Pra Iluminar

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Pra iluminar_ Eduardo Gudin Meu coração foi caminho abandonado / Onde ninguém mais queria seguir e aventurar Foi pelas pedras do rio Olhando as nuvens no ar / Você chegou por chegar / Tirando o pó dos canteiros // Meu coração foi caminho abandonado / Onde ninguém mais queria seguir E aventurar / Mas / Seu canto foi meu calor / Pra iluminar o lugar / Pra desatar minha dor Desatar pra eu não chorar // Pra eu não chorar minha dor Seu canto foi derramar Foi derramar seu calor no lugar Pra iluminar // Pra remexer meu prazer / Pra devolver minha paz Levar as mágoas de amor Pra nunca mais



O amor e eu_ Eduardo Gudin Um amor / Igual a esse onde se vai achar / Que quando parte vai pra nunca mais / Mas sempre volta vento arrasador // Um amor / Bem que podia ser amor normal / Tal como eu pedia / No meu pensamento // Penso então / Em dar um jeito no meu coração / Disciplinar essa situação / E não ficar mais à mercê de mim e do amor // Invento mágoas pra lhe machucar / Mas quando ele chora / Eu é que lamento // Infeliz de quem só quer brigar com o amor / Igual eu fiz Melhor é ser a seu favor, um aprendiz // Se novamente ele me chama / Eu vou mostrar que esse meu jeito mudou Se é pra ser feliz, eu vou


Chorei / Como nunca chorei na vida / Porque precisava desabafar / Chorei Tanta mágoa naquela hora Que a tristeza foi indo embora Antes da derradeira lágrima rolar / Chorei / Porque vinha trazendo minh’alma sentida Eu chorei pela última vez nessa vida / Para nunca mais chorar Doravante eu vou cantar Se a tristeza voltar Dessa vez não demora Mas não me envergonho pelo pranto que chorei / Porque Pelo que eu chorei Qualquer um também chora

Duarte | Paulo Cesar Pinheiro

Chorei_ Eduardo Gudin | Mauro


Mente_ Eduardo Gudin | Paulo Vanzolini Mente / Ainda é uma saída / É uma hipótese de vida / Mente, sai dizendo que me ama / Mente, espalha essa fama Me chama de meu amor constantemente No meio de toda gente / E a sós, entre nós dois, mente // Mente pra dar um novo início, / Ninguém liga sacrifício, / Quando ele é o único meio / Pois na mentira, meu amor, / Crer, eu não creio / Só pretendo que, de tanto mentir, / Repetir que me ama, Você mesma acabe crendo

Ainda mais_ Eduardo Gudin | Paulinho da Viola Foi / Como tudo na vida que o tempo desfaz / Quando menos se quer / Uma desilusão assim / Faz a gente perder a fé / E ninguém é feliz, viu, se o amor não lhe quer / Mas enfim / Como posso fingir e pensar em você / Como um caso qualquer / Se entre nós tudo terminou / Eu ainda não sei, mulher / E por mim não irei renunciar / Antes de ver o que não vi em seu olhar / Antes que a derradeira chama que ficou / Não queira mais queimar // Vai / Que toda a verdade de um amor O tempo traz / Quem sabe, um dia você volta para mim / E amando ainda mais


Sempre se pode sonhar_ Eduardo Gudin | Paulinho da Viola

Saí antes do dia amanhecer Deixei Adoniran me consolar / Senti quando a tristeza me envolveu, sem reagir / Lutei para esquecer aquele mal e perdoar // Talvez quando a verdade aparecer / A dor faça você me procurar / Porém a luz maior de um bem querer Quando se apaga é pra valer / E não acende nunca mais // Meu samba fala em adeus, sim / Mas também pode ocultar / Um sonho que se perdeu / E sempre se pode sonhar / Guarda uma estrela que um dia pousou em minha vida E já não brilha mais em minhas mãos vazias

Luzes da mesma luz_

Eduardo Gudin | Sérgio Natureza Nós / Almas tão irmãs / Gêmeas na paixão / Corpos que se dão / Em busca do prazer / Deve ser o destino que cruzou os nossos instintos pra fazer / De tantos carinhos o porquê / da vida em comum // Nós / Pétalas sem flor/ Pérolas de um mar / que ninguém nadou / Nos cabe navegar / Mergulhar, descobrir o que é que há / No fundo mais fundo em nosso ser / Se quem naufragou no bem querer pode se salvar / Pra onde irá / Que barcos virão pra resgatar / Os sobreviventes da ilusão / No meio do mar da solidão Melhor nem pensar // Cá estamos nós Amor, faça jus / A quem ama em paz Luzes da mesma luz



O amor veio me visitar_ Eduardo Gudin | Roberto Riberti O amor veio me visitar / Plantou uma semente em meu jardim / O amor veio assim sem avisar, sem eu chamar / Entrou na minha casa e se apossou de mim // O amor veio me consolar / Da dor que eu já pensava não ter fim / O amor cuidou de mim sem eu chorar, sem eu clamar / E eu tanto precisava que nem me dei por mim // Mas da semente pode haver a flor / Que me desperte pra abraçar o amor / Então daria a chance pro meu coração / Ficar de bem com as manhas da paixão // E assim eu poderia reencontrar / A paz que a gente sonha merecer / E me despir da triste solidão / Que insiste em iludir o meu o prazer // Porque o amor se veio pra ficar / Ou veio só pra não me ver sofrer / Quem sou pra decidir com a razão / Melhor deixar o amor me revolver Piano: Leila Pinheiro


Obrigado_ Eduardo Gudin Venho / Apesar desse resto de mágoa / Pra lhe dizer / Obrigado a você / Que já não me importa / Se o amor foi de guerra ou de paz / Meu caminho começa / Onde o tempo começa a contar / Quanto tempo faz // Nada nas mãos / Nem ao menos saudade De uma canção / Mesmo assim é um prazer / Saber que eu me sinto à vontade Pra lhe agradecer / Pelas horas, mil horas num dia, / Mil dias, mil formas de se viver // Ah! Por que solidão, / Por que não, prazer, / Porque foi assim ou deixou de ser, / Porque era calmo de enlouquecer / Ou eram ventos mais violentos de naufragar / Mesmo assim fomos contra a corrente / Buscando algum porto / Pra se chegar Piano: Leila Pinheiro


Paulista_ Eduardo Gudin | José Carlos Costa Netto

Na Paulista os faróis já vão abrir / E um milhão de estrelas prontas pra invadir os Jardins / Onde a gente aqueceu numa paixão / Manhãs frias de abril // Se a Avenida exilou seus casarões / Quem reconstruiria nossas ilusões Me lembrei de contar pra você nessa canção / Que o amor conseguiu // Você sabe quantas noites eu te procurei / Nessas ruas onde andei? / Conta onde passeia hoje esse teu olhar Quantas fronteiras ele já cruzou / Num mundo inteiro de uma só cidade // Se os teus sonhos emigraram sem deixar Nem pedra sobre pedra pra poder lembrar / Dou razão, é difícil hospedar no coração Sentimentos assim


Mordaça_

Eduardo Gudin | Paulo Cesar Pinheiro Tudo o que mais nos uniu, separou Tudo o que tudo exigiu, renegou Da mesma forma que quis, recusou O que torna essa luta impossível e passiva // O mesmo alento que nos conduziu, debandou / Tudo o que tudo assumiu, desandou / Tudo que se construiu, desabou / O que faz invencível ação negativa // É provável que o tempo faça a ilusão recuar Pois tudo é instável e irregular E de repente o furor volta / O interior todo se revolta / E faz nossa força se agigantar // Mas só se a vida fluir sem se opor / Mas só se o tempo seguir sem se impor / Mas só se for, seja lá como for / O importante é que a nossa emoção sobreviva / E a felicidade amordace essa dor secular / Pois tudo, no fundo, é tão singular / É resistir ao inexorável / O coração fica insuperável E pode em vida imortalizar


Praça 14 bis_ Eduardo Gudin Um samba muito bom / Que me contagiou / Me ganhou / Bixiga amanheceu / Vai-Vai já ensaiou / Clareou // Foi quando o farol fechou / Da praça / O samba me chamou / Se o samba vem do Rio E da Bahia / O samba também vem / São Paulo sempre tem Bixiga é o samba do lugar / Só que vem aqui dirá / Igual a mim São Paulo é bom de amar / E assim o samba vem / Paulistamente eu vou cantar // Um samba muito bom / Que me contagiou Me ganhou / Bixiga amanheceu / Vai-Vai já ensaiou / Clareou


José Carlos Costa Netto

Brasileiro como eu / Quando o carnaval chegar / Tem o mundo pra sonhar / Nas cores das escolas / Brasileiro como eu / Mede força desigual / No samba de um planeta que encolheu // Mesmo assim brilha porque Batem palmas pra valer Pois há sempre um grande ator / No palco da comédia Todo ano o samba sai / São 500 para inglês ver / Darcy Ribeiro disse que eu sou

Eduardo Gudin

Neo-Brasil_

Quem pergunta por mim já deve saber / Do riso no fim de tanto sofrer / Que eu não desisti das minhas bandeiras, /Caminhos, trincheiras da noite // Eu que sempre apostei na minha paixão / Guardei um país no meu coração / Um foco de luz seduz a razão / De repente a visão da esperança // Quis esse sonhador Aprendiz de tanto suor / Ser feliz num gesto de amor / Meu país acendeu a cor // Verde as matas no olhar / Ver de perto ver de novo um lugar / Ver adiante, sede de navegar / Verdejantes tempos, mudança dos ventos / No meu coração

Verde_ Eduardo Gudin |


mais // Sim, eu sou brasileiro Não tem pena de mim É que eu sou mandingueiro É que eu vou rir no fim // Eu sei, eu canto assim porque O samba é como a vida É sempre alegre e triste ao mesmo tempo / E o seu lamento faz viver // Brasileiro como eu / Tem seu jeito de mudar / Só precisa acreditar no ronco das panelas O barulho de acordar As pessoas que estão lá Por elas, fica tudo como está


Boa maré_

Eduardo Gudin | Paulo Cesar Pinheiro A vida é dura mas tem que saber levar / Quem só procura problema é o que vai achar / Quem tem cintura espera a maré virar / Quem não segura é que vai na corrente // O tempo é breve pra gente viver, mas dá / Só não se deve é correr que é pra não pifar Mas quem se atreve não chega a nenhum lugar / Quem pega leve é que vai sempre em frente // Tem que ter fé / Tem que dar pé Tem que se acreditar / Tem que ter boa maré pra não dançar Mas se não der / Se não puder / Tem que desabafar / A gente canta pra não chorar // O mundo é grande e eu nem sei quanto chão que há / Mas tem quem ande sem ter casa pra morar / Só tem quem mande no mundo se alguém deixar / Porém nem Ghandi mudou sua gente // A morte é certa e ela um dia ainda vai chegar Mas quem deserta da vida que dó que dá / Se o calo aperta é que o nego vai se cuidar / Quem vive alerta não cai de repente


Vida dá_ Eduardo Gudin Quantas vezes nem sei / Eu quis na sorte mandar/ Fiz promessa de rei / Que é pra nunca quebrar / Mas quebrei outra vez E quantas vezes serão / Até eu saber / Vida dá lição // E se ter humildade é bom Aprender que dá pra viver sem amor e com O destino é a brisa / Se a gente seguir Tormenta se a gente teimar / Precisa saber se deixar levar // Quem espera o que nunca vem / Quer guiar a vida / A vida não diz amém / Mas ela convida se a gente ficar Esperto reconsiderar / É certo que a vida vai mais além // Eu já fui infeliz no amor E também já fui muito mais infeliz que sou Isso pouco importa / Nem sei quem falou Poetas que a gente nem vê / Discretas verdades têm mais valor // Fiz do samba o maior dos sons / Sem desrespeitar aquele que discordar / E como um cortejo eu vou terminar / Deixando o samba rezar por mim / Até o sol raiar / Enfim

Velho ateu_

Eduardo Gudin | Roberto Riberti Um velho ateu / Um bêbado cantor, poeta / Na madrugada cantava esta canção seresta // Se eu fosse Deus / A vida bem que melhorava / Se eu fosse Deus Daria aos que não têm nada // E toda janela fechava / Pros versos que aquele poeta cantava Talvez por medo das palavras De um velho de mãos desarmadas Piano: Leila Pinheiro | Fábio Torres


Gravado ao vivo no Teatro FECAP, São Paulo, em 2007 Teatro FECAP_ Direção artística Homero Ferreira Direção de produção Américo Marques da Costa Neto Produção executiva Thyago Braulio e David Alexandre Oliveira Som Alberto Ranellucci, Vanderley Quintino, Carlos Rocha e Rafael Valim Iluminação Silvestre JR e Carol Autran

Show_ Seleção de repertório Eduardo Gudin e Leila Pinheiro Direção musical e arranjos Eduardo Gudin Roteiro e direção de cena Heron Coelho / Assistente Andrea Lopes Técnico de sonorização Leila Pinheiro Marcio Reis Produção Leila Pinheiro Flávia Souza Lima Músicos_ Leila Pinheiro voz e piano / Eduardo Gudin voz e violão Fábio Torres piano e arranjo “O amor e eu” / Zeca Assumpção contrabaixo acústico Celso Almeida bateria, agogô e ganzá / Milton Mori cavaquinho e bandolim Teco Cardoso flauta, sax tenor, alto e soprano / Guello percussão Julio Ortiz violoncelo / Gravação adicional: Pirulito surdo em “Pra iluminar”, “O amor e eu”, “Praça 14 bis”, “Verde”, “Neo-Brasil”, “Boa maré”, “Vida dá”, “Velho ateu”


[01] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / BR-LPH-08-00002 [02] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / BR-LPH-08-00003 [03] Editora Arlequim / BR-LPH-08-00004 [04] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / BRLPH-08-00005 [05] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / Nossa Música / BR-LPH-08-00006 [06] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / Nossa Música / BR-LPH-08-00007 [07] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / Deck Edições / BR-LPH-08-00008 [08] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / Direto ao autor / BR-LPH-08-00009 [09] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / BR-LPH-08-00010 [10] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / BRLPH-08-00011 [11] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / BR-LPH-08-00012 [12] Tapajós (EMI) / BR-LPH-08-00013 [13] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / BR-LPH-08-00014 [14] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / BRLPH-08-00015 [15] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / Cordilheiras (EMI) / BR-LPH-08-00016 [16] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / BR-LPH-08-00017 [17] Verde Edições Musicais (Warner Chappell) / Direto ao autor / BR-LPH-08-00018


CD_ Coordenação artística Leila Pinheiro Coordenação de produção Flávia Souza Lima Assistente de produção Tacacá Music Cristiane Jacques Produção executiva Eduardo Gudin Livia Mannini Mixado por Leila Pinheiro e Alexandre Rabaço (Fábrika de sons e Casa do mato) Masterizado por Carlos Freitas (Classic Master) Projeto gráfico Guili Seara Design / Direção de criação Guili Seara Designers Larissa Gontijo, Natália Dutra e Zumberto Ilustrações Leandro Verassani e Zumberto Fotografia Luciana Yoshikawa e Sylvia Sanchez (Aiye) Contatos_ Leila Pinheiro +55 21 2537 1348 | 11 2527 3695 | contatoshow@leilapinheiro.com.br Eduardo Gudin +55 11 4365 4881 | 11 3083 0986 | eduardogudin@eduardogudin.com.br


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