TN Petróleo 75

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Reter talentos: um desafio significativo, de Marcelo Gonçalves, sócio-diretor da BDO Na roda dos biocombustíveis Energia eólica: bons ventos no Brasil Alegria, o maior parque eólico do país Terceiro navio do Promef é lançado ao mar

Especial: retrospectiva 2010

Um ano incomum

Entrevista exclusiva

Internacionalização do E&P no mercado de óleo e gás no Brasil, por Marcos Mazzaroppi O impacto dos grandes sinistros no setor de óleo & gás e considerações sobre seguros e gestão de riscos para a indústria, por Paulo Niemeyer Neto A melhor estratégia é ter uma proposta de valor atraente, por Fernando Armbrust Lohmann Incubadoras para o futuro, por José Octávio Armani Paschoal

A era do petróleo fácil acabou

00075

Gestão do investimento social privado no setor petrolífero, por Roberto Dertoni, Lucilene Danciguer e Edison Durval Ramos de Carvalho

Maurício Figueiredo, vice-presidente para a América Latina da americana Baker Hughes

9 771415 889009

Mudança de paradigma, por João Amato Neto e Gil Anderi da Silva

ISSN 1415889-2

Revista Brasileira de Tecnologia e Negócios de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

opinião

Ano XII • nov/dez 2010 • Número 75 • www.tnpetroleo.com.br

suplemento especial: caderno de sustentabilidade


CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO É TUDO!

HÁ POUCO MAIS DE UMA DÉCADA, A LEI 9.478, CONHECIDA COMO LEI DO PETRÓLEO, DEU INÍCIO A UM NOVO CICLO NA HISTÓRIA DA CADEIA PRODUTIVA DE PETRÓLEO E GÁS NO BRASIL. NESTE CENÁRIO SURGIU EM 1998 A REVISTA TN PETRÓLEO. UMA APOSTA DECISIVA DA BENÍCIO BIZ EDITORES ASSOCIADOS NA CAPACIDADE E PERSEVERANÇA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA NACIONAL. MAIS DO QUE RETRATAR OS NOVOS CENÁRIOS DESTE SETOR, DELINEADOS A PARTIR DA QUEBRA DO MONOPÓLIO DO PETRÓLEO, A TN PETRÓLEO TAMBÉM AJUDOU A RESGATAR UMA HISTÓRIA DE PIONEIRISMO E SUPERAÇÃO DE DESAFIOS. E FOI MAIS LONGE AO MOSTRAR PARA OS INVESTIDORES – NACIONAIS E ESTRANGEIROS – AS OPORTUNIDADES E O IMENSO POTENCIAL DO PAÍS. HOJE, TEMOS UMA COMPANHIA 100% BRASILEIRA DESPONTANDO ENTRE AS DEZ MAIORES DO MUNDO NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS. E UMA CADEIA PRODUTIVA


QUE VEM BUSCANDO MAIOR QUALIFICAÇÃO E COMPETITIVIDADE PARA DAR SUPORTE À INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS LOCAL, SEM PERDER DE VISTA AS OPORTUNIDADES NO MERCADO INTERNACIONAL. QUEM NÃO QUER PERDER OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS DESTA HISTÓRIA, TEM NOVE RAZÕES PARA LER A TN PETRÓLEO:

• COMPROMISSO COM O LEITOR • INFORMAÇÃO PRECISA E DETALHADA • ATUAÇÃO ÉTICA E TRANSPARENTE • FOCO NAS NOVAS TECNOLOGIAS • ACOMPANHAMENTO DOS NEGÓCIOS DO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL • COMPROMETIMENTO COM AS INDÚSTRIAS DA CADEIA PRODUTIVA • INCENTIVO À PEQUENA E MÉDIA EMPRESA • APOIO À DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO • CRENÇA NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO PAÍS SEM MAIS PALAVRAS, VAMOS PARA MAIS UMA DÉCADA. VENHA COM A GENTE!

TN Petróleo 75

1


Colômbia

Roraima o Branc

Negro

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Estaleiro Bibi s

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Amazonas

Maranhão

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Tocant

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Manaus

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São Luís

de portos públicos ..............................................37 Total de portos privados ............................................... 3 Terminais privados ....................................................125 Terminais da Petrobras ...............................................24 Carga transportada .................733 milhões Pará de toneladas, sendo 95% (696 milhões de toneladas) no comércio exterior Cargas transportadas em navegação de longo curso ................531 milhões de toneladas, ou 72% Cargas transportadas na navegação de cabotagem ............170 milhões de toneladas, ou 23% Cargas transportadas em hidrovias .............................. 31 milhões de toneladas

Represa de Tocantins Tucuruí

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Rio Maguari Belém

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Santarém

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2

8.547.403 km 191 milhões 2 20 hab./km R$ 3,1 trilhões 7,5% ao ano (2010) R$ 17.000 80 milhões 7.367 km 36 mil km (3º no mundo)

Ilha de Marajó

Movimentação onas Amaz portuária

Japurá

Pu

Área População Densidade PIB Crescimento do PIB Renda per capita Força de trabalho Extensão da costa Rios navegáveis

Petroleiros .................................... 120 (52 da Petrobras) Graneleiros ................................................................. 22 Cargueiros ..................................................................24 Porta-contêineres .......................................................13 Amapá GLP ...............................................................................9 Tanques químicos ........................................................6 Macapá 5 Ro-Ro ........................................................................... Barcaças ....................................................................52 Capacidade de transporte .................3,5 milhões de TPB Jari

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ag

Ar

Tipos de carga Granel sólido 59%; granel líquido 27% (combustíveis, óleos minerais e produtos químicos); carga geral 14%, desde percentual 62% foi através de 4,550 milhões de contêineres. Fonte: Antaq 2009, 2010

Porto Velho

Tocantins

Acre

Palmas

Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro – Promef

Peru

Brasil o

Fase 1: construção de 26 navios (dez Suezmax, cinco Aframax, quatro Panamax, quatro produtos e três GLP) Posição da Fase 1: dos 26 navios previstos, 23 foram licitados e estão sendo construídos pelos estaleiros: Atlântico Sul (PE) – 10 navios Suezmax: preço global: US$ 1,2 bilhão; cinco navios Aframax: preço global: US$ 693 milhões; Estaleiro Ilha – EISA (RJ) – quatro navios Panamax: preço global: US$ 468 milhões; Estaleiro Mauá (RJ) – quatro navios de produtos: preço global: US$ 277 milhões.

ancisc

Rondônia

São Fr

Rio Branco

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Fase 2: construção de mais 23 navios: quatro Suezmax DP (EAS), três Aframax DP (EAS), oito produtos, cinco GLP e três Bunker). Nota: hoje a Petrobras possui uma frota de 120 petroleiros, sendo que 52 são de propriedade da estatal. Mato Grosso

Programa de RenovaçãoCuiabá da Frota de Apoio Marítimo – Prorefam

o

Goiânia

ancisc

La Paz

DF

Goiás

São Fr

Bolívia

Brasília

Fase 1: contratação de 64 AHTs (oito de 21 mil HP, 10 de 15 mil HP e 46 de 18 mil HPs), 64 PSVs (49 de 3 mil ton e 15 de 4,5 mil ton) e 18 ORSVs. Posição da Fase 1: contratação de 13 navios: a CBO ficou com 4 PSVs; a Edson Chouest com 2 PSVs e a Wilson, Sons com 2 PSVs. A Siem-Consub e Navegação São Miguel ficaram com 2 RSVs e a Astromática, com 1 RSV. Fase 2: afretamento por oito anos de 26 navios, sendo 18 PSVs e 8 AHTS.

Programa empresas Brasileiras de Navegação – EBN

Sucre

Fase 1: contratação de 19 navios operando até 2014; duração do contrato: 15 anos. Posição da Fase 1:Navegação são Miguel: três navios bunker de 4,5 mil TBP; Delima: um navio bunker de 2,5 mil TPB; Global:três navios de 45 mil TPB para produtos claros; Elcano: três navios gaseiros de 7 mil m³; Kingfish:três navios Campo de 45 mil TPB para produtos escuros;Pancoast:dois Grande navios de 45 mil TPB para produtos claros e dois navios de 45 mil TBP de produtos escuros.

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Paranaíb

Uberlândia

Minas Gerais

Ribeirão Preto

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Fase 2: contratação de 20 navios petroleiros (três Aframax, três Panamax, quatro de 45 mil TPB para produtos claros, quatro de 45 mil TBP para produtos escuros, dois de 18 mil TBP para Tiete Mato Grosso do Sul produtos escuros, quatro gaseiros: dois de 12 mil m³ e dois de 8 mil m³), operando até 2016, duração do contrato: 15 anos. Posição da Fase 2: Kingfish: oito navios de 45 mil TPB, sendo quatro para produtos claros e quatro para produtos escuros; Brazgax/Brazil Gas:quatro navios de GLP, sendo dois de 8 mil m³ e dois de 12 mil m³. Parapanem

São Paulo Volta Redonda

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Chile

Paraguai

Belo Horizonte

Uberaba

Barueri

Guarulhos

São Paulo Santos

Paraná

Rio d Janei

Paulínia

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IMPRESSO EM PAPEL COUCHÊ BRILHO, 115 gr. FORMATO: 1,0 m X 0,7m.

Guiana

Boa Vista

Venezuela

Números do Brasil

em operação

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ENCARTE ESPECIAL DESTA EDIÇÃO: MAPA DA INDÚSTRIA NAVAL 2011.

Guiana Suriname Francesa Frota mercante

Angra dos Reis São Sebastião

Ilha D’

Rio de Ilha Re Janeiro

Wilson, Sons Vellroy Intermarine

Curitiba Paranaguá São Francisco do Sul

Ocean

Joinville Itajaí

Santa Catarina

ESTALEIRO NAVSHIP, Navegantes, SC Processamento de aço: 15 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 175 mil m²; área coberta: 31.145 m²; carreira de lançamento: capacidade de lançamento de embarcações de até 115 metros de comprimento e acima de 7 mil ton de arqueação. Obras em construção: barcos de apoio offshore

Florianópolis

Rio Grande do Sul Porto Alegre

Rio Grande

Uruguai

ESTALEIRO RIO GRANDE, Rio Grande, RS

Santiago

Processamento de aço: 100 mil ton/ano Facilidades industriais: área construída: 550 mil m²; galpão coberto: 40 mil m²; dique seco: 130 m x 350 m x 17,1 m; cais norte; 42 m; cais sul: 350 m; pórtico (Golias): 600 t; carretas hidráulicas: 400 t. Obras em construção: módulos da semisubmersível P-55, FPSO P-58 e oito cascos para FPSOs. Montevidéu

Argentina

Estaleiro Rio Grande Números da indústria em 2010

Empregos diretos ...................................... Empregos indiretos ................................... Massa salarial .......................................... Faturamento estimado .............................. Carteira de encomendas: nos últimos 10 realizados 230 empreendimentos, sendo: barcos de apoio marítimo e cerca de 70 reb apoio portuário, empurradores e balsas pa fluvial e outras embarcações. Decisões em 2011: construção dos 8 navi para a Transpetro, de 13 sondas de perfur


ERIN – ESTALEIROS RIO NEGRO, Manaus, AM

ESTALEIRO RIO MAGUARI, Belém - PA

INACE, Fortaleza, Ceará

ESTALEIRO ATLÂNTICO SUL, Ipojuca, PE

STX OSV PROMAR, Suape, PE

PARAGUAÇU, São Roque do Paraguaçu, BA

STX OSV BRAZIL OFFSHORE, Niterói, RJ

Processamento de aço: 5 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 60 mil m²; área construida: 30.130 m²; potência elétrica instalada: 3.500 KW; 1 carreira para lançamento de navios até 20 mil TPB; 4 carreiras cobertas com comprimento de 60 m, podendo construir embarcações de até 12 mil TPB. Obras em construção: empurradores, rebocadores e chatas.

Processamento de aço: 6 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 120 mil m²; área coberta: 6 mil m²; dique seco: 120 m de comprimento x 35 m de largura; catenária para fabricação e lançamento de balsas: 120 m de comprimento x 30 m de largura; 2 galpões para fabricação e pré-montagem: 5.703 m²; almoxarifado de campo: 3.860 m²; almoxarifado coberto: 936 m²; almoxarifado avançado e ferramentaria: 120 m²; oficina mecânica: 270 m² Obras em construção: balsas, lanchas, ferry boats, empurradores e catamarãs.

Processamento de aço: 15 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 180 mil m²; área coberta: 11 mil m²; plataforma elevatória de embarcações: 80m de comprimento, 15,5 m de largura, capacidade para embarcações de até 4 mil t de peso, interligada por um ship-carrier sobre trilhos a um grande pátio de transferência, comunicando-se por trilhos com todos os berços de construção e reparos; amplas oficinas e galpões localizados nas áreas cobertas. Obras em construção: lanchas de patrulha para a Marinha do Brasil e lanchas de passeio.

Processamento de aço: 160 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 780 mil m²; área coberta: 110 mil m²; dique seco: comprimento de 400 m, boca de 73 m e pontal de 12 m, servido por dois guindastes de 50 ton, dois de 15 ton e um golias de 1 mil ton; cais: 700 m de cais de acabamento, servido por dois guindastes de 35 ton, e 350 m de cais para construção e reparo de unidades offshore; transportadores horizontais de blocos: dois de 300 ton. Obras em construção: 10 Suezmax, 5 Aframax, casco da semisubmersível P-55, 4 Suezmax DP e 3 Aframax DP.

Processamento de aço: 20 mil ton/ano Facilidades industriais: área total do terreno: 800 mil m² sendo 250 mil m² área industrial; área coberta: 100 mil m²; linha de edificação: 300 m de comprimento com pórticos até 150 ton; cais de acabamento com 600 m de comprimento; sistema de lançamento através de load out com dique flutuante 150m x 40m. Obras em construção: navios gaseiros e barcos de apoio offshore.

Processamento de aço: 120 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 1,5 milhão de m²; dique seco para navios com até 300 m de comprimento e quatro berços de atracação.

Processamento de aço: 6,5 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 65 mil m²; carreira: capacidade de carga até 3 mil ton, para embarcações com até 100 m de comprimento; cais de acabamento: 300 m de comprimento; guindastes instalados na carreira ao longo do cais, com capacidade até 250 ton; oficinas de montagem providas de facilidades e equipamentos de carga; dique flutuante para embarcações de até 110 m de comprimento, 18 m de boca e deslocamento de 3.500 ton Obras em construção: barcos de apoio offshore (AHTS, PSV, OSCV, pipelaying).

Pecém

Fortaleza

Inace ALIANÇA, Niterói, RJ Teresina

Ceará

Rio Grande do Norte

Natal

Piauí

Paraíba

Processamento de aço: 10 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 112 mil m²; instalação e área de montagem: 12.580 m²; pier nº 1: comprimento de 30 m, profundidade de 6 m; pier nº 2: comprimento de 50 m, profundidade de 7 m. Obras em construção: módulos de geração da P-56.

João Pessoa Recife

São

Fran

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Pernambuco Alagoas Sergipe

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Atlântico Sul STX Promar

Ipojuca Suape

Maceió

Eisa Alagoas

Aracaju

Bahia

Feira de Santana

EISA, Rio de Janeiro, RJ

Estaleiro Bahia

RENAVE e ENAVI, Niterói, RJ

ESTALEIRO MAUÁ, Niterói, RJ UTC ENGENHARIA, Niterói, RJ

Camaçari

Processamento de aço: 52 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 150 mil m²; área coberta: 55 mil m²; carreiras: 2 carreiras laterais de lançamento para navios até 280 m x 46 m e 133 m x 22 m; guindastes: quatro, sobre trilhos, de: 1 x 60 ton; 1 x 50 ton; 2 x 20 ton; pórticos: 2, de 48 m de largura, com capacidade de 2 x 50 ton + 1 x 20 ton; cais de acabamento: 3 para navios de até 280 m, 250 m e 200 m de comprimento; galpões na área de acabamento: 3 de 125m x 25m, com 8 pontes rolantes de 5 a 10 ton Obras em construção: 4 navios Panamax e portacontâiners e barcos de apoio offshore.

Aratu

Salvador

Estaleiro Paraguaçu

Processamento de aço: 36 mil ton/ano Facilidades industriais: Ponta D’Areia – área total: 180.377 m²; área coberta: 69.140 m²; carreira longitudinal: 1 de 223 m x 41 m, atendida por 2 guindastes de 100 ton; dique seco: 167 m x 22,50 m; cábrea: capacidade de içamento de 2.050 ton e altura de lança de 100 m; cais: 2 (cais I, 350 m; cais II, de 306 m), atendidos por 4 guindastes de 15, 20 e 30 ton, porte máximo: 70 mil TPB; capacidade de processamento de aço/ano: 36 mil ton. Facilidades industriais: Caximbau – área total: 78 mil m²; carreira: horizontal, para construção de módulos com duas linhas, cada uma com capacidade de 280 ton/m² até 167m de extensão; cais: capacidade de 20 ton/m² (em construção). Facilidades industriais: Ilha do Caju – área total: 76 mil m²; carreira: horizontal, para construção de jaquetas com duas linhas, cada uma com capacidade de 300 ton/m² até 180 m de extensão; cais: capacidade de 20 ton/m². Obras em construção: 4 navios de produtos, reparos/upgrade de plataformas de perfuração.

Processamento de aço: 40 mil ton/ano Facilidades industriais: Renave – área total: cerca de 200 mil m²; dique flutuante Almirante Alexandrino: 215 m de comprimento total; 35m de largura interna livre; pontal de 9,50 m sobre os picadeiros; capacidade de elevação de 20 mil t, para navios de até 80 mil TPB; dique seco Henrique Lage: 184 m de comprimento total; 27 m de largura na entrada; calado máximo de 8,50 m; capacidade para navios de até 30 mil TPB; dique seco Orlando Barbosa: 136 m de comprimento total; 17,43 m de largura na entrada; calado máximo de 4,33 m; capacidade para navios de até 8 mil TPB; dique flutuante José Rebelo: 70 m de comprimento total; 17 m de largura interna livre; calado máximo de 4 m; capacidade de elevação de 1.800 ton. Enavi – dique flutuante Almirante Guilhem: 200 m de comprimento total; comprimento do flutuante na linha de centro de 180 m; largura interna entre as laterais de 34 m; largura interna livre entre defensas de 32,8 m; pontal moldado de 15,6 m; altura dos picadeiros na quilha de 1,75 m; capacidade de elevação de 18 mil ton. Obras em construção: reparo de navios petroleiros, porta-contâiners e de carga geral e construção de três navios bunker.

Processamento de aço: 10 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 61 mil m²; área coberta: 11 mil m²; carreira: para 10 mil TPB; guindastes: 60 t; cais: dois, com 100 m cada um. Obras em construção: barcos de apoio offshore.

ARSENAL DE MARINHA, Rio de Janeiro, RJ

ESTALEIRO CASSINÚ, São Gonçalo, RJ Processamento de aço: 6 mil ton/ano Facilidades industriais: cais: 200 m; dique seco: 69 m de comprimento; 12,6 m de largura; calado máximo de 3,5 m; servido por um pórtico para 25 ton; dique flutuante: 30 m de comprimento; 14,4 m de largura; 4,2 m de calado; guindastes: 1 x 30 ton; 1 x 40 ton; 1 x 75 ton; 1 x 125 ton. Obras em construção: reforma da Boia de Sustentação de Risers para a Bacia de Santos e reparo de embarcações offshore.

RIO NAVE, Rio de Janeiro, RJ ESTALEIRO ITAJAÍ, Itajaí, SC

Lagoa Parda Regência

Espírito Santo Vitória

Processamento de aço: 12 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 168.422 m²; área coberta: aproximadamente 10 mil m² – galpões de processamento e montagem de blocos e diversas oficinas, servidos por pontes rolantes e outros equipamentos; carreira de lançamento: 150 m de comprimento (em expansão para 200m); capacidade para navios de até 10 mil TPB (em expansão para 30 mil TPB); elevador de embarcações tipo “Hydrolift”: para embarcações pequenas, de até 570 ton de peso; sistema de transferência de pesos de até 570 ton através de uma malha de trilhos e vagonetas; cais de acabamento: 150 m de comprimento; atendido por 2 guindastes com capacidades de carga de 30 ton e 8 ton. Obras em construção: rebocadores.

Processamento de aço: 48 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 94.766 m² área coberta: 43.052 m²; carreira nº 1: comprimento de 230 m, largura de 36 m, capacidade para navios até 100 mil TPB, servida por 3 guindastes de 40 ton e 1 guindaste de 20 ton; carreira nº 2: comprimento de 159 m, largura de 34 m, capacidade para navios até 30 mil TPB, servida por 2 guindastes de 40 ton e 1 guindaste de 20 ton; cais de acabamento nº 1: comprimento de 182 m, profundidade de 5 m, servido por 1 guindaste de 40 ton e 1 guindaste de 20 ton; cais de acabamento nº 2: mesmas dimensões do cais nº 1, servido por 2 guindastes de 20 ton; cais de acabamento nº 3: comprimento de 76 m, profundidade de 6 m; cais de acabamento nº 4: comprimento de 115 m, profundidade de 7 m, servido por 1 guindaste de 20 ton; pier nº 1: comprimento de 35 m, profundidade de 7 m, servido por 1 guindaste de 40 ton e 1 guindaste de 20 ton; pier nº 2: comprimento de 60 m, profundidade de 7 m, servido por 2 guindastes de 20 ton. Obras em construção: reparo e modernização de embarcações de médio porte e offshore.

FIBRAFORT - F. MARINE, Itajaí, SC Processamento de aço: 5 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 18.460 m²; área construída: 3.125 m² . Obras em construção: lanchas de passeio e competição.

Ponta Ubú

Campos

de iro Cabiúnas

INHAÚMA, Rio de Janeiro, RJ Processamento de aço: 50 mil ton/ano Facilidades industriais: área coberta: 16.550 m² (oficinas de caldeiraria, tubulação, estrutural e usinagem); dique nº 1: 160 m de comprimento, 25 m de largura, calado com maré zero de 4 m, capacidade para navios de até 25 mil TPB; dique nº 2: 350 m de comprimento, 65 m de largura, calado máximo de 6,20 m, capacidade para navios de até 400 mil TPB; guindastes: 1 x 100 ton, 2 x 40 ton, 1 x 20 ton; cais de acabamento 1 e 2: comprimento de 293 m, calado máximo de 6 m; cais de acabamento nº 3: comprimento de 45 m, calado máximo de 8 m; cais de acabamento nº 4: comprimento de 286 m, calado máximo de 8 m. Obras em construção: reparo de petroleiros e PSV’s.

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Processamento de aço: 15 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 85 mil m²; área coberta: 7.170 m²; dique flutuante: 76,4 m de comprimento, 29,20 m de largura e calado com 2,70 m; cais nº 1: extensão de 80 m, calado máximo de 6 m, servido por um guindaste de 8 ton; cais nº 2: extensão de 80 m, calado máximo de 6 m; carreira longitudinal para embarcações de até 120 ton. Obras em construção: um rebocador de 25 TTE; um rebocador de 50 TTE; um rebocador de 80 TTE.

WILSON, SONS, Guarujá, SP

MINAS GERAIS

RIO DE JANEIRO

no Atlântico

..................80 mil ................300 mil .........R$ 4 bilhões .........R$ 5 bilhões 0 anos foram 90 navios, 146 bocadores de ara transporte

SRD OFFSHORE, Angra dos Reis, RJ

Transnave Eisa

SÃO PAULO

Duque de Caxias Rio de Janeiro Angra dos Reis

Fonte: Petrobras, Sinaval e Abeam

Nota: em 2011, serão entregues cinco navios à Transpetro e outras seis embarcações serão lançadas ao mar para acabamentos finais (Promef).

DETROIT, Itajaí, SC

Quissamã

Macaé

São Gonçalo Niterói

Cabo Frio Arraial do Cabo

Rio Nave Inhaúma Arsenal de Marinha SRD Offshore Brasfels

total de 28 previstos); 8 cascos de plataformas FPSOs, a serem construídas na área do dique seco no Estaleiro Rio Grande, pela Engevix; integração dos módulos da P-58 pela Queiroz Galvão; construção da TLWP P-61 no estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis (consórcio Keppel Fels/J. Ray McDermott); integração dos módulos da P-62 (consórcio Camargo Corrêa/Iesa) e a Quip com os módulos de produção da plataforma P-63, em Rio Grande.

STX Brazil Aliança Renave/Enave Estaleiro Mauá (Caximbau) Cassinú São Miguel UTC

Mac Laren Oil Estaleiro Mauá (Ponta d’Areia) Estaleiro Mauá (Ilha do Caju)

Processamento de aço: 10 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 90 mil m²; área industrial: 14 mil m²; área coberta: 5 mil m²; laterais das docas elevatórias utilizadas como cais de acabamento; grua sobre trilhos com capacidade de até 4 ton ; 2 guindastes móveis com capacidade de 200 ton cada um; 2 carros de transferência para embarcações de médio porte; galpões equipados com cinco pontes rolantes de 4 a 10 ton de capacidade a 15 m de altura para atender às oficinas de montagens de blocos, mecânica, elétrica e acabamento; docas elevatórias (capacidade máxima): 110 m comprimento, 23 m de boca livre, 5,50 m de calado livre, capacidade de içamento de 3.600 ton, sistema eletromecânico computadorizado, com controle por meio de células de carga, para estabilidade na operação. Obras em construção: rebocadores e barcos do tipo LH 3000.

Oceano Atlântico

Encarte Especial Revista TN Petróleo nº 75

Processamento de aço: 10 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 22 mil m²; carreira/dique: comprimento de 205 m, largura de 16 m, calado máximo de 5 m, capacidade para embarcações de até 1.500 TPB Obras em construção: barcos de apoio.

Processamento de aço: 10 mil ton/ano Facilidades industriais: dique Almirante Régis: tem capacidade para docar navios da Marinha do Brasil ou navios mercantes de até 80 mil TPB, comprimento: 254,58 m, largura: 35,96 m, altura: 15,51 m; dique Almirante Jardim: tem capacidade para docar navios da Marinha do Brasil ou navios mercantes de até 16 mil TPB, comprimento: 165,15 m, largura: 19,00 m, altura: 11,21 m; dique Santa Cruz: tem capacidade para docar navios da Marinha do Brasil ou navios mercantes de até 2.500 TPB, comprimento: 88,45 m, largura: 9,15 m, altura: 8,50 m; dique flutuante Almirante Schieck: tem capacidade para docar navios da Marinha do Brasil ou navios mercantes de até 5 mil TPB, comprimento: 100 m, largura: 14 m; carreira: comprimento: 116 m, declividade: 6%, boca: 25 m; guindastes: 3 x 30 ton, 5 x 10 ton, 1 x 5 ton, 1 x 6 ton, 1 x 11 ton, 1 x 13 ton, 1 x 20 ton, 1 x 70 ton Obras em construção: submarino e reparo/ modernização de embarcações militares.

BRASFELS, Angra dos Reis, RJ Processamento de aço: 50 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 1 milhão m², aproximadamente; área coberta: 135 mil m², aproximadamente; carreira nº 1: 174 m de comprimento; 30 m de largura; capacidade para navios de até 45 mil TPB, servida por um guindaste de 80 ton e um guindaste de 40 ton; carreira nº 2: 310 m de comprimento, 45 m de largura, capacidade para navios de até 150 mil TPB, servida por 2 guindastes de 80 ton; carreira nº 3: 300 m de comprimento, 70 m de largura, capacidade para navios de até 600 mil TPB, servida por um guindaste de 40 ton, um guindaste de 80 ton e um pórtico de 660 ton; dique seco: 80 m de comprimento, 70 m de largura, servido pelos mesmos guindastes da carreira nº 3 e pelo pórtico de 660 ton; cais de agulha: 313 m de comprimento, extensão de 54 m, servido por um guindaste de 40 ton e um guindaste de 80 ton; cais de acabamento: 200 m de comprimento, extensão de 130 m, servido por um guindaste de 40 ton; pista um: 460 m de comprimento, servida por 2 guindastes de 80 ton; pista dois: 460 m de comprimento, servida por um guindaste de 80 ton; pista três: 460 m de comprimento, servida por um guindaste de 40 ton. Obras em construção: semisubmersível P-56, TLWP P-61, modernização de 3 navios-sonda para a Noble e modernização do BGL-1.

VELLROY, Osasco, SP

TWB, Navegantes, SC Processamento de aço: 10 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 78 mil m²; áreas cobertas não industriais: 900 m²; áreas cobertas industriais: 7.386 m²; carreira: 75 m de comprimento por 16 m de largura, com capacidade para embarcações de até 1.800 ton de peso leve. Obras em construção: ferry boats e barcos de passeio.

Processamento de aço: 5 mil ton/ano Facilidades industriais: área total: 50 mil m²; área coberta: 40 mil m²; guindastes: um pórtico móvel para 26 ton, um pórtico móvel para 50 ton, seis pontes rolantes para 10 ton, uma ponte rolante para 50 ton e uma ponte rolante para 20 ton. Obras em construção: lanchas de passeio.

Promef (1 e 2), Prorefam (1 e 2), EBN (1 e 2) e PN Petrobras 2010-2014

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis Rua do Rosário, 99/7º andar – Rio de Janeiro, RJ, Brasil – CEP 20041-004 – Tel/Fax: 55 21 3221-7500 tnpetroleo@tnpetroleo.com.br – www.tnpetroleo.com.br – www.tbpetroleum.com.br © 2011 - Benício Biz Editores Associados Ltda.

Indústria Naval 2011

Oportunidades no offshore e os novos investimentos da Transpetro Fonte: MME, MT, ANP, BNDES, FMM, IBGE, Petrobras, Transpetro, Sinaval, Abeam, Arsenal de Marinha RJ, Antaq.


sumário

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edição nº 75 nov/dez 2010

Entrevista exclusiva

com Maurício Figueiredo, vice-presidente para a América Latina da americana Baker Hughes

A era do petróleo fácil acabou 17 Baker Hughes: mais de US$ 250 milhões no Brasil

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Especial: retrospectiva 2010

Um ano incomum Biocombustíveis

Na roda dos biocombustíveis 52 Etanol: pioneirismo brasileiro 53 Petrobras dá início às obras do etanolduto

54

Bons ventos no Brasil 56 Alegria, o maior parque eólico do Brasil 59 China terá usina eólica de 10,8 milhões de quilowatts 61 Produção local


64

Liderança em Classificação e Certificação Offshore e-mail: absrio@eagle.org Tel: + 55 21 2276-3535

Terceiro navio do Promef é lançado ao mar

66 7º Encontro Nacional do Prominp: Competitividade e mais espaço 68 Prêmio Profissional de Destaque da Indústria de Petróleo e Gás: Reconhecimento

120 Coffee Break

A bicentenária

Biblioteca Nacional artigos 86 Mudança de paradigma, por João Amato Neto e Gil Anderi da Silva 88 Gestão do investimento social privado no setor petrolífero, por Roberto Dertoni, Lucilene Danciguer e Edison Durval Ramos de Carvalhos

CONSELHO EDITORIAL Affonso Vianna Junior Alexandre Castanhola Gurgel André Gustavo Garcia Goulart Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira Bruno Musso Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti Francisco Sedeño Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart Gilberto Israel Ivan Leão Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes José Fantine Josué Rocha Luiz B. Rêgo Luiz Eduardo Braga Xavier Marcelo Costa Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein Ronaldo J. Alves Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer Samuel Barbosa

106 Internacionalização do E&P no mercado de óleo e gás no Brasil, por Marcos Mazzaroppi

112 O impacto dos grandes sinistros no setor de óleo & gás

e considerações sobre seguros e gestão de riscos para a indústria, por Paulo Niemeyer Neto

114 A melhor estratégia é ter uma proposta de valor atraente, por Fernando Armbrust Lohmann

116 Incubadoras para o futuro, por José Octávio Armani Paschoal

seções 5 6 10 64 70 75

editorial hot news indicadores eventos perfil profissional caderno de sustentabilidade

94 98 118 120 123 124

pessoas produtos e serviços fino gosto coffee break feiras e congressos opinião

Ano XII • Número 75 • nov/dez 2010 Fotos: Agência Petrobras, BP e Braskem


CALL FOR PAPERS CLOSES MARCH 2011

The 20th World Petroleum Congress

First for the Middle East – 4-8 December 2011, Doha, Qatar. Qatar: Energy supplier to the world

20th WPC Call for Papers Submit your Abstract now at www.20wpc.com and join 500 Industry Leaders on the Speakers’ Panel Your chance to present a Paper or Poster to over 4,000 Delegates at the 20th WPC

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Rua do Rosário, 99/7º andar Centro – CEP 20041-004 Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel/fax: 55 21 3221-7500 www.tnpetroleo.com.br tnpetroleo@tnpetroleo.com.br DIRETOR EXECUTIVO Benício Biz beniciobiz@tnpetroleo.com.br DIRETORA DE NOVOS NEGÓCIOS Lia Medeiros (21 8241-1133) liamedeiros@tnpetroleo.com.br EDITORA Beatriz Cardoso (21 9617-2360) beatrizcardoso@tnpetroleo.com.br EDITOR DE ARTE, CULTURA E VARIEDADES Orlando Santos (21 9491-5468) REPÓRTERES Cassiano Viana (55 21 9187-7801) cassiano@tnpetroleo.com.br Maria Fernanda Romero (55 21 8867-0837) fernanda@tnpetroleo.com.br Rodrigo Miguez (21 9389-9059) rodrigo@tnpetroleo.com.br RELAÇÕES INTERNACIONAIS Dagmar Brasilio (21 9361-2876) dagmar.brasilio@tnpetroleo.com.br DESIGN GRÁFICO Benício Biz (21 3221-7500) beniciobiz@tnpetroleo.com.br PRODUÇÃO GRÁFICA E WEBMASTER Laércio Lourenço (21 3221-7506) webmaster-tn@tnpetroleo.com.br Marcos Salvador (21 3221-7510) marcossalvador@tnpetroleo.com.br REVISÃO Sonia Cardoso (21 3502-5659) DEPARTAMENTO COMERCIAL José Arteiro (21 9163-4344) josearteiro@tnpetroleo.com.br Cristina Pavan (21 9408-4897) cristinapavan@tnpetroleo.com.br

Lorraine Mendes (21 8311-2053) lorraine@tnpetroleo.com.br Bruna Guiso (21 7682-7074) bruna@tnpetroleo.com.br assinaturas Rodrigo Matias (21 3221-7503) matias@tnpetroleo.com.br CTP e IMPRESSÃO Walprint Gráfica DISTRIBUIÇÃO Benício Biz Editores Associados. Os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores. TN Petróleo é dirigida a empresários, executivos, engenheiros, geólogos, técnicos, pesquisadores, fornecedores e compradores do setor de petróleo. ENVIO DE RELEASES Sugestões de temas ou envio de matérias devem ser feitos via fax: 55 21 3221-7511 ou pelo e-mail tnpetroleo@tnpetroleo.com.br Filiada à

Entre o pré e o pós-sal D

essa vez o ano começou rápido, sem aquela letargia pré-carnavalesca que parecia nos acometer nos meses de janeiro e fevereiro, até se dissiparem os sons da festa de Momo. Não tanto pelo fato de o carnaval cair desta vez na primeira semana de março, mas sim por outros fatores, que fizeram o país arregaçar as mangas logo na primeira semana de 2011. A começar pela posse da primeira mulher eleita presidente da República no Brasil, Dilma Rousseff, que comandou o Ministério de Minas e Energia e foi ministrachefe da Casa Civil, tendo um papel decisivo na formulação da política energética do Governo Lula. Confirmada a permanência (já esperada) de Edson Lobão no MME, e a continuidade ou nomeação de outros ocupantes do primeiro escalão, o país sabe que os próximos meses serão de dura negociação entre Governo e aliados. Inclusive no que se refere ao setor de petróleo e gás, que depende de uma definição do Congresso quanto ao cálculo a ser adotado para os royalties do petróleo do pré-sal, para que seja realizada a primeira etapa de licitações para a exploração de novos blocos dessa rica área. Com isso, acredita-se que o leilão das áreas do pós-sal e demais blocos seja realizado no primeiro semestre, mas que somente no segundo entrarão em licitação blocos do pré-sal.

Independente das camadas em que o petróleo e o gás natural venham ‘despontando’ nas bacias brasileiras – inclusive em terra firme, na Bacia de Parnaíba –, o Brasil continua despertando o interesse dos investidores e de grandes e pequenas companhias da cadeia produtiva de óleo e gás, como o leitor poderá conferir na retrospectiva 2010 que a TN Petróleo traz nessa edição. Mais além do petróleo, o país continua avançando na área da energia, tanto no que diz respeito aos biocombustíveis, dos quais é um dos pioneiros, como no que se refere à energia eólica, que vem mudando a cara do Nordeste brasileiro, cada vez mais povoado das grandes pás que retiram do vento a energia do futuro. A aceleração dos projetos do présal, com o afretamento de duas novas plataformas do tipo FPSO destinadas aos projetos-pilotos da área de Guará-Norte e do campo de Cernambi (antiga área de Iracema), mostram que a Petrobras não tem tempo a perder. E que pretende continuar na vanguarda dos acontecimentos, mesmo face as primeiras especulações em torno do pré-sal da costa oeste da África. Enfim, não vai faltar assunto para as próximas edições da TN Petróleo, que mantém firme seu compromisso de ser a revista dessa indústria que está dando uma contribuição decisiva para o desenvolvimento econômico do Brasil. Seja do pós-sal ou do pré-sal.

Benício Biz Diretor executivo da TN Petróleo

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hot news

Petrobras: recorde de produção e reservas ampliadas A petroleira brasileira, alçada a uma das cinco maiores companhias de energia do mundo, encerrou o ano com toda corda. Outro desCampo Volume Recuperável º API taque, ainda, Área Total (bilhões de boe) é a entrada em p r o d u ç ão do Tupi Lula 6,5 28 poço SPS-55, Cernambi 1,8 30 que deu início Iracema ao Teste de LonTotal 8,3 ga Duração da área de Guará, no pré-sal da Bacia de PA-BRSA628 Santos. O TLD com duração estimada de cinco meses e produção diária esperada de 14 mil barris de óleo por dia está sendo realizado no poço produtor CERNAMBI SPS-55, utilizando o navio-plataforma FDPSO Dynamic Producer. A área de Guará, sob concessão do consórcio formado pela Petrobras (operadora), BG Group e Repsol, está localizada no bloco BM-S-9, a cerca de 300 km da costa do estado de São LULA Paulo. Os volumes recuperáveis de 20 km óleo e gás na área de Guará estão estimados entre 1,1 e 2 bilhões de de Tupi, iniciado em abril de 2009, barris de óleo equivalente, de boa geraram as principais informações qualidade, com cerca de 30º API. para embasar o volume recuperável total que está sendo divulgado hoje Lula e Cernambi – O campo de Lula pela companhia, assim como os Plaserá o primeiro supergigante de penos de Desenvolvimento da Produção tróleo do país (volume recuperável para os campos de Lula e Cernambi. acima de 5 bilhões de boe), e o de O Bloco BMS-11 é operado pela PeCernambi está entre os cinco maiotrobras, que detém 65% da concessão, res campos gigantes do Brasil. Os 11 tendo como outros concessionários as poços concluídos nas duas áreas e o empresas BG Group com 25% e Galp Teste de Longa Duração (TLD) na área Energia com 10%.

Doze novos navios contratados A Petrobras assinou, no apagar das luzes de 2010, 12 novos contratos de afretamento de navios, por um período de 15 anos, previsto na segunda fase do Programa Empresas Brasileiras de Navegação (EBN2). Os documentos foram assinados pelo diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa. Foram contratados oito navios com a empresa Kingfish do Brasil Navegações Ltda, sendo quatro embarcações de 45 mil toneladas de porte bru-

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Ilustração: Agência Petrobras

Primeiro, agregou 8,3 bilhões de barris de óleo equivalente às suas reservas prováveis ao declarar a comercialidade dos campos de Tupi e Iracema – e batizando-os, respectivamente, Lula e Cernambi. Depois, comemorou três recordes de produção de petróleo no Brasil em dezembro: a média mensal de 2.120 mil barris por dia (contra 2.033 mil barris, em abril de 2010), superior em 4,4% à de novembro (2.030 mil bpd); o recorde diário de 2.256 mil barris, no dia 27 de dezembro, consolidando um patamar de produção superior a 2 milhões de barris por dia (2.003 mil bpd) – recorde anual. Esse desempenho decorreu, principalmente, da entrada em operação de cinco novos poços na Bacia de Campos, nos campos de Cachalote e Baleia Franca, ambos interligados ao FPSO Capixaba; os poços JUB-9 e JUB-14, interligados à recém-instalada plataforma P-57, no campo de Jubarte; e o CRT-43, batizado provisoriamente de Carimbé, que é um poço produtor do pré-sal do campo de Caratinga, conectado à plataforma P-48. O bom desempenho dos campos localizados em áreas maduras das regiões Norte, Nordeste e do estado do Espírito Santo também contribuiu para os bons resultados.

to (TPB) para produtos claros (nafta, diesel, querosene, gasolina) e outras quatro de 45 mil toneladas de porte bruto (TPB) para produtos escuros (petróleo, óleo combustível, entre outros). Já com a empresa Brazgax/Brazil Gás Transportes Marítimos foram contratados quatro navios de GLP, dois com capacidade de 8 mil m³ e outros dois de 12 mil m³. As embarcações deverão ser entregues entre 2013 e 2017. O programa EBN é parte integrante de um conjunto de iniciativas da Petrobras para estimular a construção naval no Brasil. Essa ação pretende reduzir a dependência do mercado externo de fretes marítimos, gerar empregos e tem como referência parâmetros internacionais de custos e qualidade.


Multinacionais: mais P&D no Brasil

tivo desenvolver novas tecnologias para soldagem de tubos, testes e simulações para tubos de grande diâmetro e estudos de revestimentos metálicos de polímeros. Além disso, haverá um setor para cuidar especificamente das conexões premium TenarisHydril, destinadas a operações de perfuração de poços de P&G. Os outros centros de pesquisa da empresa estão localizados na Argentina, México, Itália e Japão. Durante a cerimônia de assinatura do contrato, o vice-presidente executivo da TenarisConfab, Túlio Chipoletti, destacou a importância da aproximação da companhia com a universidade como forma estratégica para o desenvolvimento tecnológico do Brasil. Em janeiro de 2011, haverá novo processo seletivo para as três últimas vagas voltadas para a ocupação de empresas de grande porte no Parque Tecnológico. O Parque Tecnológico foi inaugurado em 2003 tendo como meta estimular a interação entre a universidade – seus alunos e corpo acadêmico – e empresas que fazem da inovação o seu cotidiano. São 350.000 m² para abrigar empresas de setores intensivos em diferentes áreas de conhecimento.

Repsol e Sinopec: negócios conjuntos O presidente da Repsol, Antonio Brufau, e o da Sinopec, Su Shulin, realizaram no início de janeiro a primeira reunião conjunta, desde que a companhia chinesa aportou US$ 7,111 bilhões na subsidiária da petroleira espanhola no Brasil, no processo de ampliação de capital subscrito integralmente pela nova parceira.

Foto: Divulgação

As multinacionais Halliburton, prestadora de serviços para exploração e produção de petróleo, e TenarisConfab, fabricante de tubos aço, assinaram no dia 21 de dezembro de 2010 contrato com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para concessão de uso de área do Parque Tecnológico, localizado na Ilha da Cidade Universitária. As duas empresas vão construir unidades de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor de petróleo e gás. A chegada das empresas confirma a vocação do Parque da UFRJ nessa área, que já conta com empresas como Schlumberger, FMC, Baker Hughes e Usiminas. A previsão é que as obras sejam iniciadas no segundo semestre de 2011 e sejam concluídas até o final de 2012. A Halliburton, que ocupará um terreno de 7.000 m², investirá de US$ 10 a 15 milhões na construção do centro de pesquisa, que terá como foco a caracterização e o monitoramento de reservatórios; a produtividade, construção e completação de poços de petróleo. A empresa pretende desenvolver soluções para estimulação e performance de poços, área eletrônica e desenvolvimento de softwares em 3D e visualização. Já a TenarisConfab ocupará um terreno de 4.000 m², no qual vai construir seu quinto centro de P&D no mundo, destinado aos setores de petróleo e gás, mineração, construção civil e automobilística. O novo centro terá investimentos de US$ 21 milhões, e tem por obje-

Foto: Divulgação TenarisConfab

Halliburton e TenarisConfab assinam contrato para construção de centros de pesquisa no Parque Tecnológico da UFRJ

Os dois executivos acordaram criar grupos de trabalho específicos para buscar novas oportunidades de negócios conjuntos no mundo, indicando que essa aliança pode ir mais além do Brasil. “Existem grandes sinergias entre a Repsol e a Sinopec, e o entendimento entre nossas companhias estabelece as bases para continuar potencializando nossa aliança e explorar novas oportunidades de negócios conjuntos em todo o mundo”, declarou Brufau. “O sucesso do acordo entre a Sinopec e a Repsol reflete o desejo compartilhado por ambas as companhias de que este seja o início de uma aliança ampla e duradoura. Colocaremos todo nosso empenho para consolidar e desenvolver nossa relação com a Repsol”, confirmou Su Shulin. A Repsol tem 60% do capital social da companhia brasileira e a Sinopec os 40% restantes. Estas porcentagens se refletem na composição do Conselho de Administração e nos órgãos diretivos da companhia. A operação supõe uma mais-valia contábil para a Repsol de US$ 3,757 bilhões. O montante desta operação garante os investimentos necessários para o desenvolvimento dos ativos no offshore brasileiro, que inclui algumas das maiores descobertas do mundo, como as obtidas nos blocos de Guará e Carioca.

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hot news

Primeira embarcação oceanográfica importada da Noruega chega ao Brasil

Tanto o GSO Marechal Rondon, quanto os outros navios encomendados, chegarão ao Brasil inteiramente aptos à operação, com equipamentos, tripulantes e equipe técnica embarcada. Toda a equipe de trabalho passou por treinamentos especiais de operação dos equipamentos instalados. Segundo o presidente da Geodata Serviços Offshore, Roberto Ribeiro, quando os três navios estiverem em pleno funcionamento, a meta de faturamento da empresa é de R$ 200 milhões ao ano. As embarcações estão capacitadas para coleta de solo para estudos geoquímicos, inspeção de dutos e equipamentos e também foram adaptadas para receberem ROVs (remotely operated vehicle). “São embarcações de pesquisa que poderão fazer coleta de materiais e serviços como medições oceanográficas por satélite, imagens de fundo oceânico e amostragem e análise com Piston-core e Box-core, entre outros”, conta Ribeiro. As

pesquisas acontecerão em todos os campos já conhecidos e os novos da costa do Brasil. Eventualmente poderão ser feitos estudos marinhos não voltados para o petróleo. Sobre a escolha do nome do navio, Ribeiro conta que foi feita uma homenagem ao grande desbravador Marechal Rondon. “Foi a forma que encontramos de associar algo histórico com o objetivo de exploração e pesquisa da empresa. Os outros dois navios, que irão chegar no segundo semestre de 2011, também vão homenagear figuras brasileiras com espírito desbravador”, afirma. Quando os três navios estiverem em pleno funcionamento, a meta de faturamento da empresa é de R$ 200 milhões ao ano. De acordo com Ribeiro, todas as embarcações chegarão ao Brasil inteiramente aptas à operar, com equipamentos, tripulantes e equipe técnica embarcada. Toda a equipe de trabalho passou por treinamentos especiais de operação dos equipamentos

Foto: Divulgação

Em um investimento de R$ 30 milhões, a Geodata Serviços Offshore, empresa atuante no mercado de serviços ambientais e oceanográficos ligados à exploração de petróleo offshore, adquiriu três embarcações oceanográficas vindas da Noruega. A primeira é a GSO Marechal Rondon, que foi lançada no país em dezembro de 2010.

instalados. “Os navios similares que atualmente operam no Brasil são estrangeiros que vieram cumprir contratos específicos. Eles não têm o nível operacional do nosso, que possui uma gama completa de equipamentos, podendo fazer todo o tipo de pesquisa oceanográfica”, finaliza. A Geodata é controlada pela Georadar Levantamentos Geofísicos, empresa de geosserviços que atua nos segmentos de óleo e gás, de mineração e de monitoramento, diagnóstico e remediação ambiental.

O lucro líquido da Evonik quase quadruplicou nos primeiros nove meses, levando a empresa a prever um recorde histórico de lucros na área química e redução da dívida financeira líquida com o aumento no fluxo de capital. Os investimentos planejados visam maior crescimento. “O terceiro trimestre continuou forte; os primeiros nove meses foram excelentes. Estamos satisfeitos com nosso negócio”, comentou Klaus Engel, presidente do Conselho Executivo da Evonik Industries, quando o grupo publicou seus principais números financeiros para o terceiro trimestre e para os primeiros nove meses de 2010. Na área de Químicos, com maior demanda global, uma melhora substancial em capacidade de utilização e ações efetivas para aumentar a eficiência elevaram os ganhos consideravelmente. “No fim dos primeiros nove meses, os

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Foto: Divulgação

Evonik prevê crescimento recorde

ganhos da nossa área de químicos estão a caminho de um recorde histórico”, comentou Engel. A área de Energia também mostrou grande melhora. A Evonik espera que a tendência dos negócios continue positiva no quarto trimestre e anunciou uma estimativa para o ano: “Esperamos resultados excelentes com mais de 20%

de crescimento de vendas”, disse Engel. Ao mesmo tempo, a Evonik iniciou investimentos estrategicamente importantes para garantir que a trajetória de crescimento continue no longo prazo. O Grupo Evonik tem expectativas de que a tendência de bons negócios continue no quarto trimestre, apesar de que fatores sazonais indiquem que não será possível manter os bons números dos trimestres anteriores. Em geral, a Evonik prevê um desempenho excelente para o ano fiscal de 2010. Graças à demanda global sustentada, se espera que as vendas cresçam mais de 20% durante o ano. Os lucros serão consideravelmente maiores que no ano anterior. O Grupo antecipa que a área de Químicos apresentará um desenvolvimento especialmente bem sucedido e relatará um histórico recorde de lucros antes de juros e impostos.


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indicadores tn

2010: recorde de consumo e importações de aço, mas sobra capacidade na indústria nacional

O acréscimo constatado em 2010 em relação aos dois anos anteriores deve-se às importações, que no ano em curso estão estimadas em 5,9 milhões de toneladas, crescimento de 154% na comparação com o ano passado e de 123% em relação a 2008. “No pós-crise, a América Latina passou a atrair volumes crescentes de exportações e isso foi percebido claramente no Brasil. O recorde de consumo infelizmente não significou recorde de produção de aço no país, mesmo com sobra de capacidade”, afirmou o presidente do Conselho Diretor do IABr, André B. Gerdau Johannpeter. O aumento das importações reflete em muito os efeitos do câmbio valorizado, da persistência de elevados excedentes de oferta no mercado internacional e a existência de incentivos estaduais à importação. Tais incentivos têm prejudicado o desenvolvimento da indústria e a geração de empregos no país e já tiveram sua constitucionalidade questionada junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) por órgãos representantes do empresariado e dos trabalhadores. A produção brasileira de aço bruto está estimada pelo Instituto Aço Brasil, para 2010, em 33,1 milhões de toneladas, crescimento de 25% em relação ao ano passado. As vendas internas devem apresentar crescimento de 30,4% em relação a 2009, chegando a 21,3 milhões de toneladas. As exportações de produtos siderúrgicos no período devem totalizar 8,7 milhões de toneladas e 5,5 bilhões de dólares, representando aumento de apenas 1% de volume, quando comparado com 2009. Frente às projeções macroeconômicas do Brasil para 2011, o IABr estima o consumo aparente de produtos siderúrgicos em 28,3 milhões de toneladas no ano que vem, aumento de 6%. “Não conseguimos, porém, estimar números de comércio exterior, porque dependerá da evolução das condições de competitividade da indústria brasileira frente à concorrência desleal, custos tributários elevados e política cambial. Entendemos que

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Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

O Brasil deve fechar 2010 com recorde de consumo aparente de produtos siderúrgicos, impactado fundamentalmente pelo aumento das importações. Segundo previsão do Instituto Aço Brasil (IABr), o consumo aparente deve ser de 26,8 milhões de toneladas este ano, 44% a mais do que em 2009 e 11% acima de 2008, período pré-crise.

no mundo pós-crise, muito mais competitivo, torna-se imprescindível preservar o mercado interno e priorizar o crescimento sustentado”, disse o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

Empreendedores se recuperam com novas contratações Brasil mostra fortes sinais de que o empreendedorismo está se preparando para um grande impulso de recuperação com investimentos em pessoal. Empreendedores de todo o mundo estão mais inclinados a apostar no aquecimento econômico e contratar pessoal do que as grandes empresas. E, como as PMEs respondem por mais de 50% do emprego em qualquer economia, esse é um importante indicador de crescimento futuro. A Regus, empresa de soluções de espaço de trabalho, colheu as opiniões de empresários no mundo inteiro, para obter um panorama do setor de PMEs nos diferentes países. Entre os empreendedores que participaram da pesquisa, 2/3 (40%, líquido) dos entrevistados pretendem aumentar o quadro funcional de suas empresas nos próximos seis meses, ante uma média de 36%, líquido, entre as grandes companhias. Além disso, as empresas estão tão abertas a empregar mães em retorno ao mercado de trabalho quanto as corporações (36%). Participaram da pesquisa mais de cinco mil empreendedores de 78 países, que responderam a perguntas sobre as recentes tendências na receita e no lucro de suas empresas, além de intenções de contratação nos próximos seis meses. Outra conclusão do estudo é que os pequenos empreendimentos tendem a ser mais flexíveis quanto ao local de trabalho (76%) do que as empresas em

geral (66%), um indicador de que atender às necessidades do pessoal é uma prioridade que essas companhias reconhecem como necessidade para reter os melhores talentos. No Brasil, 56% das empresas são flexíveis quanto à localização do ambiente de trabalho, 56% (líquido) pretendem aumentar pessoal e mais de 1/3 (39%) planejam contratar mães voltando a trabalhar. “As empresas empreendedoras confirmam seu papel como motores do crescimento, fornecendo o combustível para acelerar o crescimento de seu país”, afirma Mark Dixon, diretor executivo da Regus. “Apesar de as estatísticas de desempenho mostrarem resultados mistos, os indicadores de expansão gerais sinalizam estabilização”, observa Dixon. “Na comparação com corporações em situação estável, os projetos dos empreendedores, por sua própria natureza, estão expostos a um maior nível de risco, são altamente voláteis e mais sensíveis a altos e baixos no lucro e na receita”, reflete. Para Dixon, um indicador mais relevante na avaliação do nível de confiança no curto prazo é a atitude das PMEs de empreendedores em relação ao aumento de pessoal. “No Brasil, onde as PMEs respondem por 50% do emprego no setor privado e representam 99% dos 5,8 milhões de empresas formais , vemos fortes sinais de que o empreendedorismo está se preparando para um grande impulso de recuperação com investimentos em pessoal. Em vez de reduzir os recursos humanos, as PMEs estão optando por oferecer mais flexibilidade quanto ao local de trabalho e reduzir custos com espaço físico para escritórios, para atrair e recompensar funcionários com grandes talentos, como mães retornando ao mercado


O pior já passou? Para a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a demanda mundial de petróleo aumentou em 1,3 milhão de barris/dia em 2010, ou seja, mais 190 mil barris diários que o estimado inicialmente.

de trabalho, que se beneficiarão de um melhor equilíbrio entre trabalho e vida.”

Mão de obra qualificada Até 2016 estão previstas 9.550 obras em todo o Brasil. Com a forte demanda, a formação profissional tornou-se mais um desafio para o mercado. De olho na necessidade de treinamento, a ArcelorMittal promoveu durante o evento cursos gratuitos para pedreiros e mestre de obras. Mais de 50 operários participaram das aulas no caminhão-escola da empresa, que também ficou na parte ex-

Produção de países-membros da Opep e não-membros – dez/08 a nov/10

câmera lenta e passando por turbulências. Para o cartel, a China continua sendo a economia que mais contribuirá para o aumento do consumo de petróleo, apesar das tentativas de Pequim de controlar as despesas em energia. Ainda assim, a Opep estima que o consumo em 2011 no país será 5,14% maior do que em 2010. Após 35 anos, o Irã volta a presidir a Opep – O Irã volta a presidir a Opep em janeiro. O país não ocupa o posto desde 1975, quando era uma monarquia sob o xá Reza Pahlevi, apoiado pelos EUA. Naquela época, o Irã respondia por 7% das importações norteamericanas de petróleo bruto. Em dezembro, o embaixador do Irã na Opep, Mohammed Ali Jatibi, afirmou que o mercado global está à beira da crise devido à incerteza que existe sobre a provisão de energia. Para Jatibi, o preço do petróleo superará a barreira dos US$ 100 por barril em um futuro não muito distante. terna do evento. Os professores do curso Maq Operações, especializado no treinamento de operários para máquinas pesadas como empilhadeiras, tratores, guindastes e escavadeiras, levaram 30 alunos para conhecer de perto os equipamentos. Segundo Jeferson Barros, professor da Maq Operações, o IBGE no Brasil divulgou recentemente um déficit de nove mil operadores, o que vem obrigando as empresas a importar profissionais de outros países. “O Brasil é um dos únicos países da América Latina que não tem um curso téc-

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O consumo mundial crescerá este ano para 85,78 milhões de barris de petróleo por dia, superando a previsão anterior em 0,22%. Segundo a Organização, 2011 será um ano de crescimento da demanda, que poderá atingir os 86,95 milhões de barris diários. Apesar de este número representar um acréscimo de 0,14% em relação às últimas estimativas, a Opep alerta que ocorreu uma redução do consumo. A procura de petróleo junto aos países da Opep é agora estimada em 28,8 milhões de barris diários, o que representa um acréscimo de 0,3 milhão de barris diários em relação ao relatório anterior. No entanto, isso ainda representa uma redução de 0,2 milhão de barris diários em relação ao último ano. Para 2011 a previsão é que a demanda deverá atingir, em média, 29,2 milhões de barris diários, o que significa um acréscimo de 0,4 milhão de barris diários em relação às estimativas anteriores. A revisão em alta da Opep está alinhada com as previsões divulgadas no relatório anual da Agência Internacional da Energia (AIE). Nos países ricos, as expectativas foram superadas como resultado de uma melhor atividade econômica e o aumento do consumo de petróleo na América do Norte, Europa e nos industrializados da Ásia e Oceania. No entanto, os analistas continuam prudentes quanto à evolução do consumo nos Estados Unidos, considerando que tudo depende do modo como irá progredir a economia norte-americana, bem como das condições climáticas ao longo do inverno. A Opep reconhece que cresce o otimismo sobre as perspectivas para a atividade econômica em 2011, adiantando que, no entanto, a recuperação econômica vai evoluindo em

“Os mercados globais estão muito perto de uma crise pela incerteza da provisão de petróleo. O mundo está preocupado com as garantias no abastecimento de petróleo pois chegou antecipadamente o descenso da produção e o declive da oferta dos países que não pertencem à Opep”, disse. “Nos últimos anos, alguns dos países produtores que não são membros da Opep estiveram abarrotando o mercado, mas isto já não será possível em um futuro próximo devido à queda da produção”, acrescentou. Jatibi sugeriu que uma possível solução para garantir o fornecimento mundial seria uma alta dos preços. “Uma das soluções seria aumentar o investimento na indústria petrolífera e a este respeito uma alta do preço do petróleo contribuiria para encorajar este investimento”, argumentou. Assim, Jatibi previu que o preço do barril de petróleo podia superar os US$ 100. nico para estes profissionais. Somos o primeiro curso no Brasil para operadores de máquinas pesadas. Este tipo de formação é importante porque cada tipo de serviço e equipamento exige uma habilidade específica”, explica.

Investimentos externos chegam a 1,9% do PIB Investimento estrangeiro direto retornou ao nível pré-crise, depois de uma evolução muito fraca em 2009 e durante boa parte de 2010.

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indicadores tn

Frases “Nos últimos anos, alguns dos países produtores que não são membros da Opep estiveram abarrotando o mercado, mas isto já não será possível em um futuro próximo devido à queda da produção.” Mohammed Ali Jatibi, embaixador do Irã na Opep. 07/12/2010 – Agência EFE

“O pré-sal é o nosso passaporte para o futuro. Recusaremos o gasto apressado que reserva as dívidas para as futuras gerações.” Dilma Rousseff, presidente do Brasil. 01/01/2011 – O Globo

“Para a Petrobras, é bom (ser operadora única) por diversificar as áreas e reduzir os custos. A Petrobras é a empresa com maior experiência do mundo em águas profundas. Garante a qualidade técnica. É bom que seja o operador único.” José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras,

De acordo com o Banco Central, o Brasil registrou um déficit em conta corrente de US$ 4,7 bilhões em novembro deste ano, valor bem acima da média observada entre janeiro e outubro (US$ 3,9 bilhões). Nos 12 meses terminados em novembro, o déficit nas transações correntes chegou a US$ 49,4 bilhões (2,4% do PIB), contra US$ 24,3 bilhões no ano de 2009 (-1,5% do PIB) e US$ 28,2 bilhões em 2008 (-1,8% do PIB). A conta capital-financeira foi superavitária em US$ 7,8 bilhões em novembro, ligeiramente abaixo da média de US$ 8,3 bilhões/mês observada entre janeiro e outubro. Os ingressos líquidos de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) chegaram a US$ 3,7 bilhões em novembro (acima da média de US$ 2,9 bilhões observada entre janeiro e outubro). Em 12 meses o IED atingiu a marca de US$ 38,2 bilhões, ou 1,9% do PIB.

durante cerimônia de registro do balanço de governo 2003-2010. 15/12/2010 – Agência Estado

“Vamos continuar observando. O dólar é flutuante e não dá para arriscar. No momento temos verificado que há flutuações internas e externas.” Guido Mantega, ministro da Fazenda. 06/01/2011 – Agência Estado Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil (junho Jun Jul Ago Bacia de Campos 1.648,4 1.672,1 1,678,4 Outras (offshore) 115,4 120,4 124,4 Total offshore 1.763,8 1.792,5 1.802,8 Total onshore 214,0 212,5 219,7 Total Brasil 1.977,8 2.005,0 2.022,5

a novembro/2010) Set Out Nov 1.604,2 1.609,4 1.697,1 124,8 125,6 118,6 1.729,0 1.734,9 1.815,6 214,9 203,9 215,3 1.943,9 1.938,8 2.030,9

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil (junho a novembro/2010) Bacia de Campos Outras (offshore) Total offshore Total onshore Total Brasil

Jun 26.015,2 11.908,8 37.924,0 15.706,4 53.630,4

Jul Ago Set Out Nov 25.690,0 25.216,5 24.110,7 23.713,1 24.653,2 11.216,0 11.385,8 14.189,3 16.918,5 15.460,7 36.906,0 36.602,3 38.300,0 40.631,6 40.113,9 15.695,0 15.782,5 15.473,3 14.188,1 15.174,1 52.601,0 52.384,9 53.773,3 54.819,7 55.288,0

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional (junho a novembro/2010) Exterior

Jun 154,6

Jul 150,6

Ago 151,6

Set 153,6

Out 155,8

Nov 147,6

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional (junho a novembro/2010) Exterior

Jun Jul Ago Set Out Nov 15.878,1 16.047,0 16.170,0 15.955,0 16.109,0 15.978,0

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) (junho a novembro/2010) Brasil+Exterior

Jun Jul Ago Set Out Nov 2.563,2 2.580,9 2.598,8 2.529,9 2.534,2 2.620,4

(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).

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Fonte: Petrobras

Petrobras bate recordes anual, mensal e diário de produção de petróleo A Petrobras alcançou em dezembro três novos recordes de produção de petróleo no Brasil: média mensal, anual e diária. A média mensal recorde de dezembro deverá ficar em torno de 2 milhões e 120 mil barris por dia (bpd). O recorde anterior, obtido em abril deste ano, foi de 2 milhões e 33 mil bpd. Confirmado esse resultado, o volume produzido no mês será 6,7% superior à produção de dezembro de 2009 e 4,4% acima da produção de novembro deste ano. Além do recorde mensal, a empresa registrou mais um recorde diário. No dia 27 de dezembro a produção de petróleo chegou a 2 milhões e 256 mil barris. Com esses resultados, a companhia fecha 2010 com um patamar de produção superior a 2 milhões de barris por dia, o que configura, também, um novo recorde anual. Ao longo do mês de dezembro a estatal bateu sucessivos recordes diários de produção: no dia 4 foram extraídos, dos campos nacionais, 2.088.560 barris de petróleo diários (bpd); no dia 5 a produção foi de 2.117.321 bpd; em 13/12 chegou a 2.154.518 bpd e, no dia 24, atingiu 2.166.504 bpd.


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entrevista exclusiva Maurício Figueiredo, vice-presidente para a América Latina da americana Baker Hughes

A era do petróleo fácil

acabou Quem afirma isso é o baiano Maurício Figueiredo, vice-presidente para a América Latina da americana Baker Hughes, terceira maior companhia fornecedora mundial de equipamentos para perfuração e completação de poços. Com sede em Houston e no Brasil desde o final da década de 1960, a empresa, que opera em mais de 90 países, está atrás apenas da francesa Schlumberger e da conterrânea Halliburton. por Cassiano Viana Graduado em Engenharia Mecânica, Figueiredo, que está na companhia desde 1979 – a Baker foi praticamente seu primeiro emprego – tem conhecimento acumulado para falar da companhia no Brasil e sobre petróleo. Parceira antiga da Petrobras, a norte-americana vem, ao longo dos anos, aperfeiçoando cada vez mais seu aparato tecnológico tendo em vista a superação dos novos desafios. Em entrevista exclusiva à TN Petróleo, Figueiredo enumera os investimentos no Brasil, considerado estratégico para a Baker Hughes, e conta como a empresa contribuiu com a Petrobras na redução do tempo necessário para perfuração de um poço no campo de Tupi em até 37%. TN Petróleo – Fale um pouco da trajetória da Baker Hughes no Brasil. Maurício Figueiredo – A empresa está no Brasil desde o final da década de 1960, quando se fez representar pela Brasquip, cuja sede era em Salvador, Bahia. Em 1973, ela veio a adquirir a Brasquip, tomando a decisão de estar presente no Brasil, 14

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através da Hughes Tool Company, que já fornecia para o país equipamentos (brocas de perfuração e ferramentas de completação da Baker Oil Tools). Pouco tempo depois, em 1977, foi construída a fábrica em Salvador, em Porto Seco Pirajá. Em 1987, demos início à produção de bombas centrífugas submersas no Brasil. No final do mesmo ano, aconteceu a união da Baker Oil Tools com a Hughes Tool Company. O impacto dessa união foi evidentemente o crescimento da empresa e o ganho de tecnologia que veio associado: a empresa passou a atuar num segmento bem mais amplo da exploração e produção. No entanto, simultaneamente ocorreu a queda da atividade no Brasil. Por quê? O governo proibiu os contratos de risco que a Petrobras tinha com empresas como Shell, Total, Exxon e, como consequência disso, reduzimos as atividades de mais de cem para 15 sondas no Brasil. Ficaram apenas as sondas que eram da Petrobras

na época. Isso implicou uma queda dramática do mercado, que culminou com o fechamento da fábrica que nós tínhamos no país, em 1990. Tivemos de demitir muitos funcionários no Brasil, para ajustar a empresa ao tamanho do mercado. Mas claro que essa queda impactou toda a indústria no Brasil. Foi um verdadeiro retrocesso. E com a quebra do monopólio? Com a abertura do mercado, em 1997, a indústria voltou a crescer. No entanto, como tem sido dito, a era do petróleo fácil já acabou. Daí, a decisão acertada da Petrobras de acelerar o processo de aumento de produção de óleo e gás no país. A tendência é de que, a produção atual em queda (dos campos existentes) e o consumo crescente de petróleo, principalmente nos países em desenvolvimento, representam um grande desafio. Com a maturidade dos campos de petróleo em todo o mundo, a expectativa é de que até 2030, a produção vai sofrer uma perda de até 70% do que é produzido hoje nestes campos. Daí a necessidade de se apressar a produção de novas descobertas como o pré-sal.


Fotos: Ricardo Almeida

Os investimentos de E&P no Brasil saíram da ordem de pouco mais de US$ 3 bilhões aos níveis atuais de US$ 15 bilhões. Esse crescimento foi extremamente acentuado. Avaliamos que esses níveis de investimento só tendem a crescer, sobretudo a partir de 2013.

Que deixam o Brasil em posição estratégicamente muito confortavel.

manda crescente e aumentar o nosso conteúdo local em produtos.

Quais os principais marcos (grandes contratos, por exemplo) da Baker Hughes no país? Eu diria que a Baker passou por algumas fases importantes, mas o marco principal da companhia, o mais recente, foi a partir de 2004, quando a matriz definiu o Brasil como uma das suas áreas estratégicas de investimento. E desde então temos investido fortemente no Brasil, em contratações e construção de infraestrutura para atender um mercado que a gente previa que iria crescer com rapidez. Desde 2005 a Baker Hughes cresceu 385% no Brasil. Voltamos a investir em fábricas no país para atender à de-

O que vocês fizeram? Os planos são de expansão da unidade hoje em construção em Macaé (RJ). Lá está sendo construído um complexo que terá, além da fábrica de brocas e ferramentas, um centro de reparo e manutenção, e um centro para a área de tubulares. O investimento total deve estar próximo de US$ 50 milhões. A inauguração da fábrica, já com o maquinário, deverá acontecer em até abril ou maio do ano que vem. A capacidade será de fabricação de até cem brocas e até 70 ferramentas diariamente. Qual a expectativa para os próximos dez anos?

Os investimentos de E&P no Brasil saíram da ordem de pouco mais de US$ 3 bilhões aos níveis atuais de US$ 15 bilhões. Esse crescimento foi extremamente acentuado. Avaliamos que esses níveis de investimento só tendem a crescer, sobretudo a partir de 2013, quando terá início em escala acelerada o desenvolvimento nos campos do pré-sal. O quanto a crise econômica afetou o desenvolvimento da companhia? No Brasil, a crise econômica não afetou em nada a Baker Hughes. Eu diria até que teve uma repercussão mínima. O impacto maior na atividade em nível mundial é decorrente do acidente que a indústria viveu no poço de Macondo, no Golfo do México. TN Petróleo 75

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entrevista exclusiva

a Baker Hughes está investindo cerca de US$ 30 milhões em um centro de tecnologia voltado para os desafios do pré-sal, no Rio de Janeiro.

Este acontecimento impactou todos os segmentos da indústria de petróleo, desde a imagem perante a sociedade a consequências econômicas do acidente. Ninguém saiu ileso dele. O que mudou com a compra da BJ Services, em 2009, e com a compra de diversas empresas na área de reservatório? A Baker foi muito beneficiada com a crise econômica por estar muito capitalizada quando ela ocorreu. E isso lhe deu a oportunidade de fazer muitas aquisições que fortaleceram sua posição no segmento em que atua. A BH é uma empresa genuinamente de E&P e aproveitou esse momento para reforçar a posição em alguns segmentos como a área de reservatórios e bombeio. A Baker adquiriu empresas como a Epic Consulting Services, a Gaffney, Cline, a GeoMechanics International (GMI) a RDS e a Jewel Suite, todas na área de reservatórios. Essas aquisições lhe conferiram uma posição de destaque na área de reservatórios. E a aquisição da BJ veio para complementar um gap que tínhamos na área de pumping. Com isso, estamos em praticamente todos os segmentos da área de serviços e produtos para E&P. Estrategicamente muito bem posicionada para competir nesse cenário que se desenha no Brasil com o desenvolvimento dos campos do pré-sal. 16

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Falando em tecnologia, quais os carros-chefes da empresa no Brasil? Podemos destacar o trabalho que a Baker vem desenvolvendo com a Petrobras na busca de ganho de eficiência para perfuração dos poços do pré-sal. A Baker introduziu nesse cenário algumas tecnologia como o (sistema de perfuração) TruTrak, o (sistema de monitoramento de perfuração em tempo real) Copilot, que é outra tecnologia introduzida no Brasil recentemente, as ferramentas de ressonância magnética. Essas tecnologias aliam-se a uma tecnologia de broca de perfuração chamada Quantec, e geraram ganhos importantíssimos para a Petrobras na eficiência da perfuração no pré-sal. Somos ainda a única empresa a oferecer a ferramenta MaxCore que produz testemunhos laterais de grande volume (três vezes maior que as ferramentas convencionais). Qual o impacto do pré-sal no desenvolvimento tecnológico? Como vislumbramos essa necessidade por novas tecnologias desde o início de 2008, tudo está acontecendo em ritmo razoável. É sempre corrido, mas nada emergencial. Tivemos um primeiro fórum de tecnologia com a Petrobras para entender os desafios e alinhar nossa área de pesquisa e

desenvolvimento em Agosto de 2008. Ou seja, estamos falando de dois anos atrás, quando iniciamos os trabalhos para ajudar a indústria e principalmente a Petrobras a superar os desafios do pré-sal. Foi o primeiro grande workshop promovido por empresas parceiras? Esse workshop foi um marco no estudo dos principais desafios do présal. O fato de termos iniciado isso com antecedência nos ajudou a focar nesses desafios e perceber que precisávamos de um centro tecnológico aqui no Brasil, para facilitar a parceria com a Petrobras e com as universidades locais. A Baker Hughes também colaborou com a Petrobras na perfuração de um poço no campo de Tupi, reduzindo o tempo de perfuração em 37%. Para seguir gerando ganhos deste tipo para os nossos parceiros, a empresa está investindo cerca de US$ 30 milhões em um centro de tecnologia com principal foco para os desafios do pré-sal, no Rio de Janeiro. Quais são os investimentos hoje da BH no Brasil em P&D em termos de parceria tecnológica? Além do centro tecnológico no Fundão, estamos montando um centro de testes para bombeio centrífugo submerso, além de um centro de excelência para produtos químicos, ambos em Macaé. Hoje estamos desenvolvendo nossos produtos químicos aqui no Brasil. A ideia é fortalecer este segmento, principalmente na área de fluidos de perfuração e fluxo de produção (flow assurance). São várias iniciativas simultâneas, além de uma fábrica de brocas – já em construção –, todas em Macaé, com previsão de inauguração para abril ou maio de 2011. O centro de testes, que deve estar funcionando entre dezembro desse ano e janeiro do ano que vem, será o único da Baker Hughes fora dos Estados Unidos e o único na América Latina.


a era do petróleo fácil acabou

Qual a importância da parceria e acordos tecnológicos dos centros de P&D da Baker Hughes com instituições acadêmicas locais, como Coppe/UFRJ e Poli/USP? Além da parceria com a Petrobras e de projetos conjuntos em desenvolvimento, temos parcerias, projetos em andamento com a PUC/RJ, a Unicamp e a UFRJ. São projetos distintos. Com a Unicamp são projetos na área de reservatório; com a PUC, projeto na área de construção de poços e com a UFRJ. Além do centro, estamos dando suporte à montagem de um laboratório de última geração para testes de brocas de perfuração.

sileiro. O que isso representou para a empresa? Esse foi um passo importante na consolidação do Brasil como polo produtor de tecnologia. A Baker já atua no mercado brasileiro há cerca de 40 anos e agora a empresa norte-americana alavancará seus investimentos na área de desenvolvimento de tecnologias no Brasil, tendo como foco as demandas da Petrobras e das demais parceiras. A assinatura desse memorando é um marco importantíssimo no relacionamento com a Petrobras. Ele alavancará investimentos no Brasil e transferirá tecnologia, garantindo a manutenção de conhecimento no país. O acordo resultará na contratação de cientistas dentro e fora do país e contribuirá para o crescimento do conteúdo local dos produtos e serviços da Baker Hughes. Contribuirá, ainda, para priorizar o desenvolvimento de tecnologias da empresa para atender às necessidades específicas da indústria local.

Qual o investimento previsto nesse projeto? O investimento estimado para os próximos quatro anos será de R$ 32 milhões para a Petrobras e de R$ 56 milhões para a Baker Hughes. A iniciativa prevê, também, o envolvimento das universidades de Campinas (Unicamp), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), localizada em Macaé, que atuarão em parceria. O Centro de Tecnologias funcionará como um polo de desenvolvimento e aplicação de tecnologias e atuará nas áreas de caracterização de reservatórios, otimização da perfuração, completação de poços e produção. O foco do trabalho a ser desenvolvido estará voltado para a redução de custos de construção e avaliação de poços em águas profundas e para a otimização da produção e do fator de recuperação dos reservatórios, com a gradativa evolução do conhecimento.

Baker Hughes: mais de US$ 250 milhões no Brasil

ração e completação, a empresa decidiu duplicar sua base em Lagomar, Macaé, e construir um poço de testes para BCS (único na América Latina), além de uma nova base e laboratórios para centralizar operações com produtos químicos e um complexo no qual abrigará uma fábrica de brocas de perfuração, operações de completação e operações da BJ Services. Por fim, após identificar os incontáveis desafios tecnológicos resultantes das atividades no pré-sal, decidiu, em 2009, construir um Centro Tecnológico no parque da UFRJ, com foco principal na construção de poços e maximização da produção dos campos do pré-sal. Assim, a Baker Hughes investiu no Brasil mais de U$ 250 milhões nos últimos três anos e planeja investir mais de U$ 100 milhões em 2011. Conta hoje com cerca de dois mil funcionários e detém a liderança de mercado na maioria dos segmentos em que atua no Brasil. A previsão de faturamento da Baker Hughes para 2010 é de US$ 13 bilhões e os negócios no Brasil representam cerca de 5% desse valor.

Em julho do ano passado, foi assinado, com a Petrobras, acordo de cooperação tecnológica voltado para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para as áreas de poço, reservatórios e elevação e escoamento de petróleo, com foco nos projetos do pré-sal bra-

Terceira maior companhia fornecedora mundial de equipamentos para perfuração e completação de poços, atrás apenas da Schlumberger e da Halliburton, seus principais concorrentes, a Baker Hughes, com sede em Houston (EUA), opera em mais de 90 países. A norte-americana está no Brasil desde o final da década de 1960, quando se fez representada aqui pela Brasquip, cuja sede era em Salvador (BA). Em 1973, adquiriu a Brasquip e decidiu estar presente no Brasil através da Hughes Tool Company, que já fornecia para o país equipamentos (brocas de perfuração e ferramentas de completação da Baker Oil Tools). Pouco tempo depois, em 1977, foi construída a nova fábrica em Salvador, em Porto Seco Pirajá. Em 1987, teve início a produção de bombas centrífugas submersas no Brasil. No final do mesmo ano, aconteceu a união da Baker Oil Tools com a Hughes Tool Company, formando a Baker Hughes Inc.

Projeto do Centro Tecnológico na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro

No final da década de 1980, foram fechadas duas fábricas devido à queda de atividades no Brasil: uma em São Paulo e uma na Bahia, nas quais eram fabricadas brocas de perfuração, ferramentas de completação e bombas centrifugas submersas. Com a abertura de mercado no final da década de 1990 e o consequente crescimento da atividade, a Baker Hughes estabeleceu o Brasil como um foco de investimentos e construiu uma grande base em Macaé (RJ), em 2005, de onde dá suporte à sua atividade de perfuração, avaliação de formações, BCS e completação. Após numerosas conquistas nos últimos cinco anos, nas áreas de perfu-

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retrospectiva 2010

2010

O ano de 2010 foi acidentado, não só no sentido de acontecimentos infelizes, mas também pausas, alterações, acasos, acontecimentos imprevistos. Tanto, que o presidente americano Barack Obama afirmou que o vazamento da Deepwater Horizon, no Golfo do México, é o ‘11 de Setembro’ do meio ambiente e da indústria do petróleo mundial. 18

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por Cassiano Viana


Um ano incomum

N

o Brasil, tivemos de esperar o Plano de Negócios da Petrobras, divulgado com vários meses de atraso e conviver com temas como capitalização, cessão onerosa, Petro-sal, eleições, discussões sobre royalties etc. Também foi mais um ano sem Rodada de Licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Por outro lado, foram anunciados vários investimentos em

Pesquisa & Desenvolvimento no país, vindos de empresas como GE, TenarisConfab, FMC, Repsol e Schlumberger. Além disso, tivemos a bem-vinda ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e a aprovação do Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) para infraestrutura laboratorial para o pré-sal, cujos projetos do CTDUT (Centro de Tecnologia de Dutos) e IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) foram os principais contemplados.

Em compasso de espera – Passado pouco mais de um ano da mais profunda crise econômica desde a Grande Depressão, a economia global parecia, em janeiro, ingressar em uma fase de recuperação. “O Brasil se mostrou no caminho certo, por meio de sua política econômica e monetária profissional e confiável, fazendo com que tenhamos perspectivas animadoras TN Petróleo 75

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Foto: Agência Petrobras

retrospectiva 2010

para 2010”, avaliou, em janeiro, Bernardo Moreira, sócio responsável pelo setor de petróleo e gás da KPMG no Brasil. Em fevereiro, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa confirmou o que muitos já pressentiam: divulgação do Plano de Investimentos para o período de 2010- 2014 só mesmo após a aprovação do novo marco regulatório. “Não faz sentido algum aprovar um plano se estamos prestes a fazer uma capitalização do porte previsto no novo marco. Isso muda tudo”, afirmou. Schlumberger incorpora Smith – Em janeiro, a Schlumberger, maior grupo da área de serviços para o setor de óleo e gás, assumiu o controle da norte-americana Smith International, num acordo de ações de US$ 12,4 bilhões. A aquisição reforçou a posição da Schlumberger em uma das raras áreas do setor na qual ainda não tinha maior presença: a de brocas de perfuração. E ainda assegura o controle da M-I Swaco, as operações de fluidos de perfuração, compartilhadas pelas duas companhias desde 1999. GE anuncia centro global de pesquisas no Brasil – No mesmo mês, 20

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Foto: Agência Petrobras

29/1 – Inauguração do Gasoduto Paulínia/SP-Jacutinga/MG

Jeff Immelt, o CEO mundial da General Electric (GE), anunciou que o Brasil seria a sede do próximo centro global de pesquisa da companhia. Immelt fez o anúncio em São Paulo, durante uma visita de três dias ao país no qual também deveria ter reuniões com clientes e políticos (Brasília e Rio de Janeiro). A companhia detalhou ainda seus planos de investimento operacionais para 2010, com uma injeção de US$ 118 milhões, que excluíam o novo laboratório. Início das obras da refinaria Premium I, no Maranhão – Com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a Petrobras realizou, no dia 15 de janeiro, no Maranhão, a cerimônia de lançamento da pedra fundamental e início das obras da Refinaria Premium I. A Refinaria Premium I, a ser implantada no município de Ba-

cabeira (MA), a 60 km do futuro terminal de São Luís, será uma das quatro novas unidades de refino da Petrobras no Nordeste. O projeto visa a aumentar a produção nacional e facilitar a distribuição regional de derivados combustíveis de alta qualidade, como óleo diesel, querosene de aviação (QAV), nafta petroquímica, gás liquefeito de petróleo (GLP), bunker (combustível para navios) e coque. Produção de petróleo aumentou 6,3% em 2009 – Em janeiro, foi anunciado que a produção média de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil em 2009 foi de 2.287.457 barris de óleo equivalente (boe), indicando um crescimento de 5,1% sobre o volume produzido em 2008 – de 2.175.896 barris/dia. A produção exclusiva de petróleo atingiu a média diária de 1.970.811 barris, com um aumento de 6,3% sobre 2008, cuja média chegou a 1.854.655 barris/dia. O volume de gás natural produzido pela empresa no país foi de 50 milhões 343 mil m³/dia, mantendo-se nos mesmos níveis da produção de 2008, como consequência da retração da demanda no Brasil. No mesmo mês, a Petrobras informou que exerceu o direito de preferência para aquisição dos 50% de participação da Devon Energy Corporation (Devon) no campo de Cascade, localizado no Golfo do México. Como resultado, a estatal passou a deter 100% de participação no Campo de Cascade. Gasoduto Paulínia/SP-Jacutinga/ MG – No final de janeiro, a Petrobras inaugurou o Gasoduto Paulínia/ SP-Jacutinga/MG. Com capacidade de transporte de 5 milhões m³/dia e 93 km de extensão, este é o primeiro gasoduto para atendimento a Minas Gerais depois da entrada em operação do Gasbel I, em 1994.


P-61 – Ainda em janeiro, a Petrobras assinou com a Floatec, joint venture formada pela Keppel Fels e J. Ray McDermott, para a construção da plataforma P-61. A unidade do tipo TLWP (Tension Leg Wellhead Platform) será construída no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. Modelo utilizado no Golfo do México (EUA), a P-61 será a primeira plataforma do tipo TLWP construída no Brasil. A unidade será instalada no campo de Papa-terra, sul da Bacia de Campos, com o primeiro óleo previsto para 2013. Gasduc III – Assegurando mais robustez à malha de transporte de gás natural do país, que desde 2003 dobrou de tamanho de 5 mil km para 10 mil km, a Petro-

Foto: Cortesia Atlantia ponto com

um ano incomum

31/01 – Keppel Fels e J. Ray McDermott vencem a concorrência para construção da P-61 bras inaugurou, no início de fevereiro, o gasoduto Cabiúnas-Reduc III (Gasduc III), maior gasoduto em diâmetro da América do Sul, com 38 polegadas (equivalente a 96,5 cm) e com a maior capacidade de transporte entre os gasodutos brasileiros (40 milhões de m³/dia). Com 179 km de extensão, o gasoduto teve investimentos de R$ 2,54 bilhões provenientes do

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e foi construído em um túnel de 3.758 m de extensão, maior que o túnel Rebouças, no Rio de Janeiro (com 2.840 m). O Gasduc III irá aumentar a flexibilidade na oferta e a capacidade de transporte para atender o mercado do Sudeste, no qual há o maior consumo de gás natural do país. Além disso, o gasoduto vai permitir o crescimento da oferta para o mercado não termelétrico. Shell e Cosan assinam acordo para criação de joint venture no Brasil – No início de fevereiro, a Shell International Petroleum Company Limited (Shell) e a Cosan S/A (Cosan) anunciaram a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) não vinculante, com o objetivo de criar uma joint venture (JV) no valor de quase US$ 12 bilhões no Brasil, para a produção de eta-


Linha do Tempo

Foto: Cortesia OGX

Janeiro 5 – Pela primeira vez desde a crise, o consumo de energia elétrica tem variação positiva. 7 – GE anuncia centro global de pesquisas no Brasil. Tyco anuncia aquisição do Grupo Hiter e Válvulas Crosby. 12 – OGX anuncia presença de hidrocarbonetos na seção eocênica do poço OGX-4.

Foto: Cortesia Braskem

retrospectiva 2010

Foto: Agência Petrobras

14 – Lula inicia obras da refinaria Premium I, no Maranhão. 21 – Produção de petróleo no país aumentou 6,3% em 2009. 25 – Petrobras amplia participação na Braskem. 27 – Petrobras é a quarta empresa de energia do mundo segundo a PFC Energy.

28 – Petrobras adquire participação no campo de Cascade. Petrobras inaugura Gasoduto Paulínia/SP-Jacutinga/MG.

Foto: Stock.xcng

Fevereiro 1 – Shell e Cosan assinam acordo para criação de joint venture de biocombustível no Brasil.

10 – Petrobras inaugura gasoduto Cabiúnas-Reduc III (Gasduc III).

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03/03 – Braskem informa ao mercado lucro líquido de R$ 917 milhões, em 2009 nol, açúcar e energia e suprimento, distribuição e comercialização de combustíveis. Novas acumulações na Bacia de Campos – A Petrobras informou que, com a perfuração de um único poço (6-BR-63A-RJS) descobriu duas novas acumulações de petróleo em reservatórios localizados na Bacia de Campos, uma no pós-sal e outra no pré-sal. O poço exploratório foi perfurado na área de concessão de produção de Barracuda, a cerca de 100 km do litoral do estado do Rio de Janeiro, em águas com profundidade de 860 m. A Petrobras já tem estrutura de produção e escoamento instalada na área. Uma das acumulações descobertas foi em reservatórios carbonáticos do pré-sal e está localizada a 4.340 m de profundidade. Estimativas preliminares indicam a presença de petróleo leve (28º API), com volumes recuperáveis de, aproximadamente, 40 milhões de barris, em reservatórios com

boa produtividade, confirmada pelos testes realizados. A outra descoberta, também no poço 6-BR-63A-RJS, foi uma acumulação de petróleo em reservatórios arenosos do pós-sal, que já apresentam histórico de produção na área de Barracuda. Estima-se que o volume de óleo recuperável nessa acumulação seja de 25 milhões de barris. Braskem obtém lucro líquido de R$ 917 milhões – No dia 3 de março, a Braskem informou ao mercado que obteve em 2009 lucro líquido de R$ 917 milhões, contra prejuízo de R$ 2,457 bilhões em 2008. “Ainda que a adesão ao Refis tenha impactado negativamente o lucro líquido no quarto trimestre de 2009, o bom desempenho operacional e a apreciação do real perante o dólar proporcionaram a recuperação dos resultados da companhia”,


um ano incomum

diz a administração, no relatório de desempenho. Aker Solutions ganha importante contrato para dois FPSOs no Brasil – Ainda em março, a Aker Solutions assinou um importante contrato com a Petrobras para o fornecimento de unidades de remoção de sulfato (SRU) para os FPSOs P-58 e P-62, que irão operar na costa brasileira (valor do contrato: USD 41 milhões). O escopo do trabalho inclui o fornecimento de dois sistemas de remoção de sulfato, além de equipamentos associados. Os sistemas topside de SRU serão instalados nos processos da P-58 e P-62. BP adquire ativos da Devon no Brasil – No dia 11 de março, a BP anunciou uma transação que irá resultar em um importante posi-

cionamento exploratório em águas profundas no litoral brasileiro, reforçando significativamente seu núcleo em áreas estrangeiras. Através de um amplo acordo, a BP pagará à Devon Energy, em dinheiro, US$ 7 bilhões por seus ativos no Brasil, Azerbaijão e em águas profundas do Golfo do México (EUA). Após a conclusão da transação (que ainda não foi aprovada), os funcionários da Devon no Brasil passarão a fazer parte da BP. OGX planeja investimentos de US$ 3 bilhões até 2013 – Ainda em março, a OGX informou que encerrou o ano de 2009 com investimentos totais de R$ 639 milhões. Esse valor compreende os gastos efetuados na execução da campanha sísmica 3D (R$ 77 milhões), considerando as etapas de aquisição, processamento e

interpretação dos dados nas bacias de Campos, Santos, Espírito Santo, Pará-Maranhão e do Parnaíba, e, principalmente, da robusta campanha de perfuração, iniciada no segundo semestre de 2009 (R$ 562 milhões). Para a execução de seu plano de negócios, ao longo dos próximos quatro anos (2010-2013), a OGX prevê um investimento de cerca de US$ 3 bilhões na perfuração de poços. Esse número é superior aos US$ 2 bilhões estimados de início, por conta dos novos volumes certificados pela consultoria DeGolyer & MacNaughton (D&M), que acabaram demandando uma intensificação da campanha exploratória de 51 para 79 poços até 2013. A companhia mantém ainda a previsão de US$ 1 bilhão no desenvolvimento da produção inicial da Bacia de Campos.


11 – Petrobras descobre petróleo em águas rasas na Bacia de Campos. 25 – Petrobras descobre duas novas acumulações de petróleo na Bacia de Campos.

Foto: Cortesia Comperj

Março 2 – Petrobras reinicia atividades operacionais na Reduc. 3 – Braskem obtém lucro líquido de R$ 917 milhões. 8 – Aker Solutions ganha importante contrato para FPSOs P-58 e P-62. 9 – Assinatura de contratos para implementação do Comperj.

Foto: Agência Petrobras

11 – BP adquire ativos da Devon no Brasil.

Foto: Agência Petrobras

15 – OGX planeja investimentos de US$ 3 bilhões até 2013. 17 – Shell e Cosan definem proposta para a joint venture. 17 – Agência Nacional de Hidrocarburos promove road show no Rio de Janeiro. 22 – Petrobras comemora primeiro óleo de Tiro e Sídon na Bacia de Santos. 24 – Teste em Tupi comprova alta produtividade. 25 – Revap celebra 30 anos de existência. 26 – Inauguração do Gasoduto da Integração Sudeste Nordeste (Gasene).

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Foto: Agência Petrobras

retrospectiva 2010

Primeiro óleo de Tiro e Sídon – A Petrobras comemorou, no dia 22 de março, a bordo da plataforma semissubmersível SS-11 Atlantic Zephyr, e em evento no Hotel Sandri, em Itajaí (SC), o primeiro óleo extraído das acumulações de petróleo de Tiro e Sídon, na Bacia de Santos. Esse projeto dará continuidade ao desenvolvimento das jazidas do Polo Sul da Bacia de Santos. Além do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e do diretor de Exploração e Produção da companhia, Guilherme Estrella, participam das solenidades o secretário especial de Articulação Internacional de Santa Catarina, Vinícius Lummertz, representando o governador do estado; o prefeito de Itajaí, Jandir Bellini; a senadora Ideli Salvatti, e outros gerentes da Petrobras e convidados. Paralelamente a essas comemorações, aconteceu o batismo da SS11, que operará no Teste de Longa Duração (TLD) das áreas de Tiro e Sídon. A madrinha da plataforma foi a sra. Cristina Maria Teixeira Leite, técnica de contabilidade sênior da Petrobras. O TLD, que produzirá cerca de 10 mil barris de petróleo por dia, tem o objetivo de testar o comportamento dos reservatórios daquelas áreas, que foram descobertas, respectivamente, em julho e setembro de 2008. Tupi comprova alta produtividade – Menos de 24 horas depois,

22/03 – Produção do primeiro óleo de Tiro e Sídon na Bacia de Santos

a Petrobras comunicava que os testes de formação no poço 3-RJS662A (3-BRSA-755A-RJS), localizado na Área de Avaliação de Tupi, em águas ultraprofundas da Bacia de Santos, haviam sido concluídos, constatando uma altíssima produtividade dos reservatórios carbonáticos do pré-sal nesta área. Nos testes de formação realizados foram medidas vazões da ordem de 5 mil barris por dia de óleo leve (cerca de 28º API), limitada à capacidade dos equipamentos de teste. O potencial de produção deste poço foi estimado em cerca de 30.000 barris/dia, comprovando a alta capacidade de produção de petróleo leve na área de Tupi, antes constatada por outros poços testados na área. O poço testado, que corresponde ao quarto perfurado em Tupi e cuja perfuração terminou em novembro de 2009, localizase em área de avaliação no bloco BM-S-11, em profundidade de 2.115 m, a cerca de 265 km da costa do estado do Rio de Janeiro e 18 km a nordeste do poço descobridor 1-RJS-628A (1-BRSA369A), conhecido como Tupi. O consórcio, formado pela Petrobras (65%, operadora), BG Group (25%) e Galp (10%), dará continuidade às atividades e investimentos necessários para a avaliação das jazidas em Tupi, com a perfuração de novos poços até a Declaração


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retrospectiva 2010

Foto: Agência Petrobras

8 – Novo poço confirma potencial de petróleo leve em Tupi. 13 – OGX anuncia presença de hidrocarbonetos na seção eocênica do poço OGX-9DB. 14 – Petrobras adquire participação na Austrália. 15 – Keppel compra estaleiro TWB. 16 – Radix Engenharia e Software chegam ao mercado com previsão de faturar R$ 20 milhões em venda em um ano. 20 – A plataforma Deepwater Horizon, da Transocean, utilizada pela BP, explode no Golfo do México e mata 11 pessoas. Começa o maior acidente ambiental de petróleo no Golfo do México, e um dos maiores do mundo nos últimos 30 anos. 27 – Poço 2-ANP-1-RJS comprova existência de óleo leve no pré-sal da Bacia de Santos (Iara). 30 – Mancha de óleo atinge costa da Louisiana. Petrobras inicia processo de contratação para plataformas do pré-sal. Maio 3 – Começa, em Houston, OTC 2010. BP perfura poço auxiliar para conter vazamento de óleo.

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24/03 – Comemoração dos 30 anos da Refinaria Henrique Lage (Revap)

Foto: Agência Petrobras

Abril 1 – Brasil e China devem ampliar cooperação no setor de petróleo e gás. 5 – Transpetro, Estaleiro Eisa e BNDES assinam contrato de financiamento para mais quatro Panamax do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). Holanda inaugura, no Rio de Janeiro, escritório de Agência da Indústria Naval. 6 – Petrobras bate recorde de exportação de petróleo.

de Comercialidade, prevista para dezembro de 2010. 30 anos da Revap – A Refinaria Henrique Lage (Revap), comemorou em março os 30 anos de existência da Petrobras na cidade de São José dos Campos (SP), na região do Vale do Paraíba. Atualmente a Revap responde, sobretudo, pelo abastecimento de derivados de petróleo do mercado paulista, sul de minas, sul fluminense e o centro-oeste do país. Para celebrar os 30 anos, a refinaria preparou uma série de atividades destinadas aos empregados, comunidade localizada no entorno da unidade e demais moradores da cidade de São José dos Campos. As comemorações foram marcadas pela nova fase da refinaria. A obra de modernização de sua planta industrial está em pleno andamento, com 80% das obras já finalizados. Com um investimento da ordem de US$ 3 bilhões, a refinaria está trabalhando para a conclusão das obras em 2011. Novas unidades serão construídas com objetivo de oferecer ao Brasil energia de qualidade, ambientalmente limpa, com segurança e sem dependência externa. Com a modernização, o faturamento da refinaria deverá aumentar em 6,5% e a arrecadação do ICMS em 15%, já que a unidade estará adaptada para

processar, percentualmente, maior volume de petróleo nacional e produzir derivados ambientalmente mais adequados, de alta qualidade e maior valor agregado. Transpetro, Estaleiro Eisa e BNDES assinam contrato de financiamento para mais quatro navios – No final de março, a Transpetro, o Estaleiro Eisa e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram os contratos de financiamento para a construção de quatro navios do tipo Panamax do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). A partir destas assinaturas, o Eisa dará início na próxima semana à execução dos contratos, no valor global de R$ 856 milhões, para construir os quatro navios. A entrega do primeiro Panamax, com 70 mil toneladas de porte bruto e 500 mil barris de capacidade de carga, deve acontecer até o final de 2012. As demais embarcações serão entregues ao longo de 2013. Na construção dos navios, está prevista a geração de quatro mil novos empregos diretos. Dentro do Promef, este é o terceiro estaleiro a firmar a eficácia de seus contratos, o que permite a liberação dos recursos financiados. O Estaleiro Atlântico Sul (Suape, em Pernambuco) alcançou esse es-


um ano incomum

WILL

tágio em 15 navios contratados com a Transpetro e o Mauá (Niterói, no Rio), em outros quatro. Holanda – Ser uma ponte entre as indústrias marítimas brasileira e holandesa, estimulando a parceria e a cooperação no setor naval, dando suporte ao levantamento e análise de informações sobre o mercado naval local é um dos principais objetivos do escritório brasileiro da Agência da Indústria Naval Holandesa (HMHB), inaugurado no início de abril. O ministro holandês dos Transportes, Obras Públicas e Manejo da Água, Camiel Eurling, inaugurou o escritório, em evento que contou com a participação do novo embaixador da Holanda no Brasil, Kees Rade, e de representantes de empresas associadas à Agência, do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e outros membros da diretoria do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), e ainda o presidente da Jaraguá Equipamentos Industriais, Cristian da Silva. O escritório irá também pesquisar empresas que buscam oportunidades de cooperação no Brasil e na Holanda, além de orientar seus associados sobre questões como conteúdo local

GARANTIAS CONTRATUAIS Foto: Cortesia EISA

31/03 – Assinado contrato para financiamento de construção de mais quatro navios para a Transpetro pelo Estaleiro Eisa

e outros aspectos relacionados ao mercado marítimo brasileiro.

Corretora de Seguros

Brasil e China – A cooperação entre o Brasil e a China nos setores de petróleo e gás e de biocombustíveis também deve ser ampliada nos próximos anos. A previsão foi feita pelo diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, durante sua visita à China a convite da Administração Nacional de Energia daquele país. A visita abriu novas perspectivas de cooperação bilateral em petróleo, gás natural e biocombustíveis às vésperas da visita do presidente da China ao Brasil, agendada para a segunda quinzena de abril. O diretor-geral da ANP viajou acompanhado pela diretora Magda Chambriard, e pelos superintendentes de Comunicação Institucional e de Planejamento e Pesquisa, além de um representante da Superintendência do Refino. OGX anuncia presença de hidrocarbonetos na seção eocênica do poço OGX-9DB – Em abril, a OGX comunicou que foi identificada a presença de hidrocarbonetos na seção eocênica do poço 3-OGX9DB-RJS, localizado no bloco BM-C-41, em águas rasas da parte sul da Bacia de Campos. Este é o primeiro poço delimitatório da acumulação de Vesúvio, descoberta pelo poço OGX-1, e também TN Petróleo 75

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retrospectiva 2010

Foto: Daniel Feijó Foto: Cortesia BP

10 – Petrobras assume estaleiro Ishibrás com o nome de Inhaúma. 11 – BP lança dispersante e prepara nova ação contra vazamento no Golfo. 11 – Shell encontra petróleo a 1.571 m no campo de Nautilus. 12 – BP, Transocean e Halliburton trocam acusações sobre maré negra. BP envia nova estrutura para conter vazamento no Golfo do México.

13 – ANP descobre segundo maior poço do pré-sal. 14 – OGX faz a maior descoberta em águas rasas. 17 – BP tem primeiro êxito em trabalhos para conter vazamento. 19 – BP espera recuperar dois mil barris diários de petróleo no Golfo do México. 24 – BP aceita pagar indenização de 60 milhões de euros pelo derrame no Golfo do México. 25 – BP tenta selar poço de petróleo danificado.

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trato, com validade de dois anos, é um consórcio entre a empresa, a Chemtec, empresa do grupo Siemens e a Exactum. Segundo Alexandre Kovacs, gerente de projetos da Kromav, este é o terceiro contrato da empresa com a Petrobras. “O primeiro foi formado pelo consórcio da Kromav com a Chemtech e a Aker, já o segundo e este agora são junto com a Exactum”, afirma. Ele ressalta que o atual contrato é válido para todas as unidades de negócios da Petrobras, tendo validade de dois anos e ainda podendo ser prorrogado por mais dois.

20/04 – Explosão da Deepwater Horizon, na costa da Louisiania, gera o maior desastre ambiental até então

Foto: Cortesia BP

4 – Maré negra: BP paga € 1.200 diários a voluntários. 5 – BP tapa um dos três vazamentos de óleo no Golfo do México. 6 – Petrobras ajuda BP na contenção do vazamento. 7 – Transpetro lança ao mar primeiro navio do Promef, no Estaleiro Atlântico Sul, batizado de João Cândido.

teve como objetivo reservatórios arenosos, de idade eocênica mas não atingidos pelo poço anterior. A OGX detém 100% de participação neste bloco. Keppel – A Keppel Offshore & Marine, de Cingapura, adquiriu, em abril, o Estaleiro TWB, localizado em Navegantes (SC), com a expectativa de ampliar as instalações e contar com uma capacidade anual para produzir pelo menos oito embarcações. Batizado como Keppel Singmarine Brasil, o novo estaleiro irá fabricar embarcações de apoio do tipo AHTS (Anchor Handling Tug Supply) e PSV (Platform Supply Vessels), para transporte de suprimentos e outros equipamentos às plataformas de petróleo e construir módulos para plataformas offshore. A Keppel pretende investir US$ 50 milhões na ampliação da unidade. Chow Yew Yuen, seu presidente nas Américas, assegura que o investimento visa reforçar a atuação do grupo no Brasil, além de complementar os serviços oferecidos pelo Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Kromav fecha mais um contrato com o Cenpes – A Kromav, especializada em projetos e serviços de engenharia, fechou em abril contrato com o Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobras), para o fornecimento de serviços técnicos para projetos básicos de engenharia do empreendimento. O con-

Deepwater Horizon – Localizada no Golfo do México, a cerca de 80 km da costa de Louisiana, a Deepwater Horizon explodiu no dia 20 de abril, matando 11 dos 126 trabalhadores presentes na unidade. O acidente, considerado um dos mais graves da indústria mundial offshore, devido ao vazamento contínuo de óleo, provocou a decretação do estado de emergência na Louisiana, contíguo ao Texas, além de Mississipi, Alabama e Miami. A BP reconheceu que a liberação de petróleo no mar ocorreu devido a uma falha no equipamento que veda o poço em caso de ruptura. Pro m ef – N o dia 3 de maio foi lançado ao mar o Almirante Negro, como foi chamado o marinheiro João Cândido Felisberto, líder da revolta da Chibata, que recebeu como monumento ‘as pedras pisadas do cais’ em O Mestre-sala


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dos Mares, de João Bosco e Aldir Blanc. A canção foi censurada pela ditadura militar e tornou-se o mais novo símbolo da retomada da indústria naval brasileira: o homenageado teve seu nome cunhado na proa do primeiro navio do programa de modernização e expansão da Frota da Transpetro (Promef), marcando também a conclusão da embarcação pioneira do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), fincado no porto de Suape, em Pernambuco. Com 274 m de comprimento, capacidade para armazenar o equivalente à metade da produção diária nacional, ele será utilizado, principalmente, para o transporte de longo curso (viagens internacionais). O navio Suezmax é a primeira embarcação de grande porte construída no Brasil entregue ao Sistema Petrobras em 13 anos. “A construção deste navio tem que ser levada a sério por nós.

É a autoafirmação de um povo”, afirmou o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, no lançamento do novo petroleiro, no início de maio. OTC 2010 – Realizada em Houston, no Texas (EUA), entre os dias 3 e 6 de maio, a OTC 2010 aconteceu cerca de duas semanas depois da explosão da Deepwater Horizon. A indústria de óleo e gás mostrava no maior evento mundial do setor que está aquecendo os motores, ainda que em meio a um dos maiores acidentes offshore do planeta e os efeitos prolongados da crise financeira internacional. Embora a questão do risco de acidentes tenha permeado discussões, o evento não perdeu seu foco: mostrar as novas tecnologias e tendências do setor, por meio de debates, palestras, painéis e coletivas de imprensa, além da ex-

posição, que reuniu mais de 2.400 empresas de 40 países. O pré-sal, que continuou sendo o fator mais atraente da indústria de óleo e gás das Américas, a capitalização da Petrobras e o novo marco regulatório dividiram as atenções na coletiva concedida pelo presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, e o da Petrobras America, Orlando Azevedo. Já o pavilhão Brasil cresceu em 50% e mudou de endereço: passou de 350 m² (2009) para 550 m², e a ocupar o espaço 1.117, na entrada do Reliant Center, próximo ao estande da Petrobras e outras grandes companhias globais. Integraram o pavilhão nada menos que 37 empresas dos mais diversos setores da cadeia produtiva da indústria de petróleo brasileira, além do IBP, Onip e da ANP. “O aumento do número de empresas no pavilhão demonstra o poten-


retrospectiva 2010

28 – Lançado ao mar primeiro portacontêiner construído no Brasil (Log In Jacarandá).

Foto: Cortesia MCS

TenarisConfab assina acordo tecnológico com a Coppe. Notícia de que o segundo poço da ANP pode conter mais de 4,5 bilhões de barris de petróleo. 4 – Petrobras faz nova descoberta no pré-sal do campo de Marlim. 9 – Opep dá sinal verde para o Brasil integrar a Organização. 10 – Para ANP, pré-sal pode ter 50 bilhões de barris. 15 – Petrobras inaugura Gasbel II. Vazamento da BP é o ‘11 de Setembro’ do meio ambiente, diz Obama. 17 – Petrobras prepara segunda etapa do programa de estímulo à indústria naval. 18 – BNDES financia a construção de 19 navios de apoio a plataformas de petróleo.

21 – BP estima vazamento de 100 mil barris por dia. Novo plano de negócios da Petrobras prevê investimentos de 224 bilhões de dólares.

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Foto: Banco de Imagens TN Petr[oleo

Foto: Cortesia BDEP

Junho 2 – Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP), da ANP, completa dez anos.

cial exportador dos fornecedores brasileiros e o interesse que despertam no comprador ou parceiro estrangeiro pelo Brasil, que é, atualmente, referência mundial do setor offshore de petróleo e gás”, avaliou o secretário executivo do IBP, Álvaro Teixeira. OTC Brasil – Para os brasileiros, a grande notícia foi a confirmação da realização, durante os dias 4 a 6 de outubro de 2011, no Rio de Janeiro, do primeiro encontro com a marca OTC no Brasil. Outras duas edições do evento, batizado Offshore Technology Conference Brasil (OTC BR) – já estão programadas para 2013 e 2015. “Este é o primeiro evento da OTC fora dos Estados Unidos. Há mais ou menos um ano, pensávamos onde estaria, nos próximos dez anos, a indústria de petróleo mundial e decidimos realizar estas duas conferências, uma no Brasil e outra sobre o Ártico, em fevereiro de 2011, aqui em Houston”, comentou Susan Cunningham, atual chairman da OTC.

03/05 – Tem início, em Houston, no Texas, a OTC 2010 ANP descobre segundo maior poço do pré-sal – A ANP informou, no dia 13 de maio, que descobriu 4,5 bilhões de barris de petróleo e gás no reservatório apelidado de Franco, perfurado no pré-sal da Bacia de Santos em área da União. O poço fica próximo ao Iara, encontrado pela Petrobras, e será usado na capitalização da estatal, se o projeto de lei que prevê a cessão onerosa de até 5 bilhões de barris for aprovado no Congresso. O volume de barris estimado pela ANP é o segundo maior nos reservatórios do pré-sal até agora. Menor apenas que Tupi, onde a Petrobras estima a existência de 5 bilhões a 8 bilhões de barris recuperáveis. Esse volume corresponde a 32% das reservas totais do Brasil, que somam 14 bilhões de barris de óleo equivalente (que expressa volumes de petróleo e gás em barris). Empresa de Eike faz a maior descoberta em águas rasas – No dia seguinte, a OGX informou que o bloco BM-C-41, na Bacia de Campos tem reservas recuperá-


um ano incomum

Nova descoberta no Campo de Caratinga – No dia 26 do mesmo mês, a Petrobras comunicou a descoberta de duas novas acumulações de petróleo leve (29º API) em reservatórios do pós e do pré-sal em águas profundas da Bacia de Campos, resultante da perfuração do poço 6-CRT-43-RJS, conhecido como Carimbé, localizado no Campo de Caratinga, a cerca de 106 km da costa do estado do Rio de Janeiro, em local onde a profundidade d’água é de 1.027 m. A acumulação descoberta nos reservatórios do pós-sal está a 3.950 m de profundidade no subsolo marinho. Estimativas preliminares indicam volumes recuperáveis de cerca de 105 milhões de barris de óleo equivalente. Porta-contêineres – Jacarandá é o nome do primeiro porta-contêiner brasileiro, lançado ao mar no dia 27 de maio, no Rio de Janeiro. Trata-se do primeiro do lote de cinco navios desse tipo e dois graneleiros que estão sendo construídos pela Eisa para a Log-In, integralmente financiados com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e tendo como agente financeiro o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na ocasião, foi realizado também o batimento de quilha do primeiro graneleiro da Log-In, que investiu cerca de R$ 1 bilhão na construção de navios. O último navio-contêiner brasileiro havia sido construído em 1995. Petrobras assume estaleiro Ishibrás – Ainda em maio, a Petrobras

assumiu a área do antigo estaleiro Ishibrás, no Caju, zona portuária da cidade do Rio de Janeiro. A informação foi dada pelo governador Sérgio Cabral, que participou do seminário sobre a indústria naval fluminense na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O governador revelou ainda a mudança de nome para Estaleiro Inhaúma – como era chamado antes de se tornar Ishibrás. TenarisConfab assina acordo com Coppe – Ainda em maio, a TenarisConfab assinou acordo de cooperação com a Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro) para a qualificação de tubos. O convênio global inclui dois acordos específicos que visam à utilização do Laboratório de Ensaios não Destrutivos (LNDC) para o desenvolvimento de soldas circunferenciais aplicadas a tubos submarinos de alta resistência (X70 e X80), e do Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) para o desenvolvimento de tubos soldados com alta resistência ao colapso aplicados em poços de petróleo (OCTG). Segundo poço da ANP pode conter mais de 4,5 bilhões de barris de petróleo – No dia 2 de junho o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, afirmou que o segundo poço perfurado para a cessão onerosa, dentro do processo de capitalização da Petrobras, na área do pré-sal da Bacia de Santos, seria “melhor que o primeiro” em termos de volume. A ANP já havia anunciado um megacampo de 4,5 milhões de barris na região. Inicialmente batizado de Franco, o primeiro poço da ANP fica

27/05 – Lançado, no Estaleiro Eisa, Jacarandá, o primeiro porta-contêiner brasileiro

Foto: Divulgação

veis de até 3,7 bilhões de barris. É o maior volume descoberto em águas rasas no país. A petrolífera concluiu a perfuração de dois poços no bloco, do qual detém 100% de participação.

distante apenas 41 km do campo de Iara, onde a operadora Petrobras estimou reservas de 3 a 4 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). Lima comentou que a ANP espera que a certificação das reservas no prospecto de Franco esteja pronta até o final do mês de outubro. Petrobras faz nova descoberta no pré-sal do campo de Marlim – No dia 4 de junho, a Petrobras anunciou descoberta de nova acumulação de petróleo leve (29º API) no pré-sal da Bacia de Campos, em profundidade de água de 648 m, no campo de Marlim. A descoberta foi resultado da perfuração do prospecto exploratório conhecido como Brava, realizada através do poço 6-MRL199D-RJS, localizado a 170 km da cidade de Macaé (RJ). A acumulação descoberta nos reservatórios carbonáticos encontra-se a 4.460 m de profundidade total. Foram perfurados cerca de 5.000 m, dos quais 1.000 m de sal, para atingir o reservatório. Estimativas preliminares apontam para volumes recuperáveis potenciais em torno de 380 milhões TN Petróleo 75

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Foto: Cortesia FMC

Julho 1 – Estaleiro Promar promete construir navios gaseiros do Promef em Pernambuco. 6 – MPX inicia exploração em poço maranhense. FMC e UFRJ assinam acordo para Centro de Tecnologia no Parque Tecnológico do Rio.

Foto: Silvio Aurichio

8 – Plenário do Senado aprova criação da Pré-Sal Petróleo S.A. 9 – Petrobras bate recorde de processamento de refino.

Transpetro e Promar assinam contrato para a construção de oito navios gaseiros. 14 – Ibama autoriza Petrobras a ampliar exploração na Bacia de Santos. 15 – Petrobras inicia produção no pré-sal do Espírito Santo. BP afirma ter conseguido interromper vazamento de óleo. 19 – Devon anuncia indício de petróleo na Bacia de Campos. Acidente na China despeja 1,5 mil toneladas de óleo no mar. 21 – BP anuncia venda de US$ 7 bilhões em ativos à Apache. 23 – BP suspende atividades na área do acidente por ameaça de tempestade.

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21/06 – Petrobras anuncia o seu PN 2010-2014 de barris de óleo equivalente. Está prevista a realização de testes para avaliar a produtividade desses reservatórios. A descoberta está localizada em área próxima à infraestrutura instalada dos campos de Marlim e Voador, sendo que o poço descobridor está situado a 4,5 km de distância da plataforma P-27, o que deverá facilitar o desenvolvimento do campo, reduzir o prazo necessário para o início da produção e diminuir os investimentos. Enfim, o Plano de Negócios – A Petrobras manteve seu plano de investimentos bem próximo do volume que havia sido anunciado em março, sendo que projetos no Brasil consumirão a maior fatia – US$ 212,3 bilhões – do volume total de recursos, cabendo aos empreendimentos da estatal no exterior 5% – US$ 11,7 bilhões. O volume anunciado, em torno de 20% superior ao PN 2009-2013, representa uma média de investimentos de US$ 44,8 bilhões por ano. Como era de se esperar, a área de exploração e produção (E&P) receberá mais da metade dos investimentos previstos pelo Plano de Negócios da Petrobras para o período de 2010 a 2014 (PN 2010-2014): ficará com US$ 118,8 bilhões, que representa 53% do total de US$ 224 bilhões de

Foto: Agência Petrobras

23 – Descoberta de indícios de petróleo no pré-sal em Albacora Leste. 25 – Presidente da Petrobras participa de evento na ONU.

recursos que serão alocados para projetos no Brasil e no exterior. O montante é 14% superior aos investimentos estimados no plano anterior (2009-2014). A segunda maior receita ficou com a área de abastecimento (que engloba, além de refino, transporte e comercialização) e esta vai receber US$ 73,6 bilhões, equivalentes a cerca de 33% do total. Os investimentos em novos projetos somam US$ 31,6 bilhões (pouco mais de 14% do total), sendo que o E&P vai receber 62% (US$ 19,7 bilhões), ficando a área de gás e energia com 21% (US$ 6,5 bilhões) e o abastecimento, com 16% (US$ 5,1 bilhões). No PN 2010-2014, houve uma redução de US$ 17 bilhões de retirada e redefinição de outros projetos e foram agregados 155 novos empreendimentos. A meta de produção no Brasil e exterior para 2014 é de 3,907 milhões de barris de óleo equivalente por dia, o que corresponde a um crescimento anual de 9,4% nesses quatro anos, tomando como base o projetado para 2010, de 2,723 milhões de barris. Do total previsto para 2014, no Brasil serão extraídos 2,980 milhões de barris de petróleo, sendo 152 mil barris de reservas do pré-sal. Outros 623 mil barris serão de gás extraído no país e os 304 mil barris restantes,


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27 – “Plano Nacional de Contingência contra vazamento deve sair até setembro”, diz ministra de Meio Ambiente. 30 – Rio de Janeiro terá três novas siderúrgicas. Somadas a outros dois projetos já em andamento, deverão ser investidos R$ 20 bilhões no setor.

Foto: Agência Petrobras

Agosto 2 – Novos dados divulgados pelo governo americano indicam que o acidente da BP no Golfo do México despejou quase 5 milhões de barris no oceano, tornando-se o maior vazamento acidental de petróleo da história. 3 – Wärtsilä fecha novos contratos de O&M. 4 – BP afirma ter estancado fugas de petróleo. 6 – Petróleo cai a US$ 82 com temor sobre desemprego. 9 – Vazamento de óleo atinge praias do litoral do Rio de Janeiro. Nem a Marinha, nem a Petrobras sabem a origem do vazamento. Empresa já gastou mais de R$ 10 bi com vazamento de petróleo nos EUA. 10 – Petróleo sobe a US$ 81,48, após três dias de baixas. Shell Brasil anuncia novo presidente. 11 – Petróleo cai em Londres e NY, afetado por mercados de ações. 12 – Plataforma P-35 da Petrobras sofre princípio de incêndio. 13 – ANP interdita plataforma P-33. 18 – Maior parte do petróleo segue no Golfo do México, apontam cientistas. 19 – Petrobras gasta R$ 300 milhões na busca por petróleo da capitalização. 20 – Produção da Petrobras no Brasil e no exterior cresceu 3,3% em julho.

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Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

retrospectiva 2010

24/06 – Lançado, no Estaleiro Mauá, o segundo navio do Promef, Celso Furtado de óleo e gás retirados de reservas no exterior. Para 2020, a estatal espera atingir uma produção de 5,382 milhões de barris de óleo equivalente por dia, o que corresponde a um avanço anual de 7,1% sobre a expectativa para 2010. Desse montante, o Brasil contribuirá com 3,950 milhões de barris de óleo (dos quais 1,183 milhão de barris do pré-sal) e o equivalente a 1,109 milhão de barris de gás natural. No exterior, a produção de óleo e gás deverá somar 323 mil barris no final dessa década. Primeiro navio fluminense do Promef – Um duplo evento marcou o lançamento ao mar do navio-tanque Celso Furtado, no final de junho, construído no Estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), para a Transpetro, braço logístico da Petrobras. No mesmo dia em que a primeira embarcação do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) construída no Rio foi batizada, houve o batimento de quilha do segundo dos quatro navios de produtos, para transporte de derivados de petróleo, encomendados ao Estaleiro Mauá pelo Promef, simbolizando o início da montagem. O navio-tanque recebeu seu nome em homenagem ao economista paraibano que participou

da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e lançou os fundamentos do mais recente ciclo de desenvolvimento do país. Nova UN – Com o objetivo de distribuir melhor a responsabilidade pela gestão das operações de exploração e produção da Bacia de Santos, que se estende de Cabo Frio (RJ) a Florianópolis (SC), a Petrobras instalou oficialmente a unidade no dia 2 de julho, em Itajaí, no litoral de Santa Catarina, a mais nova unidade de negócios da Petrobras: a Unidade de Operações de Exploração e Produção do Sul (UO-SUL), criada em função do acréscimo do volume de atividades da UO-Bacia de Santos (UO-BS). A UO-SUL responderá pela produção das áreas de Tiro e Sídon, ainda em fase de teste de longa duração (TLD), produzindo atualmente 17 mil barris por dia de petróleo leve, e pelo desenvolvimento da produção dos campos marítimos de Cavalo-marinho, Caravela, Estrelado-mar e Tubarão. Mais P&D – A FMC Technologies e a UFRJ assinaram, no dia 6 de julho, o termo para construção do


Centro de Tecnologia da FMC no Parque Tecnológico do Rio, na Cidade Universitária. O tempo de contrato entre a companhia e a universidade será de 20 anos. Esse será o primeiro centro de pesquisa da empresa no Brasil, que vai ocupar uma área de cerca de 20 mil m². A companhia irá investir cerca de R$ 70 milhões no projeto, que vai empregar perto de 300 engenheiros dedicados ao desenvolvimento de projetos e pesquisa de tecnologias submarinas para exploração de petróleo e gás no país, principalmente para o pré-sal e o pós-sal. A unidade contará com centros de pesquisa & desenvolvimento (P&D), laboratórios de testes e qualificações, instalações para testes de integração e protótipos em escala real. O início das obras do Centro de Tecnologia está previsto para ainda este mês e, até o fim do primeiro semestre de 2011 o empreendimento deve estar em pleno funcionamento. Além da FMC, Schulmberger e Baker Hughes também terão centros de pesquisa no Parque Tecnológico. Plenário do Senado aprova criação da Pré-Sal Petróleo S/A – No dia 7 de julho, o Plenário do Senado aprovou o projeto do governo (PLC 309/09) que cria a Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), empresa que irá funcionar como uma espécie de ‘olhos da União’ na exploração de petróleo e gás da camada de pré-sal da plataforma marítima brasileira. Ainda BP – Com os seguidos fracassos da petrolífera britânica em tentar cessar o vazamento, ficou cada vez mais claro que a empresa não estava preparada para uma tragédia dessa magnitude. Os números assustadores da quantidade de óleo despejado só aumentavam. As estimativas, em junho, eram de

Ilustração: Cortesia FMC

um ano incomum

06/07 – A FMC Technologies e a UFRJ assinam o termo para construção do Centro de Tecnologia da FMC no Parque Tecnológico do Rio, na Cidade Universitária

que foram perdidos no mar cerca de 100 mil barris por dia, o que correspondia a 16 milhões de litros. Diversas tentativas foram feitas para fechar o poço, mas, até aquele momento, a BP conseguira realizar apenas medidas paliativas, resultando em uma coleta de quase 20 mil barris por dia – muito pouco em relação ao que era liberado no mar. O desastre fez empresas do mundo todo se mobilizarem para ajudar na contenção do óleo, como a Petrobras, que enviou uma equipe de especialistas em segurança e meio ambiente aos Estados Unidos. A equipe era formada por 20 pessoas, entre funcionários da companhia e profissionais da Marinha, Força Aérea e do Ministério do Meio Ambiente.

Devon anuncia indício de petróleo em Campos – No dia 19 de julho a americana Devon informou à ANP ter encontrado indícios de petróleo a 2.484 m no bloco C-M-471, na Bacia de Campos. O bloco é operado pela Devon em parceria com a Petrobras (50%). A companhia americana havia anunciado a venda de seus ativos no Brasil à BP, mas a transação ainda não fora efetivada porque aguardava autorização da Agência. Há inclusive rumores de que a transação pode não sair depois do acidente da BP no Golfo do México. O bloco C-M-471 foi adquirido pela Devon e pela Petrobras em 2005, na sétima rodada da ANP e faz parte do bloco de nome BM-C-34. TN Petróleo 75

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Foto: Cortesia CBO

25 – Shell e Cosan assinam joint venture para produzir e comercializar açúcar, energia e etanol de cana-de-açúcar, e distribuir combustíveis para transporte e indústria, a partir da integração das redes de distribuição e varejo das duas empresas no Brasil. 26 – Estaleiro STX Brazil lança ao mar o Skandi Amazonas. Estaleiro Aliança entrega o PSV CBO Ana Luisa à CBO para cumprir contrato com a Petrobras.

27 – Petroquímica Suape inicia fase de pré-operação.

Foto: Agência Petrobras

Setembro 2 – Barril do petróleo para capitalizar Petrobras vai custar US$ 8,51. OGX anuncia novos indícios de hidrocarbonetos na seção devoniana do poço OGX-16. Wärtsilä fecha contrato para manutenção de 30 navios da Transpetro. Plataforma de petróleo da empresa Mariner Energy Inc explode no Golfo do México, a poucos quilômetros do incidente da Dea 3 – Custos da BP no vazamento no Golfo do México sobem para U$ 8 bi. Petrobras comunica ao mercado início da capitalização.

8 – Plataforma de petróleo pega fogo na Argentina. 10 – Gasoduto explode na Califórnia. 13 – Tem início Rio Oil & Gas 2010. 24 – Petrobras arrecada R$ 120 bilhões com novas ações na maior operação da história.

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29/07 – Anunciado para os próximos três anos, a construção de três novas siderúrgicas, no Rio de Janeiro

Mais acidentes – No mesmo dia foi divulgado que autoridades chinesas lutavam há dois dias para controlar um vazamento de 1,5 mil toneladas de petróleo no mar, causado por um incêndio e um escapamento em dois oleodutos, próximo ao litoral de Dalian, no noroeste daquele país. A mancha de óleo abrangia entre 50 e 100 km² de petróleo na superfície da área onde se encontram os mares de Bohai e Amarelo, que separam a China da península da Coreia. Enquanto isso, a BP anunciava acordo para vender US$ 7 bilhões em ativos à empresa Apache, como parte do seu plano para arrecadar dinheiro suficiente para arcar com os grandes custos do vazamento de petróleo no Golfo do México. A Apache irá adquirir instalações de gás e petróleo da BP no Texas, no oeste do Canadá e no Egito. Um depósito de US$ 5 bilhões seria feito no dia 30 de julho como parte do negócio. Cessão onerosa e capitalização da Petrobras – No dia 10 de junho foi aprovado o projeto de lei referente à cessão onerosa e à capitalização da Petrobras no Senado Federal. A proposta autoriza a União a ceder onerosamente à Petrobras o exercício das atividades de pesquisa, exploração e produção de petróleo e gás natural em determinadas áreas do pré-sal, limitado

Foto: Cortesia Usiminas

retrospectiva 2010

ao volume máximo de 5 bilhões de boe, além de autorizar que a União possa subscrever ações do capital social da Petrobras. O projeto de lei foi aceito sem alterações em relação ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados e, por isso, foi encaminhado à sanção presidencial para depois ser convertido em lei. Também foi aprovado o novo regime de partilha de produção que regulará a exploração e produção em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas. Esse regime foi aprovado por meio do projeto que unificou os projetos de lei referentes à criação do Fundo Social e do regime de partilha de produção. O regime aprovado garante à Petrobras o papel de operador único, com parcela mínima de 30%, podendo ainda a estatal participar dos processos licitatórios visando a aumentar sua participação nas áreas. Três novas siderúrgicas – O Rio de Janeiro vai ganhar três novas siderúrgicas nos próximos anos. As novas unidades ampliarão a capacidade de produção de aço do estado. Somadas a outros dois projetos já em andamento, deverão ser investidos R$ 20 bilhões no setor. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado de Desenvolvimento


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28 – Dax Oil inaugura refinaria. 29 – Refinaria Landulpho Alves (RLAM) completa 60 anos.

Foto: Divulgação Parque das Conchas

Outubro 1 – EUA endurecem normas para evitar novo vazamento de petróleo. 5 – OGX anuncia presença de hidrocarbonetos no poço OGX-20. Petrobras batiza plataforma P-57 e inaugura ampliação de seu Centro de Pesquisas. 6 – Repsol constrói laboratório de tecnologia em parceria com UFRJ. 7 – Novo poço confirma potencial de petróleo leve em Tupi. 8 – Centro de pesquisas da Petrobras é ampliado. 13 – EUA anunciam fim de moratória à exploração de petróleo no oceano. 15 – Shell lança segunda fase do Parque das Conchas.

21 – Petrobras inaugura Polo Naval do Rio Grande. 22 – Novo poço ao sul de Tupi confirma potencial e extensão da jazida. 25 – Incêndio em oleoduto deixa 14 mortos em Mianmar. 27 – Petrobras anuncia nova descoberta na Bacia de SergipeAlagoas. 28 – “Produção de petróleo no Campo de Tupi pode chegar a 70 mil barris por dia em 2011”, diz Formigli. Petrobras comemora primeiro óleo produzido pelo FPSO Cidade de Angra dos Reis. 29 – Lula inaugura produção comercial do pré-sal e prevê que século 21 será do Brasil. Libra pode chegar a 15 bilhões de barris de petróleo.

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Foto: Cortesia Wärtsilä

retrospectiva 2010

03/08 – Wärtsilä fecha novos contratos de Operação e Manutenção em usinas termelétricas Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno, na abertura do seminário ‘Perspectivas e Condicionantes do Desenvolvimento do Setor Siderúrgico do Estado do Rio de Janeiro’, realizado em julho, no auditório da Firjan. O maior empreendimento é uma siderúrgica da Ternium, holding de aços longos da multinacional Techint, no Complexo do SuperPorto do Açu, que terá capacidade para produzir cerca de 5,6 milhões de toneladas de placas de aço por ano. Mais dois projetos – cujos investidores pediram sigilo – estão em negociação nas cidades de Barra Mansa e Quatis, na região do Médio Paraíba. Juntos, estes dois empreendimentos deverão somar mais 1,5 milhão de toneladas/ano de aço à capacidade atual de produção do estado. Wärtsilä fecha novos contratos de O&M – No início de agosto, a Wärtsilä Brasil informou a assinatura de mais dois novos contratos no Nordeste. Fornecerá os serviços de Operação e Manutenção (O&M) durante cinco anos, podendo ser renovados por mais cinco, às usinas termelétricas Campina Grande (Borborema Energética S/A) situada na Paraí-

ba, com 168 MW de potência, e Maracanaú (Maracanaú Geradora de Energia S/A) situada no Ceará, com 164 MW de potência. A Wärtsilä também foi responsável pela construção e fornecimento dos equipamentos às duas usinas. Com estas novas contratações a empresa ultrapassou a barreira de 1 Gigawatt em contratos de Operação e Manutenção. Ainda BP – No início de agosto, a BP informava ao mercado que já havia gasto mais de R$ 10 bilhões (US$ 6,1 bilhões) para combater as consequências do vazamento de petróleo no Golfo do México. De acordo com comunicado da empresa, o montante incluía os gastos para tentar conter o fluxo do vazamento, limpar o petróleo derramado, perfurar um segundo poço e injetar cimento no primeiro, além das indenizações ao governo dos Estados Unidos, aos estados americanos afetados pela catástrofe e a pessoas e empresas prejudicadas. A companhia britânica afirmou ainda ter recebido mais de 145 mil pedidos de indenização. Segundo a BP, mais de 103 mil pagamentos foram feitos, totalizando cerca de R$ 560 milhões (US$ 319 milhões). Mais acidentes – A Capitania dos Portos informou, no dia 11 de agosto, que foi comunicada pela Petrobras de um princípio de incêndio na plataforma de produção de petróleo P-35, instalada no Campo de Marlim, na Bacia de Campos. A unidade constava, ao lado da P-31 e da P-33, da lista de embarcações com condições críticas de manutenção, lista esta elaborada pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF). A P-33 tinha sido vistoriada no dia anterior pela Marinha e pela ANP.


um ano incomum

Novas embarcações – No dia 26 de agosto, a STX Brazil lançou ao mar o Skandi Amazonas. Encomendada pelo armador Dof Navegação, a nave é o maior e mais potente navio de reboque, suprimento e manuseio de âncoras já construído no Brasil. A embarcação, construída no estaleiro STX Brazil, prestará serviços à Petrobras em operações de apoio marítimo a plataformas de petróleo, na Bacia de Campos. No mesmo dia, o Estaleiro Aliança entregava o PSV Ana Luísa à CBO. Trata-se de um navio de apoio marítimo do tipo PSV, o 18º da frota da CBO – em setembro de 2010 iniciaria operações para a Petrobras. OGX anuncia descoberta na bacia do Parnaíba – No dia 12 de agosto, a OGX comunicou ao mercado, através de sua subsidiária OGX Maranhão, a presença de gás na seção devoniana do poço 1-OGX16-MA, no bloco PN-T-68, na bacia terrestre do Parnaíba. A OGX Maranhão, sociedade formada entre

26/08 – Lançado no Estaleiro STX Brazil, em Niterói, o Skandi Amazonas

Foto: STX Brazil

Segundo comunicado da Capitania dos Portos, não houve vítimas nem danos ambientais no incidente. O incêndio teria começado por causa do “gotejamento de condensado de vapores de água e hidrocarbonetos sobre o revestimento térmico da Torre Regeneradora de Glicol (equipamento que faz parte do tratamento de gás na unidade)”. O fogo foi controlado pelos próprios operários da plataforma. Dois dias depois, a ANP determinou a suspensão das operações da plataforma P-33, da Petrobras, situada no Campo de Marlin, na Bacia de Campos, por falta de condições de segurança operacionais e para os trabalhadores. Essa foi a primeira vez que uma plataforma da empresa foi interditada.

OGX S.A. (66,6%) e MPX Energia S.A. (33,3%), é a operadora e detém 70% de participação neste bloco, enquanto a Petra Energia S.A. detém os 30% restantes. “Esta descoberta abre uma nova fronteira exploratória em uma bacia terrestre, fato que não ocorria há aproximadamente duas décadas no Brasil. Convém também ressaltar que a campanha exploratória, iniciada em outubro de 2009, está sendo conduzida por companhias brasileiras, obtendo importantes resultados em tempo recorde”, comentou Paulo Mendonça, diretor geral da OGX. “Viva o Brasil, viva a inteligência brasileira”, comemorou, na ocasião, Eike Batista, acionista controlador e presidente do Conselho de Administração da OGX. O primeiro poço (OGX-16, em Capinzal do Norte) foi concluído em outubro com a identificação de duas acumulações de gás, também na idade devoniana. Na ocasião, a OGX e a MPX estimaram uma capacidade produtiva de aproximadamente 15 milhões de metros cúbicos diários de gás natural em toda a área dos sete blocos da bacia do Parnaíba. Os 3,4 milhões de m³/ dia devem ser entendidos como parte desse montante.

Petroquímica – No dia 27 de agosto, a Companhia Petroquímica de Pernambuco (PetroquímicaSuape) iniciou a pré-operação da unidade de polímeros e fios de poliéster que produzirá 240 mil toneladas por ano de filamentos e polímeros têxteis. O primeiro processo a entrar em funcionamento será o de texturização, quando serão produzidos fios para malharias e tecelagens. Outras duas plantas industriais compõem o complexo petroquímico: uma para a produção de ácido tereftálico (PTA) e outra de resina PET. Mais acidentes – No início de setembro, a explosão da plataforma Vermilion Block 380, no Golfo do México, a 160 km da costa da Louisiana (EUA), operada pela Mariner Energy, jogou ao mar pelo menos 13 pessoas que estavam no local. Mesmo sem alcançar a dimensão do caso da BP, o acidente reforçava a decisão do presidente Barack Obama de manter a moratória para a exploração de petróleo e gás na região. Alguns dias depois, um incêndio destruiu uma plataforma da petroleira chilena Sipetrol, em TN Petróleo 75

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retrospectiva 2010

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

23 – Finep aprova infraestrutura laboratorial para o pré-sal. Projetos do CTDUT e IPT são os principais contemplados. 26 – Teste de Longa Duração confirma nova descoberta na Amazônia. 30 – Coppe e Bureau Veritas assinam acordo de cooperação. Dezembro 1 – Lupatech e Acergy assinam contrato com Petrobras. 2 – Câmara aprova regime de partilha do pré-sal. 6 – Lula assina decreto de regulamentação da Lei do Gás.

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05/10 – Inaugurado o novo Cenpes, Ilha do Fundão, RJ

Foto: Agência Petrobras

Novembro 3 – BG eleva estimativa para reservas no Brasil. 3 – Dilma Roussef fala sobre pré-sal em pronunciamento. 5 – Produção de gás bate recorde em setembro, mas a de petróleo cai 4%. 9 – “Congresso não deve aprovar lei do pré-sal este ano”, diz ANP. Petrobras é quarta maior empresa de energia do mundo, segundo Platts. 10 – “Petróleo regressa aos cem dólares apenas em 2015”, diz Agência Internacional de Energia (AIE). 11 – Aker Solutions inaugura simulador de perfuração no Brasil. Petrobras assina contrato para construção de plataformas. 17 – Petrobras descobre óleo leve ao sul da Bacia de Santos. Almir Barbassa, diretor da Petrobras, é eleito executivo do ano de 2010 pelo Ibef. 18 – Schlumberger inaugura Centro de Pesquisas no Parque Tecnológico da UFRJ. 19 – É lançado o terceiro navio do Promef.

águas argentinas do Estreito de Magalhães, no extremo sul da América, sem causar vítimas ou derramamento de óleo. Ademais, na mesma semana, um gasoduto explodiu no condado de San Bruno, em San Francisco, na Califórnia. Seis pessoas morreram e mais cem foram obrigadas a deixar suas casas, devido ao intenso incêndio que aconteceu após a explosão. O governador interino, Abel Maldonado, declarou estado de emergência na localidade, que fica a apenas 3 km do Aeroporto Internacional de San Francisco. Plano nacional contra vazamento – Três meses após o vazamento de petróleo no poço da British Petroleum (BP) no Golfo do México, o Brasil passou a debater um programa de ação para acidentes no pré-sal. A proposta do governo foi de que a ANP, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Marinha elaborassem, juntos, o primeiro Plano Nacional de Contingência para evitar catástrofes durante a exploração de petróleo em alto-mar. O plano brasileiro começou a ser esboçado depois do vazamento

de 1,3 milhão de litros de petróleo na Baía de Guanabara, em janeiro de 2000, mas estava parado há dois anos e meio no Ministério do Meio Ambiente. P-57 e Cenpes – No dia 5 de outubro, a Petrobras não só batizou a plataforma P-57, mas também inaugurou a ampliação de seu Centro de Pesquisas. Com capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo e 2 milhões de m³ de gás por dia, a plataforma P-57 foi batizada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, em Angra dos Reis (RJ). No mesmo dia, foi realizada a cerimônia de inauguração da expansão das instalações do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), na Ilha do Fundão (RJ). As novas instalações agregam arrojadas técnicas de construção, sustentabilidade e ecoeficiência e representam um salto para o desenvolvimento de tecnologia na Petrobras.


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Foto: Agência Petrobras

7 – Caixa anuncia investimento de R$ 70 bilhões no setor de petróleo e gás até 2014. Braskem e Governo da Bahia fecham parceria para tecnologias com foco em sustentabilidade. 8 – Gabrielli recebe prêmio Personalidade do Ano. A premiação é uma iniciativa conjunta do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e da Seção Brasil da Sociedade dos Engenheiros de Petróleo (SPE). Petrobras e ABNT lançam a ISO 26000 no Brasil. 9 – Inauguração, no Rio de Janeiro, do primeiro Centro de Simulação de Guindastes Portuários e Offshore do Brasil. Petrobras e Petroquisa investem em petroquímica, no desenvolvimento de projeto de expansão da Fábrica Carioca de Catalisadores S.A. (FCCSA). Produção de gás da Petrobras aumentou 7,8% em outubro. 13 – GE apresenta proposta de aquisição da Wellstream. Petrobras incorpora subsidiárias do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). 14 – Petrobras Biocombustível encerra 2010 com produção de 1 bilhão de litros de etanol.

Petrobras compra participação da Repsol na Refap. Iniciado o Teste de Longa Duração (TLD) do reservatório de Carimbé, na Bacia de Campos. 16 – Novo poço de Tupi confirma potencial de petróleo leve.

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TN Petróleo 75

Fotos: Agência Petrobras

retrospectiva 2010

05/10 – Batismo da P-57, no Estaleiro Brasfel, em Angra dos Reis, RJ

Mais P&D – Em outubro, a Repsol anunciou a construção de um laboratório de tecnologia em parceria com UFRJ. Depois de pronto, o Centro Tecnológico 2 (CT2) da Fundação Coppetec/UFRJ, na Ilha do Fundão, vai representar um marco na indústria de petróleo e gás. O novo complexo, somado ao pólo tecnológico de toda a UFRJ, será considerado a maior concentração de laboratórios especializados no segmento de petróleo e gás em todo o hemisfério Sul. A Repsol aportou capital para construir um dos cinco laboratórios especializados em petróleo e gás, e participará ativamente das pesquisas a serem desenvolvidas no Laboratório de Modelagem de Impactos e Ecogerenciamento de Reservatórios de Petróleo (LMIERP). Só no LMIERP devem trabalhar 50 pessoas, entre professores, administrativo e estudantes de pósgraduação, e sua inauguração está prevista para novembro. Tupi – Ainda no início do mês de outubro, a Petrobras divulgou que na perfuração do oitavo poço na área de Tupi foi confirmado o potencial de petróleo leve nos reservatórios do

pré-sal, em águas ultraprofundas da Bacia de Santos. O novo poço, denominado 3-BRSA-839A-RJS (3-RJS675A), e informalmente conhecido como Iracema Norte, está localizado na área do Plano de Avaliação de Tupi, em profundidade de água de 2.247 m, a cerca de 240 km da costa do estado do Rio de Janeiro e a 6 km a nordeste do poço Iracema – 4-RJS-647 (4-BRSA-711). Novo Cenpes – Com a expansão do Cenpes, o empreendimento da Petrobras passa a ser um dos maiores complexos de pesquisa do mundo, com mais de 300 mil m². A estatal é hoje a empresa que mais investe em ciência e tecnologia no país. Localizado no Rio de Janeiro, o Cenpes conta com diversos laboratórios destinados a atender as demandas tecnológicas das áreas de biotecnologia, fertilizantes, biocombustíveis, reuso de água, petroquímica e avaliação do meio ambiente nos locais em que a empresa opera ou pretende operar. Com a ampliação, o centro de pesquisas contará também com modernos laboratórios para atender exclusivamente as demandas


do pré-sal. Das dez alas de novos laboratórios, cinco são dedicadas ao pré-sal, com foco na caracterização de rochas e interação das mesmas com os diversos fluidos presentes (petróleo, gás natural, água, CO2, etc.). Durante o evento, seu gerente executivo, Carlos Tadeu Fraga, informou que a expansão do Cenpes é uma das estratégias da Petrobras para ampliação da capacidade experimental do parque tecnológico brasileiro. O executivo indicou também que o investimento da Petrobras em tecnologia é cinco vezes mais o de uma década. “Nos últimos três anos, fomos responsáveis por um dos cinco maiores investimentos em pesquisa e tecnologia do mundo”, disse. Na ocasião, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, ressaltou que a ampliação gerou cerca de seis mil empregos diretos e 15 mil empregos indiretos durante a execução da obra. A inauguração também contou com a participação do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, de representantes da Petrobras e de diversas autoridades. Eles visitaram as instalações do Laboratório de Petrogeofísica e o Núcleo de Visualização Colaborativa (NVC), com ambientes para o desenvolvimento de estudos e projetos com simulação tridimensional. Em seu discurso, Lula parabenizou a iniciativa e enfatizou que ela é parte da proposta de Ciência e Tecnologia, idealizada pela comunidade científica e concretizada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. “O Cenpes dá direito aos gestores do Rio de Janeiro de dizerem ao mundo que esse é um estado tecnológico, porque este centro é o maior do hemisfério Sul. Valeu a pena a gente acreditar na indústria nacional, na mão de obra nacional

15/10 – A Shell anuncia investimentos para a segunda fase no Parque das Conchas, Bacia de Campos

Foto: Divulgação Parque das Conchas

um ano incomum

e na geração de emprego e renda no Brasil”, revelou. Parque das Conchas – No dia 15 de outubro, a Shell anunciou os investimentos para a segunda fase do Parque das Conchas, projeto localizado no bloco BC-10, na Bacia de Campos, a mais de 100 km da costa do Espírito Santo. Esse significativo investimento servirá ao desenvolvimento do quarto campo no bloco e dá continuidade à bem-sucedida onda de crescimento na produção da Shell nos negócios de Exploração e Produção nas Américas. Todo o projeto vai gerar recursos energéticos de cerca de 300 milhões de boe, com produção de cerca de 100 mil barris por dia. Mais acidentes – No dia 25 de outubro, pelo menos 14 pessoas morreram e cem ficaram feridas no incêndio de um oleoduto na região central de Mianmar, antiga Birmânia. Tupi – No dia 28, a Petrobras comemorou a entrada em operação do navio-plataforma Cidade de Angra dos Reis, primeiro sistema definitivo de produção instalado na área de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos. A nova plataforma está conectada, inicialmente, ao poço RJS-660, que será testado tecnicamente até a Declaração de Comercialidade (DC) da jazida, prevista para o final de dezembro, quando estará concluída, também,

a sua interligação a outros poços produtores e a área de Tupi entrará na fase de desenvolvimento da produção. Primeira unidade programada para produzir em escala comercial no pré-sal da Bacia de Santos, o Cidade de Angra dos Reis é uma plataforma do tipo FPSO (na sigla em inglês, unidade flutuante que produz, armazena e exporta óleo e gás). A unidade produzirá óleo leve de alto valor comercial e dará início ao sistema de produção definitivo de Tupi, que coletará informações técnicas fundamentais para o desenvolvimento das grandes acumulações de petróleo descobertas nos últimos anos naquela bacia sedimentar. A área de Tupi é operada pela Petrobras (65%) em parceria com as empresas BG Group (25%) e Galp Energia (10%). Libra – No fim do mês, a ANP confirmou que a descoberta de petróleo, no campo de Libra, na área do pré-sal da Bacia de Santos, no poço 2-ANP-2A-RJS, possui volume recuperável de óleo entre 3,7 e 15 bilhões de barris. A área vem sendo explorada pela Petrobras como parte do processo de cessão onerosa de capitalização da empresa e não faz parte dos blocos já licitados na região. O poço 2-ANP-1-RJS, no prospecto de Franco, e 2-ANP-2ARJS, em Libra, foram perfurados em área da União com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre o potencial petrolífero do pré-sal brasileiro. BG eleva estimativa para reservas no Brasil – No início de novembro, o grupo britânico de petróleo e gás BG Group elevou suas estimativas para as reservas TN Petróleo 75

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retrospectiva 2010

Tecnologia – Foi inaugurado em novembro pela Aker Solutions, em Rio das Ostras (RJ), o primeiro simulador do mundo de equipamento de perfuração em formato domo 240°. A inauguração ocorreu no novo centro de treinamento de equipamentos de perfuração da empresa em Rio das Ostras.No mesmo mês, teve início a operação do Centro de Pesquisas em Geoengenharia da Schlumberger. 44

TN Petróleo 75

posicionamento dinâmico para navios petroleiros, com particular interesse para os campos do présal, que será desenvolvido pelos pesquisadores do Programa de Engenharia Naval e Oceânica; e a cessão à Coppe, com objetivos acadêmicos, dos softwares Hidrostar e Ariane, que foram desenvolvidos pelo Bureau Veritas com foco de atuação nas áreas de hidrodinâmica e amarração de unidades offshore, respectivamente.

28/10 – Entra em operação, no campo de Tupi, o primeiro sistema definitivo de produção, com o FPSO Cidade de Angra dos Reis

Foto: Agência Petrobras

de petróleo e gás no Brasil em cerca de um terço e reportou aumento de 6,7% em seu lucro líquido do terceiro trimestre, citando forte desempenho nas operações com gás natural liquefeito. A companhia, que tem sede no Reino Unido, informou ter adicionado 2,7 bilhões de barris de petróleo equivalente às suas estimativas brutas para os campos de petróleo Tupi, Iracema e Guará na bacia offshore de Santos, no litoral brasileiro, elevando a estimativa de recursos brutos recuperáveis de tais campos para 10,8 bilhões de barris de petróleo equivalente. Na mesma semana, a produção brasileira de gás bateu recorde em setembro, quando atingiu 63,9 milhões de m³ de média diária. O resultado é 2,25% superior à produção de agosto e 6,2% maior à de setembro do ano passado. Já a produção de petróleo recuou 4% de agosto para setembro. De acordo com a ANP, a média diária de extração em setembro foi de 1,987 milhão de barris, abaixo do recorde registrado um mês antes, de 2,068 milhões de barris por dia. A Agência atribuiu a queda à redução da produção do Campo de Marlim, em decorrência da parada programada da plataforma P-35 e da interdição da P-33. Na comparação com setembro de 2009, a produção de petróleo foi praticamente a mesma, com aumento de apenas 0,24%.

Já a Finep anunciou o resultado da Chamada Pública que visa fornecer apoio financeiro para infraestrutura laboratorial para o desenvolvimento de projetos relacionados à exploração de petróleo na camada do pré-sal. Os dois laboratórios necessários para a implantação da Rede de Competência em Válvulas – Laboratório de ensaios de desempenho de válvulas e acessórios de tubulações, do Centro de Tecnologia em Dutos/CTDUT e Laboratório de Ensaios de Desempenho de Válvulas e Acessórios de Tubulação, do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) – foram aprovados. As unidades contarão com financiamentos de R$ 3.473.908,73 e R$ 6.206.691,22, respectivamente. Ainda em novembro, a Coppe e o Bureau Veritas assinaram acordo de cooperação para o desenvolvimento de projetos na área de engenharia naval e oceânica (offshore). Como fruto desse acordo, duas ações já estão programadas: o desenvolvimento de um sistema voltado para avaliar a capacidade de sistemas de

Mais embarcações – No dia 19, a Petrobras realizou, no estaleiro Mauá, o batismo e o lançamento do terceiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, batizou o navio, para transporte de produtos derivados claros de petróleo, de Sérgio Buarque de Holanda, em homenagem ao historiador, jornalista e crítico literário paulista, autor do clássico Raízes do Brasil. Nova descoberta na Amazônia – No final do mês, a Petrobras comunicou que os primeiros dados do Teste de Longa Duração (TLD), iniciado em setembro, no poço exploratório 1-ICB-1-AM (Igarapé Chibata nº 1), confirmaram a descoberta de uma nova acumulação de óleo leve (46º API) e gás natural no município de Tefé (AM), distante 630 km de Manaus e 32 km da Província Petrolífera de Urucu. A companhia já detém três campos produzindo petróleo e gás natural no município de Coari. O poço de 3.485 m foi perfurado na Bacia do Solimões, Bloco SOL-T-171, onde a Petrobras detém 100% de participação dos direitos de exploração e produção. Os dados do TLD, até o momento, indicam que o poço


um ano incomum

tem a capacidade de produzir 2.500 barris de óleo por dia, o que é considerado um excelente resultado, em se tratando deste tipo de bacia no Brasil. Menor nível de queima de gás natural – Em dezembro, a ANP, divulgou que o volume de gás queimado no país em outubro, foi 33,7% menor em relação a igual mês do ano passado e 16,2% inferior a setembro de 2010. No mês de outubro, a queima de gás no país foi de 5,49 milhões de m³ por dia, o menor nível desde abril de 2008 quando houve a queima de 4,7 milhões de m³. A ANP informou que está negociando com as principais produtoras do país – Petrobras, Shell e Chevron – um termo de ajuste que obriga as empresas a reduzir os atuais níveis de queima de gás, de cerca de 8,5% do total da produção, para até 3% a partir de 2012. Assinatura de contratos – A Lupatech anunciou contrato de prestação de serviços com a Petrobras, no valor de R$ 112,2 milhões, por cinco anos, renováveis por mais cinco anos. O contrato engloba a prestação de serviços para conexão e desconexão de tubos de perfuração, produção e de revestimento, incluindo a utilização de equipamentos como chave hidráulica, cunhas manuais, spiders, elevadores pneumáticos, raspadores e crossovers. A execução terá início em abril de 2011, com operação plena a partir de outubro de 2011. O contrato será executado pela subsidiária integral da companhia, a Lupatech Equipamentos e Serviços para Petróleo Ltda, com base em Macaé (RJ).

No mesmo mês, a Acergy conquistou contrato com a Petrobras para a construção e instalação do trecho raso do Gasoduto Sul Norte Capixaba. O gasoduto com 18 polegadas de diâmetro será instalado na costa do Espírito Santo, com lâmina d’água entre 30 m e 100 m e aproximadamente 150 km de extensão, interligando o gasoduto do Campo de Camarupim ao complexo do Parque das Baleias. Para condução deste contrato, a Acergy constituiu com a Odebrecht Óleo e Gás (OOG) um consórcio que será responsável pelo gerenciamento do projeto, engenharia, suprimento e fabricação. A Acergy fará ainda a instalação do gasoduto além dos serviços de mergulho e atividades de pré-comissionamento do sistema, que serão realizados pelas embarcações Acergy Polaris e pelo Acergy Harrier a partir do final de 2011. Aprovado regime de partilha do pré-sal – E no segundo dia do mês, numa sessão tensa e repleta de bate-bocas, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto que estabelece o regime de partilha para a exploração do pré-sal e cria o Fundo Social para gerir esses recursos. Na ocasião, os parlamentares também aprovaram o novo modelo de divisão dos royalties, que agora serão repartidos pelos mesmos critérios do Fundo Constitucional para estados e municípios. O projeto básico foi aprovado com 204 votos a favor, 66 contra e duas abstenções. Lula assina decreto de regulamentação da Lei do Gás – Após sete anos de discussões entre governo e agentes do mercado de gás, o presidente da República, Luiz Inácio TN Petróleo 75

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Foto: Cortesia GDK

retrospectiva 2010

03/12 – Assinado o decreto de regulamentação da Lei do Gás

Lula da Silva, assinou em dezembro, o decreto de regulamentação da Lei do Gás. A nova lei vai regulamentar o período de exclusividade de uso de um duto por parte de seu investidor. A ideia é que a partir de agora ocorram leilões com os trechos dos gasodutos a serem construídos, a exemplo do que já acontece no setor elétrico, com as linhas de transmissão. Até então, apenas a Petrobras construiu dutos no país para escoar seu produto. Caixa vai investir R$ 70 bilhões no setor de petróleo e gás até 2014 – A Caixa Econômica Federal vai investir R$ 70 bilhões, entre 2011 e 2014, no setor de petróleo e gás. Em 2010, primeiro ano em que o banco direcionou recursos ao setor, foram destinados R$ 3 bilhões. Para 2011, o valor deve ficar entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões. As informações foram divulgadas pelo superintendente regional da Caixa no Rio, Edalmo Porto Rangel. Ele adiantou que, a fim de aumentar a proximidade com o setor, 20 agências da Caixa serão inauguradas no próximo ano em municípios que abrigam instalações ligadas à exploração de petróleo e gás. 46

TN Petróleo 75

Primeiro Centro de Simulação de Guindastes Portuários e Offshore do Brasil – O primeiro Centro de Simulação de Guindastes Portuário e Offshore, desenvolvidos com tecno logia totalmente nacional, foi inaugurado no Rio de Janeiro, na Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ. O Centro é o primeiro desta categoria no Brasil e vai funcionar como ambiente de treinamento para operações em guindastes de bordo, portainer, ponte rolante e caminhões. Os simuladores estarão disponíveis para empresas, escolas e pessoas físicas, interessadas em locar os equipamentos para treinamento de mão de obra qualificada. Produção de gás da Petrobras aumentou 7,8% em outubro – A Petrobras informou em dezembro que a produção de gás natural dos campos nacionais atingiu a média mensal de 54 milhões 820 mil m³ diários no mês de outubro, 7,8% a mais que o volume produzido no mesmo período de 2009, quando foi registrada a produção de 50 milhões 861 mil m³ de gás. No exterior, a produção aumentou 1,1%.

Internacional – O Grupo Sinopec comprou a Occidental Petroleum, que explora ativos de petróleo e gás natural na Argentina. A China Petrochemical, que é a maior refinadora da Ásia e também é do Grupo Sinopec, anunciou em comunicado que chegou a acordo para comprar a petrolífera sul-americana. A aquisição de 2,45 mil milhões de dólares (1,85 mil milhões de euros) faz parte do esforço de resposta às necessidades energéticas da economia em maior crescimento e a segunda que mais petróleo consome no mundo. Negócios – A GE anunciou sua intenção de fazer uma oferta de compra de 100% da Wellstream Holdings PLC, empresa líder na área de engenharia e fabricação de produtos de dutos flexíveis de alta qualidade para o transporte de petróleo e gás no setor de produção submarino. A aquisição proposta faz parte da estratégia de crescimento da GE, que visa investir em seus negócios de alta tecnologia industrial, melhorar a competitividade dos produtos e ampliar sua presença em mercados emergentes de rápido crescimento.


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bicombustíveis

Na roda dos

biocombustíveis Com um mercado em franca

Foto: Niels Andreas, UNICA

expansão, os biocombustíveis têm

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TN Petróleo 75

ampliado sua participação no setor automotivo com o aumento do consumo do etanol e as inovações em biodiesel.

por Rodrigo Miguez


Além disso, segundo dados da União da Indústria da Cana-deaçúcar (Unica), com a substituição de combustível pelo álcool, desde 1970 o país já deixou de emitir 600 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.

Biodiesel Outro combustível que tem recebido grandes investimentos, inclusive da Petrobras, é o biodiesel, que tem como principais matérias-primas o óleo de soja (85,58%), seguido pela gordura bovina (11,17%), óleo de algodão (1,51%) e outros materiais graxos (1,43%). O óleo de fritura corresponde a apenas 0,24% desse mercado, mas o governo quer ampliar a fatia desse tipo de óleo. O biodiesel é misturado ao diesel comum, no percentual de 5% (B-5) a 20% (B-20), e há meios de transporte coletivo que utilizam até 100% (B-100), como alguns de transporte urbano (Curitiba é pioneira) e no modal ferroviário de carga. O governo tinha uma previsão de entrar com o B-5 no

de parte, à obrigatoriedade de se agregar biodiesel no diesel comum a partir do início desse ano. A estimativa do mercado é que o biodiesel, o etanol e o gás natural veicular (GNV) têm campo livre para crescer nos próximos dez anos. Para Gregory Pal, vicepresidente corporativo da empresa LS9, os biocombustíveis não irão substituir o petróleo, e sim ser uma alternativa a esse item, que terá uma demanda maior nos próximos anos, quando o mundo precisará dispor dessas novas fontes para suprir a necessidade energética.

Expansão mundial De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, o cenário atual da produção de biocombustíveis aponta os Estados Unidos, Brasil, Alemanha, França e China como os maiores produtores mundiais. Juntos, Brasil e Estados Unidos respondem por mais de 50% da produção de biocombustíveis – basicamente, etanol e biodiesel. Hoje, a demanda externa de etanol ainda é pequena e, em ter-

Fotos: Bia Cardoso

N

o Brasil, onde hoje mais de 90% dos carros produzidos são do modelo flex fuel (que permite ao motorista rodar com mais de um combustível), a crescente expansão dessa frota nacional e também das exportações levará ao aumento da produção de etanol em 36,5 milhões de litros nos próximos dez anos. A produção total em 2019 deve chegar a 64 milhões de litros – quase duas vezes e meia o que é produzido hoje. Essa previsão do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2019, divulgado em maio pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), aponta que a maior parte do crescimento da produção ocorrerá principalmente em função da expansão da demanda interna, que passará de 22,8 para 52,4 bilhões de litros. “Ela será sensivelmente influenciada pelo aumento da frota de veículos flex fuel, que passará dos atuais 24,8 milhões para 39,7 milhões de unidades até 2019”, afirma o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim. A avaliação é de que, nos próximos dez anos, o país passará a ter uma frota de veículos flex fluel leve – ciclomotor – a álcool de 39,71 milhões de veículos, passando a responder por 77,9% da frota nacional. Enquanto isso, a de veículos movidos a gasolina cairá dos atuais 56,8% para apenas 20,9% de toda a frota. A diferença nos preços do álcool e da gasolina tem sido primordial na opção dos consumidores pelo etanol na hora de abastecer o carro. Os números do setor sucroalcooleiro são crescentes e substanciais: existem hoje cerca de 70 mil fornecedores de cana no país, que geram 1,2 milhão de empregos formais e contribuem para um faturamento de US$ 28 bilhões.

mercado somente em 2013, mas antecipou esta data e o combustível, desde janeiro deste ano, está disponível em bombas de postos de serviços de todo o país. Segundo o Ministério da Agricultura, a produção de biodiesel deve atingir 2,4 bilhões de litros este ano, o que representa um aumento de 50% em relação a 2009. O crescimento se deve, em gran-

mos de exportação, representa apenas 15% da nossa produção. Porém, a tendência é de crescimento no uso de biocombustíveis nos Estados Unidos e na Europa, principalmente devido às metas de redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE). Na União Europeia, por exemplo, a partir de 2020 os países terão que ter 10% de renováveis na sua TN Petróleo 75

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bicombustíveis

Etanol hidratado: distribuição por região Total produzido: 19,1 milhões m³ Norte

Centro-Oeste

Sul

0,2%

Venda de etanol hidratado: participação das distribuidoras Total das vendas: 16,5 milhões m³

Nordeste

Petrobras 22,2%

Outras 27,8%

Inclui outras 145 distribuidoras

6,7%

17,4%

8%

Euro 2,2%

67,7% Sudeste

Ipiranga 17%

Alesat 2,6% Twister 3% Gold 3,2% Petronova 3,8% Cosan 5,1%

Fonte: Mapa/Spae/DAA, 2009

50

TN Petróleo 75

Shell 13,1%

25 20

milhões m³

matriz de transporte. Porém, para que isso aconteça, é preciso que as tarifas de importação para o etanol brasileiro sejam retiradas em locais como os Estados Unidos, União Europeia e Japão, os principais mercado desse energético que começou a ser usado pioneiramente no Brasil há 40 anos. Estudos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) mostram que a possibilidade de ampliação do mercado de biocombustíveis pelo mundo é completamente viável. A FAO estima que mais de cem países poderiam produzir biocombustíveis para 200 nações, sem afetar a produção de alimentos, desde que tomadas medidas para evitar que o plantio de matérias-primas como cana, soja e outros cultivos se sobreponham às principais culturas que abastecem os mercados mundiais, sobretudo os de grãos e frutas. De acordo com um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil tem áreas suficientes para os cultivos de alimentos e de biocombustíveis. Portanto, é necessário direcionar a produção de forma integrada e coordenada.

Fonte: ANP/SAB, 2009

15 10 5 2000

2001

Fonte: ANP/SPP, 2009

2002

2003

2004

Etanol

Investimentos crescentes O crescimento dos biocombustíveis deve-se muito aos investimentos das empresas. De 2006 a 2009, mais de cem usinas foram construídas, consumindo mais de US$ 20 bilhões. As empresas nacionais e estrangeiras estão de olho no crescente movimento do setor de biocombustíveis no Brasil. Somente a Petrobras planeja alocar em torno US$ 3,5 bilhões nos próximos quatro anos, na produção, infraestrutura e pesquisa de etanol e biodiesel. Segundo Miguel Rosseto, presidente da Petrobras Biocombustível, a agenda destes produtos está

2005

2006

2007

2008

2009

Gasolina Automotiva

em franco crescimento e o século 21 será o da transição energética, com o uso cada vez maior de fontes renováveis. Ele confirma que Estados Unidos, Brasil, Europa e China serão os grandes consumidores de energias renováveis nos próximos anos. No fim de abril, a Petrobras aportou R$ 1,6 bilhão para obter o controle de 45,7% no capital da Açúcar Guarani, quarta maior processadora de cana no país e que é controlada pela francesa Tereos Internacional. De olho no incremento da sua participação na produção de biocombustíveis, a Shell fez uma joint venture com a Cosan, gigante nacional produtora de etanol, na qual vai investir cerca de US$ 1,5


na roda dos biocombustíveis

Seguindo a trilha Nesse novo século, as petrolíferas têm voltado as suas atenções para o setor de biocombustíveis, já que os custos de exploração de petróleo estão cada vez mais altos e, muitas vezes, os campos descobertos estão em países nos quais o setor é dominado por estatais, como no Brasil. Além da Petrobras e Shell, outras empresas do setor petrolífero também estão expandindo seus negócios para o ramo dos combustíveis menos agressivos ao meio ambiente. A britânica British Petroleum (BP), que em 2008 adquiriu 50% da usina Tropical BioEnergia, está investindo US$ 1 bilhão na produção de etanol no Brasil, enquanto a ExxonMobil está alocando US$ 600 milhões em biocombustíveis provenientes de fontes sintéticas.

Capacidade nominal e produção de biodiesel (B100), por região em 2009 (mil m³/ano)

Norte

Capacidade nominal: 203 Produção: 41,8

Nordeste

Capacidade nominal: 824,7 Produção - 163,9

Foto: Bia Cardoso

bilhão. A intenção da companhia petrolífera anglo-holandesa é fazer do Brasil sua plataforma de distribuição de biocombustíveis para o resto do mundo. No total, o acordo, estimado em US$ 12 bilhões, prevê a criação de duas subsidiárias. A Shell investe também em tecnologia, com quatro centros de pesquisa exclusivos para biocombustíveis no mundo. Com a formação da joint venture com a Cosan, tudo leva a crer que haverá um projeto semelhante no Brasil. “Achamos que há um grande potencial para o etanol brasileiro de cana-de-açúcar. O mundo já percebeu que o Brasil criou, nos últimos anos, um mercado de biocombustíveis bastante competitivo”, afirmou Mark Gainsborough, vice-presidente de Estratégia, Portfólio e Energia Alternativa, do Grupo Shell.

Centro-Oeste

Capacidade nominal: 1.809,8 Produção: 640,1

Sudeste

Capacidade nominal: 824,7 Produção: 163,9

Sul

Capacidade nominal: 931,4 Produção: 477,9

A francesa Total também está no páreo: em meados do ano ela adquiriu 17% da norte-americana Amyris, que tem usina-piloto em Campinas (SP) para a produção de combustíveis e produtos químicos usando a cana-de-açúcar como matéria-prima, com base na tecnologia de biologia sintética. A Amyris transforma o caldo da cana em um produto intermediário para a produção de combustíveis químicos. As duas sócias afirmam que a parceria “combina a plataforma de biologia sintética industrial e a capacidade de produção emergente no Brasil da Amyris com o know-how tecnológico, a capacidade de escala industrial e o acesso aos mercados da Total”.

“Trata-se de uma parceria estratégica. Vamos utilizar o conhecimento que a Total tem na cadeia de petroquímicos para a fabricação de produtos com fonte renovável”, afirmou Roel Collier, diretor-geral da Amyris no Brasil. Gregory Pal, da empresa LS9, afirma que uma das vantagens dos biocombustíveis é que não competem com a produção de alimentos, pois há uma abundância de matérias-primas para se chegar ao produto final. Ele lembrou que também é possível fazer o biodiesel, por exemplo, com a gordura animal e o óleo acumulado em bares e restaurantes das grandes cidades. Isso beneficia outros setores da economia e também ajuda no combate à poluição do meio ambiente. A expectativa do mercado é que o crescimento dos biocombustíveis será de cerca de 1,5% ao ano até TN Petróleo 75

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bicombustíveis

2030, o que significa uma produção de 2,7 milhões de barris combustíveis limpos por dia. Alguns especialistas dizem que a expansão da produção da cana-de-açúcar no Brasil pode diminuir as áreas de plantio de alimento, o que é totalmente negado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e também por outras entidades do setor.

Inovação tecnológica Junto com os investimentos em pesquisa de novos processos (e matérias-primas) de produção de biocombustíveis, a indústria vem injetando recursos também em novas tecnologias. As biorrefinarias estão sendo desenvolvidas em di-

versos países do mundo, inclusive no Brasil. Os benefícios econômicos e ambientais dessas unidades de refino são inúmeros, como a substituição do óleo diesel por biomassa, que pode gerar uma economia de milhões de dólares ao ano, além de diminuir a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera. As tecnologias já desenvolvidas permitem a obtenção de subprodutos como a nanocelulose, com a qual é possível fabricar não apenas fibra para papel, mas também fibra têxtil, polímeros, filmes e géis empregados como aditivos em alimentos. Até mesmo materiais antes considerados resíduos, como

A partir da crise do petróleo, nos anos 1970, o governo brasileiro criou o programa Pró-álcool. Com forte investimento do governo, na época, em tecnologia e subsídios para as usinas produtoras do combustível, a indústria automobilística e os consumidores foram na onda do novo produto, adaptando os motores dos veículos para receber o álcool combustível. Em 1986, o carro a álcool ganhou o gosto dos brasileiros, que compraram em sua maioria veículos que rodavam com o novo combustível. No entanto, o consumo de álcool apresentou uma queda gradual, devido à escalada do preço internacional do açúcar, o que desestimulou a fabricação desse insumo. Com o produto escasso no mercado, o governo passou a importar etanol dos Estados Unidos, em 1991, ao mesmo tempo que ia retirando os subsídios à produção, o que promoveu a quase extinção do Pró-álcool. Além desses problemas mercadológicos, a queda no uso desse biocombustível deveu-se também a problemas técnicos nos motores 52

TN Petróleo 75

Foto: Agência Petrobras

Etanol: pioneirismo brasileiro

Shigieaki Ueki, então presidente da Petrobras, abastecendo o primeiro carro movido à alcool no Brasil, um Fiat 147.

a álcool, incapazes de um bom desempenho nos períodos frios. Porém, no início dos anos 2000, com a alta dos preços do petróleo e consequentemente dos combustíveis na bomba dos postos, o governo voltou a investir na produção de álcool para veículos. O resultado foi um grande sucesso do agora popularizado etanol, com mais de 90% dos carros saindo das fábricas preparados para receber o produto. A grande vantagem dessa nova era do etanol é que os veículos recebem os dois tipos de combustíveis, álcool e gasolina, o que dá a garantia de longevidade ao programa, e a certeza de crescimento desse mercado.

galhos, copas e raízes de árvores são reaproveitados, resultando em combustíveis como o etanol e a lignina, que substituem o carvão nos fornos de cal das indústrias de celulose e papel. De acordo com estudos realizados pelo grupo sueco Innventia, líder mundial em pesquisa e desenvolvimento de celulose, papel, embalagens e biorrefino, o custo total para a implantação de uma usina de biorrefinaria com capacidade para 50 mil toneladas de lignina por ano pode chegar a US$ 18 milhões. Outra frente de desenvolvimento tecnológico é a produção do etanol celulósico, feito a partir do bagaço de cana. A utilização do bagaço irá aumentar significativamente a produção e ainda reduzirá os custos. Além disso, já está sendo pesquisado o uso de etanol na aviação, o que seria muito benéfico para o meio ambiente, já que os aviões são grandes poluidores, por utilizarem diesel como combustível.

Logística Mesmo com todos esses investimentos e bons números, o setor de biocombustíveis, assim como outros ramos da economia brasileira, também sofre com a falta de infraestrutura para o escoamento do produto, o que gera mais custo para toda a cadeia e um insumo com preço maior na bomba. Para superar esse gargalo, as empresas estão investindo em soluções para não depender apenas de caminhões para o transporte dos combustíveis. Há diversos projetos para a construção de dutos para abastecer com mais rapidez os demais estados brasileiros e facilitar a chegada deste produto para exportação no Porto de Santos. A Uniduto acaba de conseguir o Estudo de Impacto Ambiental


na roda dos biocombustíveis

(EIA) para a realização da obra de cerca de 612,4 km de dutos, com quatro coletores que ficarão nas cidades paulistas de Serrana, Botucatu, Anhembi e Santa Bárbara d’Oeste, mais dois terminais de distribuição para o mercado interno, em Paulínia e Caieiras, e ainda um terminal de exportação, em Santos, onde também operará um porto próprio offshore.

Pelo projeto, os centros coletores estarão posicionados para se integrar a outros modais, interagindo assim com o transporte ferroviário e rodoviário. O início das operações, que terão como foco o etanol, está previsto para janeiro de 2013, quando será possível transportar até 16 bilhões de litros de etanol por ano. Para Eduardo Leão, diretor-executivo da Unica, os alcooldutos vão trazer

Sistema Integrado de Transporte de Etanol

Petrobras dá início às obras do etanolduto A Petrobras começou, no fim de novembro, as obras do Sistema Integrado de Transporte de Etanol da PMCC, empresa formada pela Petrobras e Camargo Corrêa. Junto com as duas empresas, a Copersucar, Cosan, Odebrecht e Uniduto se associaram ao empreendimento para dar continuidade à implementação do sistema. Com investimentos de mais de R$ 5 bilhões, o Sistema Integrado de Transporte de Etanol possui 850 km de extensão e vai atravessar 45 municípios, ligando as principais regiões produtoras de etanol nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso à Replan, em Paulínia (SP). Parte deste sistema integrado será composto por um etanolduto de

longa distância, entre as regiões de Jataí (GO) e Paulínia. O primeiro trecho irá de Ribeirão Preto a Paulínia. O projeto, quando concluído, terá capacidade instalada de transporte de até 21 milhões de m³ de etanol por ano. O presidente da PMCC, Alberto Guimarães, ressaltou a importância do projeto para tornar o mercado de etanol no país ainda mais competitivo. Segundo ele “grande parcela do preço do etanol decorre dos custos com logística e esse projeto abraça a principal região de produção no país”. E ressaltou ainda

uma importante redução de custos, gerar um melhor planejamento por parte das empresas e também irá ajudar na redução de emissões de gases do efeito estufa, já que haverá diminuição no uso de caminhões para o transporte dos combustíveis. que grande parte do etanolduto atravessará faixas já existentes e que isso minimizará impactos ambientais e para as comunidades do entorno. Um dos benefícios do projeto será a redução do tráfego nas grandes rodovias e nas áreas de grande circulação de veículos dos centros urbanos. Como resultado disso, haverá redução no número de caminhões e menor desgaste das estradas, maior segurança e agilidade e menor emissão de poluentes. O empreendimento irá se integrar também ao sistema de transporte hidroviário existente na bacia Tietê-Paraná. Os comboios de transporte, compostos pelas barcaças de cargas e os barcos empurradores, serão construídos e operados pela Transpetro. A combinação dos modais dutoviário e hidroviário do sistema Tietê-Paulínia irá garantir uma melhor racionalização do processo de transporte do etanol, com os menores custos possíveis. O sistema integrado se estenderá por uma ampla malha de dutos até Barueri e Guarulhos, na grande São Paulo, e Duque de Caxias (RJ). A partir destes terminais, o etanol será levado diretamente aos postos de combustíveis por meio de transporte rodoviário de curta distância. E, para garantir que o etanol chegue a outros mercados no território nacional, por meio da cabotagem, o sistema de escoamento alcançará terminais marítimos nos litorais de São Paulo e Rio de Janeiro. TN Petróleo 75

53


n

por Maria Fernanda Romero

Prevista para o primeiro mês de 2011 a entrada em operação de Alegria 1, juntamente com Alegria 2, logo em seguida. Quando estiver concluído, será o maior parque eólico da América Latina, fazendo com que o Brasil entre definitivamente nos ventos da energia sustentável. O empreendimento em Guamaré, no Rio Grande do Norte, confirma a vocação do Nordeste para essa fonte energética, que já começou a mudar a paisagem da região. E vem ajudando a posicionar o Brasil com um dos países mais promissores neste setor, o qual, impulsionado pelos bons resultados dos leilões, vem ganhando maior competitividade. Prova disso são os altos investimentos e novos projetos em 2010, que culminaram com a inauguração da primeira etapa do parque eólico Alegria, que vai gerar energia suficiente para abastecer 194 mil residências e evitará a emissão de cerca de 115 mil toneladas de CO2 na atmosfera.

B 54

TN Petróleo 75

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energia eólica


A

Distribuição Geográfica do Potencial de Energia Eólica Potencial Indicativo: 143,5 GW Norte: 9 % 12,8 GW 26,4 TWh/ano Nordeste: 52 % 75,0 GW 144,3 TWh/ano

Centro-Oeste: 2 % 3,1 GW 5,4 TWh/ano Sudeste: 21 % 29,7 GW 54,9 TWh/ano

Brasil: 143,5 GW 272,2 TWh/ano Fonte: Atlas de Energia Eólica – Cepel/Eletrobras

Foto: Banco de Imagens Keystone

Sul: 16 % 22,8 GW 1,1 TWh/ano

s perspectivas quanto à energia eólica para as próximas décadas são surpreendentes, segundo o estudo Global Wind Energy Outlook 2010, divulgado pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) e o Greenpeace International. A perspectiva mais moderada, tendo em conta as políticas que incentivam o uso de fontes renováveis, é que em 2030 haja uma capacidade instalada de quase 1,8 mil GW – o que representa mais de dez vezes a capacidade estimada até o final de 2010, que é de 197 GWh. De acordo com o estudo, a geração eólica deverá atender de 15% a 17,5% da demanda de energia mundial. Europa, América do Norte, China e Índia continuarão a liderar a implantação de novos parques eólicos nas próximas décadas e a América Latina deve pular de 1 GW, em 2009, para 72 GW em 2030. No mesmo período, a China vai passar de 26 GW para 404 GW. O Brasil é o país que está tendo o maior progresso na área eólica na América Latina, devendo terminar o ano de 2010 com 900 MW de capacidade instalada. “Este país tem uma área com grande potencial para energia eólica, combinado com o crescimento da demanda de energia e uma infraestrutura industrial sólida”, afirma o relatório. O documento destaca ainda que em 2009 e 2010 foram viabilizados em leilões cerca de 3,8 mil MW de capacidade, apesar de alguns projetos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) ainda estarem em construção. O relatório Panorama Global da Energia Eólica/GWEO 2010 indica que a energia eólica deverá atender 12% da demanda elétrica mundial em 2020, e poderá chegar a 22% desta demanda em 2030. TN Petróleo 75

55


energia eólica

Estas reduções representarão entre 50% e 75% do total das reduções nas emissões acumuladas que foram o compromisso assumido para o ano 2020, nas metas de 2010 indicadas pelas nações industrializadas, conforme seus “compromissos de Copenhagen para 2020.” No ano 2030, um total de 34 bilhões de toneladas de CO2 poderá ser evitado pelas 2.300 GW de capacidade eólica instalada no mundo.

Alegria,

“Energia eólica pode fazer uma contribuição maciça e limpa para a produção mundial de eletricidade e para a descarbonização da geração elétrica, mas será necessário um comprometimento político para que isto venha a ocorrer ”, comentou Steve Sawyer, secretário geral do GWEC. “A tecnologia de produção eólica dá aos governos uma alternativa viável e econômica para enfrentar os desafios atuais e, ainda, para tomarem parte ativa na

o maior parque eólico do Brasil Com capacidade instalada total de 151,9 MW, o Parque Eólico Alegria, que está sendo construído no município de Guamaré, no Rio Grande do Norte, ocupará uma área total de cerca de 1.900 hectares, na Praia do Minhoto, a cerca de 170 km de Natal. O complexo inica sua operação na primeira quinzena de janeiro de 2011. O empreendimento é uma iniciativa da New Energy Options Geração de Energia, empresa brasileira, controlada pelo grupo Multiner, sediado no Rio de Janeiro, focado no desenvolvimento e operação de centrais de geração elétrica. O Parque é composto por duas unidades, Alegria I e Alegria II. A unidade Alegria I é composta por 31 aerogeradores com potência total de 51,2 MW, enquanto que na unidade Alegria II serão instalados 61 aerogeradores com potência total de 100,7 MW. Os 92 aerogeradores do complexo foram fabricados pela dinamarquesa Vestas, líder mundial na fabricação deste tipo de equipamento. Juntas, as duas usinas terão capacidade total de geração de 151,8 MW. Em 2009, a empresa adquiriu da Vestas 92 turbinas eólicas para as Usinas de Energia Eólica Alegria I e Alegria II. Segundo a Multiner, a escolha da localização das usinas é extremamente estratégica, uma vez que a re56

TN Petróleo 75

Fotos: Divulgação

Aponta ainda que a energia eólica deverá ter uma participação estratégica na forma de atender à crescente demanda mundial por energia enquanto, ao mesmo tempo, contribuirá para a crucial diminuição das emissões de gases de efeito estufa. A projeção de que o mundo terá 1.000 GW instalados e em operação em 2020 irá permitir a não-emissão de até 1,5 bilhão de toneladas de CO 2 por ano.

gião tem um dos melhores regimes de ventos do país, com média anual que excede 8,5 m/s. A energia gerada pelo Parque Eólico Alegria será escoada por uma linha de transmissão de 230 KV, com extensão de 89 km entre a Subestação Alegria e a Subestação Açu II, quando será entregue ao Sistema Interligado Nacional. A energia produzida pelo parque eólico será suficiente para abastecer 194 mil residências e evitará a emissão de cerca de 115 mil toneladas de CO2 na atmosfera. O parque gerador da Multiner envolve o desenvolvimento, montagem e operação de usinas hidrelétricas, termelétricas (a óleo, gás e biomassa) e eólicas no país. A Multiner possui uma termelétrica em operação, em Manaus (AM): a UTE Cristiano Rocha – operada pela Rio Amazonas Energia S/A, com capacidade de 85 MW e plano de expansão para 135 MW. Em operação desde novembro de 2006, a UTE Cristiano Rocha gera energia de forma continuada para a distribuidora de energia elétrica local: a Amazonas Energia, fornecendo energia elétrica para mais de 200 mil habitantes. Atualmente, o portfólio da Multiner de energia contratada – representado por usinas já em funcionamento e com contratos de venda (PPAs) já garantidos – atinge a capacidade total de 1,5 GW.


bons ventos no brasil

Evolução da capacidade instalada mundial de eólica Capacidade acumulada (MW) 180.000

Valores em 2009 (destaques) EUA 35 GW Alemanha 26 GW China 25 GW Brasil (apenas 0,6 GW)

160.000 140.000 120.000 100.000 80.000

157.899

.a

a 27%

60.000 40.000 20.000 0

6.100

7.600

10.200

1996

1997

1998

13.600

17.400

1999

2000

23.900

31.100

2001

2002

39.431

2003

47.620

2004

=5x

9 200 02 a 0 2 de

120.550

93.835

74.052

59.091

2005

2006

2007

2008

2009

Capacidade adicional (MW) 40.000

37.466

35.000 30.000

26.282

25.000 19.865

20.000 15.244

15.000

11.531

10.000 5.000

1.280

1.530

2.520

3.440

3.760

1996

1997

1998

1999

2000

6.500

7.270

8.133

8.207

2001

2002

2003

2004

0 2005

2006

2007

2008

2009

Fonte: Global Wind Energy Council

revolução energética de que nosso planeta necessita.” Além dos benefícios para o meio ambiente, a energia eólica está se transformando em fator substancial para o desenvolvimento econômico, pois hoje já conta com mais de 600 mil posições de trabalho ‘colarinho verde’ em empregos diretos e indiretos. Até 2030, a projeção é de que o número destes empregos cresça para mais de 3 milhões em todo o mundo. Em 2010 os 600 mil trabalhadores da indústria eólica estarão colocando um novo aerogerador em operação a cada 30 minutos – sendo que uma em cada três turbinas estará sendo instalada na China 1, informou Sven Teske, especialista sênior de energias do Greenpeace Internacional. “Em 2030 este mercado estará três vezes maior que hoje, envolvendo investimentos da ordem de 202 bilhões de euros. E, o objetivo previsto é de que serão instalados um aerogerador a cada sete minutos!” A energia eólica é a principal fonte de desenvolvimento de ge-

ração de enerPotência eólica instalada no mundo até 2009 gia em muitos Outros 13,5% países e, hoje, 21.391 MW sua aplicação Dinamarca 2,2% EUA 22,1% 3.465 MW 35.064 MW disseminou-se por mais de 75 Portugal 2,2% 3.535 MW países ao redor do mundo. Reino Unido 2,6% 4.051 MW “O interesFrança 2,8% sante é que, 4.492 MW hoje, grande Itália 3,1% 4.850 MW proporção do China 16,3% 25.805 MW crescimento Índia 6,9% 10.926 MW da eólica está Alemanha 16,3% Espanha 12,1% 25.777 MW ocorrendo fora 19.149 MW do mundo inFonte: Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - Cepel dustrializado”, informou Klaus Arrancada brasileira A energia dos ventos ganhou Rave, presidenforça em 2010: o que mais se viu te mundial do no setor neste período foram alGWEC. “Em tos investimentos e promessas de 2030, temos a grandes projetos eólicos. E a situaexpectativa de ção continua ‘de vento em popa’ que mais de para os próximos anos, segundo a metade dos parques eólicos instalados no mundo Associação Brasileira de Energia estará localizada em países em Eólica (Abeeólica). A entidade indesenvolvimento e em economias dicou no ano passado que a capacidade instalada para a produção emergentes.” TN Petróleo 75

57


Foto: Cortesia Suzlon

energia eólica

Maiores fabricantes mundiais de aerogeradores VESTAS, Dinamarca

Outras

17,8%

15,8% NORDEX, Alemanha

3,4% GOLDWING, China

3,6% GE ENERGY, EUA

ACCIONA, Espanha

16,7%

4,1% SINOVEL, China

4,5% GAMESA, Espanha

6,2%

10,8%

SUZLON, Índia

ENERCON, Alemanha

8,1%

9,0% Fonte: Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - Cepel

de energia eólica no Brasil vai ser multiplicada por cinco até 2013, atingindo 4.597 MW. Hoje, o setor conta com 744 MW de capacidade instalada e outros 1.806 MW em processo de instalação. Para a Abeeólica, até 2013 serão mais 2.047 MW, resultado dos contratos fechados nos leilões de energia de reserva e de fontes renováveis feitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no início de setembro. Nos leilões, a energia produzida pelas usinas de bagaço de cana (biomassa) foi comercializada, em média, a R$ 144,20 o MW/h; a energia eólica, a R$ 130,86 e a das pequenas centrais hidrelétricas (PCH), a R$ 141,93. As usinas eólicas ficaram com 70% do total negociado, enquanto as de biomassa ficaram com 25% e as de PCHs com 5%. O presidente da empresa de pesquisa energética (EPE), Maurício Tolmasquim, observa que a fonte eólica, depois destes leilões, tornou-se competitiva no Brasil, podendo ser reavaTN Petróleo 75

Resultado final para energia eólica • 70 projetos contratados • 2.047,8 MW de potência instalada

SIEMENS, Dinamarca

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Leilão brasileiro de fontes alternativas 2010

liada a classificação da fonte como alternativa. Segundo ele, o resultado do leilão mostrou que a eólica perdeu o papel de coadjuvante na matriz energética brasileira. “Considerada ambientalmente interessante, mas pelo seu custo com um papel marginal, pós-leilão a visão mudou. É uma fonte competitiva, que pode ter papel relevante na complementaridade às hidrelétricas”, afirmou Tolmasquim. No Rio Grande do Norte serão instalados 62 projetos de energia eólica até 2013. Destes, 23 vão iniciar as operações em 2012 e os outros 39 no ano seguinte. No total, segundo o governo do estado, serão instalados mil aerogeradores, em 11 municípios. A Bahia, que contará com uma fábrica de aerogeradores da Alstom Wind a partir de 2011, estima que no total receberá investimentos de R$ 21 bilhões de energia eólica. O estado garantiu a construção de 587,4 MW, em 16 usinas. No primeiro leilão de energia de reserva para eólicas, no final de 2009, a Bahia viabilizou 18 parques com 390 MW de capacidade. Hoje, a eólica corresponde a apenas 0,67% da energia elétrica

• 899 MW médios de energia negociada • R$ 130,86/ MWh (preço médio) Fonte: EPE.

do Brasil, mas a Abeeólica estima que essa participação pode chegar a 20% nas próximas duas décadas. Ainda assim, o país é líder na América Latina, com previsão de instalação de 31,6 gigawatts de capacidade por volta de 2025, de acordo com um recente estudo da IHS Emerging Energy Research. A escala de mercado brasileiro, e as políticas proativas de energia renovável estão criando um crescimento continuado no desenvolvimento da energia eólica. Para Tolmasquim, a principal característica e vantagem da energia eólica brasileira é a sua complementaridade com a energia hidráulica. “Aqui você pode usar o próprio reservatório da hidrelétrica para a produção de energia eólica, essa é uma grande vantagem do país. Sem contar que os ventos brasileiros são de melhor qualidade que os da Europa. Nosso fator de capacidade está acima de 40%, enquanto a Europa está abaixo de 25%”, aponta. Segundo o presidente da EPE, os principais desafios do setor eólico são: conseguir internalizar mais a produção dos aerogeradores para criar mais empregos no Brasil; re-


bons ventos no brasil

duzir ao máximo a importação de máquinas e equipamentos; manter o nível de preço competitivo e não esquecer da capacitação de mão de obra. “Na Europa, a energia eólica entrou de forma muito artificial, já no Brasil foi de forma competitiva, então acredito que apesar desses desafios nosso crescimento de mercado é mais sustentado”, diz. Tolmasquim comenta, ainda, que tem confiança que todos os anúncios de projetos e criações de parques eólicos nos próximos anos saiam, porque apesar dos atrasos que podem ocorrer, o que está em jogo são uma soma de recursos e muitas garantias, e os investidores não vão apostar para perder.

Temporada de leilões Tradicionalmente, o Brasil tem contado bastante com as hidrelétricas para seu suprimento de energia. Os recentes leilões de energia eólica reforçam o compromisso do país em incluir a energia eólica em

sua matriz energética, enquanto continua a expandir seu leque de fontes renováveis. Segundo a EPE, o Leilão A-3/2010 proporcionou a contratação de uma potência instalada total de 1.685,6 MW, a partir de um conjunto de 56 empreendimentos que negociaram contratos de compra e venda com 15 empresas de distribuição de energia elétrica. A energia negociada no leilão totalizou 714,3 MWmédios, sendo 643,9 MWmédios de eólica, 22,3 MW médios de biomassa (bagaço de cana) e 48,1 MW médios em pequenas hidrelétricas. O preço médio final ficou em R$ 135,48/MWh. A energia adquirida no referido leilão foi destinada especificamente ao suprimento da demanda de mercado indicada pelas distribuidoras de eletricidade para daqui a três anos. Todos os empreendimentos contratados nesta licitação terão que entrar em operação em 1° de janeiro de 2013.

Já o leilão de Reserva 2010 contratou 1.206,6 MW de potência instalada. Um total de 33 empreendimentos vendeu energia ao preço médio de R$ 125,07/MWh. A energia negociada no leilão totalizou 445,1 MWmédios, sendo 255,1 MWmédios de eólica, 168,3 MWmédios de biomassa (bagaço de cana) e 21,7 MWmédios em pequenas hidrelétricas. O leilão de Reserva contratou um estoque de geração de energia elétrica além do montante necessário para atender à demanda dos consumidores. O objetivo foi aumentar a segurança e a garantia de fornecimento de eletricidade no país.

Encomendas crescentes Como parte dos leilões de energia alternativa de 2010 do país, a GE recebeu encomendas por parte de quatro desenvolvedores para fornecer 258 turbinas eólicas que acrescentarão mais de 400 mega-

A China construirá uma usina de energia eólica de 10,8 milhões de quilowatts em Hami, na região de Uigur de Xinjiang, no extremo oeste do país, nos próximos cinco anos. A capacidade instalada da usina em Hami era de apenas 100 mil quilowatts no ano passado, segundo Guan Baili, vice-secretário-geral do Comitê do Partido Comunista da China da Liga de Hami. Um projeto de energia eólica de 200 mil quilowatts da China Huadian Corporation já passou por revisão preliminar do Departamento de Proteção Ambiental local, que constitui parte da usina com capacidade de 2 milhões de quilowatts que será construída por dez empresas de eletricidade no sudeste de Hami. A capacidade potencial da usina de eletricidade ficará em 75 milhões

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

China terá usina eólica de 10,8 milhões de quilowatts

de quilowatts, isto é, perto de 60% do total de Xinjiang. O crescimento do uso de energia eólica está diretamente ligado aos esforços do governo chinês de usar mais energias limpas, com o objetivo de reduzir a dependência da energia gerada por carvão, que é poluente. A China também planeja construir outras plantas de energia eólica de 10 milhões de quilowatts até 2020. As sete bases, incluindo Hami, terão ca-

pacidade de 90 milhões de quilowatts até 2020, 60% do total do país. Hoje, a China transformou-se no maior mercado mundial de energia eólica e conta com a maior indústria de manufatura de aerogeradores do mundo. De acordo com o relatório GWEO 2010, até 2010 está previsto um crescimento para até dez vezes a atual capacidade instalada na China, partindo-se dos 25 GW em operação no final de 2009. TN Petróleo 75

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energia eólica

watts de eletricidade eólica limpa à capacidade de geração de energia renovável do Brasil, alavancando a companhia como maior fornecedora desta tecnologia em projetos contratados no país. Segundo a GE, as encomendas do leilão de 2010 são provenientes de clientes importantes para a companhia como a Renova Energia S/A para um projeto na Bahia; e a Dobreve Energia S/A (Desa), Contour Global e Bioenergy, para projetos o Rio Grande do Norte.

Petróleo a 90 dólares dá competitividade à eólica A energia eólica já é competitiva com a produção a gás natural com o barril de petróleo acima dos 90 dólares e, no médio prazo, este valor poderá baixar para um patamar de referência de 75 dólares. O cenário, traçado pelo administrador da EDP, João Manso Neto, baseia-se num aumento progressivo do custo dos combustíveis fósseis nos próximos anos e no previsível progresso tecnológico da energia eólica. “A este pacote de condicionantes associa o preço do CO2, também com tendência ascendente devido às restrições ambientais. O resultado é, no médio/longo prazo, uma inevitável “subida do preço da eletricidade”, diz ele. Realça, no entanto, que atualmente “a maior parte da tarifa da eletricidade não resulta do custo da energia propriamente dita, mas sim das outras componentes, como a política energética e a remuneração das redes elétricas, as quais são definidas por leis regulatórias. “Um maior peso das renováveis no ‘mix’ energético reduzirá a exposição do país a esta tendência estrutural”, afirma este administrador da EDP. 60

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Os compromissos incluem o fornecimento de 258 das avançadas turbinas eólicas da GE de 1,5 e 1,6 megawatts. A série de turbinas eólicas de 1,5 megawatts são as mais vendidas e instaladas em fazendas eólicas mundialmente. “A capacidade de suprir as necessidades do Brasil com a tecnologia mais adequada às condições eólicas do país é o fator chave do nosso contínuo sucesso nos leilões de energia eólica”, afirma Victor Abate, vice-presidente de Energias Renováveis da GE Power & Water. “Estamos focados em trabalhar com os nossos clientes no Brasil e ajudá-los na sua missão de gerar energia proveniente de fontes renováveis no país.” Em 2009, a GE ganhou mais de 400 megawatts em encomendas de turbinas eólicas no primeiro leilão de energia eólica realizado em dezembro de 2009. “Para nós da GE, sermos contemplados para fornecer o equivalente a 21% dos megawatts ofertados nos dois últimos leilões reafirma nosso posicionamento como um dos líderes de energia eólica no Brasil. E, mais importante ainda, representa um passo enorme nas nossas visões de compromisso de longo prazo com o Brasil”, disse Jean Claude Robert, diretor da GE Wind para a América Latina. De acordo com o executivo, a Renova e a Desa já haviam escolhido antes a tecnologia GE nos leilões de 2009 no Brasil, enquanto a Contour Global e a Bioenergy são clientes da companhia pela primeira vez. O escopo de trabalho com cada desenvolvedor irá incluir o fornecimento, instalação e comissionamento das turbinas eólicas, junto com contratos de serviço de pelo menos dois anos. A tecnologia da turbina eólica da GE é parte da estratégia ecomagination, negócio da companhia responsável pelo desenvolvimen-

to de soluções inovadoras para os desafios ambientais. Para a Renova, a GE fornecerá 163 megawatts com 102 unidades; para a Desa, 60 megawatts com 38 unidades; Contour Global, 150 megawatts com 100 unidades e para a Bioenergy, fornecerá 28.8 megawatts com 18 unidades. Procurando cumprir seu papel de prestação de serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) receberá, a partir de fevereiro de 2011, as primeiras informações do banco de dados de geração eólica. Segundo Tolmasquim, o sistema computacional já está pronto e a solução será montada a partir da implementação dos parques eólicos negociados nos leilões de energia de dezembro de 2009 e agosto de 2010. “O banco de dados permitirá um inventário do potencial brasileiro de produção de energia dos ventos, permitindo, entre outros benefícios, a análise integrada do comportamento comum entre a geração eólica e a geração hidrelétrica”, afirma o executivo. Ele diz que as informações que farão parte desse monitoramento agregam dados como velocidade e direção dos ventos, temperatura local, umidade relativa do ar e pressão atmosférica. O primeiro dos 71 parques negociados no Leilão de Reserva de 2009 farão o envio dos dados à EPE a partir de 16 de fevereiro de 2011, cada parque começará a enviar as informações seis meses antes da entrada em operação.

Projetos otimistas Com mais de 950 MW de projetos com contratos de compra e venda de energia assinados, o Grupo Impsa é hoje o maior gerador de energia eólica da América Latina.


A empresa tem em operação três parques eólicos no Brasil de 100 MW, localizados no Ceará. “Os parques são formados pelas praias de Parajuru, com capacidade de 28,8 MW, praia do Morgado, com 28,8 MW, e Volta do Rio com 42 MW. E ainda temos outros projetos em execução em Santa Catarina, com 222 MW, totalizando dez parques que estarão entrando em operação comercial a partir de fevereiro 2011”, aponta

Foto: Divulgação

bons ventos no brasil

Juan Carlos Fernandez, vicepresidente da Impsa. Juan lembrou ainda que a holding de geração eólica Energimp – 55% do Grupo Impsa e

Produção local Suzlon vai inaugurar fábrica de pás destinadas a aerogeradores no Brasil O Ceará vai receber uma fábrica de aerogeradores da indiana Suzlon, terceira maior empresa de energia eólica do mundo e líder de mercado no Brasil. Com investimentos de R$ 30 milhões, a primeira fase do empreendimento terá capacidade para produzir 300 pás de aerogeradores e deve começar a produzir em março de 2012. Serão gerados cerca de 200 postos de trabalho na indústria. Para o presidente da empresa, Arthur Lavieri, a operação vai começar com a produção das pás do modelo S95. “À medida que for aumentando a demanda, a fábrica será ampliada e vai produzir, em uma segunda fase, o hub, e na terceira fase, os painéis elétricos de geração de energia”, explicou Lavieri. A cidade cearense que vai receber a indústria de pás ainda não foi anunciada pela empresa. “Estamos trabalhando com três possibilidades”, afirma o presidente da Suzlon, mas sem revelar os destinos possíveis. “Estamos em negociação com o Go-

verno do Estado. Pedimos infraestrutura, terreno e apoio tributário.” Os aerogeradores S88 da Suzlon estão presentes em dez parques do Ceará, gerando 382 MW, o que representa 45% da energia eólica do Brasil. São 182 turbinas, no total. A partir de fevereiro de 2011, outros nove parques começam a ser construídos e vão receber aerogeradores S88 da Suzlon, divididos entre Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, somando 400 MW. Lavieri diz que a produção da fábrica do Ceará se destinará, em um primeiro momento, ao mercado interno. “O Brasil concentra 70% da produção de energia eólica na América Latina”, afirma. “É uma energia limpa, não queima, não inunda áreas. O Brasil busca a diversificação da matriz energética. A eólica representa 0,90% da potência instalada. Se seguir a meta

45% do FI FGTS – participou nos processos de leilões em dezembro de 2009, ganhando todos os parques apresentados. “Os oito parques estão localizados no dos países ricos, deve alcançar 20% em 2020.” O investimento de uma nova fábrica no Ceará devese, segundo Lavieri, à posição geográfica do estado, incentivos do governo e a estrutura já montada em Fortaleza, onde um escritório monitora as 182 torres 24 horas. Durante a 16ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP-16), realizada em novembro de 2010, em Cancun (México), a Suzlon ganhou o prêmio Gigaton por liderança global em controle de emissões e práticas sustentáveis, na categoria energia. O Prêmio Gigaton é promovido pela Carbon War Room, organização sem fins lucrativos que une empresários a fim de implementar soluções de mercado para as mudanças climáticas. A premiação baseia-se em dados do Carbon Disclosure Project (CDP), projeto que reúne o mais abrangente banco de dados global em informações do mercado sobre mudanças climáticas. Com a premiação, a Suzlon se torna uma das seis companhias destaque pela liderança global na redução de emissões e em práticas sustentáveis, em uma lista que inclui Vodafone Group (telecomunicações), Nike (Consumo), 3M (industriais), GDF Suez (utilidades) e Reckitt Benckiser Group (Bens de Consumo). TN Petróleo 75

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energia eólica

Ceará e somam uma potência instalada de 211 MW. Estamos agora em processo de fechamento de financiamento com a Caixa Econômica Federal como banco repassador do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, informou. Segundo ele, no mesmo ano, o Grupo Impsa conseguiu em um leilão do governo da Argentina os contratos de compra e venda de energia para quatro projetos, totalizando 155 MW. Em agosto de 2010, a Energimp participou do leilão de fontes alternativas e ganhou com os nove projetos, totalizando 270 MW no Ceará e Rio Grande do Norte. “Além destes sucessos, a Impsa, como fornecedora de aerogeradores, instalou e pôs em operação 25 MW no parque Arauco na Argentina e assinou recentemente um contrato para expansão do parque de mais 25 MW. Outro grande sucesso foi a contratação da Chesf para a provisão de 180 MW de

aerogeradores para o parque que ganhou no último leilão”, comenta Juan Carlos. Para o executivo, o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica) e os leilões foram cruciais para alavancar o país neste setor. “Hoje a energia eólica no Brasil é um sucesso. Aguardamos leilões eólicos para 2011 com uma capacidade de cerca de 2.000 e 3.000 MW”, indica. Juan Carlos informou também que o grupo investiu em 2010, no projeto de Santa Catarina, mais de R$ 1.300 milhões através da holding eólica que tem parceria com o FI FGTS, e indicou: “Planejamos investir perto de R$ 1.200 milhões em 2011.”

Crescendo com os ventos Para a Ersa/Energias Renováveis, companhia dedicada exclusivamente à geração de energias limpas a partir de fontes renováveis, o mercado de energia eólica tem se desenvolvido com muita rapidez.

Marcelo Souza, diretor financeiro e de relações com investidores da Ersa, indica que o Brasil tem regimes de vento muito favoráveis, sobretudo no Nordeste, disponibilidade de terras, e já possui grande número de fornecedores de equipamentos instalados ou em andamento. “A presença dos fornecedores reduziu bastante o custo de implantação dos projetos, tornandoos bem competitivos. Para 2011, essa tendência deve se manter e o crescimento deve aumentar com a realização de mais leilões pelo governo”, comentou. A energia eólica está se configurando como o segundo vetor de crescimento da base de geração da Ersa. Como empresa de energia renovável, é muito importante a flexibilidade da companhia para explorar todas as tecnologias disponíveis. “O primeiro passo da em-

Grupo Bimbo anuncia a construção do maior parque eólico do mundo para a indústria de alimentos Em dezembro de 2010, o diretor-geral do Grupo Bimbo, Daniel Servitje, anunciou o início da construção do Piedra Larga, o maior parque eólico do mundo para a indústria alimentícia, que abastecerá o consumo elétrico de 50% de suas operações, no mundo, e 100% no México. Este parque entrará em operação comercial para o Grupo Bimbo no final de 2011. Com uma potência instalada de 90 MW, o parque permitirá abastecer o consumo elétrico de 65 instalações da empresa no México (plantas produtivas e outros centros de operação). Este parque, localizado no estado de Oaxaca, viabilizou-se graças à aliança estratégica formada pelo governo, iniciativa privada e bancos. Mesmo assim, a operação se dará por meio da à sociedade do Grupo Bimbo com a Desarrollos Eólicos Mexicanos (Demex), empresa filial da espanhola Renovalia Energy. 62

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O Grupo Bimbo enfocou sua atenção na implementação de energia eólica, para cumprir com o permanente compromisso do Grupo com o meio ambiente. “A construção deste parque é uma pedra angular em nossa busca para seguir crescendo com a força da natureza e representa um esforço sem precedentes no aproveitamento de energia renovável, limpa e virtualmente inesgotável: a energia verde”, comentou Daniel Servitje. O presidente da Renovalia Energy, Juan Domingo Ortega Martínez, acrescentou que esta construção é um marco na política de expansão de energias renováveis no México, com um investimento total de cerca de US$ 200 milhões. O Grupo Bimbo constantemente busca reduzir seu rastro ambiental e para isso opera sob os mais altos padrões de desempenho. “Este é um esforço que fazemos já há dez anos, a partir de nossos cinco pilares de sustentabilidade ambiental: economia de energia, economia de água, redução de emissões, manejo de resíduos e responsabilidade social empresarial.”


presa no mercado de geração de energia eólica foi em 2008, quando incorporou os projetos atuais e os desenvolveu de forma a deixá-los muito competitivos. A Ersa pretende continuar crescendo na geração de energia eólica, seja por meio dos parques que já possui ou por meio dos novos projetos que está desenvolvendo”, conta o executivo. Apesar do cenário positivo, ele disse que a principal dificuldade para trabalhar e desenvolver projetos no setor eólico no Brasil tem sido a competição na comercialização de energia por meio dos leilões. De acordo com ele, os mesmos têm apresentado oferta muito superior à demanda, o que derruba bastante os preços, sobretudo quando há a participação de estatais no páreo (o que ocorreu nos últimos certames). “Como a comercialização no mercado livre ainda não é muito expressiva, a venda de energia em leilões ainda é a principal maneira de viabilizar projetos.” Atualmente, a Ersa possui 11 projetos eólicos nos Complexos Gameleira e Macacos, localizados no Rio Grande do Norte. A empresa comercializou energia de quatro parques no leilão de fontes alternativas de agosto de 2010 e as obras começam nos primeiros meses des-

Foto: Divulgação

bons ventos no brasil

te ano. Marcelo informou ainda que os demais sete projetos estão prontos para comercializar energia, pois já possuem licenciamento ambiental, arrendamento das áreas e medição de ventos de mais de quatro anos. De acordo com ele, após a venda da energia, as obras serão iniciadas.

Com capacidade de 167 MW, a energia desses sete parques poderá ser comercializada no próximo leilão de fontes alternativas (expectativa que o governo realize um leilão já em 2011) ou no mercado livre. O investimento para esses parques é de quase R$ 700 milhões.

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eventos Estaleiro Mauá e Transpetro

Terceiro navio do Promef

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

é lançado ao mar A Petrobras realizou o batismo e o lançamento do navio de produtos Sérgio Buarque de Holanda, o terceiro dos 49 encomendados pela Transpetro, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já foram lançados ao mar o petroleiro tipo Suezmax João Cândido, no Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, e o Celso Furtado, no Estaleiro Mauá, que tem as mesmas características do Sérgio Buarque de Holanda.

A

por Maria Fernanda Romero

embarcação construí-da pelo no Estaleiro Mauá é para transporte de produtos derivados claros de petróleo, com capacidade para 48,3 mil toneladas de porte bruto e 183 m de comprimento, equivalente a dois campos de futebol. O navio teve como madrinha a biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, cuja luta para combater a violência doméstica

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contra as mulheres deu origem à lei que leva seu nome. O navio foi nomeado em homenagem ao historiador, jornalista e crítico literário paulista, autor do clássico Raízes do Brasil. A solenidade seguiu o cronograma de lançamentos previstos para o ano, que se iniciou no dia 7 de maio, no Estaleiro Atlântico Sul (PE), com

o Suezmax João Cândido, e no próprio Estaleiro Mauá, no dia 24 de junho, com o navio de produtos Celso Furtado. Durante entrevista coletiva realizada no dia anterior ao lançamento, Sergio Machado, presidente da Transpetro, falou sobre os desafios e a importância do programa para a indústria brasileira: “Temos um grande programa de navios para ser cumprido e isto significa o renascimento da indústria naval brasileira em bases sólidas. Nós


características técnicas

Boca moldada: 32,2 m Calado de projeto máximo: 12,8 m Capacidade: 48,3 mil tpb Velocidade: 14,6 nós Autonomia: 12 mil milhas

nos propusemos a ter navios competitivos em nível mundial e assim o primeiro passo foi modernizar os estaleiros. Este foi nosso grande desafio. O primeiro navio que fizemos no Estaleiro Mauá levou nove meses para ficar pronto e o que lançaremos amanhã, apenas cinco meses, mostrando o desenvolvimento da tecnologia da construção.” O presidente destacou o fato de esta curva de aprendizado contribuir muito para a redução do custo das embarcações. Machado afirmou que o lançamento de mais uma embarcação no âmbito do Promef impulsiona a indústria naval brasileira. “É sem dúvida a consolidação do renascimento da indústria naval do país. Basta lembrar que há dez anos tínhamos no setor apenas 1,9 mil empregos e hoje temos 50 mil brasileiros trabalhando na indústria naval do país”, indicou. “O setor naval viveu momentos difíceis e hoje temos a satisfação de ver a retomada da construção naval. Isso representa empregos, resultados positivos e a reconstrução da indústria”, completou o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Depois de ser a segunda maior fabricante mundial nos anos 1970, a indústria naval brasileira foi praticamente extinta nos anos 1990, até ressurgir nesta década. Hoje, com o Promef, o Brasil já possui a quarta maior carteira de navios petroleiros do mundo. O programa

Maria da Penha Maia Fernandes, madrinha do navio, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sérgio Gabrielli

de construção naval da Transpetro já gerou mais de 15 mil empregos diretos. Este número chegará a 40 mil. Em suas duas primeiras fases, o programa prevê a construção de 49 navios no Brasil, dos quais 46 já foram contratados, com investimento de R$ 10 bilhões. “Nós vimos nos preparando para este momento de crescimento da economia brasileira. A produção de petróleo vai aumentar, então precisamos ampliar a capacidade logística. Temos necessidade de navios para transportar o petróleo do pré-sal. O processo de exploração e crescimento estará em curso e buscamos atendê-lo”, observou Sérgio Machado. de petróleo vai aumentar, então precisamos ampliar a capacidade logística. Temos necessidade de navios para transportar o petróleo do pré-sal. O processo de exploração e crescimento estará em curso e buscamos atendê-lo”, observou Sérgio Machado.

Petrobras terá demanda de cinco a seis plataformas por ano Durante o lançamento do Sérgio Buarque de Holanda, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que a demanda da companhia por embarcações será de cinco ou seis novas plataformas de produção por ano, além de sondas e barcos de apoio e transporte. “O futuro da indústria naval está presente no conjunto de contra-

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Comprimento: 183,0 m

Foto: Agência Petrobras

Navio destinado ao transporte de produtos claros derivados de petróleo (diesel, gasolina, querosene de aviação, nafta, óleo lubrificante)

Segundo a Transpetro, em 2011, seis navios serão lançados e cinco serão entregues pelos estaleiros à Transpetro para o início de operações. Nesse contexto, fez parte da cerimônia na ocasião o batimento de quilha (início da montagem) do terceiro navio de produtos construído para a Transpetro pelo Mauá. Até o início de 2015 estarão concluídos os 49 navios do programa. Com isso, a frota da empresa, hoje com 52 navios, superará o número de cem embarcações, com um investimento de R$ 10 bilhões. tos já assinados pela Petrobras e Transpetro com os estaleiros brasileiros. É necessário produzir petróleo, extrair petróleo do fundo do mar e da terra e, para isso, tem que ter sonda, plataforma, navio de apoio e rebocador”, disse Gabrielli. O presidente da Petrobras afirmou, ainda, que o país terá nos próximos anos muitas plataformas. “Vamos ter que construir cinco ou seis plataformas por ano”, afirmou. TN Petróleo 75

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eventos 7º Encontro Nacional do Prominp

espaço

Fotos: Divulgação

Competitividade e mais

A necessidade de ampliar as ações que ajudem o fortalecimento da indústria e da cadeia de fornecedores de bens e serviços, para que atinja os níveis internacionais de competitividade e possa ter mais espaço nas oportunidades geradas pelo setor de petróleo foi o tema que permeou os debates do 7º Encontro Nacional do Prominp, realizado em novembro de 2010, em Porto Alegre (RS).

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azer um balanço anual do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) é o principal objetivo do encontro anual, que esse ano reuniu mais de 500 pessoas entre os dias 17 e 19 de novembro, em Porto Alegre (RS). Abrindo a programação, cerca de 140 pessoas participaram das visitas técnicas ao Polo Metal Mecânico de Caxias de Sul; ao Polo Naval, em Rio Grande, e à refinaria Alberto Pasqualini, a Refap S/A, em Canoas – onde

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conheceram de perto a realidade da cadeia produtiva do setor no Rio Grande do Sul. Em paralelo, realizou-se o 3° Encontro Nacional de Gestores do Convênio Petrobras-Sebrae, firmado em 2004 no âmbito do Prominp, com o objetivo de promover a inserção competitiva e sustentável de micro e pequenas empresas na cadeia produtiva de petróleo, gás e energia. Desde o início do convênio, cerca de três mil empresas foram capacitadas para fornecer para o setor. José Barusco, gerente executivo da Engenharia da Petrobras,

por Maria Fernanda Romero

opina que a participação da indústria nacional nos projetos de petróleo e gás evoluiu de 2003 para cá, mas é nítido que ainda há espaço para avançar. “Em 2003, a Petrobras recebia apenas uma proposta para fazer duas plataformas. Hoje, quando abrimos a licitação para a construção de uma unidade de produção, recebemos pelo menos sete propostas de estaleiros instalados aqui. E tenho certeza que teremos condições de construir muitas plataformas no Brasil”, lembrou o gerente na cerimônia de abertura do evento.


O segundo dia foi marcado por apresentações técnicas e discussões em grupo. Pela manhã, a agenda contemplou os resultados do Prominp em palestra proferida por seu coordenador executivo, José Renato de Almeida; o vice-presidente da Firjan, Raul Sanson, representando a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) palestrou sobre a ‘Visão da indústria sobre a competitividade da cadeia produtiva de petróleo e gás natural’; e o professor titular da UFRJ, Adilson de Oliveira, apresentou o estudo inédito elaborado pela Petrobras, BNDES e Prominp, que resultou no diagnóstico das necessidades de adequação do parque supridor nacional. À tarde, os participantes se dividiram em grupos de trabalho – Emprego e Qualificação Profissional; Fatores Exógenos da Competitividade da Cadeia de Suprimentos de Bens e Serviços; Adequação do Parque Supridor Nacional, Tecnologia e Infraestrutura Fabril; e Meio Ambiente

– gerando propostas de ação que serão analisadas pelo Comitê Executivo do Prominp, para possível implementação. O encerramento do encontro foi marcado pela apresentação dos resultados dos grupos de trabalho e pela exposição de quatro iniciativas de destaque para o desenvolvimento do setor de petróleo e gás: o Programa Progredir, lançado pela Petrobras em agosto deste ano para faci-

litar o acesso ao crédito para os fornecedores da cadeia produtiva do setor; a Rede de Melhoria de Gestão, criada em parceria pela Petrobras, Ministério do Planejamento, Movimento Brasil Competitivo e Fundação Nacional da Qualidade (FNQ); os Projetos do Centro de Excelência para a Cadeia EPC (sigla em inglês para Engenharia, Suprimento e Construção), e os Resultados do Convênio Petrobras-Sebrae.

Coppe e Bureau Veritas assinam acordo de cooperação A Coppe e o Bureau Veritas assinaram um acordo científico e tecnológico de cooperação para o desenvolvimento de projetos na área de engenharia naval e oceânica (offshore). Com o acordo, duas ações já estão programadas: o desenvolvimento de um sistema voltado para avaliar a capacidade de sistemas de posicionamento dinâmico para navios aliviadores, com particular interesse para os campos do pré-sal, que será desenvolvido pelos pesquisadores do Programa de Engenharia Naval e Oceânica; e a cessão à Coppe, com objetivos acadêmicos, dos softwares Hidrostar e Ariane, que foram desenvolvidos pelo Bureau Veritas com foco de atuação nas áreas de hidrodinâmica e amarração de unidades offshore, respectivamente.

Segundo o vice-presidente do Bureau Veritas América Latina, Eduardo Camargo (à direita na foto), a expectativa da empresa é de que os resultados sejam gerados

imediatamente. Ele afirmou que a intenção é melhorar cada vez mais a capacitação dos profissionais de engenharia e o desenvolvimento de novas ferramentas para contribuir com a exploração do pré-sal. Estiveram presentes à cerimônia o diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Segen Estefen; o engenheiro naval da Petrobras, Marco Donato Ferreira; o vice-presidente do Bureau Veritas América Latina, Eduardo Camargo; o vice-presidente e diretor técnico da Área Marítima do Grupo – França, Pierre De Livois; e o vice-presidente de Pesquisa & Desenvolvimento da Divisão Marítima – França, Pierre Besse. TN Petróleo 75

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eventos Prêmio Profissional de Destaque da Indústria de Petróleo e Gás

Reconhecimento

Foto: Agência Petrobras

Indústria de petróleo e gás presta homenagem aos profissionais de destaque em 2010

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indústria de petróleo premiou no dia 7 de dezembro, no Rio, os profissionais que mais se destacaram nas atividades do setor ao longo deste ano. A iniciativa é organizada em conjunto pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Organização

Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e a Sociedade dos Engenheiros de Petróleo (SPESeção Brasil). O prêmio Profissional de Destaque da Indústria de Petróleo e Gás visa reconhecer anualmente o talento e a dedicação daqueles que ajudam a fazer da indústria de petróleo e gás no Brasil um dos motores do desenvolvimento do país.

Profissionais premiados

Excelência Empresarial em Fornecimento de Serviços: Ana Zambelli (presidente da Schlumberger Brasil) Excelência Empresarial em Fornecimento de Bens de Capital: Nestor Perini (presidente da Lupatech) Personalidade do Ano: José Sergio Gabrielli (presidente da Petrobras)

Excelência Técnica: Álvaro Maia (assistente do diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella) Formação de Recursos Humanos: Marcelo Gatass (diretor do Grupo de Tecnologia em Computação Gráfica/Tecgraf/PUC-Rio)

Instituído pela SPE-Seção Brasil, em 2004, ao longo dos anos várias categorias têm sido objeto da premiação, tais como: excelência técnica, formação de recursos humanos, destaque estudantil, fornecimento de bens e serviços, excelência em SMS e Personalidade da Indústria de Petróleo e Gás. Com o objetivo de aumentar a representatividade da indústria de óleo e gás brasileira na premiação, o evento foi ampliado e redesenhado em 2009, com as participações do IBP e da Onip. Este ano, a seleção dos vencedores foi feita pelo Comitê Organizador (formado por profissionais das entidades idealizadoras do prêmio) em cinco categorias: Excelência Técnica; Formação de Recursos Humanos; Excelência Empresarial em Fornecimento de Serviços; Excelência Empresarial em Fornecimento de Bens de Capital; e Personalidade do Ano.

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EVENTOS CONGREGADOS • •

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perfil profissional

Stella Brant

Uma vida nos

estaleiros por Cassiano Viana

A indústria naval corre nas veias de Stella Brant, analista comercial da Naproservice Offshore Estaleiros do Brasil.

“Eu não poderia estar trabalhando em outro ramo”, diz ela, contando que o pai era oficial da Marinha de Guerra, quando o Brasil comprou o porta-aviões Minas Gerais, em 1956. Construído a mando de Winston Churchill, enquanto Hitler bombardeava Londres, o navio, antes batizado como Vengeance (Vingança), foi um ícone da vitória naval da frota de Sua Majestade na Segunda Guerra. “Já nomeado Minas Gerais, quando o governo brasileiro fez um acordo com o Verolme, que tinha um estaleiro na Holanda, para fazer a reforma da embarcação, no início dos anos 1960, ganhando, em troca, uma área para a construção de um estaleiro no Brasil, meu pai foi para a Holanda supervisionar a obra, em Roterdã”, conta. “Foi quando conheceu minha mãe.” Terminada a reforma do porta-aviões, o casal voltou para o Brasil. Em Angra dos Reis, pela quantidade de colaboradores holandeses, em função da falta de mão de obra especializada na região, foi preciso criar uma escola para os filhos desses funcionários. “E foi essa a escola que frequentei. Só na quinta série fui para uma escola brasileira”, conta. “Na verdade, a minha terceira língua foi o português.” Única mulher – Carioca, 47 anos, criada em Angra, onde o pai foi funcionário do Verolme, como dito, Stella, entrou no setor de óleo e gás em 2000, com a reabertura do citado estaleiro, agora denominado Brasfels, na época do grupo Fels Setal. Começou como secretária. 70

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“Havia apenas 30 pessoas trabalhando no estaleiro e eu era a única mulher. Fiquei no estaleiro um ano, quando o CEO da Fels Setal me chamou para ser a secretária dele no Rio.” Na Keppel Fels, foi secretária de Tay Kim Hock por quatro anos, quando surgiu uma vaga no setor de comunicações e marketing, do qual foi coordenadora por três anos. Neste meio tempo, a Setal vendeu suas ações e o grupo tornouse Keppel Fels. “Durante toda a minha trajetória na Keppel, tive o prazer de acompanhar de perto o renascimento da indústria naval, através do apoio dos governos municipal, estadual e federal”, avalia. “Vivi esta época com muita emoção, já que fui criada num ambiente de estaleiro – quando havia sete mil funcionários. Ao retornar e ver o estaleiro abandonado tive um sentimento de perda muito grande”, confessa. Após sete anos na Keppel, foi trabalhar na Rebras, que havia se associado à Smit da Holanda. A Smit Rebras estava no começo de sua solidificação no mercado. “Como falo bem holandês, esta oportunidade fez com que eu tivesse contato com meu país materno”, aprecia. Novos tempos – Os marcos do período são muitos, ainda mais quando a primeira grande obra do Brasfels entrou na baía de Angra, num dia de chuva, anunciando dias melhores. Era a plataforma Sedco 135. Veio a P-48, que aos poucos foi se transformando aos nossos olhos em um FPSO. “Participar de perto da construção da P-52, a inovação de tecnologia, o processo de transporte e, por fim, o mating, mostram que o

ser humano quando quer é capaz de fazer obras grandiosas”, destaca. Devido ao projeto de 18 rebocadores da Smit, todos com propulsão Schottel, ela acabou ficando muito próxima da empresa. “Estávamos em contato constante, pois como era um

Idade: 47 Formação: Superior fisioterapia Primeiro trabalho: na área naval, Keppel Fels, antes disto dava aulas de inglês Principais cargos ocupados: secretária do Diretor do BrasFELS, secretária do CEO Keppel Fels, coordenadora de Marketing e Comunicação Keppel Fels Horas médias de trabalho/dia: 10h Hobbies: praia, curtir a familia e amigos, andar de barco Sonho de consumo quando criança: viajar para a Holanda Sonho de consumo hoje: sapatos e bolsas Músicas: anos 70 e 80, MPB, Legião Urbana e Jota Quest Um bom lugar para descansar: minha casa Um filme: o Fantasma da ópera Livros: atualmente estou lendo Desvendando os segredos da linguagem corporal de Allan Pease; livros de supense e a Bíbilia

grande projeto, demandava muito trabalho de ambas as partes”, recorda. “Quando a Schottel resolveu abrir seu próprio escritório de projetos no Rio de Janeiro, eles precisavam de uma pessoa com o meu perfil e que possuísse boa experiência no ramo. A mudança foi muito interessante, pois a experiência de deixar de ser cliente para ser fornecedor me acrescentou bastante.” Na Schottel, suas principais atribuições eram dar suporte ao gerente de projetos nas suas diversas funções, desde o acompanhamento de projetos existentes junto à matriz na Alemanha, até a geração de novos negócios, organizando as informações necessárias para os clientes. Na área comercial – Hoje, a Schottel do Brasil está finalizando um projeto de cinco rebocadores para a Vale e um ferry boat no Peru. “Para o ano que vem, eles devem entregar dois importantes projetos para o mercado offshore, os PSV 4500 que serão construídos na Starnav pelo estaleiro Detroit e os OSRV 75010 que serão construídos pelo estaleiro ETP para a Consub, aumentando significativamente sua participação no segmento offshore”, enumera. O desafio de trabalhar integralmente na área comercial fez Stella optar pela mudança, em novembro, para a Naproservice Offshore Estaleiros do Brasil, uma das mais conceituadas empresas especializadas do segmento naval no Brasil e na América Latina. “Minha principal atribuição será fortalecer as parcerias com diversas empresas nacionais e estrangeiras, com ênfase maior nas estratégias comerciais”, explica. TN Petróleo 75

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perfil profissional

Participar do renascer da indústria naval brasileira tem sido motivo de muito orgulho e satisfação para Stella. “O caminho das pedras não se pode ensinar, depende do feeling de cada um. Primeiro, é preciso se situar no mercado de trabalho e fazer aquilo que realmente gosta; depois é insistir em seus sonhos, aprender com os erros, nunca fechar uma porta, porque você não sabe quem vai encontrar pela frente”, pontua. “Procurar se qualificar sempre, falar pelo menos duas línguas estrangeiras... o setor é tão amplo que tem lugar para todos os tipos de profissões.” Longe do mar, e quando não está visitando estaleiros, a paixão é a família. “A minha paixão são os meus dois filhos – o mais

velho, Thiago, está com 20 anos, e o mais novo, Pedro, com 18. E também há minha labrador, que é um membro da família”, conta. “Gosto de passar meu tempo livre com meus filhos e seus amigos, ir à praia, ao cinema... ler um bom livro acompanhado de um bom vinho.” Considerada, há mais de 20 anos, uma conceituada empre-

sa do Brasil e América Latina – especializada em serviços de grande porte em reparos navais –, a Naproservice tem como clientes: Petrobras, Transocean, Brasdril, Pride, Frontier, Astromarítima, Tugbrasil, Delba Marítima, Schahin Petróleo, Edison Chouest, Maersk, Camorim, Tranship, Flowserve, Rolls-Royce, CBO, Finarge, Vale, SDC, Etesco, Acergy, Sulnorte, Elcano, Norsul, Marinha do Brasil, Wilson Sons, BOS e Seabulk. E conta com uma área total construída de cerca de 2.600 m². Recentemente, adquiriu uma área de 18.102 m², onde está localizado um Centro de Treinamento focado no atendimento aos clientes onshore e offshore.

Indústria naval brasileira. Um setor em expansão.

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Com um mar de oportunidades em sua proa e após anos de estagnação, o mercado naval brasileiro volta a ser uma realidade. De 2000 para cá, com os programas de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam) e o de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, a indústria da construção naval brasileira saltou de dois mil para 80 mil empregos diretos e indiretos, serão 146 embarcações de apoio marítimo e 49 navios, com um índice de 65% de conteúdo nacional no setor de navipeças. Participe! Copyright 2010, Benício Biz Editores Associados | 55 21 3221-7500 72

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INFORMAÇÃO DE QUALIDADE.

Na ponta dos seus dedos A tecnologia da informação se aperfeiçoa em ritmo acelerado. Não basta ser rápido na transmissão dos fatos; é preciso ser eficaz, saber onde prospectar a informação e ser ágil ao transformá-la em notícia. Ser objetivo, sem abrir mão de aprofundar temas e promover reflexões. Mostrar as tendências dos vários segmentos desta complexa indústria, e dar espaço para que todos os atores deste mercado possam expor suas opiniões. É isto o que o site da TN Petróleo oferece ao seu público: notícias, reportagens especiais, números e indicadores, entrevistas e análises. Não é preciso mais buscar informações. Fazemos isso para você. Acesse!

www.tnpetroleo.com.br 74

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Ano 2 • nº 11 • setembro de 2010 • www.tnsustentavel.com.br

Editorial

Responsabilidade compartilhada O ano de 2010 foi marcado por diversos avanços em ações de sustentabilidade em todas as esferas do mercado brasileiro. Avanços que se traduzem por investimentos nas áreas de legislação, tecnologia, conhecimento e certificações. Em entrevista exclusiva à TN Petróleo, Silvano Costa, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, do Ministério de Meio Ambiente (MMA), fala sobre a lei sancionada em agosto de 2010 que traz avanços como o foco na prevenção e na precaução, estimulando padrões sustentáveis de produção e consumo. Segundo ele, a lei prevê a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos sólidos e proíbe a manutenção de lixões em todo o país – o que é de suma importância para mudar aspectos nas áreas de saúde e segurança. Outro ganho importante é o fortalecimento da chamada ‘logística reversa’, fundamental para que se estruturem os negócios numa economia, acima de tudo, responsável. Quem produz será responsável pelo destino final de seus produtos, pós-venda e pós-consumo. Na área de tecnologia, a aposta ficou por conta da empresa Lwart Lubrificantes, maior empresa latino-americana de coleta e rerrefino de óleos lubrificantes usados, que, ao modernizar sua fábrica para a produção de óleos básicos de alto desempenho, investiu R$ 230 milhões para se tornar a segunda maior empresa de rerrefino de óleos lubrificantes usados do mundo.

Mas, para avançarmos e atingirmos bom desempenho com novas tecnologias, precisamos de pesquisa e de talentos, o que tivemos em dose dupla no 7º Fórum para a Sustentabilidade do Ministério Federal de Educação e Pesquisa (Fona), em Berlim, Alemanha. A iniciativa premiou dois jovens pesquisadores brasileiros pelo seu trabalho com o prêmio internacional de sustentabilidade Green Talents. O critério decisivo de seleção é o fato de uma pesquisa poder contribuir de forma crucial para enfrentar os desafios globais, como as alterações climáticas, declínio das fontes energéticas e a poluição ambiental. Tal reconhecimento reforça mais uma vez a ação brasileira na busca incessante por alternativas sustentáveis, que antes ficava só no discurso. E, finalmente, na área de certificações a TÜV Rheinland do Brasil, subsidiária de um dos maiores grupos de certificação e inspeção mundiais, está ampliando a atuação com a realização de certificações ambientais para projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) e de sustentabilidade industrial, o que inclui pelo menos uma dezena de serviços diferentes. Portanto, amigos leitores, essa edição tem exemplos de sobra de que o mercado de sustentabilidade promete e muito para 2011! Lia Medeiros Diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo

Sumário

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A importância da coleta de óleo

1ª Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde

Ministra da Alemanha distingue dois pesquisadores brasileiros com o Green Talents

Lwart Lubrificantes

Evento

Premiação

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suplemento especial

Entrevista especial Silvano Costa, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, do MMA

Política Nacional de Resíduos Sólidos Após 20 anos de debates, a lei sancionada em agosto de 2010 traz avanços como o foco na prevenção e na precaução, estimulando padrões sustentáveis de produção e consumo. O Brasil produz 57 milhões de toneladas de lixo por ano e, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), somente 2,4% dos resíduos sólidos urbanos são reciclados. Silvano Costa, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, do Ministério de Meio Ambiente (MMA), conta à TN Petróleo que a lei sancionada prevê a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos sólidos e proíbe a manutenção de lixões em todo o país. O plano é importante porque também alavanca a inclusão social, a geração de renda e de trabalho, bem como o fortalecimento da chamada ‘logística reversa’, fundamental para que se estruturem os negócios de uma economia verde, inclusiva e responsável. TN Petróleo – Qual o principal objetivo da política nacional de resíduos sólidos? Silvano Costa – A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece princípios, objetivos e instrumentos, bem como diretrizes e normas para o gerenciamento dos resíduos no país, visando reduzir a geração desses resíduos (lixo passível de reutilização ou reciclagem) e combater a poluição e o desperdício de materiais descartados pelo comércio, residências, indústrias, empresas, domicílios e hospitais. De que forma ela vai revolucionar a gestão dos resíduos sólidos no Brasil? A PNRS é inovadora por tratar da responsabilidade ambiental sobre os resíduos e estabelecer a logística reversa, além de trazer um ganho para a agenda da sustentabilidade do país. E ainda, reúne conceitos modernos de gestão de resíduos sólidos: responsabilidade compartilhada; gestão integrada; inventário; sistema declaratório anual; acordos setoriais; ciclo de vida do produto; não-geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; princípios do direito ambiental; elaboração de pla76

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nos de gestão (em nível nacional, dos estados e municípios) e de gerenciamento (pelo setor empresarial); e faz o destaque para a inclusão social por meio do fortalecimento das cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis. A PNRS considerou o estilo de vida da sociedade contemporânea, propondo a redução da produção e consumo intensivos que provocam uma série de impactos ambientais, à saúde pública e sociais incompatíveis com o modelo de desenvolvimento socioambiental sustentado que se pretende implantar no Brasil. Quais são os benefícios desta política ao país no que se refere às ações de responsabilidade ambiental? O mais importante é que agora haverá outros responsáveis pela coleta de resíduos sólidos além dos municípios e catadores de materiais recicláveis. Entre as inovações da Política Nacional de Resíduos Sólidos destaca-se o conceito de responsabilidade compartilhada em relação à destinação de resíduos. Isso significa que cada integrante da cadeia produtiva – fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e até os

por Maria Fernanda Romero

consumidores – ficarão responsáveis, junto com os titulares dos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, pelo ciclo de vida completo dos produtos, que vai desde a obtenção de matérias-primas e insumos, passando pelo processo produtivo, pelo consumo até a disposição final. Por que a tramitação desta lei demorou mais de duas décadas na Câmara? O PL 203/91, que instituiu a PNRS, era de iniciativa do Legislativo. Segundo a avaliação de alguns deputados, o Congresso Nacional aguardava uma manifestação por parte do Executivo para dar celeridade ao processo, o que só aconteceu em setembro de 2007, quando o presidente Lula enviou o Projeto de Lei 1991 ao Congresso. Pelas novas regras, os envolvidos na cadeia de um produto (da indústria ao comércio, passando pelo consumidor) terão que dividir as atribuições para garantir a retirada dos resíduos do meio ambiente. Como se dará isso? A PNRS estabelece que compete ao gerador de resíduos sólidos a responsabilidade pelos resíduos, compreendendo as etapas de acondicionamento, disponibilização para coleta, tratamento


e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos. Significa dizer que todos nós – consumidores, fabricantes, revendedores, comerciantes, industriais, entre outros – somos responsáveis pelos resíduos sólidos que geramos e a PNRS estabelece a Logística Reversa, que exige dos geradores de resíduos o compromisso com o destino final de seus produtos pós-venda e pós-consumo. Assim, os resíduos podem ser reaproveitados em novos produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos. E os consumidores deverão acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados (embalagens, latas, papel ou papelão, vidro, restos de comida) e disponibilizá-los adequadamente para fins de coleta e devolução. A atitude do consumidor será primordial para que a PNRS funcione e para que as empresas cumpram seu papel: pela lei, o setor empresarial fará a coleta, reciclagem e destinação dos resíduos domiciliares (papel, vidro, plástico, metal), o que é chamado de logística reversa. Mas a lei diz também que todos são solidariamente responsáveis por isso: o fornecedor, fabricantes, importadores, comerciantes, a autorizada, o poder público e nós, cidadãs e cidadãos. Então o consumidor tem de cobrar e fazer a sua parte. De que forma as regras para a destinação e tratamento do lixo, determinadas na lei de resíduos sólidos, favorecerão, no longo prazo, o setor de reciclagem? Tradicionalmente, os fabricantes não se sentem responsáveis por seus produtos após o consumo, pois a maioria dos produtos usados são jogados fora de maneira inadequada. Assim, a Logística Reversa induzida potencializará a reciclagem no Brasil e é importante porque oferece diversas vantagens à sociedade: preservação do meio ambiente, economia de energia, a diminuição da exploração dos recursos naturais para novos produtos, e a geração de empregos, mesmo sendo, em sua maioria, informais como para os catadores de materiais recicláveis. Isso decorre do fato de se conseguir diminuir a descartabilidade de produ-

tos, implicando uma redução dos custos para as empresas, amenizando impactos ambientais e diminuindo o consumo de matérias-primas, além de contribuir para o incremento da reutilização e da reciclagem de material. Esta política também define regras para a coleta seletiva. Quais são essas regras? Os serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos devem estabelecer um sistema de coleta seletiva, priorizando, por exemplo, o trabalho de cooperativas ou associações de catadores de materiais recicláveis. Isso vai permitir a geração de emprego e renda para muitos homens e mulheres. Os serviços de limpeza urbana devem implantar um sistema de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular, junto aos agentes econômicos e sociais, formas de utilização do composto reduzido. Como será a estruturação e a implementação de sistemas de logística reversa para agrotóxicos, seus resíduos e embalagens? A lei obriga a estruturação e a implementação de sistemas de logística reversa para agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, sejam considerados resíduos perigosos. A adoção de medidas, para que os resíduos de um produto colocado no mercado façam um ‘caminho de volta’ após sua utilização, também deve ser aplicada a pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, além de produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Tanto a logística reversa como os outros instrumentos da PNRS estão sendo definidos no processo de regulamentação da Lei e dos acordos setoriais. Qual a estimativa do governo quanto ao impacto desta lei no setor de gestão de resíduos e tratamento de água para os próximos anos? Com as mudanças necessárias, impostas pela Lei, os impactos positivos na gestão serão muito significativos, tanto na esfera federal,

quanto na dos entes federados, e para a sociedade brasileira. Na esfera da União, a elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos apontará para programas, metas e ações, que deverão ser efetuados de forma integrada entre os órgãos do governo que atuam no setor, tais como, o próprio Ministério do Meio Ambiente, o Ministério das Cidades, a Funasa/MS e o Ministério da Integração. Para os entes federados, o planejamento é a necessidade da elaboração de planos estaduais e municipais, que serão os primeiros passos para impactar positivamente todo este novo modelo de manejo dos resíduos sólidos, fazendo com que esta ferramenta de gestão seja o norte para os investimentos e para a própria operação dos serviços. Vale destacar que até 2014 os aterros sanitários poderão receber apenas rejeitos e não mais resíduos. Ou seja, é fundamental que as prefeituras implementem a coleta seletiva, a cobrança, os instrumentos estabelecidos na PNRS, considerando que a Lei prevê a contratação de associações ou cooperativas de catadores de materiais recicláveis, com dispensa de licitação, gerando trabalho, emprego e renda – inclusão social com dignidade. Quanto ao componente ‘água’, podemos destacar que com o manejo adequado dos resíduos sólidos, os mananciais, principalmente os urbanos, terão melhor qualidade, pois o sistema de drenagem urbana não carreará tantos dejetos. Este fator deve rebater, de modo positivo, na qualidade dos mananciais, propiciando melhor operação e tratamento das águas a serem distribuídas à população. De que forma a sociedade vai perceber os efeitos desta lei no seu dia a dia? Como o consumidor poderá ‘monitorar’ o novo sistema? Acredito que na medida que a proposta começar a ser implementada, trazendo melhorias na qualidade do meio ambiente. Quando novas oportunidades de negócios surgirem, a geração de empregos e renda apresentar benefícios para os estados ou municípios, a população vai perceber os desdobramentos advindos desta legislação inovadora. TN Petróleo 75

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suplemento especial

Lwart Lubrificantes

A importância da

Foto: Cortesia Lwart Lubrificantes

coleta de óleo Lwart Lubrificantes, maior empresa latino-americana de coleta e rerrefino de óleos lubrificantes usados, moderniza fábrica para produção de óleos básicos de alto desempenho. Investiu R$ 230 milhões para se tornar a segunda maior empresa de rerrefino de óleos lubrificantes usados do mundo.

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esponsável pela coleta de 45% do óleo lubrificante usado disponibilizado para coleta do país (cerca de 148 milhões de litros ao ano), a Lwart Lubrificantes investe na modernização da planta industrial de Lençóis Paulista (SP) para a produção de óleos minerais básicos do Grupo II. Segundo Carlos Renato Trecenti, presidente do Grupo Lwart, até a conclusão do projeto, prevista para o final de 2011, a empresa planeja realizar aportes de R$ 230 milhões, parte financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na compra de tecnologia, equipamentos e serviços de

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implantação. “Esta nova estrutura e o atendimento de um mercado que ainda é 100% importador no Brasil permitirão um incremento de 25% em cinco anos nas receitas da Lwart Lubrificantes”, afirma. “A modernização da planta viabilizará o processamento de 150 mil m³ por ano de óleos usados, fará da Lwart a segunda maior empresa de rerrefino do mundo e a consolidará como a maior da América Latina”, informa Thiago Trecenti, diretor geral da Lwart Lubrificantes. Segundo ele, a empresa tem a meta de atender a demanda crescente por óleos básicos de alta qualidade, fruto do grande avanço tecnológico de motores e equipamentos.

Thiago Trecenti conta que esta iniciativa recebeu o nome de Projeto H por se utilizar da tecnologia de hidroacabamento ou hidrotratamento. Este é um processo químico no qual o hidrogênio reage na presença de um catalisador, removendo contaminantes e imperfeições da estrutura molecular dos hidrocarbonetos que compõem o óleo básico, possibilitando um produto de melhor qualidade. Para viabilizar o projeto, o executivo informa que a empresa pretende utilizar cerca de 80% de equipamentos fabricados no Brasil. O Projeto H permitirá à fábrica produzir tanto os óleos minerais básicos do Grupo II quanto do Grupo I, atualmente já manufaturados na planta. “Essa flexibilidade depende apenas do ajuste do tratamento com hidrogênio e da demanda do mer-


cado brasileiro por produtos mais nobres, o que é a nossa maior expectativa”, destaca Thiago Trecenti. Outro ponto positivo do avanço da empresa está relacionado a questões ambientais do processo. “Com essa tecnologia, vamos gerar menos subprodutos de baixo valor agregado, diminuiremos o consumo de água e eliminaremos a necessidade de alguns insumos, como o ácido sulfúrico”, acrescenta Silvio Fante, gerente de Engenharia Corporativa do Grupo Lwart. De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), o rerrefino é a única destinação legal para os óleos lubrificantes usados. O descarte inadequado do produto é destinado a aplicações ilegais, como a queima indiscriminada, sem tratamento prévio, o que gera emissões de gases tóxicos. Além disso, sabe-se que apenas um litro de óleo lubrificante pode contaminar 1 milhão de litros de água.

A Lwart ratifica a necessidade do aumento da disponibilidade de óleos lubrificantes usados para serem coletados no país. De acordo com o Sindicato da Indústria do Rerrefino de Óleos Minerais (Sindirrefino), em 2009 dos 500 milhões de litros de óleos lubrificantes usados gerados no país, apenas 330 milhões foram coletados para o rerrefino.

Produto de alto desempenho e ambientalmente correto O Brasil ocupa a quinta colocação mundial em consumo de óleos lubrificantes (1,25 milhão de m³ por ano) e a primeira na América Latina. Em 2009, a importação de óleos básicos do país foi de 315 mil m³, sendo grande parte desse volume de tipos de óleos que ainda não se produz no Brasil, como os do Grupo II. Portanto, é sobre esse déficit do Brasil por óleos básicos de qualidade superior, que sempre foram importados, que a Lwart Lubrificantes pretende atuar,

suprindo a demanda com uma produção nacional. O grande mérito do óleo básico rerrefinado é a contribuição ao meio ambiente. Sua fabricação requer a coleta de óleos lubrificantes usados, altamente poluidores, proporcionando um destino sustentável a esse resíduo perigoso. Com tratamento adequado e modernas tecnologias, o óleo mineral básico volta ao mercado com excelente qualidade e é capaz de atender as mais rígidas exigências do mercado. “A Lwart investe continuamente em tecnologias que garantem a alta qualidade dos óleos rerrefinados e na melhoria da imagem do produto, que tem muitas características positivas para a indústria e para o meio ambiente. Com o Projeto H, esperamos elevar o nível dos óleos básicos produzidos no país e mostrar que temos potencial para participar do mercado de óleos automotivos de alto desempenho”, ressalta Trecenti.

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suplemento especial

1ª Bolsa Internacional de Negócios da

Economia Verde Foto: José Jorge Neto

São Paulo sedia, durante quatro dias, evento inédito com foco na apresentação de propostas que aliem o desenvolvimento econômico com a melhoria da qualidade ambiental.

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primeira edição da Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde (Binev) contou com a participação de representantes do governo de São Paulo, investidores, empresários, empreendedores, Organizações Não Governamentais (ONGs), universidades e membros da sociedade civil do Brasil e de diversos países. Um dos motivos do evento ser realizado na capital paulista é o termo estabelecido pelo estado de redução de 20% na emissão de gases do efeito estufa até 2020, o que será um grande avanço para

uma das metrópoles mais poluídas do mundo. Os destaques da Binev foram a Conferência Internacional da Economia Verde, a Bolsa de Negócios e a área de exposição – onde estavam estandes de empresas ligadas ao mercado de economia verde. A conferência contou com a realização de palestras, mostras de cases e tecnologias sobre agricultura, construção civil sustentável, energias renováveis, saneamento ambiental, transportes sustentáveis e turismo. Um dos participantes e apoiadores do evento, a ETH Bioenergia, que produz e comercializa eta-

nol, energia elétrica de biomassa e açúcar e tem a cana-de-açúcar como matéria-prima do negócio, tem certeza de que a Binev está em sinergia com seu negócio e de acordo com as práticas e políticas de sustentabilidade presentes em todas as áreas da empresa. “Podemos dizer que a sustentabilidade está no centro dos negócios da ETH Bioenergia, uma vez que sua principal matéria-prima é renovável e seu método de produção reutiliza todos os resíduos como nutrientes ou insumo da produção de energia elétrica”, destaca Carla Pires, responsável pela sustentabilidade na empresa. Para reduzir os efeitos das emissões de CO2 durante os quatro dias da Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde, a organização do evento plantou 264, de acordo com o cálculo de emissões e de árvores para redução de CO2, do Instituto Totum e com o apoio da ONG SOS Mata Atlântica.

26 a 27 – Espanha Global Biofuels Summit 2011 Local: Barcelona Tel.: 00421 257 272 146 Fax: 00421 255 644 490 www.flemingeurope.com katarina.prochazkova@flemingeurope.com

31/01 a 02/02 – Brasil EnerGen LatAm 2011 Local: Rio de Janeiro Tel.: +55 11 3214-1300 Fax: +5511 3256-3513 i.tavares@theenergyexchange.co.uk www.energenlatam.com.br

27 – Reino Unido Investing for Sustainability Local: Londres Tel.: 0208 651 7132 Fax: 0208 651 7117 www.investingforsustainability.com paul.napper@fav-house.com

Fevereiro

Feiras e Congressos

Janeiro

20 – Irlanda Irish Renewable Energy Summit 2011 Local: Dundalk, Irlanda Tel.: +353 (0)1 661 3755 Fax: +353 (0)1 661 3786 bookings@energyireland.ie www.energyireland.ie 80

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03 – Irlanda Water NI 2011 Local: Belfast Tel.: +4420 8651 7132 paul.napper@fav-house.com www.waterni.net


Ministra da Alemanha distingue dois pesquisadores brasileiros com o Green Talents Com o prêmio internacional de sustentabilidade Green Talents deste ano, a ministra federal alemã de Educação e Pesquisa, professora Annette Schavan, premiou dois jovens pesquisadores brasileiros pelo trabalho.

Os premiados e o júri Janaína Accordi Junkes está atualmente fazendo doutorado na Universidade Federal de Santa Ca-

Foto: Divulgação

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ministra recebeu os 20 vencedores de 12 países no 7º Fórum para a Sustentabilidade do Ministério Federal de Educação e Pesquisa (Fona), em Berlim, Alemanha. “Estamos extremamente satisfeitos pela adesão à competição Green Talents deste ano e pelo interesse dos participantes na Alemanha como local de pesquisa”, disse Annette Schavan. “O objetivo deste concurso é desenvolver a cooperação internacional para que possamos em conjunto contribuir para soluções sustentáveis que combatam as alterações climáticas e protejam o meio ambiente”. A ministra destaca ainda que “Criamos condições que nos fazem aprender uns com os outros. E o mais importante: não queremos tomar sozinhos decisões sem ter a participação dos jovens cujo futuro está aqui em discussão. Queremos sim colaborar e decidir com eles.” O prêmio do Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) é entregue pela segunda vez em 2010. Trata-se de uma distinção para talentos científicos extraordinários no campo de pesquisa sobre sustentabilidade. O critério decisivo de seleção é o fato de uma pesquisa poder contribuir de forma crucial para os desafios globais, como as alterações climáticas, declínio das fontes energéticas e a poluição ambiental.

tarina, em Florianópolis, e impressionou o júri com sua pesquisa na utilização de resíduos industriais, como o lodo de estações de tratamento de água potável na fabricação de revestimentos cerâmicos. Daniela Morais Leme, estudante da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, foi premiada pela sua pesquisa na área de poluição ambiental, por avaliação de águas de solos contaminados com biodiesel e suas misturas ao óleo diesel. Um total de 234 jovens cientistas de 57 países inscreveram-se para se tornarem um dos Green Talents, entre eles 18 investigadores do Brasil. Um júri constituído por especialistas alemães selecionou os vencedores que viajaram pela Alemanha de 1º a 11 de novembro e fizeram parte de um fórum científico de dez dias. A Alemanha é um dos países líderes mundiais em pesquisas no campo da sustentabilidade e um forte parceiro para cooperações internacionais nesta área. Durante a sua estadia no país, os Green Talents visitaram universidades, instituições e empresas importantes, e conhece-

ram conhecer projetos inovadores em várias áreas da tecnologia. Os selecionados também se encontraram com renomados especialistas alemães e estabeleceram contatos com jovens cientistas alemães. Após a semana do fórum, os vencedores tiveram a oportunidade de uma estadia adicional até três meses, dentro de um ano, para a realização de pesquisas na Alemanha, de forma a intensificarem o intercâmbio internacional no campo da pesquisa de sustentabilidade.

Vencedores Green Talents – Fórum Internacional para Alunos de Grande Potencial no Desenvolvimento da Sustentabilidade 2010 Green Talents 2010 do Brasil – Janaína Accordi Junkes, mestrado em ciência e engenharia de materiais, em fase de doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. Foco da investigação: gestão de resíduos - reutilização de resíduos minerais. Daniela Morais Leme, mestrado em ciências biológicas, em fase de doutorado na Universidade Estadual Paulista Rio Claro, Brasil. Foco da investigação: impacto ambiental do biodiesel. TN Petróleo 75

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suplemento especial

Países da América Latina criam Fórum Permanente de Eficiência Energética A ação pioneira foi criada na Cidade do México e celebra um acordo de cooperação entre os países da América Latina em evento organizado pela International Copper Association (ICA) com o apoio da Agência de Cooperação Técnica Alemã (GTZ) e Organização Latinoamericana de Energia (Olade).

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Foto: Divulgação

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ICA/Procobre, rede de instituições latino-americanas sem fins lucrativos que trabalha para difundir usos e benefícios do cobre, cuja missão é contribuir para a melhoria da qualidade de vida, realizou no México, no final de outubro, o Seminário para a Criação de um Fórum Permanente de Eficiência Energética na América Latina. O Brasil faz parte deste grupo, cuja proposta foi lançada em 2007, durante o 1º Seminário de Políticas Públicas de Eficiência Energética na América Latina, realizado no Rio de Janeiro. Já o realizado no México pretendeu estabelecer um fórum de discussão e divulgação de experiências na região e propiciar o desenvolvimento de uma rede de conhecimento. Como parte dos resultados do Seminário, foi aprovada por unanimidade a criação do Fórum Permanente sobre Eficiência Energética na América Latina, cujo objetivo será difundir as atividades que os governos, organizações, instituições e especialistas da região estejam desenvolvendo em torno da eficiência energética. O início das atividades será o Comitê de Governança Transitória, integrado de forma voluntária, o qual definirá a estrutura do Comitê Gestor Permanente e o plano de trabalho para os próximos seis meses. “Esta iniciativa surgiu da necessidade de promover uma integração regional, na qual especialistas em eficiência energética tenham a

oportunidade de trocar informações e experiências”, destacou Glycon Garcia, líder regional de Energia Elétrica Sustentável do ICA/ Procobre para a América Latina. “É importante definir a criação de uma plataforma que permita uma integração pessoal ou virtual, em que os países possam compartilhar práticas e estratégias sobre o tema”, enfatizou. Inicialmente, farão parte do Fórum os representantes dos países presentes no Seminário – Argentina, Brasil, Chile, Costa Risca, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Peru e Uruguai. A troca de conhecimentos fará com que países com maior desenvolvimento em eficiência energética conheçam e apliquem as melhores práticas executadas no

mundo. Ao mesmo tempo, contribuirá para impulsionar a criação de programas e políticas em países com menos experiência e, finalmente, num ato de cooperação regional, irá estabelecer mecanismos para homologação de sistemas de normalização que reduzam custos e permitam padronizar a certificação de equipamentos eficientes em nível regional. “No quesito ‘eficiência energética’, existem três categorias de países na América Latina: aqueles com muita experiência, os que possuem programas incipientes e outros nos quais não há ação implementada. Um foro permanente permitirá aproveitar as experiências dos mais avançados para gerar programas de forma mais ágil, com menor custo e com resultados garantidos”, explicou George Alves, Assessor de Diretoria de Tecnologia da Eletrobrás e do Procel, no Brasil, instituição que também fará parte do Fórum Permanente. Segundo Alves, o Brasil está entre os países com políticas mais avançadas quando o assunto é normatizar o uso e consumo de energia. Um dos exemplos de destaque no país é o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), executado pela Eletrobrás e criado em 1985 pelo Governo Federal. O Programa define que o Brasil já registrou avanços no controle do consumo e uso de energia, como o Procel Edifica, que conscientiza sobre uso eficiente de energia em


edifícios; o Procel Indústria, com os mesmos objetivos; e o Selo do Procel, que identifica equipamentos com baixo consumo de energia, atestados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro. Todos os projetos do Procel contam com laboratórios distribuídos pelo país para emissão de certificações e testes de equipamentos. De maneira geral, foram identificados três fatores que promovem o desenvolvimento de programas e medidas de economia e uso eficiente de energia: o preço do petróleo no mercado internacional, a luta contra as mudanças

climáticas e a busca por uma maior competitividade e desenvolvimento sustentável. “A indústria que hoje não é eficiente no uso dos recursos energéticos não é competitiva. A energia gerada com combustíveis fósseis é um bem finito e escasso e, como tal, irá custar cada vez mais caro”, argumentou Alicia Baragati, assessora da Direção Nacional de Promoção da Subsecretaria de Energia Elétrica de Argentina.

Eficiência energética De acordo com dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), ao longo dos últimos dez anos, a taxa média de

crescimento do consumo de energia na região alcançou 3,15% acima da média mundial de 2,11%. E 80% do consumo energético na América Latina concentram-se nos seguintes países: Brasil (36%), México (20,5%), Argentina (9,9%), Venezuela (7,5%) e Colômbia (4,2%). Na América Latina, os programas mais comuns para economia e eficiência energética foram desenvolvidos nos setores de iluminação residencial, motores industriais, refrigeradores, normas e etiquetas. Implementando programas e medidas de eficiência energética, o potencial de economia de energia na América Latina é de 20% a 25%.

Gestão da água

WWF lança formato de arquivo ‘verde’ (que não pode ser impresso)

A prefeitura de Guarulhos, na Grande São Paulo, implantou um sistema de reuso de água da chuva para lavar sua frota de quase 700 veículos, no Departamento de Transportes Internos (DPI). Desde setembro, a prefeitura evita o desperdício de 10 mil litros de água potável por dia na lavagem de carros, motos, caminhões e máquinas pesadas. A captação da água é feita no telhado do próprio departamento, que tem uma área de 5.000 m². A água é coletada em uma caixa com capacidade de 15 mil litros, depois de passar por dois filtros, ela segue para dois reservatórios de 15 mil litros, cada, totalizando 45 mil litros de capacidade de armazenagem. Essa quantidade permite à prefeitura lavar seus veículos por uma semana, sem custo. Vale lembrar que a utilização dos filtros permite reaproveitar toda a água para limpar novamente os veículos. O projeto de reuso inclui também um circuito que separa o óleo e devolve a água para o sistema de filtragem. O óleo proveniente da graxa dos automóveis é, então, entregue ao Fundo Social de Solidariedade, que vende o material a empresas que possuem certificados de destinação do material.

Todos os dias, florestas inteiras são cortadas para fazer papel. E apesar de ser fácil evitar a impressão salvando o documento como um PDF, eles também podem ser impressos. Atentos a isso, a organização ambiental WWF (World Wide Fund for Nature) lançou nesta semana o projeto Save as WWF, Save a Tree (Salve como WWF, salve uma árvore), para incentivar pessoas e empresas a criarem documentos eletrônicos com o novo formato .WWF, que não pode ser impresso. A ideia é simples, mas salva árvores. O aplicativo que cria e lê arquivos .WWF baseia-se no popular formato PDF, da Adobe. Por enquanto, esse programa gratuito só funciona no sistema operacional Mac OS X, da Apple. Uma versão para Windows está prevista para breve. “Todos os dias, florestas inteiras são derrubadas para fazer papel. Para parar o uso desnecessário de impressão e encorajar uma nova consciência sobre o uso do papel, desenvolvemos um formato novo e verde, o WWF, que não pode ser impresso”, diz a WWF em seu site. “Decida quais documentos não precisam de impressão, e os salve como .WWF.” O criador e leitor de arquivos WWF está disponível para download em www.saveaswwf.com/en.

Foto: Sidnei Barros

Guarulhos usa água da chuva para lavar veículos da frota municipal

“A expectativa é de que os reservatórios sejam suficientes para abastecer as lavagens, inclusive nos períodos sem chuva”, diz Waldomiro do Amaral Júnior, diretor de Transportes Internos da prefeitura. Além da lavagem dos carros, o DTI irá usar a água reutilizada para os sanitários, onde em geral se desperdiça muita água. A implantação do projeto contou com o apoio da Secretaria de Obras, do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e da Proguaru (Progresso e Desenvolvimento de Guarulhos S/A). O projeto custou R$ 160 mil, mas a expectativa é recuperar o valor em até um ano graças à redução do uso de água tratada no processo.

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suplemento especial

TÜV Rheinland

Foco em certificações de projetos MDL e sustentabilidade industrial Certificadora acredita que o crescimento da procura por eficiência energética industrial e a implementação de novas usinas elétricas de fontes renováveis deverão aquecer os mercados específicos.

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Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

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tenta às movimentações de empresas em busca de certificações que atestem suas boas práticas ambientais, a TÜV Rheinland do Brasil, subsidiária de um dos maiores grupos de certificação e inspeção mundiais, está ampliando a atuação com a realização de certificações ambientais para projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) e de sustentabilidade industrial, o que inclui pelo menos uma dezena de serviços diferentes. “O crescimento da procura por eficiência energética, principalmente nos setores que agregam companhias energointensivas, bem como os últimos leilões do governo federal e os futuros de compra de energia nova de fontes renováveis, fez abrir um potencial de mercado significativo a ser explorado pela TÜV Rheinland no Brasil”, afirma a superintendente técnica de certificação da TÜV Rheinland, Regina Toscano. Ela ressalta que “o país está vivendo um cenário no qual as exigências para práticas ambientalmente corretas são cada vez mais fortes e economicamente viáveis, e a TÜV Rheinland se estruturou para atender a esse potencial mercado nacional”. A principal atuação da empresa nessa área está relacionada aos serviços de sustentabilidade industrial, entre

os quais a TÜV Rheinland oferece o Selo de Eficiência Energética Industrial. Para a obtenção deste selo, as empresas passam por rigorosa avaliação do consumo total de energia gerado nas diferentes etapas de seus processos industriais, da quantidade de energia utilizada por produto fabricado e da quantidade de energia que poderia ser economizada nestas etapas. A partir da equalização desses dados, a TÜV Rheinland pode desenvolver um projeto que resulte em processos mais eficientes e, consequentemente, preserve o meio ambiente. A TÜV Rheinland ainda auditora e verifica inventários de emissões atmosféricas, monitora essas emissões, realiza teste funcional (AST), calibração (QAL2) de instrumentos de medição de GEE (Gases do Efeito Estufa) e valida esses sistemas. Também mede e avalia odores e realiza o teste e

a certificação de dispositivos de medição e monitoramento de emissões (Certificação QAL1). “Dentro desse mix de ações está a realização do Carbon Footprint, estudo que levanta o total de emissões de GEE diretos e indiretos associados a uma cadeia de produção e baliza ações para minimizar as agressões contra a natureza”, explica o responsável pela área na TÜV Rheinland, Sebastián Rosales. Por fim, a certificadora também valida projetos de MDL para geração de créditos de carbono, bem como aplica os conceitos de eficiência energética em muitas das usinas de geração elétrica por fontes renováveis, especialmente em sistemas de cogeração de eletricidade a biomassa.


Itaipu é bicampeã no Prêmio Fundação Coge A Itaipu Binacional recebeu em dezembro um dos prêmios mais prestigiados do setor elétrico brasileiro, o Prêmio Fundação Coge 2010, na categoria “ação de responsabilidade ambiental”, com o projeto Veículo Elétrico para Catadores. Essa é a segunda vez que a empresa recebe o prêmio – a primeira foi em 2006, com o programa Cultivando Água Boa.

Foto: Cortesia Itaipu Binacional

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projeto premiado foi o de carrinhos elétricos para catadores, resultado de uma parceria entre a Itaipu e a Blest Engenharia, de Curitiba. As peças têm capacidade para transportar até três vezes mais carga que os veículos normais, a um custo mensal de apenas R$ 9 em eletricidade. “Foi muito emocionante receber o prêmio diante dos representantes das principais empresas do setor elétrico nacional, que ficaram muito surpresos com um projeto dessa magnitude – ele está humanizando e dignificando o trabalho dos catadores”, afirma a diretora financeira de Itaipu, Margaret Groff, ao receber o prêmio em nome da empresa, juntamente com o superintendente de Energias Renováveis, Cícero Bley. A edição 2010 do prêmio teve um recorde de 82 projetos inscritos. “Além da questão social e ambiental ligada ao projeto, o carrinho tem um aspecto muito positivo que está no fato de a Itaipu, cuja energia movimenta 60% do PIB brasileiro, também colocar sua energia no trabalho realizado pelos catadores de materiais recicláveis”, acrescentou Bley.

O desenvolvimento do projeto teve início a partir de um pedido da primeira-dama Marisa, quando foi apresentado ao presidente Lula o projeto Veículo Elétrico da Itaipu, em parceria com a Fiat e a suíça KWO. Um protótipo foi entregue ao Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis (MNCR) ao final de 2007 pelo próprio Lula. De lá para cá, já foram produzidos cerca de cem peças, que estão sendo utilizadas por cooperativas de catadores da

região de Foz do Iguaçu e também pelo MNCR em diversas capitais brasileiras. Segundo a empresa, agora uma das preocupações do projeto está em viabilizar uma linha de crédito para a aquisição desses carrinhos. A Fundação Parque Tecnológico Itaipu está prestando assessoria técnica ao MNCR para a contratação de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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suplemento especial

Mudança de

paradigma Contribuições para o debate de um modelo de produção sustentável

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João Amato Neto é professor titular do Departamento de Engenharia de Produção da Poli-USP e vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Vanzolini. É também coordenador do núcleo de pesquisa Redes de Cooperação e Gestão do Conhecimento (Redecoop) e do Ceai. Gil Anderi da Silva é professor associado do Departamento de Engenharia Química da PoliUSP e presidente da Associação Brasileira de Ciclo de Vida. É também professor no Curso de Especialização em Administração Industrial (Ceai) da Fundação Vanzolini.

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debate a respeito das práticas sustentáveis nas empresas está cada vez mais intenso, envolvendo vários agentes sociais. Percebe-se, no entanto, certa carência de fundamentos científicos e de referenciais mais elaborados na discussão deste tema tão relevante para a vida das empresas e da sociedade. Do ponto de vista dos efeitos provocados pela produção indus­trial no meio ambiente, em particular, há que se destacar con­ceitos muito relevantes, tais como o da Produção mais Limpa (P+L), Ecoeficiência, Análise do Ciclo de Vida (ACV), Susten­tabilidade ao Longo da Cadeia de Suprimentos (Green Supply Chain), Logística Reversa, como elementos fundamentais para a elaboração e execução de um plano de sustentabilidade nas empresas. Destacamos, aqui, alguns desses conceitos e suas aplica­ções em sistemas produtivos. A prática da Produção mais Limpa (P+L) certamente contri­bui de modo significativo para o avanço no caminho da sustentabi­lidade. Tal prática inicia-se no projeto e desenho dos produtos e busca direcionar o design para a redução dos impactos negativos ao ciclo de vida, desde a extração da matéria-prima até a disposi­ção final dos produtos. Já em relação aos processos de produção, a P+L orienta para a economia de matéria-prima e energia, a eli­minação do uso de materiais tóxicos e a redução nas quantidades e toxicidade dos resíduos e emissões. Em relação aos serviços, direciona seu foco para incorporar as questões ambientais dentro da estrutura e entrega de serviços. Hoje, no entanto, constata-se que uma mudança de patamar se faz necessária: a mudança para o patamar do Consumo mais Limpo. Esse conceito engloba o da P+L e vai além, para a etapa do consumo dos produtos e serviços, a qual inclui as atividades de distribuição, de comercialização, do uso propriamente dito e da destinação final dos produtos. A carência dessa evolução ficou explícita a partir do entendi­mento de que todas as atividades antrópicas, potenciais causas de todos os impactos ambientais, ocorrem visando ao atendimento das necessidades ou dos desejos da sociedade. Considerando que todas as necessidades e todos os desejos da sociedade são aten­didos por produtos e serviços, conclui-se que a busca pela mini­mização dos impactos am-


Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

bientais deve incluir, obrigatoriamente, o percurso dos produtos a partir de sua produção. A trajetória dos produtos, desde a extração dos recursos naturais necessários à sua produção, passando por todos os elos da cadeia produtiva e se­guindo pela distribuição, comercialização, uso e destinação final é denominada de Ciclo de Vida dos Produtos. Neste contexto, fica claro que uma das vertentes para a con­secução da sustentabilidade é o Consumo mais Limpo. Para ‘limpar’ o consumo é preciso, inicialmente, identificar todas as ‘sujeiras’ ao longo do ciclo de vida dos produtos e, a partir desse diagnóstico, estabelecer um programa de minimização de impac­tos abrangendo todas as fases desse ciclo. A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica da Gestão Ambiental que avalia, de forma quantificada, os efeitos que um produto provoca no meio ambiente, ao longo do seu ciclo de vida. Uma característica que diferencia a ACV de outras técnicas da Gestão Ambiental é a de que ela avalia os impactos ambientais associados aos produtos e pode também avaliar os impactos asso­ciados ao atendimento de necessidades e desejos da sociedade. Como exemplo, pode-se citar a necessidade de ‘mobilidade dos seres humanos’. Essa necessidade pode ser suprida de inú­meras maneiras. A título ilustrativo, apresenta-se um exemplo: deseja-se saber qual dos combustíveis – gasolina ou álcool

– é mais agressivo ao meio ambiente. À primeira vista, poder-se-ia pensar em fazer a comparação a partir dos estudos de ACV de cada um dos dois produtos; no entanto, do ponto de vista sis­têmico, a validade maior seria a de comparar os resultados dos seguintes estudos de ACV: • Deslocar quatro pessoas por 100 km em um veículo movido a gasolina; e • Deslocar quatro pessoas por 100 km em um veículo (o mesmo do caso anterior) movido a álcool. A aplicação de tais conceitos, aliada a uma decisão estratégica de considerar, além dos aspectos ambientais (planejamento de ações de conservação da biodiversidade, proteção da qualidade dos recursos hídricos, gestão ecologicamente racional dos pro­dutos químicos tóxicos e dos rejeitos perigosos), os imperativos sociais (ações contra a pobreza, novas modalidades de consumo, ações de proteção e fomento à saúde humana, e ações contra a ex­ploração do trabalho infantil e escravo, e, por outro lado, medidas a favor de condições decentes de trabalho) deverão nortear o fu­turo das empresas e organizações de sucesso no futuro próximo. Trata-se, de fato, de uma ruptura de paradigma de produção e de consumo e de um processo permanente de aprendizagem, no qual todos os agentes sociais públicos e privados deverão estar conscientes e mobilizados. TN Petróleo 75

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suplemento especial

Gestão do investimento social privado no setor petrolífero Este trabalho apresenta uma avaliação dos processos de seleção e monitoramento da carteira de projetos de Responsabilidade Social de uma empresa do setor petrolífero, com o objetivo geral de fornecer subsídios para o direcionamento, monitoramento e gestão dos investimentos sociais de um setor da empresa em suas unidades de negócio

E

ste diagnóstico, realizado pelo Grupo de Aplicação Interdisciplinar à Aprendizagem (Gaia) entre janeiro e agosto de 2008, com base nas entrevistas realizadas, documentação entregue, visitas realizadas aos projetos e conhecimento técnico da equipe, demonstra que a questão da responsabilidade social corporativa (ou empresarial) vem sendo abordada com crescente interesse e profissionalismo. A avaliação dos processos de seleção e monitoramento da carteira de projetos de responsabilidade social da empresa compreendeu as seguintes ações:

Roberto Dertoni é administrador, coordenador de projetos do Gaia (Grupo de Aplicação Interdisciplinar à Aprendizagem).

Lucilene Danciguer é mestre, antropóloga, gerente de projetos do Gaia.

Edison Durval Ramos de Carvalho é PHD, geólogo, gerente geral do Gaia.

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1. análise da carteira de projetos de responsabilidade social; 2. programação e agendamento prévio de visitas a todas as unidades de negócios; 3. entrevistas com funcionários sobre a percepção e o entendimento de cada unidade quanto às iniciativas e ações de responsabilidade social da unidade e a integração destas à gestão do negócio; 4. entrevistas com o gestor de cada projeto para análise de suas características, realizações e desafios; 5. avaliação da adequação do trabalho atual das UNs ao processo padrão estabelecido; 6. validação da carteira de projetos de responsabilidade social da unidade aos filtros e critérios de seleção estabelecidos; 7. identificação das melhores práticas que possam ser replicadas para todos os projetos e das oportunidades de melhoria; 8. avaliação comparativa das práticas de gestão adotadas e os critérios estabelecidos na sistemática de investimentos sociais; 9. consolidação estatística dos dados coletados, gerando informações importantes para análise e discussão gerencial do processo. A carteira de projetos de responsabilidade social do setor da empresa foi definida por meio da análise de todos os patrocínios nessa área e seleção de Este trabalho técnico foi preparado para apresentação na Rio Oil & Gas Expo and Conference 2010, realizada no período de 13 a 16 de setembro de 2010, no Rio de Janeiro. Foi selecionado para apresentação pelo Comitê Técnico do evento, segundo as informações contidas na sinopse submetida pelo(s) autor(es).


Outras temáticas (educação ambiental e desenvolvimento comunitário)

Outras temáticas (educação ambiental e desenvolvimento comunitário) Geração de renda

18%

Geração de renda

8%

9%

24%

38%

Qualificação profissional

49% Direitos da criança e do adolescente

1%

Direitos da criança e do adolescente

53% Qualificação profissional

Figura 1. Número de projetos da carteira de Responsabilidade Social por eixo temático – 2007.

Figura 2. Investimento Social da carteira de projetos de Responsabilidade Social por eixo temático – 2007.

projetos geridos por terceiros ou de programas próprios estabelecidos pelo setor da empresa. Esta carteira tem caráter de investimento proativo para atender às demandas percebidas ou recebidas de comunidades vizinhas aos seus empreendimentos. Os projetos foram analisados segundo a origem da gestão (empresa ou terceirizada) e a região onde foram implementados (Sul/Sudeste e Norte/Nordeste). As principais diretrizes consideradas para a análise basearam-se na missão da empresa, no conceito de Responsabilidade Social e no cumprimento do objetivo estratégico do Balanced Scorecard do Downstream. A identificação dos projetos benchmark baseou-se na definição dos princípios de projeto social estruturante, ou seja, em projetos que têm como premissa garantir a transformação social necessária ao desenvolvimento sustentável.

(53%); 38% foram alocados para direitos da criança e do adolescente, 1,5% para geração de renda e 7,5% para outras temáticas (educação ambiental e desenvolvimento comunitário, Figura 2). As diferenças nos valores investidos por unidade de negócios refletem o porte da Unidade, a complexidade da relação com a comunidade e a fase do empreendimento. Investimentos e necessidades dos municípios – Para alinhar o direcionamento dos investimentos, foi utilizado o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) para os municípios da área de abrangência das unidades. O IFDM varia de 0 a 1, sendo 1 o maior nível de desenvolvimento da localidade. Sua principal vantagem é ser um índice com atualização anual com base em dados dos ministérios e outros órgãos oficiais. Foi sugerido que sejam priorizados os municípios com os menores IFDM e com demandas críticas, considerando as necessidades básicas e qualidade de vida das comunidades. Os investimentos devem concentrar-se nos municípios com índices gerais e específicos, abaixo da média nacional, e com alto grau de dependência econômica das unidades ou que não gozem de nenhum benefício fiscal. A ordem de priorização proposta deve ser refinada com dados específicos das localidades no entorno das unidades, uma vez que o índice não reflete as diferenças locais. Eixo temático e público beneficiário – O principal eixo temático dos projetos é o de garantia dos direitos da criança e do adolescente (54% dos projetos gerenciados pela empresa e 52% dos projetos gerenciados por terceiros). O percentual de projetos em geração de renda é bem menor (4% dos projetos gerenciados pela empresa e 24% dos projetos gerenciados por terceiros). Quando consideramos as regiões do Brasil, a maior parte dos projetos financiados também pertence ao eixo temático

Avaliação da carteira de projetos Características do investimento social – A carteira é formada por 52 projetos distribuídos nas Unidades de Negócio. Destes, considerados na primeira fase, sete não se enquadravam na carteira ou foram cancelados e/ou encerrados, totalizando 45 projetos avaliados. A sistemática do investimento social da empresa e o Programa Desenvolvimento & Cidadania definem três eixos temáticos de atuação: Geração de Renda e Oportunidade de Trabalho; Educação para a Qualificação Profissional; e Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente. De acordo com estes três eixos, existem quatro projetos de Geração de Renda, 11 de Qualificação Profissional, 22 de Direitos da Criança e do Adolescente, além de oito projetos de outras temáticas como educação ambiental e desenvolvimento comunitário (Figura 1). Os projetos do eixo temático de qualificação profissional receberam pouco mais da metade do investimento social de 2007

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suplemento especial

Figura 3. Resultados e impactos sociais – múltiplas respostas (%).

de garantia dos direitos da criança e do adolescente (57% dos projetos atendidos na região Sul/Sudeste e 47% na região Norte/Nordeste). Considerando os públicos beneficiários (Comunidade Escolar, Funcionários, Líderes Comunitários, Mulheres, Portadores de Deficiência, População em Geral, Outros), a maioria dos projetos contempla a Comunidade Escolar (crianças e adolescentes), independentemente da origem da gestão ou região do Brasil onde foram implantados (Comunidade Escolar aparece como beneficiária de 62% dos projetos com gerenciamento de terceiros, 46% dos projetos com gerenciamento da empresa, 50% dos projetos do Sul/Sudeste e 60% dos projetos da região Norte/ Nordeste). O segundo segmento mais atendido varia de acordo com o ponto de vista da observação. As Mulheres aparecem como beneficiárias de 24% dos projetos com gerenciamento de terceiros e a População em Geral como beneficiária de 25% dos projetos com gerenciamento da empresa. Já sob a ótica da divisão regional, a População em Geral é beneficiária de 30% dos projetos do Sul/Sudeste; não há predominância significativa de nenhum segmento específico na região Norte/Nordeste. As características e demandas identificadas por meio do índice IFDM nos municípios, bem como a avaliação do Sísmico 2006, indicam que um aumento no investimento em projetos de geração de renda contemplaria de forma mais abrangente as necessidades de alguns municípios, proporcionando uma contribuição mais efetiva ao desenvolvimento local. A importância dos projetos que atendem crianças e adolescentes é indiscutível; no entanto, é essencial ter uma visão geral do papel do projeto e do público-alvo para a implementação de um projeto estruturante. É desejável que o projeto apresente 90

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características estruturantes, ou que seja parte de um mais amplo que as tenha. Um fator limitante para isso é que por vezes os atores sociais envolvidos não têm a formação necessária para implementar projetos desta abrangência. A realização de capacitações da comunidade para organização social e elaboração de projetos estruturantes seria uma grande contribuição da empresa para o desenvolvimento local sustentável. Satisfação em relação ao valor patrocinado – O valor patrocinado pela empresa é considerado suficiente para 79% dos projetos com gerenciamento da empresa e para 71% dos projetos com gerenciamento de terceiros; o mesmo ocorre para 80% dos projetos localizados na região Sul/Sudeste e para 67% dos localizados na região Norte/ Nordeste. A satisfação em relação ao valor patrocinado é um ponto positivo, pois evita que uma suposta falta de recursos seja utilizada como justificativa pelos executores dos projetos sociais para o não atendimento dos objetivos propostos. Há um equilíbrio entre projetos próprios e patrocinados, sendo que 53% dos projetos são próprios. O valor patrocinado é considerado suficiente para a maioria dos projetos. Estabelecimento de outras parcerias – De modo geral, os projetos têm um ou dois parceiros, responsáveis por complementarem os recursos financeiros ou disponibilizarem infraestrutura. Todavia, pelo menos 30% dos projetos dependem dos recursos da empresa para sua sobrevivência no atual formato. Vários projetos indicaram a intenção de buscar novos parceiros (60% dos projetos da região Norte/Nordeste e 33% da região Sul/ Sudeste); no entanto, é importante que se estabeleça, no projeto inicial, o compromisso com metas concretas para a efetivação de parcerias complementares, essenciais para a sustentabilidade do projeto e para a redução da dependência em relação à empresa. Resultados alcançados e impactos sociais – Com relação aos resultados alcançados e impactos sociais dos projetos, foram avaliados oito aspectos: 1. Aprendizagem e Desenvolvimento Escolar; 2. Empregabilidade e Desenvolvimento Profissional; 3. Relacionamento Interpessoal; 4. Autoestima; 5. Inclusão Social; 6. Maiores cuidados com Saúde; 7. Geração de Emprego e Renda; e 8. Valorização do Meio Ambiente. O aspecto Aprendizagem e Desenvolvimento Escolar foi o resultado mais citado (67% dos projetos), independentemente da região do Brasil onde foram implementados e da origem da gestão. Outros resultados muito apontados foram Empregabilidade e Desenvolvimento Profissional, Relacionamento Interpessoal e Autoestima (Figura 3). Para os projetos com gestão da empresa, o item Empregabilidade e Desenvolvimento Profissional foi destacado por 54% do total. No caso daqueles geridos por terceiros, esse item foi citado como resultado por 43% dos projetos. Na região Sul/Sudeste, Empregabilidade e Desenvolvimento Profissional foi apontado como resultado por 53% dos projetos; já na região Norte/Nordeste, esse número foi de 40%.


Relacionamento Interpessoal teve destaque nos projetos com gestão de terceiros (48%), contra 38% nos projetos com gestão da empresa, e Autoestima, nos da região Norte/Nordeste (47%) e na região Sul/Sudeste (27%). A Valorização do Meio Ambiente está entre os resultados com menor destaque, independentemente da região do Brasil e da origem da gestão (empresa ou terceiros). Isso é reflexo dos poucos projetos com essa temática na atual carteira da empresa. Com relação à análise das metas por região, 33% dos projetos da região Norte/Nordeste alcançaram entre 90 e 100% de suas metas e 27% as superaram. Na região Sul/ Sudeste, 57% alcançaram entre 90 e 100% das suas metas e 23% as superaram. Analisando as metas segundo a gestão, 67% dos projetos com gerenciamento da empresa que responderam a essa questão alcançaram entre 90 e 100% de suas respectivas metas e 8% as superaram. Dos projetos com gerenciamento de terceiros, 29% alcançaram entre 90 e 100% de suas metas e 43% as superaram. Estas diferenças observadas nas metas alcançadas indicam que, com exceção de projetos de interesse estratégico da empresa incorporados na sua cadeia produtiva, a eficiência na gestão dos projetos parece ser maior quando realizada por terceiros. Isso se deve ao fato de os gestores estarem inseridos na problemática com maior disponibilidade de tempo para os projetos, além de maior empenho no alcance do público-alvo e capilaridade por parte de instituições do terceiro setor que têm um histórico de relacionamento com as comunidades (ver item abaixo). Dificuldades – Em relação às dificuldades de operação (Falta de apoio do Poder Público, Alcance do públicoalvo, Falta de infraestrutura e de recursos financeiros, Grande demanda, Burocracia, Falta de recursos financeiros, Relações familiares, Gestão, Não há), a principal dificuldade apontada para os projetos gerenciados pela empresa foi o Alcance do público-alvo, e a dos projetos gerenciados por terceiros foi a Falta de infraestrutura e de recursos financeiros (Figura 4). Os projetos gerenciados pela empresa têm maior dificuldade de mobilização do público-alvo. O Alcance do público-alvo é uma etapa crítica em projetos de responsabilidade social e requer estratégias contínuas de comunicação e relacionamento. A Falta de apoio do Poder Público, mais mencionada nos projetos gerenciados pela empresa, indica a dificuldade de capilaridade nos projetos, focados quase exclusivamente nos público-alvo diretos. Ambas as questões evidenciam necessidade de maior atenção por parte do gestor da empresa nas relações com o público-alvo e com os organismos públicos locais.

Tempo de financiamento por projeto A carteira tem uma parcela significativa de projetos próprios ou patrocinados por longo período. A maioria dos projetos tem recebido financiamento há no mínimo

Figura 4. Dificuldades de operação – múltiplas respostas (%).

quatro anos (75% do total), e mais de 20% recebe patrocínio há mais de 10 anos (Figura 5). Esse padrão é semelhante para as duas regiões analisadas. A empresa estabeleceu, na Sistemática para Projetos Sociais, que o investimento em cada projeto deve ser de até dois anos, podendo ser renovado uma única vez. No entanto, consideramos que essa diretriz deve ser flexibilizada para projetos estratégicos para o negócio da empresa, bem como para projetos estruturantes que apresentem excelência de resultados. Para incentivar a busca de sustentabilidade do projeto pelas comunidades, pode ser estipulada uma redução gradual do investimento ao longo do tempo. Influência em políticas públicas – Uma parcela significativa dos projetos (31%) já se transformou ou influenciou políticas públicas. Este resultado é muito positivo, dada a sua importância para a sustentabilidade dos projetos e a dificuldade para que isso aconteça, indicando que apresenta características de um projeto estruturante. Sete dos 24 projetos com gerenciamento da empresa, e sete dos 21 projetos com gerenciamento de terceiros, influenciaram políticas públicas. Esses correspondem a 40% dos projetos da região Norte/Nordeste e 27% da região Sul/Sudeste. Premiações – O reconhecimento externo (premiações), valorizando o investimento da empresa, também é significativo. Dos oito projetos com gerenciamento da empresa que participaram de algum tipo de concurso, seis receberam prêmios; o mesmo ocorreu com seis dos sete projetos gerenciados por terceiros. Em termos da carteira, 28% dos projetos receberam prêmios. Além da visibilidade, os prêmios fortalecem a autoestima dos envolvidos e renovam os ânimos da equipe. Benchmark e boas práticas – Foi identificado um projeto de benchmark em cada eixo temático (Educação para Qualificação Profissional e Geração de Renda e OportuTN Petróleo 75

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Figura 5. Número de projetos por período de financiamento.

nidade de Trabalho; Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente; Educação Ambiental; Desenvolvimento Comunitário), e foram apontadas as adequações necessárias para os demais projetos da carteira.

Avaliação do Processo da Gestão de Projetos de Responsabilidade Social O processo atual da gestão dos projetos não está em linha com as diretrizes constantes do padrão de Seleção e Monitoramento dos Projetos Socioambientais da empresa. Apenas uma Unidade de Negócio implantou integralmente as diretrizes do padrão da empresa, enquanto dez unidades implantaram-nas parcialmente. Nas diferentes unidades, o levantamento das demandas é recebido por meio das partes interessadas (Conselhos Comunitários, de Indústrias, órgãos públicos), ou da própria empresa. Atualmente, não existe modelo definido para apresentação de uma solicitação de patrocínio. A análise aborda o escopo do projeto, o público a ser atendido e o valor do investimento, não existindo critérios de comparação e/ou priorização entre os diversos patrocínios solicitados e avaliação da capacidade de gestão da entidade interessada. A seleção é realizada pela Liderança das Unidades de Negócio, mas poucas unidades implementaram o Comitê de Responsabili-

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dade Social. Observou-se que muitos projetos novos não foram cadastrados e projetos que deixaram de receber investimento não saíram do cadastro, motivo pelo qual a carteira de projetos não está atualizada. Os principais indicadores utilizados são: número de participantes, cronograma planejado versus realizado, desempenho escolar, avaliações de comportamento. A etapa de conclusão do projeto e emissão de relatório é realizada por todas as unidades; entretanto, falta ainda uma análise que possa servir de base para futuros patrocínios em projetos com características semelhantes aos encerrados. Os investimentos estão concentrados em Educação e Qualificação Profissional, tanto em termos de volume de recursos e número de projetos, como em público atendido. Os resultados alcançados na transformação da vida dos participantes apontam para o desenvolvimento humano, gerando capital humano, o que não se observa em termos de capital social. Será necessário ampliar a carteira, inserindo os eixos Desenvolvimento Comunitário e Educação Ambiental, para promover a formação de lideranças, instituições e redes de colaboração, além do fomento de processos de concertação local e regional. É necessária a construção do IDS (Índice de Desenvolvimento Social Sustentável), para alimentar os indicadores corporativos. Os projetos que têm relação direta com os interesses do negócio devem ser gerenciados pela empresa; os demais devem migrar para uma gestão terceirizada, que têm obtido melhores índices de cumprimento de metas. São sugeridas algumas ações para alinhar as práticas adotadas na gestão dos projetos de Responsabilidade Social às diretrizes constantes no documento da empresa que versam sobre seleção e monitoramento de projetos socioambientais e à Sistemática para Investimentos Sociais.


Fotos: Banco de Imagens Stock.xcng

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pessoas

Carlos Fadigas vai ocupar lugar de Gradin na Braskem em 2011 Bernardo Gradin, atual presidente da petroquímica, passará o cargo a Carlos Fadigas, responsável atualmente pelo braço da companhia nos Estados Unidos, a Braskem America. A nomeação de Fadigas será submetida ao conselho de administração, em 2011. A companhia afirma que a mudança segue um “permanente aprimoramento da governança da Braskem, sempre com transparência e respeito aos stakeholders (acionistas)”. No texto colocado na página eletrônica da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Braskem também destaca algumas conquistas obtidas durante a gestão de Gradin. “A Braskem concluiu sua estratégia de consolidação do mercado brasileiro, estabeleceu relevante presença internacional e liderança global em biopolímeros, com destaque para as aquisições de Quattor e dos negócios de polipropileno da americana Sunoco Chemicals”. A empresa também coloca em relevo os avanços no projeto desenvolvido no México e a inauguração da unidade de plástico verde – produzido a partir do etanol de cana-de-açúcar – em setembro de 2010. Sobre Carlos José Fadigas – Carlos José Fadigas de Souza Filho nasceu em Salvador, Bahia. É graduado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual Unifacs e em Master in Business Administration

ABB muda diretoria para dar conta do crescimento da demanda no Brasil

pelo Institute for Mangement Development (IMD) na Suíça. Após trabalhar dois anos no Citibank, juntou-se ao Grupo Odebrecht em 1992. Foi responsável pela área de planejamento estratégico da OPP/Trikem, hoje Braskem S/A, e em 1999 foi apontado Corporate Controller da OPP/Trikem. Iniciou suas atividades na Construtora Norberto Odebrecht (CNO) em 2002, como gerente financeiro e, em agosto de 2004, foi nomeado o diretor financeiro da CNO. Em janeiro de 2007, passou a ocupar o cargo de vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores na Braskem S/A até se tornar presidente da Braskem America, em 2010.

A ABB, grupo líder em tecnologias de potência e de automação, promoveu alterações em sua diretoria no final de 2009. Desde 1º de dezembro de 2010, Marisa Cesar assumiu a direção da área de Comunicação Corporativa e de Marketing da ABB no Brasil e na América do Sul. Marisa Cesar está substituindo Carlos Roberto Hohl, que assumiu a diretoria de Desenvolvimento de Negócios da ABB no Brasil. Américo Nunes deixa a diretoria de Negócios e assume a Divisão de Produtos de Potência da empresa. Marisa é formada em Relações Públicas pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, e pós-graduada em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing. Desde 1998, quando ingressou na ABB, exerceu várias funções nas áreas de comunicação e marketing.

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Aben divulga nova diretoria para o biênio 2010-2012 No início de dezembro do ano passado tomou posse o novo presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Edson Kuramoto, juntamente com a diretoria eleita para o biênio 2010-2012. Kuramoto é engenheiro nuclear, com mestrado pela Coppe/UFRJ, e especialista em análise de acidentes em usinas nucleares – foi presidente da Aben no biênio 2004-2006. Em sua opinião, o setor nuclear vive um bom momento, principalmente, devido à retomada de Angra 3 e de outros empreendimentos que estavam praticamente parados, como a construção do protótipo do reator do submarino nuclear da Marinha, a expansão das instalações de enriquecimento de urânio, em Resende (RJ), e o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro. Além disso, há a perspectiva da construção de, no mínimo, quatro usinas, de acordo com o PNE 2030. Mas ele afirma que é preciso garantir recursos para que esses projetos sejam concretizados e não sofram atrasos. “É essencial que haja um planejamento de longo prazo para a área nuclear que seja cumprido, de forma que a indústria possa se planejar e se qualificar para atender às necessidades do setor”, frisa. O dirigente acrescenta que os técnicos do setor precisam ser ouvidos na reestruturação do Programa Nuclear Brasileiro (PNB), trabalho esse que está sendo coordenado por uma comissão interministerial formada pelo governo

Presidente – Edson Kuramoto Primeiro Vice – Margarida Mizue Hamada Segundo Vice – Olga Cortes Rabelo Leão Simbalista Tesoureiro – Roberto Cardoso de Andrade Travassos Primeiro secretário – Paulo Roberto de Souza Segundo secretário – Rogério Arcuri Filho Vogais – Guilherme D´avila Mello Camargo; João da Silva Gonçalves; Régia Ruth Ramirez Guimarães e Marycel Figols de Barbosa Conselho Fiscal – Jair de Lima Bezerra; Ronaldo Barata de Andrade; Graciete Simões de Andrade e Silva; Noriyuki Koishi; Maria de Lourdes Moreira; Francisco Rondinelli Júnior; Ivan Pedro Salati de Almeida e Lourença Francisca da Silva federal. “A Aben, como representante dos profissionais da área nuclear, tem muito a contribuir para esse processo, que definirá o futuro da energia nuclear no Brasil”, comenta. Outra prioridade precisa ser a reposição dos profissionais do setor, cuja média de idade é alta, sendo superior a 50 anos. Nos últimos anos, as empresas e instituições da área nuclear têm promovido concursos públicos, mas isso ainda é pouco, segundo o novo presidente da Aben. “É preciso que haja uma política de Estado de recursos humanos que garanta

o desenvolvimento contínuo da tecnologia nuclear no país”, frisa Kuramoto. Durante a cerimônia de posse, no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, Kuramoto indicou que a Aben pretende abrir outras secretarias no Nordeste, tendo em vista a construção de novas usinas na região. “Muito provavelmente iremos abrir secretarias no Nordeste para promover cada vez mais uma maior integração entre a comunidade nuclear e a sociedade brasileira, principalmente nessa região que terá novas usinas nos próximos anos”, aponta.

Raul Munhoz Neto na presidência da Copel O executivo Raul Munhoz Neto, atual diretor de Geração e Transmissão de Energia e de Telecomunicações da Copel (Companhia Paranaense de Energia), responderá interinamente pela presidência da companhia. Ele assume o posto no lugar de Ronald Thadeu Ravedutti, que faleceu no final de novembro de 2010, após sofrer um acidente de carro. Munhoz Neto nasceu em 1943 e é graduado em engenharia mecânica pela Universidade Federal do Para-

ná. Ingressou na Copel em 1982 e atuou em diversas áreas e funções. Em 1994, assumiu a diretoria de engenharia e construção. José Danilo Tavares ocupará a vaga de Munhoz Neto na diretoria que lhe cabia. Ambos foram eleitos para completar o mandato até 2011. Tavares ingressou na Copel em 1978 e trabalhou em diversas áreas e funções. Desde 2006 atuou como assistente da diretoria de Geração e Transmissão de Energia e de Telecomunicações. TN Petróleo 75

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pessoas

Instituto Ethos elege nova diretoria O Conselho Deliberativo do Instituto Ethos e do Uniethos, em reunião ordinária ocorrida em novembro de 2010, elegeu a nova diretoria das duas entidades para o biênio 2011-2012. Jorge Luís Numa Abrahão foi eleito para diretor-presidente executivo. Engenheiro e empresário, Abrahão sempre participou ativamente de movimentos em prol da cidadania. Como empresário, foi membro da coordenação nacional do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE), da Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives) e do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) da Presidência da República. Foi também coordenador do Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São

Paulo. É integrante do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial (FSM). Fez parte do núcleo fundador do Instituto Ethos, com presença ativa na entidade, como membro do Conselho Deliberativo. Também participou da fundação do Uniethos. Paulo Augusto de Oliveira Itacarambi é, de novo, o vice-presidente executivo do Ethos. Como Jorge Abrahão, Itacarambi é engenheiro e empresário. Veio para o Instituto Ethos em 1999, ocupando a coordenação executiva da entidade. Em 2007, foi eleito vice-presidente. Mestre em Administração Pública, também é especialista em planejamento estratégico e coaching

organizacional. Atuou como professor na Universidade Federal de São Carlos (SP); foi presidente do Conselho de Administração e diretor-presidente da empresa pública Anhembi Turismo e Eventos da cidade de São Paulo. É fundador e conselheiro do Instituto Polis/Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais, e também membro do Conselho Brasileiro da Construção Sustentável (CBCS). Com esta mudança na gestão, Oded Grajew, eleito em 2008 presidenteemérito do Instituto Ethos, volta ao Conselho Deliberativo, que é presidido por Sérgio Mindlin.

Abieps conta com novos conselheiros A Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviços (Abieps) elegeu em dezembro de 2010 os oito representantes que farão parte do Conselho Diretor nos próximos dois anos. “Para 2011, estamos preparando vários projetos para o setor. Assim, os novos escolhidos terão muito trabalho pela frente”, afirma Volnei Pereira, presidente da entidade. Pereira também divulgou durante a Assembleia Geral, realizada pouco antes da eleição, o balanço das atividades de 2010 e os planos para o próximo período. Os conselheiros que assumirão o mandato durante o biênio de 2011-2012 são: Anibal Alves Bastos 96

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Neto (Telemed); Laércio Lopes (Nupi Brasil); Marcello Cyrino (Microsffer Informática); Maurício Prado Alves (Servmar); Ricardo Mitaini (Gilbarco Veeder Root); Roseli Doreto (Geo Brasil Soluções); Vittorio Arturo Leone (Leone Equipamentos) e Volnei Pereira (Arxo). O Conselho Diretor da Abieps é formado por 14 membros e renovado alternadamente na proporção de oito membros e seis a cada ano. Os conselheiros têm como papel criar propostas e projetos de trabalho, bem como definir diretrizes da entidade. Entre as atribuições dos conselheiros estão sugerir aperfeiçoamentos, complementos e mudanças do estatuto da entidade,

aprovar a entrada de novos associados, formar comissões especiais de trabalho, aprovar o plano diretivo e planejamento financeiro do ano subsequente do diretor presidente e/ou pelo diretor financeiro, discutir e aprovar a previsão orçamentária, entre outros.


Julio Cesar da Silva Costa (CEF); Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez (Revista TN Petróleo), Renan Magalhães (Correio Popular); Samantha Lima e Pedro Soares (Folha de São Paulo); Claudia Siqueira (Brasil Energia) e Eloi Fenández y Fernández (Onip).

TN Petróleo no Prêmio Onip de Jornalismo Pela quarta vez, a TN Petróleo é premiada no Prêmio Onip de Jornalismo. Na 9ª edição, realizada em dezembro do ano passado, a TN recebeu Menção Honrosa na categoria Revista. O prêmio distingue as melhores reportagens sobre o setor de petróleo e gás natural, publicadas em jornais e revistas de circulação nacional. Instituído em 2001, o Prêmio Onip de Jornalismo é uma iniciativa da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) que conta com a coordenação da Print Comunicação e apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e da Federação Nacional dos Jornalistas. Nesta edição, as matérias inscritas abordaram a indústria petrolífera, abrangendo as atividades de exploração, produção, refino, transporte, distribuição, tecnologia, meio ambiente e as indústrias de bens e serviços. Foram feitas 47 inscrições, nas categorias jornal e revista, das quais

cinco, de cada categoria, selecionadas. A Caixa Econômica Federal (CEF) patrocinou o evento de entrega do prêmio. O júri foi composto por Eliane Velloso, assessora de imprensa especializada na área energética; Renato Cordeiro, gerente do setor de Óleo e Gás do UK Trade & Investment (UKTI) no Brasil (especialista em energia do Consulado Britânico, no Rio de Janeiro); Fátima Belchior, editora da Print Comunicação Empresarial; e Alfredo Renault, superintendente da Onip. A cerimônia de premiação foi realizada na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan).

A TN Petróleo recebeu a menção honrosa com a matéria “Nas águas da tecnologia”, dos jornalistas Beatriz Cardoso, Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez. Esta é a quarta vez que a revista foi premiada, entretanto desde que participa sempre fica dentre as finalistas. Em 2003 e 2004, a TN ganhou o prêmio com as seguintes matérias: “O ativo-rei da Bacia de Campos Marlim” e “Petrobras Argentina – a via da expansão”, ambas da jornalista Beatriz Cardoso. Em 2007, menção honrosa, com a matéria “Uma indústria com a cara do Brasil”, de Cassiano Viana.

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produtos e serviços

General Eletric

Foto: Cortesia GE

GE investirá US$ 500 milhões no Brasil

A GE anunciou no início de novembro que irá investir US$ 500 milhões na expansão de suas operações no Brasil. Deste montante, o principal investimento da companhia será o novo Centro de Pesquisas Global, o quinto da empresa no mundo, que ficará localizado na Ilha de Bom Jesus, na Ilha do Fundão, dentro do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com investimentos de US$ 100 milhões, o Centro de Pesquisas terá como foco o desenvolvimento de tecnologias avançadas para as indústrias de óleo e gás, energias renováveis, mineração, transporte ferroviário e aviação. A construção do complexo, no qual irão trabalhar cerca de 300 pesquisadores e engenheiros, deve começar em 2011 e a previsão é que as obras estejam concluídas no fim de 2012. “Escolhemos o Rio de Janeiro por concentrar muitas qualidades como facilidades de acesso, logística,

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proximidade com nossos clientes e com as universidades”, afirmou João Geraldo Ferreira, presidente e CEO da GE Brasil, que lembrou que cidades como Belo Horizonte, Campinas e São José dos Campos também estavam na disputa pelo empreendimento. Durante a entrevista coletiva, os representantes da prefeitura do Rio de Janeiro disseram que um dos incentivos à empresa foi a redução do ISS para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de 5% para 2%. Além disso, o terreno no qual a GE irá se instalar foi adquirido pelo governo municipal que então fez a cessão do espaço pelo período de 50 anos. Ademais, a empresa irá investir outros US$ 400 milhões nos próximos três anos e neste valor está incluído um aporte de US$ 200 milhões no aumento da capacidade de fábricas e desenvolvimento de novos produtos para os negócios de Energia, Óleo e Gás. Juntamente com o Centro de Pesquisas Global, a GE irá construir um Centro de Qualificação, com custo de US$ 50

milhões, com foco em treinamento e desenvolvimento dos funcionários. Durante a cerimônia, a empresa assinou acordos de cooperação com órgãos do governo, universidades e companhias brasileiras. A Vale e a GE firmaram um termo de cooperação técnica focada em projetos de armazenamento, geração e distribuição de energia. Com o acordo, as duas empresas poderão compartilhar conhecimentos e experiências e trabalhar em conjunto para compartilhar informações sobre as atividades do Centro de Pesquisas Global, e assim auxiliar no desenvolvimento de tecnologias e cooperar na identificação de áreas de P&D. “Essa parceria é essencial para desenvolvermos tecnologias e soluções que possibilitem a produção sustentável de energia, sobretudo para empresas como a Vale que demandam um consumo elevadíssimo desse insumo importante para o desenvolvimento da empresa e do setor de mineração”, afirmou o diretor do Instituto Tecnológico da Vale, Luiz Mello. No que se refere às universidades, a GE firmou acordos voltados para pesquisa e desenvolvimento de soluções tecnológicas, com a UFRJ e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT). A empresa também irá trocar conhecimento em um termo assinado com o Ministério de Ciência e Tecnologia.


Sudeste Pré-Fabricados

Mais rápido e sem geração de resíduos, o sistema poupa recursos financeiros e evita descartes de materiais inertes. O uso de processos industrializados na construção civil, como os pré-moldados e paredes duplas, vem trazendo progressos na execução de cada uma das etapas da obra e também nas questões que envolvem o desenvolvimento sustentável. O retorno mais rápido sobre o investimento, pela agilidade na entrega, é apenas um dos atrativos a gerar economia. Outro fator inerente à difusão do processo tem sido o ganho quanto à utilização racional de recursos, inclusive de mão de obra, um gargalo em tempos de aquecimento do setor. A customização de fábrica e o uso planejado de materiais completam as vantagens, que enxugam o canteiro de obras, ao evitar incorreções e desperdícios comumente associados ao sistema tradicional de alvenaria. Sem a necessidade de pilares e vigas para sustentação e sem seguir medidas modulares no sistema industrializado, as paredes ou lajes são produzidas de acordo com o projeto e com as facilidades

de montagem. Estima-se que tais características representem até 30% mais de agilidade no cumprimento de contratos do que a construção convencional. Segundo o engenheiro e diretor da Sudeste Pré-Fabricados, Fabio Casagrande, a precisão do projeto e a nãogeração de resíduo já valeriam o investimento em produtos sustentáveis. “O sistema artesanal de construção é um agente de degradação do meio ambiente, dado o volume de descarte de materiais inertes que produz. Na construção industrial, além de não haver geração de resíduo, ainda é possível aproveitar materiais como borracha reciclada na hora de construir”, afirma. Para o engenheiro, a conscientização tem sido um dos pontos chaves na hora de optar pelo sistema de pré-fabricados e de

Foto: Cortesia Sudeste

Construção industrializada aposenta canteiro de obras

paredes duplas. “Outro fator de atração é a economia e a organização no canteiro de obras, sem desperdício de material ou compras inexatas. O sistema industrializado é poupador de mão de obra e a qualidade pode ser rastreada, como se a parede ou laje tivesse um código de barras”, salienta o engenheiro referindo-se ao controle de fábrica da produção.

Aker Solutions

Aker Solutions inaugura simulador de perfuração no Brasil tecnologia e performance fornece um modelo matematicamente correto da sonda, que se comunica com o sistema de controle. Com simuladores instalados em Houston (EUA), Cingapura, e outras duas cidades da Noruega, o chairman da Aker Solutions, Øyvind Eriksen, explicou que o principal foco do equipamento é aumentar a qualificação dos próprios funcionários da companhia, além disso, uma tecnologia como essa, quando disponível no país, visa também estimular os jovens a ingressar na área de óleo e gás. “O Brasil é o país perfeito para o crescimento das tecnologias para extração de petróleo em águas profundas”, afirmou o chairman da Aker, que adiantou também que já está certo que a empresa irá instalar, também em Rio das Ostras, outro simulador, de mesmo

modelo. E confirmou ainda que a empresa irá construir um Centro de Engenharia no Rio de Janeiro, nos próximos anos. Foto: Cortesia Aker Solutions

A multinacional Aker Solutions inaugurou no dia 11 de novembro o seu simulador de perfuração em formato domo 240º de visão, com tecnologia 3D, que permite dar ao operador um treinamento mais seguro e eficiente, reduzindo a possibilidade de erros. O simulador ficará no novo centro de formação de operadores da companhia, na cidade de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro. O novo Centro de Treinamento de Equipamentos de Perfuração da empresa custou R$ 17 milhões e, além do simulador, possui salas de reunião e três salas de aula multimídia, nas quais os funcionários das empresas operadoras terão aulas teóricas conduzidas por instrutores bilíngues (inglês e português). Dentre as empresas que já têm contrato com a companhia para treinar seus funcionários está a Odebrecht Óleo e Gás. O simulador XFactor DES, desenvolvido e construído pela companhia, utiliza tecnologia avançada para reproduzir toda a estrutura de uma plataforma de perfuração. O centro de

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produtos e serviços

Falcão Bauer

Reman quer operar com maior confiabilidade

A nova metodologia tem como base o sistema Seis Sigma e Norma Americana API 770. A proposta é unir os dois conceitos para aprimorar a gestão de Confiabilidade na Reman. O Seis Sigma é um conjunto de práticas para melhorar sistematicamente os processos, eliminando os defeitos, e sendo utilizado também como estratégia gerencial para promover mudanças nas organizações, fazendo com que se chegue a melhorias nos processos, produtos e serviços. A Norma API 70 é um guia que visa a redução de erros humanos e a melhoria do desempenho das pessoas nas indústrias de processo. Ele contém conhecimentos básicos sobre as causas dos erros humanos e sugere maneiras de reduzir estes erros, descrevendo ainda como incorporar a Análise de Confiabilidade Humana (ACH) em atividades de gestão de segurança de processos. Tudo será conduzido pelo especialista na área de processos industriais, o engenheiro Ricardo Moura, juntamente com a psicóloga Roseane Rodrigues Moura, ambos da Falcão Bauer, sob coordenação da Engenharia da Reman. “É uma iniciativa interessante, bastante inovadora na região e que nós ainda não tínhamos visto. Essa junção de fato une bem os conceitos, adequando-se ao modelo de negócio da Refinaria”, afirmou Ricardo Moura. Segundo a Reman, o ponto inicial do projeto é a fase de conhecimento em que será realizado o seminário

Foto: Agência Petrobras

Em parceria com a empresa Falcão Bauer, a Refinaria Isaac Sabb (Reman), em Manaus, está desenvolvendo uma nova metodologia para melhorar o desenvolvimento do seu Programa de Confiabilidade Operacional e Humana.

Números da Reman

executivo para mapear e conhecer os processos industriais e, em paralelo, o mapeamento e conhecimento das atividades desenvolvidas pelos colaboradores. As fases de treinamentos de 2011, elaboração do plano de ação e mais uma fase de aprimoramento da metodologia serão realizados neste primeiro semestre de 2011. A metodologia utilizada é a DMAIC / Definir, Medir, Analisar, Implementar Melhorias e Controlar, cuja aplicação será feita pelas equipes reunidas em ‘times’ de melhorias nos diversos processos da organização e, em paralelo, como trabalho de pesquisa para desenvolver a ferramenta de confiabilidade humana com base nas necessidades da Unidade. Em novembro do ano passado, o presidente da Petrobras, José Sergio

Área: 9,8 km² Contribuição em impostos: R$ 500 milhões/ano (ICMS) Principais produtos: GLP, nafta petroquímica, gasolina, querosene de aviação, óleo diesel, óleos combustíveis, óleo leve para turbina elétrica, óleo para geração de energia, asfalto. Capacidade instalada: 46 mil barris/dia. Gabrielli, afirmou que há capacidade para aumentar o volume da produção da Reman, num breve futuro, não somente por conta do aumento a produção em Urucu, mas também pelas descobertas que ele espera que ocorram na região. A iniciativa com a empresa Falcão Bauer potencializa os resultados dos programas que, unificados, permitirão ações em conjunto, numa abordagem mais estimulante e com sinergia de forma a garantir o sucesso do Programa de Confiabilidade Operacional e Humana da Reman.

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Emerson

Automação do Comperj é da Emerson Como Main Automation Contractor, a empresa disponibilizará serviços de engenharia e tecnologias para automação de processo e integração de sistemas da refinaria, parte das utilidades e offsites que compõem o gigantesco projeto energético brasileiro. A Petrobras escolheu a Emerson Process Management, empresa do grupo Emerson, para fornecer tecnologias de automação e serviços para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Para a companhia norte-americana, o escopo do contrato de automação reflete a confiança da petroleira no conhecimento industrial da empresa e nos seus grandes investimentos na América Latina. O projeto do Comperj é um dos primeiros no Brasil a utilizar o modelo Main Automation Contract, o que melhora a coordenação dos projetos envolvendo vários fornecedores e empresas contratadas. A Emerson irá aproveitar sua experiência global nessa função para oferecer amplo escopo de produtos e serviços de automação. Além dos sistemas para controle de processos, segurança, detecção de incêndio e gás, monitoramento de máquinas e gerenciamento de informações de processo e de manutenção, a empresa também fornecerá instrumentos de medição, válvulas de controles, reguladores de pressão e outros produtos e serviços relacionados. O trabalho de engenharia já começou, com início da entrega do hardware em 2011. As tarefas de automação serão

comandadas por uma equipe dedicada exclusivamente ao projeto no Rio de Janeiro e em Sorocaba (SP), onde está localizada a sede brasileira da Emerson. No fim de 2009, a Emerson anunciou a expansão em 45.000 m², no valor de US$ 35 milhões, de sua planta de produção e operação. “A Emerson está honrada por ter sido escolhida pela Petrobras para esse projeto importante, complexo e altamente sofisticado”, disse Steve Sonnenberg, presidente da Emerson Process Management. “Os investimentos em nossas instalações e pessoas no Brasil refletem

o comprometimento em atender às necessidades de clientes como a Petrobras, que estão construindo uma América Latina mais desenvolvida.” Construído em área de 45 milhões de m² – o equivalente a seis mil campos de futebol – o Comperj poderá processar 165 mil barris de petróleo pesado por dia, quando sua primeira refinaria entrar em operação em 2013, e a mesma quantidade em uma segunda unidade projetada para três ou quatro anos depois. Esse investimento ajudará a reduzir as importações petroquímicas e de combustível e suportará a produção crescente de petróleo do país. É esperado, também, que o projeto gere mais de 200 mil empregos diretos e indiretos durante a construção e em sua operação. A Emerson Process Management é líder em negócios para a automação de produção, processamento e distribuição nas indústrias química, de petróleo e gás, refino, papel e celulose, energia, tratamento de água e esgoto, mineração e metalurgia, alimentos e bebidas, farmacêutica e outros. A empresa combina produtos e tecnologias de última geração com serviços industriais especializados de engenharia, gerenciamento de projetos e serviços de manutenção.

IFS

Sueca IFS inaugura filial no Rio de Janeiro De olho no crescimento dos segmentos de óleo e gás, assim como nos investimentos em infraestrutura e a chegada de empresas internacionais desses setores no Brasil, a IFS, companhia global fornecedora de software para gestão empresarial, inaugura uma nova unidade no Rio de Janeiro. O foco deste investimento é capitalizar sua participação no mercado de empresas orientadas para projetos, sobretudo para as que operam no mercado de offshore, e no segmento de utilities, setores que se tornaram os alvos mundiais da IFS. “Atualmente contamos com uma base de 15 clientes locais, entre eles prestadores

de serviços que operam como fornecedores de projetos para a Petrobras, assim como a Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae-RJ), que adotou o IFS Applications para gerenciar seus processos”, comenta Lávio Falcão, presidente da IFS do Brasil. Além de contar com projetos de roll out do sistema em empresas internacionais que já utilizam a tecnologia fora do Brasil, e que agora estão operando no Rio de Janeiro devido à intensificação dos negócios no ramo petrolífero, a companhia quer explorar no local uma particularidade de seu sistema – único no mercado. Trata-se de um con-

junto de processos que envolve engenharia, suprimento, construção e instalação, tudo integrado ao IFS Applications. O EPCI (do inglês, Engineering, Procurement, Construction and Installation), como é conhecido, é um modelo de gestão exigido em contrato pelas empresas de offshore que controla processos como a adequação da estrutura, aquisição de material necessário para um projeto, construção e instalação. “O fato de termos esses procedimentos integrados à gestão executada pelo IFS Applications torna a IFS uma empresa diferenciada neste meio”, afirma Walmir Cardoso, diretor comercial da IFS do Brasil.

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produtos e serviços

Elipse

Elipse lança versão 3.5 do E3 A Elipse Software, empresa gaúcha que desenvolve soluções para o gerenciamento de processos de automação, lança a versão 3.5 de seu software E3, de supervisão e controle. A novidade, que chega ao mercado em novembro, traz pacotes criados para atender a mercados que não necessitam contar com todos os recursos oferecidos pela versão padrão do software, como o de petróleo e gás. No setor de petróleo e gás, a utilização do E3 se dá por meio de empresas de engenharia que configuram o sistema de acordo com as necessidades de cada aplicação. “Temos importantes casos de referência nestas áreas. O E3 apresenta uma arquitetura robusta para este tipo de aplicação específica. Já a área de energia é, atualmente, o nosso principal nicho de mercado, para o qual desenvolvemos soluções direcionadas para os segmentos de geração, transmissão, distribuição e medição de energia”, explica o diretor de negócios da Elipse Software, Marcelo Barbosa Salvador. Tecnicamente, o executivo aponta que a nova versão desta ferramenta foi criada porque a empresa sentiu a necessidade de elaborar um padrão entre as aplicações desenvolvidas para cada cliente, de

forma que diversos módulos de análise de energia pudessem ser plugados sem a necessidade de modificações. Salvador indicou ainda que: “A iminente evolução dos sistemas elétricos para adoção de fontes renováveis e a constante necessidade de P&D é uma das outras motivações da criação desta nova versão, pois os sistemas computacionais precisam ser mais inteligentes, a fim de lidarem com a descontinuidade natural destas fontes. Além da constante necessidade de P&D, porque sempre haverá poucos fornecedores neste mercado, geralmente dividido entre grandes empresas multinacionais.” De acordo com ele, a principal solução da empresa para o mercado de óleo, gás e energia é o Elipse Power. A solução já traz, de forma integrada, todas as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de uma aplicação de supervisão e controle, desde uma simples IHM de subestação até uma complexa rede de distribuição, com a possibilidade

de receber módulos avançados de análise e controle como descarte de cargas, simulação, treinamento de operadores, localização de faltas, entre outros. “Estes aplicativos são de grande importância para se buscar a qualidade e eficiência do suprimento de energia estão dentro de um processo”, afirmou. Há também o E3 IHM, que possui versões de 50 a 1 mil tags, com limite de até dois drivers de comunicação e sem conexão com bancos de dados. Por fim, o E3 Gateway é indicado para aplicações de tradução de protocolos, com versões de 500 a 20 mil tags. Como opcionais, a solução também permite a aquisição de pacotes de drivers de Energia Clientes ou Servidores (IEC 101/103/104/61850, DNP 3.0, Modbus, entre outros), além dos relacionados aos principais equipamentos de controle de mercado. A empresa conta ainda com o Elipse Plant Manager, que é um historiador capaz de coletar, consolidar e armazenar dados provenientes de várias fontes de tempo real ou históricas. “O Plant Manager é o primeiro sistema do tipo a adotar totalmente o novo padrão OPC UA, que permite o envio de qualquer informação de tempo real ou histórica através de webservices ou via programação.NET para outros sistemas. O Elipse Plant Manager também possui interfaces que permitem definir indicadores de eficiência (KPIs) ou outros cálculos complexos”, finaliza Salvador.

Acergy

Acergy e Odebrecht Óleo e Gás assinam contrato de R$ 426 milhões com a Petrobras A Acergy conquistou o contrato junto à Petrobras para a construção e instalação do trecho raso do Gasoduto Sul-Norte Capixaba. O gasoduto de 18 polegadas de diâmetro será instalado em lâmina d’água entre 30 m e 100 m e cerca de 150 km de extensão, interligando o gasoduto do campo de Camarupim ao complexo do Parque das Baleias, no litoral do Espírito Santo. Para a condução deste contrato, a Acergy constituiu com a Odebrecht Óleo e Gás (OOG) um consórcio que será respon-

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sável pelo gerenciamento do projeto, engenharia, suprimento e fabricação. A Acergy fará ainda a instalação do gasoduto, além dos serviços de mergulho e atividades de pré-comissionamento do sistema, que serão realizados pelas embarcações Acergy Polaris e pelo Acergy Harrier a partir do final de 2011. Jorge Mitidieri, diretor superintendente da OOG, destacou: “Este projeto é um marco para a Odebrecht Óleo e Gás e para a Organização Odebrecht, pois marca a nossa entrada no segmento de

subsea, para servir aos nossos clientes e prover soluções integradas para o mercado offshore.” Gilles Lafaye, vice-presidente da Acergy para a América do Sul, disse: “Estamos satisfeitos por termos conquistado este contrato, o que demonstra a nossa capacidade e versatilidade, oferecendo soluções competitivas tanto para projetos em águas rasas como profundas. Este contrato é uma excelente oportunidade para ampliarmos a nossa presença no Brasil e de trabalhar com um parceiro nacional reconhecido no setor, como é o caso da Odebrecht, aproveitando nossa experiência como líder de serviços offshore no Brasil.


Virtualy

Qualificação com alta tecnologia A Virtualy, empresa especializada em simuladores, inaugurou na Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ, no Rio de Janeiro, o primeiro Centro de Simulação de Guindastes Portuário e Offshore desenvolvido com tecnologia totalmente nacional. O Centro será o primeiro desta categoria no Brasil e vai funcionar como ambiente de treinamento para operações em guindastes de bordo, portainer, ponte rolante e caminhões. Os simuladores estarão disponíveis para empresas, escolas e pessoas físicas, interessadas em locar os equipamentos para treinamento de mão de obra qualificada. O centro será equipado com dois simuladores com projeção em cave (caverna digital) e duas estações de mesa para operação a partir de monitores interligados, os dois formatos servem como base para operar diferentes modelos de guindastes. Os simuladores apresentam

situações que podem ser vivenciadas durante o exercício da função, como procedimentos padrão de manipulação da carga, carga e descarga de navio, condicionamento em situações de emergência e condições adversas de clima, entre outros. O treinamento no ambiente portuário e offshore é importante, principalmente, para garantir segurança e agilidade nas operações, reduzir custos e aumentar a produção, já que os treinamentos não precisam mais ser feitos no próprio equipamento real ou fora do Brasil, como atualmente acontece. A tecnologia comercializada pela Virtualy foi desenvolvida no Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce/Coppe). Os simuladores funcionam a partir de uma réplica de cabine com todos os comandos ativos integrados a um sistema de visualização avançado.

Foto: Divulgação

Rio de Janeiro ganha primeiro centro de simulação de guindastes portuários e offshore do Brasil

O cenário virtual, em 3D, pode ser projetado em cave ou em monitores interligados, simula sons e condições meteorológicas em tempo real. Os cenários são reproduções do ambiente de portos brasileiros, entre eles o porto de Santos e do Rio de Janeiro, Portocel Espírito Santo. A Samplling Planejamento, empresa de treinamentos, é parceira da Virtualy e será a primeira empresa a utilizar os simuladores do Centro de Simulação de Guindastes Portuários e Offshore para cursos de treinamento.

Clariant

Clariant conquista contrato da Petrobras O contrato para exploração em águas profundas do pré-sal, o primeiro com produtos de perfomance a ser licitado com uma empresa química, inclui o pacote de produtos químicos e serviços a serem prestados para o FPSO Capixaba, que opera para a Petrobras na costa do estado do Espírito Santo. A produção atualmente baseia-se nas reservas pós-sal e pré-sal, tendo iniciado a produção no pré-sal em julho deste ano. “É fundamental ter um fornecedor de especialidades químicas como a Clariant Oil Services, que investe continuamente em P&D e em inovação, para atender às novas demandas da área de E&P da Petrobras, principalmente em cenários complexos como o pré-sal”, destaca Luis Marcelo Freitas, gerente executivo de

produtos químicos da Petrobras Distribuidora, responsável pelo suprimento de produtos químicos, combustíveis e fluidos especiais para as atividades offshore da Petrobras em todo o país. “Além de sua capacidade de produção nacional e garantia de fornecimento, a Clariant tem produtos de performance de alta qualidade, testados no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes) e validados em campo pela Petrobras, com custos bastante competitivos”, acrescenta Klaus Nolte, gerente de Supply House da Petrobras Distribuidora. A produção do pré-sal é possível por meio do desenvolvimento e aplicação de tecnologias inovadoras. A Clariant Oil Services, com amplo conhecimento em

Foto: Agência Petrobras

A Clariant, líder mundial em especialidades químicas, anunciou que seu negócio Oil Services, sediado em Houston (EUA), conquistou contrato de produtos químicos para o pré-sal no valor de CHF 1,5 milhão por ano, da Petrobras.

especialidades químicas, é famosa por sua expertise em química e serviços prestados à indústria do petróleo e gás. Christopher Oversby, vice-presidente e gerente geral da unidade de negócios Oil & Mining Services da Clariant, observou: “Estamos muito orgulhosos pela conquista desse contrato para a exploração em águas profundas do pré-sal da Petrobras.” E acrescentou que “a exploração em águas profundas oferece reais desafios tecnológicos e estamos entusiasmados com a oportunidade de demonstrar nossa capacidade na FPSO Capixaba para a Petrobras”.

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produtos e serviços

Will Garantias Contratuais

Seguro garantia para o setor de petróleo e gás natural Como já se sabe, as empresas do segmento de petróleo e gás precisam se precaver de várias formas, pois o risco no negócio é muito grande. Existe a necessidade de segurar todo o material envolvido no processo de perfuração para procura de reservas minerais. Com isso, o seguro de riscos de petróleo é importantíssimo por garantir a cobertura de bens, equipamentos e responsabilidade civil, para possíveis sinistros em operações onshore e offshore. O seguro é destinado a instituições dos governos federal, estadual e municipal e a empresas privadas, e garante indenização pelo não-cumprimento de um contrato nas mais diferentes modalidades, como execução de obras e projetos, fornecimento de bens e equipamentos, prestação de serviços, concorrências e licitações. As coberturas desse seguro são aplicadas, ainda, nas áreas aduaneira, judicial, administrativa, naval, de energia, petróleo e gás, entre outras. Segundo Caroline Vieira, diretora executiva da Will Garantias Contratuais, o seguro garantia atende aos requisitos da Lei das Licitações e Contratos 8.666, de 1993, atualizada pela Lei 8.883, de 1994. É também instrumento para as exigências da Lei das Concessões e Permissões de Serviços e Obras Públicos (Lei 8.987, de 1995). Já com relação ao setor naval, Vieira informa que o seguro cobre, até o valor definido na apólice, o risco de o navio não ser construído e entregue nos prazos e custos previstos no contrato entre estaleiro e armador. A contratação do mesmo diminui os riscos da operação e, consequentemente, melhora o acesso ao financiamento que viabiliza a construção do navio. Na maioria das vezes, o estaleiro não tem como atender às exigências do credor para financiar um bem cujo valor supera seu patrimônio. “Ao emitir a apólice, a seguradora garante a construção e entrega do navio, tornan-

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do-se corresponsável pela finalização da operação”, explica Vieira. Além disso, o seguro garantia para o setor de petróleo e gás natural indeniza a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), até o valor fixado na apólice, por perdas causadas pelo descumprimento do prazo de execução integral das obrigações do tomador perante o Programa Mínimo de Exploração. Esse seguro é utilizado nas rodadas de licitação da ANP na concessão de áreas de exploração de petróleo e gás natural. De acordo com o fundador da Will Garantias Contratuais, a ANP é a segurada, e a empresa licitante, contratada, concessionária ou permissionária representa a figura do tomador nessa modalidade de garantia. “Diante dos altos valores envolvidos na atividade petrolífera, esta modalidade do seguro garantia recorre, obrigatoriamente, ao resseguro”, complementa. Algumas coberturas do seguro de riscos de petróleo: • Danos materiais causados a torres, plataformas, navios, sondas e seus equipamentos, quer no desenvolvimento das próprias operações, quer decorrentes de fenômenos da natureza; • Danos decorrentes da construção, reparos ou manutenção de torres, plataformas, navios, sondas e seus equipamentos; • Danos materiais ou perda de receita causados pela eclosão de situações de guerra ou greves durante a vigência da apólice; • Despesas operacionais decorrentes de um evento coberto que, em prin-

cípio, estão fora da atividade normal do segurado, como, por exemplo, as despesas para controle de um poço de petróleo, para a evacuação de uma área, o fechamento deliberado de um poço, entre outros; • Responsabilidade Civil por danos causados a terceiros, decorrentes das operações. O executivo conta, ainda, que a Will Garantias Contratuais juntamente com a Carriço Vieira Corretora de Seguros, especializada em seguro garantia há mais de 12 anos, criou um departamento de atendimento somente para esta área com profissionais qualificados no mercado para oferecer as melhores opções de seguros e de custos para esse ramo. “Temos em nossa estrutura de serviços associados, na área jurídica (análise de contratos), de engenharia (inspeções, estudos, try-out), e área econômica (contábil e financeira)”, diz. Vieira apontou que nesses anos foram atendidos diversos fornecedores de grandes empresas como: Vale, Petrobras, Ford do Brasil, Fiat, Renault, Peugeot, General Motors, Metrô, Sabesp, Prefeituras, Secretaria da Receita Federal, entre outras, viabilizando coberturas e inovando em soluções para atendimento às necessidades contratuais desses clientes. Através de sua crescente especialização e do seu grande volume de operações, a Will/Carriço Vieira Corretora se tornou uma grande parceira das maiores seguradoras que operam no Seguro Garantia, dentre as quais se destacam a J.Malucelli, a Berkley, a Porto Seguro, a Mapfre, a UBF.


Petrobras

Melhores fornecedores de 2010 Em dezembro do ano passado, a Petrobras homenageou os melhores fornecedores de 2010. Cerca de 200 empresas prestadoras de serviços e 500 fornecedores de bens foram avaliados. A premiação é uma forma de a estatal reconhecer o empenho das suas parceiras na melhoria de seus serviços e investimento na capacitação de seus profissionais. A cerimônia de entrega dos certificados e troféus às empresas vencedores do Prêmio Petrobras Bacia de Campos – Melhores Fornecedores de bens e serviços 2010 aconteceu na sede da estatal, no Rio de Janeiro. Cerca de 200 empresas prestadoras de serviços e 500 fornecedores de bens foram avaliados, após passarem por uma verdadeira ‘peneira’ para chegar aos que se destacaram entre julho de 2009 a junho deste ano. Quesitos como qualidade, competitividade, taxa de frequência de acidentes, desempenho nos contratos vigentes, quantidade de multas e investimento na capacitação da mão de obra foram alguns dos principais critérios. A lista dos concorrentes é gerada a partir do Sistema Integrado de Gestão da Petrobras, que filtra, dentre todas as empresas cadastradas na Bacia de Cam-

pos, aquelas que atendem aos critérios básicos de participação, de acordo com cada categoria. Critérios de avaliação – Na área de bens, as empresas são divididas em três categorias (Pequenos Contratos, Médios Contratos e Contratos de Longa Duração/ Globais) e avaliadas por sua competitividade, desempenho, análise dos clientes, consultas aos demais órgãos de compras da empresa, entre outros. No setor de serviços, existem quatro categorias: Pequenos, Médios e Grandes Contratos, além de Rodízio de Fornecedores. Para a classificação, são considerados a taxa de frequência de acidente, o desempenho das empresas em relação aos contratos vigentes, a quantidade de multas e o investimento em capacitação da mão de obra por meio de treinamentos comprovados.

Vencedores FORNECEDORES DE SERVIÇOS Grandes Contratos: 1° – Varco International do Brasil Equipamentos e Serviços Ltda.; 2° – TSL – Engenharia, Manutenção e Preservação Ambiental Ltda.; 3° – Serviços Marítimos Continental S/A

Dow Oil & Gas lança novas tecnologias para campos petrolíferos A Dow Brasil, por meio da divisão Dow Oil & Gas, traz ao mercado latino-americano o lançamento de três linhas de produtos que passam a integrar o amplo portfólio de soluções para exploração, produção, recuperação avançada (EOR), refino de petróleo e processamento de gás: as linhas Embarktm, Elevatetm e Accenttm. Para a Dow Oil & Gas, o lançamento dos produtos na América Latina é importante para o desenvolvimento da região, uma vez que a indústria de energia continua a ser um dos principais pilares

da economia local. O lançamento dos produtos foi feito durante o evento Petroleum Exhibition & Conference of Mexico (Pecom), que ocorreu em novembro de 2010, em Villahermosa, no México. Dentre os principais lançamentos da empresa está a solução Embarktm Modificador de Reologia, desenvolvida para proteger os equipamentos e aperfeiçoar as operações de perfuração em ambientes de alta temperatura e pressão, o que resulta em uma produção aprimorada e na redução dos custos operacionais.

Médios Contratos: 1° – Prysmian Energia Cabos e Sistemas do Brasil S/A; 2° – Unicontrol Automação Ltda.; 3° – V&M do Brasil S/A Pequenos Contratos: 1° – Hideo Nakayama Importação Exportação Industrial Ltda.; 2° – Smiths Brasil Ltda. – Divisão John Crane; 3° – Primus Processamentos de Tubos S/A – Protubo Rodízio: 1° – Sollaxnews Ships Service Ltda.; 2° – Cimeq Centro Integrado deMetrologia e Qualidade Industrial Ltda.; 3° – Emerson Process Management Ltda. FORNECEDORES DE BENS Pequenos Contratos: 1° – Sermap Comércio e Serviços Ltda.; 2° – Diagonal Comércio Indústria e Serviços Ltda.; 3° – Dimopel Distribuidora de Motores e Peças Eletrônicas Ltda. Médios Contratos: 1° – Weatherford Indústria e Comércio Ltda.; 2° – Ponsi Representações e Comércio de Válvulas Ltda.; 3° – Christensen Roder Produtos e Serviços de Petróleo Ltda. Contratos de Longa Duração: 1° – Paper-Rio Comércio de Artigos de Papelaria Ltda.; 2° – Confab Industrial S/A; 3° – Cia. Brasileira de Amarras Brasilamarras Outro lançamento da empresa para a indústria de petróleo e gás é a linha CO2 Elevate™. Voltada para a recuperação avançada de petróleo (EOR), esta solução foi desenvolvida para superar os desafios técnicos e promover um aumento das taxas de recuperação de petróleo em poços produtivos por meio de injeções de gás carbônico (CO2). A Dow apresenta ao mercado latinoamericano também a linha Accenttm. Desenvolvida a partir de químicas avançadas oferecidas antes pela Rohm and Haas, os Inibidores de Incrustação Accenttm contam com um histórico de sucesso na proteção de ativos de produção.

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e&p

Internacionalização do E&P no mercado de óleo e gás no Brasil Com a abertura do mercado de óleo e gás em 1997, surgiu a oportunidade de empresas do mundo inteiro começarem a investir na exploração e produção (E&P) no mercado brasileiro. Este artigo tem como objetivo rever os fatos que contribuíram para o processo de internacionalização deste setor, a forma como foi desenvolvido e quais as expectativas para o curto e médio prazo.

V

ivemos hoje, no Brasil, um processo forte de internacionalização na área de E&P (exploração e produção) no setor de O&G (óleo e gás). Antes mesmo da descoberta da perspectiva gigantesca de reservas no pré-sal da Bacia de Santos, o Brasil já era o foco das atenções das principais oil companies mundiais, que buscavam se instalar no país para aproveitar a estabilidade político-econômica – isto, aliado à rentabilidade no setor – fato difícil de ser encontrado nos países produtores de petróleo no mundo. O objetivo deste artigo é rever a situação física e econômica do mercado de O&G brasileiro, assim como as perspectivas futuras, analisando como aconteceu o processo de abertura do mercado, que gerou o processo de internacionalização de E&P no setor. Para isso, será explicado, de forma breve e sucinta, como funciona o mercado mundial e suas principais características.

Correntes de óleo

Marcos Mazzaroppi é mestrando em Economia Empresarial pelo Ibmec-RJ, e economista da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip).

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O petróleo é uma fonte energética não renovável, de extrema importância na composição da matriz energética mundial,1 correspondendo no ano de 2009 a 59% (35% óleo e 24% gás natural). O petróleo não é um ‘produto’ homogêneo, e sim uma combinação de vários hidrocarbonetos (líquidos e gasosos). Devido a essa mistura, diferentes tipos de petróleo são encontrados em diversas partes do mundo e não possuem a mesma densidade e composição de hidrocarbonetos (Mazzaroppi, 2007). A forma mais comum de se comparar os tipos de petróleo é por meio da densidade do óleo, que é classificado pelo API (American Petroleum Institute), denominado grau API. Quanto maior o grau API, maior o seu valor no mercado, pois, maior a presença de hidrocarbonetos ‘leves’, que possuem, em geral, um rendimento melhor no refino para destilados leves (diesel e gasolina). Também, utiliza-se a quantidade de enxofre, sendo este considerado ’impureza’. 1

Composição das fontes de energia primárias consumidas no mundo.


A Figura 1 retrata as principais correnFigura 1. Principais correntes de óleo por grau API e tes de óleo do mundo, com o teor de enxofre, grau API e média de produção diária. Os óleos de diferentes correntes são comercializados, utilizando óleos de referências, o que no mercado americano é o WTI (West Texas Intermediate) e, no mercado europeu, o Brent. O WTI é comercializado na Nymex (New York Mercantile Exchange), possui entre 38ºAPI a 40ºAPI. O Brent é um Blend – uma mistura de vários óleos originados do mar do Norte (Europa). A produção destas duas correntes não chega hoje a 2% da produção mundial, porém continuam sendo utilizados como óleos de referência, pois as principais correntes produtoras são de países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Casos estes controlassem os preços, a Opep seria de fato um cartel.2 A indústria do petróleo é subdividida entre upstream e downstream. O primeiro termo representa a fase de exploração e de produção (E&P), enquanto o downstream representa todo o restante da cadeia, com o refino, transporte, dis- Fonte: World Oil and Gas Review, ENI, 2007. tribuição e comercialização A unidade de venda de petróleo é o Figura 2 barril, que possui cerca de 159 litros. A produção é meProdução e consumo - Mil bpd 2009 dida em bpd (barris por dia).

Mercados produtores e consumidores O barril de petróleo é, hoje, por larga vantagem, a commoditie mais transacionada no mundo, porém, possui algumas particularidades. Além de sua alta participação nas transações comerciais entre nações, o petróleo é também um bem estratégico, graças à sua importância na matriz energética mundial. O mercado possui outra característica única: os grandes centros produtores estão longe dos grandes centros consumidores, sendo que poucos países são ‘autossuficientes’ e a maior parte das exportações é originária de poucos países. A Figura 2 mostra a produção, consumo e o saldo/necessidade de importação, das regiões do mundo, em 2009. Observamos que 50% da produção mundial em 2009 ocorreram na África, Oriente Médio, e América do Sul. A Opep foi responsável por 42% da produção. Essa concentração da produção, em regiões menos desenvolvidas, gera instabilidade na indústria, pois alguns possuem governos ditatoriais, outros estão em guerra civil, etc.

Região América do Norte

Produção %

Consumo %

enxofre.

Saldo

13.388

17

22.826

27

9.438

6.760

8

5.653

7

1.107

Europa e Eurásia

17.702

22

19.372

23

1.669

Oriente Médio

24.357

30

7.146

8

17.211

África

9.705

12

3.082

4

6.623

Ásia (Pacífico)

8.036

10

25.998

31

17.962

América do Sul e Central

Fonte: BP Statistical Review of World Energy, Junho 2010.

Se em 2009 já havia essa concentração, a situação deverá se agravar no futuro, pois, das reservas provadas atualmente, 77% estão situadas em paísesmembros da Opep; e as regiões acima mencionadas, correspondem a 82%. A indústria do petróleo possui uma característica única, visto que não é possível para a empresa petrolí-

2 Segundo a definição microeconômica de cartel, de Hal R. Variant, um cartel é formado quando um grupo de empresas se reúne para definir preço e quantidade. Como o preço do óleo é gerado no mercado externo, EUA ou Europa, a Opep apenas define a quantidade a ser produzida, através da cota de produção estabelecida para cada país-membro. Na bibliografia, existem três trabalhos que explicam o papel da Opep no mercado: Mazzaroppi, Pimentel e Yergin.

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e&p

Figura 3. Distribuição dos modelos de regulação no mundo

leo, então, é de extrema importância para as economias, fazendo com que as empresas se ajustem aos ambientes institucionais mais adversos possíveis.

Ambiente institucional e regulatório

Fonte: Petrobras

Segundo Adelman (2002), a “maldição do petróleo” assola a indústria. Esse é um termo muito recorrente, que visa explicar o desempenho econôFonte: Considerations with Respect to Brazil’s Exploration and Production Contracts and Economics. Gaffney, mico de países abundantes em Cline & Associates, IBP Workshop, 2008. petróleo, que acabam limitando toda a sua indústria, sendo Figura 4. Reservas provadas no Brasil dependentes exclusivamente da exportação de petróleo, desencadeando a doença holandesa.4 Além disso, é comum os problemas políticos (ditadura, autoritarismo, etc.) e, muitas vezes, guerra civil. A exploração de petróleo se dá no mundo, na maioria dos casos, em três formas de regulação: partilha, concessão e contrato de serviços. Existe também, a possibilidade de uma combinação de modelos. A concessão é a forma em que o governo local cede a um concessionário o direito fera escolher aonde quer instalar sua planta de procesexploratório ao seu subsolo, por um período determiso, pois só é possível produzir onde há reservas, difenado de tempo. Cabe ao operador o risco exploratório, rente da indústria automobilística, eletrônica, etc. e caso haja sucesso na exploração comercial de algum Em função dessas características, as empresas pereservatório, o pagamento de royalties e outros tributos troleiras estão acostumadas a conviver com os mais diestabelecidos em lei. A concessão é a forma de regulafíceis e diversos ambientes institucionais, passando por ção presente nos países mais desenvolvidos. turbulências econômicas, atentados terroristas e ondas A partilha, em geral, é feita em países nos quais o de nacionalização.3 arcabouço tributário não está bem desenvolvido, ou Por outro lado, graças à vital dependência da enerexistam falhas na apuração dos resultados. A empregia para a economia, os países consumidores se comsa é responsável pelos riscos exploratórios, e caso haja portam de forma diferenciada em relação ao petróleo. sucesso na exploração comercial, ela passa a dividir, Durante as crises de preço na década de 1970, o Japão, fisicamente, a produção com o país de origem. que consome atualmente 5% do petróleo mundial, ao A terceira forma de regulação, o contrato de serviobservar os preços dispararem, foi ao mercado e auço, ocorre em poucos países do mundo, quase sempre mentou seu consumo, para fazer reservas estratégicas, quando existe grande risco exploratório, pelo qual a com medo de desabastecimento do mercado. O petró3

Na bibliografia, existem três trabalhos que explicam as ondas de nacionalização da indústria do petróleo na década de 1960 e 70: Mazzaroppi, Pimental e Yergin.

A doença holandesa (Dutch Disease) é um conceito econômico que tenta explicar o relacionamento entre a exploração de recursos naturais e o declínio no setor manufatureiro. A teoria é a de que o aumento nos rendimentos advindos a partir das exportações dos recursos naturais leva a uma desindustrialização da economia mediante a redução da taxa de câmbio, o que torna a manufatura nacional menos competitiva. É assim denominado porque, no início dos anos 1980, houve uma escalada dos preços do gás natural, o que aumentou substancialmente as receitas de exportação da Holanda e valorizou o florim (moeda holandesa da época). Com isso, o excesso de exportações de gás derrubou as exportações dos demais produtos por falta de competitividade. Entretanto, é extremamente difícil determinar se a doença holandesa é a causa da contração do setor manufatureiro, uma vez que existem tantos outros fatores econômicos influentes. Na maioria dos casos, observa-se o fenômeno a partir da exploração de recursos naturais, mas também pode vir a se referir a qualquer desenvolvimento que tenha como resultado um grande aporte de moeda estrangeira corrente, incluindo um forte aumento dos preços dos recursos naturais e dos investimentos externos diretos” (Jesus, 2009). 4

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Figura 6. Produção de petróleo no Brasil

Petróleo

Gás Natural

empresa não quer assumir, ou quando existe grande certeza e grande rentabilidade, fazendo com que o país pague a empresa, apenas para fazer a operação. O mapa da Figura 3 mostra o mundo, dividido pelas formas de regulação.

Indústria petrolífera brasileira A história da indústria brasileira de petróleo começou no ano de 1939, com a primeira perfuração de um poço, em Lobato, na Bahia. Porém, este poço era subcomercial. Dois anos mais tarde, em 1941, o Conselho Nacional de Petróleo (CNP) perfurou em Candeia, também na Bahia, dando origem então ao primeiro poço comercial brasileiro (Bacoccoli, 2008). Após o início da exploração do petróleo, surgiu no Brasil a campanha O Petróleo é Nosso, que culminou, em 1953, com a promulgação da lei 2004, a criação da Petrobras, quando foi concedido à estatal o monopólio dos principais processos da cadeia produtiva da indústria do petróleo: exploração, produção refino e comercialização.

Como podemos observar no gráfico da Figura 4, a historia da produção de petróleo no Brasil tem, até hoje, três fases distintas: fase terrestre (1954-1968); fase marítima de águas rasas (1968-1974); fase marítima de águas profundas (1974 até hoje).5 Em 1968, foi oficialmente iniciada a campanha exploratória marítima em águas rasas no Brasil, com a perfuração dos primeiros poços pioneiros. Nesta época, o barril de petróleo era cotado em torno de US$ 2/bbl, o que dificultava à Petrobras investir em E&P. A Figura 5 mostra o investimento da Petrobras, entre 1954 e 2008, e também a curva de investimento em E&P, em relação ao investimento total naquele ano. Em 1974, foi descoberto o campo de Garoupa, que originou a produção na bacia petrolífera mais importante até os dias de hoje,6 a Bacia de Campos. Em 1984, dez anos após a descoberta do campo de Garoupa, a Petrobras fura o campo de Albacora, fazendo com que se inicie a fase de exploração em águas profundas, e mais tarde em águas ultraprofundas. As reservas provadas brasileiras, que antes eram inferiores a quatro bilhões de bbl, dobram. O impacto das águas profundas também se dá na produção de óleo, como é observado na Figura 6. Passados 13 anos do início da fase de exploração em águas profundas, ocorre outro fato marcante na história da exploração do petróleo no Brasil, a promulgação da Lei 9.478, a Lei do Petróleo, em 6 de agosto de 1997. A Lei do Petróleo termina com o monopólio da exploração de petróleo no Brasil e estabelece o regime de concessão, em que a União é dona das reservas no subsolo brasileiro e concede às empresas, por meio de leilões de licitação, o direito de explorar comercialmente determinada área, por um prazo máximo especificado. Cabe ao concessionário restituir à União, sobre Fonte: Anuário Estatístico ANP/SEE/SDP, 2003.

Figura 5. Investimento da Petrobras no Brasil

Fonte: Petrobras

internacionalização do e&p no mercado de óleo e gás no brasil

5 Como os reservatórios do pré-sal da Bacia de Santos ainda se encontram em avaliação, e até o momento não houve declaração de comercialidade em nenhum bloco, não é possível analisar o real impacto na história brasileira do petróleo. 6

A produção no pré-sal da Bacia de Santos ainda se encontra em fases de testes.

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e&p

a operadora do campo. Após essa fase de recoDescoberta de Descoberta de Descoberta de Criação da Garoupa: 1974 Albacora: 1984 Parati (BS): 2006 Petrobras: 1954 nhecimento do mercado, 2,0 milhões a empresa passa a rea1,8 milhão lizar uma parceria, mas dessa vez tendo a ope1,6 milhão ração da produção sob sua responsabilidade. 1,2 milhão Hoje, já existem alguns 1,0 milhão blocos sob concessão inteiramente de empresas 800 mil estrangeiras, sem o envolvimento da Petrobras 400 mil – mas eles ainda não produzem. Ao fazer um paralelo 0 01 03 05 07 09 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 deste caso com a literaAno a partir da descoberta tura econômica, fica claAno 1 = Petrobras: total histórico Histórico Bacia de Campos Campos gigantes BC Pré-sal planejamento ra a utilização do modeessa concessão e por meio de bônus de assinatura, os lo de Uppsala,7 em que a empresa vai, lentamente, se royalties e participação especial – conforme explicitacomprometendo com o mercado, a partir do momento remos adiante. que esta passa a ter um melhor conhecimento. Analisando a produção brasileira de óleo, podemos Este fato pode ser explicado através da lacuna instiobservar o impacto dessa lei, pois passamos de uma tucional presente no mercado brasileiro, sobretudo no produção média em torno de 1 milhão de bpd, em 1997, setor de óleo e gás. para 2 milhões bpd (barris por dia), em 2009; ou seja, Como este mercado é recente, ainda não existe codemoramos 43 anos (1954-1997) para atingir a produnhecimento prévio dos players envolvidos no processo, ção de 1 milhão de barris e incrementamos a produção desde o órgão regulador, passando pelos fornecedores, com outros 1 milhão de barris em 12 anos. até os concorrentes. Uma internacionalização gradual passa a fazer mais sentido, visto que os investimentos Empresas internacionais no Brasil são volumosos, o risco é grande e, muitas vezes, uma Em 1999, começou a primeira rodada de licitações proanálise de risco não consegue mitigá-los, e o retorno é movida pelo governo brasileiro, na qual empresas brasileilento, de longa maturação. ras e estrangeiras puderam participar de um leilão para explorar e desenvolver áreas, tanto em terra quanto no mar. Evolução do marco regulatório Como o objetivo deste trabalho é analisar a internacioCom a descoberta do primeiro campo de petróleo nalização do setor de exploração e produção de petróleo no Brasil, em 1939, a forma de regulação brasileira já no Brasil, focarei apenas nas empresas internacionais. sofreu duas modificações. Ao longo dos rounds promovidos pela Agência A primeira ocorreu em 1953, com a promulgação da Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Lei 2004, que criou a Petrobras e estabeleceu o mono(ANP), várias empresas estrangeiras começaram a vir pólio estatal, na produção e exploração. para o Brasil, em busca de explorar o petróleo – estão Isso garantiu ao país iniciar sua busca pelo aumenpresentes hoje, aqui, as principais empresas internacioto de reservas em produção, destacando-se a ida para nais (IOCs), como: Shell, Chevron, BP, Anadarko, Staa plataforma continental marítima, e posteriormente, o toil, Hydro, BG, Repsol, El Paso, etc. (no total, são 38). caminho para as águas profundas e ultraprofundas. Essas empresas internacionais estão, em sua quase Em 1997, com o objetivo de dar mais dinamismo totalidade, em projetos em conjunto com a Petrobras ao mercado, e tornar a Petrobras ainda mais competiti(joint ventures). A única empresa estrangeira que tem va, ocorreu a segunda mudança regulatória, a promulprodução como operadora em um campo sem a pargação da lei 9.478 – Lei do Petróleo – que encerrou o ticipação da Petrobras é a anglo-holandesa Shell, no monopólio na exploração e produção, tornando livre a Parque das Conchas. entrada de outros agentes no mercado brasileiro. Tradicionalmente, quando uma empresa estrangeiO modelo regulatório utilizado foi de concessão, ra vem para o Brasil, ela se associa à Petrobras, para sendo seus blocos definidos pelo CNPE (Conselho Nater participação em alguns blocos, sendo a Petrobras cional de Política Energética) e sua execução defini54 anos

45 anos

27 anos

22 anos

12 anos

Produção (bpd)

16 anos

Figura 7. Aceleração da produção

7 Cf. Johanson, J. e Vahlne, J. E. The Internationalization Process of the Firm: A Model of Knowledge Development and Increasing Foreign Markets Commitments, in Journal of International Business, 8, (1), 1977, pp. 23-32.

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Foto: Agência Petrobras

internacionalização do e&p no mercado de óleo e gás no brasil

FPSO Cidade de Angra dos Reis iniciando a produção comercial no Campo de Tupi na Bacia de Santos.

da pela ANP. Cabe à empresa concessionária, o risco exploratório, o pagamento de bônus na assinatura do contrato e, caso haja exploração comercial, o pagamento de até 10% de royalties. Caso o campo seja de grande rentabilidade ou de grande vazão, também incidirá a Participação Especial. Estas participações governamentais são utilizadas como compensações devidas à União e seus entes federativos, pela extração de um recurso natural não renovável no subsolo. Até a presente data, ocorreram dez leilões de licitações, estando presentes no Brasil 77 empresas na área de E&P, sendo 38 internacionais.

Na era do pré-sal Em 2007, foi anunciado pela Petrobras um grande potencial de reserva, na área abaixo do sal da Bacia de Campo e Santos, que foi rapidamente denominada de Pré-sal. Essa área foi a maior descoberta da indústria petrolífera mundial dos últimos 30 anos, desde que foram descobertos os campos gigantescos no Oriente Médio. Apenas com os prospectos que hoje já possuem levantamento preliminar, no cluster de Tupi (Tupi, Iara e Guará), existe a possibilidade de haver entre 8 bilhões a 14 bilhões de bbl (barris) de reservas. Ao compararmos esses números, a atual reserva provada brasileira, que beira os 14 bilhões de bbl, vemos a magnitude deste potencial reservatório.

No mercado, fala-se de 60 bilhões até cem bilhões de barris de reservas, porém, nada ainda foi provado, muito menos certificado. Contudo, independente do real tamanho, será uma área de grande reserva, e consequentemente, de grande interesse para a indústria petroleira do mundo inteiro. Hoje, o mundo vira-se para o Brasil, querendo explorar essa área, tanto pela sua oportunidade de geração de riquezas, como também a garantia de abastecimento. Porém, surge no país uma onda de instabilidade institucional, como, por exemplo, tentativas de mudança no marco regulatório. Nos últimos 12 anos, as empresas petroleiras mundiais têm escolhido o Brasil para realizar seus investimentos devido à rentabilidade do mercado, sua comparativa estabilidade econômica e melhor ambiente institucional frente a outros países detentores de reservas de petróleo. A internacionalização da exploração e produção no mercado de óleo e gás tem acontecido de forma gradual, seguindo o modelo de Uppsala; fato que deve ser atribuído ao risco, maturação e ambiente institucional. O pré-sal é um prospecto de alto grau de atratividade de investimento, porém, para ser aproveitado, é necessário manter o ambiente institucional preservado, com a manutenção das vantagens competitivas que o país possui.

Bibliografia Adelman, Morris. World oil production & prices 1947-2000. The Quarterly Review of Economics and Finance 42, pp. 169-191, 2002. BP (British Petroleum) Statistical Review Full Report of World Energy. June 2010. Disponível em:<www.bp.com>. Acesso em 03/11/2010. Bacoccoli, Giuseppe. Fronteiras: A exploração de petróleo nas bacias terrestres brasileiras. Rio de Janeiro: Câmara Brasileira do Livro, 2008. EIA (Energy Information Administration, Official Energy Statistics of the U. S. Government). Disponível em: < http://www.eia.doe.gov>. Acesso em 10/11/2010. ENI. World Oil and Gas Review 2007. Rome: Marchesi Grafiche Editoriali SpA, 2007. Jesus, Fernanda Delgado de. Indicadores de vulnerabilidade socioeconômica para países exportadores de petróleo: Metodologia e análise comparativa. Tese (Doutorado em Planejamento Energético), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008. Mazzaroppi, Marcos. Análise e histórico dos fatores determinantes na formação do preço do petróleo nos últimos 30 anos. Monografia (Graduação em Ciências Econômicas), Universidade Cândido Mendes, 2007. Pimentel, Diego Alves. Indicadores de vulnerabilidade de produtores de petróleo: Caso Opep, 2006. Dissertação (Mestrado em Planejamento Energético), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006. Pyndick, Robert S., Rubinfeld, Daniel L. Microeconomia. 5. ed. São Paulo: Pearson, 2005. Variant, Hal R. Microeconomia: Princípios básicos. Rio de Janeiro: Campus, 1994. Yergin, Daniel. The prize: The epic quest for oil, money and power. New York: Free Press, 1990.

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seguro

O impacto dos

grandes sinistros no setor de óleo & gás e considerações sobre seguros e gestão de riscos para a indústria

Os incidentes recentes, em particular a explosão da plataforma da British Petroleum (BP), que provocou o vazamento de petróleo no Golfo do México este ano, aumentaram a consciência do potencial de perda para todas as partes envolvidas na atividade. Para o mercado segurador, por exemplo, o custo do acidente registrado em águas americanas supera US$ 1,2 bilhão e é considerado um dos piores sinistros para o setor na área de petróleo.

A

Paulo Niemeyer Neto é gerente de Oil&Gas/ Recurso Brasil da AON Holdings Corretora de Seguros Ltda. Responsável pela administração de todas contas do segmento de Oil&Gas (upstream) da filial do Rio de Janeiro. Formado em administração de empresas pela PUC-Rio.

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primeira reação do mercado segurador e ressegurador foi a de buscar a elevação dos prêmios por força da ocorrência do sinistro. A variação verificada foi de 10% a 30% na média, mas com alguns comportamentos fora desta curva. O desastre ecológico gerado pela BP também colocou em evidência a procura por seguros de responsabilidade civil por danos materiais e pessoais causados a terceiros, e para os mais tradicionais como cobertura de navios, unidades e equipamentos, estaleiros e serviços de manutenção e conservação. Como comprova a história, os acidentes vultuosos tendem a criar um novo comportamento do mercado e uma preocupação maior em procedimentos de segurança. Os números mundiais revelam esse salto de qualidade: na década de 1970, havia em média 25 acidentes por ano que geravam algum tipo de poluição ambiental. A estatística caiu para oito na década de 1990 e para três nos anos 2000. Entre os sinistros que causaram mudanças de comportamento do mercado segurador estão o caso do Furacão Betsy, em 1965, nos EUA, que custou US$ 65 milhões e arruinou o setor na época; o naufrágio de uma plataforma na Noruega, em 1981; a explosão da plataforma Piper Alpha, no Mar do Norte, em 1989, com prejuízo de US$ 1,2 bilhão e 160 mortes. As empresas brasileiras também investiram e hoje detêm tecnologia e expertise para se tornar grandes potências do setor, disputando a liderança com outras empresas estrangeiras. A Petrobras figura como uma referência mundial, com reconhecida capacidade operacional e de segurança na área de exploração. No nicho de águas profundas, a Petrobras é responsável por 22% de toda a produção de petróleo e opera 18% de todas as instalações offshore disponíveis no mundo. O país prepara-se ainda para uma nova era no setor de óleo & gás, que promete ser uma das áreas de negócios mais importantes do Brasil e deverá movimentar US$ 600 bilhões nos próximos dez anos. As descobertas da camada de pré-sal figuram como a principal mola propulsora do negócio. De acordo com os resultados obtidos com as perfurações de poços, as rochas do pré-sal se estendem por 800 km do litoral brasileiro, desde Santa Catarina até o Espírito Santo, e chegam a atingir até 200 km de largura. Caso a expectativa se confirme, o Brasil ficaria entre os seis países com as maiores reservas de petróleo do mundo, atrás apenas de Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes.


pré-perfuração precisam ser adotados. As empresas têm se mostrado profissionais e dedicado atenção a investimentos, e os produtos oferecidos pelas seguradoras servem para garantir a segurança financeira destas companhias, independente de seu tamanho. Mesmo com empresas do porte da British Petroleum, o impacto financeiro de catástrofes na perfuração de poços pode ser desastroso, por isso, o mercado segurador terá pela frente novos desafios e oportunidades com a exploração do pré-sal. Um bom plano de gerenciamento de riscos deve estabelecer medidas preventivas contra derramamentos, oferecer respostas organizadas, rápidas e eficazes em caso de acidentes. Além de mapear e identificar, o plano deve avaliar ainda a capacidade de retenção dos riscos das empresas e contemplar um completo programa de seguros para os riscos que podem ou devem ser transferidos para terceiros. Como, por exemplo, para plataformas de exploração de petróleo são demandados dois tipos de cobertura: riscos de petróleo (que cobre danos materiais às plataformas, navios, sondas e seus equipamentos, decorrentes de fenômenos da natureza, das operações, manutenção ou situações de guerra ou greves) e de responsabilidade civil, por danos causados a terceiros ou ao meio ambiente. Diversos aspectos são considerados ao definir um programa de seguros: a amplitude da cobertura, que deve abranger não somente danos físicos aos equipamentos, mas também os danos que podem ser causados a terceiros e ao meio ambiente, e as responsabilidades decorrentes de suas operações. Outro ponto crucial é a interrupção de negócios e a incapacidade de operar por um tempo por conta de um evento inesperado, que pode representar grande impacto no fluxo de caixa. Dependendo do evento e da empresa, pode tornar inviável a continuidade da operação. Em geral, as grandes empresas podem absorver riscos maiores, mas, mesmo hoje, elas podem estar sujeitas a riscos que possam abalar não só financeiramente, mas também sua marca e reputação. O mercado de óleo & gás é promissor, mas seu êxito está associado à discussão e à adoção de iniciativas focadas em responsabilidade socioambiental. O compromisso das corporações com a sustentabilidade deixou de ser um diferencial para ser uma política inerente àqueles que decidem apostar no setor e se destacar. Foto: Cortesia BP

No entanto, existe uma preocupação em relação às consequências de um possível acidente em águas tão profundas, principalmente após o desastre ambiental no Golfo do México. As normas de segurança tornaram-se mais complexas e o mercado passou a exigir que, cada vez mais, as petrolíferas invistam em equipamentos sofisticados para evitar novos acidentes. E, apesar de o Brasil ser um dos mais avançados do mundo na exploração de petróleo, o país ainda não dispõe de todos os recursos necessários para retirar o óleo de camadas tão profundas. O campo de Tupi, por exemplo, se encontra a 300 km do litoral, a uma profundidade de 7.000 m e sob 2.000 m de sal. É de lá e dos blocos contíguos que o governo espera que vá jorrar 10 bilhões de barris de petróleo. Em geral, as medidas de prevenção para o pré-sal são as mesmas adotadas em outros tipos de exploração com perfuração, só que neste caso as águas são mais profundas e com maior pressão. Isto significa custos mais altos e cuidados extras para desenhar e estruturar poços. Para evitar vazamento semelhante ao do poço Macondo, é preciso reforçar os equipamentos de segurança, o que encarece o processo de extração. Proporcionalmente, os seguros de plataforma também têm seu valor aumentado, uma vez que possuem exigências maiores para concessão de licenças ambientais. Por si só, a exploração de petróleo é uma atividade repleta de riscos. Requer tarefas perigosas como perfurar rochas em regiões ultraprofundas, enfrentar pressões altíssimas e manipular volumes gigantescos de gás. Com o pré-sal, é importante considerar que, como o material encontrado durante a perfuração ainda é desconhecido, as características do petróleo podem ser diferentes de poço para poço, variando conforme diversos fatores. As características deste petróleo podem variar e muito, uma vez que as condições no qual foi sintetizado, em áreas mais profundas do solo do fundo do mar, lhe atribuíram particularidades bem específicas, que não sabemos até onde se estendem. Os equipamentos de exploração de petróleo usados até o momento são dimensionados para características conhecidas, contudo tal material pode ser mais ácido, com densidade mista ou até abrasiva, altamente volátil, com grande quantidade de gases acumulados. Ou ainda, todo material está disposto sob altíssima pressão – tanta que as máquinas e mangueiras podem não suportar (sem contar outras coisas que só saberemos depois de se alcançar uma quantidade e volume significativos deste material). A perfuração e posterior bombeamento também são processos inovadores e, como sabemos, mesmo a exploração atual já tão difundida há décadas gera seus acidentes. A prevenção, neste caso, é a melhor forma de obter sucesso neste novo e potencial ramo. Além de todos os fatores aqui mencionados, há que se considerar fatores externos de tempo, como furacões e outros fenômenos que muitas vezes influenciam mais do que os fatores técnicos. Para reduzir o impacto ambiental de acidentes, todos os tipos de precaução, regras de segurança e estudos

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economia

A melhor estratégia é ter uma proposta de valor atraente A presença do Brasil está cada vez mais forte no radar global e o avanço da indústria do petróleo tende não apenas a colaborar como a ganhar peso no conjunto de riquezas do país. As perspectivas de crescimento desta indústria são consideráveis, mas as previsões quantitativas só serão viabilizadas se houver um forte investimento na formação de técnicos e líderes gestores para o setor.

N

Fernando Armbrust Lohmann é engenheiro, sócio e consultor da Fesa Global Recruiters, nas áreas de Energia, Industrial, Petróleo & Gás e Infraestrutura. Foi um dos principais executivos da subsidiária da Petrobras para comércio internacional durante quase 10 anos e diretor-gerente da subsidiária de Cingapura. Ex-cônsul-geral honorário de Cingapura no Brasil por oito anos consecutivos. No Grupo Siemens atuou durante sete anos em projetos nas áreas de transporte, energia, petróleo & gás, saneamento, portos e telecomunicações, no Brasil e na Alemanha.

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a última década nos deparamos com expressivos avanços no país, também impulsionados pelo segmento de óleo e gás, fazendo com que a participação deste no PIB saltasse de 2,75% (em 1997) para 10,6% (em 2006). Se ao longo deste período o mercado já se ressentiu, e muito, diante da carência de mão de obra qualificada, que dirá quando olhamos para os próximos dez anos, em que as melhores previsões indicam um crescimento da participação do setor no PIB, passando para o patamar de 20%! Até lá, numerosas lições de casa deverão ser cumpridas, principalmente quando o país experimenta um crescimento homogêneo da sua economia e a disputa por capital humano qualificado tornase um limitante em suas conquistas. Soma-se a isto o impacto causado pela pequena oferta de bons cursos técnicos e universitários voltados para a cadeia de valor do segmento óleo e gás. Os expressivos avanços da Petrobras, com suas importantes descobertas, expansão de sua atuação, tanto setorial quanto geográfica, vêm demandando, portanto, em curto espaço de tempo, um esforço de toda cadeia produtiva, requerendo estruturas organizacionais inovadoras e líderes gestores transformadores. Quando falamos de líderes gestores, nos referimos àqueles que são agentes de mudança, entendem o processo de inovação e transformação, estão próximos de seus clientes e liderados, têm obsessão por pessoas e mente globalizada. É preciso estratégia para encontrar os líderes que vão conduzir a indústria de petróleo e gás à maior participação no PIB do Brasil. Algumas opções se apresentam, como o desenvolvimento interno de talentos e a atração de líderes gestores de outros segmentos, dentro e fora da cadeia de valor, tanto local como globalmente. A escolha de uma não exclui a outra. Todas são complementares.


Ilustração: Banco de Imagens Stock.xcng

No entanto, atrair essa nova geração de talentos requer uma compreensão dos valores que norteiam seus princípios para a vida. Raramente encontraremos os workaholics dos anos 1980. Os profissionais de alto talento da atual geração buscam equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. Não gostam de seguir modelos estanques de gestão, querem autonomia, flexibilidade, liberdade, trabalho em rede e maiores recompensas vinculadas ao resultado. Tais profissionais buscam no trabalho um significado maior e não só um meio de vida ou de fazer dinheiro e ter status. Por mais que os ambientes corporativos da indústria de petróleo ainda careçam de sofisticação, o poder desse segmento de atração é fabuloso. Ele tem enorme potencial de crescimento na economia nacional e mundial, pode ser considerado um segmento de maior previsibilidade e apresenta uma remuneração acima da média de mercado. A superar, ainda, temos a necessidade de melhores modelos de gestão, maior consciência socioambiental – que é pouco difundida – afinal, essa indústria pode (e deve) tornar o mundo melhor. Trabalhar valores que estejam alinhadas com as demandas da nova geração. Para haver essa mudança de mentalidade, é preciso que a gestão de talentos sela vista como prioridade estratégica dentro deste segmento. Cabe frisar que a gestão de talentos é responsabilidade da alta gestão: acionistas, conselheiros, CEOs e demais executivos em posição de liderança. Porém, ainda percebemos uma distância grande entre discurso e prática. A gestão de talentos ainda é considerada ativi-

dade de curto prazo, como problema tático e não como parte integral da estratégia de longo prazo do negócio. A razão de uma pessoa inteligente e ambiciosa querer trabalhar em determinada organização está diretamente ligada à proposta de valor que esta pode lhe oferecer. Pode-se entender como proposta de valor, a marca forte e sólida, o projeto desafiador, a realização profissional, a visibilidade, a participação nos processos decisórios, o ambiente sustentável e saudável e a remuneração alinhada às práticas de mercado e atrelada a resultados.

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incubadoras

Incubadoras para o futuro

Sempre fico muito empolgado quando vejo um produto de alta tecnologia chegar ao mercado depois de ter nascido numa sala de aula ou laboratório de universidade brasileira.

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José Octávio Armani Paschoal é presidente do Instituto Inova de São Carlos, entidade responsável pela gestão do Parque Ecotecnológico Damha, do município de São Carlos (SP).

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rodutos atualmente incorporados ao cotidiano das pessoas, como os chips, computadores ou mesmo um celular, por exemplo, tiveram sua origem em instituições de pesquisa e desenvolvimento, ou em incubadoras de empresas, ou seja, em ambientes que estimulam a criação de novos produtos e serviços, que disseminam o empreendedorismo e/ou fomentam a criação de novas empresas. É um grande salto na capacidade humana de gerar conhecimentos e transformá-los em riquezas. Esse fenômeno vem acontecendo com frequência crescente na região de São Carlos, interior de São Paulo, onde, em decorrência da existência dos campi das universidades de São Paulo (USP), São Carlos (UFSCar), e ainda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre outros, há uma elevada concentração de doutores (Ph.Ds), sendo um doutor para cada 160 habitantes – enquanto a média nacional é de um para cada 5.423 habitantes. É importante mencionar que a primeira incubadora brasileira foi criada no município de São Carlos, no ano de 1984, numa iniciativa que contou com a participação do Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura do Município de São Carlos, entre vários outros parceiros, que contribuíram para a concretização desta ideia. Assim, existe hoje, nesta região, uma vigorosa cultura de incubadoras e geração de empresas, sobretudo de base tecnológica. As incubadoras surgiram de maneira espontânea. A experiência pioneira e certamente a de maior sucesso nasceu no final dos anos 1940 na Califórnia (Estados Unidos), quando a Universidade de Stanford buscou articular a produção de conhecimento científico à geração de novas tecnologias. Essa iniciativa propiciou vários empreendimentos bem-sucedidos, principalmente nos segmentos de microeletrônica, que foram a origem do famoso “Vale do Silício”. Tempos depois, o entendimento de que a sinergia entre a pesquisa acadêmica e as iniciativas empresariais potencializava o desenvolvimento tecnológico levou universidades e empresas à criação de um sistema planejado. Nasceram assim os parques tecnológicos, que se generalizaram pelo mundo a partir dos anos 1960. Atualmente, eles estão presentes de maneira muito significativa nos EUA, na China, no Japão, na Europa e em Israel. No Brasil, a experiência surgiu timidamente nos anos 1970; hoje, empresas originárias de incubadoras exportam para até para a Nasa (sigla em inglês


de National Aeronautics and Space Administration, que quer dizer Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica), também conhecida como agência espacial norte-americana, e tem suas ações negociadas na Nasdaq, a bolsa eletrônica americana de valores.

Redescobrindo o Brasil Em todo o mundo existem cerca de três mil incubadoras – 800 delas instaladas nos Estados Unidos. No Brasil, mesmo com muitos casos de sucesso, o número de incubadoras ainda é pequeno – algo em torno de 400. Cidades como São Carlos e outras, por serem pioneiras, são alguns dos locais em que a presença delas se faz notar de maneira mais significativa, principalmente nos últimos anos, quando o mercado de tecnologia descobriu o Brasil. Essa descoberta conseguiu inverter a tendência de “evasão de cérebros” existente até pouco tempo, em que os quadros mais qualificados das nossas universidades iam buscar aperfeiçoamento e trabalho no exterior. Atualmente, ao contrário, muitos estudantes e executivos estrangeiros vêm para cá para compartilhar experiências com universidades e empresas nacionais. São Carlos, que foi pioneira na implantação de incubadoras no Brasil, prepara-se agora para entrar num patamar superior dessa iniciativa. Trata-se do lançamento do Parque Ecotecnológico Damha, que veio para viabilizar

uma nova geração de iniciativas, incluindo a instalação de uma incubadora de empresas de base tecnológica, de um Núcleo de Inovação, além de um Centro de Pesquisa de São Carlos (Citesc), entre outros. O Parque Ecotecnológico Damha incorpora o conceito de sustentabilidade às edificações e aos processos produtivos que serão instalados no local, de modo a minimizar os impactos e a preservar o meio ambiente. Desta forma, além do baixo impacto ambiental, o Parque priorizará também a instalação de empresas que realizam pesquisas e/ou desenvolvem produtos ou serviços, fortemente ligadas às universidades e institutos de pesquisas, ou seja, empresas destinadas a transformar conhecimento em negócios econômico, social e ambientalmente sustentáveis. Em uma era de grandes desafios, países emergentes como o Brasil despontam como portadores de alternativas globais. A cultura de criação de parques tecnológicos e de incubadoras de empresas, essencial para o desenvolvimento integrado de um país, ainda é pouco disseminada entre nós, mas certamente temos todas as condições de desenvolvê-la numa versão e visão mais modernas ainda. Assim, estaremos criando condições para ingressarmos efetivamente no clube dos países mais avançados, seja do ponto de vista tecnológico, como social e ambientalmente desenvolvidos.


fino gosto

Prato cria e reina na

fama

Mesa

por Orlando Santos

Dividindo seu tempo entre aulas, pesquisas universitárias e panelas, o escritor, professor e pesquisador Fabiano Dalla Bona, curitibano radicado no Rio, vai enriquecendo sua coleção de livros dedicados à gastronomia, sempre intercalando a informação com preciosidades históricas dos personagens e suas ligações com os pratos batizados com seus nomes.

A Uma provinha do que o leitor vai encontrar “Filho de um comerciante de bacalhau, após a falência do pai, Gomes de Sá foi obrigado a trabalhar como cozinheiro do Restaurante Lisbonense, lugar em que criou a receita. Este é um prato típico da região Norte de Portugal, de preparação simples e relativamente rápida. Decidiu inovar, deixando as lascas do bacalhau marinando em leite aquecido de forma a ficarem macias. O resultado foi o Bacalhau à Gomes de Sá, hoje um dos mais famosos pratos da cozinha portuguesa. Diz-se que passou a receita a um amigo, um tal João, com a seguinte nota: ‘João, se alterar qualquer coisa, já não fica capaz’.” (p. 26) 118

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ssim, Fama à mesa, seu livro mais recente, é uma bela e prazerosa viagem que mescla gastronomia com fatos históricos e curiosos que expõem a humanidade de reis, rainhas, músicos, artistas, políticos e escritores, todos incapazes de resistir às tentações da gula. No capítulo reservado aos pratos criados ou simplesmente sugeridos e consagrados por brasileiros, o destaque vai para o Frango Atropelado Tom Jobim, inventado pelo maestro na churrascaria Plataforma, nos idos de 1990. O frango é servido apenas desossado, mas foi o suficiente para o genial maestro olhar para o seu amigo Alberico Campana, dono do Plataforma, e, às gargalhadas, batizar o prato de Frango Atropelado. E a iguaria continua até hoje no cardápio da churrascaria, sendo servido com esse nome. Tive o prazer de acompanhar de perto esse batismo gastronômico. Ao lado de amigos como Pedro Gama Filho, Paulo Jardim (já falecidos) e do professor Sebastião, da UGF, sentávamos, quase diariamente, sempre próximos da mesa do maestro – ele empunhando o inseparável charuto. Nessa época ouvimos também o Alberico estranhar a simplicidade de Tom Jobim diante de seu grande reconhecimento musical mundo afora: ele dava autógrafos o dia inteiro e tirava fotos com todo mundo. Pelo visto, até na gastronomia Tom era simples. O certo é que o maestro adorava o tal Frango Atropelado. A receita é das mais simples, talvez a mais simples de todas do livro de Fabiano: quatro peitos de frango cortados junto com a coxa e a sobrecoxa, abertos e prensados por um peso, de modo que fiquem achatados; sal, azeite de oliva (na época ainda não havia essa profusão de extra virgem), e assados na grelha, dos dois lados, para que fiquem bem dourados. Nada mais simplório. Recentemente, nas páginas da revista Rio Show, no capítulo dedicado à gastronomia, a jornalista Luciana Froés, de O Globo, revelou, com propriedade, alguns dos pratos nascidos e criados no Rio, como o Filé à Oswaldo Aranha, citado no livro de Fabiano, e o Picadinho na Faca, criado para atender ao poeta Vinicius de Moraes, que nas noitadas, segundo consta, tinha preguiça de cortar o filé e por isso ele já chegava à sua mesa devidamente cortado. A existência de pratos nacionais, segundo diz Fabiano, ainda é muito pouco valorizada no país e por isso ele defende a tese de que é preciso que esse tema, a memória do sabor, seja permanentemente discutido para o conhecimento de todos. Nada mais justo.


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Fama à mesa revela os bastidores de encontros gastronômicos, conversas e o passo a passo da criação das iguarias preferidas de celebridades. Antes de cada história, é oferecida a receita completa do prato. Entre os personagens centrais estão Luís XV, a ex-miss Brasil Marta Rocha, Luciano Pavarotti, Eça de Queiroz, Marcel Proust, Sophia Loren, Frank Sinatra e até mesmo Miss Marple, a detetive de Agatha Christie. Fabiano Dalla Bona explora as relações da comida com a música e a literatura, sugerindo que as três artes são consideradas riquezas imateriais e nutrientes da alma. Para ele, o alimento tem função social na cultura, atuando como elemento agregador. A influência é percebida de forma direta em letras de canções como Feijoada completa, de Chico Buarque, e A comida da Filó, da Martinho da Vila. Ou mesmo em livros como Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, O crime do padre Amaro e O primo Basílio, de Eça de Queiroz, em que as refeições são narradas em detalhes. A obra divide-se em seis capítulos: Receitas de homens famosos, Receitas de mulheres famosas, Receitas musicais, Receitas da realeza, Receitas de grandes escritores e personagens literários, Drinques

FAMA À MESA, Fabiano Dalla Bona, 14cm x 21cm, 184p. Tinta Negra Editorial, 55 Tel.: 21 2524-5006 www.tintanegraeditorial.com.br

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famosos. Cada tema oferece histórias curiosas e, por vezes, divertidas, que expõem o lado desconhecido de homens e mulheres marcantes que atraíram notoriedade.

A fama e os paparazzi Fama à mesa também propõe uma reflexão acerca do conceito de ‘fama’, que sofreu modificações ao longo dos séculos. Na cultura grega, a notoriedade era atribuída aos homens que realizavam feitos heroicos. No mundo contemporâneo, a fama está associada à exposição pública excessiva e à imagem pessoal do personagem, como artistas e cantores que estampam capas de jornais e revistas. Com o surgimento das celebridades instantâneas, o trabalho dos paparazzi tornou-se mais importante para os veículos de comunicação especializados, preocupados em suprir a demanda por novas fotos e escândalos. O tema é controverso, já que estes fotógrafos são considerados invasores de privacidade por grande parte dos artistas.

Um convite aos prazeres da mesa Fabiano Dalla Bona apresenta receitas de massas, carnes, bolos, tortas, sopas e drinques de diversas

Fotos: Banco de Imagens TN Petróleo

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origens – francesa, italiana, brasileira, inglesa, australiana, norte-americana, entre outras. O leitor poderá preparar e saborear pratos como: Omelete Afrodisíaca de Luís XV, ou Bolo-esponja da Rainha Vitória, ou Risoto Giuseppe Verdi, ou, ainda, Vitela Balsâmica de Pavarotti, Camarão à Marta Rocha, Moqueca de siri mole da Dona Flor e Madeleines de Proust, dentre outros.

Agradecimentos As fotos que ilustram esta matéria forma produzidas com a colaboração dos melhores restaurantes do Centro do Rio, em suas respectivas especialidades. A sopa Leão Velloso (1) teve sua origem no Rio Minho, que há 126 anos serve essa preciosidade, agora sob o comando de Cristina Tielas, filha do Sr. Ramon Tielas, o patriarca da família; o filé Oswaldo Aranha (2) é servido na quase centenária (98 anos) Casa Urich, sob a direção eficiente dos irmãos Orlando e Marisa Oreiro Fernandes; o Frango Atropelado (3), nascido no Plataforma do Leblon, tem a sua versão no mais novo restaurante especializado em galetos no Rio de Janeiro, o Crystal Galeto, sob a batuta de um dos membros da famíla Safi, Cristiano.

Rio Minho: rua do Ouvidor, 10 Tel.: (21) 2509-2338 Casa Urich: rua São José, 50 Tels.: (21) 2220-2224/2544-7826 Crystal Galeto: rua do Rosário, 90 Tel.: (21) 2507-1001

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coffee break

A bicentenária

Biblioteca Nacional por Orlando Santos

Encravada na Cinelândia, coração do Centro do Rio, e testemunha de vários episódios marcantes da história política brasileira, a bicentenária Biblioteca Nacional completou

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

200 anos de uma fecunda e pródiga existência a serviço da cultura nacional.

Biblioteca Nacional 200 Anos: Uma Defesa do Infinito Biblioteca Nacional Avenida Rio Branco, 219, Centro Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3095-3879 – www.bn.br Visitação até 25 de fevereiro de 2011 De segunda a sexta, de 10h às 17h

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Considerada pela Unesco uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo, ela tem sob sua guarda mais de nove milhões de obras. Centenas de pesquisadores, estudantes, turistas adentram diariamente o prédio, que, aliás, está comemorando também cem anos de fundação. Para provar que apesar de bicentenária ela não se tornou uma referência apenas para consumidores culturais da chamada ‘informação impressa em livros e documentos’, a Biblioteca Nacional está se modernizando: já digitalizou um milhão dos 9,5 milhões de itens de seu acervo, e é uma das fundadoras da Biblioteca Digital Mundial, projeto que reúne na internet cópias de peças importantes de bibliotecas do mundo inteiro. O início de seu tão fecundo caminho está ligado a um dos mais decisivos momentos da história do país: a transferência da família real e da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, quando da invasão de Portugal pelas forças de Napoleão Bonaparte, em 1808. O acervo trazido para o Brasil, de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas, foi inicialmente acomodado numa das salas do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita (hoje Primeiro de Março). Em 29 de outubro de 1810, um decreto do Príncipe Regente determinou que o lugar acomodasse a Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática. A data de 29 outubro de 1810 é considerada oficialmente como a da fundação da Real Biblioteca que, no entanto, só foi franqueada ao público em 1814. Quando, em 1821, a Família Real regressou a Portugal, D. João VI levou de volta grande parte dos manuscritos do acervo. Depois da Proclamação da Independência, a aquisição da Biblioteca Real pelo Brasil foi regulada, mediante a Convenção Adicional ao Tratado de Paz e Amizade celebrado entre Brasil e Portugal, em 29 de agosto de 1825. O prédio atual da FBN (sim, porque hoje ela é uma Fundação) teve sua pedra fundamental lançada em 15 de agosto de 1905 e foi inaugurado


Fotos: Divulgação

cinco anos depois, em 29 de outubro de 1910. O prédio foi projetado pelo general Francisco Marcelino de Sousa Aguiar, e a construção foi dirigida pelos engenheiros Napoleão Muniz Freire e Alberto de Faria. As instalações do novo edifício correspondiam a todas as exigências técnicas: pisos de vidro nos armazéns (ainda existentes), armações e estantes de aço com capacidade para 400 mil volumes, amplos salões e tubos pneumáticos para transporte de livros dos armazéns para os salões de leitura. A Biblioteca Nacional tem um setor de restauração para dar sobrevida às obras mais raras – são necessários pelo menos dois meses para restaurar um livro. Toda obra

restaurada é microfilmada e digitalizada antes de ser encadernada novamente. “O microfilme é mais confiável, mas com a digitalização é possível disponibilizar a obra para o mundo”, considera um dos profissionais da área. A digitalização também é útil para proteger documentos que poderiam se deteriorar com a manipulação frequente. Uma das peças mais preciosas da FBN é a ‘Bíblia’ de Mogúncia, impressa em 1462. O exemplar guardado no Rio é um dos poucos que ainda existem no mundo. Preservar os 9,5 milhões de itens que formam seu acervo é uma obrigação legal para a instituição. A legislação em vigor determina que cada editora brasileira depo-

A exposição Biblioteca Nacional 200 Anos: Uma Defesa do Infinito está aberta ao público até 25 de fevereiro de 2011. O visitante encontrará uma seleção de 200 peças originais representando algumas das maiores preciosidades e curiosidades sob a guarda da instituição. A curadoria é do escritor Marco Lucchesi. A história da Biblioteca até os dias de hoje é oferecida sob a forma de um passeio sobre o acervo de livros, ma-

site ali dois exemplares de tudo o que publicam. Esse dispositivo ajuda a FBN a cumprir sua finalidade de difundir informação e cultura, mas lhe impõe um desafio permanente: abrigar adequadamente tantas peças. Seu espaço físico é limitado e ela precisa há todo tempo arranjar mais lugar para abrigar novos itens. Desde 2005 a presidência da Fundação Biblioteca Nacional é ocupada pelo professor Muniz Sodré, que confia na permanência das bibliotecas como uma grande referência para pesquisadores e estudantes. Segundo declarou em recente entrevista, a internet é ameaça maior para as livrarias do que as bibliotecas.

nuscritos, periódicos, pinturas, partituras musicais, entre outras peças ligadas ao acervo. Em destaque: um Livro de Horas (livro de orações) da Idade Média, com pinturas em ouro; a primeira edição de Os lusíadas, de Luís de Camões; A menina do narizinho arrebitado, de 1920, de Monteiro Lobato; peças que integram a Coleção Teresa Cristina Maria, doada à instituição por D. Pedro II; edições de periódicos como a revista Tico Tico e O Pasquim; manuscritos de Clarice Lispector, Raul Pompéia, Castro Alves, Graciliano Ramos e Carlos Drummond de Andrade; o libreto da ópera O Guarani (1871), de Carlos Gomes; mapas, entre tantas outras peças do acervo. No terceiro andar da Biblioteca, uma exposição especial conta a história do edifício, fundado em 1910. TN Petróleo 75

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EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO REFINO E DISTRIBUIÇÃO GEOFÍSICA E SÍSMICA DUTOS E TERMINAIS INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE BIOCOMBUSTÍVEIS E SUSTENTABILIDADE RECURSOS HUMANOS E GOVERNANÇA CORPORATIVA LEGISLAÇÃO E MERCADO

Informação de qualidade Sempre, sempre, sempre... ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES

O outro Brasil do petróleo Bahia: onde tudo começou Cadeia produtiva baiana Inovação para campos maduros Pequenos produtores, pequenos municípios e grandes esperanças, por Doneivan F. Ferreira

Entrevista exclusiva

Armando Comparato Jr, presidente da Prysmian América do Sul

A cara e a cruz: situação do parque supridor na Bahia, por Nicolás Honorato Cavadas

O Brasil é ótimo

Campos maduros e o governemnt take, por Thereza Aquino e Mauricio Aquino Sustentabilidade acontece quando se olha para o futuro, por Otavio Pontes A importância da logística enxuta nas corporações, por Aldo Albieri Demanda e produção de petróleo: a necessidade de gestão, por Ronald Carreteiro As oportunidades do mercado internacional de gás e óleo pós-crise, por Eduardo Sausen Mallmann Como atingir a excelência operacional, por Ailtom Nascimento

ESPECIAL: TECNOLOGIA SÍSMICA

Brasil:

um território inexplorado Novos desafios à regulação: a sobrevivência dos independentes, por Marilda Rosado O marco brasileiro, por Marcio Silva Pereira Acidente ambiental, por Maurício Green e Carlos Boeckh O contrato de partilha de produção: considerações sobre o regime tributário, por Gonçalo Falcão

Entrevista exclusiva

Tomaso Garzia Neto, presidente da Projemar

Engenharia é o nosso negócio

A economia brasileira e o apagão de talentos, por Alfredo José Assumpção Sistema óptico aprimora medição de tensões residuais em dutos enterrados, por Armando Albertazzi Gonçalves Jr. e Cesar Kanda Royalties do petróleo e tributação: ou um ou o outro, por Danny Warchavsky Guedes e Caroline Floriani Bruhn Mercado de biocombustíveis carece de regulação, por Liliam Fernanda Yoshikawa e Hilton Silva Alonso Junior C O B E R T U R A

Ano XII • mai/jun 2010 • Número 72 • www.tnpetroleo.com.br

opinião

opinião

opinião

www.tnpetroleo.com.br | 55 21 3221-7500

Festa para o Almirante Negro Golfo do México: horizonte sombrio Licença ambiental para o Estaleiro do Paraguaçu

nº 72

nº 71

nº 70

Nas águas turbulentas do ISS, por André L. P. Teixeira, Bianca de S. Lanzarin e Tiago Guerra Machado

O outro Brasil do petróleo – Parte 2

ESPECIAL PN PETROBRAS 2010-2014: 224 BILHÕES DE DÓLARES EM INVESTIMENTOS

FMC: produção submersa

O futuro do aço brasileiro

de Gabriel Aidar Abouchar, diretor de Mineração e Siderurgia da Abemi

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

Forship: gestão regulatória

Ano XII • mar/abr 2010 • Número 71 • www.tnpetroleo.com.br

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

SMS: a indústria já entende essa mensagem

ESPECIAL TECNOLOGIA SÍSMICA: BRASIL, UM TERRITÓRIO INEXPLORADO

ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES – O OUTRO BRASIL DO PETRÓLEO

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

E o tombo não foi tão grande assim

TN PETRÓLEO

TN PETRÓLEO

TN PETRÓLEO

Ano XII • jan/fev 2010 • Número 70 • www.tnpetroleo.com.br

Indústria naval: os próximos passos

de Alceu Mariano, presidente da Sobena – Sociedade Brasileira de Engenharia Naval

A energia descriminada, de Antonio E. F. Muller, presidente da Abdan (Associação Brasileira do Desenvolvimento das Atividades Nucleares)

O outro Brasil do petróleo – Parte 3 Wärtsilä: com força total Lançado ao mar primeiro navio fluminense do Promef Primeiro porta-contêineres construído no Brasil

ESPECIAL: PLANO DE NEGÓCIOS DA PETROBRAS 2010-2014

224 bilhões

de dólares em

investimentos A hora do pré-sal e dos pequenos produtores de petróleo e gás, por Haroldo Lima Modalidades de transporte e escoamento de óleos não convencionais, por Clenilson da Silva Sousa Junior A evolução do licenciamento ambiental das atividades de E&P, por Maria Alice Doria

Entrevista exclusiva

John Forman, vice-presidente da HRT Oil & Gas

De volta ao Eldorado

CADERNO DE SUSTENTABILIDADE Michelin Challenge Bibendum: mobilidade sustentável Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade: diálogo necessário Conferência Internacional do Instituto Ethos 2010 Mais de 2 milhões para Piatam V

Há mais de uma década, TN PETRÓLEO é a mais importante mídia impressa do setor. Uma competente e especializada equipe de jornalistas, articulistas e consultores traz para você os principais fatos referentes a essa indústria, com informações isentas e objetivas.

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feiras e congressos

Janeiro

18 a 20 – Egito MENA Natural Gas Distribution Summit 2011 Local: Cairo Tel.: 0091 80 4050 9936 Fax: 0091 80 4050 9933 david.smith@fleminggulf.com www.fleminggulf.com 31/01 a 01/02 – Reino Unido Offshore Production Technology 2011 Local: Londres Tel.: +442072027628 Fax +44 (0)20 7202 7600 nathan.robinson@wtgevents.com www.offshore-summit.com

Fevereiro

17 a 18 – China 4th UGas Summit (Unconventional Gas) Local: Cingapura Tel:+65 6346 9113 Fax:+65 6345 5928 huiyan@cmtsp.com.sg www.cmtevents.com

5 a 6 – Casaquistão OilTech Atyrau 2011 Local: Atyrau Tel.: +44 (0) 207 596 5082 Fax: +44 (0) 207 596 5111 irina.danilova@ite-exhibitions.com www.oiltech-atyrau.com/2011/ 13 a 14 – Canadá ISA Calgary 2011 Show & Conference Local: Calgary, Alberta Tel.: +14032093555 Fax: (403) 245-8649 danmustata@dmgevents.com http://isacalgary.com/ 18 a 20 – Brasil 1° Congresso Brasileiro de CO2 na Indústria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis Local: Rio de Janeiro Tel.: +5521 2112-9079 Fax: +5521 2220-1596 eventos@ibp.org.br www.ibp.org.br

Maio

21 a 25 – Argélia 5th Algeria Energy Week 2011 Local: Oran Tel.: +442075965173 Fax: 0044 0 20 7596 5106 rukhsara.liberman@ite-exhibitions.com www.sea5-algeria.com/

Junho

7 a 9 – Canadá Gas & Oil Expo & Conference North America Local: Calgary, Alberta Tel.: +14032093555 Fax: +1 (403) 245-8649 ryanmurray@dmgevents.com www.gasandoilexpo.com/ 7 a 10 – Azerbaijão Caspian International Oil & Gas Exhibition & Conference 2011 Local: Baku Tel.: 0044 207 596 5091 Fax: 0044 207 596 5008 me.coombes@ite-exhibitions.com www.caspianoil-gas.com/2010/ index.html

2 a 5 – EUA OTC 2011 Local: Houston Tel.: +1.972.952.9494 Fax: +1.972.952.9435 registration@spe.org www.otcnet.org/2011/

10 a 15 – EUA ASME Annual Meeting Local: Dallas, Texas Tel.: 973 882 1170 Fax: 973 882 1717 infocentral@asme.org www.asme.org

15 a 17 – Canadá World Heavy Oil Congress Local: Calgary, Alberta Tel.: +14032093555 Fax: +1 (403) 245-8649 ryanmurray@dmgevents.com www.worldheavyoilcongress.com

5 a 7 – Índia POWER-GEN India & Central Asia 2011 Local: Nova Déli Tel: +44 1992 656 610 exhibitpgica@pennwell.com www.power-enindia.com

14 a 17 – Brasil Brasil Offshore 2011 Local: Macaé, RJ Tel.: 55 11 3060-4868 Fax: 55 11 3060-4953 contato@brasiloffshore.com www.brasiloffshore.com/

21 a 24 – Holanda Gastech 2011 Local: Amsterdã Tel.: +442031806576 paulsinclair@dmgevents.com www.gastech.co.uk

10 a 13 – Brasil 11ª Coteq Local: Porto de Galinhas, PE Tel.: +55 11 5586-3197 Fax: +55 5581-1164 coteq@abendi.org.br www.abendi.org.br

21 a 24 – Rússia 11th MIOGE 2011 Local: Moscou Tel.: 0044 207 596 5135 Fax: 0044 207 596 5135 trubetskaya@ite-expo.ru www.russianpetroleumcongress.com

16 a 17 – Brasil VI Congresso Rio Automação Local: Rio de Janeiro Tel.: +552121129079 Fax: +552122201596 eventos@ibp.org.br www.ibp.org.br

22 a 23 – Canadá Atlantic Canada Petroleum Show Local: Newfoundland Tel.: +14032093555 Fax: (403) 245-8649 bettyshea@dmgevents.com www.atlanticcanadapetroleumshow.com

21 a 23 – EUA Mexico Oil and Gas Conference 2011 Local: Houston, TX Tel.: +44 20 7978 0000 CWCConferences@thecwcgroup.com www.thecwcgroup.com

Março

Abril

4 a 5 – Alemanha Pipeline Technology Conference 2011 Local: Hannover Messe Tel.: +49 511 90992-22 Fax: +49 511 90992-69 e-mail: fandrich@eitep.de www.pipeline-conference.com

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br

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opinião

de Marcelo Gonçalves, sócio-diretor da BDO, responsável pela área de training no Brasil.

Reter talentos: um desafio significativo Como já se tornou notório no Brasil diante de seu crescimento e desenvolvimento nos últimos anos e das perspectivas de manutenção desta tendência, temos à frente um grande desafio.

Foto: Divulgação

E

este desafio é representado pela necessidade de dispormos de um número significativo e crescente de profissionais capacitados para encarar os avanços tecnológicos e as demandas por uma gestão eficiente, seja nas empresas privadas, ou no setor público. Mesmo registrando avanços significativos na formação educacional do brasileiro – especialmente em razão da inclusão de grandes contingentes de jovens no ensino superior devido ao crescimento da oferta de vagas e à consolidação de programas oficiais que concedem bolsas de estudos em instituições de ensino particulares –, sabemos que a procura por mão de obra qualificada tem sido maior do que a oferta de pessoal adequadamente capacitado para as exigências do mercado de trabalho. É fácil perceber, portanto, que os talentos disponíveis são, a cada momento, mais e mais valorizados. A disputa pelos profissionais qualificados torna-se acirrada, e as armas utilizadas pelos agentes do mercado para atraí-los têm cada vez mais apelo e potencial de sedução. Torna-se claro que as corporações têm de se manter atentas para não perder para o mercado os talentos existentes em seus quadros. Conhecemos o alto custo que representa a preparação, formação, capacitação e adequação de um funcionário às características e necessidades de cada atividade. A perda para o mercado (muitas vezes para a própria concorrência) de um talento já formado e adaptado às rotinas de uma empresa, órgão ou entidade equivale ao desperdício de vultosos

124

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recursos investidos na preparação daquele profissional e, também, à necessidade de dispêndio de mais tempo e dinheiro na descoberta, contratação e adequação de um substituto. Desta forma, reter os profissionais talentosos torna-se um grande desafio. Para encará-lo, é preciso atenção, conhecimento, comunicação e investimento. Primeiramente, o empregador e seus gestores devem estar atentos e conhecer bem os anseios, as necessidades e as ambições de seus colaboradores para traçar um perfil bem definido que sirva como referência para o desenvolvimento da carreira de cada talento. Manter uma comunicação eficiente, que integre de fato todos os níveis de gestão da corporação, é essencial para evitar surpresas em razão de possíveis descontentamentos ou desentendimentos. Com informações e o conhecimento em mãos, é possível traçar estratégias de gestão de pessoal que valorizem de fato os melhores talentos, com a oferta de capacitação, treinamento e formação constantes e de perspectivas de ascensão profissional, aliada a políticas de incentivo e concessão de benefícios atrativos. Construir, oferecer e valorizar um ambiente de trabalho saudável, adequado e estimulante é, ao final, a ‘cereja do bolo’ para reter os melhores profissionais. Empresas, órgãos ou entidades precisam estar atentos aos movimentos do mercado de trabalho para evitar surpresas inesperadas, como a perda de profissionais não plenamente contentes ou que venham a receber propostas mais atraentes. Enquanto nosso país não tiver capacidade de equalizar adequadamente as necessidades de formação de profissionais qualificados, a balança entre a oferta e a procura de talentos seguirá desequilibrada. Por isso, manter os bons profissionais é uma atitude que deve ser efetivamente valorizada pelas corporações.


Rio Pipeline

2011

Conference & Exposition

Setembro 20-22

10/10

20 a 22 de setembro de 2011

Chamada de Trabalhos:

21 de janeiro de 2011

Participação

Informações: Tel.: (+55 21) 2112-9000 Fax: (+55 21) 2220-1596 e-mail: riopipeline@ibp.org.br

Organização / Realização


Centro Tecnolรณgico

no Brasil. 0 5<2 Tbcร R^]bcadX]S^ bTd RT]ca^ ST cTR]^[^VXP ]^ ?Pa`dT CTR]^[ร VXR^ SP D5A9 R^\ _aTeXbร ^ ST R^]R[dbร ^ T\ ! > 2T]ca^ CTR]^[ร VXR^ 5<2 cTaร R^\^ _aX]RX_P[ U^R^ ^ STbT]e^[eX\T]c^ ST cTR]^[^VXPb bdQ\PaX]Pb _PaP ^b STbPUX^b S^ ?aร bP[ T _PaP ^ Pd\T]c^ SP aTRd_TaPร ร ^ ST ร [T^ 8>A) 8]RaTPbTS >X[ ATR^eTah 3T]caT bTdb _aX]RX_PXb aTRdab^b ^ 2T]ca^ R^]cP aTRdab^b ^ 2T]ca^ R^]cPaร R^\ T]VT]WPaXP Tb_TRXP[XiPSP T [PQ^aPcร aX^b _PaP _Tb`dXbP STbT]e^[eX\T]c^ T `dP[XUXRPร ร ^ ST _a^Sdc^b R^\^ cP\Qร \ RP_PRXcPร ร ^ _PaP X]cTVaPร ร ^ T cTbcT ST _a^cร cX_^b ST T`dX_P\T]c^b bdQ\PaX]^b T\ TbRP[P aTP[ 0 5<2 CTRW]^[^VXTb S^ 1aPbX[ R^\ SdPb Uร QaXRPb ]^ AX^ ST 9P]TXa^ T d\P 1PbT ST BTaeXร ^b T\ <PRPร _^bbdX RP_PRXcPร ร ^ [^RP[ ST T]VT]WPaXP VTaT]RXP\T]c^ ST _a^YTc^b UPQaXRPร ร ^ T bd_^acT cร R]XR^ P^ R[XT]cT


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