupos sociais. Reuniões políticas, deliberativas ou não, no âmbito do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, virtuais, substituem, para pior, os produtivos encontros entre parlamentares e agentes sociais nos corredores do Congresso Nacional, outrora a “casa do povo”. Pequenas e grandes decisões concentram-se no plenário das duas casas legislativas, concentrando poder e decisão em mãos de poucos, enquanto projetos de lei de interesse da indústria gráfica adormecem em Comissões Técnicas inertes. Corte para terminar falando do papel. Por gentileza, caríssimos senhores responsáveis pelo nobre exercício de formular e aprovar políticas públicas, em nome da sustentabilidade do emprego, da renda e do meio ambiente, aprendam que o papel vem de árvore plantada e não de floresta nativa. Salvar o papel significa salvar empresas e empregos, a jusante e a montante.

This article is from: