Boletim InforMandioca nº. 7 - maio/2009

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ESPECIAL II PLENÁRIA ESTADUAL DA REDE MANDIOCA

INFORMANDIOCA

Boletim Informativo do Projeto de Pesquisa “REDE MANDIOCA: Capacitação, Articulação, Produção, Beneficiamento e Comercialização da Mandioca em Comunidades de Baixa Renda”. São Luís/MA, Ano II – nº. 7 – Maio/2009

OS AVANÇOS DA REDE MANDIOCA Troca de experiências, comercialização e debates pautaram a II Plenária da Rede Mandioca, realizada entre 23 e 25 de abril passado, em Vargem Grande. “Discutir a questão do desenvolvimento solidário sustentável com as organizações e associações é o nosso grande desafio nesse mundo meio descartável, globalizado, que destroi costumes impondo outros. A principal função da Rede Mandioca é a partilha: de conhecimentos, saberes, costumes, jeitos de trabalhar, formas de como a gente lida com a terra. É preciso que sejamos solidários, para que todos nós possamos sair mais carregados de conhecimentos, de saberes, nessa troca que serão esses três dias de plenária”. Com essa fala, o Assessor de Desenvolvimento Solidário Sustentável da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, Jaime Conrado, deu início aos trabalhos da II Plenária Estadual da Rede Mandioca, que aconteceu dias 23, 24 e 25 de abril. Os dois primeiros dias de atividades se concentraram na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Vargem Grande. Estiveram presentes mais de 100 lideranças, trabalhadores e trabalhadoras rurais, representando as mais de 50 organizações atualmente filiadas à rede, no Maranhão.

Momento de mística com participantes da Plenária da Rede Mandioca Aurilene Machado, assessora da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, explicou a gênese da Rede Mandioca: “Há algum tempo a Cáritas Brasileira despertou para a necessidade de valorização da cultura

da mandioca, uma das mais exercitadas por trabalhadores e trabalhadoras rurais no Maranhão e, no entanto, uma das mais desvalorizadas. Daí a ideia de articular estes trabalhadores em rede”. Esse processo também foi resgatado por representantes do Fórum Estadual de Economia Solidária do Maranhão (FEESMA), além de experiências em economia solidária que começaram a acontecer de maneira mais articulada no Estado, a partir de 2001, quando aconteceu, em Porto Alegre/RS, o I Fórum Social Mundial.

Feira de Economia Solidária manteve tradição em Vargem Grande/MA A Rede Mandioca surge com as mesmas perspectivas: de compartilhamentos de interesses e dificuldades comuns aos grupos produtivos. Entre os avanços destacou-se a criação, no início de 2007, da Secretaria de Estado de Trabalho e Economia Solidária, “embora não se tenha conseguido a efetivação de uma política de trabalho e economia solidária no Estado, mas sim de ações pontuais, através de programas”, comentou Jordânia Pessoa, ex-assessora da citada Secretaria, que integra o FEESMA. FUNDOS SOLIDÁRIOS – A experiência dos fundos rotativos solidários também esteve pautada na II Plenária Estadual da Rede Mandioca. O economista Carlos Pereira, da Associação Agroecológica Tijupá, afirmou que “linhas de crédito como o PRONAF poderiam ser melhores se levassem em consideração as diferenças regionais de um país de dimensões continentais como é o Brasil. Se dentro do Maranhão já há diferenças enormes entre um e outro município, imagine no Brasil”. Ele apontou ainda outras vantagens dos fundos rotativos solidários: “O FEESMA recebe os recursos do Banco do Nordeste, mas como não há uma visão de se obter


lucros, todo o dinheiro devolvido pelos grupos produtivos solidários é reinvestido em outros grupos”. Entre as deliberações da plenária, destaque para a alteração da Carta de Princípios da Rede Mandioca, cuja redação atual pode ser lida aqui (link). A próxima plenária estadual da rede acontecerá em abril do ano que vem no município de Barra do Corda, que obteve mais votos para sediar as atividades. TROCA DE EXPERIÊNCIAS – Na noite de sexta-feira (24) aconteceu a Feira de Economia Solidária, na rua em frente ao STTR de Vargem Grande/MA. Nela, como acontece mensalmente todo dia 13 na cidadez, produtores e produtoras puderam expor, comercializar e trocar seus produtos: alimentos, bebidas, artesanato e animais, entre outros.

O trabalho é dividido entre homens e mulheres

Produtores de Riacho do Mel compartilharam experiência de produção de farinha de mandioca

Para Jaime Conrado, a II Plenária Estadual da Rede Mandioca “foi um momento muito rico em que os trabalhadores e trabalhadoras puderam refletir sobre o futuro da Rede Mandioca no Estado, além de conhecer outras experiências que estão sendo desenvolvidas no Maranhão”. Ele também destaca avanços da Rede Mandioca e da participação da Cáritas Brasileira como animadora desse processo: “desde quando se começou a Rede Mandioca, em 2003, em duas comunidades, Riacho do Mel e Vila Ribeiro, aqui em Vargem Grande. Hoje são 16 municípios e 54 comunidades. Essa forma de socializar conhecimentos em relação à cultura da mandioca é muito positiva, por isso estamos tendo muitas adesões. Para a Cáritas isso é um marco histórico: estamos discutindo crédito, qualidade, comercialização e a Rede está consolidada e crescendo, o que é uma conquista muito grande”. “O que nós aprendemos aqui, nós vamos levar para nossas comunidades, para que a gente tenha uma produção rápida e que possa ser levada para qualquer lugar do mundo”, afirmou Francisca Dalvina, de Barra do Corda, onde certamente novas experiências positivas serão relatadas quando da próxima plenária.

"Só quem entende de farinha/ venha peneirar aqui": canto e trabalho O último dia de atividades da II Plenária Estadual da Rede Mandioca foi marcado pela apresentação da experiência produtiva de Riacho do Mel, distante 11 km do centro de Vargem Grande. A comunidade já foi beneficiada com uma Casa de Farinha. Produtores locais apresentaram todas as etapas da produção de farinha, em uma manhã de sábado marcada pela descontração. Homens e mulheres se revezavam entre ensinar, aprender e se divertir, quase tudo ao mesmo tempo. Entre os trabalhos – descascar a mandioca, ralar, coar, comprimir e enxugar, até levá-la ao forno – e o canto: “vou fazer uma farinhada/ muita gente eu vou chamar/ só quem entende de farinha/ venha peneirar aqui”.

EXPEDIENTE O Boletim INFORMANDIOCA é uma publicação da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, realizada através de convênio com o Banco do Nordeste do Brasil para a pesquisa “REDE MANDIOCA: Capacitação, Articulação, Produção, Beneficiamento e Comercialização da Mandioca em Comunidades de Baixa Renda”. Coordenação: Jaime Conrado de Oliveira – Redação e revisão: Zema Ribeiro Cáritas Brasileira Regional Maranhão Rua do Alecrim, 343, Centro – CEP 65010-040 – São Luís/MA e-mail: caritas@elo.com.br – fone: (98) 3221-2216


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