Agulha 18

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AGULHA

MAIO 2011 - Nº18

BOLETIM ORGANIZATIVO DE COMBATE DOS TRABALHADORES DO VALE DO SOUSA, VALE DO AVE e VALE DO CÁVADO

EDITORIAL

As lutas não acabam nas urnas! O descontentamento que o povo trabalhador tem demonstrado contra o Governo PS/Sócrates, principalmente nos dois últimos anos, através de manifestações e greves que paralisaram o país são o sinal inequívoco que o povo está farto das políticas de direita que nos impossibilitam de ter uma vida digna. A Greve geral de 24 de Novembro e o 12 de Março foram dois dos momentos de protesto mais participados desde o 25 de Abril. Os donos de Portugal, apercebendo-se da insatisfação dos trabalhadores, marcaram eleições para o dia 5 de Junho com o intuito de acalmar as lutas que temos travado nas ruas. Nestas eleições os dois maiores partidos tentam fazer crer que têm ideias diferentes para o país, mas nós não nos esquecemos que os 3 primeiros capítulos do PEC tiveram o cunho de Passos Coelho e Sócrates. A subserviência prestada ao FMI é mais uma prova que estes partidos têm o mesmo plano para o país, ou seja, que sejam os trabalhadores a suportar uma crise que não criaram. Todos estes cenários não nos surpreendem, este PS foi quem mais atacou os direitos conquistados em Abril e o PSD apresenta-se nestas eleições com um programa neo-liberal onde privatizar (a saúde, a educação e a água) é a palavra de ordem. Perante esta realidade exigia-se mais à esquerda. O Bloco e o PCP deveriam ter unido esforços no sentido de criar condições para se formar um Governo de alternativa à esquerda, um Governo que exija a suspensão do pagamento da dívida, que tenha uma política de emprego e que ponha os responsáveis por esta crise a pagá-la. A História deixou-nos um legado que não ignoramos, foi no marco da luta de classes que tivemos grandes conquistas, por isso afirmamos: o voto é importante mas não podemos acabar a nossa luta nas urnas! Por isso achamos importante a participação de todos na manifestação nacional de 19 de Maio, contudo, faz falta uma nova Greve Geral para derrubar estas políticas.

Protestos no Hospital No passado dia 9 de Maio no Hospital de Braga, trabalhadores manifestaram-se durante a tarde e fizeram uma vigília à noite contra o facto de 39 trabalhadores (administrativos, auxiliares, enfermeiros e serviços de apoio) não terem passado para o Hospital novo da cidade e de terem sido avisados disso com apenas 3 dias de antecedência, quando a lei obriga a que sejam avisados com 3 meses de antecedência. Esta ofensiva, lançada pelo Grupo Mello, de não garantir contratação directa de todos os trabalhadores para o novo Hospital, tem sido feita sempre com o aval do Governo, apesar da ministra da saúde ter garantido que nenhum trabalhador iria perder o seu vínculo laboral nem o seu posto de trabalho. O que vemos na realidade é o oposto, tendo já alguns trabalhadores passado para a responsabilidade da Administração Regional de Saúde (ARS).

as consequências que vemos para os utentes e para quem trabalha. Vivemos numa situação de crise e de ataques generalizados a quem trabalha de forma a conseguir manter os lucros dos grupos económicos fazendo com que quem trabalha pague a crise e quem a criou lucre com a miséria destes. As PPP’s são um roubo descarado aos cofres do país em benefício de determinados grupos financeiros e, ao mesmo tempo, um ataque de morte ao Serviço Nacional de Saúde. Trata-se de um retrocesso de décadas nas conquistas dos trabalhadores. Apoiamos os trabalhadores do Hospital de Braga na sua luta justíssima! Sempre na rua a protestar contra estas injustiças propositadas e já habituais!

Este Hospital é gerido pelo Grupo Mello que tem já uma história repleta de negócios obscuros na gestão hospitalar, entre eles no Hospital Amadora-Sintra cuja administração lhe foi retirada pelo Governo Sócrates. No entanto, para premiar a sua incompetência, o mesmo Governo ofereceu-lhe o Hospital de S. Marcos, agora Escala Braga, com

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AGULHA - Maio 2011 - Nº 18

Boletim organizativo de combate dos trabalhadores

A Dívida Externa e a “Ajuda” do FMI

Vivemos uma crise económica que dizem ter sido criada pelos portugueses gastarem mais do que aquilo que produzem e ganham, mas tendo em conta os salários de miséria que recebemos percebe-se que o dinheiro foge por outro buraco. A entrega de serviços públicos à gestão privada, a privatização de empresas estatais (Galp, EDP), o balúrdio injectado no BPN e até aos submarinos do Portas, tudo isto conta para a dívida externa que nos querem pôr a pagar. Como sair deste buraco? PS/PSD/CDS dizem que temos de nos guiar pelos planos de austeridade que a Comissão Europeia e FMI querem impôr. Essa via já nós conhecemos: na Grécia e Irlanda os subsídios de Natal e férias desapareceram, cortes entre 20 a 30% nos salários, aumento do desemprego (15%). Mas os lucros da banca continuam a subir com constantes injecções de capital dos Governos. Conclusão: está tudo muito pior e sem saída à vista... É este o caminho que nos espera: mais austeridade, mais recessão, mais miséria, mais desemprego. Para dar a volta a esta situação temos que exigir a suspensão imediata do pagamento da dívida e usar esse dinheiro para investir na saúde e na educação do país, reabrir as fábricas que fecharam, reconstruir a nossa frota pesqueira, voltar a cultivar os campos, pôr o país a produzir para criar emprego e aumentar a exportação. Temos também,de fazer uma auditoria à dívida para saber o que realmente devemos. É justo sermos nós pagar 5 mil milhões do buraco do BPN, 450 milhões do BPP, 1.2 mil milhões pelos submarinos? É justo sermos nós a pagar pelos prémios milionários que o Governo PS/Sócrates atribuiu aos gestores públicos? É justo sermos nós a pagar os escândalos de corrupção a que os políticos portugueses nos habituaram? E acima de tudo, é justo que após saquearem o país nos mandem a factura para cima? NÃO É JUSTO! BASTA! SUSPENÇÃO IMEDIATA DO PAGAMENTO DA DÍVIDA! AUDITORIA JÁ! NEM MAIS UM TOSTÃO PARA A BANCA!

1º de Maio

O 1º de Maio surge em 1886 em Chicago aquando uma manifestação de trabalhadores que exigiam a redução da jornada de trabalho para 8h diárias. A 3 de Maio a polícia matou alguns manifestantes o que gerou ainda mais contestação. No dia 4 de Maio os confrontos foram tão repressivos que ficaram conhecidos como a revolta de Haymatket. A policia, um dos aparelhos repressivos ao serviço da burguesia que garante a exploração sobre os trabalhadores, matou 12 pessoas e feriu outras dezenas. Desde então, o 1º de Maio lembra os trabalhadores de Chicago, mártires por uma vida digna. Actualmente, o Dia do Trabalhador é alvo de fortes ataques dos grandes empresários e exploradores que tentam apagar este dia das nossas memórias, distorce-lo daquilo que ele representa ou mesmo persuadir alguns de nós, aproveitando-se da nossa situação económica. Tudo maneiras de quebrar o laço que nos une: a nossa condição de explorados! Só através da organização e união internacional é que poderemos alcançar vitórias futuras e decisivas na luta por melhores condições de vida. Unidos temos mais força! Para que não tenhamos de ser os mártires do futuro, que sirva o 1º de Maio para lembrar e aprender com os que lutaram e lutam contra quem só lucra com o nosso esforço. VIVA O 1º DE MAIO! VIVA O DIA DO TRABALHADOR!

Todos à Manifestação Nacional de 19 de Maio!

Breves PORTUGAL - Greve na função pública a 6 de Maio contra as políticas de austeridade exigindo uma mudança de rumo político; PORTUGAL - Dia 28 de Maio revisores da CP fazem greve, exigindo uma resposta do Governo sobre a aplicação das cláusulas do Acordo de Empresa no que se refere ao trabalho extraordinário em dia de descanso e aos feriados; GRÉCIA - No dia 11 de Maio o povo Grego voltou às ruas na segunda greve geral deste ano, contra o plano de austeridade imposto pelo FMI; ESPANHA - No dia 15 de Maio milhares de jovens saíram à rua enchendo praças de várias cidades, protestando contra o desemprego, precariedade e baixos salários; PORTUGAL - Manifestação Nacional da CGTP no Porto e Lisboa a 19 de Maio.

- PARTICIPA ACTIVAMENTE NA REIVINDICAÇÃO DOS NOSSOS DIREITOS! - DENUNCIA PARA O AGULHA OS CASOS DE INJUSTIÇA DA TUA EMPRESA. - PELA CLASSE TRABALHADORA:

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