Mais Superior | Maio '12

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MAIO 2012

Valorizamos o teu futuro! Nº 4 - Mensal - Distribuição gratuita - Não pode ser vendida

Notícias em curso

Playlist

Temos Vengaboys e Quim Barreiros. Queres mais?

Universidade de Lisboa e Técnica de Lisboa vão ser uma só

Take 1

Vê o que acontece aos caloiros em “Praxis”

Há vidama

i e u Q a d m é l a a r a p

e moram longe qu os r, da tu es r de po ra pa am lh ba Os que tra r a matéria ou os que, ve re ra pa m ita ve ro ap e qu os , lia mí da fa simplesmente, não gostam. PUB

Pdf disponível em

www.maissuperior.com



MAIO2012 ser mês de sol a brilhar. Maio costuma E para os adeptos da Queima

//ÍNDICE . Bingo

PASSATEMPO

Diablo III O teu PC vai virar um Inferno!

das Fitas é bom que assim continue.

3 //Indíce . BINGO 4 //NOTÍCIAS EM CURSO 8 //Página a página 10 //PLAYLIST 12 //TAKE 1 14 //EM FORMA 15 //Mais games 16 //LER PARA CRER 18 //LOOK AT ME 19 //LIMITE DE VELOCIDADE 20 //DÁ-TE AO TRABALHO 22 //MANUAL DE INSTRUÇÕES

Quanto à história, esta passa-se 20 anos depois dos eventos de Diablo II – altura em que os demónios Mephisto, Diablo e Baal foram derrotados, mas a Worldstone, que protegia o mundo tanto das alturas celestiais como das profundezas do Inferno, foi destruída. Isto significa que o Mal ameaça novamente Tristram. Tu vais poder cumprir missões e personalizar o teu guerreiro ao gosto – com a já acostumada a opção “quarter-view”, enriquecida com um visual repleto de gráficos 3D. Para te habilitares a um dos 5 Diablo III para PC que a Mais Superior e a Ecoplay têm para te oferecer, apenas terás de indicar a tua personagem favorita do jogo e escrever-nos um relato épico, imaginado que essa criatura existia mesmo na vida real. Os cinco relatos mais arrebatadores, com mais efeitos especiais e com mais emoção arrecadam prémio! Não te esqueças é de formalizar a tua participação, através do formulário online em www.maissuperior.com. pvp: 59,99 euros Esta informação foi facultada pelo departamento comercial. Condições gerais dos passatempos da Mais Superior 1. Os passatempos da Mais Superior têm uma data de início e de fim (que corresponde à duração do mês da publicação da revista) fora das quais todas as participações recebidas serão recusadas.

TODA A GENTE ESTA FESTA NÃO É PARA a o sucesso no EnsiEsta é uma altura decisiva par acalme a euforia da no Superior, mas não há quem azáfama dos bilheQueima das Fitas. No meio da enterros, ainda dos tes, dos cartazes, dos trajes e . des há quem tenha outras priorida Inês Estrela e Hélder Ricardo Santos, João Curvêlo, motivações difeRodrigues têm idades diferentes, bém diferentes. tam rentes e estudam em cidades , a Queima das ano e Há uma coisa que os une: est “Há vida para no , Fitas vai ter de esperar. Confere além da Queima”.

2. Das respostas recebidas, apenas serão consideradas válidas as que preencherem devidamente os campos solicitados no formulário de resposta. 3. Só é aceite uma resposta válida por endereço de e-mail e por concorrente. 4. Do conjunto de respostas válidas recebidas, os premiados serão selecionados de acordo com o método de seleção e o número de prémios comunicados no respetivo passatempo. 5. No caso do número de participações ser inferior ao número de prémios disponíveis, serão contemplados todos os participantes que responderem acertadamente. 6. A lista dos premiados será publicada online, na área de Passatempos, sendo os vencedores ainda notificados via e-mail ou telefone, pelo que os participantes deverão facultar sempre os seus contactos corretos e atuais. 7. Todas as demais dúvidas e questões podem ser endereçadas para o e-mail passatempos@maissuperior.com.

Ficha Técnica Proprietário/Editor: Young Direct Media, Lda . Empresa jornalistica inscrita com o nº: 223852 . NIPC nº 510080723 . Diretora: Bruna Pereira, brunapereira@youngdirectmedia.pt . Sede de redação: Rua Ester Bettencourt Duarte, Lote 76, 2625 - 095 Póvoa de Santa Iria . Tlf. 21 155 47 91 . Fax. 21 155 47 92 . Email geral: geral@youngdirectmedia.pt . Tiragem: 50,000 exemplares . Peridiocidade: Mensal . Registo na ERC nº 126168 Depósito legal: 339820/12 . Tipografia e Morada: Lisgráfica - Rua Consiglieri Pedroso, nº 90, Casal de Santa Leopoldina, Barcarena . COLABORADORES: Administração: Graça Santos, gracasantos@youngdirectmedia.pt . Diretora Geral da Empresa: Graça Santos, gracasantos@youngdirectmedia.pt Diretor Adjunto da Empresa: Paulo Fortunato, paulofortunado@youngdirectmedia.pt . Diretor Comercial: Duarte Fortunato, duartefortunato@youngdirectmedia.pt . Redação: Bruna Pereira, brunapereira@youngdirectmedia. pt e João Diogo Correia, joaocorreia@youngdirectmedia.pt . Colaboradores editoriais: Susana Albuquerque, Guilherme Ferreira da Costa . Designer gráfico: Mónica Santos, monicasantos@ youngdirectmedia.pt . Internet: André Rebelo, andrerebelo@youngdirectmedia.pt . Comunicação e Distribuição: Samuel Alves, samuelalves@youngdirectmedia.pt Esta publicação já se encontra escrita ao abrigo no novo Acordo Ortográfico. Maio 2012 . MaisSuperior

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//Notícias em curso

Investigação

que vale ouro A utilização de nanopartículas de ouro para a deteção da Mycobacterium tuberculosis valeu aos investigadores Pedro Viana Baptista e Miguel Viveiros Bettencourt o Prémio de Mérito Científico Santander Totta – Universidade NOVA, no valor de 25 mil euros. A cerimónia de entrega contou com a presença de Jorge Sampaio, Enviado Especial da ONU para a Luta Contra a Tuberculose, que se mostrou muito satisfeito e emocionado com este avanço científico made in Portugal. Texto e fotos: Bruna Pereira

Mais simples, mais rápido e mais barato do que os atualmente existentes. É assim o novo método de nanodiagnóstico molecular da tuberculose desenvolvido pelos investigadores Pedro Viana Baptista (Laboratório de Nanoteragnóstico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA) e Miguel Viveiros Bettencourt (Unidade de Micobactérias do Instituto de Higiene e Medicina Tropical), que por volta das 11h da manhã, do passado dia 13 de abril, já se encontravam na Reitoria da Universidade NOVA de Lisboa para receberem o Prémio de Mérito Científico Santander Totta – Universidade NOVA. “As grandes mais-valias deste trabalho são conseguir juntar duas realidades aparentemente opostas: uma patologia muito antiga, para a qual todos os recentes avanços tecnológicos não trouxeram grandes contributos, que é a tuberculose, em particular a tuberculose multiresistente, e a oportunidade de utilizar a nanotecnologia, neste caso com partículas de ouro, para detetar precocemente o vacilo da tuberculose duma forma rápida, eficiente e sensível”, disse Miguel Viveiros Bettencourt à Mais

Superior, ao mesmo tempo que explicava que o facto de recorrer a ouro não torna esta uma investigação muito cara ou de luxo. “Por se tratar de partículas de ouro, poderíamos dizer que esta seria uma descoberta extremamente dispendiosa, mas é o oposto – bastam apenas algumas partículas para termos o sinal de que precisamos e assim conseguiremos implementar esta tecnologia e contribuir para a não propagação da doença”.

"Algumas dezenas de euros em ouro para litros e litros de solução" Para que se perceba melhor o que vem a ser esta história das nanopartículas e como funcionam elas, Pedro Viana Baptista recorre a metáforas que são facilmente percetíveis… Até para as crianças. “Utilizamos soluções contendo nanopartículas de metal de ouro de cerca de 12 a 15 nanómetros, ou seja 10 à nona vezes menor que o metro – estamos a falar de uma proporção de uma bola de ténis para a dimensão do planeta Terra”. Pedro continua e diz que quando esta solução, inicialmente de cor vermelha intensa como um rubi (ou como “uma camisola do Benfica”, ri ele), é colocada em presença do ADN proveniente de uma amostra biológica a testar e é acrescentado sal comum da cozinha, se o bacilo estiver presente a cor permanece a mesma, mas na ausência dele passa a ser azul… “Como a camisola do Belenenses”, termina Pedro, também orgulhoso por este culminar de trabalho que tinha já começado em 2004, altura em que a nanotecnologia era uma ciência “muito à frente” para a generalidade das pessoas. “Ao princípio, éramos um pouco incompreendidos, porque esta era uma área bastante nova, geralmente ligada à área de Engenharia dos Materiais e que nós estávamos a tentar trazer para a área da minha formação: a Genética. Depois conheci o professor Miguel Viveiros, que é um expert na área da tuberculose, começámo-nos a dar bem, o que é essencial numa equipa, e juntaram-se várias sinergias. Começámos a verificar a aplicabilidade em algo como a tuberculose – mas que fosse uma ferramenta simples, barata, de aplicação mais ou menos universal e que pudesse colmatar o que há hoje em dia de diagnóstico, em locais como um hospital de campanha, um posto remoto avançado e não num laboratório avançado de país rico, que é onde geralmente há este tipo de descobertas”.

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Na cerimónia de entrega do Prémio de Mérito Científico Santander Totta – Universidade NOVA esteve ainda presente João Paulo Crespo, Vice-Reitor da Universidade NOVA de Lisboa, que fez questão de salientar o grande número de candidaturas recebidas este ano. “Tivemos 21 candidatos, o maior número de sempre”, disse João Paulo Crespo, manifestando o agrado nesta crescente participação, que demonstra que os jovens de hoje em dia trabalham bem em equipa. Do lado do Santander Totta, o administrador Luís Bento Santos sublinhou, mais uma vez, a aposta da instituição bancária no Ensino Superior, onde se encontra a massa crítica também “motor da sociedade”, referiu, acrescentando ainda que esta promoção do Ensino Superior mantém-se como “o principal objetivo de investimento em matéria de Responsabilidade Social”, preocupação que se traduz em 43 convénios com universidades de todo o país ou em 117 milhões de euros investidos em projetos de Ensino Superior, por exemplo.


//Notícias em Curso

É teatro

É universitário

É FATAL

Não são só as aspirinas que são efervescentes. O teatro universitário está também ele mais vivo e mais enérgico do que nunca e a prova disso é a 13ª edição do FATAL – Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa, que este ano, entre 4 e 25 de maio, apresenta 11 grupos de teatro universitário portugueses e três estrangeiros em vários palcos de Lisboa. O encontro acontece todos os dias às 21:30h e, além de programação teatral, dá ainda direito a um concerto cénico, uma performance, três workshops, tertúlias diárias, duas exposições, um debate e uma masterclass. O resto das surpresas acontece depois de abrirem as cortinas... E estão reservadas apenas aos espetadores mais fiéis, claro. Texto: Bruna Pereira Fotos: Reitoria da UL/ MEF

A receita é simples e só precisa de ser saboreada com o gosto pela cultura. A partir de dia 4 de maio, todo os caminhos vão dar ao FATAL e são vários os recantos de Lisboa que o acolhem sob o luar atento dos dias de primavera, ainda envergonhados com o frio que teima em continuar. Não esquecer é que cada peça de teatro tem um brinde final em forma de tertúlia - para aguçar o apetite pelo debate e pela partilha de experiências e opiniões. Sabido isto, resta acrescentar que entre os grupos selecionados este ano se encontra um dos vencedores do FATAL 2011: o Teatro dos estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), que este ano promete deslumbrar com “VOSCH-VUSCH”, um bosque em marcha a partir de “Macbeth”, de William Shakespeare, e com encenação de Catarina Santana e Joana Pupo (19 de maio). São ainda cerejas no topo deste bolo teatral do FATAL 2012 o “Concerto Cénico Crise de 62: (R)evolução Académica”, que acontece a 4 de maio, na Aula Magna, e que pretende ser um momento criado em memória de todos os estudantes que sofreram os tempos de repressão vividos há 50 anos atrás. A performance “Pois!” da Universidade Internacional para a Terceira Idade (UITI) também tem uma palavra a dizer no dia 11 de maio, às 15h, no Largo Camões.

Um desfile de talento

em palco

“Queda em Branco”, pelo Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico (GTIST) é uma criação coletiva encenada por Gustavo Vicente e que aborda temas como as emoções e o poder. Acontece no dia 5 de maio, às 21h30, no Salão Nobre do IST; “Judas”, de António Patrício, pelo Fc-Acto, o Grupo de Teatro da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (UL). Com encenação de A. Branco, este é um encontro entre Judas e a Sombra de Jesus que o confronta. Para ver a 7 de maio, às 21h30; “Seis personagens à procura de um autor” a partir de Luigi Pirandello, vai ser encenada pelo GTMT, Grupo de Teatro Miguel Torga da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (UNL). Com encenação de Sérgio Grilo, retoma a célebre peça onde o teatro dentro do teatro joga o principal papel. A não perder no dia 8 de maio, às 21h30;

“Mecânica das Paixões”, a partir de Georg Büchner, pelo NNT, Novo Núcleo Teatro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL. Com encenação de Alexandre Calado, revisita a história de encontros e desencontros de Leôncio e a princesa Lena, questionando o que é na verdade a química entre dois jovens adultos. Em palco no dia 9 de maio, às 21h30; “A Espera”, a partir de Olhos de Cão Azul de Gabriel Garcia Márquez, pelo Teatro Universitário do Porto (TUP). Com encenação de Inês Gregório e Nuno Matos, este trabalho transporta-nos para o campo das memórias mais íntimas e pessoais. Para ver no dia 11 de maio, às 21h30; “Monstro Meu”, de Rodrigo Santos (e excertos de poemas de Anabela Ribeiro e Patrícia Antunes), pelo CITAC, Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra da Universidade de Coimbra. Com encenação do autor, esta peça experimental revela os monstros imaginários que temos em nós no dia 12 de maio, às 21h30;

“Woyzeck”, a partir de Georg Büchner, pelo Teatro da Academia do Instituto Politécnico de Viseu. Com encenação de Jorge Fraga, aborda a possibilidade de existir moral e virtude entre os mais oprimidos. Acontece a 13 de maio, às 21h30; “E(n)Xame”, pelo Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA). Também encenada por Jorge Fraga, esta criação coletiva vai provocar o espetador com 18 personagens em palco, já no próximo dia 14 de maio, às 21h30; “Antígona”, a partir de Sófocles, reescrita por António Pedro e representada pelo ArTeC da Faculdade de Letras da UL. Com encenação de Marcantonio Del Carlo, coloca como questão central o poder da sociedade civil. Em palco no dia 15 de maio, às 21h30; “Domiciano”, a partir de José Martins Garcia, pelo GTL da Faculdade de Letras da UL. A encenação é de Ávila Costa, que revela, no teatro dentro do teatro, as grandes questões mais preocupantes da nossa contemporaneidade. Em cena a 16 de maio, às 21h30; Maio 2012 . MaisSuperior

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//notícias em curso

2 em 1 Odas Universidades Talvez seja surpreendente, tem alguns riscos, mas também parece ter tudo para ser uma aposta ganha: a Universidade Técnica de Lisboa (UTL) e a Universidade de Lisboa (UL) vão tornar-se uma só. Garantem que é uma resposta às necessidades do país e dos estudantes universitários. Lá para o início da próxima primavera, se tudo correr bem, temos uma nova Universidade em Lisboa. A Mais Superior foi ouvir o que têm para dizer os responsáveis pela fusão. Texto e fotos: João Diogo Correia

“Até aqui fizemos o impossível. Agora temos de fazer o difícil, o que é extremamente complicado”. Adriano Alves Moreira é Presidente do Conselho Geral da UTL e refere-se à ideia de unir duas universidades e de concretizar o processo. É uma das vozes que explica este projeto, ao lado do Reitor da mesma Universidade, António Cruz Serra, e dos representantes da outra parte envolvida, a UL: António Sampaio da Nóvoa, Reitor, e Henrique Granadeiro, Presidente do Conselho Geral. Estamos no Observatório Astronómico de Lisboa, na Tapada da Ajuda, um local cercado de espaços verdes, que se misturam com a brisa fresca, perfeito para a Conferência de Imprensa porque, segundo António Sampaio da Nóvoa, para além de reunir instalações das duas Universidades, é de onde melhor se pode ver o céu, o que mostra a ambição que as trouxe até aqui. A vontade é criar “uma grande Universidade da língua portuguesa”, é “competir com as melhores do mundo”, é “conseguir a internacionalização”. O processo é difícil e desgastante. Depois desta apresentação, e durante três meses, começam as negociações com o Governo. António Cruz Serra espera que este tempo seja suficiente: “é um cenário realista, mas por mim bastava uma semana”, acrescenta. O seu homólogo da UL conclui: “é preciso encontrar o timing certo, nem ser precipitado, nem entrar num processo de paralisia que às vezes acontece em Portugal. Com demasiadas comissões de trabalho, demasiados estudos, os processos ficam tão demorados que, às tantas, morrem as pessoas e morrem as ideias. Não queremos ser mais uns”. É a seguir às conversas com o Governo que vem o processo de criação – espera-se que na primeira metade de 2013, já haja uma nova Universidade em Lisboa, a ser falada no mundo.

O que se quer realmente mudar

A prioridade é melhorar a investigação e é ter capacidade de concorrer e ganhar fundos europeus: “Portugal ainda se está a afirmar em termos científicos, ainda contribui com mais dinheiro para a ciência europeia do que aquele que recebe”, garante António Cruz Serra. Existe a perceção, que provavelmente também tens ou da qual já ouviste falar, de que “estão a ser atribuídos diplomas sem préstimo ou valor no mercado de trabalho” e que isso “afeta gravemente o prestígio e a credibilidade das instituições”. É isso que sentem estes quatro responsáveis e é este o contributo que querem dar: “é a nossa resposta à interpelação feita pelo país quanto à oferta formativa das nossas Universidades, que é completamente desadequada”. Adriano Moreira define assim a hierarquia de uma Universidade: “gerir, investigar e ensinar, por esta ordem”. A base de gestão serve para “racionalizar recursos”, “reduzir os níveis de burocracia”, “ter autonomia” e aproveitar a “complementaridade entre as duas universidades”. Em tempos de uma malfadada crise, não é fácil contratar os melhores quadros, mas “só dessa maneira conseguimos mudar a Universidade Portuguesa”, remata António Cruz Serra.

Lê o documento de fusão e fica a saber que... A nova Universidade promoverá formas ambiciosas de recrutamento de professores e investigadores, com total abertura internacional. São necessários modelos que promovam a aprendizagem autónoma, a individualização dos percursos, a valorização do estudo, a ligação do formal e do informal, o recurso às redes de comunicação e a novos espaços de aprendizagem. Uma atenção especial será concedida ao enquadramento dos jovens investigadores, criando condições que permitam o desenvolvimento das suas carreiras. Em grande parte, o sucesso da nova Universidade dependerá do que vier a ser realizado neste domínio. A fusão permitirá à nova Universidade uma presença mais ativa na vida da cidade de Lisboa e o fomento de atividades culturais, museológicas, artísticas e desportivas, bem como a melhoria da ação social.

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//PÁGINA A PÁGINA

Os jovens

vão à Feira em Lisboa Já está oficialmente aberta a Feira do Livro, para a qual todos estão convidados a homenagear um dos vícios mais saudáveis que podemos ter: a leitura. Como habitualmente, são esperadas milhares de subidas e descidas no Parque Eduardo VII, à procura do melhor livro, do melhor preço ou, simplesmente, de uma tarde bem passada. Texto e fotos: João Diogo Correia

Abriu portas (não literalmente, porque decorre ao ar livre) no dia 24 de abril e estará à disposição até ao próximo 13 de maio. A Mais Superior já andou por lá e encontrou jovens que, apesar dos dias que anunciam chuva, não abandonam o plano. Patrícia Ribeiro e Alexandre Magalhães são estudantes de Marketing, trocam alguns beijos apaixonados enquanto vagueiam pelas bancas, até que finalmente param e o Alexandre conta: “já tinha corrido imensas lojas à procura destes livros e não os encontrava. Soube que esta editora ia estar aqui e decidi vir”. Acertou em cheio, já que essa é uma das vantagens muitas vezes referida quando se fala da Feira: livros difíceis de encontrar, alguns verdadeiras raridades (se não acreditas, espreita as bancas dos dedicados alfarrabistas que por aqui se instalam), vão parar-te às mãos, como os dois exemplares que Alexandre agora segura, com orgulho. Diz que gosta de ocupar os tempos livres com a leitura e, por isso, quando é possível, “leio tudo o que está fora da minha área de estudo”.

tagem de a Feira ter preços baixos, descontos e promoções do tipo “pague 3, leia 4” (a editora Leya assim o diz) ou Happy Hour dos livros – de segunda a quinta-feira, das 22h às 23h, tens a oportunidade de comprar a metade do preço, ou menos, graças à iniciativa “Hora H”. Tudo isto faz a diferença já que, como conclui Diana, “uma pessoa que só se foque naquilo que está a estudar acaba por não conseguir uma cultura abrangente”. É disso que a Porto Editora anda em busca, segundo Rui Couceiro, assessor de comunicação da editora: “Os jovens nunca terão tantos hábitos de leitura como nós gostaríamos que tivessem, essa é uma das nossas frentes de batalha. Interessa-nos muito incentivar o gosto pela leitura nos mais novos”. Para isso, as editoras aproveitam a Feira para lhes dar atenção, através de apresentações, lançamentos ou sessões de autógrafos. “Também temos atividades mais práticas, como workshops de culinária ou como os que tivemos o ano passado, de escrita criativa”. O objetivo final é que todos façam como a Joana Silva, estudante de Jornalismo que acha que “é um bom programa para se fazer em família e, por isso, costumo trazê-los cá, ao fim-de-semana”.

“Os jovens têm bons hábitos de leitura...”

Do passeio à cultura abrangente

Miguel Guia é estudante de Medicina e, apesar de concordar com as maravilhas da pesquisa por editor, preferia que a Feira estivesse dividida por temas, o que tornaria tudo mais fácil para quem quer mergulhar num determinado tipo de leitura. Assim, “não é muito intuitivo, mas também não custa procurar”. Quando a Mais Superior o abordou, vinha em descontraída cavaqueira com Diana Rocha, amiga do curso de Medicina, que partilha a opinião de Miguel, assegurando que a dificuldade em encontrar o tema pretendido “pode fazer com que a visita sirva de passeio”. Ambos salientam a van-

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Quem disse que não gostas de ler? E se a Feira não se enche ainda mais de gente ávida de se entregar ao prazer da leitura é porque chegou... O abril de águas mil. Quem o confirma é Almira Vila Nova, da Publicações Europa-América: “a chuva não tem ajudado nada nestes primeiros dias, nem a conjuntura económica do país”. Ainda assim, a editora tem boas perspetivas para este ano e a Almira Vila Nova não restam dúvidas, os jovens gostam e cultivam o amor ao livro. “Os jovens têm bons hábitos de leitura. Não são leitores de romances, nem de livros que se vendem durante uma semana e depois desaparecem. Nós temos várias livrarias, a que está no centro de Lisboa tem naturalmente mais público, e posso dizer que a maioria dos jovens sabe muito bem o que quer e o que fazer”. A aposta da Publicações Europa-América vai muito para os livros de bolso, que têm normalmente uma “adesão em massa”, muito graças aos preços aliciantes e à própria forma, fácil de transportar. Almira Vila Nova conclui com uma opinião para fazer pensar aqueles que dizem que os mais novos já não querem nada com os livros - “vejo muitos estudantes, da área das Letras e não só, à procura dos clássicos e de livros com conteúdo, que os façam refletir”.


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//PLAYLIST

AO SOM DA Já se sabe que Queimas das Fitas e Semanas Académicas não são festivais de música e não se resumem exclusivamente a ela. Podes querer ir pelo simples convívio ou porque a barraquinha da tua faculdade precisa de ajuda, por exemplo. Mas um bom cartaz é sempre importante e pode dar-te a dose extra de entusiasmo. Vamos então a saber o que há para ouvir de uma ponta à outra deste nosso Portugal académico. Texto: João Diogo Correia

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É discutível e até criticável, mas não há dúvida que a Semana Académica de Lisboa apostou forte na diferenciação: provavelmente, o nome “Vengaboys” até te põe os olhos a saltar das órbitas. Vêm da Holanda, são mais conhecidos que túlipas, nasceram em 1997 e tudo nas suas vidas se passou a correr. “Boom boom boom boom, I want you in my room”, era o que trauteavas no intervalo das aulas (ou na pista da discoteca dos meninos da escola, para os mais precoces) e

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Foto de: www.cm-portimao.pt

era também um dos motivos pelos quais os Vengaboys andavam a vender discos platinados. Em 98 lançavam o primeiro, “The Party Album!”, que incluía outras preciosidades como “We're Going to Ibiza” ou “We Like to Party”. A saída era tanta (perto de 2 milhões de discos vendidos só no Reino Unido) que em 99 já não iam de modas e lançavam “Greatest Hits”. 2000 é o ano do último álbum, chamado “The Platinum Album” por alguma razão, e a partir do ano seguinte só se ouve falar de separação. Afinal, o adeus não foi definitivo e os Vengaboys estão preparados para recordar um bocadinho da dance music dos anos 90. Da Alemanha, com muito reggae e dancehall, vêm os Pow Pow Movement para te pôr a mexer de forma bem diferente. Não são propriamente uma novidade nos palcos portugueses, só no festival Sudoeste estiveram em 6 edições seguidas, de 2005 a 2010, mas são um dos soundsystems mais importantes do género. Estarão no Terraplano de Santos (é verdade, desta vez é a Av. 24 de Julho a receber a festa) no dia do encerramento, 5 de maio, que será fechado no palco Moche! por um Gentleman, alemão que

também já anda há vários anos a distribuir reggae pelos ouvidos lusitanos. A dupla italiana Crookers, ainda na capital, é uma boa novidade, que é coisa que não podemos chamar a Steve Aoki (novidade, porque bom é certamente): depois de estrondosas atuações no Palácio da Tapada da Ajuda, no Optimus Alive ou na discoteca Loft, o americano que te faz perder o controlo (e pensar em arroz chau-chau), começa em Coimbra a 10 de maio, avança para a invicta a 11 e termina no dia a seguir, bem mais abaixo, para encerrar a Semana Académica do Algarve. As novidades internacionais ficam completas com dois nomes: Travis, que não te saem do ouvido de cada vez que embalam num “but if you sing, sing, sing, sing” e que já se chamaram “Glass Onion” (ou “cebola de vidro”), em homenagem a uma das suas grandes influências, os fantásticos quatro de Liverpool, Beatles; e os The Hives, suecos de acordes bem rasgados, ainda mais vibrantes ao vivo, onde acrescentam a particularidade de andar sempre muito bem vestidos – o quinteto sai do backstage impecavelmente composto em fatos pretos e brancos. Felizmente, costumam sair do palco um bocadinho mais desarranjados.


//PLAYLIST

QUEIMA do Alvim, Os Azeitonas, Richie Campbell, Capitão Fausto, doismileoito, Supernada e Linda Martini. Muito havia a dizer sobre todos eles, mas o que conta é que, cada um à sua maneira, estão em preparação para te abrilhantar as noites trajadas.

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Foto de: www.fe rnandoalvim

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É nacional, é repetido e é bom Quando se fala de cartazes para Semanas Académicas é fácil adivinhar que muitos deles vão estar preenchidos com artistas portugueses. Não só fica mais barato, como é um belo incentivo à musica feita por cá e uma celebração da nossa cultura (sem patriotismos exagerados, claro). Como tal, este ano confirma-se o hábito: não só temos bandas e artistas portugueses, como a maior parte deles não se limita a uma cidade. Percorrem o país e há quem seja presença de norte a sul da Queima. Ora vejamos: qualquer que seja a tua escolha, é quase certo e sabido que vais ver “os peitos da cabritinha”, já que o inevitável Quim Barreiros em nada menos do que... Dez Semanas Académicas – por ordem alfabética, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Famalicão, Lisboa, Porto, Santarém, Vila Real e Viseu; outro Quim, o Roscas, acompanhado pelo fiel Zeca Estacionâncio, espalha uma mixórdia de sotaques por Algarve, Bragança, Porto e Viseu; Boss AC, que à sexta-feira toma de assalto as rádios portuguesas (“yeah!”), tem três concertos confirmados; os Expensive Soul, quatro, o mesmo número que outra espécie de lenda ou mito da música portuguesa, os Xutos & Pontapés (se nunca os viste ao vivo, ou largaste as fraldas ontem ou a maioria dos festivais não quer nada contigo), que estarão no Queimódromo do Porto, no Gatódromo de Braga e nos qualquer-coisa-ódromo de Algarve e Bragança. A lista fica completa com os Buraka Som Sistema, a fazerem o pedido de sempre - “abana o esqueleto” no Algarve, em Bragança, Coimbra, Porto ou Viseu. Para além dos mais assíduos, ainda há destaque a dar a alguns repetentes, como Klepht, José Cid, Rui Veloso, DJ Ride, DJ (e muitas outras coisas) Fernan-

E quanto é que me vai sair

do bolso?

Isso depende sem pre de ti. Há cerv eja barata, é certo quiseres rebentar , mas se com o balão (sopr a antes de pegar como a tua mãe te no carro, avisou), é provável que tenhas de abrir ta-moedas mais ve o porzes do que desejar ias. Podes optar po pouco ou não bebe r beber r, o que é sempre mais saudável. Além e como a Mais Su disso, perior não se cans a de te avisar nesta há outras vantagen ed ição, s relacionadas com o fundo do teu bo vezes escorrega ta lso (às nto dinheiro que pa rece que o rasgaste deves ter em cont ) e que a. Assim sendo, preo cupa-te com o pr eço das entradas. beneficiar de desc Podes ontos por seres es tu dante de determ universidade ou, inada nalguns casos, po r ires trajado, mas -te para o que é m pr ep araais comum - os pa sses para todos os Queimas variam en di as das tre os 25 e os 55 euros, preço de es enquanto os bilhe tu da nt e, tes diários podem ir dos cinco aos 15 podes ir ao que qu eu ro s. Tu iseres, desde que mantenhas a com e saibas aproveita pustura r. Olha que, um di a, os tempos de fac acabam e, adivinh uldade a só... Nunca mais voltam.

Maio 2012. MaisSuperior

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//TAKE 1

O miúdo veio para ficar Textos: João Diogo Correia

Aos 25 anos, conseguiu um feito inédito para o cinema português e agora, com 28, dá a ideia de que o melhor ainda está para vir: o primeiro destaque do filme “Rafa” é o seu realizador, João Salaviza. Com “Arena” ganhou a Palma de Ouro para curta-metragem no Festival de Cannes, coisa que nenhum outro realizador lusitano havia feito (para além do prémio no festival Indie Lisboa de 2009), e com “Rafa”, prestes a chegar às salas de cinema, já ganhou o Urso de Ouro para curta-metragem, no Festival de Berlim. Isto, somado aos prémios nacionais e internacionais que arrecadou com o seu primeiro filme, “Duas Pessoas”, já dá para uma boa sala de troféus e para o realizador ser considerado uma das grandes promessas do cinema. “Rafa”, que João Salaviza diz fazer parte de uma espécie de trilogia iniciada com “Arena” e “Cerro Negro”, começa a ser exibida a 10 de maio, acompanhando o filme Nana, de Valerie Massadian, e conta a história de um jovem que às 6h da manhã dá por falta da mãe, acabada de ser detida pela polícia. O rapaz salta para a mota de um amigo e segue para uma esquadra no centro de Lisboa, onde fica a aguardar pela libertação da mãe. A espera pode ser longa, mas o miúdo insiste e resiste. Tal como ele, João Salaviza chegou para ficar.

Título: Rafa País de Origem : Portugal Ano: 2012 Género: Dram a Estreia: 10 de maio Site oficial: ww w.facebook.com rafashortfilm / Ficha Técnic a Realização: Jo ão Salaviza Argumento: Jo ão Salaviza Elenco: Joana de Verona, Nu no Bernardo, Nuno Porfí rio, Rodrigo Pe rdigão

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A vida numa viagem

maneira, convém Para perceber este filme da melhor : “On the Road” dele trás que percebas o que está por itores norteescr dos um uac, Kero Jack é um livro de nto Beat”. vime “Mo do -americanos mais importantes ção de gera a Num to? imen mov o istia E em que cons camir rava desb por a artistas, da década de 60, ávid “estrada ir segu e as cost às hila moc a car nho, por colo película. fora”. Foi desse livro que nasceu esta ue que perde o Iorq a Nov de itor escr m Sal é um jove um aventureiro n, Dea pai, pouco antes de conhecer que é casado n, Dea Com o. pres do esta que já havia viagem, enir segu de com a sedutora Marylou, deci e Dean dão Sal se. êxta ao e e dad liber à tregando-se itivamendefin ar mud vai início a uma odisseia que os tela pelo a para ada pass ora, irad insp ria te, numa histó ”, o bravara Gue Che de mesmo realizador de “Diários s. Salle sileiro Walter

Título: Pela Estrada Fora / On the Road País de Origem: França Ano: 2011 Género: Ação / Aventura Estreia: 31 de maio Site oficial: www.ontheroad-themovie.com/ Ficha Técnica Realização: Walter Salles Argumento: José Rivera Elenco: Alice Braga, Garrett Hedlund, Kirsten Dunst, Steve Buscemi

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Como se a história não bastasse

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losas canções, Uma biografia imortalizada em fabu ley foi muito Mar Bob e. film só num que não cabem a pena dizer vale mais do que um músico e já não trado por idola ser a e ar enci influ a que continua mesmo ou ns jove , um sem-fim de adolescentes da ativa ção icipa part a com a cont adultos. “Marley” suce bem bém tam o família de Bob (um dos filhos, ) ator ser a a pass ley, Mar y Zigg ae dido cantor regg bracele a num , Cliff y e do músico jamaicano Jimm que escreveu ção da vida e do legado do homem entrevistas de além uma história sem paralelo. Para arações decl e a lend a com o pert de a quem privou s inédiagen film a do próprio, “Marley” contém aind as do o com , ntes pote ente velm incri tas e imagens poes sitor opo os concerto em que conseguiu pôr a Seag ard Edw e ley Man ael Mich os líticos jamaican o Últim “O de r zado de mãos dadas. Do mesmo reali gatório para toRei da Escócia”, este é um filme obri ae, mas por regg por dos os que se interessem não ess is life”, richn “My ria. histó ria próp música e pela é a vida”, eza riqu ha que é como quem diz, “a min a não lend uma ue porq , maio de 24 nos cinemas a rley .com/ma Foto de: www.magpictures se deixa morrer.

MaisSuperior . Maio 2012

Título: Marley País de Origem: EUA Ano: 2012 Género: Documentário Estreia: 24 de maio Site oficial: www.magpictures. com/marley/ Ficha Técnica Realização: Kevin Macdonald Elenco: Bob Marley, Ziggy Marley, Jimmy Cliff

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//TAKE 1

Excelentíssimos veteranos, hora de refletir! “Vamos caloiro!”, “é isso caloiro”, “mais alto caloiro”. Até que existam, as praxes não vão deixar de ser controversas. Os seus detratores dizem que é humilhação, os seus defensores dizem que é a melhor forma de integrar alunos e há quem diga que as praxes vão muito para além dos primeiros dias de um recém-chegado à universidade. Bruno Moraes Cabral quis passá-las para a tela e lançar o debate. A bem ou a mal, conseguiu. Texto: João Diogo Correia Fotos: Carlos Isaac

“Praxis”, curta-metragem do realizador português, percorreu 19 faculdades, desde Coimbra a Lisboa, passando por Aveiro, Évora e Beja. Encontrou jovens num estábulo, a rastejar, enquanto os menos jovens lhes colocavam palha por cima e por dentro da roupa. Viu insetos a subirem-lhes pelas costas, coladas de suor. Filmou alunas vendadas com um saco preto, nervosas por saber o que estava para vir. Viu outras à beira do vómito, à medida que os “senhores veteranos” as obrigavam a mastigar mais alho. E, por isso, “Praxis” é um daqueles filmes que te vão fazer falar, é uma curta que dava para mais do que uma longa conversa. Bruno Moraes Cabral diz que as praxes se generalizaram e são neste momento a principal forma de receber os estudantes, mas que nunca foi sua intenção “fazer juízos de valor” sobre elas. Quis antes mostrá-las da forma mais objetiva possível e sem tabus, “levantar questões e permitir às pessoas vê-las de uma forma mais distanciada”. Por isso, o realizador pôs de parte a hipótese de mostrar apenas uma ou duas situações violentas. Ligou a câmara e filmou o que lhe apareceu pela frente: “o critério foi muito o de 'ir atrás' e filmar quando os estudantes nos diziam que se ia passar alguma coisa”.

A realidade por trás da lente

Há já uma verdade incontornável – tudo o que vires em “Praxis” aconteceu mesmo, não é ficção, e seguiu o rumo que os seus intervenientes quiseram. Bruno Moraes Cabral explica esta ideia de realidade: “o filme confronta-nos com coisas que existem e, por isso, não cai no vazio. Não estamos a falar de um momento de abuso específico, mas de um panorama, com exemplos concretos”. Vai daí que os debates suscitem sempre grande discussão e opiniões diversas, “o filme não pode mostrar tudo, há quem diga que isto não é a praxe e há quem diga 'não, desculpem lá, é exatamente isto que nós fazemos'”. Para o realizador é descabido renegar as praxes, mas é preciso pensar se elas são a única forma de integração. Lembra os movimentos contestatários ao regime, antes do 25 de abril, altura em que os próprios estudantes aboliram as praxes “e encontraram outras formas de socialização, como as festas, por exemplo”. Segundo Bruno Moraes Cabral, as brincadeiras devem existir e têm potencial, a ordem de valores é que pode ser outra: “se for sempre à base de uma submissão, de uma hierarquia, uns mandam e outros fazem, há sempre mais riscos de alguém se ofender”. Três meses de investigação no terreno valeram prémios e satisfação pessoal ao realizador. Valeram também um filme sobre um tema que te é certamente muito próximo. “Praxis” não deve servir para te pôr contra as praxes, mas deve servir para te pôr a pensar sobre elas.

Se não sabias, ficas a saber..

tribunal (e não, não foi no A primeira brincadeira a acabar no bro de 2002. Numa faOutu de 8 a -se tribunal de praxes) deu ada com excremento de culdade agrária, uma aluna foi barr nte pensador (de joeelefa do ção posi porco enquanto fazia a o das pernas) e, de baix por lhos, cabeça para baixo e as mãos de um bacio. Sete tro den ça cabe a car seguida, obrigada a colo “veteranos” foram condenados. or Curta-Metragem no “Praxis” arrecadou o prémio para Melh festivais, com idas à dos a send na inua DocLisboa 2011 e cont ite que o festival adm ral Suíça e a Madrid. Bruno Moraes Cab e disponível a tra-s mos e polim tram de português foi um gran película, seja a ar sent e apre sugestões de quem queira receber onais. enci conv mais ma cine de s em escolas seja em sala várias faculdades do país, O filme tem sido apresentado em namento: como a duração mas não limita os alunos ao seu visio para um debate enrique po tem pre é de 30 minutos, há sem m a praxe por dentro. cedor. Dúvidas e certezas dos que vive m/praxismovie k.co boo .face www Confere e participa em Maio 2012 . MaisSuperior |

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//EM FORMA

Não te queimes! Se para os caloiros o tempo é de festa rija até às tantas da madrugada, porque acabaram os ‘massacres’ da praxe e é tempo de celebrar de copo na mão, para os finalistas a euforia em relação à Queima das Fitas tende a ser ainda maior, porque a última semana académica merece ser vivida como se não houvesse amanhã. Mas atenção, porque os comportamentos excessivos à base do “Sexo, drogas e Rock & Roll”, por mais cool que possam parecer, passam fatura... E nem sempre barata. Texto: Bruna Pereira

Álcool em excesso

ar O teu carro não foi feito para mat redobradas para que o slogan ções cupa preo em exist Todos os anos ente na cabeça de todos os pres bem “Se conduzir, não beba” esteja de todo o país. Se os testes de que frequentam as Queimas das Fitas te chamam muito a atennão os drom alcoolemia junto aos queimó ólicas graves que saltam para ção, os números de intoxicações alco não te sensibilizarem e os maio de os noticiários no final do mês nas barraquinhas do teu curpreços de saldo das bebidas vendidas ruir da vasta rede de transusuf pre so são uma tentação, podes sem a para ti em tempo de festa – há portes públicos especialmente criad os queimódromos durante a para até linhas gratuitas de autocarro os com empresas transportadomadrugada, resultantes de protocol não teres sequer a desculpa de para ro, ras, e reforço especial do met carro ou “já não tenho metro”. “ai gasto muito dinheiro” a ir de auto levarem responsavelmente que s ado Para os condutores mais ajuiz os, os estacionamentos junto o carro e oferecerem boleia aos amig oferta acrescida de lugares uma ter m aos queimódromos costuma o da tua Associação Académica. de estacionamento. Informa-te junt

Comida de plástico

Não rebentes com estas bo Os cardápios em tempo mbas calóricas de semana académica costumam variar sempre à volta das mesm as tabelas nutricionais calóricas: do tradicional pão com chouriço ao pão, passando pelos cac leitão assado e à bifana no meio de um horros-quentes sempre bem guarnecidos com batata frita tipo pal ha e as já acostumadas pizzas molhos vários, mas sem esquecer ainda e os hambúrgueres, po des sempre contar com uma boa dose de go rdura a deslizar pelas par edes do teu estômago. Não te vamos diz er para levares um tuppe rware com sopa de agrião escondido debai xo da ser impraticável... Mas um capa do traje académico, porque pode a banana, uma maçã ou uma sandezinha com muitas folhas de alfa ce, tomate ou queijo fre sco fatiado camuflada na mala pode dar muito jeito tanto ao bo lso como à saúde. E, se calhar, tentares com er o máximo de refeições caseiras antes de ires para os concertos tam bém.

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Sono acumulado

Não deixes para amanhã o que podes dormir hoje Se ainda acreditas que dormir me noites em claro – vai fazer com nos horas – ou passar mesmo as que aproveites mais a vida, por passares acordado mais horas úte is, desengana-te! O sono não é apenas uma necessidade mental e físic a, já que é enquanto dormim os que ocorrem vários processos me tabólicos que podem alterar o equilíbrio do nosso organismo – obe sidade, envelhecimento pre coce, hipertensão, decréscimo de cria tividade, falta de memória e diabetes (já que a falta de sono inib e a produção de insulina) são algumas das consequências de hábitos noctívagos em demasia. Exp erimentar dormir uma sesta antes de ires para o queimódromo , para atenuar as longas noites sem des canso, em vez de pensares que no dia seguinte compensas... Lem bra-te que ainda há muito que estudar para passar o ano e que o teu organismo tem de estar em ótimas condições, certo?

do Sexo desproteagi numa noite

Não estragues a tua vid to de ouvir e achas a palavra que estás far a, ainda não tem A SIDA/VIH não é só um enç do a um tros – é também que só acontece aos ou qu E em diz esta diz alquer um, incluindo a ti. cura e pode calhar a qu issíveis, tais como nsm tra as sexualmente outras patologias e doenç herpes vaginal... Fica atento à distribuiíase, sífilis, gonorreia, candid ormação e aconse ivos e aos postos de inf ção gratuita de preservat s cursos relacionaquer por alunos de algun tituto da Droga lhamento organizados, Ins o pri pró de, quer pelo ormações em inf dos com Ciências da Saú (IDT). Aqui poderás obter substâncias de e da Toxicodependência o sum con e reprodutiva, untária da vol matéria de saúde sexual ção de emergência e interrup psicoativas, contraceção gravidez. e evita noites que, a sexualidade saudável E lembra-te: mantém um eiro pesadelo. dad ver um passaram de vistas no dia seguinte, não


Nos EUA ou no Brasil ele não tem descanso Textos: João Diogo Correia Fotos de: rockstargames.com

É o terceiro da saga que começou em Nova Iorque e traz algumas novidades no cartão-de-visita, como uma desenvolvida e cativante opção multi-jogador. Em Max Payne 3, como nos anteriores, és tu que controlas o personagem, um homem que mantém feridas abertas por causa das tragédias que lhe levaram os entes queridos. Para fugir ao desespero do passado, Max Payne aceita um emprego como segurança de uma família rica, ligada ao setor imobiliário, em São Paulo, no Brasil. Quando parece mais calmo, uma sucessão improvável de acontecimentos (como o rapto da mulher que foi encarregue de proteger) leva-o a perder o controlo da situação e, sozinho numa cidade desconhecida, Max Payne vê-se obrigado a procurar uma saída. Max Payne 3 é aguardado por um grande número de admiradores e a sua novidade bullet-time (um efeito especial que permite uma visão detalhada das ações) será certamente bem recebida no festival de tiros que terás pela frente. O cenário fica completo com uma jogabilidade com altos níveis de ação e uma tecnologia de ponta por trás de armas e miras. Desenvolvido pelos estúdios da Rockstar Games, o jogo estará disponível em toda a Europa, para Xbox 360 e PlayStation 3, a 18 de maio, com o lançamento da versão para PC marcado para o próximo dia 1 de junho.

E ainda...

Apesar de ter lugar na cidade de São Paulo, Max Payne 3 tem direito a um enorme mural pintado à mão, no Hotel Figueroa, em plena Los Angeles. No Twitter, antes do lançamento do jogo, a Rockstar Games deu aos fãs a possibilidade de verem as suas caras no modo multi-jogador de Max Payne 3: bastava, para isso, que fizessem um “tweet” sobre a página da Rockstar Games. Os escolhidos têm agora o seu retrato facial nas opções. Em abril, foi disponibilizada uma Edição Especial de Max Payne 3 para pré-venda, que incluía uma estátua do personagem, para além da banda sonora oficial.

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//MAIS GAMES


//LER PARA CRER

Há vida para Até parece mentira, tal a agitação que se apodera dos jovens universitários quando o sol de maio começa a raiar: afinal, nem todos recebem a Queima das Fitas com um sorriso bem rasgado. A Mais Superior foi à procura das histórias que ficam sempre por contar. Texto: João Diogo Correia

É ponto assente: não é fácil encontrar estudantes que não possam, ou não queiram, ir à Queima das Fitas. De Bragança a Lisboa, passando por Porto, Coimbra, Faro ou Aveiro, a festa mais popular entre os jovens universitários é mesmo esta. Mas ainda há quem não a coloque no topo das prioridades. Ricardo Santos, 20 anos, é um desses casos. Estudante de Gestão de Empresas na Faculdade de Economia da Universidade do

Algarve (UAlg), Ricardo tem direito a uma semana sem aulas para assinalar a Queima das Fitas. Apesar de achar que a pausa faz sentido (“nos anos em que não havia férias, as pessoas faltavam às aulas”), encontra coisas bem melhores com que ocupar o tempo. “Não sinto a Semana Académica como um ponto importante da minha vida enquanto estudante”, essa vida “tem a ver com crescer como pessoa e crescer profissionalmente e não preciso de ir a uma festa ou de ter um traje para conseguir isso”. João Curvêlo, 22 anos, estuda Sociologia no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e vai mais longe: “a

a m “u e o rt o sp e d o re fe re p s Ricardo Santo boa viagem” a uma ida à Queima.

João Curvêlo defende que as pessoas se devem divertir, mas que é preciso reinventar o sentido da Universidade, o que “só faz sentido se for feito em liberdade e com liberdade”.

Queima das Fitas é um dos vários momentos de um processo mais alargado. Este processo começa quando os estudantes chegam à Universidade, com o ritual da praxe. Ou seja, começa logo mal desde o início”. Ambos concordam que “as Semanas Académicas parecem ser festivais de música normais”. O primeiro não tem nada contra, o segundo pede reflexão - “a Universidade não devia ser antes um espaço alternativo à lógica do mercado que domina os festivais?” Diversão sim, “acho é que as universidades devem ser espaços onde as pessoas experimentam coisas diferentes – para a lógica mercantilista, já nos chega o resto da sociedade”.

O trabalho e a família, tal e qual gente grande Inês Estrela traja, gosta disso, fez par- de duas em duas semanas, mais ou menos, mas agora é difícil gerir te da Tuna em Lisboa (agora mudou- tudo e passo algum tempo sem lá ir”. Para já, faz questão de ver a -se para Coimbra), mas na hora de Serenata em Coimbra, por causa do espírito, o famoso espírito académico que invade almas estudantis – depois disso, fazer escolhas deixa a Queima para segundo Apesar de habituados, a cisma é aproveitar a pausa para abraçar os que a viram nascer. Ricardo reforça a ideia: “vivo com a plano: “se não fossem os familiares de Inês minha família e chego sempre tarde a casa. Como as férias na UniversiEstrela continuam a também tenho uma irmã mais nova, quero aproveidade de Coimbra não pedir mais visitas. Em tar para estar com todos eles”. Para o tempo em que conseguia ir a Lisboa época de Queima, ela estão fora, já há um plano, “fazer desporto de manhã ver a minha família”. faz o que pode. e estudar à tarde”. Nada o move contra a Semana Diz que já se habituaram à sua ausência, principalmente nesta altura de exames e entregas de trabalhos, mas ainda se queixam das visitas a conta-gotas. “Ao início conseguia ir mais vezes a casa,

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Académica, a não ser o facto de, na última vez em que participou, não ter conseguido fazer mais do que sair à noite e dormir de dia - “é o que a maioria faz e sei que se fosse este ano ia acontecer o mesmo. Era impossível, por exemplo, acordar às 9h da manhã e ir correr, como eu quero”.


//LER PARA CRER

além da Queima Talvez Hélder Fernandes, estudante de Criminologia na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, também gostasse de aproveitar o tempo da Queima para fazer algum exercício físico pela manhã. O problema é que Hélder tem presença obrigatória no Queimódromo até de madrugada. E porquê? É trabalhador-estudante e para profissão escolheu ser polícia. Está, pelo terceiro ano consecutivo, convocado... Mas para ser o árbitro. Trabalhar na Queima é, afinal, um mal menor: “claro que a minha posição nesta festa é diferente da dos outros alunos, mas o objetivo é o mesmo, celebrar e festejar este percurso académico”. Ser polícia numa altura de excessos é propício a casos curiosos, “mas prefiro realçar as histórias mais engraçadas, que sucedem principalmente no Cortejo, onde somos "cilindrados" com serenatas pelos alunos”.

Hélder Fernandes guarda boas experiências do trabalho de polícia durante a Queima. ão Tradição não tem de rimar com obrigaç há pressão, é tudo muito

trajado. Mas não “Em Coimbra não se vê ninguém que não esteja o: “ninguém me vai dizer nada por eu não Ricard io algarv pelo da natural”, refere Inês, apoia s pessoas o fazem só porque toda a gente ir à Queima ou por não trajar. Eu acho é que muita o faz”. ões bem mais perigosas, porque silenciosas. É aqui que entra João, apontando outras press Universidade que foi sendo construída. Se “Estão relacionadas com a própria imagem da à Universidade, vemos que a imagem de pensarmos bem na própria iconografia associada o de preto e com um canudo na mão… vestid um estudante que nos vem à cabeça é um tipo E estas referências são-nos impostas ncias. referê cria e Isto também tem um peso enorme antes”. Não é o único a reconhecer a perda todos os dias, não resultam da vivência dos estud va de uma perspetiva mais distanciada, de valores associada à festa. É Hélder, que a obser a, o espírito perde-se um pouco, não Queim que confirma: “no que diz respeito às noites da facto de ser um evento de cariz económico”. por alguns excessos, que são normais, mas pelo

Cada um com a sua nega Ricardo estuda em casa dos pais e aproveita o dinheiro extra (que guarda por não ir à Queima) para preparar “uma boa viagem”. Num estudo de 2005 do Eurostudent, onde foram analisados 11 países europeus, Portugal era o que apresentava maior dependência dos alunos face às famílias (mais de 70%). Com o agravar das dificuldades financeiras nos últimos anos, esse número tende a aumentar. A Universidade de Coimbra viu-se, no passado mês de abril, obrigada a suspender a “praxe de gozo e de mobilização”, como consequência da agressão a duas alunas, alegadamente por não concordarem com

o que estava a ser feito. João não tem dúvidas quanto aos princípios da Queima e da tradição académica: “a praxe não integra coisa nenhuma e muito menos é necessária. É simplesmente uma forma de anular o pensamento crítico e de reproduzir uma série de valores que deviam ter ficado no passado: o machismo, a homofobia, o conservadorismo das mais variadas formas, a hierarquização das pessoas sem razão nenhuma”. Inês mudou de cidade para estudar, mas não sentiu problemas. Nem sempre é assim. A adaptação a uma nova realidade é fundamental para o sucesso no Ensino

Superior e os estudantes deslocados são os que têm o maior desafio pela frente. Em Portugal desconhece-se o número de jovens que, tal como Hélder, acumulam a função de trabalhador com a de estudante. Apesar da flexibilidade de horários concedida, o polícia que está a tirar Criminologia garante que “é muito difícil, porque o meu trabalho, apesar dos preconceitos que existem, é complicado e quando estou de férias académicas não quer dizer que sejam férias completas, porque os períodos quase nunca coincidem”.

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//LOOK AT ME

É só escolher

r e s o c e

Há quem homenageie os melhores amigos, a terra onde nasceu, o gato de estimação, o clube desportivo, o santo predileto ou a comida preferida desde a infância. Os pais, avós e namorado também costumam ter espaço marcado e, claro, o curso em que se estuda também é presença obrigatória. Estamos a falar dos famosos emblemas que ficam cosidos à capa, como esta tradição académica e as pessoas que a tornaram possível o ficam à vida. Texto: Bruna Pereira Fotos: Tuga Trajes

Santos, padroeiros e talismãs

Cursos há muitos Há microfones para os jornalistas, seringas para os enfermeiros, bebés com bochechas rosadas e fraldas volumosas para as educadoras de infância, calculadoras para os contabilistas e até couves para os engenheiros agrónomos. Cada curso tem direito a várias opções ilustrativas originais, dependendo do gosto pessoal de cada um.

Portugal e arredores Dos espigueiros minhotos aos chaparros alentejanos, passando pelos barcos rabelos do Douro e as praias do Algarve, Portugal está muito bem representado, tanto a nível de paisagens, como de monumentos e comidas tradicionais. As regiões autónomas dos Açores e da Madeira não ficam esquecidas (a banana da Madeira é um dos grandes bestsellers) e até outros países podem figurar na capa de quem nutre um carinho mais especial por outra nacionalidade ou pelo país onde fez ERASMUS durante o curso, por exemplo.

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Os mais religiosos veem na Nossa Senhora de Fátima uma inspiração para o sucesso, mas há também vários modelos de Jesus Cristo, São Nicolau (padroeiro dos estudantes) e do Santo António casamenteiro, para as que ainda sonham encontrar o príncipe encantado antes de acabar a licenciatura. Os supersticiosos podem ainda recorrer às bruxas e às frases espanta espíritos e às ferraduras contra a inveja, para que não haja azares em tempos de festa.

Família e amigos e amores

E para que figure por toda a eternidade nas fotos de família, nada como mostrar os emblemas oferecidos pelo namorado, o pai babado, a mãe galinha, o avô sentimental, o primo afastado, a tia mais querida e a madrinha orgulhosa. A árvore genealógica pode estar toda representada ao gosto do freguês estudante, já que desde as representações mais tradicionais aos Simpsons sentados no sofá e ao ao American Dad estão disponíveis.

Signos e animais de estimação

Nem só de pessoas vivem os emblemas. Assim, há espaço para gatinhos fofinhos (Hello Kitty incluída), cães guardiões, peixes de aquário, tartarugas (sim, também há das Ninjas), aranhas e pássaros com várias plumagens. Os mais esotéricos podem ainda dizer ao mundo sob que signo nasceram, pois os emblemas desta temática também abundam – alguns deles com frases sugestivas sobre a personalidade de cada nativo.

Bizarros e picantes Há a hipótese de mostrar o grupo sanguíneo, prestar tributo a Elvis Presley, admitir que se está encalhado por força do destino e até manifestar desagrado ao empréstimo de euros para cervejinhas com recurso ao “Toma” do Zé Povinho de Bordalo Pinheiro. Os mais descarados podem fazer uso de belas composições textuais como “STOP: estás a ser engatado”, “Um beijo não mata a fome mas abre o apetite” e ainda “Não é pecado sair à rua com um corpo desses?”. As opções para impressionar são variadas – o resultado é que fica por descobrir.


//LIMITE DE VELOCIDADE

Gota a gota,

enche o estudante o depósito…

Andar mais quilómetros com menos combustível, é aquilo que te propomos este mês na rubrica Limite de Velocidade. A depressão tomou conta de todos aqueles que utilizam o automóvel como meio de transporte. A culpa é do preço dos combustíveis, que não para de aumentar, e com isso tem diminuído também a nossa paciência… Talvez não fosse má ideia as gasolineiras disponibilizarem apoio psicológico a clientes que abasteçam mais de 20€… Fica a sugestão! Texto: Guilherme Ferreira da Costa

Guilherme Ferreira Costa, estudante de Mestrado no Instituto Superior de Gestão e editor do site Razão Automóvel, colabora mensalmente com a Mais Superior na rubrica "Limite de Velocidade".

©Depositphotos/Petr Jilek

Mas enquanto isso não acontece, a Mais Superior e o RazãoAutomóvel.com, têm alguns paliativos que podem minorar as dores de cabeça e enjoos que sentes sempre que vês o ponteiro do depósito a cair vertiginosamente em direção ao vazio. É um tratamento simples e eficaz, mas que requer alguma paciência. No final vais ver que valeu a pena… Sobra mais depósito, mais dinheiro, e mais quilómetros para percorrer. Pront@ para começar? Sabias que, o mesmo automóvel, no mesmo trajeto pode variar o consumo para metade, ou para o dobro, dependendo da condução praticada? São esses truques amigos da carteira e do ambiente que queremos ensinar-te. Estas dicas são universais, funcionam com qualquer automóvel, mas variam em função de cada um, pelo que os valores de poupança que te vamos apresentar podem variar, tanto para mais como para menos. Seja de que forma for uma coisa é certa, vais poupar! Ora vê como:

Manual de poupança de combustível A-Z 0,5l/100km de Poupança Antecipar as travagens e as “acelerações precoces” Tiveste física no secundário e eventualmente ainda tens na universidade, não é? Então sabes que para pôr um corpo em movimento e vencer a sua inércia, há um dispêndio de energia bastante elevado. Quanto mais cedo antecipares que vais ter de travar, mais cedo irás tirar o pé do acelerador. Todos nós já assistimos àqueles condutores que no trânsito, aceleram que nem loucos, para terem de travar como nós, 200m mais à frente. Resultado? Gastam mais combustível, para ficar parados, como nós, o mesmo tempo e na mesma fila.

0,3l/100km de poupança Verificar a pressão dos pneus Verifica a pressão ideal dos pneus com regularidade. Conduzir com os pneus abaixo da pressão indicada pelo fabricante aumenta o consumo do carro e diminui a sua performance, uma vez que o atrito gerado entre a superfície do pneu e o asfalto é maior, logo necessitarás de mais energia para percorrer um determinado percurso. Para além disso, aumentas a vida útil do pneu e a segurança do automóvel. Consulta o manual de utilizador do teu automóvel para saberes a pressão certa.

0,6l/100km de poupança Utilizar o motor no regime ideal de rotação Utiliza a caixa de velocidades e o conta-rotações como teu aliado no combate aos consumos! Nos carros a gasolina, a faixa ideal de utilização situa-se entre as 2000rpm’s e as 3300rpm’s. É neste intervalo de rotações em que o rácio entre rendimento mecânico e consumos é mais favorável à poupança. Escalares o conta rotações até ao limite, não te vai adiantar de muito e pode duplicar-te o consumo instantâneo do veículo.

0,5l/100km de poupança Não exceder os 110km/h Sabias que a partir dos 60km/h o atrito provocado pela deslocação do ar é superior à dos pneus? E que a partir daí, esse atrito aerodinâmico começa a crescer exponencialmente? É por isso que enquanto maior é a velocidade, maior é o consumo. Tenta não exceder os 110km/h em autoestrada, e os 90km/h em estrada nacional. Vais chegar alguns minutos mais tarde, mas alguns euros mais “rico”.

0,4l/100km de poupança Atenção às cargas no acelerador A forma como tratas o acelerador é diretamente proporcional à vontade com que o malfadado ponteiro do combustível desce. Portanto, quanto menores forem as cargas no acelerador, menor será o consumo instantâneo de combustível. Sê meigo com o pedal e terás aqui um excelente aliado na luta contra o desperdício.

00km (+/-) Poupança global expectável: 2,5L/1 erás baixar significatiCaso sigas todos estes conselhos, pod ível, ao mesmo tempo bust com com os gast vamente os teus vários componentes dos o que poupas no desgaste mecânic tens um bónus, a aind disso além Para do teu automóvel. ificam menos sign s umo ajudas o ambiente! Menores cons s. ente polu s emissões de gase

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//DÁ-TE AO TRABALHO

Foi vocêiu nabiças? que ped

E quem diz nabiças diz grelos, ervilhas, brócolos, cebolas e outras espécies leguminosas frescas e prontas a entregar ao domicílio, gentileza de Ricardo Hespanhol - o engenheiro agrónomo que todas as semanas faz os habitantes do grande Porto suspirar por umas couves cozidas ou por uma sopa de agrião recém apanhado, graças ao seu vitaminado projeto Campo à Porta. Texto: Bruna Pereira Fotos: Ricardo Hespanhol

Pedir uma pizza familiar já era rotina de fim de semana para muitos e encomendar as compras mensais no hipermercado lá da zona também não era novidade para outros tantos. A surpresa é que agora o campo vem à cidade pelas mãos de Ricardo Hespanhol, um engenheiro agrário que ainda durante o curso na Escola Superior Agrária de Ponte de Lima já nutria o gosto pela horta e pelas leguminosas que tão bem fazem à saúde. “Enquanto estudava fora do Porto, um amigo meu tinha um terreno pequenino, e quando vínhamos, já trazíamos um ou outro cabaz de legumes (e na altura também frutas misturadas) para experimentar – a ver o que saía, o que não saía...”, refere Ricardo, explicando que foi no Natal de 2010 que o negócio ganhou maior cunho profissional. “Fizemos 14 cabazes hortícolas para oferecer à família, o maior número que conseguimos, e vimos que deu bom resultado... Por isso continuámos em frente com a ideia”. Há três meses na estrada (e nas ruas do Porto), Ricardo Hespanhol já está a tratar de criar um site com toda a informação necessária para se fazerem encomendas de legumes personalizadas, porque para já a maior publicidade, admite, faz-se através do boca a boca dos clientes. “Vou a casa duma pes-

soa e depois se essa pessoa gostar recomenda a outra e assim sucessivamente. Também vou deixando o meu cartão para espalhar os contactos... E também já foram alguns os meios de comunicação a noticiar o Campo à Porta”, conta Ricardo, ao mesmo tempo que nos recorda a frequência das entregas que faz, como quem conta pelos dedos com muita atenção, porque o assunto é sério. “Segunda, quarta e sexta-feira faço entregas semanais. À terça-feira faço entregas de quinze em quinze dias”.

s soatam 150 pesgos

Não, não estamos a falar de fãs no facebook – antes de clientes que já estão habituados a que legumes sempre frescos lhes entrem pela casa dentro. “Estes legumes duram mais tempo” é um dos elogios que ouve frequentemente Ricardo em forma de frase. Quanto aos bestsellers da verdura, eles são vários e bem ao gosto do freguês, seja ao molho ou ao quilo, garante Ricardo. “Depende do gosto, mas brócolos, couve, cebola, feijão verde, ervilhas estão a sair bastante bem. Há um mês atrás, por exemplo, saíram nabos e nabiças. Depois temos sempre coração, alface, tomate, cenoura, pepino e um bocado de tudo – quando paro o carro na rua, depois as pessoas vão lá e escolhem o que querem, com a garantia de que é sempre tudo fresquinho”. Houve tempos em que o produtor era Ricardo Hespanhol, mas “o tempo não dava para tudo” e agora a maior parte dos legumes vendidos vem de um fornecedor da Póvoa de Varzim.

has! Legumes... Frutas e galin bém tem de legumes, Ricardo Hespanhol tam

Além de uma grande variedade car. Quando o lucro deixar e houver uma a coelhos e galinhas por encomenda que uir a venda de frutas também – para rinha maior, o negócio poderá incl distância de um simples pedido. refeição possa estar completa... E à

20 | MaisSuperior . Abril 2012

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, o ã s r e v i D mas com ponderação!

©Depositphotos/Yuri Arcurs

Maio é, certamente, um dos meses mais importantes para os estudantes do Ensino Superior. Se és daqueles que se envolvem em todas as atividades da semana académica ou da Queima das Fitas, estou certa de que este é, para ti, um dos meses mais difíceis do ponto de vista financeiro. Mas, mesmo que optes apenas por ir a um ou outro evento, também sentes diferença na carteira, isto porque estamos a falar de gastos extra, que carecem de planeamento para não arrasarem as nossas finanças. Desde as solicitações para jantar fora, às idas a concertos, passando pelas tasquinhas, és convidado a participar num elevado número de atividades – a maioria das quais com custos. Para que te divirtas e continues de boa saúde financeira, vou recordar-te de alguns cuidados a ter na gestão do dinheiro. Texto: Susana Albuquerque

m primeiro lugar, o ideal é que tenhas poupado para fazer face a estas despesas anuais. Se não o fizeste, começa em Junho a poupar para o ano de 2013! Pode parecer cedo, mas quanto mais depressa o fizeres menor será o esforço que terás de fazer mensalmente. Se não tinhas feito o mealheiro para fazer face a estas despesas, sugiro que, em primeiro lugar, definas quanto dinheiro podes despender do teu orçamento – mesmo que para isso tenhas de sacrificar outros gastos, não essenciais. Depois, há que definir o programa das festas em função do dinheiro disponível. Susana Albuquerque é Secretária-Geral e coordenadora do programa de educação financeira da ASFAC – Associação de Instituições de Crédito Especializado. A também autora do livro “Independência Financeira para Mulheres” colabora mensalmente na revista Mais Superior para te dar dicas práticas que poderás aplicar no teu dia-a-dia.

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Se vês que há um acontecimento que não podes perder, mas para o qual não tens agora dinheiro disponível, opta por pedir dinheiro emprestado. Com ou sem juros, esta é uma negociação que terás de fazer com o financiador – que deve ser alguém de extrema confiança e que também não fique em dificuldades por te emprestar o dinheiro. Alerto, no entanto, para o facto de esta ser uma solução apenas para quem não irá ter dificuldades de liquidar o crédito num curto espaço de tempo, pois só assim faz sentido e não é prejudicial às finanças pessoais. Agora deixo-te algumas dicas para poupares uns euros! Já pensaste que se em vez de ires jantar fora e depois sair com os teus amigos podes jantar em casa e depois seguires para a festa? Vais poupar o dinheiro da refeição, que talvez te permita adquirir uma entrada para outro evento. E, para o caso de pretenderes estar em grupo, também podes optar por jantar em casa com amigos, desde que as despesas sejam partilhadas a poupança e a animação são certas! E, porque os trajes são sempre muito dispendiosos, já consideraste a hipótese de comprar em segunda mão? Por vezes existem ofertas disponíveis na internet, mas também podes ver se alguém da tua faculdade está disposto a vender ou até a emprestar-te. Os padrinhos e as madrinhas de curso podem, certamente, ajudar-te nesta tarefa. As tradicionais capas repletas de fitas coloridas também têm custos. Sugiro que optes por diminuir o número de fitas a distribuir à família e amigos. Em vez de uma fita para a tia, para o tio e outra para os primos – que às vezes sentem uma enorme dificuldade em ocupar tanto espaço com os seus votos de felicitações –, oferece apenas uma para toda a família. Faz o mesmo com os amigos. Concede apenas o privilégio de oferecer aos mais próximos uma fita para cada um. Parece que é pouco dinheiro que poupas, porque as fitas não são assim tão caras, mas é uma questão de fazeres contas e veres se esta sugestão faz sentido. Lembra-te que no poupar é que está o ganho!




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