Revista Tela Viva 194 - Junho 2009

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ano 18_#194_jun2009

LETA 10º F O OMP

BRASIL RUM

COBERTURA C

televisão, cinema e mídias eletrônicas

momento positivo Debates no Forum Brasil mostram que País tem boas oportunidades para a coprodução, enquanto o mundo vive a retração econômica

RADIODIFUSÃO Internet é o foco dos debates no Congresso da Abert

TECNOLOGIA Cultura atualiza parque de produção para HD


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Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretores Editoriais Diretor Comercial Diretor Financeiro

Rubens Glasberg André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Manoel Fernandez Otavio Jardanovski

André Mermelstein

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Tela quente

E Editor Editor Tela Viva News Redação

Coordenadora de Projetos Especiais Arte

Depar­ta­men­to Comer­cial

André Mermelstein Fernando Lauterjung Ana Carolina Barbosa Daniele Frederico Mariana Mazza Lizandra de Almeida (colaboradora) Letícia Cordeiro Carlos Edmur Cason (Direção de Arte) Debora Harue Torigoe (Assistente) Rubens Jar­dim (Pro­du­ção Grá­fi­ca) Geral­do José Noguei­ra (Edi­to­ra­ção Ele­trô­ni­ca) Alexandre Barros (Colaborador) Bárbara Cason (Colaboradora) Manoel Fernandez (Diretor) Fernando Espíndola (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te)

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missoras de TV, operadoras de TV paga e de telecomunicações começam a tatear o terreno, cavar suas trincheiras e juntar munição para o que deve ser o novo campo de batalha entre os mundos da radiodifusão e das telecomunicações: a Conferência Nacional de Comunicação, promovida pelo governo no final do ano para discutir o marco regulatório do setor. Não se trata de uma reunião deliberativa, ou seja, não é de lá que sairão as novas normas da comunicação brasileira. Mas será um evento de grande visibilidade, onde questões importantes serão debatidas publicamente, com pressão de vários segmentos da sociedade. A tática, neste momento inicial, tem sido a de tentar empurrar a “batata quente” para o campo do adversário. No Congresso da Abert, realizado este mês, a Internet foi o tema central (veja matéria nesta edição). A associação dos radiodifusores demonstrou apoio ao item do PL29, em sua mais recente versão, que regulamenta o conteúdo de vídeo na web. Para ela, este deve ser o tema central da conferência: as novas mídias e os novos players (e, claro, como controlá-los). Do outro lado, as empresas de telecomunicações, tomando circunstancialmente carona nos movimentos pela democratização das comunicações, querem botar a televisão no centro do debate. Temas que sempre foram deixados na “geladeira”, como a propriedade cruzada de meios, cotas para a produção independente e controle da concorrência deveriam, na visão destes grupos, ser o ponto focal da conferência. No jogo de empurra entre duas grandes potências, uma com mais fogo econômico (telecom), e outra com forte armamento político (radiodifusão), podem sobrar estilhaços para a TV por assinatura, que teme que assuntos como empacotamento de canais e programação nacional acabem dominando, convenientemente, o debate. Há, finalmente, o governo, que por enquanto manifesta interesse em temas como as TVs educativas e a reestruturação do próprio Minicom (mas cujo ministro das Comunicações, em uma clara sinalização de posição, conclama os jovens a deixarem a Internet de lado e assistirem mais TV...). Com tantos temas em jogo, cabe à sociedade ficar atenta para garantir que a Confecom seja um marco de debates e mudanças relevantes, e que as pressões dos grandes grupos não consigam fazer o que tentarão a todo custo: discutir apenas os problemas do “outro”, sem entrar a fundo em suas próprias questões. E, de preferência, deixar tudo como está, passando ao largo do interesse público.

capa: editoria de arte/converge

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Ano18 _194_ jun/09

(índice ) Capa

Cobertura completa do 10º Forum Brasil Mercado Internacional de Televisão

( cartas) Capa De fato, assim como algumas produtoras relataram na matéria de capa da TELA VIVA (edição 193), a crise afetou o volume de produções. Talvez as grandes estruturas não tenham sentido muito, algumas sentiram pouco, mas as pequenas certamente perceberam a retração. Não acho que há crise realmente em curso no Brasil, mas há sim um cuidado por parte dos anunciantes nos seus gastos. E é claro que a verba de marketing e mídia é a primeira a ser cortada. André Campos, Rio de Janeiro, RJ

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Scanner

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Figuras

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Programação

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Canais revelam suas estratégias para a produção local

Radiodifusão

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Abert se prepara para a Conferência Nacional de Comunicações

TV Pública

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Evento revela necessidade de financiamento para o setor

Cinema

Produção É importante mesmo que as produtoras brasileiras mostrem-se competitivas no mercado internacional. Temos condições e profissionalismo para disputarmos com os argentinos, muito bem organizados neste segmento. João Moura de Andrade, Porto Alegre, RS

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Brasileiros discutem formatos que podem emplacar nos EUA

Mercado

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Modelos de negócios para mídias digitais são destaque no Canadá 24

Evento

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Punta Show 2009 reúne indústria de TV paga latina Mercado Muito boa a iniciativa da Tela Viva de associar o pitching do Forum Brasil a um grande canal, com disputa de prêmio em dinheiro. É um grande estímulo aos produtores. Parabéns! Fabiano de Mesquita, São Vicente,SP

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Making of

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Audiência

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Case

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Longa-metragem é feito em modelo de cooperativa

Tecnologia

48 Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas.telaviva@convergecom.com.br

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TV Cultura investe em renovação de equipamentos

Upgrade Agenda Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br 4

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( scanner ) Convergência Desde o final de maio está no ar o site Aldeia Viral (www.aldeiaviral.com.br), desenvolvido pela Conspiração para a Oi. Baseado em conteúdo colaborativo, o site abriga material que o internauta cadastrado identifica como tendência e envia por texto, áudio e vídeo, via web ou celular. No site, o visitante pode visualizar as tendências por categoria (entretenimento, comportamento, tecnologia, esportes e miscelânea), por uma espécie de termômetro que classifica as tendências mais comentadas do momento, por meio de um relógio que mostra os arquivos postados na última hora, dia, semana e ano; e por usuário cadastrado. Também é possível verificar no mapa viral em qual parte do mundo surgiu a maioria das tendências postadas no site. O material deve ter desdobramento na TV e celular, com produção de conteúdo para os assinantes da operadora. "A ideia é gerar determinada massa crítica e a partir disso, dos elementos que os internautas identificarem como tendência, produzir um material jornalístico sobre o assunto", conta Luiz Noronha, produtor executivo responsável pela Conspiração Multiplataformas. De acordo com o produtor, a ideia é ter 13 episódios prontos ainda este ano, que devem Site Aldeia Virtual, desenvolvido pela ir ao ar pelo canal que a Oi mantém em suas operações de TV por Conspiração para a Oi, tem proposta de aproveitamento multiplataforma do conteúdo. assinatura, a OiTV, em Belo Horizonte.

Disney XD

Pequenos conscientes A Cinema Animadores, em parceria com a Conteúdo Diversos, produziu o curta-metragem em animação "Criança Ecológica" para a Secretaria do Meio-Ambiente do Estado de São Paulo. A produção foi lançada oficialmente durante a Semana do Meio Ambiente (1 a 5 de junho). Baseado em livro produzido pela secretaria, o filme de oito minutos traz conceitos de educação ambiental para crianças de 8 a 10 anos. Os personagens estarão presentes também em spots de televisão e games. As produtoras, com o suporte técnico da DayDreamLab, desenvolveram um grande game, contendo 15 minigames educativos em que o objetivo é sempre realizar uma ação em defesa do meio-ambiente. Evitar o desmatamento, despoluir um rio ou libertar aves em cativeiro são alguns dos temas abordados. Personagens do curta-metragem "Criança Ecológica", desenvolvido pela Cinema Animadores e Conteúdos Diversos para a Secretaria do Meio-Ambiente do Estado de São Paulo.

O canal Jetix, do grupo The Walt Disney Company, se transformará no canal Disney XD em breve. O Disney XD é focado especialmente em meninos, de 6 a 14 anos. Segundo a programadora, o canal se diferenciará ao exibir filmes de live-action que levam a marca Disney, novas séries animadas e aquisições locais. O canal foi lançado em fevereiro deste ano nos Estados Unidos e na França, e na Polônia no mês de abril passado.

Minas em alta

FOTOs: divulgação

A TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais, começou a transmitir digitalmente no início de maio. Além da inauguração das transmissões, a emissora fez ainda testes em Betim de aplicativos interativos, usando, para garantir o retorno, modem da fabricante MXT, que desenvolve equipamentos GPRS e que podem ser acoplados a receptores de TV digital. A emissora do grupo Diários Associados transmitirá em alta definição conteúdo do SBT e parte do conteúdo local. Os programas "Viação Cipó" e "Vrum" já são produzidos por ela em alta definição. Os programas "Jornal da Alterosa" e "Alterosa Esporte", ainda captados na resolução standard, são os próximos a entrar totalmente na era digital. 6

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PL 29 tem novo substitutivo

"SportsCenter", uma das atrações

Aniversário A ESPN completa 14 anos em junho e comemora com novidades na programação. O telejornal "SportsCenter" irá ao ar de segunda a sexta-feira ao vivo do meio-dia às 13h, com apresentação de André Kfouri e Arnaldo Ribeiro. O "Bate-Bola - 1ª edição" fica mais curto e ganha novo horário: de segunda a sexta-feira, das 13h às 14h. O "Social Clube", programa que mostra ações sociais relacionadas ao esporte e foi ao ar de 2001 a 2004, volta para a grade de programação em novo formato, com 15 minutos de duração, com exibição quinzenal, às sextas-feiras, às 21h.

Alugam-se salas Exibidores vêm aprendendo a buscar novas formas de financiamento, principalmente com o uso da exibição digital. A rede de cinemas Arteplex, por exemplo, fechou com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) a exibição gratuita do documentário "Fumando Espero", primeiro longa-metragem de Adriana Dutra, que aborda o tabagismo por meio de entrevistas com anônimos e celebridades e dos esforços da própria diretora em parar de fumar. O filme foi exibido às 18h em sala nos complexos do Rio de Janeiro e de São Paulo no Dia Mundial Sem Tabaco (31/05). Os ingressos foram distribuídos gratuitamente ao público. O Inca pagou pelo aluguel das salas. Como a exibição é digital, o custo das cópias não é elevado.

Depois de analisar 108 emendas apresentadas ao PL 29/2007, que pretende alterar as regras da TV por assinatura e do audiovisual, o relator Vital do Rêgo Filho (PMDB/PB) apresentou seu novo substitutivo, acatando 46 propostas apresentadas pelos deputados. O PL 29 aguarda votação na Comissão de Defesa do Consumidor (CDC). Os pontos mais polêmicos da proposta foram alterados. A regulação da Internet foi suavizada. O relator aceitou emendas garantindo uma ressalva sobre este item, que melhora o entendimento de quais conteúdos veiculados na web estão sendo regulados pelo projeto. A mudança esclarece que a distribuição gratuita de conteúdos pela Internet não é afetada pela medida. No texto anterior, apenas a radiodifusão era claramente excluída do escopo do projeto, abrindo um flanco para que as regras da PL 29 se impusessem sobre todo o conteúdo audiovisual veiculado pela Internet. O relator, porém, fez questão de ressaltar que mantém seu entendimento de que a venda de conteúdos pela web deve seguir as mesmas regras da TV por assinatura Boa parte das emendas relacionadas com o must carry e a preservação do modelo federativo da radiodifusão foram abraçadas pelo relator. Rêgo Filho decidiu estabelecer, além do carregamento obrigatório e gratuito dos canais das radiodifusoras na modalidade analógica, a livre negociação desse carregamento na tecnologia digital e na distribuição via satélite. Mais um ponto da lista de reivindicações das TVs abertas foi aceito: o esclarecimento no projeto de que o modelo federativo praticado na radiodifusão será preservado. A partir de agora, o texto define que, salvo autorização expressa, a distribuição dos canais obrigatórios deverá ser na mesma área de outorga da emissora de TV aberta. Também caberá à emissora local a decisão se o seu sinal deverá ser carregado quando a oferta incluída na programação foi de uma geradora de outra localidade. Rêgo Filho acatou ainda emenda definindo que os canais obrigatórios devem ser oferecidos em bloco na grade de programação, com ordem numérica virtual sequencial. Inalterado Um ponto de atrito mantido na proposta é a exigência de venda avulsa de canais. O relator resolveu também não mexer na sua proposta com relação ao limite de veiculação de publicidade pelas TVs pagas, estipulado em 12,5% do total diário da programação e 20% a cada hora. A única ressalva feita nesse ponto foi o acolhimento de uma emenda impedindo que publicidade destinada ao público brasileiro, em português ou com legenda em português, sejam contratadas por meio de agências publicitárias no Brasil. São quatro as emendas que o relator rejeitou por entender que são da alçada da CCTCI. Duas delas tratam da continuidade dos contratos vigentes nas diversas modalidades de TV por assinatura; uma especifica regras para a oferta do Serviço Especial de Televisão por Assinatura (TVA); e outra detalha a oferta de Internet que será regulada pelo PL 29/2007.

"Fumando Espero": exibição bancada pelo Instituto Nacional do Câncer.

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( scanner) FOTO: Manuca Vieira

Realidade no ar Um novo canal da Turner está sendo oferecido às operadoras no Brasil. Trata-se do TruTV, canal com foco em conteúdo de atualidade, voltado para o entretenimento. "São documentários sem script, espontâneos. Não se tratam de reality shows, mas programas que mostram conteúdos reais, da atualidade" diz o vice-presidente regional da Turner International do Brasil, Anthony Doyle. O canal foi lançado em abril para a América Latina, e deve ter seu lançamento oficial no Brasil durante a ABTA 2009 - Feira e Congresso, que acontece entre os dias 11 e 13 de agosto, em São Paulo.

"Tom da Caatinga", produção da carioca Pindorama Filmes para o canal Futura.

FOTOs: divulgação

Quatro em um A produtora carioca Pindorama Filmes estreou em junho quatro programas na Globo, Globonews e Futura. "Vozes do Clima", programa sobre os impactos ambientais do aquecimento global, estreou em março como quadro no "Fantástico" e ganhou versão ampliada para o Globonews.Uma reedição do programa estreou no canal de notícias com cinco episódios de 23 minutos cada. Segundo Estevão Ciavatta, sóciodiretor da Pinodorama, o programa, um projeto da produtora, despertou o interesse da Globo pela temática e o bom desempenho no programa dominical, o fez ganhar uma nova janela no Globonews. "Já tínhamos material, apenas gravamos algumas novas entrevistas e algumas novas cenas com o apresentador Marcos Palmeira", explica Ciavatta. Outra produção da Pindorama entrou no "Fantástico": o quadro "Vem Com Tudo", com Regina Casé, abordando

tendências e comportamento. A Pindorama estreou ainda na Globo e no Canal Futura o primeiro dos 24 episódios produzidos para o "Globo Educação" no dia 6 de junho. "Vamos abordar os problemas da educação, buscando exemplos de escolas que superaram seus problemas, dicas de alunos e professores. A formatação foi feita em parceria com a Globo, o Futura e a Fundação Roberto Marinho, mas a produção é toda nossa", conta Ciavatta. No Futura, foi ao ar ainda a série de cinco programas "Tom da Caatinga", abordando aspectos daregião. De acordo com o sócio-diretor da produtora, há projetos de televisão sendo gestados para o segundo semestre. Neste momento, a equipe tem concentrado os esforços em um longa-metragem sobre o Saara, famosa zona de comércio popular do Rio de Janeiro, vencedor de um edital da Oi.

Transmissão na rede O site do canal SporTV passou por uma reformulação e a nova versão dá mais destaque ao conteúdo em vídeo. A ideia é também intensificar a transmissão de eventos pelo site. Pouco antes das mudanças na página, o site do SporTV transmitiu pelo Blog do Zona (do programa "Zona de Impacto") o Air Race, evento de aviação.

Nova Cara Outro canal da programadora, o Infinito, de conteúdo baseado na realidade também passa por reposicionamento. Para ele, a Turner negocia oito produções nacionais, uma delas, que está em fase mais avançada, é uma série de cinco episódios de meia hora, intitulada provisoriamente de “Queda Livre”, com a produtora Ioiô Filmes. A série mostrará Gui Padua, praticante de “base jumping” (modalidade de paraquedismo praticada em prédios, pontes, morros etc), realizando saltos exclusivos para o programa e lembrando de experiências anteriores. O projeto ainda está em fase de formulação, e deve estrear ainda este ano. Além deste programa, que será viabilizado com recursos provenientes do Artigo 39, outros sete projetos estão em negociação.

Novo site do SporTV destaca conteúdo em vídeo.

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"Ocean Force", atração do TruTV, da Turner.

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Apresentação interativa

On-demand

A TV1 Vídeo, agência de comunicação audiovisual do Grupo TV1, criou um núcleo especializado na elaboração de apresentações interativas para clientes corporativos, o I-Presentation. Criadas no programa Director, da Macromedia, estas apresentações integram vídeos, arte, animações e programação ao tradicional Power Point. "Já fazemos TV1 usa vídeo para incrementar apresentações. há algum tempo este tipo de trabalho e a procura tem aumentado. As pessoas não querem mostrar apresentações chatas, cheias de números, tabelas. Desenvolvemos o roteiro e colocamos elementos audiovisuais que ajudem na compreensão. Às vezes um vídeo com a opinião das pessoas pode ajudar a entender um gráfico", observa Leo Strauss, diretor de planejamento da TV1 Vídeo. A demanda pela elaboração de apresentações interativas representa 15% do faturamento da TV1 Vídeo e a expectativa é que chegue a 25% no final de 2009. Clientes como Unilever, Basf, Telefonica e Embratur têm utilizado este serviço.

A Livraria Saraiva lançou um serviço de video-on-demand. Os usuários poderão alugar ou comprar vídeos pelo site www.saraiva.com.br/digital ou pelo aplicativo Saraiva Digital. A compra ou locação de vídeos é feita de maneira semelhante à compra de qualquer outro produto no site, com cartões de crédito ou cartão Saraiva."Acreditamos muito neste produto. É um mercado novo. No futuro, o consumidor vai consumir produto digital da mesma maneira que consome um DVD", afirma Marcílio Pousada, presidente da Livraria Saraiva, destacando que a empresa ainda pretende expandir os serviços digitais para as áreas de música e livros no futuro. Para o lançamento do serviço, a Saraiva conta com um acervo ainda limitado a 500 títulos entre filmes, documentários e conteúdo infantil,

Orquestra O mini-documentário "Ser Osesp", produzido pela Prodigo Films, estreou no Film & Arts em maio. A produção mostra os bastidores e conta um pouco da história da orquestra, a partir do ponto de vista de seu músico mais jovem, André Gonçalves. Com 13 minutos de duração e baixo orçamento, o mini-documentário é a primeira produção nacional do canal e marca o início de uma parceria da programadora Pramer com a Prodigo. "Já existe um outro projeto grande de produção nacional com a Pramer", conta o diretor de conteúdo da Pródigo, Giuliano Cedroni. O mini-documentário foi realizado com recursos provenientes do Artigo 39.

Saraiva Digital, aplicativo desenvolvido pela Microsoft e pela Truetch para o serviço de vídeo sob demanda da livraria.

Mercado HD De olho no mercado de alta definição, a produtora carioca Youle Filmes investiu em equipamentos para produzir em HD no novo endereço na Barra da Tijuca."Trabalhamos com foco em televisão, produzimos bastante para os canais de TV por assinatura e eles estão se preparando para a alta definição, nós também precisamos estar preparados", justifica Nadym Cassar Neto, sócio e diretor de atendimento e novos negócios da produtora. A Youle produz chamadas, vinhetas e abertura de break para Universal Channel, Telecine e GNT. "Esse investimento nos permite também prospectar novos clientes. Lançar canal em alta definição vai gerar demanda de produção", observa Neto.

material de seis distribuidoras (Warner, Paramount, Paris Filmes, Flashstar, Logon e Alfa Filmes). O objetivo é chegar a dois mil títulos até o final do ano. Segundo Pousada, a meta é que o serviço digital tenha, em breve, um acervo maior do que o das lojas. "Temos certeza de que em breve todos os estúdios estarão com a gente. Não temos encontrado resistência porque nós temos objetivos em comum e o modelo está baseado em remuneração de toda a cadeia", explica. O lançamento dos filmes em VOD será definido com os estúdios, de acordo com o presidente da livraria. A ideia é aproximar-se o máximo possível do lançamento em home video. A tecnologia para o aplicativo Saraiva Digital foi desenvolvida pela Microsoft em parceria com a Trutech.

Sandro Natali, Nadym de Cassar Neto e Alberto Youle, sócios da Youle Filmes.

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( scanner) Documentário A Take 5, especializada em comunicação corporativa com ênfase em vídeos empresariais, criou um novo núcleo que se junta à Take 5 Filmes (produção de vídeos), Take 5 Online (comunicação pela Internet) e Take 5 Estratégia (consultoria, análise, diagnóstico), ampliando os serviço da empresa: a Take 5.doc. A área de produção de documentários tem Celso Gonçalves, presidente da divisão paulista da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD), como parceiro. Segundo o diretor de novos negócios da Take 5, Alceu Costa Júnior, o objetivo é atuar com três focos. O primeiro, de documentários para cinema e TV de natureza mais autoral. Neste segmento já há um projeto em execução, "Itamar Assumpção - de Nego Dito a PetroBras", de autoria de Gonçalves. A segunda linha é de séries para TV. "Estamos conversando com algumas emissoras para entender o que elas esperam da produção independente de documentários. A ideia é produzir projetos para a aquisição, coproduzir e produzir sob encomenda", conta Júnior. A terceira área Celso Gonçalves e Alceu Costa Júnior: parceria é o desenvolvimento de documentários sobre empresas. para documentários.

Tecnologia A LG Eletronics criou um hot site para divulgar o conceito e os benefícios da TV digital (DTV). O hot site "Os Remotos" (www.osremotos.com.br) traz um filme de oito minutos no qual uma família comum vive situações corriqueiras envolvendo um aparelho de TV com receptor do sinal digital. A cada situação eles descobrem um benefício diferente da TV digital, que a TV analógica não proporciona. O hot site ainda tem um menu com explicações e mensagens sobre a tecnologia e os produtos aptos para recebê-la. Tem também um quizz para que o usuário descubra qual modelo de aparelho da LG é mais conveniente para o espaço que ele possui em casa.

Luiz Gustavo Dias, Paulo Dantas e Bruno Faldini: Fazenda Produtora une-se à Movi&Art.

Em novas terras A Fazenda Produtora, dos sócios Luiz Gustavo Dias (Luigi) e Bruno Faldini, associou-se à Movi&Art, de Paulo Dantas. Desde o início de junho, a Fazenda Produtora, há um ano no mercado, tornou-se um núcleo da Movi&Art. "Já nascemos voltados para a produção de filmes publicitários com qualidade cinematográfica, em tecnologia HD. Conseguimos manter os orçamentos competitivos porque a pósprodução é feita internamente. Na Movi&Art continuaremos trabalhando assim, mas dentro da estrutura deles", conta Dias, destacando que as agências poderão escolher fazer filmes pela Fazenda (as produções serão assinadas como Fazenda by Movi&Art) ou pela Movi&Art com direção de Dias. "Daremos mais opções ao mercado publicitário". Além dos trabalhos em publicidade, Dias acredita que esta união pode abrir portas para o desenvolvimento de conteúdo para a televisão e cinema. "O Paulo Dantas, como produtor executivo, nos coloca em contato com estas possibilidades. Estas produções também nos interessam", diz Dias. A Fazenda produziu em 2009 o médiametragem "Areia do Tempo", que pretende levar ao circuito de festivais.

FOTOs: divulgação

Switch off americano Segundo noticiários especializados dos Estados Unidos, o switch off da TV analógica naquele país não apresentou grandes surpresas. No dia 12 de junho, todas as emissoras do país cessaram as transmissões analógicas e, como previsto, pegaram "de surpresa" muitas famílias. A FCC, órgão regulador das comunicações no país, criou um número de telefone para auxiliar a população na fase de transição da TV analógica para a digital. Segundo o órgão, na sexta-feira do "apagão", 317,4 mil pessoas ligaram, afirmando não estarem preparadas para o desligamento. No dia seguinte, o número de ligações caiu para 145,4 mil, chegando a aproximadamente 48 mil no domingo. Além disso, uma pesquisa junto a mais de 10

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200 estações filiadas à NAB mostrou que cada emissora recebeu, em média, 135 chamadas de sexta a domingo. A maioria das ligações, contudo, não era de pessoas incapazes de receber sinais digitais, mas apenas buscando auxilio no uso das caixas de conversão, como posicionamento das antenas e busca automática de canais. Em algumas localidades o volume de ligações foi substancialmente maior. Segundo radiodifusores, isso se deu porque muitas emissoras ainda não estão operando em potência máxima, aguardando a chegada de equipamentos adequados. Apenas uma pequena parte das ligações seria de pessoas pedindo os cupons para compra de conversores, que está sendo financiada pelo governo estadunidense.

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( figuras) Foto: arquivo

Fotos: divulgação

Anatel O economista João Batista Rezende foi nomeado conselheiro da Anatel, completando assim a quinta e última vaga do comando da autarquia. Ele assume a vaga de Pedro Jaime Ziller, cujo mandato acabou em dezembro do ano passado.

Paulo Xavier Alcoforado e Glauber Piva Gonçalves foram nomeados diretores da Ancine. Alcoforado assume a vaga de Sérgio Sá Leitão, que renunciou ao cargo em janeiro deste ano para assumir a RioFilme. Como complementará o mandato, Alcoforado permanecerá como diretor até 17 de dezembro Paulo Xavier Alcoforado de 2010. Piva recebeu mandato completo de quatro anos, substituindo Nilson Rodrigues da Fonseca. Manoel Rangel foi reconduzido a diretor-presidente da agência.

João Batista Rezende

Mídia A McCann Erickson contratou Silvia Mekaru Restad (ex-Neogama/BBH, AlmapBBDO e Giacometti) como diretora de mídia para as contas Chevrolet, Microsoft e HP. A publicitária integrará a equipe liderada por Cristiane Bretas.

Diretor sênior

Silvia Mekaru Restad

Produtora executiva

Foto: arquivo

A Maria Bonita Coisas ganhou um novo reforço além da chegada de Coy Freitas, para o posto de diretor executivo da produtora: Ariene Ferreira assume a produção executiva e coordenação de produção da empresa. Érika Marques, coordenadora de finalização da Maria Bonita Coisas passa a ser diretora de operações. A Manifesta, empresa de Coy, com foco em curadoria e direção e coordenação artística continua em operação, agora, interligada à Maria Bonita Coisas.

Estratégias de comunicação

Ancine

A Central Globo de Comunicação (CGCOM) anunciou a chegada de Ricardo Frota (ex-gerente de comunicação da Record) para integrar a divisão de Relações Externas. Ele será responsável pelo relacionamento com a diretoria na comercialização e definição das estratégias de comunicação. A CGCOM também passou por outras reestruturações, Ricardo Frota como a implantação de um novo centro de atendimento ao telespectador e o desenvolvimento de uma nova home page da Rede Globo. Luiz Henrique Romanholli, que se transfere da Globo.com, fica responsável pela edição da home page da emissora.

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Pablo Zuccarino, diretor de novas mídias para o Cartoon Network América Latina, foi promovido a diretor sênior de conteúdo para Cartoon Network, Boomerang e Tooncast na América Latina. Baseado em Atlanta, Estados Unidos, Zuccarino será responsável pelos times de programação e mídias digitais das cidades de Atlanta e Buenos Aires, maximizando o impacto da oferta de conteúdo dos canais nas plataformas lineares e não-lineares.

Executiva de contas A .FoxNetworks, divisão online da Fox Latin America Channels, contratou Renata Lopes (exBolsa de Mulher e Globo.com) como executiva de contas.

Dupla Caio Rubini e Juba Mezzomo são os novos diretores de cena da unidade curitibana da Margarida Flores e Filmes, do Grupo Ink. Eles assinam o trabalho com o selo Malibu.

Caio Rubini

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Juba Mezzomo


Consumer products

Diretora geral Sofía Ioannou é a nova diretora geral da MTV Networks Latin America, substituindo Pierluigi Gazzolo, promovido a COO da MTV Networks International. Antes de assumir o novo cargo, Sofía desempenhava a função de vice-presidente executiva para assuntos de negócios e de general counsel da MTV Networks International e da MTV Networks América Latina.

Sofía Ioannou

Premiere Os canais Premiere da Globosat têm um novo diretor. O executivo Pedro Garcia assume a direção da divisão de pay-per-view da programadora com a saída de Elton Simões. Garcia acumula ainda a direção dos canais SporTV e Globosat HD. Os canais Premiere abrangem todos os serviços de pay-perview oferecidos pela Globosat Pedro Garcia nas áreas de futebol (PFC e PFC Internacional), entretenimento (Big Brother Brasil) e lutas (Premiere Combate). Simões deixou a direção para se dedicar à vida acadêmica.

Depois de sete anos na Warner Bros, Ângela Cortez assume a diretoria de consumer products, área recém-criada pela Viacom Networks Brasil. A executiva responderá pelas operações no Brasil, Argentina e Chile, sendo responsável pela estratégia e desenvolvimento do licenciamento das marcas do Nickelodeon e do VH1 através de ações promocionais integradas entre as empresas do grupo e agentes licenciados e varejistas.

Quarteto A agência digital F.biz contratou quatro reforços. Anne Lima (ex-Agência Click) assume a coordenação de projetos. Henrique Alves (ex-Gringo) reforça a área de interface como Anne Lima, Henrique Alves, Cristiane desenvolvedor de Machado e Alexandre Caldeira. Flash e Cristiane Machado (ex-Microsoft) é a nova coordenadora de mídia. Alexandre Caldeira (ex-Arsenal de Idéias) chega para a área de criação.


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Da redação

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Bola da vez

LETA 10º F O OMP

Forum Brasil mostra que momento de crise internacional pode ser bom para o País, e que a maioria dos canais hoje fala em coprodução e colaboração como formas de baratear o conteúdo.

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momento atual de restrições econômicas nos países desenvolvidos pode favorecer a produção brasileira, especialmente quando o país começa a pôr em prática novos mecanismos de financiamento e fomento à produção. Em outras palavras, além da criatividade, dos talentos e dos custos mais baixos, o Brasil começa a ser visto também como um país onde se pode buscar dinheiro para produzir. Esta foi uma das conclusões do painel sobre o cenário internacional que abriu o Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, promovido por TELA VIVA no início de junho. O debate também apontou que os canais internacionais vêem cada vez mais a coprodução como uma saída mais viável para manter as grades cheias sem despender grandes somas, como indicaram os executivos Roberto Blatt, da espanhola Chello Multicanal, Laura Annalora, da National Geographic, e Nicolas Deschamps, do canal francoalemão Arte. Segundo Blatt, há interesse da programadora em coproduções com o Brasil. “O Brasil tem apresentado muitos atrativos, adotou uma posição de apoio à coprodução internacional muito atrativa”, destaca o executivo. Confirmando a tese, o recémconduzido à presidência da Ancine, Manoel Rangel, deu na abertura do evento o tom das FOTOS: Marcelo Kahn

discussões e da situação atual do audiovisual brasileiro. Segundo ele, a questão do fomento ao audiovisual brasileiro está relativamente bem equacionada. Desde a criação da Ancine, em 2001, o audiovisual ganhou diversos mecanismos chamados pelos reguladores de estruturantes, como o Artigo 39 da MP 2.228/01 e o Artigo 3°A da Lei do Audiovisual, os Funcines e o Fundo Setorial do Audiovisual. Estes mecanismos de financiamento, entre outros, foram apresentados no

evento pelo diretor da Ancine Mario Diamante. À TELA VIVA, Rangel afirmou que a parceria entre produção independente e canais de TV, aberta e por assinatura, deve se intensificar na medida em que os canais começam a fazer uso desses mecanismos. O presidente da Ancine afirmou que o Artigo 39 da MP 2.228/01, que fomenta a coprodução entre produtores independentes e canais de TV paga, apresentou crescimento de 10% no recolhimento em 2008 em relação ao ano anterior, chegando a R$ 16 milhões. “E não há nenhum indício de redução este ano”, disse. Além disso, o Artigo 3A da Lei do Audiovisual, criado em 2008, embora ainda não tenha projetos aprovados, deve ser usado pelos canais de TV aberta e paga para coprodução com produtores independentes. Segundo ele, sete empresas abriram contas para recolhimento dos recursos. Em relação ao Fundo Setorial do Audiovisual, Rangel lembrou que estão habilitados 20 projetos. A linha do fundo voltada à produção independente para TV, vale lembrar, exige que haja um compromisso de compra do conteúdo por parte de um canal. Segundo Rangel, os 20 habilitados têm parcerias com duas emissoras abertas e dois canais pagos. A este noticiário, Rangel afirmou que o resultado deve sair em julho. A ideia era que esta linha do fundo não funcionasse como um concurso, no qual são escolhidos os melhores projetos, mas em uma

“O Artigo 39 cresceu 10% em 2008, e não há nenhum indício de redução este ano.“ Manoel Rangel, da Ancine

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política “de balcão”, na qual os projetos seriam analisados na medida em que fossem apresentados. Contudo, explica o presidente da Ancine, como todos deixaram para apresentar os projetos no último momento, simultaneamente, fica-se estabelecido um concurso. No entanto, destaca, não há obrigação por parte do fundo em investir nos projetos. “Só receberão recursos os projetos aprovados”, diz. Por enquanto, todos estão sendo analisados por um comitê formado por profissionais da Ancine e da Finep. Segundo ele, agora é necessário regulamentar o uso desses fomentos. O presidente da Ancine afirmou que está em formatação na agência uma Instrução Normativa que estabelecerá regras para as relações entre produtores independentes e canais de TV, quando usados mecanismos de incentivo. Ele explica que a ideia é criar definições do que é produção independente, listar os tipos de conteúdo que poderão se beneficiar dos mecanismos de incentivo e estabelecer regras para as relações contratuais, resguardando, por exemplo, os direitos autorais do produtor independente sobre as obras. A IN deve tratar do Artigo 39 da MP 2.229, assim como dos artigos 3°A e 1A da Lei do Audiovisual. A IN será editada após uma consulta pública, ainda sem data definida para o lançamento. O tema passou ainda por um debate sobre produção, no qual produtoras independentes mostraram sua capacidade de produção de conteúdo de qualidade para canais estrangeiros e nacionais. O produtor executivo da Conspiração Luiz Noronha afirmou que atualmente apenas 20% do faturamento da área de conteúdo da empresa é proveniente de recursos incentivados. Segundo ele, há seis projetos em andamento com o Multishow – três já existentes e outros três inéditos. Há ainda projetos com SescTV, TV Escola em parceria com a TV Cultura, e OiTV. Noronha diz ainda

Deschamps (França), Annalora (EUA) e Blatt (Espanha): Brasil tem talento e recursos para a coprodução.

que há dois projetos de dramaturgia em negociação com emissoras de TV utilizando recursos incentivados – “Histórias do Brasil”, prénegociado com a TV Cultura, e “Galpão”. Além desses, a produtora está trabalhando em projetos que combinam diferentes leis de incentivo. Um deles está sendo feito com Fundo Setorial, e outros dois combinam Artigo 39 com o 3ºA. A criatividade no uso de mecanismos de incentivo é fundamental justamente para que as produtoras possam ter

direitos, aponta, precisa ser rediscutida pelo setor. Outras parcerias entre canais de produtoras foram anunciadas no evento. A Viacom afirmou que prepara duas coproduções para o canal VH1 (ver matéria à página 20). Já o National Geographic revelou a TELA VIVA que prepara uma

produção independente está preparada para suprir parte da grade de programação dos canais, mas quer rever a questão dos direitos. participação nos direitos das obras que produzem, já que estes mecanismos não podem ser usados na prestação de serviços. Segundo Noronha, a Conspiração não tem os direitos patrimoniais de nenhum dos projetos que não contam com incentivos. Paulo Schmidt, do Grupo Ink, que já produziu para a Globo e está estreando a série “Gente Lesa Gera Gente Lesa” no Multishow também levantou a questão dos direitos. Segundo ele, o histórico de produções de sucesso tanto na TV aberta quanto nos canais pagos mostra que a produção independente está pronta para suprir parte das grades de programação dos canais. Já a questão dos

coprodução com a Prodigo. Segundo a gerente sênior de desenvolvimento e produção do National Geographic Channel, Laura Annalora, trata-se de uma série voltada para o segmento de aventura do canal. “A Prodigo já nos procurou com um patrocínio encaminhado”, conta Laura. Coprodução Em painel sobre coprodução que contou também com participação da Discovery, Al Jazeera English e ABPI-TV, Guilherme Bokel, diretor de produção internacional da Globo, comentou as iniciativas da emissora em coprodução internacional, com as novelas “O Clone” e “Louco Amor”, coproduzidas com Telemundo e TV Azteca, respectivamente.

“A coprodução ajuda a abrir as portas em outros mercados.“ Guilherme Bokel, da TV Globo

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( capa) Segundo o executivo, a modalidade coprodução vem ganhando destaque na área internacional da emissora. Já está em negociação a coprodução da série “Os Normais” com a Sony para o mercado americano e um projeto ainda confidencial com a Fox para Estados Unidos e Espanha. “Pode ser que a coprodução internacional seja tão rentável quanto a venda da lata, mas ela garante uma relação de longo prazo com o parceiro e nos ajuda a abrir as portas em outros mercados”, diz Bokel, destacando que a versão em espanhol ganha horário diferenciado nas grades das TVs. Michela Giorelli, diretora de produção e desenvolvimento para a Discovery Networks Latin America, enfatizou no painel a importância de os produtores buscarem patrocinadores para o projeto, parabenizando a brasileira Mixer que conseguiu cobrir um défict de orçamento buscando patrocínio para o documentário “Soluções para o Trânsito”.

Luiz Noronha, da Conspiração: apenas 20% dos projetos usam recursos incentivados.

projetos habilitados. Os projetos entram em produção em agosto deste ano e estarão concluídos em fevereiro de 2010. A exibição acontece entre junho e agosto de 2010. O financiamento das obras é através de um fundo de 1 milhão de euros, que recebeu aportes iguais do Brasil e de Portugal. Da-Rin lembrou ainda que o acervo do DocTV, bem como da Programadora Brasil e outros acervos ligados ao MinC, deve ser lançado publicamente em 2010 no banco de conteúdos audiovisuais brasileiros, chegando a 55 mil escolas. Outra novidade é que o acervo DocTV deve ser colocado na

Paulo e a portuguesa RTP também anunciaram no evento que produzirão em conjunto. Trata-se da série “Iguais Diferentes”, um dos primeiros projetos feitos dentro de “um antigo acordo”, explicou a TELA VIVA José Fragoso, diretor de programação da RTP. A série, formada por 13 episódios de 25 minutos, tentará mostrar o Brasil aos portugueses e Portugal aos brasileiros. Serão gravados no Brasil sete episódios, e seis em Portugal. A apresentação será feita em conjunto pelo presidente da TV Cultura, o jornalista Paulo Markun, e pelo jornalista português Carlos Fino. A produção será feita em conjunto pelas duas emissoras e duas produtoras independentes. No Brasil,

canal futura fechou no encontro acordo de cooperação com a tv do timor leste. Internet, para streaming em baixa resolução. Uma versão em alta deve ficar online para comercialização para diversas finalidades. Os modelos de negócios, disse, estão em fase de formulação e negociação. Também no Encontro das TVs de Língua de Portuguesa alguns canais anunciaram parcerias entre si. O Canal Futura e a RTTL, televisão do Timor Leste, negociaram um acordo de cooperação técnica, apresentado pelo diretor artístico do Futura, João Alegria. Por enquanto, explicou, há apenas um intercâmbio de conteúdo jornalístico. Mas no futuro deve haver, inclusive, a produção de programas. A TV Cultura de São

DocTV CPLP Silvio Da-Rin, secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, apresentou no Encontro das TVs de Língua Portuguesa, que encerrou a programação do Forum Brasil, informações atualizadas sobre o DocTV CPLP, realizado entre os países lusófonos. O programa contará com documentários dos oito países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, mais Macau (China), gerando, portanto, nove obras inéditas. Segundo Da-Rin, ainda não há informações sobre Angola, onde o projeto está atrasado em relação à agenda dos demais países. Em todos os outros membros da comunidade houve

“O DocTV dos países de língua portuguesa dará origem a nove documentários.“ Silvio Da-Rin, da Secretaria do Audiovisual

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a produtora escolhida é a Ocean Films. Ainda não foi escolhida uma produtora em Portugal. Segundo Markun, as gravações acontecem no início do segundo semestre e o programa deve ir ao ar ainda em 2009. Mercado global O evento mostrou ainda que o Brasil cresce aos olhos de programadoras e produtores internacionais, da mesma forma que players brasileiros começam a buscar novos territórios. A produtora brasiliense Cinevídeo, que abriu no ano passado uma unidade em Moçambique, onde já produziu para o canal STV a série “N’Txuva Vidas em Jogo”, anunciou que tem outros projetos na unidade. Para viabilizá-los, busca


financiamento junto a fundações. Um deles é um programa de capacitação para multiplicadores do Ministério da Saúde moçambicano. Há outros projetos em dramaturgia também. O dinheiro para a produção nestes países, segundo o produtor Leandro Estrela, é escasso. Para a série feita para a STV a produtora conseguiu apoio financeiro com o governo americano, que tem um programa para combate à Aids. Está ainda nos planos de internacionalização da produtora a abertura de um escritório na Venezuela, onde a Cinevídeo já produziu alguns comerciais para a Avon. “Detectamos que há oportunidades lá, não só em publicidade, mas também em dramaturgia”, destacou. Já a TDM - Teledifusão de Macau, região da República Popular da China com cinco mil falantes de português, planeja o lançamento de um canal por satélite com conteúdo em chinês e português, como informa o diretor de informação e programas dos canais portugueses João Francisco Pinto. De acordo com o diretor, o canal estará no Asiasat 2 e irá ao ar em outubro deste ano para China e Sudeste Asiático em sinal aberto pelas parabólicas, e já há negociações com operadores de TV paga. A partir de janeiro, o sinal deve estar disponível para Europa e África e em 2010 para as Américas. Em um primeiro momento, o canal irá ao ar com seis horas de programação com conteúdo em português da TDM, exclusivamente jornalístico. A ideia é completar a grade com colaboração de outras emissoras de língua portuguesa, que terão seu conteúdo traduzido para o chinês, e emissoras de língua chinesa, que terão seu conteúdo traduzido para o português. “Não é um canal comercial e sim de serviço público. É um modelo de intercâmbio entre os povos, não há um modelo de negócios”, observa o executivo.

Andréa Porto e Tito Tejido, da Cia. Brasileira de Marketing

João Roni, da Ocean Films (acima)

Juliano Enrico, da Mirabólica

O júri e os vencedores do pitching de animação do PIC.

Vitrine de novidades Uma das atrações mais aguardadas do Forum Brasil, os pitchings revelaram este ano projetos mais maduros, com grande potencial de se transformarem efetivamente em programas prontos para a produção. Um dos destaques foi o pitching de animação do PIC (Programa Internacional de Capacitação), promovido pelo Ministério da Cultura, Brazilian TV Producers e Apex-Brasil. Trata-se de um programa de capacitação que selecionou 25 projetos para passarem por um intensivo treinamento com consultores internacionais. Ao final, cinco foram escolhidos para o pitching que aconteceu no Forum Brasil. Também teve grande repercussão o pitching de série infantil promovido pelo Cartoon Network e pelo Forum Brasil, que deu prêmio de US$ 20 mil para o desenvolvimento da série selecionada. Confira os premiados nas categorias animação, documentário, série de TV e Cartoon Network:

Pitching Cartoon Network/Forum Brasil Vencedor Jurados

“Jorel’s Brother” - Mirabólica (Vitória) Daniela Vieira (Cartoon Network), Carlos Tureta (Cartoon Network), Beth Carmona (Midiativa), Sergio Sá Leitão (RioFilme)

Pitching de documentários Vencedor Jurados

“Mochileiros da Saúde” - Cia. Bras. de Marketing (São Paulo) Andrea Meditch (produtora, EUA), Michela Giorelli (Discovery, EUA), Claudia Clauhs (NatGeo, Brasil), Roberto Blatt (Multicanal, Espanha)

Pitching de séries Vencedor Jurados

“Big Ben Show” - Ocean Films (Florianópolis) Letícia Muhana (GNT, Brasil), Monica Sufar (Turner, EUA), Wagner LaBella (TV Cultura, Brasil), Debora Garcia (Canal Futura, Brasil)

Pitching do PIC Animação Vencedor Jurados

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“Captain Constantine and the Salty Pudding Island” - Split Films (São Paulo) Daniela Vieira (Cartoon Network), André Rossi (Discovery), Mario Sergio Cardoso (TV Rá-Tim-Bum), Jimmy Leroy (Nickelodeon), Raq Affonso (MTV)

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Latinos exaltam cooperação regional e produção original em Encontro de TVs do Mercosul e Associados.

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Sí, temos conteúdo

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umentar a produção de conteúdo próprio e coproduzir com parceiros regionais são objetivos que representantes da indústria audiovisual na América Latina enfatizaram no Encontro de TVs do Mercosul e Associados, parte da programação do 10º Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, que aconteceu no dia 4 de junho em São Paulo. A produção original apareceu como uma via importante, pois aumenta a capacidade das televisões de gerarem receitas e conquistarem a audiência. “Um dos problemas da aquisição de conteúdo é a voracidade dos estúdios. Parece que com a crise na Europa, eles querem que os países emergentes compensem as vendas”, disse Axel Kuschevatzky, assessor fílmico e criativo do canal aberto argentino Telefé, atentando para a repetição de filmes e seriados americanos em diversos canais ao mesmo tempo e queda de audiência da televisão aberta no país. “Por que vamos continuar comprando pacotes de filmes que dispersam o público se com este dinheiro podemos produzir conteúdo próprio e vender para outros territórios, prontos e em formato?”, questionou Kuschevatzky. Para exemplificar, ele mencionou a ficção “Hermanos y Detectives”, que foi vendida a vários países, teve formato vendido a Grécia, Espanha, Itália, Portugal, Rússia e Turquia. A americana

Lucía Suarez (Pramer), Daniela Basso (Telefé), Axel Kuschevatzky (Telefé) e Ernesto Ramírez (Quality Films): painelistas debatem programação no 10º Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão.

ABC também trabalha em um piloto da série. Ernesto Ramírez, diretor de vendas internacionais da mexicana Quality Films, afirmou que os distribuidores já sentiram esta insatisfação por parte das televisões e que a superexposição dos conteúdos compromete a credibilidade do distribuidor. “Também fazemos nossa parte, saímos da zona de conforto para discutir com os clientes de televisão, entender mais sobre suas faixas de programação e ajudar a manter a qualidade das

atrações”, explica o executivo. Para Lucía Suarez, diretora de conteúdos da Pramer para América Latina, a produção de conteúdo original também é importante para uma programadora e citou o programa “Once Chicas y un Hombre Perfecto” em que 11 mulheres de diferentes países da América Latina disputam um homem ideal. “É interessante, por exemplo, colocar participantes de vários países, ter pensamento panregional. Sai mais barato do que fazer uma produção diferente para cada país”, observa, destacando que os operadores de TV paga também valorizam canais com

“Temos interesse em desenvolver projetos feitos conjuntamente. Há vantagens como a diminuição dos custos e a maior escala de visibilidade.” Adriano de Angelis, da TV Brasil

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Flor Maria, chefe de programação da Ecuador TV. A TV pública equatoriana quer mais conteúdos próprios.

conteúdo diferenciado e inovador. “O conteúdo original é mais custoso para a produção, mas há identificação com a audiência e fortalecimento da marca”, afirma. Cooperação Coproduções regionais também são importantes se a meta é diluir custos e diversificar o conteúdo. “O desafio atual é a coprodução. É a formula para um momento em que a colaboração entre diferentes atores do audiovisual se torna uma solução importante”, ressalta Griselda Díaz, diretora geral do canal TV Ciudad, um canal municipal da capital uruguaia, Montevidéu, criado em 1996. Transmitido apenas por operações de televisão por assinatura, o canal tem 24 horas de programação própria com ênfase ao conteúdo cultural, informativos e documentários. Segundo Griselda, o canal quer estreitar as parcerias com produtores independentes e ter mais experiência em coprodução com outros canais, inclusive fora do Uruguai. Atualmente, ela coproduz uma série de documentários sobre a relação de artistas com o meio em que vivem com o Canal (á), da Argentina, voltado para expressões artísticas. “Esta coprodução não é uma divisão de custos, mas de complemento de conteúdo. Há uma diretriz e cada um produz uma parte para se chegar a uma série completa, que será exibida pelos canais envolvidos”, explicou. Outro canal que não descarta coproduções para a sua grade de programação é o Ecuador TV, primeira e única TV pública do Equador, criada em outubro de 2007. Hoje, o canal vai ao ar em sinal UHF com 19 horas de

e está acertando acordos de coprodução com a TV Ciudad e TV Brasil. Com a última, ainda há possibilidade de intercâmbio de conteúdo. Adriano de Angelis, coordenador do departamento de comunicação participativa e colaborativa da TV Brasil, afirmou que o canal tem trabalhado em ações específicas e pontuais, principalmente na América Latina, para gerar conteúdo para a faixa intenacional. Há conversas com o argentino Canal Encuentro e uruguaio TV Ciudad. “Temos interesse em desenvolver projetos feitos conjuntamente. Há

programação contínua, com ênfase em serviço público e conteúdo cultural. Na grade de programação, estão atrações infantis, programas para o público jovem, dois noticiários diários e telenovelas. De acordo com Flor Maria Torres, diretora de programação do canal, o objetivo da Ecuador TV é chegar às massas, sem focar determinado perfil de público. “A ideia é termos conteúdos próprios majoritariamente. O canal é novo e ainda temos mais experiências com a aquisição de conteúdo”, explica

para canais, conteúdo original pode gerar receitas com a venda de enlatados e formatos. Flor. A Ecuador TV tem experimentado coproduções com produtores independentes. “Damos as diretrizes do que queremos ou recebemos projetos”, conta. Uma das experiências foi a série “Ecuador de Fiestas”, que aborda as festas populares do país e é exibida no prime time aos domingos. A chefe de programação adianta que este ano o canal abrirá um edital para o financiamento de projetos de produção independente. No evento em São Paulo, a Ecuador TV fez negócios com o Futura para sua grade de programação infantil, com a Band para novelas

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vantagens como a diminuição dos custos e a maior escala de visibilidade”, ressalta. A TV Unam, canal da Universidade Nacional do México, estava representada no encontro pelo diretor de programação Manuel Villanueva. Criado há três anos, o canal é distribuído a mais de 500 cidades no país. A programação, com ênfase em cultura e ciência, é formada por filmes americanos e europeus, documentários históricos, sociais e científicos, perfis de artista, informativos e musicais. Há produção própria, conteúdo proveniente de convênios com outras universidades e aquisições.

“O desafio atual é a coprodução. É a formula para um momento em que a colaboração entre diferentes atores do audiovisual se torna uma solução importante”. Griselda Díaz, da TV Ciudad, do Uruguai

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( programação) Lizandra de Almeida*

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Mais que uma ideia na cabeça

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Canais mostram que nem só de boas ideias vive a produção independente: bom histórico e infraestrutura também contam (e muito) na avaliação dos projetos.

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FOTOS: Marcelo Kahn

ma boa ideia é sempre um começo, mas está longe de ser suficiente para inaugurar uma parceria entre uma produtora independente e uma emissora de televisão. Essa foi uma das principais mensagens dos representantes de emissoras brasileiras e internacionais que participaram da série “30 Minutos” do 10º Fórum Brasil – Mercado Internacional de Televisão. Atualmente, a presença de produção independente brasileira em canais por assinatura não é mais novidade. Seriados, programas de variedades e atualidades, animações e documentários pontuam não só os canais nacionais como também os internacionais. E a demanda por essa programação existe. Mas é preciso estrutura e um pouco do espírito de prestador de serviços – mais do que de criador – para atender às exigências dos canais e seus públicos. No caso de emissoras estrangeiras, a estrutura e a experiência são fundamentais. Para o canal franco-alemão Arte, conhecido pela programação cultural de alto nível, há verba para coprodução em diversas áreas, como documentários, filmes e telefilmes. O acesso, porém, só acontece se a produtora brasileira estiver associada a uma produtora local (europeia), que proponha o projeto. “Recebemos cerca de 450 propostas para a área de ficção e 450 para cinema, para selecionar 20 de cada. Sem um contato local, é difícil que o projeto consiga ser avaliado”, explicou o diretor de aquisições da

”Sabemos que a Europa ainda não tem o mesmo know-how para a produção de seriados que os Estados Unidos e estamos interessados nesse filão.” François Sauvagnargues, da Arte

FOTO: Edson Kumasaka

área de ficção de Paris, François Sauvagnargues. O canal, porém, chega a encomendar produções brasileiras e no momento está muito interessado em séries de televisão. As experiências brasileiras com seriados produzidos para a HBO chamaram a atenção. “Sabemos que a Europa ainda não tem o mesmo knowhow para a produção de seriados que os Estados Unidos e estamos interessados nesse filão”, diz Sauvagnargues. Além das aquisições de produtos prontos, especialmente documentários, a parceria entre produtoras e emissoras

Daniel Conti, do FashionTV: canal é apropriado para projetos “branded”.

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passa mais pela coprodução ou pela encomenda de produtos específicos. O canal National Geographic, por exemplo, produziu a série “Across the Amazon” com a produtora Canal Azul e agora prepara mais uma coprodução com a Prodigo Filmes, também para o segmento de aventura, e tem recebido ideias da Mixer. Todas as produtoras já têm experiência no segmento e foram muito elogiadas pela gerente sênior de desenvolvimento e produção do National Geographic Channel, Laura Annalora. “Queremos que as produtoras nos abordem com projetos 360°, e que tragam parceiros patrocinadores, como foi o caso do programa da Canal Azul feito em parceria com a Toyota”, exemplifica. “As produtoras se tornaram muito criativas, e o Brasil neste sentido é líder”, conclui. Duas coproduções estão sendo realizadas por produtoras brasileiras para o canal VH1. Uma delas é um documentário sobre música, a ser lançado inicialmente nos cinemas, afirmou o diretor de produção executiva da Viacom, Roberto Martha. Segundo o executivo, trata-se de um filme biográfico, que deve estrear no final de 2010 na grade do canal. Além deste, há outro documentário musical a ser produzido para o VH1, pela Mixer. A produção de uma hora abordará o universo musical brasileiro, e deve estrear no começo do ano que vem. Ambos são produzidos com recursos do Artigo 39, com a utilização de alguns recursos próprios. Este ano a MTV estreia o primeiro programa feito a partir de lei de


incentivo. Em parceria com a Mixer, foi produzida a série de ficção “Os Descolados”, que estreia em 14 de julho. “Devemos fechar 2009 com cerca de 60 episódios produzidos com produtoras independentes”, afirma Raquel Affonso, gerente de núcleo da MTV. Depois da primeira experiência com lei de incentivo, o canal pretende investir em projetos de animação de produtoras independentes. “Estamos estudando também as possibilidades do artigo 3A e também a criação de programas que já venham com patrocinadores.” O novo Fashion TV, canal da Turner voltado para moda e tendências, encomendou a produtoras brasileiras quatro séries de programas para compor sua grade no Brasil, com recursos captados pelo Artigo 39. Agora, está produzindo outros cinco programas de linha com recursos próprios. Os programas abrangem temas como gastronomia, cultura, beleza e entrevistas, explicou Daniel Conti, diretor do canal. No momento, o canal está começando a pensar em aquisições de programas, tanto nacionais quanto estrangeiros. Outra possibilidade é o desenvolvimento de programação “branded”, ou seja, associada diretamente à marca de um patrocinador. “A Fashion TV já nasce com essa vocação, há grande potencial para explorar esse tipo de conteúdo”, diz Conti. O GNT também promete para este ano a estreia de uma nova série de ficção, “Gente Lesa”, produzida pela Academia de Filmes. A série aborda a temática do meio-ambiente a partir de uma família totalmente politicamente incorreta. Outra novidade serão alguns minidocumentários de 13 minutos, produzidos por produtoras independentes. De uma forma geral, o canal continua apostando principalmente no público feminino acima dos 25 anos e em temáticas como moda,

a audiência jovem, que está consumindo cada vez mais outras mídias. “Apesar do consumo de mídias estar aumentando, uma pesquisa que fizemos mostra que as pessoas no Brasil veem o computador como principal veículo de entretenimento”, afirmou Raquel Affonso. A orientação do canal, agora, é o de ampliar a participação da Internet e da telefonia celular na estratégia de programação. Diante dessa nova realidade, a MTV descobriu que os programas de 15 minutos exibidos em 2008 tiveram o dobro da audiência dos programas de 30 ou 60 minutos. Em 2009, portanto, a emissora renovou a grade com oito programas de 15 minutos, incluindo uma nova animação. Logo depois da exibição na TV, o programa vai para a Internet, onde fica disponível para o público. Outra novidade diz respeito à audiência, que está se tornando mais adulta. “Houve um aumento de 20% na faixa de 20 a 29 anos”, explicou Raquel. Em termos de aquisição, a MTV se interessa por documentários musicais, mas vê resistência nos produtores. “Temos tido dificuldades com as produtoras nesse sentido, porque muitas acham que a exibição na TV atrapalha a distribuição em DVD. Mas nossa experiência com nossos próprios produtos mostra que a TV amplifica a distribuição”, acredita. Grande parte dos novos programas da grade da MTV vieram da Internet. Em alguns casos, “celebridades” da Internet foram contratadas e incorporadas à equipe da casa. No caso de pequenas produtoras, alguns conteúdos inicialmente produzidos para web foram depois replicados na TV. Outra pesquisa citada por Raquel mostra que as pessoas entre 16 e 25 anos não só acham que podem escolher a

Raquel Affonso, da MTV: audiência mais adulta.

GNT produzirá mini-documentários, conta Clarisse Sette.

gastronomia e qualidade de vida. Além disso, as atualidades também estão sempre presentes. Ainda sem definição de data, o canal deve lançar um pitching este ano, mas a questão ainda não foi fechada. “Pensamos em fazer um pitching para ficção, mas resolvemos que este ano não faríamos. Talvez em 2010”, afirmou Clarisse Sette, gerente de projetos e produção do GNT. Formatos curtos Além de documentários, a Viacom tem apostado em formatos curtos, de programetes, que podem ser testados perante o público e depois transformados em séries maiores e mais completas. É o caso do projeto “X-Coração”, da Martinelli Filmes. Uma versão resumida, de cinco episódios de dois minutos da série estreia no Nickelodeon em julho. A MTV também aposta nos formatos curtos para enfrentar o desafio de manter Getsemane Silva, da TV Câmara: apoio a projetos de saúde e mobilização política.

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( programação ) FOTOS: Marcelo Kahn

programação que querem como são capazes de produzir. Por isso, o conteúdo colaborativo também faz parte das prospecções da MTV. O Canal Oi, experiência de exibi­ção em TV fechada da operadora de telefonia celular Oi, trabalha com a ideia de convergência de mídias, a partir de conteúdo colaborativo para múltiplas plataformas. “Nossa área não trabalha com fomento nem com patrocínios. O conteúdo para celular e para Internet ainda não dá retorno financeiro, então temos de considerar a possibilidade do vídeo colaborativo e trabalhar com a perspectiva do baixo custo”, afirmou Adriana Alcân­tara, gerente de conteúdo de TV da Oi. A empresa realizou um pitching no ano passado para selecionar programas voltados para as três mídias. Depois de inscritos, os projetos tiveram um canal aberto para tirar dúvidas e se prepararam para a apresentação com a orientação da Oi. O vencedor foi “Os Buchas”, uma série de ficção que conta a história de rapazes que têm dificuldade para conquistar as mulheres de seus sonhos. Os espectadores podem receber dicas de conquista em seus celulares e enviar histórias cômicas de conquistas para serem exibidas na Internet. Do pitching também foi selecionada a série de terror “Castigo final”, da produtora portuguesa beActive. Fundada em 2002, a produtora é especializada em formatos multiplataforma e já vendeu programas e formatos para diversos países. O diretor da beActive, Nuno Bernardo, participou da apresentação da Oi e afirmou que o programa começa a ser gravado no Rio de Janeiro na próxima semana. Oito mulheres estão em um presídio fantasma e cada uma delas pode ser a próxima vítima das estranhas mortes que

Roberto Faustino, da TV Brasil: pitching com foco em meio-ambiente e ficção para jovens.

estão acontecendo. Haverá teasers no rádio e pelo celular, concursos na Internet e, no final, quatro programas de 30 minutos em formato de documentário para explicar toda a história. “Apostamos no projeto porque ele realmente foi pensado para todas as mídias, mas cada uma delas também funciona separado”, acredita Adriana.

minutos, sem exigência quanto à data de produção. Independente da duração, o valor pago será de R$ 5.000. Com cerca de 80% de sua programação produzida internamente, a TV Câmara tem dificuldade para fechar coproduções em função de sua vinculação direta com a Câmara dos Deputados. Dessa forma, são oferecidos equipamentos, infraestrutura e pessoal para projetos que já contam com outro tipo de financiamento. Para 2010, a TV Câmara espera poder apoiar projetos na área de saúde e mobilização política em acordos dessa natureza. A TV Escola – autarquia ligada ao Ministério da Educação – tem como foco o professorado da rede pública e por isso sua grade privilegia o conteúdo. “Somos muito procurados por produtores de programação

integração com mídias digitais é fundamental. vários programas da mtv, por exemplo, nasceram na internet. A Oi se prepara para lançar um novo pitching, na segunda quinzena de julho, que vai selecionar os projetos que serão desenvolvidos em 2009/2010. Licitações e editais Se as emissoras privadas buscam recursos incentivados para produzir, além de trabalhar em parceria com as produtoras independentes, a realidade das emissoras públicas é outra. Carentes de programação mas limitadas pela burocracia e pelos recursos minguados, as TVs públicas se viram como podem para garantir a qualidade da programação e atrair a audiência. A TV Câmara, por exemplo, adquire programas via editais. Este ano, está lançando um edital para a aquisição de documentários prontos. Serão comprados os direitos de exibição por 24 meses de 42 filmes com duração entre 27 e 50 A Oi terá um novo pitching em junho, conta Adriana Alcântara.

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infantil, mas é bom que se saiba que o professor é o principal foco do canal e que existe uma visão muito clara do que pode ser exibido”, explicou o coordenador da TV Escola, Érico Gonçalves da Silveira. “Gostaríamos de ter mais programação independente brasileira, mas não encontramos muitos programas adequados em termos de conteúdo”, explicou. As coproduções são possíveis, mas por meio de editais bastante exigentes. “A vantagem do edital é que escolhemos o que queremos produzir e financiamos tudo. Mas não temos o objetivo de fomento à produção, então trabalhamos junto com a produtora para criar o produto com o conteúdo adequado.” Recentemente, foram encerradas as inscrições para sete editais lançados em parceria com a Unesco, que vão distribuir R$ 6 milhões para a produção. “Estamos sempre sendo questionados pelos produtores, mas temos regras muito rígidas em relação às licitações e não podemos criar concursos que gerem vínculo com a


produção posterior. Por isso não podemos desenvolver pilotos. Mas às vezes conseguimos lançar um edital que leve em conta apenas a melhor técnica e convide mais à autoria. Foi o caso, por exemplo, do documentário ‘A saúde do professor’, que foi resultado de um concurso lançado aqui mesmo neste Forum”, afirmou Érico. O edital foi lançado no 8º Forum Brasil, em 2007, e lançado no segundo semestre do ano passado. Com um olho na qualidade de seu conteúdo e outro na audiência, o novo superintendente de programação da TV Brasil, Roberto Faustino, afirmou que parte da programação é produzida internamente, já que a TV Brasil herdou todo o parque de equipamentos e a infraestrutura da TVE Rio. Mas pretende investir bastante na coprodução, em modelos similares aos da TV aberta. “Entramos com recursos ou ativos e nos tornamos coproprietários dos direitos”, explicou. A TV Brasil deve lançar em breve um pitching de programação mas, segundo Faustino, não será aberto, mas sob demanda, ou seja, seguindo as necessidades de programação do canal. Programas sobre meio-ambiente, para uma nova faixa recém-criada, e ficção para jovens considerados importantes no momento. Em relação ao licenciamento, a TV Brasil vai implantar um sistema de inscrição pelo site. Durante um certo período, o site fará uma chamada pública para programas com as características desejadas naquele momento. Depois a janela se fecha, anunciando a próxima abertura. A intenção é abrir o processo quatro vezes por ano. Outra possibilidade levantada é a de aquisição de formatos estrangeiros para produção no Brasil, especialmente voltados para o público infanto-juvenil. Por não ter intervalos comerciais, os microprogramas e pílulas para os intervalos também são bem-vindos. Voltado ao público infantil, o canal

das séries – a palavra de ordem é viabilizar. A mesma ideia orienta a área de aquisição de programação da TV Cultura. Segundo o diretor de prestação de serviços da emissora, Wagner La Bella, o fomento à produção é feito pelo canal com o apoio a projetos como o DocTV e o AnimaTV e com a publicação de editais e prêmios, eventualmente. Neste momento, a TV Cultura se interessa por telefilmes, o que estimulou a criação de um prêmio audiovisual para o formato. Estão sendo oferecidos R$ 600 mil mais os recursos de produção fornecidos pela emissora - incluindo parque de luz, câmeras HD e estúdio - para telefilmes de 52 minutos. O prêmio é uma das poucas possibilidades de aporte financeiro do canal disponíveis. “Temos um orçamento previsto de R$ 230 milhões para o ano, dos quais R$ 80 milhões são a verba de custeio vinda do governo do Estado de São Paulo”, explicou La Bella. A diferença precisa ser captada no mercado e só é possível concretizar os investimentos quando a meta é cumprida. O ano, porém, começou com um déficit de 15%, devido à queda da receita publicitária em função da crise econômica e também devido à decisão de reduzir a zero a publicidade nos intervalos dos programas infantis.

”Gostaríamos de ter mais programação independente brasileira, mas não encontramos muitos programas adequados em termos de conteúdo.” Érico Gonçalves da Silveira, da TV Escola

por assinatura TV Rá Tim Bum, pertencente à Fundação Padre Anchieta, concentra suas fichas na animação brasileira. Seja por meio de aquisições, coproduções ou até pela produção própria, a grade de 24 horas de programação inclui a cada ano novas estreias do formato. Este ano o canal fechou uma parceria com a operadora de celular Claro para a distribuição de conteúdo. Essa parceria foi possível graças à redução dos formatos, que já tem acontecido na TV Rá Tim Bum. “Isso tem a ver com a demanda de outras plataformas mas também com a dinâmica das próprias crianças”, explicou Mario Sergio Cardoso, gerente do canal. Cerca de dez novas séries devem estrear este ano, todas elas com episódios de menos de dez minutos de duração. Para garantir a diversidade da programação, o canal não se preocupa em garantir os direitos de primeira exibição dos programas e, mesmo no caso de coproduções, estuda mecanismos que permitam à produtora oferecer o produto a outras emissoras. “Não temos como competir e não temos a necessidade de passar de imediato, então nunca pagamos primeira exibição”, afirmou Mario Sergio. Parcerias com outros canais, como TV Brasil, Canal Futura e TV Cultura, são feitos para garantir a produção e exibição

* Colaborou Daniele Frederico

Roberto Martha e Jimmy Leroy, da Viacom: conteúdos testados em formatos curtos.

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(radiodifusão)

Fernando Lauterjung e Mariana Mazza, de Brasília f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r m a r i a n a . m a z z a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Posições definidas Abert reúne associados no Congresso Nacional de Radiodifusão para alinhar discursos para a Conferência Nacional de Comunicações.

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om a proposta de unificar os discursos das empresas nas diversas etapas da Conferência Nacional de Comunicações, Confecom, que acontece no final do ano, a Abert reuniu seus associados no 25º Congresso Nacional de Radiodifusão. O evento, que aconteceu no final de maio, trouxe importantes temas para o setor. Como destaque, o avanço dos portais de Internet sobre o mercado de mídia. Na abertura do evento, o presidente da associação que reúne Globo, Record e SBT, Daniel Pimentel Slaviero, afirmou que “não é porque a Internet é aberta que não precisa ser regulamentada”, lembrando à plateia que o PL 29 agora também trata do assunto. Foi a primeira vez, desde a divulgação do substitutivo do deputado Vital do Rêgo Filho (PMDB/ PB) ao PL 29/2007, que cria novas regras para o setor de TV por assinatura e produção audiovisual, que a Abert manifestou sua posição sobre uma das principais contribuições do novo relator do PL: a inclusão da regulamentação da Internet. Até o posicionamento da Abert, não se tinha nenhuma ideia de qual setor teria demandado essa regulamentação. A TV é o veículo que apresenta maior penetração no País, mas nem por isso vê com tranquilidade a competição com outras mídias. O número de computadores no Brasil alcançou a marca de 60 milhões em 2009, entre máquinas residenciais e corporativas, segundo pesquisa do uso de informática realizada pelo FOTO: Marcelo Kahn

Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getulio Vargas. Ou seja, há um computador para cada três brasileiros. A previsão é que o país tenha, até 2012, 100 milhões de computadores. A penetração da banda larga no país também avança. Segundo o Atlas Brasileiro de Telecomunicações, em 2008 havia 9,716 milhões de assinantes do Serviço de Comunicação Multimídia, contra 123 mil em 2000. O crescimento da base de usuários da Internet tem motivado esforços por parte dos portais para atrair audiência, o que inclui a aquisição e produção de conteúdo premium em vídeo. Além disso, conforme destacou na abertura o ministro das Comunicações, Hélio Costa, “o setor de comunicação fatura R$ 110 bilhões por ano. Desse total, somente R$ 1 bilhão é do rádio e R$ 12 bilhões das TVs. O resto vocês sabem muito bem onde está”, disse, relembrando a distância entre o faturamento da radiodifusão e das telecomunicações. O Daniel Slaviero, da Abert: pela regulamentação do conteúdo online.

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responsável pelas comunicações no país disse ainda que os jovens passam muito tempo na Internet. “Essa juventude tem que parar de só ficar pendurada na Internet. Tem que assistir mais rádio e televisão”, afirmou. A proposta da Abert não é que os players da Internet sigam regras semelhantes às da radiodifusão, incluindo o limite de capital estrangeiro, que atualmente na radiodifusão é de 30%. Slaviero destacou em seu discurso a possibilidade de gerar recursos para a radiodifusão através de conteúdo distribuído pela Internet. “Não podemos temer as novas formas de distribuição, especialmente a Internet”, disse. Outro radiodifusor disse a TELA VIVA que “o futuro é broad: broadband e broadcast”. Para ele, o radiodifusor que não atuar nestas duas frentes, vai abrir mercado para outros. “Não é o PL 29 que vai segurar o aumento da oferta de conteúdo online no Brasil”, disse. Vale lembrar, a proposta de Rêgo Filho cria regras para o serviço de comunicação audiovisual eletrônica por assinatura, que se caracteriza pela “emissão, transmissão e recepção, por meios eletrônicos quaisquer, de imagens estáticas ou em movimento, acompanhadas ou não de sons, que resulta na entrega de conteúdo audiovisual exclusivamente a assinantes”. Com isso, conteúdos pagos oferecidos na Internet estão sujeitos às regras colocadas para o novo serviço. Em um debate específico sobre o PL 29, o que se ouviu foram queixas de diversos representantes de emissoras, sobretudo regionais, que se mostraram assustados com a rapidez


no entanto, só serão concedidas caso a emissora comprove que os canais têm conteúdo educativo ou social. A TV Cultura de São Paulo já recebeu tal autorização. Fontes na Abril revelam que o Minicom teria oferecido autorização semelhante ao grupo de mídia, caso fosse feito um pedido oficial. A Abril teria optado por não pedir, acreditando que não haja qualquer impedimento legal à multiprogramação. Para o grupo de mídia, não está claro que a proibição é referente ao número de programações transmitidas simultaneamente. Ainda em relação à TV digital, a radiodifusão declarou guerra à Anatel durante o evento para manter a faixa de 700 MHz sob sua tutela. Pelo decreto que estabeleceu a implantação da TV digital, esta faixa poderia ser recuperada pela agência a partir de 2016, prazo previsto para a conclusão da transição do sistema analógico para o digital. O vice-presidente de relações institucionais das Organizações Globo e consultor da Abert, Evandro Guimarães, criticou a possibilidade de a agência reguladora retirar a faixa usada hoje pelas radiodifusoras sem ao menos consultar outras instâncias, como o Legislativo. “Comenta-se todo dia que haverá uma supressão de faixas de radiofrequências ancilares porque isso seria favorável a serviços de telecomunicações pagos. Aqui no Brasil, a Anatel estuda retirar a faixa de 700 MHz”, afirmou Guimarães. “Essa retirada significaria deixar de expandir a TV digital para 3 mil municípios”, acrescentou. Conforme apurou TELA VIVA junto a fontes da Anatel, a agência vem mesmo estudando a possibilidade de antecipação da retirada desta faixa da radiodifusão antes desse prazo. De público, o órgão regulador já admitiu, em audiência recente na Câmara dos Deputados, que esta faixa é

“Essa juventude tem que parar de ficar na Internet e ver mais TV.”

FOTO: RooseweltPinheiro_ABR

com que a Internet tem ocupado espaços de divulgação de conteúdos. O vice-presidente de Relações Institucionais das Organizações Globo e consultor da Abert, Evandro Guimarães, tentou acalmar os participantes. Segundo ele, “há uma tempestade em curso e já começou a pingar. Vem aí uma tempestade de tecnologia e pessoas mais ansiosas e apressadas já pensam: ‘Vou vender minha rádio’, ‘Vou vender minha TV’, ‘Não vou migrar pra TV digital porque a banda larga vai acabar comigo’. Não dá para a gente desistir e pensar que vamos nos molhar e já perdemos”. “Essa tempestade já chegou para as empresas menores”, queixou-se uma representante de retransmissora. Guimarães tentou então motivar os presentes a brigar por seu mercado. “Tem que morrer atirando, se é que vamos morrer. Atirando, talvez a gente descubra que não é a gente que vai morrer”, encerrou o consultor da Abert. Na plateia, reservadamente, um radiodifusor ironizou a eficácia da luta anunciada pela principal associação da radiodifusão. “Vamos atirar na tempestade?”, questionou. Os deputados Paulo Henrique Lustosa (PMDB/CE) e Júlio Semeghini (PSDB/SP), presentes ao debate, de forma menos direta, apontaram raciocínio semelhante ao do radiodifusor incrédulo. Tanto Lustosa quanto Semeghini falaram da inevitabilidade do avanço da Internet e defenderam a urgência de uma reforma na regulação na oferta de conteúdo, que pode ser atendida pelo PL 29 em parte. Os dois aproveitaram para cobrar apoio à reforma proposta no PL, argumentando que a manutenção das regras em vigor não impedirá o avanço da Internet. “O novo campo de jogo é de grandes incertezas. E a tendência é cada um ficar parado onde está, porque pode não estar bom, mas ao menos se sabe como está. O problema de um futuro de incertezas é que, muitas vezes, ele nos prende a uma realidade de inconveniências. É preciso aceitar que a Internet é uma realidade

Hélio Costa, das Comunicações

inexorável”, avaliou Lustosa. Semeghini também criticou a postura de empresas que defendem a manutenção das regras atuais. “As pessoas dizem: ‘Ah, Júlio, enquanto não passar o projeto (PL 29) é bom porque o setor de radiodifusão está protegido’. Eu penso absolutamente o contrário”, disse o parlamentar. “A gente tem que imaginar a chegada de um mundo novo muito mais rápido do que vocês estão imaginando”, complementou, apontado para o crescimento dos acessos de Internet, inclusive móvel. TV digital Outro assunto presente durante todo o evento foi a transição para a TV digital e, por consequência, a multiprogramação. Logo no início do evento, o ministro Hélio Costa disse que nem o Minicom, nem a Presidência da República podem ser responsabilizados para encontrar uma solução para os impedimentos legais que afetariam a oferta da multiprogramação. Como a definição de que cada emissora só pode ter apenas um canal nas áreas outorgadas está em lei, cabe ao Congresso Nacional decidir se irá liberar a oferta múltipla de canais ou não. “Não é o ministro das Comunicações, não é o presidente da República quem decide sobre a multiprogramação. Quem decide é o Congresso Nacional. Não pode ficar sob a responsabilidade do ministro e do presidente decidir se pode fazer multiprogramação”, afirmou. A declaração do ministro confirma as análises preliminares feitas pelo Minicom e pela cúpula do Palácio do Planalto de que não haveria uma saída infralegal para solucionar o impasse em torno da multiprogramação pelas emissoras comerciais e educativas. Como forma paliativa, o Minicom tem aceitado a apresentação de propostas de uso da multiprogramação em caráter científico e experimental. As autorizações,

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( radiodifusão )

Agilidade Outra reivindicação da Abert, apresentada logo no início do evento, foi em relação ao processo de análise de outorgas. O diretor da RBS e conselheiro da associação, Paulo Tonet, criticou a falta de uma iniciativa concreta do governo para revitalizar o Ministério das Comunicações, esvaziado desde a privatização das telecomunicações e a criação da Anatel. E aproveitou a ocasião para entregar ao consultor jurídico do ministério, Marcelo Bechara, uma proposta de portaria para a consignação de canais digitais para as retransmissoras de TV. “Temos que ser pró-ativos”, justificou Tonet sobre a apresentação da proposta.

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Bechara, do Minicom: pasta vai digitalizar processos para acelerar regularização das concessões.

Como o diretor da RBS fez questão de ressaltar, a iniciativa inaugura uma postura mais próativa da associação, que defende também a desburocratização do processo de análise das outorgas e renovações. Segundo Tonet, a análise de uma outorga de rádio leva em média seis anos. A renovação de uma licença de televisão duraria, também em média, quatro anos. Para o diretor, o maior problema está na quantidade de documentos que precisam ser reapresentados pelas radiodifusoras a cada etapa da análise processual. Outra parte da demora, segundo Tonet, seria fruto do desaparelhamento do Minicom, que não tem equipe suficiente para dar conta de analisar tantos documentos com a celeridade desejada. “A realidade é que as comunicações não são uma prioridade de governo”, desabafou. Marcelo Bechara, que concordou com boa parte das críticas à burocracia, diz que existem cerca de 250 mil documentos para análise neste momento pelo Minicom. Tal volume de papel é decisivo na demora das avaliações processuais. Para minimizar este problema, o Minicom pretende investir na digitalização dos processos. Mas o consultor também aproveitou a ocasião para pedir aos radio­ difusores um maior cuidado no encami­ nhamento dos documentos necessários para as concessões e renovações de outorgas. Publicidade Outro tema tratado com destaque no evento da Abert foi a publicidade, ou, como prefere a associação, a “liberdade de expressão comercial”. Em um debate sobre o tema, Flávio Cavalcanti Jr., diretor da Abert, disse que a radiodifusão não vê problema no Congresso debater e legislar sobre a publicidade. “Este é o fórum adequado”, disse. “Nos

“O mundo novo virá mais rápido do que vocês estão imaginando.” Júlio Semeghini (PSDB/SP)

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preocupa outras instituições querendo fazer essa regulação”. O senador Aloízio Mercadante (PT-SP) concordou, mas com ressalvas. Para ele, o Congresso só deve legislar sobre a publicidade em última instância. “Temos mais de 200 projetos de lei que tolhem a publicidade. É um setor muito complexo, que precisa ter sua liberdade garantida”, disse o senador. Mercadante deixou claro que não é contra regras para o setor, afirmando que “o poder da mídia precisa de pesos e contrapesos”. Mas se colocou como aliado da radiodifusão no debate. Ele assumiu o compromisso de não permitir que nenhum dos PLs que tratam da publicidade sejam votados sem que o Conar e a mídia sejam ouvidos no Congresso. “Não votaremos sem essa mediação”, disse. Mercadante prometeu ainda que pedirá à Anvisa, uma das instituições a que se referia Cavalcanti, que apresente um relatório trimestral de suas ações ao Senado. “A Anvisa não pode substituir o Conar e nem o Congresso”, disse. O evento serviu para a Abert expor o ponto de vista do setor e, como pro­posto, alinhar os discursos. Um dos pontos é que as discussões da Confe­rência Nacional de Comunicação “olhem para frente”, ou, em outras palavras, não caminhem para uma revisão do modelo da radiodifusão. O marco legal da radiodifusão pode passar por uma reforma. Pelo menos esta é a disposição do Ministério das Comunicações. O Minicom pretende contratar a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para realizar uma consultoria sobre a revisão de todo o marco legal e regulatório, com foco na congregação das diversas normas e leis que regem esse ramo da comunicação. “A nossa expectativa é que essa contratação se inicie e termina ainda neste ano”, afirmou o consultor jurídico do ministério, Marcelo Bechara durante o congresso da Abert. FOTOs: arquivo

importante para a expansão do Serviço Móvel Pessoal (SMP). E que, junto com parte do 2,5 GHz, os 700 MHz deverão compor o bloco de radiofrequências que a Anatel deverá designar para a ampliação da capacidade da telefonia móvel, que correria o risco de entrar em saturação nos próximos anos. Para Guimarães, a iniciativa, caso se confirme, fere os direitos dos cidadãos, na medida em que a Anatel estaria privilegiando um serviço privado e pago em detrimento de uma oferta aberta e gratuita como é a da televisão. “Aprovar isso seria criar um fosso entre os brasileiros que assistem hoje TV aberta em todo o país”, afirmou o consultor, reiterando que a expansão do serviço digital para além das capitais pode deixar de acontecer. Não só a expansão da TV digital estaria em jogo. O governo já cogita que os 700 MHz sejam usados como canal de retorno da TV digital, “pulando” as teles na prestação desta conexão necessária para a interatividade. Essa hipótese tem sido cogitada inclusive pela Casa Civil, que ainda não está segura de que esta faixa deve deixar de ser usada pela radiodifusão mesmo após 2016.



( tv pública) Mariana Mazza, de Brasília

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Em busca de estímulo II Fórum Nacional de TVs Públicas revela necessidade de financiamento para o setor, e que ainda há um longo caminho para a constituição de uma rede pública de televisão.

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a última semana de maio, Brasília foi palco do II Fórum Nacional de TVs Públicas. Os dois dias de debate entre representantes dos diversos ramos deste segmento ocorreram em espaços do Congresso Nacional. E a escolha de realizar o encontro no centro do poder do país não podia ser mais acertada. Pouco mais de um ano depois da criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), as discussões mostraram que a ideia de o Brasil ter uma grande rede pública de televisão continua distante na prática. Para consolidar esse projeto, muitas ações políticas são necessárias e o apoio de deputados e senadores é fundamental. A partir do encontro, as TVs públicas produziram uma nova lista de reivindicações, a Carta de Brasília II, e diversos itens destacam a necessidade de políticas de fomento às emissoras e às produtoras independentes. Além disso, medidas concretas para a estruturação da rede pública de radiodifusão foram solicitadas, como a inclusão das emissoras públicas não-estatais no escopo do operador único dessa nova infraestrutura. A preocupação de que esse ramo tenha suporte político e financeiro para acompanhar os avanços tecnológicos também está retratada na carta. Um importante item associado ao estímulo financeiro desse segmento contou com o apoio da presidente da EBC, Tereza Cruvinel, no momento da apresentação da lista de

reivindicações. Tereza chamou de “filhotes da ditadura” os impedimentos do decretolei 236/1967, que alterou o Código Brasileiro de Telecomunicações. Este documento impede a veiculação de propaganda e a obtenção de patrocínio pelas TVs educativas. “Esse item do decreto precisa ser removido. É mais um filhote da ditadura sobrevivente. Ele é um entulho autoritário que trava todo o modelo público de televisão”, criticou a presidente da EBC, sob aplausos dos participantes. As TVs sugeriram formalmente a retirada, por meio de medida provisória, do bloqueio previsto no decreto editado durante o período militar. O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB/SP), apoiou a reivindicação, mas incomodou-se com a ideia de ter mais uma medida provisória na casa, e sugeriu que o governo encaminhe um projeto em regime de urgência sobre o assunto. “E aqui, a gente daria ‘urgência urgentíssima’, o que permitiria uma aprovação em cinco a dez dias”, argumentou Temer. Por enquanto, não houve nenhuma movimentação concreta do governo em nenhum dos dois sentidos, nem da edição de uma medida provisória, nem de encaminhamento de um projeto de lei.

FOTO: Fabio R. Pozzebom/Abr

Esclarecimento Junto com a mudança no decreto-lei, as TVs públicas querem a edição de uma portaria interministerial

“O bloqueio à publicidade é um entulho autoritário que trava todo o modelo público de televisão” Tereza Cruvinel, da EBC

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definindo “os objetivos e princípios da radiodifusão pública, exploradas por entidades públicas ou privadas, que não o poder Executivo federal ou de entidades de sua administração indireta”. Para as emissoras, este documento é importante para estabelecer um marco regulatório esclarecendo as diferenças entre o “sistema público de radiodifusão estatal” e o “sistema público de radiodifusão não-estatal”. A dissociação clara entre esses dois campos da radiodifusão pública tem importante caráter político, uma vez que boa parte das discussões envolvendo a EBC, TVs públicas e educativas volta e meia esbarra em embates conceituais sobre as fronteiras entre a radiodifusão estatal e a não-estatal. Mas a criação de limites entre esses dois universos acaba no universo regulatório. Na vida prática dessas empresas, o fórum concluiu que é necessário o estabelecimento de um operador único da rede pública, responsável não só pelas emissoras ligadas à EBC, mas que coordene a operação com todas as emissoras do campo público, sejam elas públicas ou privadas. O compartilhamento do operador é considerado um ponto-chave pelas TVs públicas privadas, não só pelo potencial de intercâmbio de produções e métodos entre os dois campos, mas também para que todas as emissoras públicas compartilhem outros benefícios hoje assegurados apenas à EBC e suas emissoras. Um dos aspectos é a necessidade de garantia de acesso aos recursos da Contribuição para o Fomento da Televisão Pública, criado para financiar a EBC. O simples


compartilhamento do operador não assegura o acesso aos recursos, mas aumenta as chances de que a verba flua em todo o sistema. Outro ponto pacífico para as TVs públicas é o pleito para que todas possam usar os recursos da TV digital, como a multiprogramação. Atualmente só as estatais podem usar essa ferramenta, pois o Ministério das Comunicações entende que há impedimentos legais para que as empresas privadas, mesmo sendo emissoras educativas, operem mais de um canal, o que ocorreria se a multiprogramação fosse acionada. Por ora, o ministério tem lançado mão de uma solução paliativa, pela qual as emissoras com projetos voltados para educação, cultura e cidadania podem usar o recurso por meio de uma autorização em caráter “científico e experimental”. Políticas de fomento Para os signatários da Carta de Brasília II, é preciso pensar também

na criação de modelos estáveis e integrados de financiamento para esta área. Uma das principais solicitações nesse sentido partiu da Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM). “Para quem não tem nada, qualquer migalha será bem-vinda e muito considerada”, afirmou o presidente da associação, Edvaldo Faria, antes de anunciar o pedido. A “migalha” em

de inovação de linguagens, voltadas para a convergência digital, e criação de formatos considerando as ferramentas de interatividade da TV digital. Com pedidos que perpassam diversos ramos da cadeia da comunicação e que, em boa parte, necessitam de uma ação governamental para que saiam do

Um dos consensos entre as TVs públicas é o pleito para que todas possam usar os recursos da TV digital, como a multiprogramação. questão é a garantia que um percentual da publicidade pública institucional do governo federal seja repassada as emissoras que compõem a ABCCOM. Mais um aspecto tratado com especial atenção pelo campo público de TV é o fomento à produção independente de conteúdo. Neste tema, as soluções vão muito além da destinação de recursos, conforme retratou a Carta de Brasília. Uma das ideias é a estruturação de grupos de trabalho permanentes para a pesquisa

papel, a Carta de Brasília já sinaliza boa parte da pauta que as TVs públicas levarão à Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), agendada para dezembro deste ano. A expectativa do setor, no entanto, é que ao menos parte das solicitações sejam abraçadas pelo governo antes da conferência e que o grande encontro de comunicação sirva para consolidar essas posições.

Confira as reivindicações Assim como no primeiro encontro, as TVs públicas produziram uma nova Carta de Brasília, com solicitações que refletem as necessidades deste ramo. Veja abaixo o resumo da lista de reivindicações alinhavadas no Fórum:

• Garantia de participação das TVs comunitárias no novo Canal da Cidadania; • Criação do Canal da Universidade, com gestão conjunta, autônoma e isonômica por instituições de ensino superior.

Regulamentação • Alteração do Decreto Lei 236 de 28 de fevereiro de 1967, que impede o patrocínio às TVs educativas; • Edição de uma portaria interministerial definindo os objetivos e princípios da radiodifusão pública, exploradas por entidades públicas não-estatais ou privadas. • Criação de um instituto autônomo e independente, para estudo e pesquisa da comunicação pública brasileira.

Operador único • Criação de um operador único da rede pública, que congregue todas as emissoras de televisão, públicas ou privadas, do campo público; • Que todas as emissoras do campo público de televisão tenham assegurado o direito à multiprogramação e à interatividade.

Financiamento • Participação de todas as emissoras que compõem o campo público de televisão nos recursos provenientes da Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública; • Repasse de um percentual de publicidade pública institucional do Governo Federal às emissoras que compõem a Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM). TV Digital • Incorporação dos canais comunitários e universitários no Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T); • Garantia de acesso das TVs comunitárias e das TVs universitárias ao espectro da TV digital, com possibilidade de utilização de todas as funcionalidades da tecnologia;

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Programação • Formação e qualificação técnica e em gestão dos profissionais de comunicação e telecomunicação do campo público de televisão; • Fomento à estruturação de grupos de trabalho permanentes para a realização de pesquisa e desenvolvimento em inovação de linguagem e conteúdos para convergência digital; • Fomento à produção independente, através da construção compartilhada, entre produtoras e governo, de editais públicos específicos que considerem a vocação do campo público de televisão; • Fomento à produção cidadã, de conteúdos realizados diretamente pela sociedade, e abertura de espaços para a veiculação dessas produções nas TVs do campo público; • Realização de inventário, digitalização e disponibilização de acervos locais existentes.

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( cinema) Ana Carolina Barbosa, de Miami*

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Sonho americano

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fato que o mercado dos Estados Unidos é restrito para produções audiovisuais em língua estrangeira. Para descobrir maneiras de transpor estas barreiras, produtores e distribuidores brasileiros reuniram-se com especialistas americanos no Market Place promovido pelo Grupo Infinitto e pelo programa Cinema do Brasil durante o 13º Brazilian Film Festival of Miami, que aconteceu entre os dias 5 e 13 de junho. A plataforma digital vem se fortalecendo como alternativa para a produção estrangeira na medida em que distribuidores dão os primeiros passos no video-ondemand e os canais de televisão mostram-se interessados em formatos curtos para incluir as atrações em suas estratégias online. A Maya Entertainment, por exemplo, especializada na distribuição de filmes para o mercado latino, terá a sua primeira experiência em VOD este ano, com um pacote de filmes de diferente nacionalidades (incluindo o brasileiro “Era Uma Vez”, de Breno Silveira), que serão divulgados em conjunto e terão estreia simultânea em salas de cinema de dez cidades americanas em julho, com lançamento em DVD na rede Blockbuster e video-ondemand em seguida. “Estamos experimentando esta estratégia, mas é vantajoso e econômico montar um pacote assim e fazer a divulgação”, explica Tonantzin Esparza, diretora de aquisição. A Zeitgeist Film, focada em filmes autorais, também estreará no mercado de VOD este ano com a produção espanhola “Fados”. “É um

FOTOS: mariana vieira / divulgação

Distribuição alternativa e formatos curtos para televisão são caminhos para a produção nacional no mercado dos Estados Unidos.

Tonantzin Esparza, da Maya Entertainment, testará distribuição de filmes de língua estrangeira em VOD. Ben Cotner, da Paramount: filmes precisam gerar confiança para receber investimento.

novo caminho, precisamos avançar muito nisso, inclusive em relação aos direitos para a Internet”, avisa Emily Russo, cofundadora e copresidente da distribuidora. Ela aconselha produtores a trabalharem em conjunto com um sales agent e um advogado para ajudar a encontrar o público da produção e as questões contratuais. “Festivais também ajudam a testar os filmes e conseguir a atenção da indústria”, destaca. Carlos Gutierrez, cofundador e diretor da Cinema Tropical, empresa sem fins lucrativos dedicada à distribuição, programação e promoção do cinema latino-americano nos Estados Unidos, afirma que há interesse por estas produções nos Estados Unidos e o desafio das distribuidoras é encontrar este público. “O mercado não-theatrical é vantajoso para o mercado latinoamericano. Precisamos saber como chegar a estas audiências sem formatos tradicionais. Temos que trabalhar nisso

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ainda”, diz, observando que as produções da região têm ganhado destaque para uso com finalidade educacional, como em universidades, por exemplo. Entretanto, para Gutierrez, a exibição nas salas de cinema ainda é importante para chamar a atenção da crítica para estes filmes, por isso, a Cinema Tropical tem se esforçado para programar algumas salas e um dos caminhos encontrados é o patrocínio de marcas representativas do país. Segundo o diretor, em janeiro de 2008, três filmes brasileiros (“A Casa de Alice”, “Cidade dos Homens” e “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”) foram exibidos em Nova Iorque com o patrocínio da Havaianas. Este ano será feito um evento semelhante de patrocínio de filmes chilenos em parceria com o governo do Chile e com a empresa aérea LAN.


Curtas A Internet é a aposta dos distribuidores para a produção cinematográfica em língua estrangeira nos Estados Unidos e também dos canais de televisão que tiveram representantes no Market Place. Warner Channel, Latino Public Broadcasting e Sundance Channel buscam atrações em formatos curtos justamente para poder explorá-las em suas estratégias online. Segundo Wilma Maciel, vice-

presidente de programação da Warner Channel Latin America, o site do canal passou por uma recente reformulação e, agora, mais interativo, assemelha-se a um portal, o que permite séries criadas exclusivamente para a plataforma Internet. “Sorority Forever”, série de 44 episódios de dois minutos cada produzida nos estúdios da Warner, é a primeira a ser exibida na web. “Queremos usar este espaço também para a produção de conteúdos originais neste formato na América Latina, principalmente no Brasil”, afirma Wilma, acrescentando que também há interesse também em produção original para a TV, de séries de oito episódios, preferencialmente no gênero comédia. “Nosso escritório no Brasil está trabalhando em uma triagem e aproximação de grandes produtoras. Podemos também avaliar propostas de pequenos produtores porque o que queremos é conteúdo inovador, diferenciado e de qualidade. Ainda não

encontramos o script ideal, mas estamos abertos para a coprodução”, afirma. Segundo Gail Gendler, diretora de aquisições do Sundance Channel, com foco em documentários, com ênfase em conteúdo ecológico e questões ambientais, curtas-metragens têm sido valorizados principalmente porque oferecem ao broadcaster a possibilidade de trabalhar com eles online também. Patrícia Boero, diretora executiva da Latino Public Broadcasting, que tem fundos para a produção de conteúdo educativos e não-comerciais que abordem assuntos relevantes para a comunidade hispânica para exibição na TV pública e também trabalha com aquisições, diz que os curtas-metragens têm a vantagem de poderem ser usados na web, mas é interessante que produtores apresentem curtas complementares, que possam ser exibidos juntos, formando uma história mais longa também. Michela Giorelli, diretora de produção e desenvolvimento de projetos da Discovery Channel Latin America, disse que a programadora também valoriza produções que tenham proposta interativa. Ela destacou as produções originais feitas no Brasil. “Temos experiências positivas, principalmente em assuntos do País tratados regionalmente”, disse, mencionando as atrações “Chico Mendes, o Preço da Floresta” e “Soluções Para o Trânsito”, ambas produções da Mixer. Participaram do Market Place as produtoras Gatacine, Ocean Filmes, Casa de Cinema, Otto Desenhos Animados, Tibet Filmes e Lotus Negra Arte e a distribuidora Elo Audiovisual, que tiveram a oportunidade de conversar pessoalmente com os palestrantes americanos e apresentar seus projetos.

Wilma Maciel, da Warner, que pretende desenvolver conteúdo original no Brasil, especialmente para o portal.

* A jornalista viajou a convite do Grupo Infinitto.

Carlos Gutierrez, da Cinema Tropical: apoio de marcas para a exibição de filmes latinos.

FOTO: jefferson simizu / divulgação

Momento Brasil Representando um grande estúdio, Ben Cotner, diretor de aquisições e coproduções da Paramount Vantage, subdivisão da Paramount Pictures Corporation, garante que há interesse em produções locais para coprodução e aquisição, mas os filmes precisam gerar confiança. “A realidade é dura, temos que confiar no que investimos”, diz. Para o produtor americano Ben Odell, presidente da Panamax Filmes, que trabalha com foco no mercado hispânico nos Estados Unidos, produtores independentes de outros países que queiram trabalhar com este mercado têm vantagens em relação aos que trabalham dentro dos Estados Unidos, onde o acesso a recursos é mais difícil. “Acho que o Brasil vive um bom momento. Tem um dos mais atraentes mercados locais e os outros países estão de olho. Os brasileiros estão fazendo filmes mais comerciais, baseados na realidade que conhecem e às vezes estes filmes viajam”, diz, exemplificando com “Cidade de Deus”. Odell esteve no Brasil em abril deste ano, a convite do Grupo Infinitto e do programa Cinema do Brasil, junto com a advogada especialista em indústria do entretenimento Susan Bodine, para conhecer melhor o mercado nacional e dar um treinamento de pitching para os produtores brasileiros.

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( mercado)

Daniele Frederico, de Banff, Canadá

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Online nas montanhas Eventos de mídias digitais e televisão no Canadá geram discussões sobre produção para televisão, modelos de negócios para Internet e efeitos da crise financeira mundial.

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FOTOS: kris krug e caroline mayhew / divulgação

esmo com a crise permeando quase todas as conversas, a Internet, as possibilidades geradas pela mídia online para provedores de conteúdo, e os modelos de financiamento dessas produções continuam sendo os temas mais discutidos entre broadcasters e produtores canadenses e de outras nacionalidades presentes no Banff World Television Festival, evento voltado para o mercado de televisão que teve a sua 30ª edição realizada entre 7 e 10 de junho em Banff, na província de Alberta, Canadá. O festival de TV foi precedido pelo Next Media, evento focado em mídias digitais que ano após ano dita o tom de todas as discussões do período. A presença da Internet nas conversas, porém, faz todo o sentido no Canadá, já que o país tem uma penetração de banda larga de 80%. No entanto, não é apenas a utilização da Internet para fins legais e profissionais que chama a atenção no país. A pirataria proporcionada pela troca de arquivos também tem destaque no Canadá, assim como no Brasil, e foi tema de uma das discussões mais acaloradas do Next Media, entre David Purdy, da Rogers Cable, e Eric Klinker, do Bit Torrent. Foi durante essa discussão que a operadora de TV canadense Rogers Cable anunciou que deve lançar no próximo semestre um site de banda larga com vídeos de seus canais. O lançamento do portal faz parte da estratégia da operadora para combater os downloads ilegais e oferecer conteúdo para seus assinantes de conteúdo on-demand, segundo o presidente e gerente geral

Eric Klinker, do Bit Torrent, e David Purdy, da Rogers Cable: troca de arquivos online é desafio para indústria de televisão.

de produtos televisivos da empresa, David Purdy. Para Purdy, o problema com o peerto-peer é o fato de que 99% do conteúdo que ali transita não respeita as leis de proteção aos direitos de propriedade intelectual. “O que nos perguntamos é: como fazer com que 20% do conteúdo, que é o que o espectador realmente quer ver, e que é 80% do que circula no peer-to-peer, esteja mais perto desse consumidor?”, questiona Purdy. Ele diz ainda que acredita que o Bit Torrent no Canadá faz mais sucesso do que nos Estados Unidos por não existir um modelo legal para que as pessoas acessem os conteúdos. “Não estamos nos movendo rápido o suficiente”, opina o executivo da Rogers Cable. Neste contexto, o CEO do Bit Torrent, Eric Klinker, tem sido alvo de duras críticas por parte dos detentores e dos distribuidores de conteúdo. Ele defende seu negócio dizendo que a troca de arquivos como é feita hoje pela plataforma permite que o custo de distribuição seja perto de zero. O Bit Torrent tem hoje cerca de 50 milhões de usuários ativos mensalmente e aproximadamente 300 mil downloads do aplicativo por dia. Klinker diz acreditar na neutralidade da Internet, porém admite que seria possível restringir o acesso a determinados conteúdos no serviço, a partir de uma assinatura, por exemplo. Ele lembra, no

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entanto, que os provedores de conteúdo não têm demonstrado interesse em fazer negócios com a empresa. “Poderíamos ser uma fonte, de onde se poderia acessar o conteúdo legitimamente. A tecnologia poderia desempenhar um papel”, afirma. O site da Rogers estará disponível para todos os usuários, porém o conteúdo dos canais fechados poderá ser acessado apenas por assinantes do serviço de televisão paga da operadora. Para estes, porém, não haverá custo adicional. “Nosso modelo é oferecer esse produto aos nossos assinantes, sem custo, para que eles possam acessar o que, quando e onde quiserem”, conta Purdy, lembrando que se trata de um modelo que mistura publicidade e assinatura. “Nossa estratégia é adicionar valor, mantendo o preço”. Os modelos que visam oferecer conteúdo na Internet de graça ao usuário, com base apenas na publicidade também foram muito questionados durante a semana de discussões em Banff. O próprio Purdy admite que se preocupa com os modelos apoiados apenas em publicidade e sem qualquer tipo de assinatura. “Não tenho problema com a tecnologia. O que me preocupa são


Ron Berryman, da Fox Interactive, defende uma mistura de modelos para viabilizar oferta de vídeos online.

defende uma evolução dos modelos de negócios para a Internet. Ele acredita em uma mistura de modelos, como publicidade, assinatura (para conteúdo mais premium), entre outros. O executivo contou ainda que a FIM já gerou mais de US$ 600 milhões em receita para a empresa, mas admite as ações digitais ainda dependem de financiamento diversos. “O que está nos mantendo hoje são os acordos de cabo”, diz. Crise exige moderação Apesar de o clima ser otimista, ficou evidente que a crise financeira mundial tem tirado o sono de muitos produtores e canais, não só dos Estados Unidos, como

FOTO: DIVULGAÇÃO

os modelos puramente suportados por publicidades e grátis. É um mundo dominado pelo usuário”, diz. Outros distribuidores e produtores apontaram a mesma preocupação. Gary Carter, da Fremantle Media, conta que os broadcasters têm falado em uma queda de 20% da publicidade até o momento, devido à crise financeira. “O dinheiro é o mesmo para todas as mídias. Modelos baseados em assinatura terão de ser o futuro”, aposta. O vice-presidente sênior e gerente geral da Fox Interactive Media (FIM), Ron Berryman, revelou ainda que os anúncios online tendem a ser pouco eficientes, já que a maioria dos usuários não clica sobre eles. “Dois terços dos usuários nunca clicam em anúncios da Internet. Eles os acham invasivos”, conta Berryman. Contra a falta de eficiência da publicidade online, e a falta de verba publicitária no mercado, Berryman

”Pxxpaga. Essa não é a opinião da TV aberta.” José Felix, da Net Serviços

do Canadá e de outros países. Embora não tenha sido a discussão central do evento, a crise esteve, de uma forma ou de outra, presente em quase todos os paineis e debates que aconteceram em Banff. Representantes de canais ressaltaram a necessidade de produções mais baratas por parte dos produtores. A VP de desenvolvimento do Discovery Channel, Beth Dietrich Segarra, diz que, pessoalmente, acredita que durante a crise financeira as pessoas estão vivendo uma fase em que querem chegar em casa e somente ver televisão, sem ter de pensar muito. “Espero que essa fase passe logo”, opina. Para Beth, momentos como esse, de crise, exigem pensar em

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( mercado) Painel sobre produção infantil concluiu que o sucesso de um programa depende do conhecimento que se tem do público-alvo.

FOTO: kris krug e caroline mayhew / divulgação

produções mais baratas – mesmo que não tenha havido cortes de orçamento no Discovery, apenas ajustes, segundo a executiva. “Acho que é uma chance de conversarmos com produtores sobre como podemos fazer programas mais baratos. Não vamos simplesmente jogar dinheiro em algo, mas vamos ser criativos”, afirmou. Quem também ressaltou a necessidade de inovação, porém, com produções mais baratas foi o executivo do Cartoon Network Robert Sorcher, que lembrou da importância de encontrar novos modelos de negócios que barateiem os produtos. Para o vice-presidente executivo de planejamento de programação da HBO, David Baldwin, ter um conteúdo pago, premium, tirou a empresa da arena da publicidade. “É libertador, mas também um desafio”, contou o executivo durante o painel “O guia para sobreviver à crise”. Baldwin diz que a HBO tem faturamento de US$ 3 bilhões por ano e está crescendo em 2009. Ele lembra que em momentos como esse, é importante não depender apenas de um tipo de produto. “Ampliem suas apostas, entrem em coisas diferentes e saibam que o longo prazo é sempre melhor”, aconselhou. O executivo da HBO afirma ainda que o número de assinantes, que é de 30 milhões nos Estados Unidos, não caiu com a crise. “As pessoas gastam menos indo a eventos fora de casa. Estamos extraordinariamente otimistas”, afirmou.

diz, lembrando a necessidade de ficar atento para que mais incentivos fiscais e subsídios estejam disponíveis. Foi também durante o Kids and Animation Day que Robert Sorcher, chief content officer do Cartoon Network nos Estados Unidos, falou sobre a mudança pela qual o canal está passando no país, com ênfase na procura por projetos de live action, que têm se mostrado muito atrativos mundialmente – o que pode ser notado pelo sucesso de “Hannah Montana” e outras propriedades Disney. Segundo Sorcher, o Cartoon Network está passando por uma reformulação para se tornar mais contemporâneo. Na lista de mudanças está o lançamento de um bloco de realities em junho, o aumento do número de programas live action e novos tipos de animação. “Precisamos de mais texturas e novas vozes no ar”, diz o executivo. Em outro canal da Turner, o Boomerang, as novelas têm tido muito sucesso, com aumento de 38% na audiência. “Queremos fazer uma novela global”, diz Finn Arnesen,

Toque latino Não foram apenas broadcasters e produtores canadenses que estiveram na cidade montanhosa de Banff em junho para fazer negócios. Uma delegação de dez brasileiros também participou dos eventos, com representantes de agência (Agência Click), produtoras (DayDreamLab e Caco Motion), associação (ABPI-TV e Brazilian TV Producers), canais (TV Cultura, Canal Futura e TV Brasil) e do Consulado Geral do Canadá em São Paulo. Âmbar de Barros, da TV Cultura; Leonardo Menezes, do Canal Futura; e José Zimmerman, da TV Brasil; participaram ainda de um painel do BWTVF sobre as necessidades dos broadcasters da América Latina, ao lado de Julian Rodriguez Montero, da Telefe.

Crianças em foco Além da Internet, um dos destaques este ano em Banff foi a atenção dedicada à programação infantil e à animação. Paineis e palestras mostraram os caminhos para o sucesso de produções para crianças e ofereceram um panorama sobre o que os canais esperam por parte dos produtores. O presidente da Cookie Jar Entertainment, Toper Taylor, conta que a indústria canadense de animação é hoje dois terços do que era em 1999. “Temos sorte por sermos um país que ajuda a indústria em tempos difíceis”,

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vice-presidente sênior e gerente geral de séries originais e desenvolvimento da Turner Broadcasting System International. Vale lembrar que para países como o Brasil, que têm feed exclusivo, a decisão sobre as mudanças na programação cabe à Turner América Latina. Ainda que o sucesso do live action seja indiscutível, uma das sessões promovidas durante o Kids and Animation Day concluiu que o principal elemento para que uma produção para o mercado infantil tenha sucesso é conhecer quem é o seu público-alvo. A executiva Pamela Westman, responsável pela região da América na inglesa HIT Entertainment, diz que é importante conhecer quem é o seu público-alvo antes de levar o projeto para os canais, que podem acabar determinando um grupo etário errado para a série e colocá-la na faixa errada de programação. “Se eles errarem, você nunca vai alcançar o sucesso. Por isso, conheça seu público e faça pesquisa para saber o que eles querem”. Joan Lambur, da Breakthough Films & Television, uma das responsáveis pela distribuição da série de sucesso “Teletubbies” no Canadá, conta que houve uma larga pesquisa antes do lançamento do show, para testar aquilo que era bom para o público e o que não era. “Embora não fosse possível perguntar para os bebês o que achavam, os produtores filmaram essas crianças assistindo à série e a sua reação”, conta. Ela lembra, porém, que o item principal para emplacar uma série de sucesso é acreditar no produto que se oferece, mesmo que ele não esteja em fase avançada. “Não se intimide com esse papo de fazer pesquisa, fazer um programa multimídia. Encontre parceiros, acredite na sua história e fique atento para uma experiência colaborativa”, conclui.


www.aja.com

“AJA hace todo el proceso más fácil.”

Keith Collea Co-escritor y Productor, The Gene Generation

Desde captura a conversión, Keith Collea’s línea de post producción completamente confía en AJA y su interior. Con un currículo de trabajo en blockbuster como Alien:Resurrection; Independence Day y Pearl Harbor; el veterano de efectos y post producción ha usado productos de AJA por mucho tiempo. La línea entera de post producción de Collea depende de los productos AJA que incluyen Kona, IoHD y Convertidores. “Yo soy un gran fan de AJA” dice Collea.

• 10-bit, Llena-resolución SD/HD a través de FireWire • Apple ProRes 422 codec a través de la placa; HD720/1080, SD NTSC/PAL • Conversión alta/baja y cruzada a través de la palca y en tiempo real • Conexión vía un solo cable de Firewire a un MacBook Pro o MacPro

I o H D .

B e c a u s e

i t

En su más recenté producción de película; The Gene Genaration, Keith escoge el IoHD como la pieza central de un sistema de proyección movible usando el IoHD, una Apple Intel MacBook Pro y un G-Tech G-DRIVE, fue posible crear un sistema que hiso la proyección de la película a través de un proyector Sony digital cinema sin el uso de alguna reproductora de cinta, el nos explica. “Nos ahorro tiempo y dinero y la calidad del imagen fue mejor que si se hubiera usado cinta. Fue increíble. Encuentre mas información de cómo Keith usa los productos de AJA para mejorar su trabajo, lea los detalles completos en www.aja.com/keith

m a t t e r s .


(evento)

Daniele Frederico, de Punta del Este, Uruguai*

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Na ponta da América

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m um encontro de TV paga da América Latina, é possível perceber que algumas das questões debatidas aqui, como alta definição e triple-play, ainda estão longe de serem resolvidas nos países vizinhos. Esses e outros pontos foram apresentados durante o Punta Show 2009, que aconteceu em Punta Del Este, Uruguai, de 5 a 7 de maio. Chama a atenção entre Brasil e seus vizinhos a diferença na penetração do serviço. Enquanto no Brasil a TV por assinatura chega a cerca de 6,25 milhões de assinantes (Fonte: PTS, base dezembro 2008), ou seja, 11% dos lares, na Argentina, por exemplo, a penetração é de 60%, no Uruguai de 40% e no Chile de 32,6%. Esses números, porém, não significam que os países como a Argentina, já tenham resolvido problemas fundamentais de sua indústria. O país passa por uma reformulação da lei de radiodifusão, amplamente discutida no evento. Na ocasião, ficou clara a posição dos operadores argentinos em relação ao projeto de lei que criaria uma nova regulamentação para o audiovisual para o país. “O cabo está ameaçado. O governo desconhece o mercado que está regulando e as suas assimetrias”, diz Walter Burzaco, presidente da Associação Argentina de Televisão por Cabo (ATVC). A assimetria à qual ele se refere é o tamanho das empresas de TV por assinatura e as de telecomu­ nicações, que preparam, a partir dessa mudança na lei, a sua entrada no mercado de TV. “O faturamento das telefônicas é oito vezes o faturamento da indústria do cabo. É como um caminhão que colide com um carro”, explica.

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FOTO: DIVULGAÇÃO

Punta Show 2009 reúne operadores e programadores de TV por assinatura no Uruguai para discutir os rumos da indústria na América Latina.

Encontro Latino-Americano de Operadores de Cabo discutiu indústria de TV paga na região, com foco na mudança da lei de radiodifusão argentina.

Henoch Aguiar, ex-secretário das Comunicações da Argentina, também comenta aquele que é um dos principais problemas na oferta de serviços de TV por assinatura e banda larga em toda a América Latina. Ele criticou os custos dos serviços na região, resultado de uma regulação atrasada e fora de sintonia. “Estamos de cinco a oito anos atrasados em relação a outros países”, opina. Ele faz uma comparação com a França, dizendo que um serviço com telefonia ilimitada e conexão de Internet de 10 Mbps no país europeu não chega a custar 30 euros. Na Argentina, segundo Aguiar, o mesmo serviço custaria dez vezes mais. O serviço custa pouco na França, segundo o ex-secretário, devido à desagregação do monopólio pelos órgãos regulatórios no país. “Em 2002 havia 406 mil usuários de banda larga na França, sendo cerca de 350 mil de ADSL, tecnologia dominada pela France Telecom”, explica. “Com a abertura desse círculo fechado, houve um crescimento absurdo, e hoje há mais de 15 milhões de conexões de banda larga na França”. Ele lembra ainda que a France Telecom tem hoje 30% do mercado de ADSL, que continua a ser dominante entre os usuários franceses. Assim como na Argentina, o acordo que regula a TV paga também está em

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processo de renovação total na Colôm­ bia, segundo Alberto Ramírez, da Comisión Nacional de Televisión. Ele afirma que a tendência é que com as mudanças todos os operadores possam prestar todos os tipos de serviço. Enquanto isso, no Uruguai, os principais tópicos em pauta nas discussões da indústria são as eleições presidenciais e os efeitos da crise financeira mundial. Para o presidente da Associação Nacional Broadcasters Uruguaios, Rafael Inchausti, o período exige que governo e players da indústria tomem precauções para que os resultados desastrosos da última crise não se repitam. “Na última crise pela qual passamos, o Uruguai perdeu um terço de seus assinantes”, diz. “Em 2000 tínhamos cerca de 330 mil assinantes, e em 2003 esse número chegou a 240 mil”, disse o presidente. No país sede do evento, a Internet também cresce a passos lentos. São 399 mil assinantes de TV paga, atingindo cerca de 40% dos lares uruguaios, enquanto a Internet tem 245 mil usuários, segundo a INE-URSEC. * A jornalista viajou a convite do Grupo Isos


ECEITA: R A S S O VEJA A N das ues de to q a t o s s , shows e s enção o a t a m a m r o g c pro Escute sture em i m e s e as regiõ alidade. u q e d a s i e produz musica s a t s i l a orn m time de j ias que interessa o d n e m tre otíc Reúna um ais diários com n s que vivem nos o jorn não só a e dois tele s o r i e l i s bras a todos o aior audiência. em lugares d eiros com l i s a r b a os o, as dirigid m a r g e inclusã o d r e p l a a f z u e qu . Prod especiais em preconceitos s e d a d i s da s neces ebre a vi l e c e a i cidadan r aí não o p m e v que o, que o t r e b a o t pei ! Diga, de utras tvs o m e a r t se encon

vista. a nunca m r o f a de um africano e t n e in t s. e do con os sonho d s a s o id n s r e e s e a div os dia a cultura o-autora de noss r e r r o c r ai pe mo c a, você v eitada co ic p r s f e Á r a é t a is crianç Na Rev iraldo, a Z o d Z B No A sil. o no Bra b m u h c os de ra. eu os an ê. u r iv E mais: s e v r n e e m P C e o u m Se o de q urma D – Novo ada da T o históric r r t o p is g m e e r t – um ler. – Nova Travessia pias de Silvio Tend es. ie r é s is s Uto – Min to Din mpos ! ie Era Da Branco, de Alber r e é s is dos os te in o t e e headas d o d – M c t e e e r r s P is a a m u m t e , nsa sileiro ionais a – Impre blico bra asil. lmes nac r ú fi B p e e o s u d q io o r a os. o gost – Alman éries, documentá dos adult em ida para d o e it s e m : c a b n d o o prec ar qu nais s – E ain vencer o ternacio o de ajud a in iv t s s a e ia ç r õ c n ç a ia o r as cr itinh ure at tar, mist ajudando êm sempre um je le o t p r e m p o s c e Para uito ãos t entura. orrinho m ion onde dois irm v h a c a e c o ã m ç t a Snobs – u stop mo – A série others - série em Br o nome é n l – Koala i s . a o r d B n isa azer o está prec os que tr .

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( making of )

Ruas rolantes

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fotos: divulgação

ma cidade em que não são os carros que se locomovem, mas sim as ruas. Para quem enfrenta os congestionamentos das grandes cidades essa parece uma boa alternativa às horas de trânsito, às manobras arriscadas, aos atropelamentos e aos xingamentos. Foi esse o cenário criado para o comercial da Esso, em que as ruas se movem, como esteiras rolantes, levando os carros onde eles precisam chegar. Tudo impulsionado por um grande motor localizado no subsolo dessas ruas, movido a combustível Esso. A cidade escolhida pelo diretor Rodrigo Lewkowicz para a filmagem foi Montevidéu, no Uruguai. Inicialmente, as ruas foram captadas sem a presença de carros, para que elas pudessem ser reconstruídas posteriormente. Em um segundo momento, foram filmadas as cenas com os carros, que depois se tornariam os veículos a serem “conduzidos” pela cidade pela grande esteira. O supervisor de efeitos da Produtora Associados, Bruno Vianna Costa, conta que os carros foram filmados rodando nas ruas, sempre com o cuidado de manter velocidade constante e uma distância sempre igual do veículo da frente, com o objetivo de captar a possível posição que cada um deles ocuparia na rua “rolante”. “Em uma esteira, a distância entre eles não varia. E essa foi a maior dificuldade durante as filmagens”, lembra. As tomadas mais abertas, em especial as cenas aéreas, tiveram de ser construídas de forma diferente, uma vez que manter a distância e a velocidade constantes para cenas dessa amplitude seria muito difícil. “Em alguns casos, como a cena em que a faixa de pedestre está se

Carros foram filmados em movimento, com cuidado de manter velocidade constante. Rodas inertes foram aplicadas na pós-produção, para dar a sensação de que é a rua que se move.

formando, fizemos os carros em 3D”, diz Bruno, lembrando que há ainda outras duas cenas do mesmo estilo que contam com carros construídos em pós-produção. Para dar a ideia de que os carros estavam parados, era necessário fazer com que as rodas fossem mostradas de forma inerte. Para os pneus mais distantes, a pós-produção utilizou fotos dos pneus dos próprios carros, que foram aplicadas em cima do lugar das rodas em movimento. Para as mais próximas, mostradas em close, foi necessário recriar as rodas em 3D. O asfalto e os cantos da rua, onde ela se encontra com a calçada, foram totalmente recriados, para que andassem na mesma velocidade dos carros. Para isso, foi utilizado tracking 3D nas cenas em movimento. “Reposicionávamos o asfalto recriado na cena filmada e ajustávamos a animação para que a rua corresse junto com os veículos”, diz Bruno. Por fim, todo o maquinário responsável por mover a cidade foi

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realizado em 3D a partir do conceito criado pelo uruguaio Nacho Gutierrez. Apenas o frentista era real, filmado sob um fundo verde. “Casamos o movimento de câmera, da rua para o subsolo, com a animação”, conclui Costa.

ficha técnica Agência Lew’Lara\TBWA Título Esteiras Anunciante Cosan Combustíveis e Lubrificantes S.A. Produto Esso Criação Pedro Rosa e Roberto Kilciauskas Dir. de criação Jaques Lewkowicz, André Laurentino, Felipe Luchi e Victor Sant´Anna Produtora Produtora Associados Direção Rodrigo Lewkowicz Fotografia Fernando Oliveira Montagem Daniel Bontempo Pós-produção e Produtora Associados/ finalização Casablanca Produtora de som A9


Mundo fantástico

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om um briefing quase totalmente livre por parte da Adobe, o diretor da Margarida Flores e Filmes, Cisma, teve a oportunidade de deixar a sua imaginação fluir e contar uma história completamente fantástica e cheia de efeitos especiais. O diretor foi convidado, por meio da Blacklist, produtora que o representa no exterior, para a realização de um curta-metragem, no qual a única solicitação do cliente era que os produtos utilizados para a realização do filme fossem da Adobe, sem, no entanto, a necessidade de mostrar qualquer produto durante o próprio filme. Assim, Cisma passou para a realização do roteiro, que conta a história de uma menina que come muitos doces durante sua festa de aniversário e devido a uma indisposição causada por esses doces, não pode mais sair para brincar com as outras crianças. A história se passa em um universo mágico, com atmosfera inspirada nas obras do pintor belga René Magritte. “Foi um experimento de linguagem”, conta Cisma. O diretor conta que a ideia principal era explorar os efeitos capazes de serem produzidos pelos produtos Adobe. Inclusive aqueles que não são feitos na pós-produção, como os práticos, feitos em estúdio. “O lençol que está na cama da menina, por exemplo, foi feito com fotos que tiramos de brinquedos, montamos no Photoshop e imprimimos em tecido”, conta. Além deste, a porta de tijolos foi feita a partir de um adesivo colocado na porta, que foi feito com fotos de tijolos impressas. Da mesma forma, a cena em que a mãe joga os pratos em uma pilha foi feita de forma prática: fios foram pendurados nos pratos e a cena foi filmada ao reverso. “Até mesmo os

adesivos colados na janela da menina contêm um toque de Adobe: foram criados pela direção de arte, utilizando o programa Illustrator”, diz Cisma. Para os efeitos de composição, o diretor utilizou o After Effects, programa que faz parte do pacote Creative Suite 4, da marca. “A cada dois segundos há um

efeito diferente”, diz. A cena do playground, que contava com algumas crianças e cachorros brincando, foi feita com efeitos. “Foram usadas apenas seis crianças. E todas foram multiplicadas, assim como o cachorro, para imprimir um certo surrealismo à cena”, conta Cisma. Nesta composição de efeitos práticos e efeitos de pós-produção, uma outra cena exigiu a presença da pós: quando um bolo sai da barriga da menina, foram misturadas duas imagens: a da barriga e a de uma caixa se abrindo. Até mesmo o laço se mexendo no vestido da menina neste momento foi um efeito criado na pós-produção. A introdução, que conta com uma nuvem – que ao final se torna a sigla CS4 –, os logos dos produtos e ainda um bolo com o nome do curta, foi toda feita em stop motion. “A nuvem foi feita de lã, os logos foram feitos de espuma e o bolo é parte massa de modelar e parte verdadeiro”, conta Cisma. Ele lembra ainda que como os produtos Adobe não fazem 3D, todo o processo teve de ser feito em composição. Para finalizar, a trilha sonora do filme foi feita no programa para áudio do Creative Suite, por Paulo Beto. Este e outros filmes produzidos para a mesma campanha podem ser acessados no endereço: www.adobeartists.com Daniele Frederico

ficha técnica

Curta-metragem para a Adobe não mostra os produtos. Efeitos foram obtidos a partir dos programas da marca.

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Title “Le Sens Propre” (“O Sentido Próprio”) Cliente Adobe Produto CS4 (Creative Suite 4) Agência Goodby, Silverstein & Partners, San Francisco Diretor de criação Keith Anderson Produtora Blacklist, New York Diretor e Roteirista Cisma Live action Margarida Flores e Filmes Dir. de fotografia Pierre de Kerchove Anim. stop motion Animatorio Pós-produção Illegal FX Música Paulo Beto


(audiência - TV paga)

Produção nacional em foco

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diário médio de 54,48% e tempo médio diário de audiência de duas horas e 21 minutos (universo: 1.373.300 indivíduos). O levantamento do Ibope Mídia considera oito praças: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Distrito Federal, Florianópolis e Campinas. Entre o público com 18 anos ou mais, o primeiro lugar ficou mais uma vez com o TNT, que atingiu 12,64% de alcance diário médio e 25 minutos de tempo médio diário de audiência, nas mesmas praças mencionadas acima. Completam o ranking SporTV, Multishow, Universal Channel e Fox. Os canais pagos registraram entre o público adulto, alcance diário médio de 51,13% e tempo médio diário de audiência de duas horas e oito minutos (universo: 6.467.600 indivíduos).

Foto: divulgação

m abril, o Discovery Kids chegou ao segundo lugar do ranking de alcance dos canais pagos entre o público de quatro a 17 anos, em uma disputa acirrada com o Disney Channel, que fechou o mês em terceiro lugar. O canal obteve, entre este público, alcance diário médio de 16,61% e tempo médio diário de audiência de uma hora e 13 minutos. O destaque na programação de abril foi a estreia da animação nacional “Peixonauta”, produzida pela TV Pingüim, em parceria com o canal da Discovery Networks Brasil. Segundo dados do Ibope fornecidos pela programadora, o desenho foi líder de audiência em sua semana de estreia, de 20 a 24 de abril, entre crianças de quatro a 11 anos em seus horários de exibição (de segunda a sexta-feira, às 11h30 e 19h30). (Fonte: Ibope Telereport, Brasil, seis mercados, pessoas de

“Peixonauta”, da brasileira TV Pingüim, ajuda Discovery Kids a chegar ao segundo lugar entre crianças.

4-11 anos, 20 a 24 de abril, 2009: segunda a sexta, 11h30-12h e 19h30-20h). O Cartoon Network ficou em primeiro lugar no ranking entre o público infantojuvenil, com alcance diário médio de 18,01% e tempo médio diário de audiência de 49 minutos. No total, os canais pagos registraram entre este público alcance

Daniele Frederico

Alcance* e Tempo Médio Diário – abril 2009 Total canais pagos TNT SporTV Multishow Universal Channel Fox Globo News Discovery Warner Channel Discovery Kids AXN Telecine Pipoca Cartoon Network National Geographic SporTV 2 GNT Disney Channel Telecine Premium ESPN Brasil Sony Telecine Action

De 4 a 17 anos**

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 51,13 3.307,20 02:08:32 12,64 817,29 00:25:58 11,12 719,02 00:40:28 10,00 647,01 00:17:01 9,38 606,63 00:34:50 9,13 590,73 00:25:26 8,92 576,63 00:26:16 8,36 540,78 00:21:00 8,11 524,83 00:24:55 7,11 460,01 00:50:35 7,06 456,83 00:25:11 6,96 450,14 00:33:56 6,76 437,27 00:30:49 6,69 432,45 00:16:51 6,49 419,86 00:19:38 5,99 387,56 00:14:17 5,81 375,62 00:25:48 5,63 364,04 00:19:03 5,51 356,36 00:21:26 5,33 344,73 00:20:47 5,11 330,34 00:18:08

Total canais pagos Cartoon Network Discovery Kids Disney Channel Nickelodeon TNT Fox Multishow Jetix SporTV Telecine Pipoca Discovery Universal Channel Boomerang Telecine Premium HBO SporTV 2 Warner Channel Telecine Action ESPN Brasil AXN

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 54,48 748,21 02:21:49 18,01 247,38 00:49:36 16,61 228,07 01:13:14 16,01 219,83 00:49:29 12,78 175,48 00:51:46 10,14 139,27 00:23:08 9,18 126,09 00:23:36 9,13 125,35 00:25:35 8,73 119,91 00:56:53 8,31 114,12 00:28:20 7,70 105,76 00:27:21 6,13 84,26 00:15:57 5,83 80,05 00:23:56 5,73 78,72 00:37:35 5,45 74,85 00:20:31 4,89 67,14 00:21:07 4,87 66,87 00:14:40 4,59 63,08 00:16:42 4,55 62,50 00:18:18 4,26 58,55 00:11:30 4,14 56,88 00:13:45

*Alcance é a porcentagem de indivíduos de um “target” que estiveram expostos por pelo menos um minuto a um determinado programa ou faixa horária.

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**Universo 1.373.300 indivíduos Fonte: IBOPE Media Workstation – Tabela Minuto a Minuto – Abril/2009

**Universo: 6.467.600 indivíduos

Acima de 18 anos**



( case)

Um Romance de Geração Sem recurso público ou patrocínio, filme se concretiza com o modelo de cooperativa. FOTOS: Divulgação

Esta matéria faz parte de uma série que Tela Viva publica mensalmente, explicando o desenvolvimento de projetos audiovisuais bem sucedidos, sob o ponto de vista do modelo de negócios e do financiamento.

Sem orçamento, produtoras e profissionais envolvidos na produção do longa terão cotas de participação nos resultados do filme.

P

ara dar vazão ao que classifica como “uma ambição artística”, o roteirista e diretor de cinema e TV David França Mendes, diretor de desenvolvimento da Mixer, teve que convencer amigos e produtores a abraçarem um projeto autoral: rodar, sem nenhuma verba, o longa-metragem “Um Romance de Geração”, inspirado no livro homônimo do escritor carioca Sérgio Sant’Anna. “Não cheguei a inscrevê-lo em nenhum edital. Tinha pressa e estes processos são muito lentos. Além do mais, o filme estava muito claro na minha cabeça, mas era difícil explicar. Como a ideia era simples, não exigia muitos recursos, resolvi encarar”, conta Mendes. “Um Romance de Geração” é uma comédia sobre o escritor Carlos Santeiro, que escreveu um livro que a crítica adorou, mas depois não escreveu outras histórias. Esquecido, Santeiro entrega-se à vodca e às corridas de cavalos, até que uma jornalista aparece para entrevistá-lo. Ele então inventa livros que nunca escreveu e ela o desmascara. Os dois passam a noite neste duelo. Um ponto essencial nesta empreitada seria convencer o escritor a ceder os direitos autorais, já que não havia recursos para comprá-los. “Fui conversar com o Sérgio já com a proposta,

colocando as minhas ideias. Ele topou ceder os direitos e entrar como sócio no filme”, explica o diretor. O livro, que estava esgotado, ganhou reedição pela editora Companhia das Letras, pegando carona na estreia do filme no cinema. Vencida a etapa mais crucial para a concretização do longa, chegou a hora de convencer artistas e equipe técnica a embarcar em um projeto que

principal, o apartamento do personagem Carlos Santeiro, foi montado no estúdio fotográfico de Cícero Rodrigues, fotógrafo de publicidade que estava interessado em fotografar seu primeiro longametragem e assinou a fotografia de “Um Romance de Geração”. A outra locação, o Teatro do Jóquei do Rio de Janeiro, também foi emprestada

“Não cheguei a inscrever o projeto em nenhum edital. tinha pressa e esses processos são muito lentos”,conta o diretor. não traria remuneração imediata. Para a seleção do elenco, Mendes realizou testes. “Para minha surpresa, mesmo sabendo que não haveria cachê, muitos artistas participaram do teste. Eu só lhes garanti que o filme seria finalizado e teria exibição no cinema. Isso é importante para o currículo de um ator”, explica Mendes. O cenário

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para as filmagens por Karen Acioly. Até a alimentação da equipe durante as filmagens foi fornecida pela padaria Talho Capixaba, em troca de créditos no filme. Vicente Amorim, parceiro de Mendes em outros trabalhos, encarregou-se da produção junto com Isabela Santiago, do Grupo


Estação, empresa carioca que se responsabilizou também pela distribuição do filme. As produtoras Mixer e Estação Multimídia e a TeleImage entraram como coprodutoras, viabilizando o aspecto técnico da produção, com equipamentos e infraestrutura. Estava armado o sistema de cooperativa, em que os envolvidos só teriam cotas de participação nos resultados do filme. “Não temos grandes pretensões quanto ao retorno do filme. O bom é que, como o filme não teve investimento, não tem que pagar primeiro os investidores. O que entrar é lucro e será dividido entre os envolvidos”, observa o diretor.

na produção para ver o que elas achavam. Todas disseram que entenderam que eram três atrizes interpretando um só personagem e gostaram do efeito”, conta Mendes. Gravado em HDV, o filme foi finalizado em HD, na TeleImage. A estreia, prevista incialmente para 22 de maio, foi adiada porque, como foi produzido de maneira atípica, o filme não tinha Certificado de Produto Brasileiro (CPB), documento concedido pela Ancine que reconhece que uma obra audiovisual foi produzida de acordo com as definições de obra audiovisual brasileira. Foi preciso providenciá-lo e a estreia ficou para julho, nas salas de cinema do Rio de Janeiro e São Paulo.

Três em um O longa começou a ser rodado em setembro de 2006. Antes das filmagens, que aconteceram durante cinco semanas, começando à noite e invadindo a madrugada porque todos os envolvidos estavam trabalhando também em outros projetos, o diretor passou três meses ensaiando os atores. Desde o início, a ideia de Mendes era trabalhar com três atrizes interpretando um só personagem, no caso, a jornalista. O objetivo, além da experimentação, era fazer a transposição para o audiovisual do estilo literário de Sant’Anna, cheio de truques metalinguísticos que desnorteiam o leitor. O filme foi rodado na íntegra três vezes. As atrizes Lorena da Silva, Susana Ribeiro e Nina Morena interpretaram, cada uma de uma vez, o papel da jornalista do começo ao fim da história, contracenando com o ator Isaac Bernart, escalado para o papel do escritor. Com os três filmes prontos, o diretor mesclou na edição a atuação das três atrizes, selecionando as cenas aleatoriamente, sem que elas apareçam em uma sequência. “Mostrei a pré-edição para algumas pessoas que não estavam envolvidas

Trabalhos comerciais O filme foi exibido pela primeira vez na Première Brasil do Festival do Rio, em setembro do ano passado. Em abril de 2009, foi selecionado para o Festival de Cinema Brasileiro de Paris, na capital francesa. “Vi a reação destes dois públicos tão diferentes, como receberam bem o filme e caiu uma ficha”, conta Mendes, enfatizando que o conhecimento que um trabalho experimental proporciona pode ajudar na aplicação de novas técnicas e linguagens também em trabalhos comerciais. “É impressionante como a indústria tem buscado esta coisa mais artesanal, explorando o mundo do teatro. Você vê atores do stand-up comedy ganhando programas na televisão. Até um novo programa da Globo, o ‘Som e Fúria’, vai abordar o teatro”, observa o diretor. Atualmente, Mendes trabalha pela Mixer em um projeto para o canal Multishow, da Globosat, que ainda não pode ser detalhado. “Mas tem tudo a ver com o filme”, adianta. Ele finalizou também o roteiro de “Coração Sujos”, longa em fase de captação, baseado no livro homônimo do jornalista Fernando Moraes, que será dirigido por Vicente Amorim.

um romance de geração 80 minutos

Longa-metragem

David França Mendes

Direção

o Multimídia e Mixer Produtoras Estaçã

Sinopse: Comédia sobre um escritor que não escreve. Carlos Santeiro escreveu um livro que a crítica adorou, mas ele nunca mais produziu. Esquecido, o escritor entrega-se à vodca e às corridas de cavalos. Até que aparece uma jornalista para entrevistá-lo e ele inventa histórias que nunca escreveu. Ela o desmascara. Assim, eles entram pela noite num divertido e ácido duelo.

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( tecnologia)

Vitrine tecnológica TV Cultura troca 90% de seus equipamentos em três anos, investindo cerca de US$ 10 milhões em soluções que vão da produção à transmissão.

C

om duas programações em seu sinal digital e autorização para transmitir uma terceira, a TV Cultura de São Paulo conseguiu, apesar de um orçamento limitado, se preparar para a TV digital e para experimentar novas formas de produzir e transmitir televisão. Desde 2005, a emissora vem adquirindo equipamentos de produção e de transmissão. Em três anos, 90% dos equipamentos da TV Cultura foram trocados. “A partir das câmeras, é tudo digital”, conta do diretor de engenharia da emissora, José Chaves. “Iniciamos o processo de transição para o sistema digital em 2005 e o investimento total, incluindo aquisição de equipamentos, capacitação de pessoal, digitalização do acervo e reformas na planta para comportar toda essa tecnologia é de US$ 10 milhões de dólares, um número muito significativo, dado a realidade das emissoras públicas, quem não têm fins comerciais”, diz o diretor. A transmissão em alta definição pode ser assistida no canal 24 nos aparelhos de TV equipados com receptores digitais. No canal aberto, os telespectadores já podem assistir a alguns programas produzidos em HD, como o “Cocoricó” e o inédito “Direções”. A previsão é ter 100% da produção em alta definição até o final de 2009. O jornalismo em estúdio conta com sete câmeras, que serão trocadas por modelos LDK 4000 da Grass Valley, que contam com formato fixo

de produção HD, o que torna a câmera mais acessível que os modelos multiformato. A TV Cultura optou pelos modelos 1080i. Embora não seja possível trabalhar em dois formatos, há a possibilidade de trocar o formato da câmera para 720p, o que exige a compra de um “service pack”. Para aquisição externa, a emissora mantida pela Fundação Padre Anchieta já recebeu oito camcorders HDS-V10, da Ikegami. “Estas camcorders gravam diretamente em discos rígidos, que podem ser ligados a um ilha de edição através da porta USB”, explica Chaves. Isso torna a transferência do conteúdo para arquivo e para edição mais rápida, além de permitir que uma matéria seja editada no próprio disco onde foi gravada. Os cinco estúdios contam com oito LDK 6000, das Grass Valley. Nem só de aquisição de equipamentos é feita a mudança na estrutura do canal. O andar superior aos estúdios do jornalismo foi todos reformado para

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abrigar a nova estrutura. Sistema de edição, controle das câmeras, controle mestre, cenário virtual e finalização estão acomodados em diversas salas ao longo de um corredor no andar superior. A engenharia da emissora abriu uma janela na parede de cada uma das salas para o corredor. Assim, é possível acompanhar todo o trabalho que está sendo realizado nestas salas. As bancadas, que antes eram mesas padrão de escritório, foram desenhadas no departamento de engenharia e fabricadas na própria emissora. “Foram os nossos engenheiros que desenharam e nossos marceneiros, da cenografia, que fabricaram os móveis” conta com orgulho. O piso das salas, frio, para facilitar a limpeza, foi comprado em uma liquidação em uma loja de materiais de construção. Do corredor, é possível ver o recém-adquirido controle mestre (Pebble Beach), bem como o cenário virtual da Orad. Este último foi comprado com dez licenças de animação, que podem ser usadas em qualquer estação gráfica ligada à rede. Por enquanto sem uso, estas licenças serão importantes no futuro. “Queremos montar uma ‘fábrica de animação’”, diz Chaves. A fábrica será responsável por produções próprias e coproduções infantis para a TV Cultura e para o canal por assinatura da FPA, o TV Rá Tim Bum. “Queremos incentivar a indústria nacional, e por isso, compramos equipamentos da Floripa para um de nossos canais e da 4S para o outro”, conta Chaves. As fabricantes rivais catarinenses estão no mesmo


definição do conteúdo, que fica armazenada em um segundo servidor e pode ser acessada por toda a rede da emissora. Assim, é possível facilmente buscar conteúdos antigos para enriquecer as matérias e os programas da emissora. Vale lembrar, o acervo da TV Cultura é frequentemente usado em documentários e outras produções. Trata-se de um bem valioso para emissora, que pode ser usado para que a TV Cultura entre em coproduções com outras emissoras e produtoras independentes. A ideia é que parte desse conteúdo seja disponibilizado ainda em um portal para visualização online.

“Poderíamos ter optados por soluções turn key, mas gastaríamos mais e não teríamos tanta qualidade”

FOTO: Luciano Piva/Cedoc FPA

prédio, mas em salas separadas. A Floripa equipa o Univesp, canal educacional da TV Cultura que é transmitido como uma segunda programação no sinal digital da emissora. A 4S equipa o TV Rá Tim Bum. José Chaves conta que, por conta do orçamento limitado, precisa ser criativo na negociação com os fornecedores. As janelas para o corredor nas salas de edição e controle não foram feitas para monitorar o trabalho dos funcionários. “Queremos ter uma vitrine de soluções tecnológicas. Sempre que compramos equipamentos, nos colocamos à disposição para receber clientes potenciais desses equipamentos. Essas janelas ajudam a mostrar a infraestrutura que montamos”, diz o diretor de engenharia. Segundo ele, engenheiros de diversos canais já visitaram as instalações da emissora para ver determinado equipamento trabalhando. Uma unidade móvel também já está toda equipada com equipamentos em alta definição. São sete câmeras LDK 6000, também da Grass Valley. “Queremos usá-la para gravar concertos da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e programas como o ‘Bem Brasil’. Além de serem programas importantes na programação, podem gerar produtos em outras mídias, como DVDs”, conta. A terceira programação do sinal digital que a TV Cultura pode explorar, graças a uma autorização precária do Ministério das Comunicações que autoriza a FPA fazer multiprogramação em caráter experimental e científico, é a do canal Multicultura. Neste canal, até mesmo o conteúdo será experimental. Uma das experiências que a TV Cultura quer fazer é a transmissão de conteúdo 3D,

José Chaves, da TV Cultura

conforme adiantou TELA VIVA em abril. Segundo José Chaves, a TV Cultura e o Laboratório de Sistemas Integrados da USP (LSI/USP) devem fazer estudos em conjunto. O LSI, explica o engenheiro, já vem fazendo pesquisas de produção em 3D usando a tecnologia mais simples de captação e exibição, que é o uso de filtros/óculos azul e vermelho. “Vamos produzir um piloto de um programa experimental”, diz.

Ponta final Por fim, a TV Cultura teve que investir em sua transmissão. A torre, precisou de reforços para suportar a antena digital e os oito transmissores. Além dos dois transmissores da TV Cultura, um analógico e outro digital, irradiam da mesma torre a Rádio Cultura AM, a TV Brasil (com dois sinais, uma

Arquivo Além disso, todo o acervo armazenado em fitas de duas polegadas (quadruplex) está sendo remasterizado e digitalizado, com a finalidade de facilitar o acesso e reutilização do material. São 130 mil de horas de programação armazenadas desde a fundação da TV Cultura em

As salas de edição e controle têm janelas para o corredor, que permitem que visitantes de outras emissoras conheçam as soluções tecnológicas. 1967, além do acervo herdado da extinta TV Tupi. Em dois anos e meio de trabalho, a emissora conseguiu digitalizar 8 mil horas de conteúdo. “Quando assumimos, a TV Cultura já havia comprado um sistema que gravava em um formato proprietário, e em 25 Mbps. Trocamos tudo por sistema com gravação em padrão aberto, em fitas LTO (Linear Tape-Open), e com taxa variável entre 25 Mbps e 50 Mbps”, diz Chaves. O armazenamento é feito com solução do Media Portal. O conteúdo é digitalizado, passa por corretor de cores da Snell e é gravado em um servidor K2, da Grass Valley. Quando o servidor enche, o conteúdo vai para as fitas LTO. Todo o conteúdo digitalizado é categorizado e arquivado com metadados que facilitarão as buscas. Nesse processo, é gerada ainda uma versão em baixa

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analógico e outro digital), a TV Senado, a TV Câmara e a TV Justiça. Estas transmissões são importantes para a Fundação Padre Anchieta, porque representam receita para garantir sua operação. A TV Brasil, bem como as TVs Senado, Câmara e Justiça, pagam pelo uso da torre da TV Cultura, localizado no bairro do Sumaré, em São Paulo. José Chaves diz que buscou o que havia de melhor, mesmo que isso desse mais trabalho. “Integrar todas estas soluções de diferentes fabricantes foi um trabalho árduo. Poderíamos ter optado por soluções turn key, mas gastaríamos mais e não teríamos tanta qualidade”, finaliza, orgulhoso. Fernando Lauterjung

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( upgrade ) Super compacto

A

H.264 ágil

FOTOS: divulgação

For-A conta com um novo modelo de switcher em sua linha, o HVS-300HS HD/SD 1 M/E. Apresentado pela primeira vez na NAB 2009, em abril, o equipamento se destaca pelo seu tamanho compacto, ocupando apenas uma unidade de rack, ideal para uso em unidades móveis ou instalações de pequeno porte. O equipamento está disponível com um painel de operação tradicional ou com um painel de controle mini, além de software para controle por PC ou controles auxiliares. O modelo conta com quatro entradas e quatro saídas em sua versão padrão, mas pode ser expandido para 12 entradas e oito saídas. O HVS-300HS conta com um visualizador embutido capaz de dividir a tela em 16 imagens, dois canais de picture-in-picture, dois canais para imagens still, várias transições DVE 2D e 3D, e mecanismo para sincronização de frames e redimensionamento de imagens. Com um processador 10-bit , o equipamento suporta os formatos 1080i, 720p, NTSC e PAL.

HVS-300HS: quatro entradas e saídas em 1RU.

HDMI renovado

A

Matrox anunciou que os seus dispositivos de entradas e saídas para Mac da linha MXO2 (Matrox MXO2, Matrox MXO2 Rack e Matrox MXO2 Mini) agora incorporaram a tecnologia Matrox MAX, para criação de arquivos H.264 em alta definição mais rápido que em tempo real. A tecnologia usa um processador dedicado para acelerar a criação de H.264 para Blu-Ray, para a web e para dispositivos móveis. Graças ao hardware dedicado, o trabalho de conversão é mais rápido, liberando o equipamento para outras funções. A solução permite a criação de H.264 para Blu-Ray diretamente do Apple Compressor. A criação de arquivos pode ser para resoluções que vão de vídeos para iPod até alta definição a 50 Mbps, garantindo compatibilidade com o PS3, o Apple TV, YouTube, Flash, formatos da web e celulares. O equipamento é compatível com os computadores da Apple baseados em tecnologia Intel, incluindo o MacBook Pro, o Mac Pro e sistemas Apple Xserve. Segundo a fabricante, o produto já está disponível nos distribuidores da Matrox em todo o mundo, custando entre US$ 849 (FOB) a US$ 2,4 mil (FOB). Drivers para PC para o MXO2 Mini com a tecnologia MAX estarão disponíveis, gratuitamente, para usuários registrados a partir de julho.

MXO2: Chip dedicado para compressão de arquivos.

A

4x4 Matrix: múltiplas fontes

versão v1.3 das e múltiplos monitores. portas de vídeo HDMI começam a ter maior compatibilidade com os equipamentos disponíveis no mercado. A Gefen anunciou o lançamento de um novo switcher capaz de lidar com as portas HDMI v1.3, com compatibilidade com as versões anteriores das portas de vídeo digitais para alta definição. Trata-se do 4x4 Matrix for HDMI v1.3. O equipamentos distribui qualquer de uma das suas quatro entradas em alta definição para qualquer uma das quatro saídas. Suporta alta definição até o formato full HD (1080p), além de áudio digital multicanal, incluindo recursos como lip sync, DTS-HD Master Audio e Dolby TrueHD, que é roteado juntamente com o vídeo. Ideal para juntar múltiplas fontes de vídeo com múltiplos monitores, em ambientes residenciais ou profissionais, o equipamento conta com controle remoto infravermelho, ou através da porta RS-232. A instalação é simples, bastando ligar as quatro fontes de vídeo e os quatro monitores. A alimentação é por uma fonte 24 V.

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Fernando Lauterjung

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( agenda ) JUNHO

10 a 19 Toronto International Film Festival, Toronto, Canadá.

21 a 27 Cannes Lions, Palais de

Tel: (1-416) 967-7371 E-mail: tiffg@tiffg.ca Web: www.tiff09.ca

Festivals, Cannes, França Tel: (44-20) 7239-3400 Web: www.canneslions.com

23 a 26 Sunny Side of the Doc, La

11 a 13 de agosto ABTA 2009, Transamérica Expo Center,

Rochelle, França. Tel.: (33-1) 7735-5300 E-mail: contact@sunnysideofthedoc.com Web: www.sunnysideofthedoc.com

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26 a 12/7 8ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Florianópolis, SC Tel.: (48) 3235-5996. E-mail: produção@mostradecinemainfantil.com.br Web: www.mostradecinemainfantil.com.br

JULHO 1 a 31 20º Marseille International Documentary Festival, Marseille, França. Tel.: (33-04) 9504-4490 Web: www.fidmarseille.org

6 a 11 Curta-se: Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe, Acaraju, SE. Tel.: (79) 3246-6265 E-mail: operacional@curtase.org.br Web: www.curtase.org.br

9 a 16 2º Festival Paulínia de Cinema, Paulínia, SP.

20 a 28 Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo,

16 a 18 Discop Africa - Content Business in Africa, Nairobi Tel: (33-1) 4229-3224 Web: www.discop.com

24 a 8/10 Festival do Rio 2009, Rio de Janeiro, RJ. E-mail: mostrageracao@festivaldorio.com.br Web: www.festivaldoriobr.com.br

OUTUBRO 1 e 2 9º Congresso LatinoAmericano de Satélites,

São Paulo, SP Tel.: (11) 3034-5538 Fax: 3815-9474 E-mail: spshort@kinoforum.org Web: www.kinoforum.org

Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (11) 3138-4660 E-mail: info@convergecom.com.br Web: www.convergecom.com.br

26 a 28 18º Broadcast & Cable, Centro de Exposições Imigrantes, São Paulo, SP Tel.: (21) 3974-2000 Web: www.set.com.br e www.broadcastcable.com.br

1 a 9 XXV Festival de Cine de Bogotá, Santa Fé de Bogotá, ColômbiaTel: (571) 341-7562 E-mail: info@bogocine.com Web: www.bogocine.com

26 a 30 4º Festival de Meio Ambiente de Guararema, Guararema, SP

3 e 4 Mipcom Junior, Palais des

Tel.: (11) 3024-4495 E-mail: festguararema@raizprod.com.br Web: www.festguararema.com.br

Festivals, Cannes, França Tel.: (33-1) 4190-4580 E-mail: info.mipcom@reedmidem.com Web: www.mipcomjunior.com

27 a 7/09 Montreal World Film Festival,

5 a 9 Mipcom, Palais des Festivals,

Montreal, Canadá Tel: (1-514) 848-3883 E-mail: info@ffm-montreal.org Web: www.ffm-montreal.org/fr_index.html

Cannes, França Tel.: (33-1) 4190-4580 E-mail: info.mipcom@reedmidem.com Web: www.mipcom.com

SETEMBRO

5 a 11 4º Festival do Paraná de Cinema Ibero-Americano, Curitiba, PR.

3 a 9 8º Festival Internacional de Cine Nueva Mirada para la Infancia y la Juventud, Buenos Aires, Argentina

Tel.: (41) 3551-1431 E-mail: festcinepr@cinetvpr.gov.br Web: www.festivaldecinema.pr.gov.br

Fortaleza, Ceará. Tel.: (85) 3264-3877 Web: www.cineceara.com.br

Tel.: (54 11) 4382-8049 E-mail: programacion@nuevamirada.com Web: www.nuevamirada.com

6 a 8 Maximídia 2009, São Paulo, SP. Tel:

AGOSTO

9 a 11 Fórum Mobile + Mobilidade + Negócios, Centro de Convenções Frei Caneca,

Tel.: (19) 3874-5700. Web: www.pauliniamagiadocinema.com.br

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22 a 28 16° Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, Cuiabá, Mato Grosso. Tel.: (65) 3621-5331 Web: www.cinemaevideocuiaba.org

28 a 4/8 19º Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema,

9 a 15 37º Festival de Cinema de Gramado, Gramado, RS. E-mail: festival@festivaldegramado.net Web: www.festivaldegramado.net

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