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O ESTADO DE S. PAULO

DOMINGO, 4 DE JULHO DE 2010

Economia B13 WERTHER SANTANA/AE

Pearson negocia compra do Anglo, diz ‘FT’ Grupo britânico, dono do jornal ‘Financial Times’, seria um dos três interessados em um dos maiores grupos educacionais brasileiros O Pearson, grupo editorial e de informação digital que controla o jornal ‘Financial Times’, está na briga pela compra do Anglo, grupo de educação brasileiro especializado em cursos preparatórios para o vestibular, com unidades próprias e parcerias com escolas em todo o País – em que fornece material didático e metodologia de ensino. SegundonotíciadopróprioFinancial Times, mais duas empresas estariam interessadas no negócio. O Anglo negou que esteja à venda. Mas, segundo o jornal, fontespróximasdizemque aempresa teria sido avaliada pelo banco de investimentos Credit Suisse por até R$ 600 milhões, e que ofertas eram esperadas dentro de semanas. De acordo com as fontes do FT, as ofertas viriam abaixo do valor proposto e não haveria certeza quanto ao fechamento do negócio. Os outros interessados no sistemaAnglo, segundoojornal,seriam o Grupo Abril e a editora espanholaSantillana,queteminteresseemse expandirnaAmérica Latina. O grupo que conseguir fazer a aquisição poderia exportar o sistema Anglo. Pearson, Santillana e Abril não comentaram o assunto. O Pearson está com um caixa

● Consolidação

US$ 2,5 bi

é quanto o setor de educação pode movimentar em fusões e aquisições nos próximos dois anos, nas contas da consultoria Hoper

30%

é quanto os 15 maiores grupos do ensino superior detêm dos 3,9 milhões de alunos matriculados. Há cinco anos, esse porcentual não chegava a 20%

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dos 5 maiores grupos educacionais privados do Brasil estão ligados a fundos de private equity

reforçado. De acordo com o FT, o grupo deve receber cerca de US$ 2 bilhões, excluindo impostos,da vendadoInteractive Data Corporation, empresa fornecedora de dados e análises para o mercado financeiro, vendida em maio. Segundo a presidente do Pearson, Dame Marjorie Scardino, os recursos seriam destinado ao crescimento orgânico e aquisições, especialmente em mercadosemergentes,ondeareceita do grupo cresceu de US$

304 milhões para US$ 648 milhões desde 2005. A companhia também esteve perto de fechar outra grande aquisição no Brasil, segundo as mesmas fontes. O grupo e outras empresas mantiveram conversas sobre a compra total ou de uma fatia do Sistema EducacionalBrasileiro (SEB), quecontrola escolas e oferece sistemas de educação. A empresa tem um valor de mercado de R$ 715 milhões.Mas,deacordocomasfontes, Chaim Zaher, principal acionista do SEB, estava indeciso sobre a estrutura de um possível acordo. O Pearson tem evitado investimentos minoritários sem possibilidade de ter o controle. Interesse. Nos últimos anos, o mercado educacional no Brasil entrou no radar dos investidores. Grupos de private equity têm demonstrado interesse no setor, principalmente no ensino superior. Hoje, entre os cinco maioresgruposeducacionaisprivadosdoBrasil,quatroestãoligados a fundos de private equity. A ofensiva dos fundos teve início há sete anos, quando o Pátria Investimentos comprou parte da Anhanguera Educacional. A Estácio, do Rio de Janeiro, tem participação do GP Investimentos. A americana Laureate, que

Preço. O Anglo teria sido avaliado pelo Credit Suisse em R$ 600 milhões, segundo o jornal no Brasil controla a Universidade Anhembi Morumbi, tem como acionista o fundo de private equity americano Kohlberg KravisRoberts(KKR),umdosmaiores do mundo. O fundo Advent comproupartedaKrotonEducacional no ano passado. Por enquanto, a única exceção entre as

cinco maiores é a Unip, do empresário João Carlos Di Genio. A entrada dos fundos acelerou a consolidação do setor. SegundoaConsultoriaHoper, especializada em educação, hoje os 15 maioresgruposdosetor concentram 30% dos 3,9 milhões de alunos do ensino superior. Há cinco

anos, o porcentual não alcançava 20%. Nas contas da consultoria, o setor pode movimentar US$ 2,5 bilhões nos próximos dois anos em fusões e aquisições.Como aumento daconcorrênciae a queda narentabilidade média,asinstituiçõesqueremganhar com a economia em escala.

Jornais de Murdoch passam a cobrar por conteúdo online

executivos acusaram o gigante das buscas de “cleptomania” e de “parasitismo”, por incluir conteúdo da News Corp. nas páginas do Google News. Quando questionado por que os executivos da News Corp. não optaram por simplesmente remover suas páginas do índice de buscas do Google – uma operação técnica relativamente simples –, Murdoch disse que tal medida estava nos planos. “Acho que chegaremos a isto, mas somente quando começarmos a cobrar”, disse.

LONDRES

O bilionário da mídia Rupert Murdoch, dono do grupo News Corp., começou na semana passada a colocar em prática o que já vinha defendendo há tempos: o fim dos conteúdos livres de jornais na internet. Desde sextafeira, o diário britânico ]The Times – com sua edição dominical, Sunday Times – está cobran-

do pelo acesso ao site e pelos conteúdos online. O preço é de pouco mais de € 1,00 por dia, ou cerca de € 2,50 pela semana toda. Há, porém, uma promoção de lançamento do serviço, em que todos que se registrarem terão direito, mediante o pagamento de € 1,00, ter acesso aos sites durante um mês. Além disso, o Times tem uma edição para iPad que custa

cerca de € 12,00 por mês. Nova fase. A experiência no

Reino Unido faz parte da proposta de Murdoch de cobrar pelos acessos aos sites de todos os jornais que ele controla – são mais de 170 no mundo. Um dos jornais da News Corp., o The Wall Street Journal, já tem uma experiência bem-sucedida na cobrança de conteúdos online.

Outro jornal de economia, o britânico Financial Times, que pertence ao grupo Pearson, tambémjá aboliu os conteúdoscompletamente livres. E um outro gigante da mídia mundial, o americano The New York Times, deve começar a cobrar pelo conteúdo na internet a partir do ano que vem. No ano passado, Murdoch comprou uma briga com o gi-

ETHEVALDO SIQUEIRA ✽ ●

esiqueira@telequest.com.br

Cinco bilhões de celulares

O

mundo quebrou na semana passada a barreira dos 5 bilhões de celulares em serviço, segundo previsão daUniãoInternacionaldeTelecomunicações(UIT).A expansãodatelefoniamóvelnomundotemsidoimpressionante: em 30 anos, saltou de poucos milhares para os atuais 5 bilhões de celulares. Desde janeiro de 2009, alcança a média de 1,5 milhão de novos aparelhos por dia. Ou de 548 milhões por ano. Nenhum outro meio de comunicação tem crescido com a rapidez do celular em escala mundial, pois, em 30 anos, ele alcançou a marca de 5 bilhões de acessos. O computador, em 32 anos, não atingiu 1,9 bilhão de usuários. A televisão, em 63 anos, chega a apenas 1,8 bilhão. A internet, 1,8 bilhão em 20 anos. Trinta países já têm mais celulares do que habitantes. A Itália tem 178 acessos móveis por 100 habitantes.

Portugal, 155. Os países escandinavos, mais de 130. A Argentina, 118. O Brasil deverá superar a densidade de 100% antesdenovembrodesteano.Eatédezembro, poderá quebrar a barreira dos 200 milhões de celulares em serviço. Com 185 milhões de celulares em serviço,emjunho de2010,o Brasil éo quintomercadodomundoemtelefoniacelular. Aliás, entre os cinco maiores mercado de celular, quatro deles são países do grupo Bric. Confira, leitor: 1) China, com 777 milhões de celulares; 2) Índia, 584; 3) Estados Unidos, 293; 4) Rússia, 212; 5) Brasil, 179 milhões (dados estatísticos de março de 2010). O nascimento. Ao longo de meu trabalho profissional, tive a oportunidade de ver o nascimento da primeira geração (1G)docelularemtrêsmomentoshistóricos. O primeiro deles foi uma demonstração pública da nova telefonia sem fio que testemunhei na Suécia, em junho

de 1981, quando acompanhava a visita do então ministro das Comunicações do Brasil, Euclides Quandt de Oliveira. Tive, então, a oportunidade de testar umtelefonecelularveicular,transportável, que pesava mais de 8 quilos e cuja bateria não garantia mais do que 30 mi-

Com 185 milhões de celulares em serviço, o Brasil é o quinto mercado do mundo nutos de conversação. Fiz ligações locais e internacionais de dentro de um micro-ônibus e, depois, de um barco, navegando entre as muitas ilhas do arquipélago de Estocolmo. Num segundo momento, em outubro de 1981, testemunhei a inauguração do sistema de telefonia celular da Arábia Saudita – que, praticamente, só servia à família real. Não me esqueço do impacto que me causou a experiência de usar um telefone celular naquela época, ao fazer liga-

gante das buscas pela internet Google. Ele afirmou que planejava remover os textos de seus jornais do buscador, para encorajar os usuários a pagar pelo conteúdo online. Em entrevista à rede australiana Sky News, ele disse que os jornais de seu império midiático consideravam bloquear completamente o serviço de buscas do Google. Murdoch e seus principais

/ AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

ções em pleno deserto da Arábia, a mais de 30 quilômetros de Riad. Liguei para minha casa, em São Paulo, para redação do Estadão e contei a novidade. Naqueles tempos, falar ao telefone no meio de um deserto era quase ficção.Masaligação estavalímpida,perfeita. O terceiro momento aconteceu dois anos depois, no dia 13 de outubro de 1983, quando pude testemunhar, em Chicago, a inauguração do primeiro sistema comercial de telefonia celular de primeirageração(1G)dasAméricas,pela antiga AT&T, com a novíssima tecnologiaAMPS(siglapretensiosadeAdvanced Mobile Phone System).

Em julho de 1998, eram privatizadas as 10 operadoras celulares do Sistema Telebrás, juntamente com as concessionárias fixas: Telemar (hoje, Oi), Brasil Telecom (hoje integradaàOi),TelefônicaeEmbratel.Apartir daí, superando as expectativas mais otimistase ambiciosas, a telefonia celular tem crescido a taxas impressionantes: 5,8 milhões de celulares no dia da privatização (29-07-1998); 47 milhões, em 2003. Em janeiro de 2007, o País quebrava a barreira dos 100 milhões. Em junho de 2010, já eram 185 milhões. Brasília tem hoje mais de 160 celulares por 100 habitantes; Salvador, 143.

Brasil, 1990. O celular só chegou ao

Terceira geração. O Brasil vive ho-

Brasil em 1990, com a inauguração dos sistemas de Brasília e da cidade do Rio de Janeiro. Na fase inicial desses sistemas, os aparelhos ainda eram do tipo veicular, e não os pequenos celulares portáteis que só chegaram em 1992. Na cidadedeSãoPaulo,diversasaçõesjudiciais atrasaram as licitações e a implantaçãodatelefoniamóvel,quesófoiinaugurada em 6 de agosto de 1993, pela Telesp Celular. O crescimento da base instalada foi explosivo a partir da privatização da Banda B, em 1996. Em São Paulo, a antiga operadora BCP (antecessora da Claro) instalou e pôs em operação 1 milhão de acessos móveis, em apenas 9 meses. Um recorde mundial para a época. E com a tecnologia digital TDMA (de Time Division Multiple Access). Nascia, então, no Brasil o celular de segunda geração (2G).

je a fase de expansão do celular de terceira geração (3G), que oferece banda larga, com protocolo IP, acesso à internet em velocidades de até 3,6 Megabits por segundo (Mbps) e centenas de aplicativos. No final de maio de 2010, já eram 13,3 milhões de celulares 3G, com acesso em banda larga. Até o final de 2011, todos os municípios do País deverão estar cobertos pela telefonia celular 3G. O sucesso representado por esses númerosnãosignifica, absolutamente, que tudo vá às mil maravilhas. Três problemas básicos precisam ser resolvidoscomurgência.Àsoperadorascabemelhoraro padrãode atendimento dos usuários. Ao governo, desonerar as tarifas da brutal carga tributária(43%)efortalecero poder fiscalizador da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).


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