Boletim do Kaos #2

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LANÇAMENTOS

AFR O-X AFRO-X Lança livro no Itaú Cultural Pág.09

PÁG.08 PIVETIM SOCIEDADE DO CÓDIGO DE BARRAS PÁG. 09 ONG QUE REPRESENTA PÁG.10 Foto: José Diniz

tudo de interresante antes que o mundo acabe!

MÁRCIO BATISTA

A PONTE

PÁG. 11 ELIANE BRUM GUIA PÁG. 12 MÚSICA TEXTO E BOLETIM PÁG. 14

Pág.04

Ele fala sobre Cidade de Deus, quadrinhos e seu sucesso na França.

Pág.06

Pág.10

Continua a luta por uma editora pública! PÁG.07 PÁG.14 É COM VOCÊS TORES! OCÊS,, ESCRI ESCRIT A LITERATURA FICOU DE FORA DA

LEI R OUANET? RO

LIMA BARRETO à CIRIACO PÁG.08

PÁG.15

Herman Hesse Grandes nomes da Litera-Rua



Salve amigos! Que repercussão incrível teve o primeiro número do Boletim do Kaos, um jornal que veio para ficar e informar a galera. A aceitação foi 100% positiva na nossa luta por estimular a literatura e mostrar tudo que acontece na cena da Litera-Rua. Para que isso se concretizasse, em abril, fomos para a fase prática do nosso projeto, colocar o Boletim nas ruas. Distribuímos em vários estados (entre eles RJ, BA e DF), mas em São Paulo nossa correria foi forte, promovemos 3 lançamentos, o primeiro na DGT Filmes, no Bexiga, depois na região central, na ONG Ação Educativa e por último no extremo da zona sul na Cooperifa, e assim fomos traficando conhecimento e informação. Para firmar nossos pontos de distribuição e divulgar a cena da literatura periférica caímos na estrada, fomos ao Sarau Elo da Corrente, em Pirituba, estivemos no evento Imagens Periféricas, no Jd. Peri, e na Favela do Sem Teto, viajamos até Brasília para o show do rapper GOG, e em São Paulo fomos à casa do Seu Jorge. Em Diadema e Campinas marcamos presença nas sedes do conhecimento de rua, a Casa do Hip-Hop. Acompanhando tudo o que aconteceu no mês de abril, estivemos em vários eventos

como a comemoração de dois anos do site Jornalirismo, e os dois anos do Sarau do RAP. No Capão Redondo presenciamos o lançamento do Estúdio 1 Da Sul. Em nossa luta pela literatura estivemos na Assembléia Legislativa de São Paulo para saber como anda o projeto de lei da editora pública. Passamos pela favela do Cannão, do eterno Sabotage, e trombamos com Almir Guineto e Thaíde, no Manos e Minas, que também, como todos os outros lugares, levaram alguns exemplares do Boletim do Kaos. A baixada Santista, o show do Dexter, e a peça do Marcelino Freire com Ferréz e Sérgio Vaz, prestigiamos e distribuímos o jornal além do recente lançamento do livro do rapper Afro-X, no Itaú Cultural. Via correio mandamos milhares de exemplares para militantes, líderes comunitários e personalidades espalhadas por alguns estados brasileiros, por meio da versão online hospedada no UOL chegamos a muitos outros lugares e ainda levamos um conteúdo extra com a entrevista na integra do ativista Carlos Moore. E o melhor, tudo isso é de graça, CATRACA LIVRE como diriam nossos parceiros. E a corrente só se fortalece com chegada do número 2 às ruas, nessa edição continuam os agradecimentos aos nossos fiéis parceiros que tornam esse projeto viável; Itaú Cultural, DGT (Toni, Falcão e Gag), 1 Da Sul (Ferréz e Mauricio), Ação Educativa, Site Catraca Livre, Gilberto Dimenstein, site Cultura hip hop e UOL.

Alexandre De Maio é editor de publicações de hip-hop pela editora Escala e Minuano, colaborador da Revista Raça e do site Catraca Livre, além de fazer história em quadrinhos alexandre.de.maio@hotmail.com

Alessandro Buzo, é autor de vários livros, blogueiro nato e apresentador do quadro “Buzão - Circular Periférico”, na TV Cultura alessandrobuzo@terra.com.br

A gente é ponte que atravessa qualquer rio. Boletim do Kaos um jornal sem fronteiras.

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Texto: Alessandro Buzo

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arcelino Freire é um escritor porreta, lançando pela Editora Record e com o livro “Contos Negreiros”, vencedor do “Prêmio Jabuti” (contos), o pernambucano não se fecha no circuito intelectual, prefere ser diferente. Tem um blog bastante conhecido (www.eraodito.blogspot.com) e anda com uns caras da literatura periférica, marginal, se diz sim, um deles. Assim é Marcelino, presente nos saraus das quebradas e sempre promovendo alguma atividade, seja a “Balada Literária”, peça de teatro ou outras mil e uma inquietações, vamos saber mais nessa entrevista exclusiva para o Boletim do Kaos, onde ele ainda fala sobre as polêmica na mudança da Lei Rouanet e sua obra mais recente "RASIF - Mar que Arrebenta". Nos fale de cada um de seus livros? MF: Êita danado! Vou ter de fazer um resumo aperreado. Assim: o primeiro, publicado por uma editora, foi o livro de contos "Angu de Sangue". Saiu pela Ateliê Editorial, no ano 2000. Lá, contos que retratam de alguma forma o meu choque-susto com a cidade de São Paulo. Eu, vindo do Recife, para cá. Antes, em 1998, vieram os aforismos desaforados do "eraOdito", que eu publiquei de forma independente. Uma recriação de alguns ditos populares. Anarquismos na língua, sei lá. Esse livro teve sua segunda edição lançada pela Ateliê, em 2002. Aí em 2003, foi a vez dos contos homoeróticos do "BaléRalé" (idem pela Ateliê). Em 2005, soltei o verbo com um livro "abolicionista", digamos [risos]. "Contos Negreiros", o primeiro pela Editora Record. Agora há pouco, em 2008, lancei os contos-cirandas do "RASIF - Mar que Arrebenta". Ufa! Acho que foi isso... Ah! Faltou falar do meu livro de contos "acRústico", esse que fiz por conta própria no ano de 1995. Toda vez que o encontro em um sebo, compro. Para esconder, para ninguém conhecer essa minha primeira obra. Uma merda! Desde quando você vive em São Paulo e por que optou por essa metrópole? MF: Eu vivo-sobrevivo-sobremorro em São Paulo desde 1991. Vim a convite de um amigo. Nem imaginava que eu fosse parar por aqui. Eu já estava cansado da beleza, da contemplação. Eu sou um cara que, se você me der um suco de maracujá, ficamos eu e o suco de maracujá ali, prostrados, vendo o pôr-do-sol, o pôr-da-lua, entende? Eu precisava de uma cidade que me acordasse. Sempre digo: Recife, Salvador, Natal são cidades que amanhecem. São Paulo acorda. Eu precisava dessa injeção, dessa poluição de ânimo que São Paulo nos dá. O que você tem a dizer sobre a Lei Rouanet não contemplar a literatura ? MF: É sempre assim: a literatura fica de fora. E a gente vai colocando a literatura para dentro, empurrando as portas. Somos mesmo fora-da-lei, desde muito tempo. O negócio é sacar as armas que temos. Lembro que, quando nos juntamos, no Movimento Literatura Urgente, fomos conseguindo algumas coisas: bolsas de criação, verbas outras... Mas, no fundo, no fundo, o escritor é bicho bundão. Acomodado, enfim, assado. Façamos a exceção, como temos feito, soltando o verbo. O pessoal da Lei Rouanet há de se arrepender. É hora, mais uma vez, de fechar o cerco, para valer. Aguardem só!

Miniconto, você fez um projeto desse formato via celular. Como foi a repercussão e por que miniconto? MF: Em 2004, eu criei e organizei para a Ateliê Editorial a antologia "Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século". Cem escritores escrevendo contos de até 50 letras. Eu falei "letras", hein? Não "palavras". Pois bem: depois disso, vários livros surgiram esmiuçando esse microgênero. E aí sempre me convidam para algum projeto quando o assunto é "microconto". O SESC, no ano passado, quis que eu fizesse a curadoria de um especial em que autores mandavam aos leitores microcontos pelo celular. Foi divertido. Falo sempre isto: onde a literatura puder estar, que ela esteja. Em todos os meios e orifícios.

“Façamos a exceção, como temos feito, soltando o verbo. O pessoal da Lei Rouanet há de se arrepender. É hora, mais uma vez, de fechar o cerco, para valer. Aguardem só!”

Você promove o evento "Balada Literária", fale mais sobre ele. MF: Eu não paro quieto. Bate um cansaço às vezes, um aperreio no juízo por causa de tanta coisa em que me meto. Uma vez ouvi o Sérgio Vaz falar que ele, até na hora de dormir, sonha com estripulias literárias. E quando acorda cai em campo. Ave nossa! Eu sou igualzinho. Com a "Balada Literária" foi assim. Eu queria muito organizar um evento que acontecesse no bairro boêmio da Vila Madalena, onde moro há dez anos. E aí eu junto, durante quatro dias, quase uma centena de escritores, nacionais e internacionais, em debates, festas, sambas. E é tudo gratuito. Enquanto alguns fazem eventos com um milhão, eu costumo dizer que faço com "humilhação". Vou pedindo apoio, socorro a vários escritores amigos. Sobretudo, tenho sempre o apoio da Livraria da Vila, da Biblioteca Alceu Amoroso Lima, da Mercearia São Pedro, o boteco em que encho a cara, etc. Você ganhou o Prêmio Jabuti por "Contos Negreiros", como vê a importância desse prêmio na sua carreira? MF:Acho que "editorialmente" é importante. Bom que tenham dado um “Jabuti” para um livro que


A peça com direção de Marcelino Freire e no palco com Sérgio Vaz e Ferréz lotou o Itaú Cultural e arrancou aplausos de pé da platéia.

“Acho que "editorialmente" é importante. Bom que tenham dado um Jabuti para um livro que não teve "rabo preso" para ser feito. Não nego a importância do prêmio, mas eu não posso me sentir um Jabuti, entende?”

Uma das gravuras do livro "RASIF" feita por MANU MALTEZ

não teve "rabo preso" para ser feito. Não nego a importância do prêmio, mas eu não posso me sentir um “Jabuti”, entende? Vejo muita gente que ganha o cágado e começa a arrotar grosso. Como pode? Eu tenho de lembrar que sou um escritor contemporâneo, desconhecido, num tempo em que pouco se lê. Num tempo em que temos internet, orkut, YouTube, etc. e tal. Vá eu achar que a luta está ganha e me acomodar à sombra da fama. Que fama? Continuo escrevendo e agitando e correndo trecho. Não vou ganhar a vagarosidade do jabuti. Ele que acorde para Jesus [risos]. Você levou o Ferréz e o Sérgio Vaz ao teatro, de onde vem essa inquietação cultural? MF: Então... É o que eu falo: escritor em redoma só serve para peidar. Eu não gosto desta coisa de me encastelar. Na hora de escrever, estou eu lá, sozinho, pulando os parágrafos com os meus demônios. Depois de um conto pronto, eu vou fazer o quê? Vou me engavetar? Não. A literatura pede essa atitude, essa inquietação, esse além-pós-livro. O meu mais recente projeto foi o "Autores em Cena", cuja segunda edição aconteceu agora em abril. Um diretor de teatro é convidado para dirigir um autor em vez de um ator. Convidei o Mário Pazini, do grupo Clariô, de Taboão da Serra, e ele dirigiu Ferréz e Sérgio Vaz. E o resultado foi impressionante: o teatro estava lotado até as cucurutas. O Ferréz e o Vaz mostraram, por exemplo, que têm um talento nato para a comédia. Hilário e inesquecível! "RASIF - Mar que Arrebenta", nos fale de seu mais recente livro? MF: Este é um livro-testamento. Falo de saudade, de línguas antigas, falo do Recife, de Sertânia, falo de um mundo à beira do colapso. Eu queria fazer um livro de final dos tempos. Que o leitor pegasse o "RASIF" nas mãos e o livro queimasse. O leitor pegasse o fim do mundo nas mãos, entende? Mas creio, no entanto e apesar de tudo, que esse meu livro de contos carrega uma certa esperança, uma certa "fraternidade". Há um conto

chamado "Júnior" em que um pai de família leva um travesti para tomar um café da manhã com ele, enquanto a mulher do cara dorme na parte de cima do sobrado. É um conto de tolerância, de poesia, de encontro de almas, sei lá. Vale explicar que "RASIF" é o nome do Recife em árabe. "Mar que Arrebenta" é o significado da palavra "Pernambuco" em tupi-guarani. Em resumo e traduzindo: esse livro se chama "Recife Pernambuco". Foi lá, neste não-lugar, que escolhi para habitar meus personagens. Você é muito próximo da cena literária da periferia, o que pode nos dizer sobre essa literatura feita às margens? MF: Eu sou muito próximo porque sou periférico idem. Porque gosto da palavra que é cantada-emboladaescrita na periferia. Porque me reconheço na raiva, na luta, na batalha... Porque me considero irmão da pulsação do Ferréz, Sacolinha, Sérgio Vaz, Buzo, Binho, Alan da Rosa... Porque temos a mesma vontade de soltar os cachorros do peito. Porque trabalhamos com o periférico do periférico - que é a literatura. Porque não nos acomodamos. Porque o Olimpo é sujo. Porque eu faço uma literatura que vem para desconcertar, desdizer... Porque acho que a literatura feita do outro lado (entenda-se nas academias e coisas outras) é boçal e chata. Porque toda vez que vou ao Sarau do Binho, ao Sarau da Cooperifa, e mais recentemente ao Sarau na Brasa, saio de lá fortalecido, irmanado. Sinto-me menos desacompanhado... Um livro. MF: O primeiro livro que li foi "Estrela da Vida Inteira", de Manuel Bandeira. Por causa dessa leitura eu quis ser escritor, quis ser doente, tuberculoso igual Bandeira. Outro livro importantíssimo para essa minha vontade foi o "São Bernardo", de Graciliano Ramos. Um autor. MF: Graciliano Ramos. Mas põe mais alguns nomes aí: Campos de Carvalho, João Antônio, Julio Cortázar... Um filme. MF: "Laranja Mecânica". Mudou a minha vida esse filme de Stanley Kubrick. Um filme brasileiro, põe aí: "O Pagador de Promessas", de Humberto Mauro.

Uma música. MF: "Asa Branca". Para lembrar, aqui, do meu pai e de Luiz Gonzaga. O que pensa sobre o hip hop? MF: Tudo o que eu queria ver, um dia. Um conto meu cantadoembolado-hip hopado. Acho fantástico, cordelizado esse movimento-atitude. Na veia, no sangue... O melhor e o pior lugar do mundo? MF: Dentro da gente fica este lugar, o melhor e o pior ali, convivendo... Como define sua literatura? MF: Teimosa. E ainda: vingativa. Eu escrevo porque eu quero me vingar. De um amor que foi embora, de um governo, de um país. Ah! E minha literatura, apesar disto, é bem-humorada. É tragicômica, digamos. Salve aos leitores do "Boletim do Kaos". MF: Adorei o nome: "Boletim do Kaos". Daqui, deixo o meu abraço. Só o amor constrói o Kaos. E vamos em frente. Que atrás não vem ninguém. Parabéns aí à rapaziada.




Por: Alessandro Buzo Fotos: Marilda Borges

omos até Brasília (DF), no dia 28 de março, acompanhar um show da série de lançamentos do primeiro DVD do Poeta de Brasília. São mais de 20 anos de carreira e 10 discos gravados. Isso trouxe ao GOG uma legião de fãs em todo o Brasil. Lembro que uma vez de passagem por Brasília demos um super rolê pela cidade, passando pela famosa Ponte JK, que ele denúncia/canta com Lenine e que custou mais de 170 milhões de reais. Passamos também por sua casa, onde conheci sua família. www.marildafoto.blogger.com.br

Nesse dia, ele me disse “O diferencial da minha carreira e ter viajado pelo Brasil, conhecido vários estados, e não ficar preso a uma só realidade.” Captei a mensagem e coloquei isso como meta pra mim. Viajar pelo Brasil e espalhar a Litera-Rua, a minha mensagem. Assim já conheci 9 estados além de SP. Mas voltemos ao GOG e nossa ida atual a convite dele. GOG é uma exceção. É difícil um artista que tenha tantos shows agendados assim, mas ele e sua equipe que conta com vários profissionais pensam em todos os detalhes até a hora de subir ao palco onde tudo isso é corado com o som da banda MPB Black.

ao camarim, por exemplo, onde podia se encontrar agua, suco, lanche, frutas e nenhum tipo de bebida alcoólica, muito menos droga. “Não dá pra ter bebida, como vou falar de algo, dar ideia pro público, pro nosso povo, se eu e minha banda estivéssemos bebendo no camarim? Isso não cabe aqui.” Revela. O autor do clássico “Brasil com P” mantém um site bastante atualizado (www.gograpnacional.com.br) onde além de disponibilizar agenda, fotos e outras informações, faz venda de seus produtos (CD’s, DVD’s e camisetas), tudo acompanhado de perto por ele. Há anos mantém o Selo “Só Balanço” a primeira gravadora independente do rap brasileiro, outro pioneirismo, e ele também mantém sua loja no centro de Brasília, um dos novos pontos de distribuição do nosso jornal. Sua última passagem por São Paulo foi em março passado, no show do rapper Dexter, onde atuou com grande destaque, falando muito bem sobre a situação atual, em que muitos dizem que o rap acabou “Pois é, tem louco que acredita nisso. Vou convidar pra colar num dos “Favela Toma Conta” pra terem uma noção real do baguio”. Falou durante a apresentação se referindo ao evento realizado por mim, no Itaim Paulista. Além de Lenine (na música da ponte JK), em seu último CD GOG teve grandes participações como Maria Rita e Paulo Diniz. Mostrando que sua musicalidade vai além da periferia, além do RAP, com isso seu dom de compositor só vem ganhando respeito e admiração dos grandes nomes da música brasileira. Abaixo um bate bola com o GOG, exclusivo para o Boletim do Kaos. Confira. BK: GOG, de onde vem o “Poeta do RAP”?

Mano, que celebração! O show foi histórico pra mim, pra a Marilda e pra todo mundo que estava lá no Samambaia, na casa Sama Park Show, no coração da periferia do Distrito Federal. Pois é, descobri que Brasília é muito mais que o Plano Piloto, Congresso Nacional, Esplanada dos Ministérios.

GOG: Foi o Macari, grande produtor nacional, que me batizou. Eu até gosto, mas é muita responsabilidade, ainda mais hoje, com a literatura trazendo tanta poesia de qualidade.

Outra coisa que chamou a atenção é que em cada um dos shows ele trouxe convidados, como Gerson King Combo, Lady Zú, e outros, e não só músicos, trouxe também convidados da imprensa alternativa, como o Site Portal Rap Nacional que transmitiu o show “ao vivo” pela internet e agora levou nossa equipe.

GOG: É um trabalho independente, gravado em Brasília, com produção local, que contou com grandes participações e que eu tenho muito orgulho de ter lançado. A repercussão está sendo ótima e muita coisa está acontecendo.

Mas ineditismo pouco é bobagem. GOG acaba de ser “convocado” pelo Ministro da Cultura, Juca Ferreira, para ocupar uma cadeira no Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC, que discute toda a elaboração, recursos e aplicação das políticas públicas na área da cultura brasileira. Um grande orgulho para a periferia, para o Rap e para a Literatura Marginal. O Poeta do RAP é um dos 3 contratados por “notório saber” para orientar o Governo Federal em sua atuação, aumentando assim o respeito, e é claro, a atuação do nosso movimento nas políticas culturais. GOG é mesmo um “Diferente” como diria o Preto Ghóez em seu livro “Sociedade do Código de Barras”, além de seguir por toda sua carreira musical com o estilo “A Rima Denuncia”, é esse justamente o título de seu primeiro livro, que transcreve várias de suas músicas e será lançado em breve pela Global Editora dentro da Coleção Literatura Periférica. Mas GOG não é um estreiante na Litera-Rua, ele já participou da coletânea: Pelas Periferias do Brasil (Org. Buzo em 2007) e no VOL II (em 2008) teve sua música “O Amor Venceu a Guerra” quadrinizada pelo artista Alexandre de Maio. Mas o rapper sempre esteve próximo da cena literária, e quando vem a São Paulo é presença certa no Sarau da Cooperifa, para dar um abraço no “Cachorro Sérgio Vaz” e assim se manter junto dos poetas e escritores. Durante o show que acompanhamos, pude ver que GOG anda muito entre familia, sua esposa participa ativamente de tudo, seu filho engrossa a turma dos fãs e isso se estende

BK: Nos fale do seu primeiro DVD, Cartão Postal Bomba!

BK: E essa nova fase, trabalhando no Ministério da Cultura, o que muda? GOG: Sou um dos Conselheiros do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC). Fui convidado pelo Ministro Juca Ferreira, não é um cargo político partidário, mas sim uma representatividade da Sociedade Civil e não é remunerado. Ele me convidou pela minha atuação dentro das comunidades, pela proximidade que tenho com o MinC, seja discutindo projetos, prêmios ou fazendo avaliações. Se fosse um cargo político a única possibilidade de eu aceitar seria se fosse por um apelo da população. Através da CPI da Favela. Como citei não é político partidário, embora tenha um caráter de apoio ao que vem sendo desenvolvido pelo Governo Federal no que diz respeito à cultura.. Boletim do Kaos. GOG: Eu só tenho a agradecer e parabenizar pelo lançamento de mais um meio de comunicação democrático no nosso cenário. Aos parceiros e parceiras... É só chegar!


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Por: Alexandre De Maio Fotos: Marilda Borges

Pela derrubada ao veto do governador! Na segunda metade do mês de abril fomos até a Assembléia Legislativa com duas missões, divulgar o lançamento do jornal Boletim do Kaos mostrando que a literatura marginal, de periferia é um movimento organizado e que tem um veículo de comunicação que dá voz as suas questões. A outra era entrevistar o Deputado Estadual Prof. Carlos Gianazzi, do PSOL, sobre o projeto de lei que cria uma editora pública para viabilizar a produção cultural de quem não conta com o poder econômico. O jornal foi deixado na Assembléia Legislativa, que se tornou mais um ponto de distribuição, e a TV Câmara pontuou o surgimento da publicação. Sobre o projeto de lei que visa criar um editora pública, Gianazzi esclareceu que o projeto teve todas as etapas cumpridas e foi aprovado em Assembléia, “Nós formulamos um projeto junto com o movimento organizado, junto com o pessoal da Cooperifa e do hip hop. Tem muita gente produzindo literatura de alta qualidade, mas não tem espaço nas grandes editoras e não tem condições financeiras de viabilizar sua obras literárias. O objetivo dessa editora é favorecer esse segmento cultural muito forte e muito importante que está crescendo em todo o estado e em todo o país. O projeto já foi aprovado na Assembléia Legislativa, já foi aprovado em toda as comissões, foi aprovado no plenário, porém o governador José Serra o vetou. Então,

o próximo passo é que o projeto volte à Assembléia Legislativa e nós temos que colocálo numa outra votação de derrubada de veto. Nós vamos derrubar o veto dele. Aí vira lei independente da vontade do governador”, finaliza o Deputado criador do projeto. Serra usou o argumento de que não poderia existir uma editora só para periferia, mas Gianazzi rebate “Os outros segmentos já são favorecido

pelo poder econômico. Tem lei de incentivo à cultura, tem programas, mas esses programas são viciados. Eles só favorecem os pequenos grupos, as pessoas que produzem individualmente, são leis que acabam financiando sempre os mesmos, os grandes grupos, os grandes escritores. Queremos canalizar o recurso público para a cultura popular, a cultura que está em toda cidade”. Para que esse projeto vire lei também depende da pressão popular “Quando

tiver a próxima votação vamos chamar todos os poetas, escritores, o pessoal do hip hop, o pessoal que está produzindo”, convoca o Deputado. Essa nova sessão ainda não tem data certa, mas com certeza se cada um cobrar seu representante podemos conquistar muitas coisas. O estado tem a obrigação de viabilizar a produção de cultura, porque esse é um direito que está na Constituição. E para que isso aconteça a sociedade precisa se organizar e agir. Uma das formas de pressionar os 94 deputados é ligando ou mandando e-mails para os parlamentares cobrando a atitude dos seus representantes. (www.al.sp.gov.br)




Por Alessandro Buzo Foto: Alexandre De Maio

escritor Hermann Hesse nasceu em Calw (Alemanha), em 2 de julho de 1877. Nascido no seio de uma família religiosa, filho de pais missionários protestantes (pietistas, como é típico da Suábia) que tinham pregado o cristianismo na Índia. Estudou no seminário de Maulbronn, mas não seguiu a carreira de pastor como era a vontade de seus pais. Tendo recusado a religião, ainda adolescente, rompeu com a família e emigrou para a Suíça, em 1912, trabalhando como livreiro e operário. Acumula então, sólida cultura autodidata e resolve dedicar-se à literatura. Travou contato com a espiritualidade oriental a partir de uma viagem à Índia em 1911, e com a psicanálise por meio de um discípulo de Carl Gustav Jung, em decorrência de uma crise emocional causada pela eclosão da Primeira Guerra Mundial. Posteriormente estas duas influências seriam decisivas para o desenvolvimento da obra de Hesse. Procurou construir sua própria filosofia, a partir de sua revolta pessoal (Peter Camenzind, 1904) e de sua interpretação pessoal das correntes filosóficas do Oriente (Sidarta), e em especial em “O Lobo da Estepe” (1927), que é também uma crítica contra o militarismo e o revanchismo vigente na sua terra natal depois da Primeira Guerra Mundial. Esta postura corajosa o fez bastante popular na Alemanha do pósguerra, depois da desnazificação. Em 1946, ganhou o Prêmio Goethe e, passados alguns meses, o Prêmio Nobel de Literatura. Os livros de Hesse são facilmente encontrados em sebos, e tem o preço bem em conta, destaque para Demian e Sidarta que são os mais conhecidos, mas embaixo eu coloco uma bibliografia completa, menos o primeiro de poesia que é totalmente impossível de se achar. Curiosidade: um dos únicos autógrafos no mundo, que Hesse deu durante a entrega do prêmio Nobel encontra-se na periferia da Zona Sul de São Paulo. A bibliografia completa do escritor você encontra no blog do escritor Ferréz. Ficou curioso? Boa leitura.

FERREZ.BLOGSPOT.COM

árcio Batista, 43 anos, professor de educação física e poeta. Morador da periferia sul de São Paulo, poeta ministra aulas em duas escolas da rede pública. Mas, desde 2000, quando fez parte da concepção do Sarau da Cooperifa, sua vida mudou. Amigo de infância de Sérgio Vaz, o professor se tornou poeta e passou a ser um dos braços fortes da Cooperativa Cultural da Periferia. Sempre presente, Márcio é um de seus alicerces, foi lá que seu lado poeta fluiu de vez, antes escrevia pra ele mesmo, agora declama para cerca de 300 a 400 pessoas que invadem toda as quartas-feiras o Bar do Zé Batidão. Essas poesias que declama, foram reunidas em seu livro de estréia “Meninos do Brasil” (Independente – 88 páginas), na orelha do livro ele revela “Minha poesia nasce por influência dos 30 anos de amizade com Sérgio Vaz – nas suas palavras: “Consciência e Atitude”. Foi assim que o poeta de rimas precisas não parou mais, no filme “Povo Lindo, Povo Inteligente”, de Maurício Falcão e Sérgio Gagliardi, ele diz que a cada quarta-feira faz uma preparação física e mental para a noite ajudar a cuidar do movimento do qual acredita e vive. Antes de seu livro, participou da coletânea literária “Rastilho de Pólvora” (2004) e do CD de poesias “Sarau da Cooperifa” (2005). Como professor Márcio é bem atuante “Ser professor na periferia de São Paulo é interferir na comunidade, deixar registrado na vida de cada criança a sua imagem, sua ideia, é somar calor dos dias de verão e derreter o gelo no inverno, é curtir todo tesão da adolescência, depois quem sabe um dia encontrar com eles e ver na bolinha do olho ele te dizer: valeu professor”, espera Márcio. Com certeza, depois do seu contato com a poesia o professor se viu poeta “Para mim a poesia está na veia, pulsa o dia todo, alimenta as idéias e se alimenta delas, irriga a alma, sangra. A vida não tem graça se não tem poesia” revela uma das atrações fixa da Cooperifa, “A Cooperifa é a comunhão

das artes e das ideias na comunidade, um caldeirão em plena ebulição, a inovação da cultura popular, é ventania movimentando as pessoas, a cidade, fazendo valer ser da quebrada, estar distante do centro, mas existir e resistir , pra tornar o seu pedaço de chão num mundo melhor”. Com sua simplicidade e sua poesia profunda Márcio fala sobre o Boletim do Kaos “Alessandro Buzo e Alexandre de Maio, o Boletim do Kaos era a parada que faltava, agora é mão e contramão, ideias vão, ideias vêm, sem breque, sem censura, sem limites, já é notícia no Brasil, valeu demais”. Para quem não conhece, aqui vai um trecho da sua obra:

/Quem me nega palavra, nego. /Não terá outra chance de ega. /Vou zumbir palavras pelo mundo de versos negros todo mundo falará.


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A SOCIEDADE DO CÓDIGO DE BARRAS O MUNDO DOS MESMOS (300 PÁGS) O livro de estreia, de Preto Ghóez, saiu pela Editora Estação Hip Hop. A obra era o primeiro volume de uma trilogia, mais um fatídico acidente de carro vitimou o autor que era um dos maiores militantes do hip hop brasileiro, integrante do grupo de rap "ClãNordestino", de São Luiz do Maranhão, e idealizador do Movimento Hip Hop Organizado Brasileiro (MHHOB). Seu livro impressiona, ele descreve uma sociedade, muito parecida com nossa, onde num futuro próximo, os “Diferentes” planejam uma revolução e se vêem numa guerra política sem precedentes contra “Os Mesmos”. Infelizmente não deu tempo do autor preparar os outros dois livros da trilogia, que seriam "Transeuntes" e "Os Diferentes". Ghóez nasceu 1971, sua luta e sua palavra chegou a ser ouvida em países como França, Espanha e Itália, além de vários estados brasileiros, mas a sua obra o eternizou. Nela Ghóez mostra como vivemos na Sociedade do Códigos de Barras, e fica a pergunta você é um Transeunte, um Diferente ou continua sendo um d’Os Mesmos?

PIVETIM A publicação de Délcio Teobaldo é um romance de estréia do autor, lançado pela Editora SM (176 páginas), já saiu premiado, em 2008 (antes mesmo do seu lançamento em Maio/2009) faturou o Prêmio Barco a Vapor. Pivetim é uma ficção sobre o universo das ruas, mas bem que podia ser realidade, o autor fez pesquisa em 3 capitais do país, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além da Bolívia. Talvez por isso tanto realismo, existem milhares de "Pivetim" espalhados pelas grandes cidades, não podemos fechar os olhos para essa verdade.

EX-157 A HISTÓRIA QUE MÍDIA DESCONHECE Conhecido pelo sucesso que seu grupo fez ainda cumprindo pena na Penitenciária do Carandiru, e o seu casamento com a famosa cantora Simony, o rapper AfroX investe na literatura e dá o passo definitivo à sua reabilitação. Em sua primeira incursão pelos livros, Cristian conta sua trajetória, desde sua entrada para mundo do crime, sua passagem pelo sistema penitenciário até seu casamento, sucesso e o fim do grupo. O livro foi lançado no Itaú Cultural no mesmo dia em que se comemorava o dia internacional do livro e o fim da sua pena de 14 anos de condenação. A mesa de debate contava com o jornalista do Estadão, Bruno Paes Manso, a jornalista e advogada Diva Ferreira e o promotor Ariel de Castro Alves, advogado membro do movimento nacional dos Direitos humanos e presidente da Fundação Criança, em São Bernardo, todos falando sobre os motivos que levam os jovens a violência. Por lá também estavam seus filhos, seus familiares, e pessoas do movimento hip hop. O prefácio do livro é assinado pelo jornalista Caco Barcellos. Além do livro, Afro-X também cantou musica do seu álbum solo que deve vir em breve. O livro é daqueles que você não quer parar de ler, a veracidade das palavras de quem só viveu a situação pode ter, é o grande atrativo. Cristian de Souza Augusto mostra no relato em primeira pessoa, que ao contrário de todas as estatísticas, aprendeu que o crime não constrói mostra que o ser humano pode se recuperar, só precisa de uma chance.




Ele morou na rua, venceu por meio da música e do cinema, e conquistou o mundo. Na entrevista a seguir Seu Jorge fala sobre Cidade de Deus, quadrinhos e seu sucesso na França. Texto: Alexandre De Maio - Entrevista: Alessandro Buzo e Alexandre De Maio

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Sua história é de sobrevivência e superação, talvez seja esse o ingrediente que junto com seu talento o torne hoje uma das vozes mais fortes, tanto no cinema quanto na música e com fãs por todo o mundo. Seu Jorge morou durante 7 anos na rua depois de fugir de uma chacina que vitimou seu irmão, “Morei um tempo bastante longo. De 90 até 97 e foi até a fundação do Farofa (Farofa Carioca sua primeira banda). Eu perdi meu irmão numa chacina na comunidade onde eu morava, em Belford Roxo, morreu muita gente inocente, trabalhador, aquele negócio que a gente que é de quebrada conhece. Aí eu não tinha clima pra viver ali, passando todo dia na frente do bar onde meu irmão morreu, o garoto que foi comprar pão de tarde e foi surpreendido por um monte de homens armados”, relembra com tristeza. Mas com o grupo Farofa Carioca, Seu Jorge conseguiu visibilidade e começou sua carreira na música, “A gente não tinha experiência, mas a gente intuía que era um grupo que podia crescer bastante. Porém, as necessidades eram muito maiores do que a paciência” e depois do primeiro disco o grupo se desfez e Seu Jorge se lançou em carreira solo. Apesar de conquistar algum sucesso no Brasil, foi na França que o músico conseguiu grande destaque. Seu sucesso foi embalado pelo seu personagem Mané Galinha, em Cidade de Deus, Seu Jorge que mantém uma carreira paralela promissora no cinema passando na mão de grande diretores, recentemente acabou de filmar um longa chamado “Casa de Areia”, “Quando você faz um filme, na hora de editar vira um outra história. No filme “Casa de Areia” teve cenas que não se enquadravam, que deixaram de existir, pois não faziam mais sentido na história. No caso de Cidade de Deus acho o que o Fernando Meirelles, gênio, craque do futebol arte, foi genial deixando um jovem editor, que inclusive sentou na cadeira do Oscar concorrendo. É notável que tem proposta estética, mas o grande sucesso do filme é pelo seu ponto de vista. A moral da história, não é do personagem Mané Galinha, ou de outro, mas sim a história da própria Cidade de Deus. Tudo acontece pra dizer que um cara que quer ser do bem, quer ser fotógrafo, em toda sua vida, todo mundo que ele conhecia sucumbiu e só ele resistiu” Voltando à história da França, Seu Jorge aproveitou o sucesso no cinema e a convite do dono do restaurante Favela Chic, em 2000 foi pela primeira vez ao país. O restaurante de uma porta só no centro da França começou a bombar e seu dono, que também é DJ começou a fazer festas bem maiores. Entre umas apresentações e outras Seu Jorge ficava cada vez mais conhecido na Europa “Eu reconheço que tive mais mercado na França durante um período, do que aqui.”

Na volta das primeiras apresentações na França Seu Jorge foi para Los Angeles no estúdio do produtor Mario Caldato e fez uma demo com 3 músicas, mas já no Brasil não encontrou nenhuma gravadora que se interessasse pelo seu trabalho solo. A única que se interessou e começou a produzir o disco faliu antes do seu lançamento deixando o carioca, literalmente, na mão com a Tape do disco Samba Esporte Fino. Diante das dificuldades, Seu Jorge aceitou a proposta do seu amigo francês que achava que ele poderia fazer um disco “...mais Cult, menos popular, menos brasileiro, mais universal, olhando o Brasil pela França. Olhando a expectativa que público Francês tem da música brasileira. Um disco mais minimalista só voz e violão, eu resolvi aceitar e fiz. Aí veio o disco porra! Não é que o cara sabia da coisa? Juntando o sucesso do disco que chegou a vender mais de 80 mil cópias, um famoso cantor da França chamado Mathieu Chedid, famosérrimo, patrimônio da França, me chamou para abrir seus shows, sempre para 30, 40 mil pessoas. Ele fazia uma apresentação minha e na época todo mundo tinha visto Cidade de Deus, foi uma comoção e meu disco vendeu muito”, relembra. Mas depois do sucesso fora do país Seu Jorge voltou para morar em São Paulo, preparou um disco para o Brasil, outro para o exterior e confessa que as influências do Farofa Carioca voltaram nesse trabalho, onde a música “Burguesinha” já é sucesso nacional, “O Farofa deixou influências nesse trabalho, América Brasil, que é um disco que fiz quando voltei do exterior para o Brasil. Para buscar tocar aqui, se comunicar melhor com público daqui. Eu tava fazendo música mais pra fora do que aqui pra dentro e eu pensei, isso não está certo.” ALEXANDRE: QUAL É O MELHOR O PIOR DA FRANÇA? O pior é esse momento de falta de emprego, falta tolerância, falta de atitude de liderança no mundo. E o melhor da França é seu interesse pela cultura, parece que é o povo que entende primeiro as coisas, depois os outros vão entender. Se você realmente tem valor, pro Francês não importa se é branco ou se é preto. BUZO: QUAL É O MELHOR E PIOR DO RIO DE JANEIRO? O melhor e sua topografia, a descontração do povo do subúrbio, a garra e o humor do carioca, que é refinado. E a pior coisa é o apartheid social, a indiferença que existe no mesmo lugar e o protecionismo de uma corporação muito forte que é TV Globo imprimindo um padrão e o Rio de janeiro acaba se tornando um cidade Projaquiana, sem falar mal da globo, porque não tem nada a ver, mais é uma instituição muito forte no nosso pais. E eles imprimem um padrão de sucesso que o estado inteiro não tem condição de acompanhar. Mas eu estou longe do Rio há muito tempo, eu nasci e reconheço que é muito difícil crescer e ascender em alguma coisa, por isso escolhi São Paulo para crescer.

Por Alessandro Buzo

Ação Educativa representa. A Ong Ação Educativa, estabelecida em São Paulo, na região central (Rua General Jardim, 660) é uma ONG que representa. Apóia várias atividades e projetos, promove outros, além de todo mês colocar nas ruas 10 mil exemplares da “Agenda da Periferia”, que há mais de um ano tirou os eventos das quebradas (samba, hip hop, literatura) do anonimato e passou a divulgálos, dando maior visibilidade. A Ação Educativa é muito mais do que isso, nas suas dependências vários autores periféricos

lançaram seus livros, alguns com apoio financeiro da ONG, como a coleção “Pelas Periferias do Brasil”, que eu coordeno, assim como o evento “Suburbano no Centro”, onde fazemos em parceria, tem o “Sarau do Rap”, que é feito pelo poeta Sérgio Vaz e muito mais, fique ligado. A ONG está comemorando 15 anos, em 2009. A Agenda da Periferia completa dois anos agora em maio. www.acaoeducativa.org www.agendadaperiferia.org.br


Fazer a ponte é fazer a ligação entre diferentes culturas

ALEXANDRE: VOCÊ DISSE QUE LIA MUITO QUADRINHOS? Eu li muitos quadrinhos, mas na época não era consi-derado uma literatura de qualidade. E acredito que isso seja um preconceito. Até porque você traz quadrinhos (1.000 Fita) que são completamente informativos, mos-tram o estilo do gueto. ALEXANDRE: QUAIS ERAM SEUS PREFERIDOS? X-Men, eu gostava do HomemAranha pelo seu humor e o Hulk por entrar na pilha. Era engraçadíssimo. Mas o que eu nunca esqueci foi Saga Guerras Secretas onde levavam todos para um Planeta Neutro, onde morreu até herói nessa parada. ALEXANDRE: RECENTEMENTE MATARAM O CAPITÃO AMÉRICA... Mais já tava na hora, né? Outro personagem que eu amo é o Namor, o cara tem 400 anos e luta pra defender o mar, ele antevia esse problema de hoje. ALEXANDRE: VOCÊ FEZ CINEMA, MÚSICA, LEU QUADRINHOS, JÁ PENSOU EM ESCREVER UM ROTEIRO, UM TEXTO, UM LIVRO? Eu estou escrevendo uma biografia de uma mulher que eu inventei (risos). Eu inventei um mulher, mas é uma personagem que canta tem um disco e tem uma história muito difícil, ainda ta só na cabeça. ALEXANDRE: QUAL O MELHOR FILME NACIONAL QUE VOCÊ VIU NOS ÚLTIMOS TEMPOS? Ópaió que tem um fim muito legal, é muito interessante. Aquela mulher que é evangélica e recorre aos santos. O sincretismo. O Tropa de Elite tem grandes atores e sobre tudo o Wagner Moura e a comédia da corrupção policial, aquela corrupção pequena. Aquilo é pra rir muito e chorar também, porque é nossa grana que vai. BUZO: HOJE VOCÊ ESTÁ EM VÁRIOS FILMES, COMO É ALCANÇAR ESSE STATUS DE GRANDE ATOR ALÉM DE SER UM GRANDE MÚSICO? Eu não sei se tenho esse status de grande ator, mas fico muito feliz de ser convidado. Eu posso morrer, mas Cidade de Deus vai ficar pra sempre. Eu acho um privilegio ter participado disso, independe de meu trabalho ter sido bom. Cidade de Deus também fala de coisa que eu queria falar e talvez nunca tivesse a oportunidade. Ele foi um filme que me captalizou para fazer outros filmes, depois com Bill Murray, Keith Branch, entre muitos outros grande nomes do cinema.

BUZO: QUAL O GRANDE PROJETO PARA 2009? É o DVD com documentário sobre o trabalhador brasileiro. ALEXANDRE: VOCÊ FALOU QUE ESCOLHEU SÃO PAULO PRA CRESCER, O QUE VOCÊ GOSTA NA CIDADE? Eu gosto do foco que a cidade tem, aqui tem o trânsito absurdo, mas todo mundo tem que saber que muita coisa rola graças à São Paulo, eu acredito que a capital do Brasil tinha que ser aqui. O melhor de São Paulo é o paulistano, a quebrada aqui é diferente, eu não vivo na quebrada, mas aqui na quebrada não tem funk falando da pélvis, da bunda, para criança de 3 anos. ALEXANDRE: PIOR QUE JÁ ESTÁ TENDO AQUI TAMBÉM... Espero que as quebradas resistam... ALEXANDRE: FALANDO EM QUEBRADA, O QUE VOCÊ GOSTA NO RAP NACIONAL? RECENTEMENTE UMA MÚSICA UA COM O MANO BROWN VAZOU NA INTERNET.

O Brasil presente no cinema e literatura de África e Portugal Por Juliana Penha - Correspondente de Lisboa Diversas produções brasileiras, seja na música, cinema ou literatura, são utilizadas como referência em Portugal e em África. O Festival de Cinema Africano “African Screens - Novos Cinemas de África”, organizado pela Africa.Cont durante quatro finais de semana, mostrou o que vem sendo produzido no cinema africano contemporâneo. Filmes de Guiné Bissau, Guiné Konakry, Angola, Cabo Verde, República Democrática do Congo, Camarões, Senegal, Marrocos, Gana, Mauritânia, Chade, além do fenômeno cinematográfico que ocorre na Nigéria com a indústria Noolywood, que apresenta o fortalecimento um cinema africano feito por africanos e também filmes do Brasil. O filme “O Leão das Sete Cabeças”, de um dos mais respeitados cineastas brasileiros, Glauber Rocha, foi exibido na seção “Cinema Africano, Pós-Colonialismo e Estratégias Estéticas de Representação” e “Macunaíma” de Joaquim Pedro de Andrade, na seção “Negritude”. Na 6ª edição do Indie Lisboa, Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa, dois documentários brasileiros fizeram parte da programação. “O homem que engarrafava nuvens” de Lírio Ferreira, um documentário que conta a história do baião e do criador da lei de direito de autor no Brasil, Humberto Teixeira, companheiro de estrada de Luíz Gonzaga fez parte da seção “Indie Music” de filmes ligados a temáticas musicais. E o filme de Kleber Mendonça Filho, “Crítico”, que integrou a seção “Director´s Cut” do festival onde o diretor mostra sua pesquisa com 70 críticos e realizadores do Brasil, EUA e Europa, que falam sobre a crítica de cinema. Ficou de fora do festival um documentário sobre o funk carioca “Favela On Blast”, de Leandro HBL e Wesley Pentz, que mostra a essência do funk carioca, os morros do Rio de Janeiro e seus principais protagonistas são entrevistados, entre eles Mr. Catra, DJ Malboro, MC Gallo, MC Preto, Deyse Tigrona.

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Pra mim o Brown é o topo da cadeia alimentar. Cobram muito dele. Acho que a galera podia aliviar, ele já mostrou o compromisso. O

rap no Brasil, na figura do Mano Brown, que todos amam, é hoje o Brasil inteligente, o Brasil eloquente, o Brasil dos senhores da sociedade dominante, que informa, que imprime o padrão. É claro que essa sociedade tem um respeito absurdo pelo Brown e pelo poeta que ele é. Eles entendem que o Brown é um ator vestindo aquele personagem, ele não é aquilo que ele canta, ele é uma pessoa que sorri, ele é uma pessoa que acredita na vida, que tem um ponto de vista bacana pra vida, acho que a única coisa que o Brown insiste e vai morrer insistindo, é que tenha mais recursos pro povo preto, que tenha mais recursos pro povo da quebrada, que tenha mais coisas lá, e que lá seja legal também. Não que seja só legal no Jardins ou no Morumbi. Ele não está interessado em colar no Jardins, mas o Jardins hoje o admira, o respeita, ele entende a dialética e fica doido pra viabilizar.

Esse ano o Brasil é o país “convidado de honra” na 79ª Feira do Livro de Lisboa e conta com uma praça para suas ações de divulgação, administrado pelo Ministério da Cultura. Estão presentes o escritor Marcelino Freire, o poeta Carlos Nejar e o jornalista Laurentino Gomes. A feira acontece até o dia 17 de maio. Para quem quer conhecer um pouco da diversidade cultural que existe em Portugal, principalmente em Lisboa, mas que os veículos de comunicação oficiais não mostram, pode ouvir no programa Migrasons, da rádio Zero, uma iniciativa da Solidariedade Imigrante, um programa apresentado por pessoas de várias origens, culturas e países que abordam temáticas da atualidade e questões importantes ligadas a imigração, política, sociedade, direitos humanos e igualdade, tendo como base a interculturalidade. Para mais informações e ouvir o programa acesse www.migrasons.blogspot.com




O dia em que Tião ameaçou a moralidade do sistema financeiro Meu amigo Tião Nicomedes é sem-teto. Anos atrás ele instalava um anúncio luminoso no centro de São Paulo, quando escorregou e despencou lá de cima. Ao acordar, estava só. Amigos, patrão, mulher, todos tinham sumido para não prestar contas do acidente de trabalho. Não eram maus, apenas sem caráter. Estatelado no meio-fio, Tião descobriu-se só. E tão no chão que até para se matar de desespero era preciso primeiro ascender alguns degraus. Naquela hora, Tião, periférico do centro, percebeu que havia algo que nem a queda conseguira tirar dele. Para arrancar a literatura do seu peito, só arrancando junto uns pedaços de carne, umas estrias de nervos, uma meleca sanguinolenta que ninguém queria botar a mão. Tião começou então a escrever furiosamente e galgou todas as escadarias que quis. Hoje faz da escrita – e de uma alma temerariamente esperançosa – sua aventura no mundo. A biografia em dois parágrafos de Tião Nicomedes é para que conheçam o homem, para que então possam alcançar a história. Alguns meses atrás, Tião tornou-se uma ameaça para o sistema financeiro nacional. Era domingo e, quando acordou, ainda não tinha a menor idéia que a origem de seus recursos estava sob investigação. Depois de alguns dramas de consciência, inocente, livre e solto convenceu-se bem rápido que merecia esbanjar em prol de seu estômago tão cheio de vazios existenciais na semana que passou. Resolveu “tirar a barriga da miséria” num quilo do centrão.“Mas tava sem um puto no bolso”, conta.“Então mandei ver no cartão”. Desde abril de 2008, Tião recebe de um admirador de seu trabalho literário uma pequena ajuda de custo, no valor de R$ 150, para que consiga se dedicar a um projeto cultural sem literalmente morrer de fome. A doação desembarca numa conta-poupança até o dia 10 de cada mês. E é com parte dela que Tião contava pagar o banquete dominical. De barriga esticada, rosto redondo de bem-aventurança calórica, ele se dirigiu ao caixa do restaurante com a certeza de que tinha um saldo de R$ 112 no banco. Tascou o cartão na mão do dono, sentindo-se bacana, para pagar a conta de R$ 11,80. Nada. “Operação não concluída”. A maldita máquina parecia um papagaio repetindo o mais terrível dos palavrões. O dono do restaurante tentou três vezes. A máquina não tem sentimentos, mas sempre opta pelo constrangimento. Continuou ignorando ser a única fonte de renda de Tião. Por uma sorte bem rara, o comerciante era uma figura bonachona, já tinha visto Tião vagando pelas redondezas. “Está fora do ar”, aliviou. “Você volta e paga depois”. E lá se foi Tião rumo ao caixa eletrônico mais próximo, no Anhangabaú, já com o feijão dando voltas. Conferiu o saldo: R$ 112. Optou por sacar só $ 20 para pagar o restaurante e ficar com algum no bolso. Tudo certo. Digitou a senha e... A tela escureceu. Sobre fundo preto, as letras grandes, vermelhas, anunciavam que Tião fora expulso da turma dos combanco: “cartão inválido”. Tião redigitou, re-re-digitou, falou com jeitinho, rezou. Nada. Miséria absoluta até a abertura da agência na segunda-feira pela manhã. Tião agora queria tirar todo o dinheiro bem rápido antes que as máquinas engolissem o

SARAU DO BINHO Segundas - Campo Limpo - SP 21h. Rua Avelino Lemos Jr., 60 Entrada franca. (11) 5844-6521 SARAU ELO DA CORRENTE Quintas - Pirituba - SP 20h. Rua Jurubim, 788 -A Entrada franca. (11) 3906- 0348 www.elo-dacorrente.blogspot.com SARAU COOPERIFA Quartas - Chácara Santana - SP Rua Bartolomeu dos Santos, 797 Entrada franca - 20h. (11) 5891-7403.

que restou de sua dignidade financeira. Mas, ao chegar à agência, descobriu que a gerente queria saber quem era Tião Nicomedes. As máquinas, todas elas, obedeciam as ordens humanas. Tião estava sob suspeita. Como assim? Ele tinha aberto a conta direitinho, ficava sem comer para não raspar o fundo, tinha CPF e RG, estava limpo. Tião era um sem-teto, mas um sem-teto cidadão. Desconfiado, o funcionário exigiu toda a papelada de novo. E exigiu um pouco mais: ele precisava apresentar um “comprovante de residência”. Sim, aquele montante de R$ 150, pingando todo mês na conta dele, só podia esconder alguma ilicitude. E agora Tião precisava achar um comprovante de residência para não ofender o banco. Pegou um metrô e partiu em busca do dono de uma pensão onde costumava se hospedar quando tinha verba. Despejou seu drama. O moço sabia que Tião era gente direita, não fazia fuzarca quando alugava um quartinho, era até meio celebridade por ali. Não é todo dia que um escritor se hospeda numa das pensões familiares do centro, afinal. Escreveu então uma declaração de próprio punho. Despachou junto a conta da Eletropaulo, para garantir a idoneidade. Tião voltou faceiro ao banco ostentando sua itinerante residência fixa. O funcionário até fez um hum-hum afirmativo, mas em seguida desferiu a bomba cluster: exigiu um holerite. Como assim? Ele era sem-teto, não tinha carteiraassinada, mas não roubava, não matava, ultimamente nem pedia. Ele só escrevia. Seu crime, se havia um, era (mal) ganhar a vida escrevendo. Tião lembrou do contrato caseiro pelo qual o doador se comprometia a depositar uma ajuda de custo mensal para a produção de um livro. Desdobrou o papel, ansioso diante do olhar profissional do moço. Foi obrigado a explicar em detalhes quem era ele, sua intimidade, suas vicissitudes e, finalmente, seu projeto cultural – até então secreto – ao funcionário do banco. Doação de dinheiro para comer enquanto escreve um livro? Muito suspeito. O funcionário fez uma série de huns-huns, copiou tudo no fax, pediu licença e desapareceu nos fundos da agência. Lá, um ser insondável, a gerente, ouviu tudo da boca do subordinado e deu o veredicto. Depois de algum tempo, em que Tião suou e ganhou um gosto estranho na boca, o moço emergiu lá de dentro. “Ela” tinha aceitado suas explicações documentadas. Estavam satisfeitos. Podia seguir seu caminho. Magnânimos, eles permitiram que Tião continuasse sendo seu cliente feliz. Desejaram até “boa sorte com o livro”. Tião tinha mais uma vez o direito de usar seu próprio dinheiro. Foi um grande dia para o escritor de rua. Mas foi maior ainda para o sistema financeiro nacional. Eles finalmente descobriam ali que o problema da corrupção no Brasil não se deve aos milhões mal explicados de banqueiros como Daniel Dantas ou a castelos construídos com desvios de dinheiro público por gente de Brasília. O problema era Tião e seus suspeitíssimos R$ 150 mensais. Sempre preocupados com a moralização do país, tomaram suas providências com muita agilidade: Tião Nicomedes teve de explicar tudinho. Confessou até que pretendia escrever um livro. Dá muito orgulho desse país. - Por Eliane Brum - Revista Época

SARAU NA BRASA Terças - Brasilândia - SP 20h. - Entrada franca. (11) 3922-8593 brasasarau.blogspot.com

12/05 - Lançamento do Livro "Pivetim" de Délcio Teobaldo. Mesa de debate com Délcio Teobaldo, Alessandro Buzo (escritor) e o Gilberto Dimenstein (jornalista)

17/05 - 18° Favela Toma Conta Local: Céu Veredas no Itaim Paulista. Shows com: Realidade Cruel, Criolo Doido, Wesley Noog, Alerta Vermelho e Periafricania. Entrada: Grátís

09/05 – PAVIO DA CULTURA Este sarau já virou tradição em Suzano. Todo segundo sábado do mês, escritores, poetas, músicos, dançarinos, cineastas, cordelistas, repentistas e capoeiristas se reúnem para apresentarem um pouco da sua arte. Local: Centro Cultural de Suzano Rua Benjamin Constant, 682 - Centro Suzano - SP - 20h - Gratuito Informações: (11) 4747-418

15/05 – Fogueira, Literatura e Pipoca 29/05 10º Suburbano no Centro Projeto que tem o objetivo de incendiar o Apresentação: Alessandro Buzo. debate e pipocar as idéias. Numa roda Pcket Shows: Ilícito e DJ Tano, Versão No site Catraca Livre você tem uma envolta da fogueira, onde os Popular, Frann "Tribunal MC´s" (solo), agenda que tem eventos, cursos, participantes discutem sobre literatura Atitude Suspeita e Conexão Periférica. cinema, teatro, exposições, além do sarau que encerra a atividade. suburbanoconvicto@hotmail.com palestras e encontros Tema do mês: Realismo fantástico Ação Educativa - Rua General Jardim, 660 www.catracalivre.com.br Local: Centro Cultural Boa Vista (Metrô Sta Cecilia) - Inf: (11) 2569-9151 Rua Katsutosh Naito, 957 - Boa Vista Quem quiser divulgar seu evento na próxima Suzano - SP - 19 h. Gratuito Informações: (11) 4749-7556 edição entre em contato pelo email

boletimdokaos@hotmail.com

Maiores informações e muito mais opções acesse nossos parceiros e informe-se no site da Ação Educativa que tem uma agenda sobre os vários eventos no mês www.acaoeducativa.org.br/ agendadaperiferia


Mais que um veículo de comunicação, o Jornal Boletim do Kaos é uma ideia. A ideia de que juntos podemos alcançar o que não conseguiríamos individualmente. É o sonho de que a literatura seja mais presente na vida da pessoas, que a cultura de qualidade independente do poder econômico seja acessível para todos. E no mês de abril, pra colocarmos essa ideia na rua, além de toda nossa correria, fizemos 3 lançamentos oficiais. O primerio foi na Ação educativa ainda no dia 27 de março no "Dia do Graffiti" junto com evento Suburbano no Centro, que contou com exposição de vários artistas e com show de vários grupo de rap. Depois veio o coquetel de lançamento com os nossos parceiros da produtora DGT que acreditou nesse projeto desde o começo. Uma noite bela de sexta-feira histórica para a Litera-Rua! Juntamos os amigos, escriotres, poetas, ativistas e apoiadores para comemorara esse momento. O nascimento de uma ideia. A noite ainda contou com a Banda Quebra Gelo que animou a presença dos amigos e amigas como Roberta Felinto representando o Itaú Cultural, Sérgio Vaz com a esposa Sônia, Jairo (Periafricania), Márcio Batista, Tubarão, Jonilson Montalvão com esposa e

Por Alexandre De Maio

Versão Popular na 105 FM O grupo está sempre envolvidos nos eventos da Cooperifa e agora o talentos dos manos também vai poder ser oruvido na rádio. Formado por Cocão, COHAB São Luis, DJ Zeca, Jardim Jangadeiro, Preto Will, Jardim Letícia, Kelly e Leandro representando o Grajaú o grupo é cara da zona sul. Os manos prepram o CD que contará com participações de Ségio Vaz e outros nomes. Quem quiser ouvir pode acessar www.buscamp3.com.br/versaopopular

bebê, Eduardo B.Boy, galera do Sarau da Brasa, Du_Bod, Lourdes da Luz (MSS) além do rapper Criolo Doido e vários amantes da cultura urbana. O evento contou com cobertura de Marilda Borges autora das fotos. Assim seguiu nossa trilha divulgando cultura, literatura, dando voz para quem não tem espaço. O último, porém essencial lançamento foi na Cooperifa, a casa da literatura periférica, por mais uma noite a celebramos no extremo da zona sul. Mais que um jornal, lançamos um ideia. Boletim do Kaos!

m ano no ar com o quadro “Buzão – Circular Periférico”, no programa Manos e Minas, da TV Cultura, nos proporcionou um verdadeiro tour pelo lado B da cidade. Assim como nos velhos LP’s, muitas vezes o lado B é o melhor, porém menos conhecido. Ao lado da cidade que aparece diariamente nos jornais, novelas e filmes, existe outra, paralela, com enorme potencial criativo e produtivo. Estima-se que haja em São Paulo algo em torno de 2 milhões de pessoas vivendo em favelas. Se somarmos a elas outro tanto de moradores das muitas periferias desprovidas de melhorias urbanas elementares, teremos uma população que formaria a segunda maior cidade brasileira. Depois de São Paulo, a São Paulo periférica e favelada. É gente que não acaba mais, que cria sua própria identidade cultural num movimento que foi gestado nas últimas décadas e que agora extrapola as fronteiras da periferia e atinge a sociedade em cheio. Quem quiser verá, ao seu lado, a força criativa desse movimento.

Wesley Nóog leva seu para o Zahi. Na antiga casa de shows Blen Blen, hoje Zahi, Wésley Nóog é o trovador e menestrel da Cooperifa e arrebentou em três noites memoráveis. No mês de abril, Wesley e banda quebraram tudo nas quinta-feiras que ficaram mais quentes ao som do lançamento do seu CD Mameluco Afro Brasileiro. Para baixar o álbum acesse www.mudacultural.com.br

Como e por que esse movimento nasceu e progrediu são perguntas que foram sendo respondidas aos poucos durante nosso rolê pelas quebradas com o circular periférico. A ausência do poder público e a mistura de mentes criativas com diferentes referências culturais, fermentou uma verdadeira bomba criativa e produtiva que mistura compromisso social com necessidade de expressão manifestada em saraus de poesia, rodas de samba, circuitos de grafite, rap, oficinas de tudo quanto é coisa.

Foto:Divulgação

Haja fôlego pra acompanhar o ritmo de gente que está permanentemente propondo ações culturais. Num momento essas ações surpreenderam pela ousadia social e política, mas hoje se destacam pela qualidade artística, estética e cultural. Acabou o tempo em que a periferia chamava a atenção por estar realizando ações sociais consistentes. Hoje o que se nota é a vanguarda estética. O maior sopro de arte, a verdadeira fronteira estilística está na favela. O crítico de arte, de cinema, o produtor musical, o editor e o marchand que estiver antenado com o momento cultural brasileiro vai, obrigatoriamente, percorrer as vielas da favela do Canão, de Paraisópolis, do Parque Bristol. Vai conhecer grafites de Caieiras e do Jardim Leme, vai ouvir o som do Jardim Brasil e ler o que se escreve em Pirituba ou em Suzano. Será um habituê do sarau da Cooperifa. Esses são os endereços da arte nessa cidade. Junto com inúmeros outros recantos na periferia e nas favelas, é onde a vanguarda ainda ousa livre das duas grandes âncoras que imobilizam a produção cultural tradicional: o Mercado e a Academia. Livre das interesseiras amarras do mercado que jamais admite a ousadia e percursos ainda não comprovados e livre das ortodoxas imposições da academia que se apóia em fórmulas obsoletas pra corroborar suas ações tímidas, a produção cultural da periferia já é a vanguarda artística do Brasil. Já está aí, não é uma promessa pro ano que vem, algo a acontecer. Já está aí pra quem quiser ver, ouvir, ler, dançar. O que surpreende mesmo é que tem gente que ainda não vê... Ou não quer ver. Sérgio Gag é diretor do quadro Buzão - Circular Periférico na TV Cultura e sócio da Produtora DGT.




Selva de Pedra Por Alessandro Buzo Ando sozinho no meio da multidão. Grito, mas não sou ouvido. Ouço, mas queria não ouvir. A cidade de pedra dói, destrói. Tento ser otimista. Mas o pessimismo me persegue. Melhor seria se fosse só mais um. Melhor seria se a pinga bastasse. Melhor seria se droga curasse. Se a ponte quebrasse, melhor seria. Uma selva de pedra. Onde não temos tempo pra nada. Onde o dinheiro nunca dá. E neste lugar cinza, tento ver cor. Quero poesia. Quero livro. Quero cinema. Quero Teatro. Quero o show. Quero o mar. Mas o que tenho é o silêncio. E olha que nem é dos inocentes. O silêncio aqui é da elite. Do governo. Da policia. O silêncio da cidade também dói. Ao pobre, remediado está. Pegue seu emprego. Seu salário. E se dê por satisfeito. Tanta gente queria estar em seu lugar. Ter o que você tem. Pegue seu carro e fique calado. Mesmo que o trânsito parar. Que o sino não tocar. Que o padre não dizer amém. Que o custo de vida subir. Agradeça e se cale. Na TV as notícias causam arrepio. Pedofilia, CPI, mensalão. Castelo pra cá, verba pra viagem acolá. Mas o seu tá garantido, Seu emprego e seu piso salarial. Vai reclamar do que? Podia ser pior, desemprego. Cê num vê TV, crise mundial.

Melhor seria ignorar. Pegar meu carro e ir pra praia. Não tenho carro. Pego minha caneta e escrevo. Com pressa, com raiva. Quem vai ler deve saber Cada gota de tinta é uma gota de sangue. E quando secar, acabar a última gota. Eu vou morrer. Quem vai lembrar de mim depois de dez anos? Será que minha ex-mulher? Pelo menos meu filho? Ou paro agora de escrever, relaxo e gozo. Toco um foda-se e digo “Tô nem ai”. Mas não, continuo escrevendo, continuo sangrando. Até a morte, ou até existir pelo menos, justiça social. Brasil, essa é a sua cara. Viva o Maluf, o Lalau. Viva a Daslu, o castelo do deputado. CV, PCC, a contra indicação. Põe a Rota na rua, será a solução? Um desvia milhões, com uma caneta. O outro por bem menos, Puxa 10 no cadeião lotado. Monte de pobre amontoado. Sorte do Datena, que lucra com isso. E a gente bebe cachaça, até no aniversário de Cristo. Eu um pessimista? Terrorista? Sou apenas um diferente. Que escreve e sangra. www.buzo.com.br

Mais reflexões sobre as mudanças na lei Rouanet É COM VOCÊS, ESCRITORES Não sei se todos estão acompanhando. Uma nova lei, que substitui a Rouanet (mas não acaba com ela, ao contrário do que os barões da cultura dizem) vai ser enviada ao Congresso Nacional. Para votação. A pressão contrária vai ser brutal. Por quê? Há muita grana envolvida na parada. E os barões da cultura e as grandes empresas não querem perder a mamata de fazer marketing privado com dinheiro público. A nova lei propõe a incrementação do Fundo Nacional de Cultura. Em minha opinião, é um mecanismo que vai favorecer os independentes. E os barões da cultura não querem isso. O texto da nova lei está disponível para consulta pública no site do Ministério da Cultura. Todo mundo pode opinar (de preferência, com propriedade, sabendo o que está falando). No nosso caso, dos ESCRITORES, ainda há uma distorção. Continuam nos colocando no guarda-chuva do “Livro e Leitura”. Eu cansei de falar contra isso nas reuniões que participei. Livro é livro, é o produto. Literatura é o que vem antes: a arte literária. Livro é o produto industrial das editoras. Literatura pode se manifestar em outras formas: revistas, sites, CDs, CDs-rom, jornadas literárias, encontros de escritores com leitores, enfim, uma infinidade de outras coisas que não se resumem ao livro. A nova lei cria o Fundo Setorial das Artes que inclui, repare bem, teatro, circo, dança, artes visuais e música. Reparou? Literatura não está incluída aí, como arte. Eu estou cansado de bater na mesma tecla. Estou também sem tempo (preciso batalhar minha própria sobrevivência). Mas sugiro que todos os escritores que ainda têm alguma consciência façam uma coisa simples: entrem no site no Minc, sigam ao link da consulta pública da nova lei e exijam que a literatura seja considerada como uma arte. Que ela saia do guarda-chuva “livro e leitura” e passe para o Fundo Setorial das Artes. Só assim, a criação literária poderá receber recursos públicos, justos, através de editais públicos, e não sob a (má) vontade de um gerente de marketing de uma grande empresa (que nunca está interessado num projeto literário). Depois, não adianta espernear quando barões da cultura surgirem com projetos mirabolantes. A oportunidade é agora. Se mexam. Todos os outros setores estão se mexendo. O link do Ministério da Cultura é esse aqui: www.cultura.gov.br/site/ À direta no site você vai ver de forma bem visível: Reforma da Lei Rouanet. É ali. Fonte - zonabranca.blog.uol.com.br

Quem vai dizer o contrário? Quem vai reclamar do salário? Você ainda reclama, você tem tudo. Emprego, chefe, patrão, salário. Agora mesmo um cara trocou latinhas por um tostão. Agora mesmo a polícia prendeu mais um ladrão. Manutenção do Datena na televisão. Mais um que vai pro camburão. Renova o contrato do Datena, chama o cara de bom. Ele fala pelo povão. Grita pela gente na televisão. Acaba o programa e sai com seu carrão. Restaurante bom, luxo, fama. Amanhã mais um ninguém vai em cana. Novos gritos: - Mostra a cara dele na tela. Renova o contrato do Datena. Queria mandar tudo pra puta que pariu. Mas vacilei e me mandaram primeiro. Queria bater, mas vacilei e fui eu que apanhei. Queria sentir o mar, mas me jogaram um balde de água fria. Queria ouvir do meu chefe bom dia. Mas o metrô atrasou e ouvi boa tarde. Queria ser corajoso, mas sou covarde. Você já viu pobre vegetariano. Não tem, porque pobre comendo já tá no lucro. Queria ir pra Miami, mas peguei o metrô pra Corinthians-Itaquera. 18h na Praça da Sê, o de menos é ir de pé. Entrou, agradeça.

Boletim do Kaos no show do Dexter O sábado do dia 11 de abril, foi de muito trabalho e muita satisfação para o Boletim do Kaos. Na zona norte de São Paulo, Alessandro Buzo chegava cedo para apresentar o show do Dexter. Uma lenda do rap que volta a se apresentar depois de oito anos. Aproveitamos o evento que reuniu mais de cinco mil pessoas e levou ao palco nomes como Mano Brown, Paula Lima, Thaíde, GOG entre outros e distribuímos centenas de exemplares do jornal Boletim do Kaos.

Antes que o mundo se acabe. Quero uma casa na Cohab. Quero olhar pra cima e ver uma laje. Mais um com pressa. Com fome. Com dor. Mais um que não virou Dr. No máximo vira estatística. Sem teto, sem terra, sem sonhos. Mas se quer ser feliz. Relaxa e goza. Todo ano tem BBB. Futebol nunca para, acaba o paulistão. Logo vem o Brasileirão. Escrevi isso, mas queria falar de amor. Escrevi isso, mas queria dormir e sonhar. Porque minha caneta sangra. Cada gota de tinta é uma gota do meu sangue. E quando ele secar será tarde, eu vou morrer. Mesmo sabendo disso, não consigo parar.

Inauguração do Estúdio 1 Da Sul! Os manos Ferréz e Maurício DTS acabam de inaugurar o melhor estúdio de áudio da Zona Sul, captação, áudio book, mixagem, produção musical e masterização. Tudo com o controle de qualidade 1 da Sul. Só podemos dizer: Parabéns mano, mais uma conquista da favela. A festa de inauguração foi muito boa, com direito a discotecagem do DJ Cia.


fonso Henriques de Lima Barreto (Rio de Janeiro, 13 de maio de 1881 - Rio de Janeiro, 1 de Novembro de 1922), foi um jornalista e um dos mais importantes escritores brasileiros. Era filho de João Henriques de Lima Barreto (mulato nascido escravo) e de Amália Augusta (filha de escrava agregada da família Pereira Carvalho). O seu pai foi tipógrafo. Aprendeu a profissão no Imperial Instituto Artístico, que imprimia o famoso periódico "A Semana Ilustrada". A sua mãe foi educada com esmero, sendo professora da 1ª à 4ª séries. Lima Barreto, mulato num Brasil que mal acabara de abolir oficialmente a escravatura, teve oportunidade de boa instrução escolar. Após a morte da mãe, passou a frequentar a escola pública de D. Teresa Pimentel do Amaral. Em seguida, passou a cursar o Liceu Popular Niteroiense m 1895, transferiu-se para a única instituição pública de ensino secundário da época, cujos estudantes eram da elite econômica. No ano de 1895, foi admitido no curso da Escola Politécnica, no Rio de Janeiro, porém foi obrigado a abandoná-lo em 1904 para assumir o sustento dos irmãos, devido à loucura que afligiu o seu pai. Lima Barreto começou a sua colaboração na imprensa desde estudante, em 1902, no A Quinzena Alegre, depois no Tagarela, O Diabo, e na Revista da Época. Em jornais de maior circulação, começou em 1905, escrevendo no Correio da Manhã uma série de reportagens sobre a demolição do Morro do Castelo. Daí em diante, colaborou em vários jornais e revistas mas foi em 1909, sua estréia como escritor de ficção, publicando, em Portugal, o romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha. A narrativa de Lima Barreto nesse primeiro livro, pincelada com indisfarçáveis traços autobiográficos, mostra uma contundente crítica à sociedade brasileira. Lima sofria severas críticas pelo fato de Lima fugir, conscientemente, do padrão empolado de escrever que à época vigorava. Não à toa viu frustradas suas tentativas de ingressar na Academia Brasileira de Letras. Sua vida foi atribulada pelo alcoolismo e por internações psiquiátricas, ocorridas durante suas crises severas de depressão - à época era um dos sintomas pertencentes ao diagnóstico de "neurastenia", constante de sua ficha médica - vindo a falecer aos 41 anos de idade. Características Lima Barreto foi o crítico mais agudo da época da República Velha no Brasil, rompendo com o nacionalismo ufanista que manteve os privilégios de famílias aristocráticas e dos militares. Em sua obra, de temática social, privilegiou os pobres, os boêmios e os arruinados. Também queria que a sua literatura fosse militante. Escrever tinha finalidade de criticar o mundo circundante para despertar alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na sociedade, privilegiavam pessoas e grupos. Para ele, o escritor tinha uma função social.

Obras • • • • • • • • • • •

1905 - O Subterrâneo do Morro do Castelo 1909 - Recordações do Escrivão Isaías Caminha 1911 - O Homem que Sabia Javanês e outros contos 1915 - Triste Fim de Policarpo Quaresma 1919 - Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá 1920 - Cemitério dos Vivos 1920 - Histórias e Sonhos 1923 - Os Bruzundangas 1948 - Clara dos Anjos (póstumo) 1952 - Outras Histórias e Contos Argelinos 1953 - Coisas do Reino de Jambom

le é poeta, escritor e Prof. de Escola Pública, na Zona Leste de São Paulo, não esconde (em seu Blog) o sentimento que passa dos alunos para ele, as vezes alegre, as vezes até dói. Seu nome é Rodrigo Ciríaco e até seu livro de estréia remete a escola, começando pelo titulo “Te Pego Lá Fora” (Edições Toró – 108 páginas). 13º titulo lançado por essa editora da periferia para periferia. No fim da obra se lê: - Os personagens e as situações deste livro são reais apenas no universo da ficção, não se referem a pessoas e fatos concretos. Voltemos ao professor, ele poderia apenas dar aula e receber seu salário, mas criou um evento de literatura para seus alunos, em Ermelino Matarazzo, uma vez por mês leva um escritor ou poeta para discutir literatura, o nome do projeto “Literatura (é) Possível”, por lá passou nomes como (eu) Buzo, Sérgio Vaz, Sacolinha, Marcelino Freire (Prêmio Jabuti) e outros. Frequenta saraus como Cooperifa, Elo da Corrente e outros até no litoral. Você percebe o poeta triste quando uma aluna sua deixa de frequentar as aulas para ganhar uma miséria para ser “placa” humana de publicidade ou quando a menina de 15 anos engravida e teme ser agredida pelo pai, é com o professor que eles desabafam, confiam nele. Seu livro foi dedicado “À todas as vítimas da nossa falta de educação. Aos meus alunos e alunas. Os de agora, os de ontem. Além dos seus filhos Mariana e Willian e Felipe “in memorian” Em seu Blog já comprou briga por causa de seus escritos, tipo um efeito colateral de um professor que não quer “apenas” dar aula, visite www.efeito-colateral.blogspot.com Polêmico muitas vezes, em seu primeiro conto do livro “A.B.C.” ele abre assim “Deus é Brasileiro. Mas quem manda é o Marcola”. (Marcola dispensa apresentações) Escreve textos como “Bia não quer merendar”, sobre a aluna que mesmo passando fome, não come a comida da escola para não ser taxada de “merendeira”. Seus contos são assim, verdadeiros e muitas vezes duro. Como a vida das crianças que estudam na rede pública das periferias do país e muitas vezes vai a escola mais para merendar do que estudar. Ah se as escolas tivessem mais professores como o Rodrigo Ciríaco, mas dá trabalho ser um diferente.

www.jornalirismo.com.br Por Alessandro Buzo Um cara tranquilo, sincero, amigo e competente no que faz. Ele é um jornalista e seu nome é Guilherme Azevedo, editor do Site Jornalirismo. Conheci quando em 2000 ele foi fazer uma matéria comigo para a Revista Caros Amigos, onde escrevia por prazer de dar prazer aos outros que o liam, na Folha, onde “trabalhava”, era mais um lance de sustento, sobre sua sala de trabalho costumava dizer que se sentia preso: - Não tem nem janela. Um cara que apostou num site “Com Conteúdo”, que ousadia, podia ser só mais um site. Junto dele sempre a família (pai, esposa e irmãos), eles são sua equipe. Ligado na cena literária periférica, em seu site podemos encontrar trabalhos meus (Buzo), Sérgio Vaz, Jonilson Montalvão. O time de colaboradores vai longe e tem entre eles grandes profissionais da comunicação, como o fotógrafo Marcelo Min, Brazil, Wellington Ramalhoso e uma nata da publicidade. Misture tudo isso e tenha, no mínimo, um site verdadeiro, o Boletim do Kaos indica, acesse







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