Mahalo Press #3

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Mahalo Press | Ano 1 | #3 | Distribuição gratuita

Mahalo Pro Challenge Fique por dentro de tudo que rolou na etapa mais badalada do nordestino de surf profissional

Megarampa Bob Burnquist supera todos os limites em Sampa e é tricampeão da competição mais radical no Brasil

Maracaípe Viaje com a gente até o litoral pernambucano e conheça um dos lugares que mais respiram surf no Brasil

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Foto: Zecops Foto: Luiz Doro / Divulgação

Paraíso nordestino

Desta vez fomos a Maracaípe para curtir a beleza primitiva e as ondas do litoral pernambucano

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Fala do editor

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Conceito Mahalo

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De olho na série

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Brasil Surf Pro

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Dica do top

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Alex Cardoso

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No trilho

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Você tem fome de quê?

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Meio ambiente

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Perfil Durval Lelys

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Musa Mahalo

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Petrolândia Adventure

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Só sei que foi assim

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Fala do mestre

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Saúde - Lesões na coluna lombar

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Sons, filmes e afins

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Interface

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Megarampa

As emoções, o show de Bob Burnquist e os bastidores do evento gigantesco que agitou Sampa em julho

Foto: Fabriciano Júnior

34 Mahalo Pro Challenge

Messias Félix vence a competição mais badalada e disputada do circuito nordestino de surf profissional

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Bruno Galini corre pra dentro das ondas de Maraca (Foto: Fabriciano Júnior)

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Foto: Arquivo pessoal

Viva o povo brasileiro!

Yordan Bosco yordanbosco@mahalo.com.br

Se fosse possível dar um tema a esta edição, escreveríamos em letras garrafais ´diversidade cultural´. Para produzi-la, fomos a uma paradisíaca praia do litoral nordestino, onde o ritmo das marés se confunde com a mansidão e o carisma de uma gente boa, que respira surf. Depois, desembarcarmos na rotina frenética de uma das principais metrópoles do planeta, para conferir o evento mais radical e badalado do calendário esportivo brasileiro. Por fim, seguimos para o sertão de Pernambuco e acompanhamos uma competição esportiva inusitada, nas águas do Rio São Francisco. A convivência no ambiente esportivo, sobretudo no meio do surf, nos ensina a respeitar e a curtir cada vez mais as diferenças entre os povos. Nas viagens, conhecemos novas pessoas, novas praias, novos hábitos, novos sotaques e novos costumes. E é com este espírito de descoberta de diferentes ´Brasis´ que apresentamos para você esse caldeirão cultural que é a edição de número três da Mahalo Press. Na Baía de Maracaípe, no litoral sul pernambucano, amarramos nosso burro em uma sombra para assistir a abertura do Brasil Surf Pro e a sexta etapa do circuito nordestino profissional, o Mahalo Pro Challenge. E, já que estávamos lá, fizemos o sacrifício de ficar mais uns dias para trazer um verdadeiro dossiê sobre o lugar. Conversamos com pessoas, pesquisamos um pouco da história, fizemos programas de turistas e surfamos com nossos atletas profissionais, Bino Lopes, Ulisses Meira e Bruno Galini, e com mais uma tropa de surfistas que ficaram por lá entre uma prova e outra. Já em São Paulo, no Sambódromo do Anhembi, rolou a quarta edição do Nescau Megarampa. Com um público de mais de 20 mil pessoas, em dois dias de disputas, o evento teve como principal estrela o brasileiro Bob Burnquist. Ele radicalizou e arriscou manobras impossíveis para levar o caneco pela terceira vez. Como não somos bobos, demos um rolé pelos bastidores do evento de proporções gigantescas para ver o que estava rolando de novidade. Quer conferir? Então vá na página 34.

A revista MAHALO PRESS é uma publicação bimensal do grupo Mahalo, Wave Beach, Edye RADICAL CO. e Asa Classic WEAR e tem tiragem de 30 mil exemplares. A revista é produzida pelo Departamento de Comunicação das empresas.

Fabinho Gouveia, que não é besta, levou a sua Mahalo Press para Pasti, na Indonésia

No mar do Velho Chico E por acaso você já imaginou o legendário surfista Picuruta Salazar e o campeão mundial de longbord de 2007 Phil Rajzman em uma competição em Petrolândia, no sertão de Pernambuco? É isso mesmo. Não estamos delirando. O santista e o carioca se juntaram a mais 200 atletas, entre surfistas, pilotos de jet-ski e jogadores de vôlei de praia, para participar do Petrolândia Adventure, apresentado pela MAHALO. Os surfistas competiram no stand up paddle race, modalidade de travessia em pranchões, com remos. O evento aconteceu em uma grande estrutura, montada em uma prainha na margem do Velho Chico. A interação do povo sertanejo com a cultura da praia foi algo sensacional de se ver. O sertão virou mar. Nesta edição, trazemos ainda uma matéria sobre um problema de saúde que atinge mais de 5 milhões de brasileiros e apavora a galera com mais de 30 anos de idade que pega onda: lesões na coluna lombar. Falamos com atletas que tiveram dolorosas experiências e com outros que convivem sem problemas com hérnias de disco, consultamos especialistas e apresentamos causas e consequências da patologia, além dos cuidados e dos tratamentos que devem ser aplicados. Confira também um papo divertido com o cantor Durval Lelys, no qual ele revela seu lado surf, fala sobre a parceria com o Grupo MAHALO na marca ASA CLASSIC WEAR e conversa sobre outros assuntos. Tem ainda uma entrevista com o skatista Alex Cardoso e as opiniões dos nossos colunistas sobre sons, filmes, gastronomia, viagens, moda, surf e muito mais. Mahalo!

Edição e produção: Yordan Bosco (DRT–BA 2992); Projeto gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Alexandre Karr; Revisão: Socorro Araújo; Assessoria comercial: Fabiano Gonçalves; Colunistas: Fábio Tihara, Juliano Bório, Lucius Gaudenzi, Luiz Augusto Pinheiro, Marcos Pellegrino e Tony Almeida; Colaboraram nesta edição: (textos) Fábio Gouveia e Teco Padaratz; (fotos) Adriele Santos, Aleko Stergiou, Clemente Coutinho, Diego Freire, Fábio Minduim, Fabriciano Júnior, Gabriela Padaratz, Lucios Gaudenzi, Luiz Doro e Zecops; Ilustração: Rafael Brasileiro; Impressão: Vox Editora.

Os textos assinados reproduzem as opiniões dos seus autores e não necessariamente do veículo e do grupo. Contatos por e-mail: comunicação@mahalo.com.br redacaomahalo@mahalo.com.br Telefone: (71) 3443-1546. Correspondências: Avenida Tancredo Neves, nº 2915 - Loja 75 - Salvador Shopping, Caminho das Árvores Salvador – BA - CEP 40 820 021



Foto: Diego Freire

“A molecada conta com estampas alucinantes, com ilustrações do meio ambiente, manobras de surf, imagens de lugares irados e artes de conscientização para os valores de preservação do meio ambiente”

Estilo e conforto para a garotada A coleção Inverno 2011 Juvenil da MAHALO traz todos os valores, conceito e qualidade dos produtos feitos para os adultos A MAHALO Juvenil carrega em sua essência o DNA das coleções masculinas da marca. No processo de produção e desenvolvimento existem todos os valores e fundamentos para a criação dos melhores produtos na linha surfwear. As peças trazem uma série de benefícios para os nossos jovens clientes, a exemplo de conforto, durabilidade e estilo, atendendo as necessidades e desejos dessa galera esperta, saudável e muito exigente. O tema The Clouds, the sand, the sea, and my friends teve como inspiração o valor da amizade e dos bons momentos que passamos nesta estação fria. A molecada conta com estampas alucinantes, com ilustrações do meio ambiente, manobras de surf, ima-

gens de lugares irados e artes de conscientização para os valores de preservação do meio ambiente, saúde e qualidade de vida. A coleção valoriza ainda o bem-estar, o equilíbrio e a integração entre as pessoas, sem distinção de raça, idade ou aparência. Esses são sentimentos que a MAHALO expressa nos seus 29 anos de existência. Bermudas de água com tecnologia para usar em esportes aquáticos, camisetas criativas, regatas, bermudas walks, bonés irados e moletons com diversas estampas. Uma coleção para a galera sacar o que rola na moda surfwear e ficar ligada no que acontece nas ruas e no mundo do surf. Além de tudo isso, as roupas vestem superbem, com muito estilo, descontração e alegria.



Devido à falta de ondas, 16 surfistas tiveram que dividir a premiação da prova

Foto: Fábio Minduim / Divulgação BSP

Galini segue na vice-liderança do BSP

Vendedor de loja MAHALO lidera campanha da Oakley

Foto: Yordan Bosco

Com 131 pontos, João Lucas, vendedor da MAHALO do Salvador Shopping, na capital baiana, é o líder nacional da campanha Omatter, site destinado à venda da marca Oakley, que disponibiliza ferramentas e informações sobre os produtos. Quem acumular mais pontos com os questionários sobre a marca e métodos de divulgação dos produtos Oakley ganha prêmios. A premiação para o líder regional é um par de óculos Oakley e os sete primeiros no ranking nacional receberão Ipods. Os colocados da 8ª, 9ª e 10ª posição nacional também receberão óculos Oakley. “Eu, praticamente, já possuo os óculos em minhas mãos”, afirma Lucas, confiante. Agora é aguardar o Ipod!

João Lucas está perto de ganhar óculos Oakley e concorre a um Ipodi

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Com o cancelamento das oitavas de final da segunda etapa do Brasil Surf Pro (BSP), por falta de onda em Búzios (RJ), o baiano Bruno Galini continua na segunda colocação do ranking nacional. A premiação da prova, encerrada no dia 17 de julho, foi dividida entre os 16 surfistas que estavam escalados para disputar o round. Com os 500 pontos conquistados, Galini, de 24 anos, passou a somar 1.360 pontos. O catarinense Tomas Hermes continua na liderança. “Melhor seria disputar para tentar tomar a liderança. Mas, como fui bem na primeira etapa (segundo colocado no litoral pernambucano), a disputa segue para a prova seguinte”, declarou o surfista. A próxima competição do BSP acontece em Ubatuba, no litoral paulista, em setembro.

Ranking brasileiro masculino, após duas etapas: 1) Thomas Hermes (SC) - 1.500 pontos 2) Bruno Galini (BA) - 1.360 3) Alan Jones (RN) -1.130 3) Jano Belo (PB) - 1.130 5) Marcio Farney (CE) - 1.110 6) Krystian Kymmerson (ES) - 1.010 6) Simão Romão (RJ) - 1.010

Andréa Lopes emociona em premiação da Abrasp Durante a segunda etapa do Brasil Surf Pro, em Búzios, litoral fluminense, a Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp) entregou os prêmios aos melhores surfistas da temporada 2010. Com a presença de quase todos os tops do surf nacional, a festa foi emocionante, principalmente pelo discurso de Andrea Lopes, que abandonou as competições em 2010, mas foi participar da etapa e acabou ovacionada pela galera. “Vim correr a etapa especialmente para receber este prêmio. Depois de tanto tempo, estou abandonando as competições, mas não o surf, esporte que me deu tudo e que amo. Quero agradecer a todos que estiveram comigo nesta caminhada, especialmente às meninas”, discursou Andrea Lopes.


Foto: Fabriciano Júnior

Ulisses Meira chegou à semi na abertura da Seletiva Petrobras, no Guarujá

Ulisses e Bino chegam juntos em regionais

Foto: Yordan Bosco

Ulisses Meira e Bino Lopes chegaram às semifinais na abertura da Seletiva Petrobras e na terceira etapa do Catarinense Pro, respectivamente. Ulisses foi ao Guarujá, no litoral paulista, e deu muito gás até chegar à semi do evento, finalizado no dia 25 de junho. Já Bino Lopes só não chegou à decisão da terceira prova do Oakley Santa Catarina Surf Pro 2011, encerrado em 10 de julho, em São Francisco do Sul, porque não achou uma ondinha para virar o placar em cima de Jean da Silva, que terminou vencendo a competição.

Loja MAHALO reforça estoque de pranchas Tokoro O estoque das pranchas havaianas Tokoro na loja MAHALO do Salvador Shopping está renovado com mais 20 foguetes, que chegaram em meados de julho. Com tamanhos entre 5’10’’ a 6’4’’ polegadas, as pranchas são de diversos modelos, com ou sem pintura, em cores variadas. Para conferir, basta ir à loja, localizada no primeiro piso do shopping. Uma particularidade das pranchas Tokoro é que suas medidas são arquivadas na sede da Ilha de Oahu, arquipélago havaiano, para que a customização de cada uma delas seja melhor desenvolvida e se crie uma relação entre o shaper e o surfista.

Qix premia vendedor da Wave Beach

Rafael Miranda vai visitar Gramado, no Rio Grande do Sul

O vencedor da campanha de incentivo às vendas dos tênis Quix nas 24 lojas da Rede MAHALO foi Rafael Miranda, 21 anos. Ele ganhou uma viagem para Gramado, na Serra Gaúcha, a 171 quilômetros de Porto Alegre. Funcionário da loja Wave Beach do Shopping Iguatemi, de Salvador, há um ano e dois meses, Miranda atualmente está como subgerente do estabelecimento, que fica no segundo piso do shopping. Ele ainda não pôde desfrutar de sua viagem, pois “não podia perder o mês de julho, que é forte em vendas na loja”, conta Rafael.

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Fotos: Zecops

Galini teve de extrapolar os seus limites para passar por adversários qualificados na Praia do Cupe

Galini é finalista no Brasil Surf Pro Ilheense começa bem a corrida pelo título brasileiro de 2011 ao ficar em segundo lugar na prova de abertura, em Pernambuco. A etapa foi vencida pelo catarinense Tomas Hermes Após passar por quatro adversários durante três dias de prova, o surfista baiano Bruno Galini, de 24 anos, chegou à decisão da etapa de abertura do Brasil Surf Pro com o catarinense Tomas Hermes, mas não conseguiu superar o inspirado adversário. Em uma apresentação espetacular, Hermes fez, nas suas duas melhores somatórias, 8,17 e 9,17 pontos. O placar final da bateria ficou 17,34 x 13,16 para o catarinense. A grande decisão aconteceu no dia 12 de junho, na Praia do Cupe, em Pernambuco, e contou com ondas de cerca de um metro e mar muito mexido por causa do forte vento. Mesmo com uma nota 8,83 a seu favor, Galini ficou dependendo de outra acima dos 8 pontos. Mas a onda que poderia lhe garantir o título da prova, a liderança do ranking e um cheque de R$ 25 mil acabou não vindo. Os dois atletas, que derrotaram o paraibano Jano Belo e o potiguar Alan Jones nas semifinais, respectivamente, largam na frente na briga pelo título brasileiro de 2011. Um fato curioso é que Tomas venceu a última etapa do Brasil Surf Pro do ano passado, no Rio de Janeiro, e Galini foi o campeão da penúltima prova, realizada em Santa Catarina.

Galini, no pódio, ao lado do campeão Tomas Hermes (ao centro) e dos semifinalistas

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Batalha no Cupe “A disputa foi boa e muito difícil. Thomas abriu bem a bateria com uma onda extensa e muito bem trabalhada. Fiquei esperando uma onda boa para a virada, mas, infelizmente, não veio. Thomas está de parabéns pela vitória”, explica Bruno Galini, que desde o início da competição vinha afirmando que seu maior foco neste ano é o título brasileiro. Para chegar à decisão, o baiano estreou na terceira fase derrotando o conterrâneo Marco Fernandez. Em seguida, ele passou pelo cearense Messias Félix (nas oitavas de final), pelo carioca Simão Romão (nas quartas), pelo cearense Alan Jones (na semi) e finalmente foi barrado por Hermes na grande decisão.





Aqui, Bino surfa Teahupoo, uma das ondas mais espetaculares e perigosas do mundo, aconselhável para surfistas com nível técnico elevado

Siga a dica de Bino Lopes e vá ao Tahiti Localizado na Polinésia Francesa, o Tahiti é a verdadeira imagem do paraíso. Águas cristalinas, natureza exuberante e ondas grandes e perfeitas, o país é um arquipélago formado por 118 ilhas e atóis

O Tahiti tem cinco arquipélagos (quatro vulcânicos e um coral), que formam uma mistura harmoniosa de picos elevados e baixos recifes. No total, são 4.167 quilômetros quadrados de tamanho, com 2.525 quilômetros de costa

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Está localizado a uns três quilômetros de Teahupoo e a diária custa de US$ 30 a US$ 50”, indica Lopes. “Se você tem um nível de surf elevado e está a fim de pegar tubo de verdade, a onda certa é Teahupoo. Mas, se quer fazer um surf mais tranquilo, tem outras opções. Small Pass, Vairao e Especial Left são algumas delas. Tem também a opção de ir pra outras ilhas, como Morea e Bora Bora, que possuem vários atrativos e ondas boas também”, dá a pista. Fotos: Aleko Stergiou

A dica de viagem desta edição é do surfista profissional baiano Bino Lopes. Ele foi longe e nos leva ao Tahiti. Lugar de beleza natural incomparável e ondas fantásticas, o Tahiti é o grande sonho de viagem dos surfistas e das pessoas que sonham em um dia estar num paraíso de verdade. “O Tahiti é um lugar lindo, que possui fauna e flora muito diversificada e pessoas simpáticas e acolhedoras”, explica o surfista profissional. “A capital é Papeete e os idiomas que predominam no país são o francês e o taitiano. Mas muita gente fala inglês também. Para se hospedar, eu aconselho o mais próximo de Teahupoo, que é a onda mais cobiçada, famosa e temida pelos surfistas do mundo todo”, explica. “O hotel Marama é onde a maioria dos brasileiros fica.



Nas graças de uma Maria Parafina Por Juliano Bório

Olhando a marca da camiseta, ela o pergunta: - Você é surfista profissional? - Sou. Por quê? - Porque essa vala aqui é todinha sua. E assim acabaram no quarto dele, numa casa que respirava surf, com quadros e troféus espalhados de forma não muito organizada. Mais um que se deixara seduzir pelos encantos de Darlene, a famosa Maria Parafina. Darlene só pegava surfista profissional. Primeiro o currículo e depois o resto. Com ela, não tinha conversa. Uma rasgada chutando a rabeta, um cutback com a mão na borda, uma batida na cara da onda, ou um tubo seco de tirar o chapéu. Era isso que lhe dava tesão. E bota tesão. Darlene atacava. A festa do campeonato aproximava-se e, como sempre, duas sessões de pump todos os dias e muita ginástica no corpo todo para estar com tudo em cima. Linda, impecável. Era mesmo uma cobra peçonhenta. Seu veneno era cruel e matador. No dia da festa, escolheu um vestido vermelho, com detalhes em preto; acompanhado de um sapato bico fino e um batom lilás. Os cabelos cacheados combinavam, a cintura fina atraía, e os seios fartos, com 300 ml de silicone cada, eram o golpe fatal. A primeira impressão é de uma mulher vulgar. Mas não. Nela tudo ficava apetitoso, tudo tinha charme. O cigarro sempre na mão, acompanhado de uma dose de Martini, complementava sua beleza. Era mais fácil você resistir a um mar clássico tubular com 6 pés. Foi sozinha. Sempre ia sozinha. Ao chegar, parou o salão como sempre. Todos a olhavam de cima a baixo. Muitos conheciam sua fama de Maria Parafina, mas a maioria, por vir de vários lugares, nem sabia de quem se tratava. Azar deles. Ou sorte. Depende do ponto de vista. Darlene escolheu seu alvo. Tinha faro para surfistas profissionais. Logo de cara, caiu dentro. - Olá, você é surfista? - Sou – respondeu ele inocentemente.

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- E profissional? Ele sorriu. Estava completamente bêbado. - Sim, profissional. - E você, é surfista? - Não. Mas se você me ensinar posso ser sua surfista particular. Ele contou milhares de histórias. De suas conquistas, de suas trips para a Indonésia, da vitória em Bells Beach, do patrocinador e dos seus colegas de trabalho, que Darlene nunca ouvira falar. E, assim, acabaram no seu quarto. Só que lá não se respirava surf, nem tinha troféus, nem quadros, nem nada. No máximo, uma prancha velha, fora de uso. Mais uma que se deixara seduzir pelos encantos e mentiras de Katu. Darlene, pela primeira vez na vida, havia sido rabeada, literalmente. Juliano Bório é gaúcho, publicitário, mora na Austrália e está preparando um livro de contos

Ilustração: Rafael Brasileiro



Maracaípe, que em tupiguarani significa rio que canta, foi descoberta pelos surfistas no final dos anos 70

Em busca do sol, do som e do surf pernambucano Por Yordan Bosco

Foto: Zecops

Influenciada pelo som dos maracatus e do frevo, a equipe da Mahalo Press partiu para o litoral sul pernambucano, junto com os atletas Bino Lopes, Bruno Galini e Ulisses Meira. Em mais de dez dias, acompanhamos a etapa de abertura do Brasil Surf Pro e o Mahalo Pro Challenge, surfamos e conhecemos um pouco mais da beleza encantadora e da cultura de Maracaípe. Um dos mais importantes palcos de competição de surf do país, o local ainda é bastante tranquilo, tem as ondas mais consistentes e fortes da região e possui uma rica diversidade ambiental

Foto: Fabriciano Júnior

Lá vai ‘nóis’ na estrada de novo. Dessa vez, a equipe de surfistas profissionais da MAHALO se deslocou para Maracaípe, que fica colada com a famosa Porto de Galinhas, no litoral sul pernambucano. Pertencente ao município

‘Local’ de Maracaípe, Joabson Santos curte um início de manhã no pedação de paraíso

de Ipojuca, ,Maracaípe é completamente o oposto da badalada Porto, situada a apenas quatro quilômetros de distância. Em vez da correria de turistas, da grande quantidade de bares e restaurantes e do comércio pulsante, Maraca é sossego total. Sem barulho, pouquíssimas pessoas circulando e praias de beleza primitiva, o lugar é também máquina de ondas. Em meados de junho, no intervalo entre a abertura do Brasil Surf Pro, que rolou na Praia do Cupe, em Porto de Galinhas, e do Mahalo Pro Challenge, realizado em Maracaípe, nossos heróis Bino Lopes, Bruno Galini e Ulisses Meira se misturaram a um batalhão de surfistas profissionais nordestinos e aos surfistas locais, que não são poucos, para ‘pancar’ as ondas fortes e consistentes do local. “Todo surfista profissional brasileiro conhece as ondas de Maracaípe muito bem. Desde quando comecei a competir, com 12 anos, que aqui é sede de uma série de eventos, locais regionais e nacionais”, explica Bruno Galini. De acordo com o produtor de eventos e presidente da Associação Nordestina de Surf (ANS) e da Associação


O pernambucano Teles curte a energia dos tubos de Maracaípe

Na sequência, Bino Lopes experimenta a força das esquerdas

Fotos: Fabriciano Júnior

Foto: Fabriciano Júnior

Brasileira de Longboard (ABL), Geraldo Cavalcanti, já foram realizados mais de 200 eventos na localidade, desde os anos 80. “Aconteceram campeonatos de todas as categorias e todos os níveis. Etapas do Mundial World Qualyfing Series (WQS), mundial amador e de longboard, pan-americano, brasileiros profissional e amador, e por aí vai. Só não realizamos aqui provas do World Title (WT)”, explica Cavalcanti. O nome do vilarejo foi dado por uma tribo tupi-guarani que habitava o local. Segundo moradores, o significado da palavra Maracaípe vem de algo parecido com rio que canta. Uns dizem que quando o vento soprava sobre as raízes das árvores na beira do mangue produzia um som diferente, parecido com assobio. Outros dizem que os integrantes da tribo faziam maracas, instrumento de percussão, com a madeira do ipê, e daí veio a origem do nome. Bom, de uma coisa ninguém duvida: Maracaípe ganhou fama através do surf. O local foi descoberto ainda nos anos 70 por surfistas pernambucanos aventureiros. Eles fugiam da mesmice nas praias de Recife, que fica a cerca de 75 quilômetros, em busca de ondas melhores, liberdade e um contato mais íntimo com a natureza. Essa migração se fortaleceu com o

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Foto: Zecops

Foto: Arquivo pessoal

Fotos: Fabriciano Júnior

O acesso ao Pontal de Maracaípe é pela trilha estreita, de frente para o mar

Júnior Lagosta faz pare de uma legião de talentos de Maracaípe. O moleque voa como poucos

Eduardo ´Rato´ Fernandes é um dos pioneiros do kite no local, um dos melhores picos do país para a modalidade

O baiano Franklin Serpa testa pista de pouso de Maracaípe

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tempo e nos anos 90 se consolidou com a chegada de grandes eventos e devido aos ataques de tubarão nas praias da capital e da região metropolitana. Através desse movimento, muita gente fixou residência. Só pra citar alguns exemplos, o próprio Geraldinho se divide entre Recife e Maraca. A família Batista, chefiada por Luiz Carlos Nascimento, o Salsicha, pai dos surfistas Halley e Atalanta, está em Maracaípe há mais de 20 anos. Tem também a família Aguiar, da matriarca Celina, proprietária da Pousada Maracaípe, e o ex-surfista profissional e empresário Eduardo ‘Rato’Fernandes, que, entre outros negócios, toca a Pousada Brisas, no Pontal de Maraca. Isso sem falar em uma legião de surfistas locais que apavoram em competições profissionais de todo o país. Se criaram por lá Bernardo Miranda Pigmeu, Halley Batista, Júnior Lagosta, Luel Felipe, Alan Donato, César Molusco Aguiar, Maurício Bandeira, entre outros. Por isso que durante as competições há um envolvimento muito grande dos moradores, que organizam torcidas. Maraca fica parecendo com o Arrudão lotado, em clássico entre o Santa e o Sport. Brincadeia, não chega a tanto. Sempre à frente da torcida está Luiz Carlos Salsicha, 53 anos. Ele saiu de Olinda com a mulher, Nilma, e cria nada menos que seis filhos. Da sua cria, cinco surfam e entre eles dois são campeões: o renomado profissional Halley e a campeã brasileira de longboard Atalanta. Com 30 anos de surf, Salsicha explica que foi morar em Maraca em busca de uma vida melhor para sua família. Vale lembrar que a torcida que ele lidera nos campeonatos não é só para os filhos, mas para todos os surfistas locais. Pioneiros Com certeza, quem abriu a porta para a talentosa garotada de Maraca foi o trio Galo, Nen Batatinha e Fernando Balaco. Influenciados pela galera de Recife, eles começaram a pegar onda nos anos 80. Hoje Galo é pescador, Balaco é comerciante e Nen é comerciante e vereador. Parte da história deles e do surf de Maraca é contada através de imagens e pranchas que ficam no Museu do Surf, localizado próximo ao palanque fixo.



Foto: Zecops

Foto: Yordan Bosco

Rio Maracaípe

Ulisses Meira

Morada tranquila “Frequento Maracaípe há mais de 25 anos e construí a pousada há 22. Vinha trazer os meninos pra surfar desde quando eles eram criança. Acampávamos e depois comprei um terreno”, explica Celina Aguiar, mãe dos surfistas Olavo, Rafael e Gustavo, que era uma das maiores promessas do surf brasileiro, mas faleceu no final dos anos 90, aos 19 anos de idade, em acidente de moto. ”Lembro que no início acampávamos no coqueiral. Era tudo tranquilo por aqui e os meninos adoravam.Eles traziam muitos amigos. De-

pois comprei um terreno e fizemos nossa casa com um vão só”, lembra Celina Aguair. A empresária destaca que todo final de semana era uma grande farra para a meninada. “Chegamos a receber 25 pessos, todas surfistas, que se amontoavam no espaço”, explica. Desde quando foi fundada, a Pousada Maracaípe sempre foi a base de apoio para os eventos de surf. Lá se hospedaram grandes estrelas brasileiras e internacionais do esporte.Uma das primeiras pousadas do local, o esetabelecimento abrigou muitas pessoas que vieram pela primeira vez a Maracaípe. “Foram mochileiros, estrangeiros e muitos surfistas no começo das nossas atividades”, conta. Hoje, devido à fama internacional, Maracaípe recebe também muitas famílias que procuram trocar a badalação de Porto de Galinhas pela paz de Maracaípe. O ex-surfista profissional Eduardo Fernandes era um dos amigos dos filhos de Celina Aguiar que frequentavam a casa dela. “Frequento Maracaípe desde

Nossa equipe ficou na Pousada Brisas e na Maraca Beach. São duas pousadas de surfistas. A Maraca Beach é comandada por Nino, um cara gente finíssima e com surf nas veias. Figura zen, Nino tem uma verdadeira paixão pela cultura peruana, o que pode, de cara, ser observado na belíssima decoração da pousada. Ele viaja pra curtir as longas e geladas ondas peruanas com muita frequência. Confortável e com um serviço de primeira qualidade, a Maraca Beach fica na cara do gol, bem próxima ao palanque fixo, onde quebram as ondas mais consistentes e fortes de Maracaípe. Com 12 apartamentos completos, a pousada oferece atendimento personalizado e conforto total, num lugar em que a terra e o mar fazem a melhor combinação da natureza. Os apartamentos têm vista para o mar, cama box, televisão tela plana 21’, ar-condicionado Split, estacionamento privativo e internet sem fio. Foto: Zecops

Parte da história do surf de Maraca pode ser conhecida no Museu do Surf

Foto: Zecops

Maraca Beach fica na ‘cara do gol’

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Conforto e esportes náuticos na pousada Brisas

O artista local Buiu

Fotos: Zecops

As ondas Do limite com Porto (ao norte) ao Pontal de Maracaípe, onde o rio de mesmo nome desemboca no mar e faz uma prainha muito gostosa, são cerca de três quilômetros. Nesse percurso tem praias com ondas fortes e consistentes para o surf, barracas e poucos restaurantes à beira-mar. O vilarejo tem cerca de 10 pousadas apenas. O acesso do centro de Maraca até o Pontal é bem bacana. Uma trilhazinha à beira-mar por onde passam muitos bugres que levam turistas de Porto ao Pontal. Além dos surfistas, a turma do kitesurf marca presença constantemente, pois os ventos e as ondas fazem do local um dos melhores picos para a prática do esporte no país. Entre o Brasil Surf Pro e o Mahalo Pro Challenge, nossos surfistas e os fotógrafos e videomakers Fabriciano Júnior e Zecops passaram mais de 10 dias em Maraca. Certo que choveu muito durante a semana de intervalo entre as

Foto: Zecops

os 11 anos e sempre curti muito o lugar. Em 2000, comecei a trabalhar com o kite e acabei me instalando no Pontal. Aí passei de guarda-sol para tenda, depois para barraca e agora para pousada, restaurante e guarderia”, explica o empresário, que tem uma das pousadas mais sofisticadas do local (Pousada Brisas). “Além disso, agora com a loja de pranchas (Board Club), estou tentando ajudar os atletas locais a se desenvolverem profissionalmente”, complementa.

Localizada no Pontal de Maracaípe, a pousada Brisas é uma hospedaria completa para quem quer descanso, esporte, integração com a natureza e conforto. São quatro chalés de dois quartos, dez apartamentos com varanda e rede e uma área enorme com parque infantil, piscina e lounge. A pousada dispõe também de um centro náutico, o Board Club. Além de equipamentos para prática do surf, windsurf, stand up paddle e kitesurf, o centro conta com instrutores para todas as modalidades. A pousada conta ainda com um restaurante de primeiríssima. Apontado como um dos melhores e mais sofisticados da região, tem no menu desde pratos típicos da região a comida de alta gastronomia. E o mais interessante é que fica exatamante na cara do mar. À noite você pode jantar e ao mesmo tempo contemplar um céu estrelado e ouvir o barulho do mar. “Estamos localizados em um dos mais belos pontos do litoral brasileiro e procuramos oferecer conforto e atendimento de alto padrão, com um estilo rústico e charmoso que o lugar pede”, explica o proprietário da pousada, Eduardo Fernandes.

Foto: Clemente Coutinho / Divulgação

Foto: Zecops

Galini competindo no Cupe, em Porto de Galinhas

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Halley Batista é um dos nomes mais fortes do surf local

Fotos: Zecops

Bino Lopes

Fotos: Fabriciano Júnior

duas provas e que o mar também ficou pequeno alguns dias. Na verdade, as melhores ondas rolaram durante o BSP e o Mahalo Pro Challenge. Durante a etapa Nordestina, as ondas passaram de um metro e meio e proporcionaram muitas manobras de explosão e tubos aos competidores. Geraldinho Cavalcante tem razão: a máquina não para. E é pela consistência e pela força das ondas que Maracaípe sedia tantas competições de surf. Grandes eventos internacionais, como o Hang Loose Pro Contest, o mundial e o pan-americano da International Surfing Association (ISA), além de diversas outras provas do WQS e de brasileiro profissional, já passaram por lá. Ao redor de Maracaípe existem também diversas opções de bancadas de coral, onde quebram ondas perfeitas. Serrambi e os corais de Porto de Galinhas são os mais famosos deles. Em ambos quebram ondas com qualidade internacional. Há também a onda denominada Serpente, que fica na boca da barra do Rio Maracaípe, no Pontal. Nesse pico, há uma visão belíssima do rio, da prainha e do mangue. A chegada ao pico é de jangada, partindo da prainha. Assistir ao pôr do sol no local é algo surreal.

Uma das maiores estrelas do surf brasileiro nos anos 90 e começo da década de 2000, o pernambucano Eduardo Fernandes, o Rato, conseguiu unir três coisas que ama: o trabalho, o mar e Maracaípe. Desde quando parou de competir, por volta de 2004, vem se dedicando aos negócios, voltados para o turismo náutico e hoteleiro, e a prática do surfe do kite. Ele administra a Pousada Brisas e o Board Club, que conta com uma loja em Maracaípe e um centro náutico na pousada. Mas, até chegar à condição de dono de uma das melhores hospedarias da região, em 2006, o processo foi gradativo. “Já estava no Pontal com a escola de kite e de surf e tinha uma boa parceria com a pousada, já que 70% dos meus alunos eram turistas. Aí, um belo dia, o dono me chamou e disse que estaria indo embora e que iria vender a pousada. Pedi a ele um tempo e a preferência para ver se conseguia pegar o negócio. Aí, graças a Deus, deu tudo certo”, explica o empresário. A bagagem cultural que o surf proporcionou a Eduardo Fernandes foi fundamental para o sucesso dos seus empreendimentos. E olhe que ele não viajou pouco como competidor e como free surf. Entre as experiências, uma que ele lembra com muito carinho é a de ter viajado pelo mundo para a gravação da série Surf Adventure. “No final de 1994, estava no Hawaii e me convidaram para participar de um projeto com quatro viagens, filme e matérias para a revista Fluir. Só que o negócio bombou tanto que acabou virando uma série para o Sportv. Aí foram quase 10 anos, 31 programas e um filme no cinema”, conta. Como surfista profissional, Rato parou de competir em 2004. Foi bicampeão brasileiro, ainda como amador, seguiu o circuito mundial WQS por alguns anos e fez algumas finais e semifinais, chegando a figurar na 43ª posição em 1995. Foi também oitavo colocado no circuito brasileiro. Com o kitesurf ele começou em 2000, por influência dos amigos Aldemir Calunga e Guilherme Gross, que na época já velejavam. “Foi muito legal. O kite é um esporte que completa muito para quem é surfista”. Fotos: Arquivo pessoal

O potiguar Danilo Costa conhece Maracaípe há muito tempo

Eduardo Fernandes Negócio, mar e Maraca

Marquito Santos, de Recife, se criou nas ondas da região

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Foto: Luiz Doro / Divulgação

Na quarta edição da Megarampa do Brasil, deu Bob Burnquist pela terceira vez. Ele só não venceu no ano passado

Mega soberania de Burnquist

Por Yordan Bosco

O carioca Bob Burnquist, 34 anos, foi mais uma vez a principal estrela de um dos eventos esportivos mais radicais e badalados do Brasil. Ele conquistou o seu terceiro título em quatro edições do Nescau Megarampa, observado por um público superior a 20 mil pessoas, em dois dias de disputas (2 e 3 de julho). O maior adversário de Bob na competição foi um garoto de apenas 14 anos, o insano norte-americano Mitchie Brusco, segundo colocado. A megarampa

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Foto: Yordan Bosco

Maior estrela do skate internacional, o brasileiro Bob Burnquist faturou o tricampeonato da Megarampa, em São Paulo. O evento, de estrutura gigantesca, recebeu cerca de 20 mil pessoas e teve um personagem inesperado: o americano Mitchie Brusco, de apenas 14 anos


Go Bob Mesmo antes de conquistar a Megarampa 2011, Burnquist mostrou que é um dos atletas mais populares e queridos do Brasil. Apesar da simplicidade de sempre, o brasileiro provocou burburinhos e reuniu multidões nos ambientes por onde circulou na estrutura do evento. Foi assim no estande de um dos seus patrocinadores, a Hurley, e nos arredores da rampa, onde era ovacionado a cada aparição e muito assediado pela imprensa. Com inspiração total, Bob Burnquist dominou os treinos da sexta-feira e a competição no sábado e no domingo. “Não acertei todas as voltas, mas fiquei feliz com as que consegui completar. Andar para o público brasileiro é inspirador. Espero que o evento se torne fixo no calendário, pois a sensação de estar aqui é maravilhosa”, afirmou, logo após a vitória, que lhe rendeu US$ 15 mil, dos US$ 70 mil de premiação total. Porém não foi fácil para o brasileiro conquistar sua segunda vitória no Circuito Mundial de Megarampa deste ano (a primeira foi em Tehachapi, na CalifórniaEUA). Além da forte concorrência de Adam Taylor, Jake Brown (AUS) e dos brasileiros Edgard ‘Vovô’ Pereira e Rony Gomes, quem figurou como o principal adversário foi o franzino Mitchie Brusco. Segundo lugar na

Foto: Yordan Bosco

A radicalidade também marcou a competição de bike BMX

Com apenas 14 anos de idade, o americano Mitchie Brusco já briga entre os gigantes do skate mundial

Resultados Skate (média de todos os dias) 1) Bob Burnquist - 90,20 pontos 2) Mitchie Brusco (EUA) - 87,57 3) Adam Taylor (EUA) - 87,10 4) Edgard Pereira - 80,77 5) Rony Gomes - 78,83 6) Jake Brown (AUS) 7) Elliot Sloan (EUA) 8) Rob Lorifice (EUA) 9) Martin André 10) Marcelo Bastos Foto: Luiz Doro / Divulgação

foi montada no Sambódromo do Anhembi, na capital paulista, e, além das competições de skate, contou com bike BMX, vencida pelo australiano Steve McCann. Com um público bastante diversificado, porém unido pela busca de adrenalina e pelo objetivo de torcer para os atletas brasileiros, o Sambódromo foi palco de um evento diferente do Carnaval, da Fórmula 1 e de tantos outros que acontecem no espaço durante o ano. Dessa vez, a radicalidade e a luta contra os limites impostos pela gravidade deram o ritmo da festa. Acrescente a isso uma forte movimentação pelos bastidores e pelo espaço Skate Village, onde ações de marketing e muita badalação rolaram em 15 estandes de patrocinadores e apoiadores. “Trazer um evento de proporções gigantescas para o público brasileiro era tudo que a gente sonhava e só foi possível através do Bob Burnquist, um dos maiores ícones e ativistas do skate de todos os tempos. No ano passado, na terceira edição, a Megarampa foi considerada pela Rede Globo como a segunda maior audiência em eventos esportivos. Só perdendo para um grande clássico de futebol e deixando para trás, por exemplo, a Fórmula 1”, explica Jorge Kuge. Um dos organizadores do evento, Kuge foi o responsável pela vinda da competição para o Brasil, junto com Bob Burnquist. A torcida brasileira, que esgotou os 17 mil ingressos em menos de um dia, mostrou mais uma vez sua força e impressionou principalmente os gringos. “Os brasileiros transmitem uma energia muito grande. Isso dá motivação extra para mostrarmos nosso melhor”, atesta o terceiro colocado da prova de skate, o californiano Adam Taylor.

Foto: Luiz Doro / Divulgação

A rampa é gigantesca. E você encara?

BMX (média de todos os dias) 1) Steve McCann (AUS) 2) Vince Byron (AUS) 3) Anthony Napolitan (EUA) 4) Colton Satterfield (EUA) 5) James Foster (EUA) 6) Morgan Wade (EUA)


Poucos loucos no mundo encaram um desafio dessa dimensão

Garoto prodígio Observado pelos pais em todos os momentos, o adolescente Brusco levantou a galera com manobras insanas, a exemplo do 900 graus, uma das mais difíceis do esporte das rodinhas. “Foi fantástico conseguir acertar minhas voltas, ainda mais com 900 graus. Quero continuar encaixando minhas manobras e me divertir”, disse o garoto prodígio. “As pessoas aqui no Brasil são ótimas e espero voltar mais vezes. Tudo que fiz foi andar de skate e me divertir. Achei ótimo o resultado, já que queria ficar entre os cinco. Saí no lucro. Fiquei amigo dos competidores brasileiros. O Bob é um espelho e espero um dia chegar no nível dele”.

Fotos: Yordan Bosco

prova, Brusco apavorou e mostrou que o futuro do skate está garantido no planeta. “O Mitchie tem um enorme potencial. É muito bom ter a presença dele aqui. Ele e outros, como Rony Gomes, são o futuro do nosso esporte”, assegura um dos principais ídolos do moleque, Bob Burnquist. “Ele acertou três vezes o 900 graus, sendo a primeira vez de back side no Brasil. Só isso já mostra o quanto ele é bom”, complementa Burnquist.

Fotos: Yordan Bosco

O empresário Jorge Kuge, da Urgh, é um dos responsáveis, junto com Bob, pela vinda da Megarampa para o Brasil

Mais de 20 mil pessoas circularam por 15 estandes

Espaço Skate Village mostra novas tendências do mercado O evento da Megarampa teve investimento total de R$ 6,5 milhões neste ano. Com transmissão ao vivo das finais pela TV Globo, presença de cerca de 350 jornalistas e uma megaestrutura, a competição é um reflexo dos números que o mercado do skate tem movimentado no Brasil. De acordo com pesquisa do Instituto Datafolha, só no estado de São Paulo, são 1.110.000 praticantes, sendo que 386 mil estão na capital. No país, o esporte conta com 10 federações filiadas à Confederação Brasileira de Skate (CBSK), 132 associações e pelo menos 200 campeonatos organizados todos os anos. Ainda de acordo com a pesquisa, o skate deve movimentar este ano uma cifra superior a R$ 312 milhões, acompanhando o crescimento de 20% verificado nos últimos três anos. O segmento reúne mais de mil itens entre equipamentos, roupas e todo o tipo de acessórios. Uma amostra do potencial desse mercado pôde ser vista no espaço Skate Vilage, uma espécie de feira dentro da estrutura da Megarampa. Empresas do segmento mostraram seus produtos, seus atletas, além de ações pesadas de marketing. O público que deu um rolé pelo espaço pôde conferir as novas tendências dos equipamentos, roupas e do mercado editorial, além de levar uns brindes pra casa, ganhar autógrafos, tirar fotos com os ídolos e participar de ações promocionais.

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Ações promocionais e mulheres bonitas para entreter o público



Fotos: Fabriciano Júnior

Cardoso tem como meta arrebentar nas competições que participar neste ano, para se profissionalizar em 2012

Instigado e de casa nova Recém-contratado pela marca EDYE RADICAL CO, o skatista baiano Alex Cardoso está com todo o gás para competir o resto da temporada 2011. Campeão nordestino e baiano, o atleta já tem na agenda uma série de competições por todo o país Os atletas que conseguem unir talento, determinação, atitude e cabeça no lugar fatalmente chegam ao sucesso. E, por utilizar esta fórmula, desde quando começou a andar nas pranchas de rodinha, há 13 anos, o skatista baiano Alex Cardoso, 25, vem se destacando entre os melhores atletas amadores do país. Atual campeão baiano e nordestino, Cardoso deu outra grande cartada no final de julho, ao fechar patrocínio com a marca EDYE RADICAL CO. Uma das estrelas do documentário Favela em Ação, do diretor e skatista profissional Jailson Siqueira, Cardoso é também um cara influente e respeitado no cenário Brazuca. Ele tem como meta arrebentar nas competições que participar este ano, na região Nordeste e no Sul-Sudeste do país, e participar do brasileiro para, quem sabe, se profissionalizar em 2012. Para isso, o baiano já está no caminho certo. Atualmente ocupa a terceira posição no circuito cearense, que é seletivo

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A radicalidade e o controle são marcas fortes nas performances de Alex Cardoso

O baiano compete na street, modalidade do skate mais popular em todo o mundo

para o brasileiro, e já tem agendadas competições em Sampa e em cidades do interior paulista. “Além das competições pelo Brasil, pretendo fazer muito vídeo e material fotográfico”, diz o atleta. Entre os ídolos do esporte, Alex Cardoso cita Fábio Castilho, Emerson Sucrilhos e Gian Naccarato, mas quando fala do pernambucano Og de Souza seus olhos brilham. “Ele é um espelho e um exemplo de superanal e um ser humano fantástico”, elogia. Og de Souza é um skatista profissional portador de necessidades especiais que compete em todo o mundo usando somente as mãos. Ele teve poliomielite na infância. Na EDYE Sobre a entrada para o team da marca EDYE RADICAL CO., Cardoso mostra entusiasmo. “Acredito que será uma parceria muito bacana, porque é a primeira empresa com sede na Bahia que me patrocina. Vamos trabalhar forte e acredito que vou dar muitas alegrias à marca e pretendo me profissionalizar pela EDYE”, promete o skatista. A EDYE nasceu em Nova York e hoje é sediada em Salvador.

Foto: Zecops

ção que todo mundo deve seguir. É um atleta sensacio-

Ficha Nome: Alex Silva Cardoso De onde: Salvador (BA) Som: Bob Marley Uma música: Quebradas emoções - Rosana Bronk’s Livro: Você é insubstituível – Augusto Cury Ídolo: Og de Souza Manobra: Swit Flip Mulher: “Minha mãe” Uma roupa: EDYE Um sapato: EDYE País: Espanha Time de Futebol: “Não me ligo em futebol” Títulos: campeão nordestino e baiano; vencedor dos campeonatos Faz o Bem na Praça (São Bernardo do Campo – SP) e Dual de Skate 2010 com melhor manobra (São Paulo)


Messias Félix teve um momento inesquecível na premiação do Mahalo Pro Challenge

Foto: Zecops

Mahalo P r o C hallenge

A volta de Messias Por Yordan Bosco

Após quase um ano sem subir em um pódio, o cearense Messias Félix foi o melhor no Mahalo Pro Challenge, apresentado pela Kenner. O evento, válido pela sexta etapa do circuito nordestino de surfe profissional, aconteceu na baía de Maracaípe, no litoral sul pernambucano, e contou com excelentes ondas. O potiguar Marcelo Nunes, o cearense Edvan Silva e o baiano Bino Lopes também foram personagens importantes na competição Boas ondas, presença de público, grandes estruturas e personagens interessantes são ingredientes imprescindíveis para o sucesso de um evento esportivo. Por reunir todos esses elementos, o Mahalo Pro Challenge, apresentado pela Kenner, entrou na galeria das grandes competições de surf da região Nordeste. Realizada nos dias 18 e 19 de junho, a competição coroou o campeão brasileiro de 2009, Messias Félix, 25 anos, como vencedor. Com muita inspiração, ele realizou manobras modernas e velozes para superar Marcelo Nunes, Edvan Silva e Bino Lopes, em uma decisão eletrizante, com ondas fortes, de boa formação e tamanho de cerca de um metro e meio. Pela conquista, Félix embolsou R$ 8 mil, dos R$ 30 mil oferecidos na prova, e somou 2 mil pontos

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no ranking regional. Porém, os louros da vitória não foram nada baratos para o cearense, que desde sua estreia demonstrou a inspiração e o ‘sangue nos óio’ de um campeão. Logo na sua primeira entrada na água, no primeiro round, ele fez a maior somatória do evento (16,60), quando avançou junto com o sergipano Davi Telles e deixou pra trás o paraibano Paulo Germano e o baiano Léo Xerife. “Desde o começo, deu tudo muito certo. As ondas vinham e eu fui surfando e fazendo notas boas. Só quero agradecer muito a Deus pela vitória. Antes do resultado oficial passou um filme em minha cabeça, pois o primeiro campeonato que ganhei fora de casa foi aqui em Maracaípe, quando eu tinha 15 anos.”, contou Messias Félix, após receber a premiação. “Estou felizão de ganhar aqui depois de 10 anos. E logo agora, que faltava só um mês para completar um ano do último pódio que fiz”.


Fotos: Fabriciano Júnior

Implacável na decisão, Félix fez 14,50 pontos nas suas duas melhores ondas

Secretária de Estado prestigia competição O cearense Edvan Silva foi um dos melhores do evento e chegou à decisão com méritos

O evento de Maracaípe teve uma das melhores estruturas da história do ANS Tour

E, por mais uma coincidência do destino, o último pódio de Messias Félix foi, justamente, no litoral sul de Pernambuco. Ele venceu uma prova da Seletiva Petrobras na Praia do Cupe, a seis quilômetros de Maracaípe, em julho de 2010. “Acho que vou comprar um terreno aqui”, brincou. Mas, entre uma vitória e outra, o cearense, acostumado a estar sempre nas cabeças desde quando se profissionalizou, penou muito e passou uma das fases mais difíceis de sua carreira. “Perseverei bastante para conquistar esta vitória, pois perdi muito neste último ano. Mas continuei me dedicando e treinando forte e recebi o apoio da minha família e dos meus amigos”, explica Félix, que tinha ido para Portugal disputar uma prova do mundial na mesma semana e, após ser derrotado na primeira fase, resolveu voltar às pressas para Maracaípe. “Deus sabe a hora de cada um. Só pude vencer aqui porque perdi logo em Portugal”, celebrou.

O Mahalo Pro Challenge, apresentado pela Kenner, foi considerado por alguns atletas e pessoas que acompanham o ANS Tour 2011 como uma das melhores etapas do Nordestino Pro. O evento começou oficialmente na sexta-feira (17) em um almoço para a imprensa na churrascaria Boi Preto, de Recife. Marcaram presença no encontro, além dos atletas Bino Lopes, Bruno Galini e o ex-integrante da elite do surf mundial Danilo Costa, a secretária dos Esportes de Pernambuco, Ana Cavalcanti, e jornalistas de Recife e de outros estados do Brasil. “O Governo do Estado tem realizados grandes investimentos em infraestrutura para o turismo. Ipojuca, especificamente, tem realizado grandes eventos de surf e estamos sempre juntos”, destacou a secretária Ana Cavalcanti, aos jornalistas. “Maracaípe tem uma vocação natural para este esporte e por possuir uma identificação muito grande com ele se tornou um grande celeiro de atletas talentosos, que têm dado muito orgulho a Pernambuco. Halley Batista, Lagostinha, Luel Felipe e Bernardo Pigmeu são alguns exemplos”, disse. A secretária também rasgou elogios à organização do evento quando entregou, no pódio, o troféu do campeão Messias Félix. Ela enalteceu a iniciativa da MAHALO em investir no estado de Pernambuco e parabenizou a todos os envolvidos pela estrutura do evento e aos atletas pelo show que proporcionaram dentro d’água. Já o presidente da ANS, Geraldinho Cavalcanti, comentou sobre algumas transformações que o ANS Tour promoveu no surf nordestino, entre elas a quebra do histórico êxodo de atletas nordestino para o Sul e Sudeste do país. “Hoje, os atletas da nossa região têm uma série de competições que garantem a sobrevivência profissional na região. Ninguém precisa morar mais fora para poder sobreviver do esporte”, comemora.

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Resultados

Fotos: Fabriciano Júnior

Mahalo P r o C hallenge

Galini foi barrado nas quartas de final. Ficou faltando aquela ondinha...

1) Messias Félix (CE) 2) Marcelo Nunes (RN) 3) Edvan Silva (CE) 4) Bino Lopes (BA) 5) César Aguiar (PE) 5) Alan Jones (PE) 7) Marco Fernandez (BA) 7) Luel Felipe ( ? )

Com o terceiro pódio em quatro provas disputadas, o baiano Bino Lopes colou nos líderes

‘Local’ de Maracaípe, Luel Felipe surfou muito e chegou às semifinais

estes grandes surfistas, na etapa do meu patrocinador”, comentou o atleta da MAHALO. “No ano passado, bati na trave (perdeu o título para Bruno Galini na última etapa), mas nesta temporada vou fazer de tudo para ser campeão nordestino profissional”, explica Lopes. Na semifinal, ele conseguiu um grande feito ao avançar com Marcelo Nunes e tirar Alan Jones da briga. Embalado por um segundo lugar na abertura do Brasil Surf Pro na semana anterior, na praia do Cupe, o atual campeão do circuito, Bruno Galini, não conseguiu repetir as atuações das oitavas de final e parou nas quartas. O baiano, membro do team MAHALO, não encontrou as

Fotos: Fabriciano Júnior

Bino avança Entre os atletas que estão mais à frente na briga pelo título nordestino deste ano, quem se deu melhor foi Bino Lopes. Com a quarta colocação na prova, ele pulou da 15ª para a quarta colocação no ranking. Porém, considerando o descarte das duas provas de pontuação inferior (do circuito cearense), que não participou, ele estaria atrás apenas do líder, o potiguar Alan Jones. “Queria muito a vitória, mas nem sempre dá. Este é meu terceiro pódio em quatro provas e estou muito lisonjeado em participar da final com

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Marcelo Nunes proporcionou um dos momentos de maior euforia da competição nesta sequência, quando obteve nota 8,66 pontos


Fotos: Fabriciano Júnior

Ulisses Meira não deu sorte e ficou nas oitavas

Bino fala com a ESPN

Carlos Burle foi uma das presenças ilustres do Mahalo Pro Challenge

Nunes dá a volta por cima

ondas e com uma somatória baixa ficou com a décima terceira colocação na prova. No Mahalo Pro Challenge do ano passado, Galini subiu no lugar mais alto do pódio. Burle em Maraca Uma das presenças ilustres na praia de Maracaípe foi o surfista de ondas gigantes Carlos Burle. Pernambucano radicado no Rio de Janeiro há muitos anos, Burle é reconhecido internacionalmente como um dos surfistas mais atirados em ondas grandes do planeta. O big rider passou o domingo na estrutura do Mahalo Pro Challenge, conversou com amigos, assistiu atentamente as disputas e entregou a premiação aos finalistas. “Está presente aqui é muito gratificante. Minha vida começou aqui e tive a coragem de ir em busca dos meus sonhos. O Nordestino é a base de tudo para nós, atletas da região. O evento está muito bem organizado, a estrutura bacana e o nível técnico das disputas muito bom. Todos estão de parabéns”, elogiou o pernambucano.

Foto: Zecops

Foto: Zecops

Representante brasileiro na elite do surf mundial por cinco anos, o potiguar Marcelo Nunes, 31 anos, foi um dos principais personagens do Mahalo Pro Challenge, apresentado pela Kenner. Protagonista de momentos inesquecíveis na prova, a exemplo de um tubaço na semi, que lhe rendeu 8,66 pontos, Nunes vinha de uma série ruim de resultados e confessou que o segundo lugar lhe trouxe novas perspectivas. O atleta voltou a viver um grande momento em Maracaípe. O lugar lhe abriu as portas para o mundo em 1997, quando, aos 17 anos de idade, venceu o Hang Loose Pro Contest, etapa seis estrelas do World Qualyfing Series (WQS). Ele derrubou vários favoritos em uma Maracaípe lotada e atropelou, na decisão, as estrelas brasileiras Guilherme Herdy (2º), Armando Daltro (3º) e Victor Ribas (4º). “Estava precisando muito de um bom resultado, pois o último título que conquistei foi em uma etapa do circuito cearense. Aqui é um lugar muito especial, pois foi onde comecei a conquistar todos os meus sonhos. Agora, espero me qualificar no circuito brasileiro e depois voltar ao mundial. Esta é uma meta e vou brigar muito por ela”, disse. Nunes sabia que para se destacar em uma concorrida etapa do ANS Tour 2011 era preciso mostrar algo mais. E com rasgadas fortes e com estilo, aéreos e tubos, ele fez o público relembrar dos seus tempos de glória do circuito mundial. Mostrou que está vivo e tem potencial para brigar entre os grandes do surf brazuca.

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Momentos Mahalo P r o C hallenge

Fotos: Fabriciano Júnior

Foto: Zecops

Foto: Zecops

Almoço para a imprensa no Boi Preto de Recife Time da Kenner: Vinicius, Vanessa Gama, Bruno Galini, Mariana Calmon e Dyene Galantin

Bruno Galini, a secretária de Esportes de Pernambuco, Ana Cavalcanti, e Bino Lopes

Sandro Sanper, Galini, Norminha Cavalcanti, Bino, Gabriel Almeida e Renata

Jornalistas atentos Tato Sales (ESPN) e Patrícia, ligados

Guga Roque e Clemente Coutinho

Foto: Zecops

Galini, Bino e Danilo Costa

Galini e Fabriciano Júnior De olho na MAHALO PRESS

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Praia de Maracaípe Carlos Burle, Lapo Coutinho, Cláudio Marroquim e Geraldinho Cavalcanti

Ao centro, da esquerda para a direita: secretária dos Esportes de Pernambuco, Ana Cavalcanti, Norminha e Geraldinho

Da esquerda para a direita: Isaias Silva, Arthur Silva (em pé) Antônio Eudes, Patrick Tamberg, Felipe Martins e Ernesto Nunes

Bino torce ou seca alguém que está na água

Yordan, Nuno e Burle Marquito Santos, Deco Albuquerque, Halley Batista e Alan Donato

Galera em Maraca César ‘Molusco’ Aguiar e Luiz Carlos Batista (Salsicha)

Gabriel Almeida, Bino e Sandro Sanper

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“Muitas vezes somos tentados a desistir e, às vezes, nos fechamos para novas experiências em nossa vida, devido a frustrações do passado.”

Foto: Fabriciano Júnior

Quedas que ensinam

Marcos Pellegrino

Acho que não existe esporte que derrube

nossa vida devido a frustrações do passa-

tanto seu praticante como o surf. De vacas

do. Aí, estabelecemos para o nosso futu-

engraçadas a vacas desastrosas, fico imagi-

ro essas bases errôneas de experiências

nando se fôssemos fazer um levantamento

passadas e deixamos de viver o diferente,

da quantidade de ondas que conseguimos

algo melhor e desafiador.

completar e das que tomamos aquela vaca.

A cada dia que reflito sobre este tema

Não sei quem ganhava. E o interessante é

fico mais convicto que a virtude não está

que não tem a ver com saber ou não saber

em não errar, pois será inevitável. Mas,

surfar, faz parte do esporte mesmo, e é legal

como reagirei diante do erro? Existem va-

isso, pois nos remete à realidade da vida.

rias formas. Cabe a cada um de nós esco-

Pastor e coordenador da Missão Surfistas de Cristo no Nordeste

É só refletirmos no desenvolvimento do

lher sabiamente o melhor caminho para

ser humano. Nasce totalmente dependen-

recomeçar. Da mesma forma que o atleta

Pellegrino.marcoantonio@gmail.com

te, cresce e começa a querer fazer as coisas

sai do mar para trocar de prancha para

por si. Depois começa a engatinhar e os

vencer a bateria, precisamos pensar qual

pais corujas ficam logo em cima, vendo-o

prancha vamos usar para virar o placar da

andar, correr, escrever. Enfim, o ser huma-

vida quando necessário.

no em seu processo de evolução.

Quando Jesus esteve com a prostituta, ele

Quantas quedas, quantos hematomas,

não olhou para o passado dela, nem para o

quantos pontos, braços quebrados. Mas,

que ela fez e nem tampouco para o que a acu-

também, quanto aprendizado, quantas

saram. Ele simplesmente disse para ela ir em

experiências maravilhosas e marcantes

frente e aproveitar essa nova oportunidade.

adquirimos na nossa história. Muitas vezes somos tentados a desistir e, às vezes,

Um forte abraço e boas ondas. Caso tome

nos fechamos para novas experiências em

uma vaca, volte para o outside e drop outra.



Fotos: Lucius Gaudenzi

Diversidade cultural dita o ritmo na Nova Zelândia

Lucius Gaudenzi Chefe e surfista, mora na Austrália e viaja pelo mundo em busca de ondas e de novos sabores

Vamos cozinhar por aí, desta vez, na Nova Zelândia, um dos únicos lugares do mundo que se pode surfar pela manhã e fazer snowboard no final de tarde. Minha estada foi bem curta, mas o suficiente para pegar esquerdas quilométricas em Raglan, do lado do Mar da Tasmânia, e fazer tubos nas rasas bancadas de Mangawhai, no Oceano Pacífico Sul. Fui muito bem recepcionado pelo meu amigo Dimas Menelau, que me levou nos mais remotos picos em quatro dias. Ele é ‘local’ de Piha Beach, uma praia famosa, porém afastada da cidade. Em meio a muitas curvas pela estrada, entre montanhas de matas verdes e densas, comecei a sentir a vibe do lugar. Bacana ver como a cultura dos ancestrais convive de igual para igual com os kiwis e os descendentes ingleses dos tempos da colonização. Ao mesmo tempo em que se esbarra no banco com aquela figura típica neozelandesa, com tatuagens feitas no martelinho de madeira e roupas coloridas, encontramos na beira do mar o executivo de terno e gravata apreciando o pôr do sol. Em relação ao surf, posso dizer que é um dos melhores lugares do mundo para surfar ondas perfeitas, sem ou com pouco crowd, mesmo com água bem gelada e alguns raros ataques de tubarão. Ouvi dizer que por lá não existem cobras e aranhas, apesar das matas, o que lhe dá uma certa tranquilidade para fazer trilhas e admirar visuais maravilhosos. Na culinária, existe uma influência muito forte inglesa e as receitas e formas tradicionais dos locais. Porco, boi e carneiro se mistu-

ram com pescados, ostras e mariscos. Em uma cidadezinha por onde passamos, paramos em um café / sushi, com o maior astral, comida gostosa e a energia do surf por todo lado. Segue então uma receita de uma deliciosa costelinha de cordeiro com crosta de mostarda, prato que conheci na Nova Zelândia.

SE LIGUE: Ingredientes: 500 gramas de carret de cordeiro (aprox. 4 peças), 25 gramas de manteiga, 50 gramas de farinha de pão fresco, 10 gramas de mostarda dijon, uma cebolinha pequena (shallot), pedacinhos de cenoura, salsão e alho-poró, 200 ml de caldo de carne. Após limpar as costelinhas, salteie numa frigideira bem quente com um pouco de manteiga e reserve. Limpe a frigideira com papel toalha. Corte quadradinhos bem pequenos (brunoise) de cebolinha, reaqueça a frigideira, adicione a manteiga (exatos 25 gramas) e cozinhe a cebolinha sem deixar pegar cor. Desligue o fogo. Adicione a farinha de pão e um pouco de salsinha picada. Faça com que a manteiga incorpore na farinha uniforme, reserve com um pincel e passe a mostarda na parte de traz da costelinha (lembre-se de tirar a capa de gordura e os nervos que ficam embaixo). Suavemente com as mãos faça com que se prenda na carne. Limpe a frigideira com papel toalha e salteie os vegetais e os pedaços de gordura e carne que ficaram do cordeiro. Faça como se fosse uma cama e coloque as costelinhas em cima. Cozinhe no forno, por 10 minutos, a 190ºC. Retire a costelinha e deixe descansar. Adicione o caldo de carne e deixe reduzir ate ficar cremoso. Passe por uma peneira para retirar o molho, corte a costelinha no meio e sirva com o molho ao redor. Para acompanhar, vegetais gratinados ou cozidos no vapor! Bom apetite!



A população das jubartes tem crescido desde 1998, quando o Instituto Baleia Jubarte começou as atividades

Fotos: IBJ / Divulgação

Jubartes já estão na costa baiana A temporada das baleias começou em julho e vai até novembro. Os mamíferos gigantes vêm da Antártida e podem ser observados de perto através do turismo de avistagem, credenciado pelo Instituto Baleia Jubarte As águas mornas e cristalinas e a natureza

presenciar o espetáculo de reprodução da

exuberante do litoral baiano, que sempre

espécie, através do Whalewatching, uma

foram destino de turismo para pessoas de

excursão para observar as baleias.

toda a parte do mundo, também são esco-

O ecoturismo tem crescido muito e a

lhidas pelas baleias jubartes em seu período

observação de baleias é uma das ativida-

de gestação e procriação. Vindas das águas

des que mais se desenvolvem no mundo,

frias da região Antártida (onde se alimen-

pois permite aos turistas o contato sus-

tam), as jubartes costumam aparecer no

tentável com os animais em seu habitat

período de julho a novembro em Caravelas/

natural. Para garantir grande satisfação

Abrolhos, Praia do Forte, Morro de São Pau-

durante o passeio, os visitantes devem

lo, Itacaré, Porto Seguro e Prado.

respeitar as normas, informadas em pa-

O local escolhido para a fundação do centro de visitação do Instituto Baleia Jubarte (IBJ) foi a Praia do Forte, destino turístico brasileiro bastante procurado. É lá que, além de biólogos, os turistas e nativos também podem

Os pesquisadores do IBJ catalogam as baleias através de fotografias da cauda e de material coletado da pele dos animais

lestras antes do embarque, para assegu-


rar o bem-estar dos animais. Os passeios só podem

Sobre a jubarte

ser feitos por agências credenciadas pelo IBJ. Os pesquisadores do IBJ ainda aproveitam o turismo

Conhecida também como baleia corcunda,

de observação de baleias para colher dados científicos.

a baleia jubarte é chamada pelos cientistas de

“Essas informações possibilitam um maior entendimen-

Megaptera novaeangliae. Quando uma jubar-

to sobre a espécie, partindo do princípio que precisa-

te salta, rompendo a tranquilidade das águas,

mos conhecer bem, para preservar”, explica o biólogo

é um espetáculo impressionante. Elevando

e pesquisador do instituto, Clarêncio Baracho.

seu corpo quase completamente fora d’água, por alguns segundos ela parece querer vencer

Centro de visitação

a gravidade e alçar voo. Nesse momento, suas longas nadadeiras peitorais chegam a medir

A ideia do centro é gerar conhecimento sobre as ba-

até 1/3 de seu comprimento.

leias e golfinhos e despertar a consciência ambiental nos visitantes. E para isso o IBJ conta com um grande esqueleto de uma jubarte adulta, de 13 metros, placas e painéis informativos, exibição de filmes, documentários e palestras. O local possui ainda uma loja de souvenirs, que viabiliza a sustentabilidade do projeto. Os trabalhos realizados pelo IBJ começaram no ban-

Curiosidades sobre o turismo de avistagem de baleias, golfinhos e botos

co dos Abrolhos, em 1988, durante a implementação do

• Acontece em mais de 90 países no mundo

Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, onde se redes-

• Acontece em 18 países na América Latina

cobriu a presença da espécie na costa brasileira. Portan-

• É praticado por mais de 12 milhões de pessoas

to, em 1996, o instituto foi fundado como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Já em 2000 foi criada a base da Praia do Forte, uma vez que os registros da espécie na costa norte da Bahia

• Movimenta mais de US$ 1,5 bilhão anuais no mundo • Há um crescimento da atividade de 11% ao ano na América Latina, desde 1998

se tornaram cada vez mais frequentes, graças à recuperação populacional, consequência do fim da caça comercial. Ao longo dessa jornada, o IBJ ampliou suas atividades de pesquisa, realizando expedições para Fernando de Noronha, Atol das Rocas, Trindade e para mares Antárticos. Mas essa é outra página dessa história.

O turismo de observação de baleias é realizado na Bahia em localidades como Abrolhos e Praia do Forte

As baleias jubartes são identificadas através das caudas


Durval exibe o velho violão e sua primeira prancha, uma Musa, comprada com dinheiro de uma exposição, aos 18 anos de idade

“Fui gerado na água do mar” Por Yordan Bosco • Fotos: Fabriciano Júnior

Um dos cantores mais populares do Brasil, Durval Lelys bateu um papo com a gente sobre assuntos que normalmente não são abordados pela mídia. Surfista e amante da cultura de praia, ele falou sobre sua relação com o mar, sobre a concepção da grife ASA CLASSIC WEAR e sobre projetos de design (é também arquiteto) e musicais paralelos à banda Asa de Águia e às atividades na área de entretenimento. Tranquilo, boa praça e muito comunicativo, ele nos recebeu em um dos seus escritórios e não escondeu a alegria por falar de surf e da marca que carrega seu estilo de vida O complexo é grande. Em quatro imóveis, em um bairro da orla marítima de Salvador, estão estúdios de gravação, escritórios, áreas de lazer, entre outros ambientes. Mas dois lugares, em uma das estruturas, são bem particulares. Um é escritório, onde, de cara, há indícios de que há um arquiteto por ali, devido aos projetos no papel e no Macintosh. Há também uma maquete de um megatrio elétrico, projeto para 2012. O outro espaço é uma pequena sala, que fica em um local de circulação. Lá há um quiver com umas 10 pranchas de surf, uma esteira de ginástica e, na parede, fotos de momentos de surf na Laje do Bode, em Fernando de Noronha.

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Por trás do cantor e compositor de axé music Durval Lelys há outras facetas além das que o público conhece. E olha que não estamos falando dos diferentes personagens que ele apresenta nos carnavais, nem dos projetos musicais paralelos, a exemplo da homenagem à guitarra baiana com Armandinho Macedo. Nem tampouco do Durval empreendedor de sucesso no mercado do entretenimento. O Durval brincalhão, extrovertido, é também um cara que tem uma alma zen e água salgada correndo nas veias. Diferente do que muita gente pensa, as gírias e o estilo ´surfistão´ do artista não são para fazer tipo. Ele começou a pegar onda aos 18 anos e já rodou diversos picos, a exemplo de Bali, Noronha, Itacaré, Floripa, Pipa (RN) e até em Honolulu, no Hawaii, em busca das ondas.


“Minha mãe me conta que eu fui feito dentro d’água, em Itaparica. Ela foi namorar no mar com meu pai e me gerou”, brinca Durval Lelys. “Quando comecei a surfar, pedi uma prancha para meu pai e ele não me deu. Então, pintei uns quadros e fiz uma exposição para comprar minha prancha, uma Musa. Nos anos 80, viajei muito para pegar onda com os amigos. Ia para ilhéus, Itacaré e para praias do Nordeste”, conta. “Até hoje tenho muitos amigos no meio. Kiko, KlyLoyle, que é um grande irmão e fotógrafo, Maurício Abubakir, Dunga Neto, Ronaldo Barreto, Lau, Fredão Tambon, que é meu primo de consideração, entre muitos outros”, fala. “Hoje não surfo com frequência, devido às minhas atividades profissionais e a falta de segurança nas praias de Salvador. Mas sempre que vou a Noronha e à fazenda, em Itacaré, dou uma caída no mar”.

Aqui, o artista posando de modelo com roupas da sua grife, a ASA CLASSIC WEAR, que é uma parceria com o Grupo MAHALO

Parceria com a MAHALO E foram essas influências da cultura de praia que levaram Durvalino a idealizar um projeto diferente: a grife ASA CLASSIC WEAR. A marca começou a existir a partir da loja virtual Asa Store, mas ganhou força, conceito e mercado com uma parceria com o Grupo MAHALO, iniciada há cerca de dois anos. O grupo é responsável pela criação e produção das coleções e pela comercialização dos produtos. “Um dos responsáveis por isso tudo é meu amigo Kiko (o representante comercial e surfista Francisco Benjamin). Ele me incentivou a investir na grife e promoveu um reencontro meu com o Tony (Almeida, diretor-presidente do Grupo MAHALO)”, explica Lelys. “Então, fizemos uma parceria que provocou a expansão da marca e hoje a MAHALO vende a ASA para todo o Brasil. É uma parceria muito boa, produtiva, isso sem falar na energia maravilhosa que o Grupo MAHALO possui”, elogia. De vez em quando, Lelys dá uns pitacos na criação de algumas peças, sobretudo as que são feitas especialmente para ele. “Nesse caso, às vezes eu desenho e passo para a MAHALO”, explica. O artista diz que uma das coisas que a marca carrega e que as pessoas se identificam é o conceito de liberdade. “Isso tem muito a ver com o estilo de vida praieiro”. A ASA tem três coleções lançadas pela MAHALO. A mais recente é a de Verão 2012, que está sendo comercializada e chega às lojas de todo o Brasil a partir de setembro. Entre as peças, têm bermudas, camisetas, camisas, casacos, tênis, bonés, jeans, cuecas, meias, e outras. A coleção segue a linha da grife, que é uma moda de praia mais sofisticada.

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Em um cantinho especial do seu escritório estão as pranchas e fotos de surf na Laje do Bode, em Fernando de Noronha

Projetos paralelos Em relação aos outros projetos, Durval não para. Além do gás nas coisas do Carnaval, que engloba banda, trio elétrico, blocos, camarotes e shows por todo o Brasil, ele está envolvido em projetos de design. Arquiteto de formação, Lelys faz design de móveis com madeira de reflorestamento e demolição e tem parceria com alguns colegas de profissão renomados, a exemplo do baiano Davi Bastos, na criação de casas, geralmente de amigos. “Sou uma pessoa que gosta de criar as oportunidades que agregam valores e de conciliar as aptidões”. Outro projeto paralelo que Durval toca com muito carinho é uma série de shows, gravações e composições em homenagem à guitarra baiana. Ele é parceiro da maior sumidade no instrumento em todo o mundo, Armandinho Macedo. “Sou fã do Armando desde quando ele tinha 16 anos e já tocava no trio elétrico. Nossos pais eram muito amigos e estamos prestando esta homenagem a um instrumento que nasceu na Bahia, através do pai dele, seu Osmar Macedo”, explica.


Fernanda Sena Fotos: Diego Freire

A Musa MAHALO desta edição chama-se Fernanda Sena. Com 21 aninhos, esta baiana de Salvador faz dança, pratica capoeira e toca violão. Quer mais? Faz faculdade de Direito e sonha em ser reconhecida profissionalmente, o que, segundo ela, já está acontecendo. Tem também o desejo de conhecer as praias da Austrália. Ah! Para manter este corpão em forma ela ainda faz trabalho de musculação e aeróbica. Fernanda conta que já tentou surfar quando tinha 15 anos e hoje pegar onda é um prazer a ser alcançado. Sua praia preferida é Barra Grande, na Península de Maraú, na Bahia. Quando perguntada sobre a sensação de ser clicada pelo fotógrafo Diego Freire para participar desta seção da MAHALO PRESS, ela comenta: “Saber que em menos de dois dias seria a Musa MAHALO foi tudo muito rápido para assimilar”.

Qualidade: humildade Tem que melhorar: “minha ansiedade” Último livro que leu: A menina que roubava livros Manequim: 38 Busto: 92 cm Cintura: 63 cm Quadril: 105 cm Altura: 1.64 m Peso: 60 kg

Quer ser uma Musa Mahalo? Envie fotos para o e-mail: redacaomahalo@mahalo.com.br

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Petrol â ndia Adventur e Da esquerda para a direita: Gustavo Costa, Alex Araújo, Phil Rajzman e Jaime Flores fizeram a final do Stand Up, até 40 anos

No marzão do Velho Chico

O sertão virou mar. Megaestrutura e um grande público deram a tônica na praia do São Francisco

Por Yordan Bosco • Fotos: Fabriciano Júnior

Competição inédita de stand up paddle, jet-ski e vôlei de praia agitou a margem do Rio São Francisco na cidade de Petrolândia, sertão de Pernambuco. Apresentado pela MAHALO, o Petrolândia Adventure reuniu mais de 200 atletas de todo o país, com destaque para os surfistas Picuruta Salazar, Phil Rajzman e Leco Salazar A velha frase do profeta de Canudos Antônio Conselheiro se concretizou mais uma vez nos dias 16 e 17 de julho. A cidade de Petrolândia, a 500 quilômetros de Recife e localizada no sertão pernambucano, viveu seus dias de litoral ao receber o Petrolândia Adventure nas Águas do São Francisco, apresentado pela MAHALO. Além do vôlei de praia e do jet-ski, o Velho Chico recebeu grandes nomes do surf brasileiro, a exemplo de Picuruta e Leco Salazar e de Phil Rajzman, para as provas de stand up paddle. Em uma megaestrutura montada às margens do rio, a cidade de 32,5 habitantes acolheu mais de 200 esportistas e uma legião de pessoas que saíram de outros municípios vizinhos para conferir tudo de perto. Entre os atletas, representantes de mais de 10 estados do Brasil. E, nesse panorama, o carioca campeão mundial de longboard de 2007, Phil Rajzman, e os baianos José Augusto e Bárbara se deram bem na modalidade stand up. No jet-ski, roncou mais forte o motor de Rui Matos. Ele levou a melhor na categoria principal, a força livre, e levantou a galera da prainha. Fábio Maranhão Filho foi o melhor entre a molecada de até 15 anos (força livre iniciantes) e Carlos Alexandre venceu na 4 tempos (até 130 HPs). No vôlei de praia, as duplas Camila e Rose e Fabiano e Tiago saíram vitoriosas de Petrolândia.

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Com característica inédita no Brasil, o intuito do Petrolândia Adventure foi de levar a cultura de praia a uma cidade às margens do Rio São Francisco e fomentar o turismo e o esporte na região. “Tenho 42 anos de surf e esta foi, sem dúvida, uma experiência inédita e maravilhosa. Nunca podia imaginar antes que iria competir algum dia em uma cidade do sertão de Pernambuco”, comenta Picuruta Salazar, um dos maiores ícones do surf brasileiro e segundo colocado no stand up, na categoria acima dos 41 anos. “O esporte nos traz surpresas agradáveis e essa é uma delas. Fico muito feliz em fazer parte desta festa e servir de exemplo para os jovens da cidade. Espero que eles procurem fazer algum esporte neste espaço fantástico que é o Rio São Francisco. Vão remar, nadar, enfim, o rio oferece diversas possibilidades de práticas esportivas”, recomenda o santista. O Petrolândia Adventure promoveu a integração entre o povo do sertão e a cultura de praia


Resultados Stand up paddle Picuruta perdeu na remada para Zé Augusto, mas ficou encantado com a beleza do Velho Chico e com o evento Ritual havaiano no São Francisco. Assim foi encerrado o Petrolândia Adventure, apresentado pela MAHALO

O público de Petrolândia aprovou e já espera a competição no próximo ano

Apresentado pela MAHALO, o evento contou com o patrocínio do governo do estado de Pernambuco, através da Secretaria de Turismo e da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), e da prefeitura local. “Petrolândia tem muito que mostrar. Nosso interesse é trazer cada vez mais eventos esportivos, dos quais a população local possa participar e, quem sabe, no futuro, formarmos grandes campeões”, declara o prefeito do município, Lourival Simões. Ele garantiu que o evento volta para Petrolândia nos próximos anos. Rajzman se supera Phil Rajzman, grande nome do longboard mundial, mostrou que é fera também no stand up. Ele participou pela primeira vez de uma competição da modalidade, com uma prancha baiana Mamute, emprestada de um amigo. Passou duas baterias em segundo lugar e guardou o gás para a decisão. Na grande final, começou em segundo, mas logo superou a distância e ultrapassou o paulista radicado no Ceará Alex Araújo, segundo colocado. Além do troféu, Phil levou R$ 3 mil para o A galera do jet-ski acelerou e levantou o público da prainha

Até 40 anos 1) Phil Rajzman (RJ) 2) Alex Araújo (CE) 3) Gustavo Costa (BA) 4) Jairo Flores (BA) Acima de 41 anos 1) Zé Augusto (BA) 2) Picuruta Salazar (RJ) 3) Pedrinho (BA) 4) Ronaldo Barreto (RN)

Rio de Janeiro. Os baianos Gustavo ‘Kombi’ Costa e Jaime Flores figuraram na terceira e quarta posições, respectivamente. “Estou muito feliz por ter vencido aqui. Ganhar do Alex não foi missão fácil”, disse Phil Rajzman. “Estar dentro d´água praticando esportes é nosso vício saudável, estou amarradão”, disse o campeão, que não escondeu a felicidade por participar de um evento tão diferente do que ele está acostumado. “O esporte me levou para o mundo inteiro e me apresentou muitas pessoas importantes e bacanas. O surf está sempre mostrando que as barreiras existem para serem quebradas e aqui é uma experiência que jamais imaginei participar. Todos estão de parabéns”. Depois de percorrer mais de 500 quilômetros para competir em Petrolândia, o baiano José Augusto era só felicidade com a vitória na categoria acima de 41 anos. Ele remou forte para superar Picuruta Salazar, o conterrâneo Pedrinho Speed e o potiguar Ronaldo Barreto. Com a vitória, Zé Augusto embolsou R$ 1,5 mil e uma prancha de stand up paddle. “Remei contra os meus próprios limites, pois não sabemos as estratégias de cada um. Usei a explosão mesmo para percorrer os 2.500 metros de distância e deu certo”, explica o baiano.

Feminino 1) Bárbara (BA) 2) Carliane (CE) 3) Vanessa (RN) 4) Taciana (PE) Vôlei de Praia Feminino 1) Camila e Rose 2) Isis e Rebeka 3) Geovana e Mônica 4) Joyce e Simony Masculino 1) Fabiano e Tiago 2) Miguel e Sérgio 3) Israel e André 4) Galileu e Airton Jet-Sky Iniciantes ( Força Livre) 1) Fábio Maranhão Filho (15 anos) 2) Pedro Matos (10 anos) 3) Guilherme Leão de Melo (13 anos) Categoria 4 tempos (até 130 hp) 1) Carlos Alexandre Malta 2) Fábio Maranhão 3) Aluísio Milfont Categoria Adulto (Força Livre) 1) Rui Matos 2) Paulo Guilherme 3) Aluísio Milfont

Bárbara, Phil e Zé Augusto são os campeões da primeira edição do Petrolândia Adventure

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Teco e Fabinho num secret point do West da Austrália, durante uma das inúmeras surftrips que esta dupla marcou na história do surf do Brasil e do mundo

A origem da dupla dinâmica

Foto: Gabriela Padaratz

Teco Padaratz explica como foi articulada sua contratação para formar, com Fábio Gouveia, a dupla que rompeu barreiras do circuito mundial de surf no final dos anos 80 Uma parceria entre duas pessoas pode ser algo que realmente faz a diferença, sobretudo quando essas duas pessoas estão antenadas no mesmo objetivo. Bom, quando eu tinha de 12 pra 13 anos de idade, eu recebi uma visita, na praia mesmo, de um cara que iria mudar minha vida. Ele sentou ao meu lado, no fim da tarde, num dia meio chuvoso, após eu surfar por umas quatro horas num mar medíocre. E começou dizendo que havia rodado o mundo inteiro trocando experiências de fabricação de pranchas e também adquirindo uma visão bem mais ampla sobre o futuro do surf no Brasil. E, no meio dessa conversa, ele mencionou uma coisa que chamou muito a minha atenção. Ele disse que pra um surfista brasileiro ter qualquer chance no circuito mundial da ASP, teria que ser visto como um gringo, que fala inglês, tem cabelo e olhos claros e que se pareça ao máximo com os gringos. Desde o jeito de ser até os preconceituosos detalhes de um gringo, na visão de um gringo. Ele acreditava que nós tínhamos que convencer os juízes, bem como a imprensa internacional, para obter qualquer tipo de resultado numa bateria disputada. Ou seja, se deixar margens de dúvida, você perde a bateria, não tem jeito. Bom, a partir dali, eu me empenhei em seguir todos os detalhes que ele havia mencionado, incluindo sessões de treinamento às entrevistas

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com a imprensa antes e após os campeonatos, treinamento físico, com alongamentos e exercícios cardiovasculares, e toda parafernália que envolve a vida de um atleta profissional, incluindo o treinamento para viajar sozinho e aprender a se virar mundo afora! Isso eu fiz morando na Califórnia, trabalhando em dois empregos, aprendendo o inglês e a dar valor ao dinheiro que ainda estava por vir na vida. Passei bons cinco anos me preparando para chegar ao tal Circuito Mundial da ASP. Mas ainda faltava mais um detalhe: era preciso dinheiro para bancar esse projeto e nisso meu brother preparou um belo discurso, sem Power Point nem nada, pois naquela época não havia nada disso. E fui à luta. Depois de conseguir alguns avanços, paramos na proposta de um dos patrocinadores que dizia que bancaria o projeto, porém com uma condição: eu teria que levar junto o paraibano Fábio Gouveia comigo, pois ele não entraria no circuito se não tivesse alguém que pudesse acompanhá-lo, ajudando com a língua inglesa. Eu sabia que era preciso falar inglês para entrar no circuito, mas não imaginava que isso seria uma condição para que tudo se concretizasse. Nisso formou-se a dupla Fábio Gouveia e Teco Padaratz, que, no fim das contas, foi um projeto do meu parceiro Avelino A. Bastos, da Tropical Brasil. Muita gente credita esse mérito ao dono da empresa que patrocinou o projeto, mas o Avelino falava nisso desde o ano de 1983. Muita gente se engana, mas “eu só sei que foi assim”!!!



“No caso da coluna, mudar os maus hábitos é o primeiro passo”

Fábio Gouveia Um dos principais ídolos do surf nacional de todos os tempos e o maior ‘quebrador’ de tabus internacionais pra ‘nóis’

Outro dia passei por uma situação engraçada. Encontrei um amigo que não via há tempos e ele logo me perguntou: “E aí, Fabinho, e a coluna?”. Minha resposta imediata: “Poxa, tá massa, acabei de enviar uma sobre ídolos do surf nordestino, Sérgio Testinha e Felipe Dantas!”. O cara começou a rir e disse: “Mano, é a sua coluna lombar!”. Kkkkkkkk… Caímos na risada. Essas coisas são bem engraçadas, porém, depois que passei por problemas na coluna em 2005, cirurgia em 2006 e problemas na cervical no ano retrasado, muitas pessoas (principalmente surfistas) entram em contato para saber qual foi o meu problema e como estou atualmente. Nada de anormal, pois quando me vi diante do problema também recorri a vários amigos surfistas que já passaram por isso. Lembro que na época o primeiro que entrei em contato foi Tadeu Pereira. No seu auge, Tadeu enfrentou uma lesão que atrapalhou um bocado sua carreira. Os outros foram Diogo Trajano, ex-topsurfer pernambucano e irmão mais novo do também ex-competidor e tube rider Rodrigo Trajano, e o próprio Alfio Lagnado, meu patrocinador. Na ocasião, estava desesperado e cheguei a visitar o médico que havia feito sua cirurgia em São Paulo (SP). Queria operar logo e me livrar do problema, mas ao mesmo tempo estava com muito medo. Em pleno ano de competições, na tentativa de voltar ao antigo WCT, acho que meu problema acabou até piorando devido a esse stress. Sempre escutei que é necessário consultar vários médicos quando se encontra diante de um problema grave. E logo obtive a resposta do primeiro doutor: “Meu caro, você vai se recuperar só com as fisioterapias”. Bem que o Alfio já havia me avisado: “Fia, vai lá, mas o médico não vai querer te operar”. Não deu outra, em pouco tempo já estava em Porto Alegre (RS) para consultar mais um médico. Ao mesmo tempo em que passava pelo meu segundo bloqueio ‘sacrau’, me deram uma injeção do tamanho daquelas que as grávidas tomam no momento do parto. Pense na lapa da menina. E, o pior, depois o cabra não sentia nada, nem ‘boga’ nem ‘bráulio’. Vai prum lado, vai pro outro e demorava um pouco pra recuperar o controle de ambos. Graças a Deus, a minha cirurgia foi bem- sucedida em Florianópolis (SC). Aliás, há profissionais bons em todos os lugares e o bom mesmo é aquele que lhe passa a segurança de que você precisa para encarar um ato cirúrgico. Mas é bom já ir ligado, nada fica tão bom se o paciente não fizer sua parte. No caso da coluna, mudar os maus hábitos é o primeiro passo. Depois, para o sucesso, é sempre bom estar ligado. Continuo com a boa vida de esportista, ao lado de duas sessões semanais de pilates para sempre deixar os músculos do abdômen e

lombar fortificados. Ainda faço sessão de RPG para corrigir a postura e destravar os encurtamentos, além de massagem para “desengripar” os músculos, já que depois de uma semana carregada de atividades diferenciadas os bichos ficam todos uns por cima dos outros. Hoje dificilmente eu operaria de novo, pois sei que as fisioterapias resolvem. Mas, claro, é necessário ter muita paciência e conhecimento das lesões que, na maioria dos casos, só se compreende depois de solucionadas. Quando operei (fiz raspagem do disco ‘L5’ e do canal onde passa o nervo ciático), muito em parte foi pelo nervosismo e pelo compromisso com a volta imediata às competições. A dor aguda, proporcionada pelo pinçamento do nervo ciático, passou rapidamente, e demorei uns dois ou três meses para voltar a surfar. Vale ressaltar que nesse período meu nome passou a ser fisioterapia. Enquanto a maioria caía duas vezes no mar, eu ‘caía’ duas nas fisioterapias diariamente. Com o problema da lombar resolvido, passei também por hérnia cervical no começo de 2009. Não acreditei no que aconteceu. Tudo começou na minha primeira vez de stand up paddle, com a má ideia de não colocar o handle (encaixe no meio do deck para facilitar o transporte), passando a transportá-la na cabeça por longas distâncias. A ‘pescocite’ aguda gritou e me deixou sem sono por dois meses. Logo pensei em cirurgia. Corre-corre mais uma vez aos médicos. Chego a receber em minha casa a visita de um vendedor representante de próteses discais de titânio. Quando o cara abre a maleta prateada, parecendo aquelas que os ‘didjêis’ usam, fiquei abismado com o montante de ferramentas. As próteses eram acinzentadas e, ao acompanhar atentamente as instruções do cara, já me imaginava um androide. Fui deitar e não consegui mais dormir, só pensava naquilo: “Caramba, será que eu vou colocar esse negócio mesmo dentro do meu cangote? E o preço do disco? R$ 24 mil já com o desconto! Danou-se!”. No dia seguinte, liguei para meu patrocinador e toquei a real, que iria ficar mais um tempo de molho. A resposta foi a chave da minha recuperação: “Fia, tenha seu tempo, não opera isso aí não. Tá maluco? Você já fez sua parte. Vai com calma que as físios vão resolver”. Tudo o que eu precisava escutar era aquilo. Relaxei e dei um gás nas fisioterapias. Depois de três, quatro meses, estava em uma trip com Peterson Rosa, Renan Rocha e Guilherme Herdy em Asu, Indonésia, para recompensar o tempo de molho. Depois desse episódio, aos 41 anos, aprendi a ter mais paciência nessas questões e analisar os casos antes de tomar qualquer decisão. Este texto é uma reprodução da coluna Espécie Fia, do site waves.com.br


Thiago Mascarenhas tem uma hérnia de disco, mas faz todas as suas as atividades normalmente, graças a uma rotina de exercícios

O melhor é não mudar o disco

Fotos: Fabriciano Júnior

Por Yordan Bosco

Tachadas como uma das epidemias deste século, as lesões na coluna vertebral vêm apavorando a humanidade. No Brasil, segundo dados do IBGE, são mais de 5 milhões de pessoas que sofrem com hérnia de disco. Entre os praticantes do surf, sejam atletas de final de semana ou profissionais, o castigo normalmente vem na região lombar. Conversamos com uma pá de gente sobre o assunto e descobrimos que nem tudo está perdido. Não só é possível prevenir ou curar as lesões degenerativas dos discos vertebrais, como também existe possibilidade de um convívio tranquilo com a patologia, sem que ela interfira na qualidade de vida O sociólogo Thiago Mascarenhas, 33 anos, tem uma rotina puxada para conciliar trabalho, família, surf e atividades físicas. Cai no mar quase todos os dias, treina capoeira de vez em quando e segue um roteiro de alongamentos e exercícios em casa, além de tratamentos fisioterapêuticos no Hospital Sarah Kubitschek, de Salvador. Mascarenhas tem uma hérnia de disco na vértebra lombar, mais precisamente na L5/S2 (a primeira da parte inferior da coluna, na região do cóccix). A patologia o fez sofrer de fortes dores durante muito tempo, porém, depois que começou a frequentar a Rede Sarah, há 5 anos, aprendeu a ter uma rígida disciplina de fortalecimento muscular e de elasticidade que o possibilitou voltar a praticar esportes sem dores e ter uma melhor qualidade de vida. O fortalecimento da musculatura do abdômen e da região lombar contribui

para que não haja dores e inflamações e faz com que a hérnia de disco não evolua. “No Sarah, após os seis meses de hidroterapia, fui para a ala de fisioterapia. Lá eles usam o conceito de Independência Funcional, ou seja, o indivíduo aprende a lidar com o seu problema. Aprende as técnicas de alongamento, RPG, pilates, entre outras, tudo sob orientação dos terapeutas”, explica. “Um fato curioso é que lá os terapeutas não tocam em você. Eles te ensinam e te acompanham durante meses, até que você se torne independente”, complementa o sociólogo. Problemas na coluna lombar são mais comuns aos praticantes de surf do que se imagina. As lesões, que vão de simples inflamações a hérnias de disco, não atingem apenas os surfistas

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Foto: Yordan Bosco

Doutor Maurício Gusmão explica que em 10% dos casos de hérnias discais há necessidade de cirurgia

de final de semana, mas também atletas profissionais. É o caso de um dos maiores ícones do surf brasileiro e ex-integrante da elite mundial Fábio Gouveia. Em 2005, ele conquistou o bicampeonato brasileiro com muitas dores na lombar provocadas por uma hérnia de disco e, no ano seguinte, sofreu uma intervenção cirúrgica (ver na coluna Fala do Mestre). Embora não existam estudos que apontem a quantidade de pessoas que sofram com contusões dessa natureza, no universo de cerca de 800 mil surfistas brasileiros é muito comum encontrar pessoas que já tenham deixado de cair no mar algumas vezes por causa de dores. Sobrecarga O ortopedista e especialista em cirurgia na coluna Maurício Gusmão explica que as posições do corpo e as constantes flexões e rotação vertebrais da região lombar durante a prática do esporte sobrecarregam os discos intervertebrais. “Mas isso não quer dizer que o surf seja inadequado, muito pelo contrário, é um esporte saudável e recomendável. Mas é preciso que as pessoas façam atividades extras para fortalecer a musculatura e evitar que problemas mais sérios aconteçam”, alerta o médico baiano. O médico catarinense especialista em quadril Marcos Contreras também alerta, em matéria publicada na revista Fluir, de setembro do ano passado, que a posição do tronco durante a

remada força a musculatura do pescoço e das costas, além da coluna vertebral, o que também pode causar dores crônicas e hérnia de disco. Além das dores localizadas na coluna, as hérnias e as protrusões (lesão no disco, preliminar à hérnia) lombares provocam a compressão do nervo ciático, responsável pelos movimentos dos membros inferiores e se localiza próximo aos discos. Por isso, as crises de coluna geralmente vêm acompanhadas de fortes dores nas coxas e nas panturrilhas, além de paralisação temporária em alguns movimentos das pernas e dos dedos dos pés. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5,4 milhões de brasileiros sofrem com hérnia de disco. Com média de três a quatro cirurgias realizadas por semana, o doutor Maurício Gusmão explica que 70% das ocorrências de hérnias de disco em seus pacientes acontecem na região da coluna lombar, 20% na coluna cervical e 10% na região torácica. Intervenção cirúrgica As contusões dessa natureza, a exemplo de estiramentos, protrusão e hérnias, têm afastado muitas pessoas das ondas e levado parte delas para as mesas de cirurgia. Doutor Maurício Gusmão explica que em apenas 10% dos pacientes que sofrem com hérnia de disco há necessidade de intervenção cirúrgica. “A cirurgia só é indicada para pacientes que têm sua qualidade de vida afetada com dores crônicas e que os tratamentos terapêuticos não apresentam nenhum resultado”, explica Gusmão. “O procedimento cirúrgico será de acordo com o estado do paciente e com a combatividade Fotos: Fernando Araújo

Há dois anos, Joca Alcântara passou por uma cirurgia, após longo período de fortes dores na região lombar


Fábio Gouveia conquistou o título nacional de 2005 sob as dores de uma hérnia de disco. No ano seguinte fez cirurgia e hoje surfa normalmente Foto: Divulgação / SuperSurf

do quadro radiográfico. Não há uma fórmula mágica para todos e eles devem ser individualizados”, complementa. De acordo com o cirurgião, há vários tipos de intervenção. Os que estão mais em evidência são os procedimentos minimamente invasivos, que são feitos por meio de pequenas incisões na região lombar, onde podem ser retiradas hérnias discais e, inclusive, colocação de suportes de titânio, a exemplo de parafusos entre as vértebras, se necessário. Vale ressaltar que esses procedimentos nem sempre podem ser realizados, depende da patologia do paciente. Nesses casos, acontece o procedimento convencional, através de cortes. Após sete anos de sofrimento com uma hérnia na coluna lombar, o surfista e diretor administrativo da empresa baiana Metta Comunicação, Joca Alcântara, 37 anos, não teve mais saída para as fortes crises na lombar e fez uma cirurgia minimamente invasiva. “A decisão de fazer a cirurgia foi um processo lento. Com muito medo, insisti em tentar escapar das dores através de medicamentos fortes, como Tramadol, corticoides e morfina”, explica Alcântara, que também é músico. O longboarder conta que seu quadro era lastimável. Sentia muita dor, só conseguia andar mancando, arrastando a perna esquerda. A situação o afastava do esporte e prejudicava no trabalho e nas relações sociais. “Decidi visitar dois grandes neurocirurgiões de Salvador e entender o que podia ser feito no centro cirúrgico”, explica. “De repente, tudo parecia fácil: a microdiscectomia seria feita em cerca de 40 minutos, não fixaria vértebra alguma e, mesmo com anestesia geral, prometia me levar para casa em menos de 24 horas, andando sem mancar. Assim, entrei na sala de cirurgia”. Passados dois anos da intervenção cirúrgica, Alcântara surfa normalmente, mas, segundo ele, a performance ainda não voltou a ser a mesma. “Sofri muito com

À esquerda, a estrutura nervosa da colona vertebral. À direita, uma hérnia fazendo compressão na raiz nervosa que passa rente aos discos

os meses mancando, restringindo movimentos. Não realizo as manobras da mesma forma, com a mesma linha. Ainda tenho alguma ‘memória de dor’, que também me coloca mais reservado em relação ao mar e às condições mais fortes, atrapalhando melhores desempenhos”, analisa. Maurício Gusmão explica que há muitos casos de pacientes seus que voltam a ter uma vida absolutamente normal, livre de qualquer tipo de dor na região da intervenção. Fábio Gouveia também atesta o sucesso de sua cirurgia. Mesmo tendo um problema na cervical posteriormente à intervenção na lombar (que não tiveram nenhuma relação), ele diz que continua surfando normalmente, “ao lado de duas sessões semanais de pilates, para sempre deixar os músculos do abdômen e lombar fortificados”.

Doenças que podem causar dores na coluna vertebral - Distensão muscular, tendão, ligamentos, fraturas e hérnias discais - Malformações congênitas - Postura viciosa, obesidade, encurtamento dos músculos posteriores das pernas - Fibromialgia, dor miofacial - Artrose e outras doenças degenerativas - Artrite reumatoide, artrite reumatoide juvenil, pelvespondilite anquilosante, artrite psoriática, Síndrome de Reiter, entre outras - Tuberculose e outras bactérias - Osteoporose e outras doenças metabólicas - Tumores benignos e malignos - Psicogênica: de ordem emocional.

Fatores de risco para a dor na coluna vertebral - Obesidade - Distúrbio mecânico/estrutural - Tensão emocional: ansiedade, depressão - Esforços excessivos - Má postura - Atividade profissional

Curiosidades - O custo total com dor lombar nos EUA excede US$ 100 bilhões por ano. Dois terços dos custos são indiretos, a exemplo de faltas e diminuição de produção no trabalho - 10% das pessoas apresentam hérnia de disco lombar sintomático durante a vida nos EUA - 200 mil cirurgias são realizadas por ano dos EUA - 5,4 milhões de brasileiros possuem hérnia de disco, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Foto: Reprodução


Lançado em maio e já disponível na rede, Leave a Message traz estrelas da nova geração do surf internacional Foto: Divulgação

‘Sexo frágil’ mostra força em Leave a Message

Fábio Tihara Jornalista, especializado em sons e vídeos

Os filmes de surf dedicados às meninas são poucos e não consigo me lembrar de ter visto um que tenha me marcado no passado. O surf sempre foi dominado pelos homens, assim como nas competições e o mercado surfwear. Mas o cenário está mudando e as mulheres estão invadindo o outside. Estão consumindo mais, estão surfando melhor e estão querendo o poder. Muitas barreiras já foram quebradas e os preconceitos dão lugar à admiração. Leave a Message, lançado em maio e disponibilizado na rede, ilustra muito bem o novo conceito do dito ‘sexo frágil’. Em pouco menos de meia hora de filme, procurei meu queixo no chão ao final e fiquei perplexo com a evolução do surf feminino. Admito certa ignorância de minha parte, pois já tinham me alertado sobre figuras como Coco Ho, Tyler Wright e Carissa Moore. A nova geração do surf feminino está vindo com manobras que até pouco tempo seriam impensáveis. No Brasil, Silvana Lima e Maya Gabeira provam que as mulheres podem ser radicais

e ter muita atitude. Uma pena as marcas e as entidades que organizam os campeonatos não enxergarem dessa maneira, pois nota-se uma disparidade na premiação oferecida. Enquanto Adriano de Souza ganhou US$ 100 mil na etapa do World Tour no Rio de Janeiro, a australiana Carissa Moore faturou módicos US$ 25 mil pelo mesmo primeiro lugar na etapa. Mas elas estão deixando sua mensagem e o futuro me parece promissor. Gosto de pensar que a evolução não está apenas no surf performance e sim em toda a sociedade, que aos poucos vai se dando conta de que a revolução está em curso. Vide as mulheres que comandam nações inteiras e estão à frente de grandes empresas. Tudo isso sem esquecer da casa e da própria vaidade. Não é preciso levantar nenhuma bandeira a favor do feminismo. Elas estão mostrando seu valor e os homens podem até não admitir, mas a verdade é que as mulheres não são mais as mesmas, elas querem mais e, nesse caso, querer é poder.


para assistir

para ouvir Mayer Hawthorne Impressions (Cover EP)

Leave a Message - ‘Girls Power’

One California Day ‘O estilo de vida californiano’

Para quem não conhece o branquelo com cara de nerd da capa de Impressions, apresse-se em descobrir, porque o burburinho em volta do rapaz não é à toa. Quem foi aos shows da turnê da saudosa Amy Winehouse aqui na terrinha ficou encantado com o suingue e a voz melódica do então desconhecido Mayer, que abriu para uma perdida e cansada Amy. Impressions tem apenas seis canções, todas poderosas e que tocam o coração.

Thievery Corporation - Culture of Fear

The Present ‘Orgulho de ser surfista’

redação) vidas na old) s mais ou (a s ê m at. Santig o ’t Win (fe n Podcast d a C I t a ame Th Play No G s - Don’t y o B ’ a ie rd st a Bea angu arda de v ‘Velha gu ion) y Alt Vers s (Blackjo d ir B e it o - Wh Blundett maçado’ fu n e b u ‘D rente inha de F nte’ Criolo - L o e elega n fi , iz ra e d a ‘Samb ool - Sacre C ontana? Young M ’ ir ar e part ‘Pra acord Red - Madder Yeasayer em tubos’ r sa n e go p ‘Só consi

A dupla Eric Hilton e Rob Garza encabeça o Thievery Corporation, conhecido por agregar músicos dos mais diversos estilos em seus belos discos. Culture of Fear é o sexto álbum de estúdio e traz a fórmula que consagrou o grupo. Levadas dub, pegadas jazzísticas, hip hop, reggae e grooves globais, como música indiana e bossa nova. Um dos preferidos da casa. Recomendadíssimo.

Frootful - Colours Frootful é uma banda com uma sonoridade antiga, um clima vintage de ritmos como jazz, soul, funk e influência latina. Idealizado pelo ilustrador e músico Nick Radford e produzido por Lack of Afro, o disco, chamado Colours, já é um dos grandes lançamentos de 2011. Ouça antes que o vintage se torne clichê.

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Fotos: Adriele dos Santos

Em mais um giro pelas lojas MAHALO, nossa equipe encontrou três personagens muito bacanas para esta edição. Josué Moreira Neto, o garoto Lucas Henrique e Marcos Rodrigues têm em comum a admiração pelas lojas e pela marca MAHALO.

ping dor Shop lvador do Salva O L A H LO do Sa A A M H a A n M – na reira Neto to pintou compaJosué Mo manal. A oreira Ne se M a é d su ri Jo fe con sermanal dar a sua as, ele ob V isita se or, para João Luc d r a o lv d a e S d n s , em uda da do ve Shopping uas berm d o auxílio u m e o lh c o e , as esc esposa as da loja peças, m nhado da o as roup algumas it u u to m n o e su rt a Jo é. perim . “Cu vou e ex da”, afirm Billabong o a m d a é n n o pre e um b estão sem MAHALO stilosas e e s, a it n o bo porque sã

mi g Iguate o Shoppin d O L A H rm in a a MA rique – n o st ra d e te n m e H s, o s a n c a Lu e 11 te m i n ri q u e , d in g Ig u a o Shopp Lucas He d m O e L v A jo H -O n d á li a MA D e c id id o d a s lo ja s e r u m a sa a lh o m u sc e a i ra o ou , pa e cedo. F ã , L e tí c ia o : “ Já e st ç ã o d e sd , e a ir m o d iz e n d g ia íc lo i tr a fo P ãe, d a n te ma Kencom a m o , o e st u LO com u id A id H c A e d M da ã. M u it o e d a ir m le já sa iu K e n n e r. a da mãe g o st o ” . E d e ju r a sa a u a té ado a is p e n so u a c o st u m s pés e d o n p ro T ner

mi ing Iguate ssim é do Shopp O L A s fiéis? A H A te n M e a li n c – s s aquele ssurado odrigue lojas e fi e - Sabe d s Marcos R a tu d n r e o v d ju ta ia p a ra a pping . Frequen u no Sho R e fe rê n c MAHALO to a in m p o c le e s tênis anos, odrigue mprar um á quatro o h c Marcos R O ra L a A p H A a, utos da M a da marc que chanos prod e bermud a marca a m is u m É a . c a upas ferid usando de. As ro a loja pre h tu n in Iguatemi, e v m ju é a ALO ncial para “A MAH . um refere da Edye. confesso r se r o p mirador o d ã a ç n o ss te a o on ma muita ”, elogia fortáveis n o c e s e são lev

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