Reboco Caído nº13

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Editorial Xerocado, dobrado e grampeado. Eis que nasce mais um Reboco. Abri a edição com o texto do irmão Eduardo Marinho e sigo com um que escrevi sobre o massacre que a rapaziada desprovida de grana vem sofrendo sob os olhos apáticos e alienados de uma sociedade que se diz civilizada. Ofereço este zine a esses valentes guerreiros que, embora vivam na pobreza material, possuem uma riqueza muito diferente da que se valoriza por aí. Força e resistência, galera.

Nas páginas seguintes temos entrevistas com o Goma (que fez a capa desta edição), com Renata Guadagnin (essa é daquelas pessoas que fazem a diferença) e com a banda Nardones (som novo pintando na área). Entre as entrevistas, escritos de uma turma da pesada. Fecho a edição com alguns temas que não tem recebido a devida atenção e divulgação, mas que não podiam ficar de fora. Se dependermos da mídia convencional para nos informar...

1- Atualmente o blog Reboco Caído não tem mais ligação com este trabalho que venho realizando com zines. Meu blog saiu do ar e agora alguém vem usando o antigo endereço . 2- Os zines antigos estão com endereço de correspondência do RJ, mas desde que mudei para Porto Alegre não recebo mais correspondências nesse endereço.

Contatos: fsb@yahoo.com.br www.twitter.com/RebocoCaido www.slideshare.net/ARITANA


#13 Ilusões plantadas Por Eduardo Marinho Estamos engatinhando na superação das ilusões, na busca de valores reais. No momento a engrenagem social - sequestrada pelos interesses econômicos de uma casta mínima de mega-empresários, apoderados dos poderes políticos, das máquinas estatais, com o controle das mídias - impõe valores, comportamentos e faz de tudo pra manter a superioridade da forma sobre o conteúdo. Um dos trabalhos de libertação, senão o principal, é aprender a pensar por si mesmo, sentir por si mesmo, independente dessas pressões absurdas e predominantes. São nossos valores, objetivos e comportamentos o que sustenta esse sistema perverso, essa sociedade injusta. Porque não são nossos de verdade, mas implantados de todas as formas imagináveis e inimagináveis. Precisamos criar nossos próprios valores. Ou recriar. Mudar nosso comportamento, nossa maneira de viver. Não é fácil a princípio, mas depois que se começa, impossível parar sem o sentimento de rendição. A frustração é predominante nessa vida sem sentido que nos é imposta. E os paliativos não satisfazem aos que buscam algum sentido na vida. A recomendação, sob ameaça, é óbvia - acomode-se ou sofra. Submeter-se é jogar a vida no lixo e, talvez, só se tocar tarde demais. Compor com o caminho da frustração é impossível, é preciso mentir muito pra si mesmo pra acreditar em tanta mentira. Que venha a discriminação. Na recusa do aprender, a dor se faz mestra. Matando os pobres Por Fabio da Silva Barbosa Infelizmente a música Kill the poor (Matar os pobres), da banda californiana Dead Kennedys, cabe perfeitamente no atual momento brasileiro. Não que isso seja inédito em nosso país. O próprio “desREBOCO

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cobrimento” (invasão seria o termo mais apropriado) do Brasil foi uma história de extermínio físico e cultural. Eliminar os indesejados sempre foi prática corriqueira em sistemas covardes como o nosso. O que assusta é a máquina assassina cada vez mais se especializando no extermínio sem culpa. As justificativas mais bizarras são usadas. Os processos de exclusão jogam para longe os que sobrevivem. Exemplo disso são as remoções forçadas que estão acontecendo pelo Brasil. No Rio de Janeiro, os grandes eventos e a especulação imobiliária fizeram esse processo ganhar um volume monstruoso. As “pacificações” foram o anúncio de que o pior ainda estava por vir. Em São Paulo os incêndios estão dando um toque piromaníaco à expulsão e ao extermínio dos pobres. Falando em São Paulo, não podemos esquecer da brutalidade ocorrida em Pinheirinho. Na Bahia, o Quilombo Rio dos Macacos está sendo expulso de suas terras pela Marinha. Milhares de pobres são entulhados nos presídios, favelas e lixões, da maneira mais insalubre possível. O serviço público é executado da pior maneira. Seriam inúmeros casos relatados e mesmo assim esqueceríamos algum, devido ao grande número de massacres físicos, psicológicos e culturais a que a grande massa está sujeita desde o seu nascimento. Toda forma de opressão é usada. Por quantas chacinas ainda passaremos? Você já ouviu falar de alguma execução em bairro de bacana? Difícil acontecer, né? Os canos estão apontados para os pobres. Mesmo sendo necessários para lavar, passar, cozinhar.... fazer as coisas funcionarem, o número de pobres não pode afetar a segurança dos patrões. E de preferência que morem bem longe para não incomodar o universo artificial criado para os poucos que acumulam privilégios. E a classe média, morrendo de medo da pobreza e babando pela posição dos ricos, apoia toda a crueldade, esperando por mais algumas migalhas do banquete.


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Um papo com o Goma Por Fabio da Silva Barbosa

Esse é o Goma: Paulistano da safra de 88, atualmente começou uma série de ilustrações com o título Tempo Seco e vem conquistando espaço e mostrando cada vez mais sua cara. Então, manda a goma aí: Como nasceu Goma e quem era o Goma antes do Goma nascer? Tem muito Thiago Gomes nesse país - Putz! - e pensei que Goma teriam menos. Depois vi que goma (entre outros significados) é a união de vários elementos, uma goma mesmo. E isso é uma coisa boa, porque gosto de misturar referências. E o aprendizado é uma coisa eterna. Então, estarei sempre buscando algo, misturando coisas, fazendo gomas. Por que desenhar? Porque me sinto a vontade desenhando, é natural pra mim, tenho gana para aprender mais e me expresso melhor pelo desenho. Embora aprecie muito o audiovisual e a música, não seria o mesmo. São coisas que me cativam e motivam a desenhar, mas... Essas áreas estão em um eterno namoro, então pode ser que um dia role algo também. haha! Colorido ou preto e branco? Haaa... Os dois têm seus prós... Tem momento pra tudo. Gosto dos dois! Defina o ato de desenhar Pergunta difícil... Não sei responder... Talvez, assim como qualquer outro tipo de arte, trazer a tona o que tá dentro de você, o que você não aguenta segurar só pra ti! Fale sobre Tempo Seco Tempo Seco é o que não aguento segurar só pra mim sobre SP. O nome é uma referência a maioria dos dias em SP: Seco mesmo, poluído e sem umidade. Tá muito no começo ainda e pretendo explorar mais essa série, que é um olhar sobre vários momentos na vida das pessoas, no cotidiano da cidade, momentos de tensão, lazer, tristeza, lirismo, depressão, ódio e etc... sempre tendo como pano de fundo a minha visão da cidade, a minha SP!! Solta os cachorros Organização é a base pra tudo no trabalho, na vida, na cena! Nos organizando, podemos sempre construir coisas maiores!! E sejam bem vindos ao Tempo Seco: http://gomablog.blogspot.com.br/. Valeu pelo espaço, Fabio. Abraço a todos ;)


#13 Mife Por Alexandre Mendes Sólidas paredes emergem ao redor A cidade tem um sobrenome...é caos! Hambúrguer, panelas, mulheres e homens caminham rumo a trilha um tanto imposta; um pouco escolhida, Gritos de solidão em murmúrios coletivos... O frio da noite esquenta o que pode vir a acontecer Quem está ao lado, vai ficar de lado Corda, pescoço, pistola, pelado Mata, correndo, chorando, deitado Sol quente, cinzas, nuvens... _Nublado_

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Garota Original Por Anna Alchuffi És tú dona do mais belo sorriso amarelo E de todo meu afeto Do mais puro e humilde ciúme Da dor, o mais singelo perfume Adormecida ao meu lado entre os lençóis És mais bonita que a rebeldia jovem, És belo fruto do Lésbio Mais original que desenho de nuvem e modernismo brasileiro] Ainda terás uma antiga fotografia nossa E dirás com nostalgia que eramos boas amigas Terás outras vidas E eu outras brigas. Juntando as partes Por Wagner T. se eu com bastante atenção reler tudo desde o início encontrarei Eu ?

Para o Malandro Vagabundo / Feito com Carinho Por Fabio da Silva Barbosa hoje eu canto para o belo malandro que não aceita os grilhões desta prisão que sai por aí sem hora marcada sem se preocupar com a caminhada hoje saúdo todas as pessoas que vivem sem prumo, rumo ou broas vagabundo iluminado iluminando a visão não tem registro, raiz ou manual de instrução tantos julgam, falam ou explicam poucos percebem, entendem e abraçam quantos acusam, acusaram ou acusarão alguns observam a lua, tocam viola e questionam a convenção mas o bom vagabundo malandro iluminado estará sempre a bailar pela terra, pelo mar e pelo ar pela terra pelo mar e pelo ar Mentiras Por Fabio da Silva Barbosa Disseram pra estudar! Disseram pra trabalhar! Disseram pra casar! Disseram que isso é se realizar! Disseram pra mentir! Disseram pra fingir! Disseram pra fugir! Disseram que um dia eu iria conseguir! Disseram tanta merda! Disseram tanta porra! Disseram tanta zorra! Disseram “É assim mesmo” “Vá e morra”!


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REBOCO CAÍDO # 1 3 “Não sou nada, se não uma gota d’água sedenta (como um infinito i

Por Fabio da Silva Barbosa Em toda parte encontramos pessoas na luta, produzindo, acrescentando, modificando. Cada um utilizando seus meios. Cada qual seguindo seu caminho. São vários caminhos fazendo parte da mesma estrada. Estamos todos juntos, ao mesmo tempo que sozinhos. Encontros e desencontros acontecem a todo momento. Uma figura que esbarrei por essas andanças e que faz da sua vida um instrumento de transformação é Renata Guadagnin. Você possui um trabalho como ativista cultural e outro voltado para questões sociais. Onde esses trabalhos se encontram e onde se distanciam? São todos trabalhos autônomos e independentes. Para mim, parece ser necessário manter uma ligação entre o trabalho com a cultura e as questões sociais. O ponto de encontro entre eles é justamente acreditar que através da cultura possa se realizar uma real evolução social, a utilização da cultura como um dos meios de expressão das massas sociais, construção e respeito à cultura popular. Mas se distanciam quando preciso expor as questões sociais com as quais trabalho e tenho vivência ao mundo acadêmico, tendo que falar “academêis” e teorias abstratas que não dialogam com a realidade, o que me parece ser uma infundada falta de cultura quando tratamos de questões sociais com linguagem e expressão que não são, via de regra, compreendidas pelas grandes massas ou se quer dialogam com elas. E aí acontece o distanciamento entre cultura, população e “sociedade acadêmica”. Há sistemas paralelos que não são enxergados pelo sistema, não há o reconhecimento da cultura como meio de crescimento social, e aí a dificuldade de inserir cultura para

trabalhar com as questões sociais e explanar isso dentro da ‘Universidade’. O movimento quilombola em Porto Alegre. A resistência do povo quilombola no RS é muito forte. Em Porto Alegre acompanhei, desde 2003, a luta do Quilombo da Família Silva, situado no bairro Três Figueiras, região nobre da cidade. Os descendentes de escravos residem nas terras desde 1941, quando a primeira geração da família veio fugida de São Francisco de Paula, onde ainda eram mantidos como se escravos fossem. Em veio a primeira conquista, depois de muito combate com a polícia e resistência à especulação imobiliária, o então Presidente da República assinou um decreto declarando o Quilombo da Família Silva o primeiro Quilombo Urbano do Brasil e que as terras ocupadas pela Família Silva eram de interesse social e cultural do país, devendo assim serem garantidos os direitos territoriais da comunidade. Como anda essa situação hoje? O Rio Grande do Sul é o último lugar que as pessoas pensam ter quilombos em função da colonização alemã e italiana. Mas há registros regionais que indicam a existência de aproximadamente 130 comunidades, a maioria em zona rural. No entanto, boa parte dessas comunidades ainda aguardam a posse e titulação de propriedade da terra, embora seja um direito garantido pela Constituição Brasileira, enfrentando diversas dificuldades de acesso, inclusive à rede pública de saúde e educação, já que não possuem endereço reconhecido. É como se as terras ainda fossem terras de ninguém. Às vezes surge um ou outro se dizendo proprietário, iniciando diversos


REBOCO CAÍDO # 1 3 inclassificável neste mundo maluco).” Renata Guadagnin

processos na tentativa de garantir a posse da terra para os descendentes de escravos que lá estão há séculos. O Quilombo da Família Silva vem, desde 2006, obtendo, vagarosamente, alguns avanços: agora possui saneamento básico e desde 2010 estão tentando finalizar a construção de uma pequena biblioteca com livros e computadores dentro do território. Aos poucos o respeito à cultura e história dos diversos povos rio-grandenses está se consolidando e o preconceito se desfazendo. E seu trabalho com os presos? Moro nas proximidades do Presídio Central de Porto Alegre desde os 6 anos, passando por ali quase diariamente. Sempre me causou certo incomodo e inquietação ver a mesma situação degradante há tanto tempo. Mas a aproximação efetiva com os presos surgiu no meio deste ano, quando tive contato com o Projeto Direito no Cárcere, realizado na Galeria E1 do PCPA, que utiliza a arte como forma de expressão e instrumento de resgate da autoestima dos integrantes, já que todos são dependentes químicos em tratamento. Depois, obtive contato com um preso de outra galeria que escreve poesias, letras de músicas e já tem editado um livro e que encontrou assim uma forma de controlar os instintos mais agressivos, mesmo dentro de um ambiente totalmente insalubre e insuportável. A partir disso realizei algumas entrevistas com pessoas ligadas ao sistema carcerário, presos, familiares e funcionários do Presídio para tentar compreender os ecos que gritam atrás dos muros e que a sociedade não escuta, ou não quer escutar (menos ainda ver). Qual a importância deste tipo de trabalho? Trabalhos que dão voz a quem nunca é escutado são importantes porque mostram

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a falência de todo o sistema. O sujeito ingressa em sistemas paralelos, como no Presídio Central, e quando retorna para a “sociedade” continua fora do controle social e sendo aquilo que a mediocridade considera ameaça. No entanto, quando ‘o cara’ está lá dentro do sistema prisional, vivendo um verdadeiro inferno, sem condições mínimas de sobrevivência, dividindo o chão que dorme com ratos e doenças, ninguém se preocupa com o que está acontecendo. Não tem como sair do inferno “regenerado” ou “ressocializado”. A importância da realização de trabalhos dentro do sistema prisional se dá para isso: demonstrar que o Estado-poder utiliza um discurso falacioso de ressocialização sem humanidade. Por detrás do discurso há apenas o interesse em ‘varrer para baixo do tapete (imundo)’ o lixo humano que é produzido pelo próprio sistema. Quais os principais problemas enfrentados no cárcere? De modo geral, a estrutura arquitetônica das casas prisionais no Brasil, devido à superlotação e o aumento gradativo no número de presos, acaba sendo o principal problema. Com prédios completamente destruídos e sem infraestrutura, não há condições mínimas de higiene. O esgoto dos (pseudos) vasos sanitários escorre pelas paredes dos “quartos” dos andares de baixo. Em um ambiente assim, não há condições mínimas de sobreviver, o que acaba dificultando ou tornando praticamente impossível a realização de trabalhos (educacionais e laborais, por exemplo) na grande parte das casas prisionais brasileiras e, em especial, me refiro aqui a situação do Presídio Central de Porto Alegre, com o qual tenho tido esse contato e que já foi considerado por autoridades o pior da América Latina.


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Todos esses problemas na estrutura acabam refletindo em tudo, por óbvio, com mais impacto na saúde dos presos. A maior causa de morte hoje no PCPA são as doenças infecto-respiratórias (broncopneumonia, tuberculose, etc). Há apenas um médico para atender uma população de 4 mil presos. É o descaso com a saúde de quem não pode pagar por ela refletindo até mesmo nos que estão sob a guarda do Estado. No meio disso tudo, ainda existe um blog. A que se destina este espaço? Todo mundo já se perguntou o que é a vida. Para mim ela é um infinito inclassificável que precisa ser respeitado. As pessoas são únicas em suas diferenças, mas são todas parte da mesma humanidade. É a isso que o blog se destina, a escrita de rabiscos e devaneios sobre o que é a vida, esse infinito inclassificável que tentamos classificar o tempo todo. É um espaço de expressão, às vezes com pessimismo, às vezes com otimismo e entusiasmo sobre da vida... E a faculdade de Direito? Como todo “bom jovem”, ingressei na faculdade e bá! Por incrível que pareça, eu não sei por que o Direito! As pessoas me diziam para fazer Relações Públicas, Comunicação, Jornalismo... Mas desde sempre queria fazer Direito. Talvez fosse aquela ingenuidade de criança que acredita que fazendo Direito poderá fazer justiça. Mas aí cai a ficha e tu se dá conta que são coisas diferentes. É uma coisa sem explicação, mas eu sabia que tinha que fazer Direito. Ao longo do curso pude desconstruir toda a visão entre o SER e o DEVER SER tão discutindo no Direito. Vi que é tudo uma grande mentira. Ao longo da faculdade, percorri vários caminhos: tentei o comum – ser burro de carga em estágios da área (mas não deu). Fui ser pesquisadora de iniciação

REBOCO CAÍDO # 1 3 científica (o menos pior), onde passei por diversas áreas do Direito. Com esse contato com Grupos de Pesquisa e Estudo, me peguei pensando: o que essa gente quer teorizando sobre algo que eles não vivem? Quando é que o Direito vai subir o morro? Ou melhor, vai ser feito pelo povo? Definitivamente o curso de Direito não é o que eu esperava e acho que nunca foi. Mas serve para reforçar a sociedade da mediocridade.

Expandindo um pouco mais a conversa: Estamos passando por diversas questões no país (como o extermínio de povos indígenas em diversas regiões, remoções forçadas de comunidades carentes, a usina de Belo Monte,o Código Florestal...) e um ponto em comum entre todas essas questões é o poder de quem tem grana sobre quem não tem. Mesmo com isso tudo acontecendo de forma tão explícita, a grande maioria parece não ver e quando vê finge que não tem nada com isso. “Eu não tenho nada a ver com isso. Minha vida já tá resolvida. Por que vou me preocupar com a dos outros?”. A sociedade está imersa em uma cegueira promovida por quem detém o poder. Ninguém se preocupa com o outro. “Quanto menos pessoas concorrendo comigo no mercado de trabalho, melhor.” Há um sentimento de concorrência muito forte, o que causa sofrimento. De outra parte gera uma alienação e um egoísmo, individualismo... “Azar se as pessoas estão morrendo de fome.” A tendência é sempre a da acumulação. Por isso é necessário trabalhar contra essa cegueira. Para fazer com que mais pessoas se unam a favor de uma coletividade humana e não desumana. Tudo isso é humano, demasiadamente humano. Mas é necessário despertar para


CAÍDO # 1 3 o bem e não para a destruição do próprio irmão humano.

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Expandindo ainda mais: Em termos mundiais a coisa não anda muito diferente. Você acredita que possa acontecer uma mudança radical no cenário de dominação e exploração em que vivemos? Não sou otimista, mas também não sou pessimista. Acho que o movimento de mudança é inevitável. No interior de cada um deve haver o sentimento de insatisfação com toda a situação de dominação que reflete em ‘desigualdade’, o que já deve impulsionar certa mudança de comportamento. Fortificando isso, acredito que podemos ter grandes movimentos sociais unidos com o interesse comum da coletividade. De outra parte, acho que há também uma tendência a acumulação, como referi antes. O poder dominante (dinheiro) e quem o detém não vai ceder tão facilmente. Mas é possível uma mudança radical desde que consigamos enxergar essa imposição materialista feita pelo poder e que causa tanta dominação, exploração e destruição. Por aí começa uma mudança grande e que pode fortalecer essa contracorrente. Vamos dar “asas a uma esperança equilibrista”. Estranho sem pátria Por Renata Guadagnin estranho, cidadão do mundo cidadão do nada cidadão do tudo... ou sem nada, anda por ai em tempos destemperados, controlados Em tempos em que o fogo arde a chuva corrói o sorriso congela as mãos não mais se unem

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Solidariedade Por Cecilia Fidelli Criança carente, faz parte de uma corrente, que devemos arrebentar. Poeta da lua Por Wild Garden Somos poetas da lua que nos encontra na rua e a deixa todo iluminada poetas de calçada letras soltas, nosso tudo para os tolos, um nada. Comendo grama Por Anita Costa Prado Miséria, fome, corrupção, besteirol... e a gente se consome assistindo futebol. Ice Por Thina Curtis Tenho estado estranha por estes dias difíceis e frios me pego chorando lágrimas pelas perdas e desencantos me pego chorando por coisas fúteis e por aquelas que nunca vão acontecer me ponho a caminhar solitária e deturpada pelas noites gélidas e inconstantes pelas ruas escuras e nebulosas ouço as vozes do silêncio ecoando em minha mente, alimentando o frio o vazio e a solidão invade o meu corpo insano que caminha sem cessar sem rumo, com minhas preces(rogadas) sigo o meu destino assim, estranha e sozinha no escuro, congelo, iberno "por entre sombras" ninguém mais espera por mim.


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Poesia Viva Por Helena Ortiz precisou que te fosses para que a poesia renascesse em mim enquanto estiveste ao meu lado ela existia tinha um corpo que dançava olhos que abraçavam mãos que me erguiam e chamava-se Alice CONFIGURAÇÃO pOR dIEGO el kHOURI rrfefgkkkkkkkkkkkkkkkkkffv fvmfvef fhdfasdjfsafhrfrfrrr fffhjkDD,,,,,,,,,,,,,,,,,jkjkk,jk,,hmm rfrrrOPÕPOPPÇ fffhjkDD,,,,,,,,,,, Saber Por Winter Bastaos VOCÊ SABE O QUE É VOCÊ? VOCÊ SABE O QUE É SABER? VOCÊ SABE O QUE É QUE? VOCÊ SABE O QUE É SER? VOCÊ SABE O QUÊ? O QUE VOCÊ SABE? VOCÊ SABE O QUÊ? O QUE VOCÊ SABE? Deparo Por Ivan Silva não procurava e encontrei a caminhar em meu coração desmatado, um sentimento sobrevivente, livre, incorruptível... desses que, sei lá, ou fogem ou atacam a gente.

Por Fabio da Silva Barbosa Contos de horror, clássicos B do cinema, histórias macabras e hipotéticas tocadas por veteranos. Esse é o horror punk da banda Nardones. Gravado em maio de 2012, o EP “Quase Indolor” vem com quatro canções Quase Indolor, Possessão, Alma Gêmea e Eu Não Sei Dizer Adeus. Quer saber mais? Eu também. Buscando mais informações, troquei uma ideia com o vocalista Victor Rocha (Victor Jack) O que é Nardones? Nardones é uma banda de horrorpunk autoral que nasceu da vontade do Ricardo (Guitarra) em montar algo do estilo. Como eu sempre quis ter uma banda com ele e meu estilo preferido é Horror, seja ele punk, metal ou rock, o projeto acabou casando como uma luva. Queríamos uma banda nacional de horrorpunk com temas nacionais, monstros nacionais... O nome teria que seguir a mesma linha. Optamos por este nome por acreditarmos que ele remete ao horror no subconsciente das pessoas, por ser uma referência a um caso que chocou. Quero deixar claro que não somos a favor do crime ocorrido! Além do mais, existe um trocadilho excelente com RAMONES, que obviamente é um influência. E o horrorpunk? Como você definiria esse estilo? O horrorpunk, pra mim, é como aqueles filmes de terror da década de 80 ( “A Hora do Espanto”, “A Hora do Pesadelo”, “Necronomicon”). São músicas com a temática voltada 100% para histórias de Terror, com a pegada do punk. É aquele terror


CAÍDO # 1 3 que você torce pelo monstro! Normalmente as letras estão sempre homenageando um clássico cinematográfico do gênero, ou criando seu próprio roteiro, alguma história que poderia estar nas telas. É um gênero descompromissado com o social ou qualquer outra coisa. A intenção é fazer Terror na música, assim como é feito em todos os outros gêneros de arte (literatura, cinema, pintura...)

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Qual é o lance da maquiagem? Se a banda se propõe a tocar histórias fictícias de Terror e envolver o espectador nesta atmosfera, nada mais justo que as músicas sejam interpretadas por monstros cinematográficos, né? Além de ser uma marca muito forte do gênero, ajuda as pessoas a perceberem o quão fantasia é aquilo e a se identificarem com aquele personagem “X” do Filme de Terror que você aprende a amar (Freddy, Jason, chucky, Pinhead... a lista é infinita). Tem também todo o lance da mística por traz do corpse paint. Quais as principais influências da banda? Obviamente Misfits desponta não só como criador do gênero, mas por ser até hoje uma das bandas que melhor conseguiram transcrever o universo do terror em música (na minha opnião). Mas a banda tem 4 integrantes e cada um traz sua influência. O Misfits é apenas a interseção de todos nós. O Ricardo Sá (Guitarra) veio do Bendis, uma banda de ska, e curte Black Sabbath, Slayer, Dead Kennedys... por aí... Eu (vocal) curto muito Trash oitentista, alguma coisa do new metal (os que remetem à terror) e punk oitentista. Na verdade, o que eu curto é TERROR. Tem esse tema já me ganhou pela metade. O Ned (baixista) é da praia do rock-a-billy,

psychobilly, country americano, folk, essas coisas... Nosso novo membro, Rafael Lobato, veio do Unearthly, que era uma banda de Black Metal. Pode parecer estranho, mas todos estão ligados pela vontade de tocar o TERROR! O que o pessoal pode esperar? Pode esperar muito terror, deboche, sangue, juras de amor maldito, zumbis, vampiros, demônios, H.P. Lovecraft... e um show cheio de energia do inicio ao fim, com todo o clima necessário para se fazer um bom filme de horror! Digo, show de Horrorpunk... Letras em português e um som intenso, pesado e às vezes dançante, o que evidencia nosso sarcasmo no trato com a morte. http://br.myspace.com/bandanardones h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m / u s e r / bandanardones

Censurado Por Glauco Mattoso Sabendo que a censura não me trava, pediram-me um soneto sem calão p'ra pôr na anthologia de salão que o tal do [censurado] organizava. Queriam até tonica na oitava, mas nada de recurso ao palavrão. Usei o ingrediente mais à mão, porem sem [censurado] não passava. Desisto. Quanto mais remendos metto, mais ropto vae ficando o [censurado]. Poema não é texto de pamphleto p'ra ter que se estampar todo truncado! Pois esta [censurado] de soneto que va p'ra [censurado] [censurado]!


Coleções de Infância Por Elke Gibson Caminhava descalço - ele e seu brinquedo por vielas esburacadas sacudindo sua pet, o pivete, catava todas que via... Zunia! "mais uma pra coleção", o guri matutava... SORRIA Mas logo a mãe berrava "pra casa! moleque de miolo mole pensa que é de aço? tiro não escolhe" E o moleque corria... Sua garrafa recheada das cápsulas que catava ao redor do seu portão Até que belo dia completou a coleção CATOU A ESPECIAL Mãe gritou! "ô moleque desobediente" já não ouvia! já não catava! - já não sonhava pra nossa ruína pra nossa humana desgraça essa não guardou na pet Essa ele levou no PEITO Dessa não correu não. *******************************

Recortes - Um estudo, publicado na revista internacional Food and Chemical Toxicology, sobre milho geneticamente modificado aponta para efeitos tóxicos alarmantes até agora desconhecidos. Trata-se da primeira vez a nível mundial que são investigados os efeitos de longo prazo dos transgênicos na saúde. Os animais alimentados pelo milho transgênico sofreram de morte prematura, além de tumores e danos em múltiplos órgãos vitais. - O Brasil está, desde 2009, em primeiro lugar no ranking dos países que mais usam agrotóxicos. É como se cada brasileiro consumisse cinco litros de veneno ao ano. - A Ugra Press tem o prazer de informar que está aberta a convocatória para o 3º Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas. Maiores informações pelo site www.ugrapress.wordpress.com - O “Gang Gulabi” (ou o exército de sari rosa) é um grupo de mulheres, na empobrecida região da cidade de Banda, no norte da Índia. O Gulabi intervém em casos de violência doméstica, atacando os maridos abusivos com "laathis" (varas de bambu). Atualmente, lutam para combater o casamento infantil, eliminar o sistema de dote e derrotar o analfabetismo feminino. - Um grupo de pesquisadores localizou material radioativo procedente da usina nuclear de Fukushima a 3.200 quilômetros do litoral do Japão. - Por 274 votos a favor, foram aprovadas as alterações feitas pelo relator Paulo Piau (PMDB-MG) no texto do Código Florestal. Com isto, o Código libera benefícios e crédito agrícola para quem desmatou, tira a proteção em torno de nascentes de rios e aumenta a consolidação de áreas desmatadas em topos de morro e manguezais.


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