Mais Educativa | Novembro '12

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Aprende com quem sabe!

NOVEMBRO 2012

Nº 8 - Mensal - Distribuição gratuita - Não pode ser vendida

PDF disponível em www.maiseducativa.com

Em forma Descobre se usas os ténis adequados

Profissão do mês Ser nutricionista é muito mais do que recomendar dietas

Máquina do Tempo As origens da caixinha mágica que conhecemos como TV

Solta al o aná iem m ti! que h

Já te gabaram os ‘olhos de lince’, mas queixam-se da tua ‘memória de peixe’, verdade? Não chores mais ‘lágrimas de crocodilo’ e descobre quais os fundamentos científicos, históricos e culturais que estão por detrás destas populares expressões.



ÍNDICE | BINGO Animais que falam por ti 3 | ÍNDICE . BINGO

8 | EM FORMA

4 | TOQUE DE ENTRADA

10 | DÁ QUE FALAR

5 | PÁGINA A PÁGINA

12 | PROFISSÃO DO MÊS

6 | PLAYLIST

13 | MÁQUINA DO TEMPO

7 | TAKE 1

14 | CONSULTÓRIO ESCOLAR

BINGO

PASSATEMPO

ÍNDICE

Cada vez que o despertador toca, sabes que estás a ‘acordar com as galinhas’. Se é dia de teste, é bom que tenhas uma ‘memória de elefante’ e que tenhas ‘trabalhado que nem uma formiga’. Se fazes parte duma banda, dá jeito teres ‘voz de rouxinol’. E se a tua cara-metade é ciumenta, o conselho é seres ‘fiel como um cão’. O assunto poderia ser apenas linguístico, mas há fundamentos científicos, históricos e culturais que explicam por que é que recorremos ao mundo animal na altura de nos afirmarmos e descrevermos como seres humanos.

temos ma is passatem pos para ti!

Participa e ganha!

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A Mais Educativa e a Ecoplay sabem que Cristiano Ronaldo só há um.. Mas todos podemos continuar a sonhar com fintas, golos e partidas bem jogadas e com direito a uma salva de palmas para a equipa vencedora.

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iva. e habilita -te a ganharcom !

A pensar em ti, que fazes sensação nas aulas de Educação Física quando a aula é Futebol, temos 5 conjuntos constituídos por um jogo PES 2013 para PS3 + uma bola de futebol.

Prepara-te para dar show de bola Ficha Técnica Proprietário/Editor: Young Direct Media, Lda

Empresa jornalistica inscrita com o nº: 223852 NIPC nº 510080723 Administração Graça Santos, gracasantos@youngdirectmedia.pt DIRETORA GERAL DA EMPRESA Graça Santos, gracasantos@youngdirectmedia.pt DIRETOR ADJUNTO DA EMPRESA Paulo Fortunato, paulofortunato@youngdirectmedia.pt Sede de redação: Rua Ester Bettencourt Duarte, Lote 76, 2625 - 095 Póvoa de Santa Iria Tlf: 21 155 47 91 Fax: 21 155 47 92 Email geral: geral@youngdirectmedia.pt

Para seres um dos vencedores, apenas terás que responder à seguinte pergunta:

O que eras capaz de fazer para seres tu a ganhar este prémio? 5

As respostas mais originais, cómicas e fora do comum serão as vencedoras. Prepara já o teu poder de escrita e não percas mais tempo: entra em www.maiseducativa.com (na secção de passatempos - Bingo!), procura este passatempo PES e participa já, preenchendo o formulário com a tua resposta criativa! PVP: 69,99 euros

Esta informação foi facultada pelo departamento comercial.

Condições gerais dos passatempos da Mais educativa 1. O passatempo PES 2013 entra em vigor a dia 15 de novembro e termina a dia 17 de dezembro. Qualquer participação fora dessa data irá ser recusada. 2. Das respostas recebidas, apenas serão consideradas válidas as que preencherem devidamente os campos solicitados no formulário de resposta. 3. Só é aceite uma resposta válida por endereço de e-mail e por concorrente. | 4. Do conjunto de respostas válidas recebidas, os premiados serão selecionados de acordo com o método de seleção e o número de prémios comunicados no respetivo passatempo. | 5. No caso do número de participações ser inferior ao número de prémios disponíveis, serão contemplados todos os participantes que responderem acertadamente. | 6. A lista dos premiados será publicada online, na área de Passatempos, sendo os vencedores ainda notificados via e-mail ou telefone, pelo que os participantes deverão facultar sempre os seus contactos corretos e atuais. | 7. Todas as demais dúvidas e questões podem ser endereçadas para o e-mail passatempos@maiseducativa. com. | 8. Caso os prémios não sejam levantados após 3 meses de serem anunciados os vencedores, esse vencedor perderá o direito a esse prémio.

www.maiseducativa.com DIRETORA EDITORIAL Bruna Pereira, brunapereira@youngdirectmedia.pt DIRETOR COMERCIAL E PUBLICIDADE Duarte Fortunato, duartefortunato@youngdirectmedia.pt REDAÇÃO Bruna Pereira, brunapereira@youngdirectmedia.pt João Diogo Correia, joaocorreia@youngdirectmedia.pt Colaboradores editoriais Renato Paiva e Revista Empire DESIGN Mónica Santos, monicasantos@youngdirectmedia.pt New media André Rebelo, andrerebelo@youngdirectmedia.pt COMUNICAÇÃO e DISTRIBUIÇÃO Samuel Alves, samuelalves@youngdirectmedia.pt Tiragem: 40.000 exemplares Peridiocidade: Mensal Registo na ERC nº 126169 Depósito legal: 341259/12 Tipografia e Morada: Lidergraf - Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal Banco de imagens: Todas as imagens utilizadas na publicação, salvo as que estão creditadas, são retiradas do depositphotos.com Esta publicação já se encontra escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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TOQUE DE ENTRADA

Famílias em busca da

felicidade

Como seria para ti a família perfeita? Com animais de estimação? Onde todos os irmãos fossem adotados? Com uma autocaravana para passeios aos fins de semana? Estas e outras questões foram debatidas no 1º Encontro de Felicidade Familiar, organizado pela Clínica da Educação. Durante o passado dia 27 de outubro, especialistas de diversas áreas contribuíram para que uma assistência constituída por psicólogos, pais e educadores se enchesse de coragem para valorizar ainda mais aquilo que de mais precioso pode existir: a família. Texto e fotos: Bruna Pereira

“Só o amor não basta para educar os filhos” Paulo Sargento, Universidade Lusófona Iniciando com a diferenciação entre os conceitos de progenitura e parentalidade (enquanto o primeiro assenta na ideia de procriar, o segundo implica um conjunto de competências), Paulo Sargento recordou ainda que “hoje em dia ser pai e mãe é muito difícil, devido ao tempo passado no trabalho”, mas que isso não significa que os filhos se vão apegar mais aos educadores do que aos próprios pais... Porque o que conta é também a “qualidade” e não apenas a “quantidade de tempo passado em família”.

“Escola, família e filhos - contributos para uma relação saudável” José Morgado, ISPA - Instituto Universitário Tendo em conta que os filhos “não vêm com manual de instruções”, José Morgado alertou para o facto de, como psicólogo, ter como proibidas algumas questões de pais como “a que idade é que eu devia deixar sair a minha filha?” - até porque o próprio docente confessa ter 58 anos e conhecer muitos colegas da idade dele que “não deviam sair à noite”, o que deixou a audiência a rir de gosto. Em tom mais sério, José Morgado sublinhou a importância dos educadores e professores poderem alertar os pais para algumas situações (birras na infância, dilemas da adolescência, problemáticas em torno das redes sociais...), de forma a que seja mais fácil para estes pais lidar com os filhos em casa e de modo a evitar conclusões muito perigosas, como sendo: “ai o meu filho passa o tempo no computador, lá no quarto, e eu fico sossegada”.

“Atritos profissionais, conflitos conjugais”

Maria Duarte Bello, Escola Superior de Comunicação Social do ISLA “O tempo não é ilimitado”, sugere Maria Duarte Bello, dando o exemplo dalguns dos seus alunos que ambicionam acabar o curso, casar, ter logo um emprego e uma família... A oradora referiu, contudo, que por muito reconfortante que seja uma promoção no trabalho ou um aumento de salário, esse tipo de investimento a curto prazo não se comprara ao investimento a longo prazo nos filhos e à “satisfação de ver uma criança nossa tornar-se adulto”, terminou Maria Duarte Bello, afirmando que não há “nenhuma recompensa profissional que compense um fracasso pessoal”.

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“A felicidade procura-se e constrói-se”

Luís Miguel Neto, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) No dia 1 de novembro de 1755, Dia de Todos os Santos, as pessoas estavam dentro das igrejas e o teto desabou em cima das suas cabeças. Era o dia do Terramoto em Lisboa (que foi afinal um tsunami, completa Luís Miguel Neto) e o fim do otimismo e da boa vida, em que grandes obras se construíam cá com o ouro vindo do Brasil. No entanto, o Docente do ISPA salienta que o curioso é que o Aqueduto das Águas Livres sobreviveu ao terramoto e frutificou, tal e qual a Educação deve ser, dando-nos ainda razões (e muitas) para ainda ter esperança na felicidade.

“O mito da Família perfeita”

Teresa Andrade, Escola Superior de Saúde Egas Moniz Teresa Andrade referiu que a família perfeita não existe... Mas existem pessoas fantásticas com as quais podemos contar para ir à farmácia, para nos dar apoio e carinho, já que as famílias “são sítios onde aprendemos a ser” e que esse padrão tem mudado com a história. As famílias numerosas deram lugar a famílias com filhos únicos e cada vez mais monoparentais ou refeitas com outras pessoas e as mulheres emanciparam-se, não sonhando mais com dias passados na cozinha à volta de maravilhosos bolos enfeitados com calda de açúcar.

“Sexualidade promotora de bem-estar familiar”

Vera Ribeiro, Hospital St. Louis A sexualidade faz parte da família e tanto está presente nas manifestações carinhosas dos pais em frente aos filhos, como do próprio crescimento dos pais, ao ver o seu bebé transformar-se num adulto, experimentando uma série de processos para os quais devemos estar preparados para conversar sobre (descoberta do corpo, masturbação, início da atividade sexual, métodos contracetivos, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)...).

“Preocupações parentais sobre a sexualidade dos filhos”.

João Paiva e Jacinta Paiva, Universidade do Porto O casal de professores universitários explicou aos presentes que a sexualidade não tem de ser um tema a evitar no seio familiar - pelo contrário. Há formas de o abordar com conta, peso e medida. “Nem sempre é fácil falar sobre o tema”, concorda João Paiva, no entanto os pais não podem deixar para os outros o seu papel: “falar de sexualidade com os filhos é revisitar a nossa própria sexualidade”, acredita Jacinta Paiva. Uma página não dá para contar tudo o que aconteceu neste 1º Encontro de Felicidade Familiar... Por isso, lê a reportagem completa em www.maiseducativa.com.


PÁGINA A PÁGINA

Quem conta

um conto…

Acrescenta-lhe um ponto, diz o ditado. E foi o que fez Pedro Sousa Tavares, neto de Sophia de Mello Breyner Andresen, na obra publicada pela Porto Editora “Os Ciganos”. O jornalista e agora também escritor pegou num manuscrito da avó, imaginou o que viria a seguir naquela “boa história” e da imaginação passou às palavras. O resultado é o que a Mais Educativa tentou perceber. Entrevista: João Diogo Correia Fotos: Porto Editora

Como surgiu a ideia de terminar um conto de Sophia? Quando leu o manuscrito sentiu que havia ali muito potencial para uma história? Pedro Sousa Tavares (PST): A proposta de terminar o conto partiu da minha tia Maria, que é a responsável pela gestão do espólio literário da minha avó Sophia. Quando li o manuscrito senti o mesmo que julgo acontecer a toda a gente que começa a ler uma boa história: comecei a imaginar o que viria a seguir. Por isso, quando surgiu aquele desafio, não tinha como dizer que não. Eu também queria saber o que aconteceria ao Ruy depois de saltar o muro de casa.

Houve uma preocupação em manter um estilo que possamos associar à obra de Sophia? PST: Não. Houve a preocupação quase oposta de não tentar imitar o estilo de Sophia de Mello Breyner. Se tivesse seguido esse caminho ficaria demasiado preocupado com o estilo e não conseguiria o essencial: pensar na história e terminá-la. Provavelmente teria corrido muito mal. Se tive alguma preocupação foi a de tentar ser simples na escrita, porque a minha avó também era. Detestava ver utilizadas palavras ‘caras’ só para enfeitar o texto.

O que confirmei – e tento transmitir no livro – é que, além da riqueza da sua cultura, os ciganos preservam alguns valores muito importantes que a restante sociedade tem vindo a esquecer. A começar pela importância da família, do grupo, de não deixar nenhum dos ‘nossos’ sozinho no mundo.

A rebeldia e o risco assumido por Ruy podem servir de metáfora para os problemas de que hoje tanto se fala? É preciso arriscar e largar a zona de conforto? PST: A rebeldia, a vontade de largar a zona de conforto e ir ao encontro dos outros são caraterísticas próprias da adolescência. Em determinado momento das nossas vidas todos nós sentimos a necessidade de ver mais do que aquilo que se passa dentro das paredes de nossa casa, de conhecer pessoas diferentes do nosso grupo de amigos da escola. Mas o livro tenta também mostrar que é importante não perder a ligação a esse núcleo – à família, aos amigos – porque eles provavelmente vão acompanhar-nos ao longo da vida. Serão o nosso ‘porto seguro’, por mais

O conto fala de uma comunidade cigana. Que conhecimento prévio tinha dessa minoria? Foi preciso estudá-la? E que conceitos são criados ou desmistificados acerca dela? PST: Já conhecia alguma coisa sobre a comunidade cigana, em parte através da profissão de jornalista, mas confesso que não tinha muita informação. Até porque são raras as referências à cultura cigana, mesmo na literatura. Quando surgiu este projeto tentei saber mais. Não fui ao encontro da comunidade, porque tudo se passou muito depressa e não houve tempo para isso, mas li tudo o que encontrei. Tentei reunir elementos sobre a cultura, as crenças e tradições, os hábitos desta comunidade com a qual convivemos há centenas de anos. Interessava-me sobretudo ir além dos chavões, quase sempre negativos, que existem em torno dos ciganos.

Os ciganos

Sophia de Mello Breyner Andresen e Pedro Sousa Tavares Edição: 2012 | Páginas: 64 | Editor: Porto Editora PVP: 16,92 euros

viajantes que sejamos. A mensagem que de alguma forma poderemos associar aos problemas de hoje é a da crença em nós próprios. Numa altura em que se houve falar tanto em dificuldades, em barreiras que parecem intransponíveis, é importante que os mais novos, os rapazes e raparigas que agora estão na escola, saibam que o futuro continua a ser deles. E que não devem deixar que nada nem ninguém os impeça de sonhar.

Será este um conto para todas as idades? PST: “Os Ciganos” são um conto que pode ser lido por crianças, mas também (sobretudo) por adolescentes que vivem as mesmas transformações que Ruy e Gela, as duas personagens principais. E pode ser lido por adultos, claro! Principalmente por aqueles adultos que também ainda não desistiram dos seus sonhos.

O jornalismo e a escrita literária dão um bom casamento? Que dificuldades encontrou, sendo esta uma estreia nos livros? PST: Mathew Arnold, um escritor britânico do século XIX, disse um dia que “o jornalismo é a literatura com pressa”. A frase não resume a profissão de jornalista, mas ajuda a perceber a diferença entre os dois mundos. No jornalismo, sobretudo na informação diária, trabalhamos a um ritmo muito acelerado, e o objetivo final é sempre passar aos leitores o máximo de informação sobre determinado assunto, da forma mais simples e concisa possível. Nesse aspeto, participar na escrita de “Os Ciganos” deu-me mais tempo e maior liberdade para ser criativo. Os factos já não eram tão importantes como a mensagem que queria passar. Mas acredito que o jornalismo é uma excelente base para a escrita literária, porque nos dá disciplina de trabalho, cultura geral e, sobretudo, um hábito de encarar o mundo com imparcialidade. E este ajuda a libertar-nos dos preconceitos que por vezes estragam muitas boas histórias.

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PLAYLIST

PAUS para toda a obra Hélio, Quim, Makoto e João. Quatro amigos, uma banda. Depois de um verão animado, os PAUS são a grande certeza da rentreé musical e tornaram inconfundível um som difícil de catalogar. Tudo “por brincadeira”, sem medo de o assumir. Texto: João Diogo Correia Fotos: www.facebook.com/pausoficial

Vêm todos de bandas conhecidas no seio do rock nacional [Linda Martini, If Lucy Fell, Vicious Five, Riding Panico]. PAUS distancia-se desses vossos projetos ou é inevitável irem lá buscar qualquer coisa? PAUS - PAUS não é minimamente pensado. É claro que toda a bagagem de cada membro acaba por trazer qualquer coisa dos projectos anteriores ou actuais. Mas até pela forma como compomos, é tudo muito livre. Reagimos uns aos outros e, por isso, é fácil construirmos alguma coisa que é nossa, porque não é tão pensado. É reacção por camadas, na hora.

Como é que funciona o vosso processo criativo? Juntam-se e gravam o que for saindo ou há muito trabalho por trás? PAUS - É como referido atrás. Montamos as coisas em estúdio, mixamos e depois quem tem uma ideia grava. Os outros reagem de seguida e vamos compondo a música. Depois é editar.

Para o Hélio e para o Quim, como é que surge a bateria siamesa? É a vossa ligação pessoal, mais que a musical, que faz com que resulte? Não é difícil partilhar um instrumento? PAUS - Nasceu da vontade de duas pessoas amigas estarem na mesma banda, sendo que tocam o mesmo instrumento. A bateria siamesa já é usada em escolas há muito tempo, para o aluno estar mais próximo do professor. Nós só lhe demos um nome e trouxemo-la para o rock/pop. Não é propriamente fácil de ser tocada, pois há limitações técnicas pela partilha de partes dela, mas com o tempo temos vindo a aperfeiçoar a nossa forma de a tocar.

Nunca temeram que o vosso desprendimento, ou impossibilidade de criação de rótulos, levasse a que vos vissem como um grupo de amigos que se juntou quase como uma brincadeira? Ou melhor, que isso de alguma forma vos retirasse credibilidade? PAUS - Mas foi exactamente isso que aconteceu: um grupo de amigos que se juntou por brincadeira. O facto de te divertires com o que fazes, não lhe retira credibilidade. Pelo contrário. Uma coisa é o nosso processo criativo, sobre qual ninguém tem o direito de opinar. Outra é a profissionalismo com que transpomos para o palco aquilo que editamos.

Não foi preciso muito tempo para se afirmarem. Acham que isso se deve ao conhecimento anterior do público em relação ao vosso trabalho? PAUS - Deve-se a tudo. Ao facto de ser uma coisa diferente do que vem sendo feito, ao facto de todos sermos músicos experientes e sabermos o que queremos passar, ao facto de podermos chegar mais facilmente aos ouvidos de quem já acompanhava e acompanha as nossas outras bandas, etc.

Uma das discussões que marca o debate da música em Portugal tem a ver com a democratização da música e os downloads gratuitos. Gostam do facto de a vossa música estar acessível a todos e de graça? PAUS - Gostamos essencialmente de poder continuar a fazer música. Toda a gente sabe que hoje

NOTA: A pedido dos entrevistados, as respostas foram escritas segundo o antigo Acordo Ortográfico.

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MaisEducativa . Novembro 2012

em dia as bandas vivem essencialmente de concertos e não de discos, salvo raras excepções. Mas o que as pessoas têm que ter consciência é que por ‘sacar’ em vez de comprar um disco de uma banda de que gostam, podem estar a contribuir para que essa mesma banda não tenha dinheiro para gravar o próximo disco. Se estivermos todos cientes disto, depois, cada um faz aquilo que a sua consciência ditar.

Desde o primeiro EP que editaram, “É uma água”, até a este “Estamos Juntos”, o que é que mudou e o que é que fazem questão de manter, tanto no vosso som como na atitude? PAUS - Mudou a dimensão da banda, que cresceu como não esperávamos. Manteve-se a ausência de regras na criação. Em termos de atitude, é a mesma; nós controlamos a música que fazemos e queremos mostrar às pessoas.

O palco é a vossa casa? PAUS - O palco é uma das nossas casas, simplesmente porque lá passamos muito do nosso tempo e porque gostamos de lá estar.

Se quiseres saber mais sobre os PAUS, bem como outras novidades da música nacional e internacional, tens bom remédio: vai a www.maiseducativa.com.


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TAKE 1

Texto: Revista Empire Fotos: Cedidas pelos estúdios

Frankenweenie

Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade Mais uma comédia com sotaque gaulês

Em 1984, a Disney despediu Tim Burton com a desculpa de a sua curta “Frankenweenie” ser assustadora demais para crianças. 28 anos depois, a Disney mudou de ideias e estava ansiosa para se aliar ao seu bizarro ex-aprendiz. Agora, “Frankenweenie” chega aos cinemas como uma longa-metragem e traz-nos a história de Victor, uma Título Original: Frankenweenie criança solitária e incompreendida Realização: Tim Burton que perde o seu único amigo, numa Argumento: Leonard Ripps, Tim Burton jubilosa adaptação de “Frankenstein” Elenco: Winona Ryder, Catherine O’Hara, de Mary Shelley, mas expandido com Martin Short deliciosos detalhes. Burton parece não ter esquecido que tudo no filme é parte de uma grande ideia, e dá-nos o melhor no campo da criatividade, da arte e da forma de dar vida a algo inanimado. Os fãs de Tim Burton não irão ficar desiludidos.

As tropas romanas invadiram a Britânia. Não conseguindo resistir ao ataque, a rainha dos bretões envia Jolitorax à única aldeia que consegue resistir ao império romano, Gália. Entretanto, Astérix e Obélix encontram-se responsáveis por Atrevidix, o jovem sobrinho do Chefe da aldeia que sente pouca ligação com os costumes dos gauleses. Título Original: Astérix et Obélix : Para não fugir à tradição, Obélix Au Service de Sa Majesté volta a ser interpretado por Gérard DeRealização: Laurent Tirard pardieu, um ator que já por si nos recorda Argumento: René Goscinny, Albert Uderlogo a personagem. Já Astérix mudou zo, Laurent Tirard e Grégoire Vigneron mais uma vez de pele, estando agora a Elenco: Gérard Depardieu, Edouard Baer, Guillaume Gallienne, Cincent Lacoste cargo de Edouard Baer. Contando a história de dois livros (Astérix e os Normandos e Astérix entre os Bretões), o filme assinado por Laurent Tirard traz um enredo cheio de detalhes e personagens, e se consegue tornar-se num filme épico nos primeiros momentos, acaba por se transformar em mais uma comédia com sotaque gaulês.

Crítica cinema

Disney volta a aliar-se a Tim Burton

Já nas salas

Crítica DVD/BD

Homens de Negro 3

Oportunidade para rever estes agentes especiais

Boris, 'O Animal', fugiu da prisão lunar e regressa à Terra para um acerto de contas com o Agente K (Tommy Lee Jones). Com os aliens mais conhecidos e algum humor à mistura, Boris e depois o Agente J (Will Smith) viajam no tempo com o objetivo de mudar a história e salvar K no passado. “Homens de Negro 3” mantém-se fiel à sua fórmula de ficção científica descontraída, sempre criativa na estética alienígena e no desenvolvimento de novas espécies, mas ao mesmo tempo não parece interessado em renovar-se no que diz respeito ao argumento. A saga Homens de Negro precisa de uma volta para continuar a surpreender, pois falta-lhe alguma irreverência. No entanto, esta é uma boa oportunidade para reveres estes agentes especiais e para usufruires de todos os extras que poderás encontrar em formato DVD e Blu-Ray, como documentário, apanhados, jogos, entre muitos outros.

Já nas salas

ia c í t o N

Conhece as estrelas de Força Ralph A mais recente animação da Disney decorre num mundo de videojogos, com o vilão titular (John C. Reilly) a saltar de jogo em jogo numa tentativa de descobrir se a vida é mais do que pisar edifícios e ser derrotado por heróis atrevidos. Esta descoberta de Ralph também permite trazer ao cinema algumas das mais famosas personagens dos videojogos. Sendo um filme da Disney, o realizador Rich Moore e o produtor Clark Spencer puderam trabalhar com algumas das maiores empresas de jogos do mundo para assegurar a utilização de grandes personagens, incluindo Sonic! No entanto, o seu arquirrival – um tal canalizador que trabalha para a Nintendo – não foi adicionado à mistura. “O processo legal ainda está a decorrer”, ri-se Moore. “Vai ser um apelo. Se com esta entrevista conseguíssemos chegar a Mario, seria ótimo!” “Força Ralph” estreia a 8 de novembro. A Empire é a revista de cinema mais vendida no mundo. Todas as novidades do cinema, entrevistas exclusivas, acesso privilegiado aos estúdios e grandes especiais são apenas alguns dos ingredientes que todos os meses vais poder encontrar nas bancas e em www.empire.com.pt. Pub

Setembro 2012 . MaisEducativa | A


EM FORMA

Sabedoria

na ponta dos pés

Assim como é difícil imaginar uma bailarina de chuteiras ou um jogador de futebol de botas da tropa, também para as atividades físicas que não representam necessariamente uma profissão o calçado é importante. O teu rendimento vai melhorar consoante aquilo que levares nos pés. Foi a pensar nisso mesmo (e porque o dolce fare niente ficou definitivamente para trás) que a Mais Educativa compilou algumas dicas sobre o que calçar na hora de mexer o esqueleto. Texto: João Diogo Correia

Basta vasculhar alguns dados sobre desporto e rendimento para o perceber: melhor calçado, mais adaptado à modalidade e às necessidades de cada um, melhora também a performance desportiva. Todos os dias surgem tecnologias associadas ao calçado desportivo e já se sabe que marcas, modelos e estilos existem aos pontapés (literalmente). Os constantes avanços têm a grande vantagem de fazer baixar o preço e tornar relativamente fácil comprar uns bons ténis a baixo custo, mas aumentam a dificuldade no momento da escolha – com tanta oferta, perdes-te do essencial. É por isso que te queremos ajudar.

Corrida: ténis leves, é o que se pede em primeiro lugar. Ter aberturas por onde o ar possa passar, evitando assim grandes doses de humidade, é também importante. Se quiseres ir mais longe, tenta perceber de que forma pisas o chão (pode ser neutra, com a parte de dentro do pé ou com a de fora) e procura um modelo que se adapte ao estilo.

Basquetebol: Os ténis de cano alto são uma boa opção para a prática desta modalidade, porque revestem os tornozelos, protegendo-os.

Mania ou necessidade? Foto: turismocriativo.blogspot.com

Que desporto é a tua cara, que ténis é o teu pé? Um pé tem 26 ossos, para além músculos e articulações que se ligam entre si e que convém que funcionem em harmonia, senão o risco de ficares lesionado até ao fim do período aumenta. Por isso, a primeira dica é exatamente que analises bem as caraterísticas do desporto que vais praticar e durante quanto tempo o vais fazer.

Futebol: para o desporto rei, a opção deve

recair sobre a tradicional chuteira com pitons. Estes dependem do terreno em que vais jogar – num campo com relva macia, deves optar por uns em metal ou lâmina, enquanto os pelados pedem pitons com a base mais larga, para melhorar a tração, os relvados artificiais ou sintéticos, como são muito duros, exigem pitons mais baixos, para permitir melhor apoio e distribuição de forças, e o futebol salão, ou futsal, obriga-te a abdicar dos pitons para usares umas chuteiras com sola em borracha de latex.

Foto: martinellirunners.blogspot.com

Caminhada ou trekking:

quanto maior a distância, maior a necessidade de um amortecedor. Ainda assim, estuda primeiro o terreno da tua caminhada. Um solo duro pede uma sola igualmente rija (pisar um calhau com sapatilhas de pano é capaz de não ser agradável). Há modelos que oferecem proteções mais sofisticadas, como placas que diminuem o efeito das irregularidades do piso, proteções para os dedos, para evitar quedas e tropeções ainda mais desagradáveis. Também há marcas que optam por tecidos impermeáveis para evitar demasiada humidade.

A obsessão das marcas e dos próprios atletas pelo melhor calçado é tal que já levou a algumas histórias curiosas. A Asics, por exemplo, desenvolveu um modelo que prometia ajustar-se até aos inchaços que algumas mulheres sofrem nos pés durante a menstruação. Já Gustavo Kuerten, lendário tenista brasileiro, pôs a marca Olympikus a desenhar-lhe uns ténis com base nas suas medidas de pés e nos movimentos que mais utilizava no court. O velocista norte-americano Michael Johnson fazia das sapatilhas douradas, especialmente desenhadas para ele, uma imagem de marca. O próprio Cristiano Ronaldo usa desde os primeiros pontapés profissionais, no Sporting, chuteiras com cores vivas, do cor-de-rosa choque ao laranja florescente, para trocar os olhos aos adversários, que com tanta cor perdem a noção do espaço e da direção da bola. No polo oposto está Matías Fernandez, ex-jogador do Sporting e atualmente na Fiorentina, Itália, muitas vezes alvo de chacota por parte dos colegas por usar chuteiras velhas e gastas. Não, não é a crise a chegar ao bolso do chileno – diz ele que só assim consegue sentir bem a bola. Os resultados estão à vista e Matías é conhecido pela qualidade dos seus livres.

Foto: articulo.mercadolibre.com.mx

Voleibol: como vais abusar dos saltos, o

melhor é teres uma sola maior, para não forçar tanto as articulações de cada vez que regressas ao chão. Um amortecedor à frente também pode ser fundamental, porque os bicos dos pés são os primeiros a aterrar.

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Foto: moda.novidadediaria.com.br

MaisEducativa . Novembro 2012

Foto: fotografia.folha.uol.com.br


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DÁ QUE FALAR

Animais

que falam por ti Cada vez que o despertador toca, sabes que estás a 'acordar com as galinhas'. Se é dia de teste, é bom que tenhas uma 'memória de elefante' e que tenhas 'trabalhado que nem uma formiga'. Se fazes parte duma banda, dá jeito teres 'voz de rouxinol'. E se a tua cara-metade é ciumenta, o conselho é seres 'fiel como um cão'. O assunto poderia ser apenas linguístico, mas há fundamentos científicos, históricos e culturais que explicam por que é que recorremos ao mundo animal na altura de nos afirmarmos e descrevermos como seres humanos. Texto: Bruna Pereira Foto: Ari Riboldi

Licenciado em Letras pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras (FAPA) e pós-graduado em Literatura Brasileira, na mesma universidade, o professor Ari Riboldi é já um especialista no que a compreensão histórica de expressões populares da língua portuguesa se refere. O sucesso rebentou pelas costuras em 2007, quando lançou “O Bode Expiatório”, livro onde explica a origem de palavras, expressões e ditos populares que têm animais como protagonistas. Como as expressões eram tantas, e não couberam em apenas uma obra, Ari Riboldi publicou já, em 2009, “O Bode Expiatório 2”, estando atualmente a escrever o terceiro livro da coleção. Mas afinal por que utiliza o Homem os animais para se descrever a si mesmo? “As expressões com nomes de animais são a metáfora perfeita para retratar o comportamento humano”, começa por explicar Ari Riboldi. “Essas expressões são usadas pelo Homem não para falar dos bichos, mas, sim, para falar do próprio ser humano, do seu semelhante, referindo-se, geralmente, de forma pejorativa a aspetos físicos e, principalmente, ao caráter: 'espírito de porco', 'amigo da onça', 'lágrimas de crocodilo', 'mão de vaca', ' burro de carga', etc.”. Além de estudioso, o professor brasileiro admite ser um frequente utilizador deste tipo de expressões, pois elas “expressam com rara riqueza o que se pretende transmitir. Além disso, já são de domínio público, incorporadas na linguagem popular, portanto de fácil entendimento. Qual é o político, ao ser acusado de algo ilícito, que não se faz de vítima, usando para tanto a expressão: Estão me fazendo de 'bode expiatório'?”Ari acrescenta que este fascínio pelas expressões derivadas da vida animal o levam a fazer palestras em escolas e outros locais

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– já que se, por um lado, as pessoas mais idosas conhecem as expressões e sabem empregá-las com propriedade, o mesmo não acontece com o público mais jovem, “vítima de um processo de empobrecimento da linguagem, por falta do hábito da leitura e pelo processo avassalador da televisão (aqui no Brasil todos assistem a novelas, sei que também algumas delas fazem sucesso em Portugal). Constatei que muitos jovens não usam, não conhecem nem ouviram falar de muitas dessas expressões referidas em meus livros”, diz, com alguma tristeza, o escritor, acrescentando que isto é um património que se perde, “pois atrás de cada expressão ou ditado há um contexto histórico, de costumes, de hábitos de vida... Enfim, a cultura de povos que nos antecederam”.

facilitam a passagem e infiltração da água. As indesejáveis são as minhocas da nossa cabeça, preocupações inúteis, mas que podem nos tirar o sono. Para nos livrarmos delas, somente tirando-as de lá, ou seja, literalmente extraindo-as desse solo impróprio...”

‘Amigo da onça’

Para saberes o porquê dalgumas das expressões que usas diariamente, o professor explica:

‘Minhocas na cabeça’

“A sua presença num terreno representa a certeza de fertilidade do solo. Elas transformam os vegetais em húmus e, pela sua ação perfuradora,

“De acordo com a tradição, a expressão teria surgido de uma história contada por um caçador. Ao se deparar, na mata, com uma onça feroz, contava ele que deu um grito estridente, ao que o animal fugiu em disparada. O amigo do caçador, outro caçador, achou a história tão inverídica e ridícula que soltou um riso de zombaria. Indignado com a atitude do colega e a falta de solidariedade para dar veracidade ao fato, o caçador intimou-o: - Você é meu amigo ou é amigo da onça?” NOTA: Por questões de fidelidade linguística e gramatical, deixámos as declarações do entrevistado no português do Brasil original.


DÁ QUE FALAR ‘Ovelha negra’

“Nas religiões pagãs antigas, todo animal preto era visto como força das trevas e, por consequência, era sacrificado aos deuses. Além disso, os pastores preferiam as ovelhas brancas porque sua lã podia ser tingida. A lã negra não servia para o tingimento, o que levava os pastores a desprezarem as ovelhas negras. Há muitas ovelhas negras ou desgarradas, nos imensos campos da vida, para desespero de pais e pastores que não dormem enquanto o rebanho não estiver completo e a salvo.”

‘Olha o passarinho!’

Preguiçosos, desgraçados e trapalhões Os animais são, com frequência, utilizados para descrever comportamentos depreciativos nos humanos. Assim, adjetivos animalescos como 'burro' servem para apelidar pessoas com fraca inteligência. Ser 'porco' tanto se aplica no campo da falta de higiene como da obscenidade. Falar como um 'papagaio' significa que a pessoa repete tudo o que ouviu e leu, mas nem sequer compreende o seu verdadeiro sentido. Já os 'abutres' são pessoas avaras e sempre à procura da primeira oportunidade para agir de má-fé. Ser 'mãe galinha' demonstra ainda um excesso de preocupação, quase ridícula, havendo ainda o 'Meter o carro à frente dos bois', que significa agir de forma trapalhona. Para os que comem em excesso, cuidado para não ficarem gordos 'como uma baleia' ou nutridos 'como uma lontra'. Nos dias de praia, sobretudo os primeiros, cuidado, não vás acabar vermelho 'como uma lagosta'. Andas dum lado para o outro sem saber o que fazer? Então, estás a agir como uma ‘barata tonta’. Na palavras de Ari Riboldi, a expressão é explicada tendo como base o facto de “ao ser descoberta, a barata começar a andar de um lado para outro, atordoada, em busca de um buraco, de um refúgio, não parando até encontrá-lo”.

Trabalhadores, talentosos e muito belos Há, contudo, muitas qualidades animais reconhecidas pelo ser humano que proporcionaram outras tantas expressões muito positivas presentes na linguagem. Desta forma, ‘trabalhar como uma abelha’ ou ‘como uma formiga’ é ser uma pessoa diligente e esforçada. Os ‘canários’ e os ´rouxinóis’ são nomes que servem para todos os que possuem dotes vocais semelhantes aos harmoniosos sons formados por estas aves. No reino da beleza, as ‘gatas’ e as ‘panteras’ são pessoas extremamente belas e atraentes. E no que a capacidades visuais e de memória se refere, ninguém bate os que possuem ‘olhos de lince’ e ‘memória de elefante’ ( em contraponto com os que nunca se lembram de nada por terem uma ‘memória de peixe’). Os que se levantam muito cedo ‘acordam com as galinhas’ e os que desfrutam da noite como se fosse de dia são verdadeiros ‘morcegos’... Mas se em dia de teste te vieres a arrepender das noitadas, não venhas depois chorar como um ‘bezerro desmamado’. Chorar ‘lágrimas de crocodilo’ não tem nada de triste ou emotivo. Para o professor Paulo Lopes Pinto, docente do Departamento de Biologia da Universidade de Évora, a expressão refere-se, de facto, a um “choro falso”, já que os crocodilos, “quando apanham as presas com bastante violência, comprimem os sacos lacrimais - o que provoca o desprendimento de lágrimas, obviamente não conectáveis com tristeza”.

Sabedoria em jeito de “Quando foi inventada a máquina fotográfica, no fim do século XIX, o espaço de tempo para fixar a imagem era mais demorado do que hoje. Na época, as pessoas tiravam retratos e o fotógrafo era retratista. Para reter por mais tempo a atenção das pessoas, especialmente as crianças, os fotógrafos costumavam colocar uma gaiola com um passarinho em local acima da máquina. Atualmente, os modernos equipamentos produzem fotos instantâneas, fazendo, inclusive, ajustes na imagem. O que restou dos velhos tempos foi só a frase: ‘olha o passarinho!’”

O grego Esopo, o francês La Fontaine e até o português Bocage e o brasileiro Monteiro Lobato. Em comum, todos eles têm a paixão pelas pequenas histórias protagonizadas por animais. Por meio de diálogos com raposas, corujas, leões, cigarras e formigas, as fábulas ensinam os homens a terem cuidado com as consequências dos seus (nem sempre bons) comportamentos, acabando com um cunho moral que deve servir de lição. “Sirvo-me de animais para ensinar o homem”, dizia La Fontaine. Conhecidas são as fábulas “A cigarra e a formiga” (sobre a derrota dos preguiçosos); “A lebre e a tartaruga” (porque devagar se vai ao longe); “A galinha dos ovos de ouro” (sobre a ganância desmedida); “A raposa e o galo” (sobre os que querem enganar os outros e acabam por ser enganados); ou “A rã e o touro” (sobre a inveja que mata), por exemplo.

Leituras sugeridas

Leituras sugeridas “Fábulas de Esopo” Recontadas por António Mota

‘Pentear macacos’

“Em Portugal, antigamente, quem não era bom da cabeça era mandado pentear burros. Em outras palavras, fazer algo totalmente inútil. Mais tarde, o burro foi substituído pelo bugio. Especificamente, no Brasil, o macaco tomou o lugar do burro, por ser, nos primórdios, animal em maior abundância.”

fábula

Edição: 2004 Páginas: 174 Editor: Edições Gailivro

“O bode expiatório: Origem de Palavras, Expressões e Ditados Populares Com Nomes de Animais” Edição: 2007 | Páginas: 70 | Editor: Age

“O bode expiatório 2: Origem de Palavras, Expressões e Ditados Populares Com Nomes de Animais”

“Fábulas de La Fontaine” Jean de La Fontaine Edição: 1996 Páginas: 386 Editor: Mel Editores

Edição: 2009 | Páginas: 72 | Editor: Age

Novembro 2012 . MaisEducativa | 11


PROFISSÃO DO MÊS Qual a sua formação académica?

Iniciei a Licenciatura em Ciências da Nutrição em 2004, na Universidade Atlântica, e terminei em 2008. O meu estágio foi feito na área da Nutrição e Desporto, no Clube de Futebol Os Belenenses, local onde fiquei a trabalhar até 2010. Neste estágio desenvolvi a minha tese de licenciatura "Ingestão nutricional e composição corporal de atletas de alta competição", avaliando os jogadores de futebol da equipa principal do Belenenses, na altura na primeira divisão nacional. No entanto, durante o estágio também avaliei os atletas da equipa sénior de andebol, e futsal, fazendo ainda acompanhamento nutricional de atletas de vólei feminino. Foi um estágio muito desafiante, pois até à data não tinha havido nenhum nutricionista no clube.

O que é que mais gosta no seu trabalho?

Ajudar as pessoas a atingir os objetivos e a melhorar a sua condição. Quando alguém me sorri e diz "sinto-me muito melhor", é uma vitória para ambos. É muito gratificante vermos o nosso trabalho reconhecido! A mudança é visível e não é apenas física. Há um aumento de confiança e autoestima que se nota na postura, no discurso e na motivação. Quando alguém acredita em si próprio tem muito mais motivação para seguir o plano e está muito mais recetivo a conselhos.

E o que menos gosta... Ou não gosta tanto?

Apetite

pela profissão Nas suas consultas, Bárbara Ferrão depara-se com situações de excesso de peso, obesidade, aumento do peso, doenças do sistema digestivo e outros distúrbios alimentares... Mas faz questão de deixar bem claro que, no que toca a dietas e tratamentos, “o que é bom para uns pode ser prejudicial para outros”. É por isso que esta nutricionista não prescreve nenhum plano nutricional sem conhecer a pessoa. Texto: Bruna Pereira Fotos: Bárbara Ferrão

Quando é que percebeu que gostava do ramo da Nutrição?

Na altura em que estava a preencher os pré-requisitos para a candidatura ao Ensino Superior, tinha algumas dúvidas sobre o que fazer. O curso Ciências da Nutrição apareceu no sítio certo, à hora certa! Foi assim que o vi que percebi ao que me iria dedicar de corpo e alma. Pesquisei as saídas profissionais, as faculdades, as temáticas, e a partir desse dia a alimentação adquiriu outro significado para mim. Não posso dizer que desde sempre tive interesse na Nutrição, mas hoje estou muito feliz com a minha escolha, e isso é algo que se nota na paixão com que falo de alimentos e na sua interação com o nosso organismo.

Como é o seu seu dia-a-dia de trabalho?

Atualmente dedico-me à componente clínica da Nutrição. Dou consultas a crianças, jovens, adultos e idosos, na Ballet Vita - Academia de dança (Odivelas) e na Clínica da Educação (Lisboa). Nas consultas deparo-me com situações de excesso de peso, obesidade, aumento do peso, doenças do sistema digestivo e outras patologias ou uma simples educação alimentar. Uma alimentação adequada às necessidades fisiológicas melhora significativamente o bem-estar e a qualidade de vida. Na primeira consulta tento conhecer quem me procura de forma pormenorizada (as preferências alimentares, a rotina, doenças familiares, objetivos, trabalho, entre outros). Desta forma consigo prescrever um plano individual e ir de encontro aos objetivos e necessidades de cada um. Aquilo que aprendi na faculdade não chega para todos os casos clínicos que aparecem, por isso, tem de haver uma procura e atualização constante em relação a recomendações nutricionais específicas para cada patologia. O que é bom para uns pode ser prejudicial para outros, por isso não prescrevo nenhum plano nutricional sem conhecer a pessoa.

Conhece outras profissões em www.maiseducativa.com

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MaisEducativa . Novembro 2012

Há várias coisas que não gosto e contra as quais luto todos os dias. A substituição da alimentação pela utilização de suplementos alimentares de forma excessiva é uma delas. Há uns dias estive atenta à publicidade na televisão, e em 10 minutos houve quatro anúncios de suplementos para a perda de peso! Não gosto que as pessoas se 'deixem levar' pelo facilitismo na perda de peso que os suplementos publicitam. Já houve quem me perguntasse por que é que não lhe dava um suplemento para perder peso. Um consumidor informado sabe que os suplementos ditos naturais não são regulados como os medicamentos e podem ser colocados no mercado sem que haja uma fase experimental para verificar se existem efeitos secundários, não sendo por isso mais seguros, muito pelo contrário. Se seguíssemos todos os conselhos dos fabricantes de suplementos tomaríamos um para o trânsito intestinal, outro para a retenção de líquidos, outro para diminuir o apetite, outro para diminuir a absorção das gorduras, outro para acelerar o metabolismo, entre outros. O conselho que dou para alguém que quer perder peso é: faça uma alimentação que consiga manter para o resto da vida, e que lhe permita perder ou manter o peso.

Que mensagem deixa aos alunos que pensam enveredar por uma carreira ligada à Nutrição e estão com medo das saídas profissionais?

Na Nutrição temos inúmeras áreas onde podemos trabalhar e aplicar os nossos conhecimentos: Nutrição Clínica (Hospitais, Centros de Saúde, Clínicas e Consultórios); Nutrição, Saúde Comunitária e Educação para a Saúde (Autarquias, Escolas e Instituições de apoio social); Nutrição e Motricidade Humana (Clubes Desportivos); Alimentação, Restauração Institucional, Coletiva e Hoteleira (Hotéis, Restaurantes e Refeitórios); Indústria Alimentar e Marketing de Saúde; Ensino e Investigação em Ciências Básicas ou Aplicadas. Podemos também trabalhar em mais do que uma área, o que facilita o acesso ao mercado de trabalho e sendo uma profissão jovem, este ainda não está saturado. É um curso trabalhoso que para ser bem aproveitado requer estudo e empenho pois os fundamentos teóricos são bastantes. É preciso gostar de saúde, mas penso que não é necessário ter uma grande paixão pela nutrição para iniciarmos. No meu caso, fui gostando do que estudava um pouco mais todos os dias.

As dicas nutricionais da entrevistada!

Um dos truques para conseguirmos praticar uma alimentação saudável é evitar ter fome, fazer refeições a horas certas, com intervalos de cerca de duas horas e meia, escolhendo alimentos de baixo valor calórico e ricos em fibra. Se assim for, os níveis de açúcar no sangue estarão melho r controlados e não terão tanta fome ao longo do dia; Preparar as refeições em casa e não levar dinhe iro para a escola também pode ser uma grande ajuda; Beber refrigerantes para 'matar a sede' é um erro! A maioria dos refrigerantes contêm açúcar (em excesso) na sua composição , pelo que bebê-los para além de não diminuir a sede, ainda a aumenta, levando a beber cada vez mais; Comer sopa às refeições principais é uma grand e ajuda para manter a saciedade. A sopa é muito pouco calórica, pelo que podemos comer uma boa quantidade, com poucas calorias, e obter um elevado de número de vitaminas e minerais, essenciais ao bom funcio namento do organismo.


Acomo televisão tu nunca a viste Sempre tivemos uma certa fixação por imagens. Basta ires aos livros de História para perceberes que, mesmo primitivo, o Homem deixava marcas através do desenho, com ilustrações que se foram propagando ao longo da história das civilizações e que nos permitiram conhecer o nosso próprio percurso. Para que a transmissão de imagens à distância se tornasse possível foi preciso um pouco mais do que isso. Não há propriamente um inventor da televisão, há antes um trabalho de uma série de cientistas, físicos e matemáticos, que trabalharam as ciências exatas de forma a dar às ciências sociais uma ferramenta inigualável. Hoje, a televisão é um veículo de informação privilegiado (só recentemente batido pela Internet) e chega a ser responsável pela criação da opinião pública e por mudanças de mentalidade nas sociedades. É por isso que te relembramos alguns factos e curiosidades que ajudaram esta pequena (que já foi enorme) caixa a revolucionar o mundo:

Um pouco de história… 1926 é o ano que recordas pelo golpe militar que pôs fim à 1ª República em Portugal, mas é também o ano em que se assinalam as primeiras imagens de pessoas transmitidas à distância. Foram apresentadas em Londres, para uma comunidade científica, pelo escocês John Logie Baird, que já antes tinha Primeiro screenshot conseguido emitir silhuetas e da história, graças a John Logie Baird contornos de objetos.

Foto: ambisonic.net

Em Berlim, dão-se os primeiros Jogos Olímpicos transmitidos pela televisão, corria o ano de 1936. O cruel regime de Adolf Hitler controla tudo o que passa nas três câmaras Jesse Owens arranca que filmam a competição. Só não consegue evitar que fique para mais uma vitória nos JO de 1936, registado o sucesso de um neem Berlim Foto: blog.eduify.com gro perante a raça ariana que Hitler tanto idolatrava – o norte-americano Jesse Owens foi o herói das Olimpíadas, arrecadando quatro medalhas de ouro.

MÁQUINA DO TEMPO Novembro é o mês escolhido para celebrar a já longa vida da caixinha que mudou o mundo. O Dia Mundial da Televisão (21 de novembro) está aí para nos lembrar o progresso que foi necessário para que hoje nos possamos sentar, esticar as pernas e dedicarmo-nos a uma das mais apreciadas tarefas do século XXI: está na hora do zapping. Texto: João Diogo Correia

Durante a 2ª Guerra Mundial, que decorreu entre 1939 e 1945, a Alemanha foi o único país a manter as transmissões. A CBS, nos EUA, emite em Mais de duas mil pessoas morreram no ataque a Pearl Harbor 1941 uma espécie de e a CBS quis estar em cima do noticiário acerca do acontecimento Foto: telegraph.co.uk ataque a Pearl Harbor, momento que decide a entrada do país no conflito. Entre a década de 50 e o meio da década de 60 do século XX começam a surgir, um pouco pela Europa e pelos EUA, as primeiras transmissões a cores, criadas a partir da sucessão das três cores primárias, vermelho, verde e azul. É também no início da segunda metade do século que Portugal adere ao serviço televisivo, através da RTP. As emissões regulares coFoto: philips.pt meçam em 1957 e são recebidas por uma população ávida de desenvolvimento, em plena ditadura do Estado Novo. Por isso mesmo, as restrições são ainda muitas.

O primeiro concurso televisivo é emitido ainda em 1957, intitu1936 é também o ano lado ‘Quem Sabe, Sabe’ da BBC (British Broade com apresentação casting Corporation), de Artur Agostinho. A que faz do seu BBC primeira reportagem Artur Agostinho foi um dos primeiTelevision Service o no estrangeiro é feita ros rostos da televisão portuguesa primeiro serviço de Foto: in publico.pt emissões regulares As primeiras transmissões da BBC aquando da visita presidencial ao Brasil e o com imagens em alta foram diretamente do Alexandra primeiro direto no exterior é conseguido no ano Palace seguinte à porta do Estádio José Alvalade, num resolução, através de Foto: www.xtvworld.com jogo do Sporting frente ao FC Áustria. uma programação de duas horas.

O dia 7 de março de 1980 marca um ponto de viragem na televisão portuguesa: começam as emissões regulares a cores. A Foto: fes80.no.sapo.pt honra da estreia é dada ao Festival RTP da Canção, que coroou José Cid e a canção ‘Um grande, grande amor’. Só 12 anos mais tarde surge a primeira televisão privada. A SIC retirou ao Estado o monopólio da televisão portuguesa. Dois anos depois, surgem as primeiras emissões da TVI.

Foto: embaixadadeportugal.org.br

… E um pouco de lazer O Pato Donald foi banido da Finlândia, na década de 70, por não usar calças. Já Os Marretas foram proibidos na televisão da Arábia Saudita por um dos protagonistas ser um porco (no país, o porco é ilegal). O primeiro casal a aparecer junto na Foto: bimg1.mlstatic.com cama foi o duo Fred e Wilma Flinstone. Em média, quando uma criança americana chega aos 14 anos, já se cruzou com cerca de 11 mil assassinatos na televisão. O primeiro anúncio televisivo, a um relógio, tinha 20 segundos e custou 9 dólares. Em 2008, anunciar durante a final do Super Bowl, nos EUA, custava 2,7 milhões de dólares a cada 30 segundos. Os 13 minutos que durou o desempate por penaltis da meia-final do Euro 2012 entre Portugal e Espanha foram os mais vistos da história da televisão espanhola. Pub

Outubro 2012 . MaisEducativa | A


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o recurso aos explicadores é São inúmeros os casos em que amente já ouviste um discurCert a. rret realizado de forma inco or não está a conseguir, licad exp so semelhante: “mesmo com licação.” Ou “o expliexp de s hora as r-lhe tenho de aumenta subiu as notas, vou filho meu o , cador fez um ótimo trabalho qual for o cenário, seja , ce que mantê-lo para continuar”. Pare fulcral que tem de e dad essi nec uma é or o recurso ao explicad nas matérias, útil s, veze tas mui ser satisfeita. O explicador é, os. nom autó os sejam mas o importante é que os alun há as salas , isso Para dar. estu a ar ajud O explicador não deve de Tempos Livres), que fazem de estudo e os ATL (Atividades ores, a meu ver, serão licad exp Os . bem to esse papel mui empanar! Para retirar des para s como os reboques. São útei iamente. Se não se prev estudou dúvidas pontuais a quem já acontece, é que que O . idas dúv terá se estudar, dificilmente ês, Português ou Ingl , tica emá os alunos apenas estudam Mat ão. Isto está licaç exp ndo vão à outra qualquer disciplina qua completamente errado! verificares que, com muito Recorre ao explicador quando em conseguir acompanhar a de ulda dific ter a trabalho, estás matéria. e, na ação, em caso de necessidad Deves ter sempre a preocup não seja teu conheque ém algu ere Pref or. escolha do explicad ência a ser menos exigentes. cido ou familiar, pois têm tend e a um centro de explicações Para tua salvaguarda, recorre pessoas a dar tas mui tem Exis . casa de não aos explicadores s muitas vezes sem habilitaçõe explicações ao desbarato, mas ões licaç exp dão ‘jeitosos’ que para o fazer, são os chamados is opostas, mas não profissiona de matérias completamente aacid cap com ores fess pro muitos especializados. Conhecerás tica, Físico-Química, emá Mat , ória Hist de ões de de dar explicaç não, desconfia sempre… Português…? Pois eu também Entra em www.maiseducativa.com e descobre o que tem a dizer Renato paiva sobre outros temas que fazem parte do teu dia-a-dia.

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