Mo(vi)mentos

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VĂ­tor Santos

Viseu, 2006


Vítor Santos

Mo(vi)mentos: momentos, movimentos desportivos viseenses “Escrever o que se pensa ainda é um prazer caro”

Mo(vi)mentos: momentos, movimentos desportivos viseenses: escrever o que se pensa ainda é um prazer caro / Vítor Santos .- Viseu: 2006.

Viseu, 2006


Índice Apresentação

4

Artigos 

Bola para a frente

5

Prémios

5

Académico

6

Força Portugal

8

Tributo à MULHER

8

Futebol do distrito tem balanço positivo

9

O bom senso é tão raro quanto o rigor

10

A litorização tem de ser combatida

11

Tentar objectivar o subjectivo

12

Fontelo: um espaço de excelência

13

O verdadeiro espírito de cidadania consiste, também, em exigir qualidade

14

A qualidade de hoje é a quantidade de amanhã

15

Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes

16

A justiça inflexível pode ser a maior das injustiças

17

As grandes verdades são demasiado importantes para serem novas

18

A verdade existe, só a mentira se inventa

19

Escolher a altura certa é poupa tempo

20

Urge uma política desportiva

21

Escrever o que se pensa ainda é um prazer caro

22

Uma vida inútil é uma morte precoce

23

A vitória do… Fontelo e do Multiusos

24

AVFC é esta a nova designação que temos de assimilar

´26

Para chegar à nascente é preciso andar contra a corrente

27

A gestão do tempo, na divulgação da informação, cabe a quem dirige

28


Um clube em Viseu é viável em termos desportivos e financeiros

30

Bela esperança, a minha

32

Académico de Viseu: entre o clube e a SAD

34

Aí estão as (in)decisões, e agora?

36

Nos 91 anos de existência, Académico na linha avançada

37

Somos um País de clubes que não gosta de futebol

39

Pregar no deserto: há uma não, tal e qual como hoje

40

Ac. Viseu: para quando o debate?

42

Jantar de recolha de fundos conta com a presença de João Manuel

44

Gerir incertezas

45

o Adeus Sr. Carlos Costa

46

Assembleia do Ac. Viseu: não houve inversão

46

João Manuel é dos nossos: Força campeão

47

Assembleia-geral do CAF discute dissolução do clube

48

Nova legislatura, novo olhar para a Formação Desportiva

50

o Viseu Futsal 2001

52

Estar calado tem o seu tempo, falar também

52

Criar clubes para duas ou três pessoas, é protagonismo

53

A minha cidade (desportiva), do meu sonho de Natal

54

FORMAÇÃO: não se devem criar expectativas injustas

56

Está perto o derby distrital da 2.ª Divisão Nacional B

58

Valerá a pena continuar a procurar?

59

Extras 

Artigo publicado no Livro Oficial da Feira de São Mateus 2004 o Ac. Viseu: 1978-2003: Bodas de Prata da primeira subida à 1.ª Divisão Nacional

60

A participação dos pais na actividade desportiva dos filhos

62


Mo(vi)mentos: momentos, movimentos desportivos viseenses “Escrever o que se pensa ainda é um prazer caro” Mo(vi)mentos é o nome do espaço de opinião que foi criado no Jornal O Derby em 2003. Movimentos, momentos desportivos de Viseu eram os assuntos abordados. Com a extinção do Jornal O Derby, esta rubrica transferiu-se para o Jornal do Centro onde quinzenalmente continua a ser editada. Existe ainda o preconceito de que quem critica é inimigo. Não é o caso. São inúmeras as manifestações de agrado e de incentivo a continuar a escrever. Difícil, num meio pequeno como Viseu, escrever sobre desporto. A paixão clubista «cega» muitos dos seus intervenientes. Procurar sempre escrever pela positiva, elogiar trabalhos positivos e questionar aqueles que suscitam dúvidas. Nos últimos seis anos tenho acompanhado o desporto regional como adepto, mas também como dirigente, treinador e jornalista. O Jornal O Derby deu-me a conhecer uma nova realidade, entre os quais, agentes desportivos que abdicam muito do seu tempo para se dedicarem à causa desportiva. O Clube Académico de Futebol pela situação que passou nos últimos anos e, até pela vivência interna que tenho do mesmo, foi quase sempre o assunto dominante destes artigos, o que nem sempre foi fácil. Procurei sempre, de forma imparcial, ajudar na construção, na requalificação do Clube e nunca ser dono da verdade, nem pretender ser. A formação e as estruturas desportivas são os outros assuntos que mais debati, pois são aqueles que garantem um futuro aos nossos jovens e custa vê-los partir, deixarem as famílias, os amigos para poderem fazer a sua formação desportiva em estruturas de média/alta competição que não têm na sua cidade. Sabemos que não se pode agradar a todos, e quase sempre o feedback negativo é feito de forma anónima e vazia. Estamos sempre a aprender e não se deve pactuar com quem não tem rosto. Dos vários comentários escritos gostaríamos de ter inserido neste livro alguns deles, mas a falta de autorização dos próprios impedem-nos de o fazer. A todos que têm partilhado a feitura destes artigos, que ajudam a construir este espaço de opinião só podemos deixar uma palavra: obrigado.


2006/08/11

Bola para a frente A nova lei de bases do desporto está a ser ultimada. Depois de um “tour” nacional onde se ouviu e debateu a situação do desporto português e as medidas a tomar está para breve o resultado. Espera-se que interesses e jogos de influência instalados sejam de vez irradiados do desporto português. O financiamento dos clubes tem sido feito de forma incorrecta e quem trabalha com rigor, qualidade é quase sempre perdedor dentro do campo. O apoio autárquico que tem sido o garante de muitas colectividades vai ter de rever a sua forma de o fazer. O desporto profissional tem de se financiar a si próprio. O amador e formação terão do poder autárquico direito ao subsidio, devendo o mesmo ser sempre justificado, de forma a não ser um amadorismo encapotado. Uma auditoria do Tribunal de Contas detectou alegados «pagamentos ilegais de apoios financeiros a federações desportivas» nos anos de 2003 e 2004. O Desporto em Portugal parece que não encarreira mesmo. Para já a nova época futebolística traz os mesmos problemas e erros de outros anos. As divisões estão coxas. A qualidade vai ser baixa. Eram vinte clubes que estavam impedidos de participar nos campeonatos nacionais da II e III divisões da FPF. A Associação de Futebol de Viseu alarga o período de inscrição nos campeonatos distritais para tentar evitar mais desistências. É sempre uma medida de recurso, que adia o problema. Os clubes têm de ser apoiados, motivados e não empurrados para uma competição para a qual não têm condições de participar.

O Congresso do Desporto correu o País

2006/07/14

Prémios O Mundial de futebol 2006 acabou. Para os portugueses será sempre lembrado como um momento feliz e, quase, irrepetível em próximos campeonatos. A selecção portuguesa foi a melhor equipa no conjunto das duas, últimas, principais provas de futebol: Europeu 2004 e Mundial 2006. A gestão de Scolari veio a demonstrar ser correcta e não pode ser beliscada por uma ou outra opção técnica/táctica com a qual não concordamos. O prémio de um profissional de futebol é actuar com sucesso nas maiores competições mundiais. O facto de ser profissional implica que receba uma compensação financeira pela sua participação e consoante os objectivos alcançados. Não se justifica, nesta altura, uma isenção fiscal.


Mas, no futebol, já nada nos surpreende. A ditadura da FIFA ficou bem patente na escolha dos melhores jogadores do Mundial, na gestão das conferências de imprensa, nos flash interview de Blatter. E como o exemplo vem de cima! O Mundial de futebol é passado e agora é época de centrar as atenções nas competições internas. Para o adepto do desporto regional a leitura da entrevista do Prof. Rui Caçador ao jornal desportivo regional é, quase, obrigatório. É que parece que mais pessoas defendem a identificação entre a região e o seu clube. Ser-se, exclusivamente, de um clube de Lisboa ou Porto é sustentar os filhos dos outros. A sociedade em que estamos inseridos, onde os nossos filhos estudam, jogam, divertem-se é a que devemos patrocinar, tornando-a melhor e diversificada. Mas cada um premeia quem quer.

Scolari e Pinto da Costa protagonistas do futebol português nos últimos anos

2006/06/30

Académico Aguarda-se com alguma expectativa e muita curiosidade a apresentação da nova época do Clube e o projecto que a ela vai estar associado. Hoje, pouco sabemos de quem vai estar dentro do clube, e quais as ideias que vão orientar este novo ciclo. É este o clube que Viseu vai adoptar para sua referência e como seu emblema?! Então é preciso clarificar muita coisa. Precisa cativar as pessoas, motivar os adeptos, despertar as paixões... Não repetir os erros do passado será certamente já uma boa regra de partida na nova época. Este, AVFC, foi o projecto escolhido, agora quem o protagonizou e quem o apoiou têm de o levar em frente com frontalidade, rigor. Vamos acreditar que o silêncio a que o Clube se remeteu é estratégico, que se está a estruturar, a organizar para que quando surgir a apresentação tudo esteja perfeitamente definido e com rumo certo.


Sendo actualmente a gestão de um clube uma tarefa profissional e exigente, é também um trabalho de equipa, sem deixar de, em paralelo, assumir um apontamento pessoal de quem o coordena. A tudo isto importa somar a imagem, sobretudo a "boa imagem social", sustentada em rigor, valor desportivo, formação física e humana dos atletas, em síntese, a imagem das boas práticas e dos bons princípios, valores fundamentais na opinião que as pessoas têm ou constroem de uma Instituição. Defini-la e comunicá-la é construir, por um lado, um capital de confiança com base no valor da Instituição na sua competência e, por outro, um capital de simpatia, permitindo à Instituição ser escolhida, apreciada, defendida e sobretudo respeitada. Olhar e acreditar no que se vê. Não há quem resista ao exame de uma atenta observação, e o trabalho de um ano pode perder-se na distracção de um minuto. Como diria o filosofo Jean Jacques Rousseau, "a falsidade é susceptível de uma infinidade de combinações, a verdade só tem uma maneira de ser." O tempo ditará se mereceram o benefício da dúvida, que para já se aposta no Clube!


Jornal Tal & Qual

2006/06/16

Força Portugal Estamos em época de Mundial. As opções de Scolari continuam a ser postas em causa. Num país que se diz, e é, democrático é natural que os responsáveis respondam pelo seu trabalho. Mas a primeira explicação que se devia dar é como pode o Seleccionador de um pequeno e pobre país como Portugal ser o terceiro mais bem pago da prova. Nem os colossos alemães, franceses, espanhóis com economias superiores à nossa pagam tanto a um treinador. Mas de quem é a culpa?! Apoiar Portugal é um acto que não implica aprovar muito do que se faz na FPF. A Federação Portuguesa de Futebol e as Selecções Nacionais parecem ser duas instituições diferentes, em que uma é a desorganização, a pobreza e a outra a riqueza, a excelência da qualidade. O facto da nossa selecção ser constituída por emigrantes não deve constituir qualquer problema, o que aqueles que jogam cá, em clubes com défices enormes, ganham ...é que pode ser preocupante. Quanto a Scolari, um treinador não tem de se pronunciar sobre quem não trabalha com ele. Não se entende a histeria à volta da negação do Seleccionador por não falar sobre quem não selecciona. Mal do treinador que tenha de dar satisfações publicas de todos os atletas que não convoca. Fala sobre quem está. Confunde-se pedido de responsabilidade com as exigências de justificações para a não convocação do Baía, do Moutinho, do Tonel, do Ricardo Rocha, do João Tomás, do Quaresma, etc. Scolari tem perfil de treinador. É líder, é disciplinador. É campeão do Mundo.


Quaresma, um dos ausentes do Mundial 2006

2006/06/02

Tributo à MULHER A Selecção Nacional de futebol, quer se concorde ou não com as opções de Scolari, tem demonstrado uma faceta diferente do Ser Português. E não são os homens a mostrá-lo...são as mulheres... são Elas (e não eles) quem tem dado um bom exemplo de como se estar no futebol!... E não acredito que elas gostem de perder, de ver a sua equipa derrotada. A verdade é que dão é muito mais valor ao espectáculo, à festa, à cor. Divertem-se e enriquecem-se. O desporto, assim como a vida, não é só de uma cor. É muito mais do que isso. A sua policromia consiste na alegria, na festa, na diversão, no convívio... no fazer dos jogos um tempo e um lugar de encontro para as famílias. Mas -porque há sempre um "mas"- sabemos que no futebol nacional dificilmente alguém se diverte. Mas podem bem servir de exemplo os jogos da selecção para que quem "manda", veja que o caminho que o futebol português vem trilhando ao longo dos tempos é o da falência, do fraco espectáculo, do cinzentão monocromático, onde vale mais haver apitos dourados, valorizar a vitória da nossa equipa mesmo sem o merecer, mesmo com a «ajuda» externa, mesmo sem se saber como e porquê. Se é isto o mais importante... não contem com as famílias nos espectáculos desportivos. Mas este não é um momento dedicado aos homens (a esses a quem tudo é permitido por "amor ao futebol). É antes um Tributo à Mulher, ao colorido com que cada uma pinta os estádios: o verde esperança, o amarelo sensível e o vermelho paixão! Subscrevo de alma e coração esta faceta de se estar no desporto.


Painel publicitário de “A mais bela bandeira do mundo”

2006/05/19

Futebol do Distrito tem balanço positivo A época futebolística 2005/06 chega ao fim. As equipas do Distrito de Viseu nos campeonatos nacionais tiveram uma participação bastante positiva. Cinfães e Tarouquense desceram aos distritais o que já vem sendo habitual para as equipas, do Distrito, que caiem na série B da 3.ª divisão. Penalva do Castelo e Lamas de Castro Daire foram os clubes que atingiram os seus objectivos atempadamente, fazendo uma época tranquila. Os pupilos de Carlos Correia tiveram mesmo a subida de divisão no horizonte. Bastante positiva a época para estes dois clubes. O Nelas e Tondela não começaram bem a época, mas nunca passaram por grandes sobressaltos, havendo sempre a ideia que estes clubes se manteriam nas divisões que disputam O Sátão foi a última equipa a garantir a permanência. As dificuldades dos satenses são conhecidas e a manutenção é já por si uma vitória. Nas divisões distritais Santacombadense, Viseu e Benfica e Carvalhais foram as equipas mais fortes. Sérgio Nunes em Santa Comba andou sempre no primeiro lugar, marcando posição desde o início da época. A subida do Viseu e Benfica é um facto que se saúda. A presença dos viseenses na principal liga do futebol distrital vem alargar as perspectivas de futuro a muitos jovens atletas e volta a trazer ao Fontelo a rivalidade, saudável, entre este clube e os demais do Concelho. Eduardo Álvaro no Carvalhais conseguiu a subida de divisão numa série sempre difícil e bastante disputada Desportivamente os resultados são positivos.


Plantel Sénior do Sport Viseu e Benfica que subiu à 1.ª Divisão Distrital da AFV – 2005/2006

2006/05/05

O bom senso é tão raro quanto o rigor Continua a divulgar-se diariamente a má situação económica do país. Os últimos dados da Eurostat não deixam dúvidas: Portugal continua o país da UE com mais desigualdades. Os debates têm sido meramente teóricos no que respeita ao rigor que faça cumprir as medidas e fazer crescer a economia nacional. Na prática continua tudo na mesma. O desporto é um exemplo da falta de rigor na gestão das contas, no protagonismo saloio ainda patente no dirigismo nacional. Os exemplos são muitos e variados e esta semana vieram na comunicação social dois desses. Portugal fez-se representar nos Jogos Olímpicos de Inverno 2006, realizados em Itália, com um atleta e seis (!!) dirigentes. Não se percebe para que são precisos 6 pessoas a dirigir 1, que até obteve uma miserável qualificação. Outro mau exemplo é o Secretário de Estado da Juventude e Desporto que no portal da Internet, da Secretaria que lidera, aparece em mais de 60 (!!) fotos de todas as formas e feitios. Feira das vaidades paga pelos contribuintes. São factos como estes que nos desmotivam, num país em que um quinto dos portugueses vive abaixo do limiar da pobreza. Assim não admira que Portugal seja o país da União Europeia com o maior fosso entre ricos e pobres. Com uma politica desportiva dirigida pelo protagonismo, que paga viagens, a Jogos Olímpicos, a «turistas desportivos», dificilmente o desporto deixa de ser, em Portugal, um espectáculo falido e de pouca emotividade. E nós que estamos longe do Terreiro do Paço e nem comboio temos para lá ir…


Os Derby´s regionais têm sempre muito público

2006/04/21

A litorização tem de ser combatida A migração dos melhores atletas de Viseu, na procura de condições, para poderem praticar e evoluir no desporto de competição continua a acontecer. O interior do país não consegue segurar os seus jovens. Urge a criação de mais e novas estruturas desportivas, de qualidade, que sustentem a alta competição. São estas estruturas que dão maior força nas cidades e ajudam na fixação de jovens. O Ensino Superior e o Desporto são dois factores determinantes na luta contra o despovoamento que o Interior sofre. O desporto permite uma melhor qualidade de vida das pessoas que terão assim outros incentivos e outros prazeres nas suas cidades. Mas o desporto exige competição, os jovens necessitam de desafios e estes só podem ser competitivos quando tiverem oportunidades iguais aos jovens das grandes cidades. Estas estruturas têm de ser desenvolvidas quer pela Administração Local quer pelas Associações e Clubes, em grande parte apoiados pela Administração Central. Não é possível adiar projectos que cabem ao Poder Central e Local, pois é a eles que lhes cabem, fundamentalmente, o fomento de actividades relacionadas com o apoio à juventude, ao fomento da actividade desportiva e criação de condições para a ocupação de tempos livres da população e a prática do desporto. As infra-estruturas a nível de desporto têm vindo a crescer nos últimos anos mas as competições desportivas funcionam da mesma forma há muitos anos, sem que se criem novos incentivos, motivações.


Organograma do Dep. Formação do CAF em 2003/2004

2006/03/31

Tentar objectivar o subjectivo Como qualquer outra subdivisão que se faça na Imprensa a informação desportiva pressupõe saber específico. Esperava-se que, no Século XXI, o relato escrito dos jogos não fossem feitos pelos curiosos que vão ao fim-de-semana aos espaços desportivos e em seguida telefonam para a redacção a dar as equipas e os comentários aos jogos. Infelizmente este fenómeno ainda se verifica, na Imprensa regional, devido aos elevados custos que acarreta ter jornalistas profissionais nos quadros. Mas que isenção tem esta informação?! Pode-se sempre dizer que é melhor ter esta que não ter nenhuma e tem uma certa lógica. As probabilidades de ver um texto publicado sobre a «nossa» equipa aumentam. Mas é perigosa esta aproximação com o jornalista. Muitas das vezes o jornalista escreve sobre o que não presenciou, pelo que deve fazer uma escrita informativa, mais factual (constituição das equipas, substituições, acção disciplinar, golos). Num meio pequeno o jornalista é facilmente identificado. É que o jornalista é como os treinadores. O seu trabalho é público e diariamente encontra pessoas que se consideram aptos a criticá-lo. Assim como o treinador, o profissional da informação tem sempre alguém na bancada que se diz capaz de fazer uma equipa melhor. Um pode compreender o outro.


Onde começa o jornalista e termina o amigo? Um e outro descobrem a fronteira no dia em que surge o primeiro choque. No mundo do desporto a função do jornalista só encontra paralelo na do treinador.

Jornal O Derby: Semanário Desportivo das Beiras

2006/03/17

Fontelo: um espaço de excelência A requalificação do Fontelo é um motivo de esperança na evolução do desporto federado viseense. Não se pode fechar os olhos ao trabalho que ali está a ser feito. As instalações estão belíssimas e funcionais. O futebol de formação será o grande beneficiado da melhoria desta estrutura desportiva. Espera-se que outros desportos beneficiem deste magnífico espaço, que é o Fontelo. A filosofia que acompanha a prática desportiva juvenil, no universo de todos aqueles que intervêm nesta área, está ainda fortemente dependente da sensibilidade de cada um dos intervenientes, sendo construída, maioritariamente, de uma forma espontânea e intuitiva, fruto de diversos factores condicionantes que quase sempre actuam de forma aleatória e com pouco sentido regulador, deixando ao livre arbítrio dos intervenientes e à respectiva capacidade de reflexão, a sua utilização numa ou noutra direcção. Este é um tempo de mudanças. Aguarda-se, agora, a criação de um projecto desportivo para um crescimento sustentado da prática desportiva em Viseu. Autarquia e clubes devem trilhar o mesmo caminho, devem buscar a excelência que estas instalações desportivas e a qualidade dos Técnicos permitem acalentar. Os Técnicos desempenham uma função central no desenvolvimento do jovem atleta, do ponto de vista físico, psicológico, emocional e social. Para desenvolverem


este trabalho os Técnicos precisam de condições para o realizarem. O Fontelo começa agora a ter.

Campo 1.º de Maio (ex-Cunha Matos), Fontelo 2006

2006/03/01

O verdadeiro espírito de cidadania consiste também em exigir qualidade A Imprensa regional tem dado boas notícias no que respeita às novas estruturas desportivas que se estão a projectar em Viseu. Não vale muito falar em atrasos, mas em programa de rentabilização das mesmas a curto/médio prazo. Os trabalhos de requalificação das instalações desportivas do Fontelo e o facto de Viseu ter sido contemplado pelo projecto Hat-Trick, promovido pela UEFA, auguram um futuro mais feliz para o desporto viseense. Fazendo contas aos metros quadrados de superfície desportiva útil criada nas últimas décadas e extrapolando para o futuro, à taxa média de crescimento da oferta de equipamentos, o nível viseense ainda vai levar tempo a alcançar a satisfação total. Mas já é um bom começo. Espera-se que estes projectos transmitam uma imagem de qualidade, de seriedade e de exigência, no que se refere à sua utilização por aqueles que as vão frequentar. Por isso deve-se defender a necessidade de uma equipa de técnicos especialistas diversificados na coordenação e monitorização destes novos espaços. A alta competição tem de voltar a passar por Viseu e essa é sinónimo de excelência em todas as suas componentes, devendo essa qualidade estar presente em


tudo que a caracteriza e rodeia. Recursos Físicos e Humanos complementam-se e alcançam resultados de excelência. É altura de se acabar de vez com a mentalidade do «apito dourado». Esta não produz qualidade, não motiva os verdadeiros atletas campeões e só produz resultados efémeros, que têm hipotecado o futuro.

A Escola de Futebol do CAF inovou pela organização, qualidade e imagem

2006/02/17

A qualidade de hoje é a quantidade de amanhã As responsabilidades assumidas por quem publica os seus trabalhos, independentes do suporte informativo, aumentam com o tempo. A credibilidade é importante e não pode estar em causa, sob o risco de se escrever para o «boneco». A conjuntura desportiva viseense não permite por vezes grandes reflexões e exposição de novas ideias, de propostas de novas sugestões. Viseu é, ainda, uma pequena cidade em termos de movimento desportivo. Os resultados publicados pelo INE sobre o número de praticantes federados nas várias modalidades no distrito de Viseu demonstram isso mesmo, que muitas crianças e jovens estão afastadas da prática desportiva. Fora das modalidades «tradicionais» (futebol, andebol e basquetebol) o Distrito de Viseu tem apenas 2.055 atletas federados! O porquê deste afastamento é a reflexão que se deve fazer. Como motivar crianças e jovens para a prática do desporto?! Não será certamente com retóricas ou


rivalidades parolas. A juventude actual é mais exigente e tem outras motivações e focos de interesse. Quer qualidade. O desporto é mágico. Tem na sua essência algo que os jogos de computador, a televisão ou outras distracções não têm, nem nunca terão. É esta vertente aliada a novas estruturas desportivas e com o valor reconhecido dos técnicos desportivos que se deve disponibilizar. É preciso ajudar a região a superar a condição de “interioridade” e os mais jovens a terem uma vida mais saudável. O tema, longe de estar esgotado, exige que outros o tratem. No terreno.

CAF – F.C.Porto, Campeonato Nacional de Juniores, 2003

2006/02/03

“Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes” A época desportiva 2005/06 está a marcar o desporto português negativamente. A falência dos clubes, dos sistemas são uma realidade que já não se pode mais ocultar. A realização de Acções que visam debater o desporto e trabalhar uma renovação da Lei de Bases do Sistema Desportivo têm vindo a multiplicar-se, mas continua a não haver incentivos para o aparecimento de agentes desportivos. A falta de dirigentes, de pessoas disponíveis para a gestão das Associações, Agremiações desportivas e culturais é um grande entrave ao desenvolvimento de um desporto, sustentado, em Portugal. A profissionalização ainda não é possível num país com as graves dificuldades financeiras e organizacionais como nós, e o dirigismo amador não tem conseguido dar resposta às necessidades cada vez mais exigentes do desporto de competição. Uma nova estratégia deve ser pensada. Os desportos colectivos são de vital importância na formação da criança/jovem. A Escola, as Associações sabem disso e têm de dar a resposta a essa necessidade. E os Pais?! Que se tornaram os dirigentes, os


seccionistas que garantem o funcionamento de muitas equipas? Talvez ensinar os filhos a gostar de outros desportos, de fazer uma educação desportiva diferente da existente. O Ténis de Mesa, o Judo, o Tiro, o Karting, o Golfe, o Ténis, a Patinagem, o Ciclismo, o Atletismo são modalidades que podem seguir o exemplo positivo da Natação que se pratica no AVFC e que tão bons resultados tem dado ao Clube, Atletas, Treinadores, Pais e… à Cidade.

O Karaté já tem muitos atletas em Viseu

2006/01/20

A justiça inflexível pode ser a maior das injustiças A cessação das actividades do Clube Académico de Futebol caiu que nem uma bomba na cabeça de centenas de crianças e jovens. A angústia sentida quer por estes, quer pelos seus familiares, nada tem a ver com desporto, mas com a Justiça e o seu timing. O fim, há muito anunciado, veio provocar a maior das tristezas em muitas famílias dos atletas academistas. O CAF foi o primeiro clube a nível nacional a ser declarado insolvente, fazendo dos jovens academistas, que em nada contribuíram para esse desfecho, vítimas de um sistema que não os protegeu. A Comunicação Social fez eco das frustrações de todos quantos diariamente faziam do Fontelo a sua segunda casa, que semanalmente trocavam o aconchego do lar pelos campos de futebol. A união patente entre a direcção do AVFC, pais, jovens e treinadores é demonstrativa da velha máxima: é nas grandes tormentas que se vêem as grandes coragens. A decisão judicial teve consequências ao nível da participação das equipas de formação e do andebol nas competições. A Justiça não pode penalizar inocentes. Se é suposto ser a depositária dos grandes valores humanos e sociais, e o motor de um desenvolvimento harmonioso e sustentado, no que respeita a estas crianças e jovens, falhou na sua missão. Agora é tempo de gerir o presente e promover a prática desportiva continuada destes jovens e começar a delinear uma estratégia de futuro. Exige-se rigor nas gestões


associativas, mas não se pode deixar que estes cidadãos que se dedicam, gratuitamente, ao serviço da comunidade, desmotivem e deixem a actividade. Começa-se a falar em «caça às bruxas», em vez de se apurar responsabilidades na gestão de dinheiros públicos. Que o passado não mais condicione o futuro do desporto na Região. Muitas vezes, é mais importante ter coragem para mudar de ideias, do que para se manter fiel às mesmas.

Imprensa Regional faz eco das frustrações dos jovens e familiares academistas

2006/01/06

As grandes verdades são demasiado importantes para serem novas O ano de 2006 começa sem trazer alguma novidade de que nos possamos orgulhar. Se a nível nacional as atitudes despropositadas continuam a ser noticia diariamente, por aqui fiquemos pelas grandes entrevistas e referências ao pior e melhor de 2005.


Pinto da Costa fala no desaparecimento dos clubes Alverca, Académico de Viseu, Farense e Salgueiros, na falência de Estoril, Ovarense em contraponto com a ostentação de riqueza da Federação Portuguesa de Futebol. Prioridades! O Presidente da República pede que os portugueses se consciencializem de que não há mais hipóteses de perderem tempo, de dar tiros nos pés. Responsáveis não há?! Sabe-se que ninguém planeia o falhanço, só que algumas pessoas têm falhado no planeamento. Em Viseu, o fim do futebol profissional do CAF foi a marca negativa do ano e a requalificação do Fontelo a positiva. Por vezes é necessário dar dois passos atrás para se dar muitos em frente. Que seja o caso do CAF. O Fontelo vai ser, inquestionavelmente, o grande pólo de desenvolvimento desportivo da região. As estruturas construídas vão ser de capital importância e só se espera que os viseenses possam usufruir delas. No caso CAF ficam para a história 92 anos de existência, mas não se pode andar a ajudar continuamente uma Instituição fazendo o que ela devia ter feito por si própria. Quem morre paga todas as suas dívidas. Quanto ao Académico de Viseu … tornar-se pai é fácil, difícil é sê-lo. O Congresso do Desporto em Viseu não vai trazer nada de novo. Oportunidade perdida.

Pasta de documentação das 1.ªs jornadas do CAF

2005/12/23

A verdade existe, só a mentira se inventa Chega ao fim mais um ano e o desporto português continua igual a si próprio. Crises, suspeições e prolongamento de casos. Viseu não é diferente de todo o país em que o desenvolvimento desportivo é o resultado de cada jogo. Mas, o desporto é feito desses resultados e como muitas das vezes são surpreendentes, pela positiva, justiça-se ainda a presença nos Campos, Piscinas e Pavilhões. É a beleza da competição na procura desses resultados que fazem o espectáculo que muitos de nós por força da clubite não aceitamos, não queremos aceitar que nem sempre somos os melhores.


De nada vale o virar de costas ao adversário do lado de fora do campo, pois é dentro da competição que temos de ser melhores, mais bem preparados. Nesta época natalícia em que temos na família um espaço privilegiado de convívio, aproveitamos para pedir que interiorizem um verdadeiro espírito desportivo. Num ano em que as dificuldades económicas e o agravamento do clima social de advinha o desporto reflectirá o dinamismo ou falta dele da sociedade portuguesa. Organizar grandes eventos é bonito quando acompanhados de um projecto de desenvolvimento desportivo e não servindo para feira de vaidades. No balanço deste ano cujo terminus se aproxima regista-se o caso Académico de Viseu. Hoje os viseenses procuram adaptar-se à nova realidade, mas o desaparecimento do futebol profissional é ainda uma marca triste que o Concelho ainda não superou. Votos de um Feliz Natal e Próspero Ano de 2006 a todos os leitores e amigos.

Jornal Via Rápida, 2006

2005/12/09

Escolher a altura certa é poupar tempo Em Portugal o fosso existente entre o Interior e Litoral é cada vez maior. As diferenças no ritmo de desenvolvimento são enormes e em todas as áreas. A realidade diz-nos que temos de começar a dar aos nossos jovens o que eles precisam, de forma a não terem de migrar. Mas como o fazer?!


Os últimos números oficiais do Instituto Nacional de Estatística referentes ao desporto são de 2003. Nestes dois últimos anos as diferenças serão ainda maiores. No caso do futebol Viseu tem 4.177 atletas federados, Aveiro apresenta 9.683, Coimbra 6.320 e Leiria 8.688. São estes os concelhos que nos vêm buscarem os jovens do distrito. Estes números são relevantes da base de trabalho em termos de atletas existentes entre Interior e Litoral. No conjunto de todas as modalidades a diferença no número de praticantes federados dispara ainda mais. Aveiro conta com 27.292 atletas para os 8.965 de Viseu. Coimbra tem 17.592 e Leiria 19.183. A fomentação do futebol e o incentivo ao aparecimento de equipas nos escalões de Escolas e Infantis é urgente. É aqui que começa a haver o recrutamento de atletas. No escalão Escolas Viseu apresenta 351 crianças federadas contra os 1.339 de Aveiro e 1.099 de Leiria. O desporto é um promotor do desenvolvimento regional. São números que valem o que valem. Pode-se sempre perguntar porque não falamos nos números da Guarda, Vila Real ou Castelo Branco. Mas são os outros nossos vizinhos que buscam atrair a nossa juventude. Não é só quando arde a casa do nosso vizinho que nos diz respeito.

Futebol infantil no Estádio do Fontelo, 2006

2005/11/25

Urge uma política desportiva O futebol português continua a viver cheio de contradições. Se podemos festejar os apuramentos da selecção portuguesa para o Mundial da Alemanha 2006 e para o Europeu de sub-21, temos de lamentar o desaparecimento de vários clubes e as crises porque passam a, quase, totalidade dos outros. Qual é a verdadeira realidade portuguesa? As selecções ou a falência dos clubes portugueses?! A falência, sem dúvida. Clube Académico de Futebol, Sport Comércio e Salgueiros, Sporting Clube de Farense, Alverca Futebol Clube são históricos que desapareceram do futebol sénior. Outros virão atrás.


O futebol precisa de praticantes federados e de público. Estes são elementos essenciais à vivência do futebol. E são precisamente estes que não existem. As assistências nos campos de futebol são cada vez mais diminutas e o número de atletas federados está longe, muito longe do número desejável. A importação de jogadores, a construção de planteis com dúzias de não portugueses, não é a justificação para o fraco número de praticantes. É a politica de fomentação desportiva ou falta dela que condiciona toda a realidade portuguesa. No Porto, a exemplo, constrói-se uma Sede para a Associação de Futebol do Porto de ostentação de riqueza e os jovens jogam no velhinho, pelado, do Campo da Constituição! Estas são as prioridades de quem dirige o desporto em Portugal. Primeiro são gabinetes, fatos e gravatas e depois as infra-estruturas desportivas. Tem de haver decisões políticas do Governo e das Autarquias, pois são os grandes financiadores dos clubes que, quase, não têm outras fontes de rendimento.

Jornal Público, 2006

2005/11/17

Escrever o que se pensa ainda é um prazer caro Eu estou sempre a surpreender-me. É algo que ainda faz com que a vida valha a pena ser vivida. Quando escrevi, há 2 semanas atrás, aqui neste espaço fazendo fé nas palavras do candidato vencedor à CMV, Dr. Fernando Ruas, que a sua vitória era também a do Fontelo e do Multiusos nunca pensei gerar uma reacção tão forte por parte de alguma opinião. Mas, até, como sempre achei que a ira calada é a mais perigosa agrada-me o contraditório. Pensava eu que era o artigo mais consensual de todos até agora e foi precisamente o contrário.


O debate que se gerou à volta do Fontelo prova o carinho e as potencialidades que lhe são reconhecidas e não aproveitadas. Quero e disse-o acreditar que é desta que Viseu através do Fontelo arranca para uma prática desportiva organizada e credível. Não existe ainda uma movimentação que permita afirmar que a dinamização do Fontelo está em curso, mas acredito que está projectada. Se estivermos sempre à espera de outra oportunidade, estamos a perder o nosso tempo. Hoje tudo tem se ser feito bem e depressa. Devagar, ninguém mais vai longe. Durante anos os espaços desportivos não acompanharam o crescimento dos concelhos, foram muitos os que não tinha onde praticar desporto, nem sabiam como fazê-lo. As estruturas desportivas que estão a reforçar o Fontelo são a maior aquisição desportiva que a cidade fez, em que só o uso incorrecto das mesmas pode deitar tudo a perder. Estamos no século XXI não mais se pode viver do improviso, do remedeio. O Fontelo começa a ter estruturas que podem permitir um desenvolvimento desportivo sustentado na planificação, na organização. Sabendo que clubes existem, recursos humanos também, é chegada a altura de criar um projecto desportivo sério. Quanto ao Multiusos é de reconhecer que não é para assegurar a prática desportiva dos viseenses. Mas quanto a esta estrutura . . .ninguém planeia o fracasso, falha-se muito é nos planeamentos, nas denominações. Uma acção bem planeada é aquela que assegura a maior felicidade a um maior número de pessoas. A melhor maneira de ver o nível de vida de uma cidade, de uma população é investigar a qualidade dos seus tempos livres: cultura, desporto e lazer.

Pavilhão Multisusos de Viseu não tem servido para a prática desportiva

2005/10/28

Uma vida inútil é uma morte precoce Esta semana fica marcada pelo anunciado fim físico do Clube Académico de Futebol. Esta situação até era esperada, em termos de vivência desportiva, com os resultados dos escalões de formação a demonstrarem o mal que vai naquela casa.


Com a, possível, «selagem» da Sede do clube o que fica? Quase nada. Os problemas financeiros, bastante negativos, permanecem. Só que num outro processo de criação ganhava-se um clube pensado, motivado e organizado. Os juniores B do CAF foram goleados por 12-1 pelo Porto. A diferença entre as equipas já não é justificativa para este tipo de resultados. Não há responsáveis para assumirem a desmotivação deste grupo de trabalho?! Está-se a fazer formação?! Que jovens se estão a formar?! Muitos pensam que se pode mentir somente quando se fala e não quando se está calado. As equipas de iniciação e formação do CAF estão a viver no limite, no risco. Até quando será possível aguentarem? Ultrapassa a centena o número de praticantes dos escalões de iniciação e formação e parece que se continua a olhar, só, para o próprio umbigo. Agora vamos ver como decorrem as coisas para quem muito deu, pensando sempre estar a fazer bem, de si ao clube. O CAF vai ser uma boa recordação para muitos mas, infelizmente, um mar de problemas para alguns. A opção tomada do recriado Académico tem sempre de ser colocado em causa, por muito que custe a algumas pessoas. Viseu trocou um Clube por uma equipa.

Documento projectado na Assembleia de Sócios do CAF

2005/10/14

A vitória. . . do Fontelo e do Multiusos A vitória, esperada, do Dr. Fernando Ruas é o reconhecimento do Concelho pelo trabalho desenvolvido ao longo dos anos à frente da Câmara Municipal de Viseu. Não há dúvidas quanto ao resultado do sufrágio eleitoral do último domingo. Que seja, também, a vitória do Fontelo e do Pavilhão Multiusos.


No último discurso da campanha eleitoral, o Dr. Fernando Ruas referiu que chegou a altura de dinamizar o Fontelo, agora que as novas infra-estruturas estão quase concluídas. É um desejo de todos os viseenses voltar a ter um espaço de convívio e competição desportiva de excelência. O Pavilhão Multiusos e o Fontelo vão ser, assim se espera, espaços de referência para todos os beirões. Ver semanalmente jovens de Lamego, Castro Daire, Mortágua, Tondela, Cinfães, etc. a competirem e conviverem com os jovens de Viseu é a melhor forma de desenvolvimento desportivo e social da região. Valerá a pena começar com os nossos jovens, com as nossas crianças. Viseu tem de ser referência Distrital também no desporto. Animar a cidade através do desporto é sempre dar cor, alegria, solidariedade. Que muitas e variadas cores se vejam a cruzar no Rossio, no antigo Mercado 2 de Maio, na Feira de São Mateus dos clubes, associações que passam em Viseu para partilharem connosco o que mais gostam de fazer: praticar desporto. O intercâmbio a nível regional deve ser uma prioridade, assim como deixar o uso dos espaços desportivos preferencialmente para quem durante o ano inteiro, à chuva ou ao sol, ao frio ou ao calor se dedica à prática desportiva. Existe muito trabalho de qualidade, que precisa e merece mais e melhor exposição. Viseu procura uma identificação desportiva nos dias de hoje depois do que aconteceu ao CAF, pelo que nada melhor que promover o espírito desportivo de crianças e jovens viseenses o tempo se encarregará de criar as melhores alternativas, de fornecer soluções. A nós cabe equipar os jovens das ferramentas necessárias para um desenvolvimento saudável e harmonioso.

Volta a Portugal em ciclismo (Foto Gazeta Desportiva)


Portugal foi campeão Europeu Sub17 – 2003, no Estádio do Fontelo em Viseu

2005/09/30

AVFC esta é a nova designação que temos de assimilar O Académico de Viseu Futebol Clube está aprovado. Agora á tempo de o sustentar e fazer crescer. O projecto que está por trás da génese do clube tem mais adeptos que num primeiro olhar fazia crer. A disponibilidade dos viseenses na consolidação desta colectividade deve ser total. Durante muitas semanas tive neste espaço o cuidado de levantar questões, de intermediar entre o sócio e a gestão do clube. Pensei, ouvi e lancei ideias para a gestão de um clube. As palavras proferidas não voltam para trás. Defendi uma forma diferente de clube, apontei como fazer a Formação, o que fazer com as Amadoras, a consolidação da Escola de Futebol Os Vasquinhos, a identificação do Fontelo com o clube, a prioridade de ter uma Sede mais funcional e aberta, a introdução das novas tecnologias e meios de comunicação e informação ao serviço do clube, o envolvimento da Região através de protocolos de permutas de serviços, a criação de um Conselho Academista que reunisse, no máximo, duas vezes por ano e integrado por Instituições e Personalidades das Beiras. A responsabilização de todos é necessária. Este fim-de-semana começa o Campeonato Distrital da 1.ª Divisão da AFV que, assim, vê o interesse renovado com a participação do Académico de Viseu Futebol Clube. Que sirva esta participação para levar, ainda, mais gente aos campos de futebol, a um maior e melhor envolvimento de todos os desportistas do Distrito. Façamos votos de uma época memorável do Futebol Distrital com os atletas e treinadores da «Terra». Favoritos à subida são todos os que se apresentarem organizados e com alicerces de vencedores. Sobe quem for melhor. Quem não se organizou sairá derrotado. É assim, que deve ser, o futebol.


2005/09/16

Para se chegar à nascente é preciso andar contra a corrente Quem esteve presente na última Assembleia-geral de Sócios e Não Sócios do Académico de Viseu assistiu a uma reedição das mais concorridas e polémicas das décadas de 70 e 80. O facto ocorrido no início da mesma, e que é do conhecimento público, veio criar um vazio enorme e que não foi devidamente corrigido. Os elementos presentes na mesa, que dirigiram (?!) a Assembleia, não estavam preparados, nem tinham a capacidade de mobilização necessária na altura de «impor» um novo projecto. Logo, esta Assembleia deveria ter sido adiada de forma a proteger todo o processo de recriação do Académico. Descuraram a capacidade intelectual de muitos associados. Foi uma reunião magna muito sui generis e que, lamentavelmente, fica na memória de todos os que estiveram presentes, mesmo daqueles que abandonaram a sala a meio. Houve apenas uma discursata. Não defendo o processo que foi (?!) votado. Este resolve, talvez, pontualmente, o problema. Por diversas vezes tenho louvado quem se assume como dirigente associativo, mas tenho dificuldade em descortinar alguém com essa vocação, neste cenário Dantesco. O Clube Académico de Futebol continua a existir. Agora nascem o Académico de Viseu Futebol Clube e o Académico SAD em substituição do Grupo Desportivo de Farminhão e Ac. Viseu SAD. Não se percebeu bem a razão ou razões de fundo desta estratégia, sendo que ao ter sido aprovado o protocolo lido na Assembleia este está legitimamente validado. Mas… para se chegar à nascente é preciso andar contra a corrente, e é isso que um grupo de sócios se propôs fazer ao questionar, de forma legítima, todo o processo e estratégia em que se assentou esta Comissão Administrativa. As respostas foram poucas ao contrário das hesitações que foram muitas. O contraditório faz crescer.


Durante anos tem se assistido a Assembleias em que os sócios aprovam tudo que se lhe é proposto. Mais uma vitória destas e tudo está perdido de vez. Há sempre um optimismo exagerado em cada «nova» solução. O optimista erra tantas ou mais vezes que o pessimista, só que se diverte e anda mais feliz. Todos temos presente o estado a que as coisas chegaram por se votar um tanto ou quanto às escuras muitas das propostas que têm vindo a ser apresentadas. Considero mesmo que há neste tipo de reuniões magnas, em todos os clubes, manipulação de associados. Vai-se atrás do ideal, do bom orador, do maravilhoso. A realidade tem sido outra em termos de resultados. O protocolo com o Grupo Desportivo de Farminhão, que se fez representar nesta Assembleia de uma forma discreta, sensata e exemplar, visa haver futebol aos domingos no Fontelo. É pouco. Numa altura em que se caiu no fundo, era mais vantajoso criar um projecto ambicioso que começasse do zero. Assim não entenderam alguns sócios. O Grupo Desportivo de Farminhão por direito próprio poderia utilizar o Fontelo caso se mostrasse interessado em fazê-lo. A não haver futebol profissional, qualquer dos clubes da cidade e do concelho podem solicitar autorização para a realização dos seus jogos. Não convence esta de querer futebol ao domingo no Fontelo. Veremos a média de espectadores no Fontelo. E se os resultados, caseiros, não começarem a estar de acordo com as ambições?! Volta-se ao Campo do Viso?! Juridicamente não posso pronunciar-me sobre a organização criada. Já quanto à sua funcionalidade, estou bastante céptico. Camadas jovens e modalidades amadoras no CAF, futebol no AVFC, Académico Sad desactivada. Quotas pagam no GDF ou no AVFC. CAF continua sem receber subsídios e comporta as actividades amadoras e camadas jovens! Na teoria aparece aqui muita mistura, muita confusão. Espera-se agora que a prática demonstre o contrário, que esta foi a melhor solução para o futebol do Académico de Viseu. A paciência é uma coisa que se admira no condutor de trás, mas que se detesta no condutor da frente. Cabe-nos gerir esta paciência ou…. Partir para outra. Claro que se pode pensar num clube melhor, mas este é o que temos e se cada um tem o que merece. Duas notas para dois acontecimentos positivos que ocorrem esta semana: o aniversário do Académico de Viseu de Genebra (Suiça) e a 1.ª Gala do Jornal do Centro. Com as participações dos Ranchos de Folclore da Casa do Povo de Via Longa e Tuna Típica do Centro Cultural do Campo - Viseu, o Clube Académico de Viseu em Genebra celebra mais um aniversário nos dias 24 e 25 de Setembro, demonstrando uma dinâmica de vida que nos faz envergonhar. Parabéns aos academistas da Suiça por, ainda, nos fazerem acreditar em valores. O Jornal do Centro, também está de parabéns, realiza hoje a sua 1.ª Gala. Uma iniciativa louvável que vai distinguir personalidades e Instituições, também, na área do desporto. Os bons exemplos devem ser sempre reconhecidos e parabenizados. Eles estão aí.


Clube Académico de Viseu em Genebra

2005/09/02

A gestão do tempo na divulgação da informação cabe a quem dirige Desde a primeira hora que sou defensor da criação de um novo clube que, por um lado, tivesse na génese o que de bom há no Clube Académico de Futebol e que, por outro, respeitasse a sua história no desporto nacional. O Sporting Clube de Portugal modernizou o seu emblema; o Futebol Clube do Porto passou a ter a designação SAD no nome e não deixaram de ser os mesmos clubes. Tudo tem o seu tempo e a forma certa de se fazer as coisas. A região necessita, urgentemente, de uma agremiação desportiva que congregue todo um conjunto de sinergias dos beirões, independente do bairro, aldeia ou vila em que vivem. A unidade faz a força. Este clube, substituto de um Académico falido, tem de ser o topo da pirâmide do futebol regional. O que acontece agora é o contrário Triste! Todos sabemos que as teorias são coisas muito perigosas. Desenhar um clube novo, sem vícios, sem dividas é um projecto aliciante que acredito haver vários viseenses que estivessem dispostos a fazê-lo. A anterior Comissão Administrativa do CAF propôs a extinção da 3.ª divisão distrital da AFV com o objectivo que ao criar o «clone» do CAF, este começasse a competir na 2.ª divisão distrital, de forma que no prazo de 4-5 anos estivesse no lugar que hoje deixa. Sinal que se trabalhava na criação de um novo clube, na requalificação do Ac. Viseu. Esta nova Comissão Administrativa optou, no entanto, por outro caminho. Vamos ter de esperar até ao dia 8 de Setembro, data da Assembleia-geral, para sabermos qual a estratégia, qual o caminho que se está a seguir. Ao que se sabe, e depois de fracassadas todas as tentativas de resolução do caso Paulo Ricardo, a Comissão Administrativa do Académico de Viseu elaborou uma estratégia que tem na base um protocolo com o Grupo Desportivo de Farminhão para que os viseenses não deixem de ter futebol no Fontelo. Espera-se que a solução que está a ser colocada em prática tenha pernas para andar, e que os responsáveis estejam a interpretar o desejo de toda a região. Eu tenho dúvidas. O Académico tem de "alimentar-se" dos melhores jogadores que saiam da formação dos clubes da Região. Tem de ser o clube que una todos os outros no mesmo sentido. Como já referi, o Académico até podia, numa fase transitória, não ter camadas de formação, mas, a tê-las, a equipa sénior tem de ser sempre o principal objectivo para todos os jovens que praticam futebol no Distrito. Caso contrário, o Académico continuará a ser o clube formador que alimenta as equipas da região, com os seus atletas


a passarem do Campeonato Nacional da 1.ª Divisão de Juniores, com gastos enormes, para a 1.ª Divisão Distrital da AFV de seniores. Algo está aqui errado! Contem-se os jogadores que representam o Nelas, o Penalva, o Sátão, o Lamas, que fizeram a formação no Académico de Viseu! É prestigiante para a formação do CAF ser «fornecedor» a estas equipas de atletas, mas quanto isto custou?! Investimento sem retorno. Muita gente trabalhou com dedicação nesta causa, gratuitamente. Muitos pais contribuíram muito significativamente para a manutenção de todas as categorias a competir, com grande esforço financeiro e de privações de vária ordem. Muito dinheiro foi canalizado para a aquisição de equipamentos, transportes, apoio médico, aluguer de campos, almoços, viagens, etc. Sabe-se que o Grupo Desportivo de Farminhão vai poder jogar no Fontelo, equipará, provavelmente, com cores do CAF em alguns jogos, será reforçado com meia dúzia de ex-juniores do Ac. Viseu. Onde termina um clube e começa o outro?! Pronunciaram-se os sócios dos dois clubes sobre este protocolo?! Determinaram-se as consequências para os dois clubes?! Que exigências vão ser pedidas ao Grupo Desportivo de Farminhão?! Em troca, Farminhão seria valorizado com um sintético, cobertura da bancada nesta parceria. Mas quem assegura isso?! A Câmara Municipal?! Os Repesenses esperam esse sintético (tem 5 equipas federadas), FC Ranhados igualmente, Viseu e Benfica, Lusitano são outros clubes que têm várias equipas a competirem nas diversas categorias. O Académico de Viseu tem funcionários, tem despesas enormes com as equipas de formação, quais as receitas que vão dar resposta a isto? E os processos em tribunal? As dívidas a ex-profissionais do clube desaparecem com a desistência na participação da equipa no campeonato nacional da 2.ª divisão? A quem é responsabilizado o pagamento da multa de 5.000 pela não participação no Campeonato, depois de já se ter realizado o sorteio?! Estas e outras questões serão certamente feitas na próxima Assembleia-geral do Clube e para todas elas haverá respostas. Aí as dúvidas serão dissipadas. A gestão do tempo na divulgação da informação cabe a quem dirige, da forma que melhor defenda a aplicação da estratégia delineada. Acredito que as pessoas que estão na gestão do futebol academista, que tudo têm feito para não deixar morrer o Clube Académico de Futebol, visam encontrar soluções que, a curto prazo, rendam ao futebol viseense o voltar a competir nos Nacionais. Torço para que esta estratégia valorize o futebol regional, caso se venha a concretizar. O caminho que preconizo era outro, mas serei um apoiante de todas as iniciativas que ocorram na Região que valorizem o desporto, o desportista viseense. O CAF pode ser requalificado noutro clube. Para mim "chegava" uma agremiação desportiva de âmbito regional chamado Académico de Viseu. Prescindo da designação de clube e da modalidade para que está mais vocacionado, o futebol no nome do clube.


Site não oficial do CAF na Internet www.academicodeviseu.no.sapo.pt

2005/08/19 Um clube em Viseu é viável em termos desportivos e financeiros Escrevo este artigo numa semana marcado pelo suspense da participação do Académico de Viseu no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão B. A confirmar-se a extinção do futebol sénior do CAF um vazio nasce em todos os Beirões. Hoje já pouco interessa como foi possível chegar a esta situação. Não vai resolver nada as lamentações. Os erros cometidos ao longo de décadas foram muitos e agora resta aprender com eles e não os repetir. Muita gente se envolveu na resolução de um caso que se tornou fatal para o Clube mas que, infelizmente, não é o único. É o mais visível. O Académico de Viseu é um dos clubes que esta época desiste da competição no escalão sénior. Muitos mais vão acontecer. Em Março deste ano a Comissão Administrativa alertou para o facto de o clube não ter alternativas no que a receitas diz respeito. Criou mesmo uma situação, que para muitos foi alarmista e despropositada. Afinal havia razões para tal. Todos somos conhecedores da impunidade que reina neste país, na desorganização e funcionamento do futebol nacional. Ganhar é a única razão da existência dos clubes e muitas das vezes os meios justificam os fins. Algum adepto exige qualidade nos espectáculos desportivos?! Não, se a sua equipa ganhar. Mesmo que seja com um golo marcado em fora de jogo e com a mão! Existem, na minha opinião, clubes a mais em Portugal. Campeonatos sem competitividade. Estrangeiros em demasia. Requalificar o CAF num clube regional representativo das Beiras é, ainda, para mim a melhor e única solução. São 5 a 6 anos de deserto que podem ser um investimento de grande rentabilidade desportiva depois desta travessia. Um clube em Viseu é viável em termos desportivos e financeiros com um plantel sénior constituído, na sua maioria, por jogadores dos escalões de formação e


reforçado com os melhores que os outros clubes do distrito produzem. Se juntarmos a este grupo 4 a 5 jogadores que sejam as mais valias estão criadas as condições para se triunfar no futebol nacional. Porém a mentalidade existente no seio dos clubes, treinadores e dos atletas da região também terá de mudar. Jogar no "Clube da Terra" é, também, uma causa. A participação de todas as Instituições com o novo clube será sempre positivo para todos. A permuta de serviços é hoje um factor relevante de desenvolvimento. As Câmaras Municipais são hoje as maiores financiadoras dos clubes. Este financiamento deve ser feito de uma forma transparente mas, e acima de tudo, tem de haver uma fiscalização permanente na aplicação que se faz com esse dinheiro. Os clubes de futebol são hoje os grandes embaixadores das suas localidades. Portugal é um País que tem de se virar muito para o Turismo, pois a Agricultura, Comércio e Indústria estão numa situação de falência. Mudar mentalidades leva o seu tempo. O desporto e a cultura são a base de uma vida de qualidade. A Câmara Municipal de Viseu tem de ter um Departamento de Desporto com uma equipa motivada e dedicada. A promoção do Concelho passa muito pelo que esta equipa possa fazer nos próximos anos. Um projecto desportivo ambicioso urge. Um clube da cidade bem estruturado e organizado enquadra-se no desenvolvimento desportivo da região. Acabou o tempo dos amadorismos. Os dois últimos jogos das Selecções portuguesas em Viseu (sub 18 e sub 21) tiveram o Fontelo quase vazio. Oportunidades perdidas ou desinteresse dos viseenses pelo futebol?! O Fontelo tem um novo espaço desportivo requalificado. O campo de futebol de 7 sintético é um orgulho para todos nós. Não interessa falar em timings o importante é que é deste tipo de instalações desportivas que as nossas crianças e jovens necessitam. É preciso reconhecer que o Fontelo, desta vez, foi valorizado por esta obra. A cidade ficou a ganhar. Que os Carlos Lopes, as Carolinas Peres, Os Fábios não tenham mais que migrar para praticar desporto de alta competição. Este fim de semana joga-se em Coimbra um Académica de Coimbra - Benfica para a Super Liga. Alguém tem dúvidas de qual seria a adesão de um jogo destes em Viseu que colocasse o Ac. Viseu e o Benfica na 1.ª jornada da Super Liga?! Que o futuro nos surpreenda pela positiva, é o desejo de todos nós que gostamos de desporto e estamos inseridos nesta actividade tão bonita e saudável.

CAF-Sporting para o campeonato nacional da 1.ª divisão. Estádio do Fontelo esgotado


2005/08/05

Bela esperança, a minha Bela esperança, a minha. Na vida temos sempre as opções de sermos arriscados, ousados ou de sermos realistas, credíveis. Ambas podem, no entanto, ser compatíveis quando a base de sustentação é forte. Podemos sempre investir mais, mesmo correndo o risco de perder, mas nunca de forma a colocar em causa a vivência de uma Instituição, de pessoas. O Académico de Viseu deslumbrou-se em décadas anteriores com os feitos desportivos alcançados e caiu na tentação do risco, da ousadia. Esqueceu-se muitas das vezes de ser realista, de saber até onde podia ir. Sabemos, hoje, que não só o Ac. Viseu cometeu estes erros. O mal é de todo um País. As facilidades são muitas. A irresponsabilidade, a impunidade alastrou-se em demasia. O futebol português está cheio de casos de clubes que não pagam salários, que não pagam a fornecedores, que não pagam impostos, etc. Defendo a responsabilidade colectiva de toda uma região que tem de exigir qualidade de vida e em que o desporto e cultura são bens essenciais. Durante o primeiro semestre deste ano o Ac. Viseu viveu na expectativa dos resultados da equipa sénior do clube. Eram estes que decidiam muito do presente e futuro do CAF. Entretanto duas sensibilidades se foram formando. Os que defendiam uma intervenção clara e definida sobre que Clube a Região queria, e aqueles que deixaram andar para ver até onde se ia. Atrasou-se todo um processo. Esperemos que ainda se vá a tempo. Entre a continuidade do Académico de Viseu e a «requalificação» num novo clube, a primeira escolha é a que mais agrada a todos os viseenses. Um grupo de associados interpretou essa vontade e criou a bela esperança de limpar o clube financeiramente e credibilizá-lo. As Beiras têm mais uma oportunidade de demonstrarem se é mesmo para valer o acompanhamento que têm feito da vida do clube nos últimos meses. É nas grandes tormentas que se vêem as grandes coragens. Esperamos assim que tenha esta Comissão tido um bom começo, pois seria já meio caminho andado. Mas não louvemos o dia enquanto o sol não se puser. O Académico de Viseu está hoje mais aberto, mais vivo. A cidade e a região estão agora sensibilizadas e motivadas a apoiá-lo. A presença de cerca de uma centena de associados na última Assembleia são sinónimo de vitalidade e de um clube com história. A isto muito se deve a abertura que a anterior Comissão teve. Trazer o clube para o Rossio, tirá-lo de uma rua escondida atrás da Sé, foi das melhores opções que se teve. Ainda alguém tem dúvidas que o Académico precisa de uma Sede visível no centro da cidade?! Que precisa de ser vista diariamente por todos os cidadãos?! Quem dirige o clube não é nenhum grupo marginal que se reúne às escondidas para conspirar. É preciso devolver o clube à região e as iniciativas da última Comissão Administrativa foram o primeiro passo. A não deixar morrer. A página, não oficial do clube, na Internet tem a particularidade de ter um Fórum em que muitos academistas, de todo o mundo, têm sugerido acções bastantes interessantes. Criar com a Escola Superior de Tecnologia de Viseu um site interactivo e moderno é a proposta de um associado. Interessante.


Criar protocolos que permitam a intervenção de alunos das Instituições de Ensino Superior da cidade e das Escolas Profissionais é sinónimo de novas ideias, de novos projectos. As tecnologias e multimédias, a comunicação social, o marketing, as relações públicas, a enfermagem são campos que uma parceria trazia vantagens a todos. Os elementos que saíram do Académico tiveram perspicácia e trabalharam com dignidade. Disseram não agora?! É melhor um sincero não, que um falso sim. A minha relação acabou esta época também. Saio engrandecido e devedor. Fui recebido de braços abertos e estive, como só sei estar, com dedicação e envolvido na resolução de todos os problemas que se me apresentaram. Retribuí como posso e sei. Mas este foi um ciclo que se fecha. Saio de consciência tranquila, não limpa, porque foi usada. Só pode ter a consciência limpa quem nunca a usou. Já não há lugar a ingenuidades. O bom rapaz acaba sempre em último e sem nada! A esta nova Comissão Administrativa muito se lhe vai ser exigido. Espera-lhe um monte de desafios. Que os academistas se unam, é preciso um grupo alargado na gestão quotidiana de todo o clube. A Escola de Futebol Os Vasquinhos, as Escolas, os Infantis, os Iniciados, Os Juvenis, os Juniores e os Seniores, só no futebol estão envolvidos centenas de crianças e jovens. Estes vão-lhe ficar agradecidos, eternamente, por lhes proporcionarem a prática do futebol no clube que aprenderam a amar. Há, ainda, esperança. É bela.

As vitórias do futebol de formação do CAF (Jornal Correio da Manhã, 2001)

2005/07/08

Académico de Viseu: Entre o clube e a SAD A época 2005-2006 continua a ser uma incógnita no que respeita à participação do Académico de Viseu nos respectivos campeonatos. As Assembleias realizadas este mês, do Clube e da SAD, tiveram desfechos idênticos com o assumir da inscrição do clube nas provas, mas sem certezas de haver equipas para competirem.


O adiamento sucessivo na tomada de decisões que solucionassem as crises de ambas, pendurado na obtenção de resultados desportivos dos seniores do clube, levou a que não haja neste momento plantel para disputar o campeonato nacional da 2.ª B e que não se saiba em que moldes se vai participar nos campeonatos de formação. A preocupação quanto ao futuro imediato do Académico é enorme e começa a ter contornos dramáticos. De positivo, só a mudança na mentalidade das pessoas que já assimilaram que por vezes é preciso alterar, mudar qualquer coisa, sem que isso signifique o fim do que quer que seja. O Clube está dividido em 2 fracções, os que defendem a continuidade do Ac. Viseu nos moldes actuais e os que propõem uma solução radical. A razão deverá no entanto prevalecer. E essa diz que tem de haver uma inversão nos acontecimentos. A emoção já não é solução. Estamos no Século XXI, era de profissionais e dos melhores. Quem não os tiver perde. A mobilização que se está a gerar em volta do Académico tem de ser acompanhada por quem tem responsabilidade política e desportiva. Tenho dito e defendido que o subsídio dependência não resolve nada, mas a conjugação de forças, a partilha de meios favorece a todos. Reinar para dividir, não. Verdade que o Académico de Viseu precisa de dinheiro, mas acima de tudo precisa de uma organização nova, moderna que possa gerar receitas. De pessoas com ideias novas e realistas. Tem de haver um orçamento, um plano de actividades. Que se cumpra. Não se percebe como foi possível entregar o Ac. Viseu SAD a uma empresa sem se acautelarem os termos em que era feito. Ouvimos mesmo dizer que agora é que o clube estava bem entregue, a gente que percebia de futebol, do meio. Não tenhamos dúvidas sobre as capacidades de gestão de quem estava à frente da SAD, mas tenhamos dúvidas sobre a estratégia montada. Jogadores com salários elevados, as despesas não foram controladas, as receitas não apareceram. Com este cenário as dividas aumentaram muito e a responsabilidade é de quem?! Dos sócios?! Dos accionistas?! Dos ex-administradores e directores?! Ou de todos? Agora somos confrontados com a saída desta empresa do Ac. Viseu SAD deixando para trás ordenados por pagar aos «seus» profissionais. O caso Paulo Ricardo bloqueou toda uma estratégia de sucesso?! Não parece que tenha sido só isso. No futebol os êxitos desportivos estão muito ligados ao sucesso financeiro dos clubes, mas não se pode deixar cair uma Instituição porque perde um jogo. Quando vamos para o campo temos de estar preparados para vencer ou perder, temos de ter o trabalho de casa feito. Entre o Clube a SAD as diferenças são poucas. Mas uma faz toda a diferença: quase os 91 anos de um para os cinco da outra. Assim sendo, o mês de Julho de 2005 está a ser o de todas as decisões, só porque não se pode adiar mais. Pena que tenha de ser assim. Que tenhamos de ter vindo ao fundo… Foi preciso ver sair todos os profissionais do clube, mesmo aqueles que fizeram a sua formação no CAF, para se tomar consciência que o Clube estava a afundar-se de vez. Profissionais que o Clube formou e tem de orgulhar-se deles. Sempre. O Académico de Viseu é, e vai continuar a ser, o clube mais representativo da Região, o clube que coloca todas as suas equipas nos patamares mais altos dos campeonatos nacionais de jovens. Não é, por isso, altura de virar costas a estes jovens, de defraudar mais expectativas que as que já foram. O Fontelo continuará, quando e como ainda pouco se sabe e tem sido dito, a ser o local de convívio e competição dos jovens viseenses.


O Académico de Viseu vai estar presente no IBERROCK. Aqui está uma boa ideia de participação do clube na vida da cidade. Na vida da juventude. São nestas iniciativas que o Académico tem de estar sempre presente, de ser um parceiro privilegiado.

Assembleia-geral do CAF, 2005

2005/06/24

Aí estão as (in)decisões, e agora?! Dia 1 e 4 do mês que vem (Julho) realizam-se as Assembleias de Sócios e de Accionistas do Clube Académico de Futebol e do Ac. Viseu SAD, respectivamente. Em Março deste ano, neste mesmo espaço, afirmei que não houve inversão dos acontecimentos na Assembleia Geral do Clube realizada por essa altura e que extremou as posições. Houve um adiamento e a coragem de um grupo de academistas que em consonância com seccionistas, técnicos se comprometeu a levar o clube a acabar a época desportiva. Cumpriram-no. Nada mais se processou entretanto. A época desportiva 2005-2006 está a iniciar-se em termos burocráticos (inscrições) e o clube e SAD continuam nas indecisões, nos adiamentos de resoluções. Este fim-de-semana o Clube mostrou bastante vitalidade e despertou o interesse e atenção de todos os academistas e viseenses em geral. As 1.ªs jornadas de Reflexão e o 1.º Torneio de Futebol Jovem foram iniciativas de sucesso. Esperemos que não tenham vindo tarde demais. As Jornadas tiveram a presença de, cerca de 50, viseenses ilustres e com responsabilidades que puderam, no espaço próprio, reflectir. As opiniões são todas interessantes e importantes, mas têm de ser responsáveis. E aqui, nas Jornadas, foramno. As pessoas assumiram as suas posições, não houve fugas para a frente. Mas há faltas que se fazem sentir, pois a presença de todos os ex-corpos directivos, de ex-jogadores, ex-treinadores faziam todo o sentido quando além da reflexão estava a comemoração do 91.º aniversário do clube. Também quem se


candidata a cargos de responsabilidade politica devia ter opinião sobre o Académico e fazer-se presente. O Clube é da região. De todos. No Salão Nobre da Associação de Comerciantes do Distrito de Viseu houve várias sensibilidades, sendo comum que a todos entristece o ponto a que chegou o Académico de Viseu, divergindo no futuro do mesmo. Se para alguns o valor das dívidas é inultrapassável e condiciona sempre o clube, para outros o Académico deve sempre sobreviver a esta crise mesmo que tenha de baixar mais em termos desportivos. Mas esta seria já a altura de estar em marcha o projecto que se pretende e não ainda andar a discutir, a reflectir. O tempo escoa rapidamente. Mais que o Académico, Viseu precisa de um projecto desportivo de qualidade, de técnicos de desporto que no «campo» coloquem um projecto de desenvolvimento harmonizado que una o desporto de lazer com o da competição. Talentos existem. Espaço desportivo também o há. Crie-se o cronograma, escolham-se as modalidades e desenvolva-se o desporto viseense. Quanto ao Académico o regresso ao amadorismo, a aposta na formação e nos jogadores que ela faz, já há muito devia ter sido feito. A crise é para todos e a queda começa a ser em efeito dominó…. Quem primeiro a combater, melhor preparado vai estar quando o rigor e a coragem política desportiva apertar. Esta semana o Sindicato dos Jogadores Profissionais veio alertar para o estado actual das finanças dos clubes. Se na 1.ª Liga os jogadores não recebem os ordenados há meses, imagine-se o que vai pelos campeonatos fora. A SAD do Académico de Viseu também ela continua em crise profunda. Esta época serviu, ao que se julga, para aumentar o passivo e pouco mais se pode dizer. Juridicamente o Ac. Viseu SAD tem muito para tratar e ser tratado. Esta semana ficou a saber-se que o Ac. Viseu SAD precisa de 300 mil euros a curtíssimo prazo, para inscrever a equipa. A divida total são 500 mil euros!!! A Administração está demissionária. A Gestifute deixou a Sociedade Anónima. Mais um ano se passou e o Ac. Viseu regrediu mais uma vez. Volta a SAD às mãos dos viseenses? Volta o Clube a ficar com a gestão do futebol sénior? Quais as mais valias que ficam da época que acaba? Valerá a pena adiar um tratamento de choque e viver com a realidade?! Os primeiros dias de Julho, com a realização das duas Assembleias, vão ser decisivas, porque agora o tempo escoou. O desenvolvimento sustentado do Académico vai ter de ser perspectivado a médio, longo prazo. Agora há que respeitar acordos e motivar dirigentes a comandarem um Académico diferente, mas que pode ser orgulho da Região. O Torneio de Futebol Jovem Académico / Piaget realizado também este fim-desemana, foi um sucesso. E tinha de ser. Quando se trabalha com profissionalismo, qualidade e dedicação na organização de eventos que mexam com as crianças e jovens, o êxito é tremendo. Para muitos foi o primeiro contacto com relva, para outros a primeira vez que dormiram fora de casa, sem ser com os pais. Estes participantes nunca mais vão esquecer o Académico, o Fontelo, Viseu. O convívio saudável foi sempre por demais evidente.


1.º Torneio Infantil do CAF

2005/06/10

Nos 91 anos de existência, Académico na linha avançada Na continuação das comemorações do 91º aniversário do Clube, a Comissão Administrativa do Académico de Viseu preparou alguns eventos que julgo ser de grande importância e significado. Os tempos são de mudança e quem não tiver a perspicácia de prever e preparar o futuro não vai mais conseguir sobreviver. Pois viver há muito que os clubes o deixaram de fazer. Há, felizmente, bons exemplos em outras actividades que devem ser trazidas para o desporto, para uma gestão desportiva moderna. Um slogan utilizado por uma força partidária pode ser «adaptada» pelo Clube e trazer o Académico de Viseu para o Rossio. É que sendo este o espaço cartão de visita da cidade, ponto de passagem obrigatório de todos, é aqui que o Ac. Viseu se deve fazer ver e sentir da sua existência. Não se deve esconder nem ser o feudo só de alguns. Campanhas de sensibilização como «EU SOU ACADÉMICO» devem estar presentes no dia-a-dia de todos os beirões, fazer parte da sua vivência quotidiana. A Instituição é de todos e devemos ter isso presente. Numa altura em que a politica desportiva do CAF tem de ser repensada e organizada para enfrentar um futuro que não se antevê fácil, é no valor institucional que se deve acreditar e apoiar. Há gente de valor com vontade de servir o clube. Chamem-nos. A Imprensa regional mais que uma vez mostrou disponibilidade para divulgar, debater o Académico. Porque não utilizar esta via tão importante para o fazer?! O Académico aparece muitas das vezes na Imprensa pela parte mais negativa do clube porque nunca, me parece, os seus dirigentes souberam comunicar com os viseenses. Hoje é importantíssimo ter profissionais da área da comunicação que trabalhem com as Instituições, Empresas, Associações. Trabalhar a imagem é meio caminho andado para o sucesso individual ou colectivo. «NA LINHA AVANÇADA» é outro slogan que o clube adopta ao aparecer junto dos eventos empresariais e comerciais. Estar presente, dar a cara, assim conseguese transmitir que o clube está vivo, que existe. Os resultados destas campanhas estão a ser bastante satisfatórios criando mesmo nas pessoas a indignação do porquê de o Clube ter estado ausente, de se ter isolado. A formação no Académico de Viseu é de grande qualidade. Os resultados são óptimos perante todos os condicionalismos e se quem dirige souber captar novos valores aproveitando a credibilidade que o clube tem nesta área, ainda pode melhorar muito.


Dia 17 de Junho o Clube realiza as suas 1.ªs jornadas de reflexão e começa logo a ser feliz com o local que escolheu: o Salão Nobre da Associação Comercial de Viseu no centro da cidade, depois porque reunir os academistas sem ser para lhes pedir dinheiro, mas «só» para virem viver o Académico. Apagar as velas do 91.º aniversário. A confirmarem-se a presença das Entidades politicas, desportivas, associativas, culturais, ex-atletas, ex- treinadores, sócios… será na certeza um dia que marca positivamente o clube. Dia 18 de Junho o 1º Torneio Infantil do Académico de Viseu no estádio do Fontelo com a participação de 30 equipas que vão movimentar cerca de 400 atletas. Assim todos vão apoiar o Académico de Viseu, assim vale a pena dizer «EU SOU ACADÉMICO». O Clube não é só aquela nossa equipa que ao domingo de quinze em quinze dias joga no Fontelo. Vai muito mais além disso. Perguntem ao cerca de 500 atletas que o clube tem. Aos treinadores/formadores do futebol de iniciação e formação, aos elementos das outras modalidades. O passado deve ser lembrado e debatido, se houver responsáveis que assumam, mas não é nesta altura a prioridade do clube. É o seu futuro. Os seus jovens. Se a receptividade dos viseenses já tem sido boa ao contacto que a Comissão Administrativa tem feito no sentido de lhes pedir colaboração para a resolução dos problemas que condicionam o quotidiano do Académico, com este tipo de iniciativas vão reforçar a adesão de todos os beirões. Fazer agora a escolha certa vai relançar o Académico. Pode demorar anos, mas será uma construção sólida e de orgulho para todos. Por fim, não tem sido todos os dias que podemos falar do Clube pela positiva, por estar a fazer a diferença pelo objectivo que foi criado: ser o clube da região. Hoje realiza-se, no Fontelo, um jogo que reúne muitos dos melhores profissionais portugueses. Espera-se uma festa bonita. Este evento é a prova de que é possível fazer movimentar a região através e pelo Académico. A organização deste jogo é de um empresa na área do marketing e comunicação desportiva, prova do quanto é importante este tipo de associação em termos empresariais.

2005/05/27

Somos um País de clubes que não gosta de futebol A época de 2004-2005 está no fim. Este ano não há Europeu, as atenções vão estar centradas nas aquisições, nas mudanças que vão ocorrer nas equipas. E que nos espera para a próxima época? Não tenhamos ilusões e tudo vai continuar muito igual. Não há dinheiro, os espectáculos desportivos em geral e o futebol em particular vão continuar a ser de baixa qualidade, vai se continuar a viver do «desenrasca». Este ano, de eleições autárquicas, adia-se a nível nacional a reestruturação das competições nacionais, adia-se a prioridade patente de apostar na Formação, na


qualidade dos espaços desportivos em prejuízo do sucesso visível a curto prazo, através de aquisições caras e sonantes, que se esgotam mesmo antes do Natal. Portugal vive uma crise económica com reflexos na sociedade portuguesa de uma forma bastante significativa. O desporto e a cultura são as áreas que vão nos alimentando, mas corre-se o sério risco de vermos os investimentos a serem feitos em acções de shows em troca de uma politica rigorosa de investimento na juventude portuguesa, proporcionando-lhe condições de desenvolvimento desportivo e cultural de qualidade. Somos um País de clubites, não se gosta de desporto, vive-se pelos clubes. A evolução desportiva tem de ser feita. Não podemos viver o desporto da mesma forma que o fizemos no século passado. A vitória do Benfica na Super Liga e a «proibição» de que foram alvo os seus adeptos de festejarem no centro da cidade do Porto é lamentável. Avisaram que isto ía acontecer e…fizeram-no! Todo o País viu, as televisões filmaram e que acontece? Nada. A liberdade desportiva de cada um tem de ser respeitada. Precisamos de começar já a transmitir valores desportivos, de cidadania às nossas crianças aos nossos jovens. Leva tempo mudar mentalidades, mas temos de começar algum dia. O que se passa na Super Liga passa-se em todos os escalões. As proporções é que são diferentes. Desporto não é isto. Ser-se desportista, adepto não é o que vemos nos campos de futebol e fora deles na maioria das vezes. A competição, a participação, a permuta de conhecimentos técnicos e tácticos são fontes de enorme prazer para quem anda no Desporto, que gosta de desporto e que mesmo perdendo sente-se mais rico, mais forte. Os fundamentalistas dos clubes são sempre gente frustrada, não conseguem ter prazer na competição. Não saboreiam a felicidade da vitória, não choram na derrota. Não têm sentimentos desportivos. Precisamos de apostar numa Formação de qualidade. O futuro se encarregará de nos compensar se o fizermos. A paixão desportiva em Portugal está trocada. A paixão é nos espaços desportivos que se vê. Com civismo e respeito pelo próximo. Clubes sem dívidas aos seus atletas, aos seus fornecedores, ao Estado rareiam cada vez mais. Os orçamentos têm de ser mais rigorosos. Temos de aprender a viver com o que temos. Podemos passar pelo «deserto» a nível internacional, mas não penhoramos o futuro das nossas crianças. Gerir com contas de merceeiro também não é solução. Mecenas são situações efémeras. Benfica e Porto são os exemplos maiores de quem não tem dinheiro, que despreza a sua formação em troca do endividamento de todos nós na aquisição, quase sempre, de estrangeiros. O mau exemplo vem de cima. O Benfica foi campeão com um só jogador, titular, formado por si. O Dínamo de Moscovo joga com mais portugueses que muitas das equipas portuguesas das nossas Ligas profissionais. Algo vai mal neste País sem dinheiro e com mentalidade de rico. Portugal tem tantas equipas na Super Liga como países que têm uma densidade populacional e área geográfica muito superior à nossa. O Desporto é só mais um exemplo. Um mau exemplo. O Instituto Nacional de Estatística acaba de publicar as Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio 2003 do nosso país, a ver com atenção, e que me merece um comentário numa próxima oportunidade. Mas agora é justo parabenizar os campeões. Destaco o Mister Rui Manuel no Nelas. Através dele saúdo todos os que foram campeões e os que foram dignos, mesmo não sendo primeiros, da actividade desportista que praticam e honram.


Repesenses-CAF, Campeonato Distrital de Escolas da AFV

2005/05/13 Pregar no deserto: há um ano, tal e qual como hoje Esta expressão faz todo o sentido no que respeita a tudo que tenho escrito nestas páginas sobre o Académico de Viseu. Valerá mesmo a pena? Vivo o desporto, e o futebol em particular, na sua forma mais pura e bela que este pode ter. Não entendo a vivência guerreira de alguns agentes desportivos em oposição ao desportivismo, à competição séria e verdadeira. Para a escrita deste artigo quinzenal «mergulhei» no meu arquivo e reli as reflexões dos meus amigos Prof. João Luís e Dr. José Costa, os artigos dos jornalistas Gil Peres e José Luís Araújo. E que constato? Muito do que tenho dito nestas páginas já eles o escreveram, e que também eles se devem sentir pregadores do deserto, sentir que hoje voltavam a escrever precisamente o mesmo. As reflexões são radiografias exactas da realidade academista. Continuam actualizadíssimas. Diagnosticavam o que mal estava. Davam indicações e alertavam para o debate sério e desinteressado que deve ser feito entre todos os que têm responsabilidade e os que são sensíveis ao fenómeno desportivo. Mas adiou-se, adia-se. Os artigos de pesquisa fazem análises interessantíssimas do estado em que o clube estava e como foi que lá se chegou. Há precisamente um ano, na imprensa regional e nacional, o Académico SAD era noticia por comunicados de jogadores alertando para o não pagamento de ordenados; era notícia por um treinador em ameaça constante de rescindir contrato; pela falta da existência de uma alternativa directiva no clube; pela frustração da não subida do Ac.Viseu SAD à 2.ª liga. Está tudo registado. Em contraste com essa situação vivia-se com as excelentes prestações e resultados das equipas de formação do Clube nos diversos campeonatos em que competiam. Tal e qual como hoje. Os juniores e iniciados do clube têm a manutenção no nacional garantida, os juvenis estão a um pequeno passo de subirem ao respectivo


campeonato nacional da categoria, e os infantis e escolas são consideradas as equipas mais fortes e em melhor posição de ganharem os campeonatos distritais em que estão inseridas. Uma conclusão salta aos olhos sem grande reflexão: existe em Viseu muita juventude com aptidão e dedicação para a prática desportiva, neste caso o futebol. Vaise continuar a frustrar estes jovens?! E que reflexos pode ter isso numa sociedade de jovens sem expectativas de fazerem uma formação desportiva séria e de qualidade?! Não se pode abandonar estes jovens. Estão em competição e até final desta época têm de continuar a ser acarinhados e a serem-lhes proporcionadas as melhores condições possíveis. Em paralelo, já devia estar em marcha um processo de alternativas válidas para a viabilização do clube ou de uma «renovação engenhosa». Parece-me é que existe só um pequeníssimo grupo interessado e voluntário na procura de uma solução. Organizar o clube, trazer o clube para o centro da cidade através de uma Sede Social visível e digna, colocar o clube na web, criar uma nova imagem, moderna e atractiva, de tudo isto o CAF precisa e muitos profissionais desta área podem colaborar neste sentido. Para alguns podem ser pormenores eu defendo que é a única forma do clube renascer e de se assumir de uma vez por todas como o «porta-estandarte» da cidade, da região. Não se pode dizer sempre mal, de andar a sempre a culpar «os outros». Todos podem e devem colaborar. A Comissão Administrativa do Clube tem em «campo» um peditório junto das empresas e comerciantes e a recepção está a ser bastante simpática, com o abrir de portas que se pensavam fechadas. Os montantes podem ser pequenos, são insuficientes, a conjectura económica está mal para todos, mas tem de ser reconhecido mais este esforço que se tem feito para ajudar o Clube a ir superando o seu dia a dia. Louve-se. Se todos contribuirmos da melhor forma que soubermos e pudermos, será tudo mais fácil de certeza. O Académico não é único clube no Concelho, mas é o Clube do Concelho, do Distrito. Estas semanas não são propícias a grandes desenvolvimentos regionais desportivos, jogam-se as finais da Super Liga, a final da Taça Uefa, a final da Taça de Portugal e as atenções desportivas vão estar centradas nestes jogos. Vai ser delicioso ver o futebol na sua maior pujança a proporcionar-nos alegrias, tristezas. O futebol é isto. Hoje ganha-se, amanhã perde-se. Mas não é o futebol um jogo?! Quem passa por estas emoções, por sentimentos opostos em questões de minutos… sabe entender e viver o desporto como deve ser vivido: com espírito de campeão, mesmo quando não ganha. No distrito quase tudo está decidido, com o balanço final a poder-se considerar positivo com as prestações das nossas equipas dentro das quatro linhas. Só faltava mesmo é o Académico subir.


Equipa de Escolinhas do CAF 2003

2005/04/29

Ac.Viseu: para quando o debate? A Sé Catedral de Viseu ia caindo quando, em Março, a Direcção do Clube Académico de Futebol, em comunicado, alertou para o estado actual do clube. Indignaram-se, revoltaram-se muitos viseenses ilustres com a possibilidade referida no comunicado da sua possível extinção, caso não houvesse inversão no caminho que o clube segue. Dois meses se passaram e surge a pergunta: que foi feito para inverter esse caminho? Nada. Mesmo nada. Esta é a realidade, triste, do Académico de Viseu. Da Assembleia-geral do Clube, que contou com cerca de 50 sócios, saiu uma Comissão Administrativa que se prontificou, corajosamente, a garantir um final de época desportiva. Foi tudo o que se conseguiu arranjar. O debate sobre o Académico de Viseu morreu por aí. Como se tudo tivesse bem e o futuro do clube estivesse garantido. Vem, agora, a CA promover um peditório junto do tecido empresarial e comercial de Viseu. Dá assim um forte sinal de que as coisas continuam mal. Ninguém pede quando tem. Peditórios são soluções pontuais, não fazem parte de uma gestão contínua e programada. A época desportiva 2004-2005 corre para o fim e com ela o terminar de um ciclo que pode ser mesmo o cair por terra do clube. Nestas últimas época, as equipas de formação do Académico de Viseu têm partido em desvantagem relativamente aos adversários, pois não têm recebido os subsídios a que têm direito. Não se pode arrastar esta situação por mais tempo. Está em causa a verdade desportiva. A Comunicação Social não mais promoveu o debate e o clube sente-se sem meios físicos e humanos para o fazer. Só mesmo nos cafés se vai falando do que está mal e do que o clube já não dá. Do bom e do prestígio já poucos se lembram. Ouve-se é muita gente falar "no meu tempo" esquecendo-se que foi a desorganização de muitos anos que leva o clube a esta situação. Na maior parte das


vezes pensando que estavam a fazer bem, estes dignos dirigentes estavam a criar vícios a adiar soluções. O mal geral do futebol português: um passo sempre maior que as pernas. Alguns dos profissionais, que "vestiram" a camisola negra do CAF, falam do que deram ao clube, esquecendo-se que foi a Instituição quem lhes deu mais. Entre o deve e o haver o clube fica sempre de prejuízo. Falam como se o Clube fosse seu mas que outros se apoderaram dele. O Clube é de e para todos. Mas ninguém é eterno, todos têm um tempo de estar. Ser-se academista é para sempre. Quem vai gerir o Académico? De que forma, para onde? Tem sentido fazer formação no Ac. Viseu para alimentar os clubes da região e não o plantel sénior do clube?! Precisam-se de explicações, de se saber qual a orientação. Chega a altura de debater tudo e todos. De debater o futebol viseense, o papel que o Académico de Viseu tem e pode ter. Que querem as entidades, as pessoas da Região? A carreira da equipa sénior tem, parece, condicionado todo este debate, com a possibilidade de subida de divisão. Falar agora pode ser sempre factor de destabilização e talvez por isso pouco ou nada se fale. O tempo está a passar muito depressa, são precisas decisões. Sem protagonismos, sem se ser dono da razão, deve-se debater com bom senso e com o dever de contribuir para o desenvolvimento do futebol em Viseu. Promova-se o debate, com urgência. Reúnam-se agentes desportivos, convidemse as Instituições, chame-se quem tanto parece saber, nos cafés, mas reúnam-se rapidamente e encontrem-se soluções ou então… é mesmo o fim. Há muita juventude da Região que está na expectativa. Que gostaria de saber se tem ou não Académico de Viseu para praticar desporto continuamente durante o ano, como deve ser norma de uma formação desportiva de qualidade. Na última semana num jantar de angariação de fundos, o Académico juntou cerca de três centenas de viseenses! No que mais não foi que um balãozinho de oxigénio. Mas todos quiseram estar na foto. Defendi a iniciativa, mas preferia ver estas centenas de pessoas na última Assembleia do Clube. É que se o tivessem feito, talvez este jantar não tivesse sido necessário. E a Sé Catedral se não caiu até agora, com o que tem observado, também já não cai.

Equipa sénior do CAF na 1.ª Divisão Nacional


2005/04/15

Jantar de recolha de fundos conta com a presença de João Manuel Realiza-se esta segunda-feira, dia 18 de Abril, um jantar de angariação de fundos para ajudar os profissionais do Académico de Viseu SAD. Esta foi a forma encontrada pelos mesmos para recolherem algum dinheiro que lhes permita fazer face às dificuldades que enfrentam pela falta de recebimento dos ordenados. 2005 ainda não chegou ao Académico SAD no que respeita aos pagamentos de vencimentos aos seus atletas profissionais! Os resultados desportivos estão a ser bastante motivadores e se mais não fosse, só por isto, estes Homens merecem ver os compromissos assumidos para com eles satisfeitos. As dificuldades não são exclusivas do Académico de Viseu o que leva a que se questione e avalie a forma como o futebol profissional em Portugal tem sido gerido. Não é, concerteza, a deslocação de profissionais de futebol para a organização deste tipo de eventos uma gestão correcta de um clube. Mas neste momento, é de saudar a iniciativa e apoiá-la. Esta não é altura de questionar que Académico vamos ter no futuro, pois este está dependendo dos resultados desportivos no Campeonato da 2.ª Divisão e de quem irá ficar a gerir o clube. Vamos ver como responde a Cidade a esta chamada, se os viseenses mais ou menos ilustres, com responsabilidades sociais, politicas, desportivas vão aparecer, transmitir solidariedade e dizer que estão atentos a esta triste situação em que o clube continua envolvido. O Académico está na luta pela subida de divisão, os jogadores têm ganho os jogos e será esta uma boa altura de lhes dar força e não os deixar desanimar. A fasquia está alta mas possível de alcançar. Esperemos que o Expo Center, no Day After, seja pequeno para a manifestação de apoio que os viseenses vão fazer aos atletas profissionais do CAF. Esta iniciativa vai contar com a presença de João Manuel. A solidariedade vai ser assim reforçada neste jantar com uma pequena, mas de certeza sentida, homenagem ao João. Acredito que o João Manuel vai se sentir grato e quando a homenagem vem dos próprios colegas de ofício, o significado da expressão solidariedade aumenta. João Manuel vai ser alvo de um almoço de homenagem em Sernancelhe nos finais deste mês. Os beirões não esquecem os seus filhos. E todas estas manifestações são mais do que justas, mais que merecidas.

Jornal Record, 2005


2005/03/31

Gerir incertezas Este domingo, no Fontelo, o Académico de Viseu recebe o Estarreja em jogo da 30.ª jornada. As sucessivas vitórias, que têm alcançado, são motivadoras e espera-se bastante afluência ao jogo. O Académico não depende só de si. Tem de contar sempre com os possíveis deslizes do Sporting da Covilhã e Mafra. No entanto, só o facto de voltar a «puxar» os adeptos ao Fontelo é sinal de vitalidade da equipa. Rui Bento tem gerido ao longo da época a equipa de uma forma bastante discreta, gerindo muitas incertezas, mas definiu um rumo e tem-no seguido. Conseguir resultados desportivos no meio de tantas incertezas, tem sido apanágio dos técnicos do CAF. Este ano a situação torna-se ainda mais complicado pela quase ausência de atletas de Viseu. As enormes dificuldades que o clube atravessa «só» podem ser ultrapassadas, rapidamente, com vitórias. No futebol, estas, são os remédios para todos os males. O facto do clube viver num mar de incertezas é preocupante para os profissionais que o servem, mas tem de ser relevado o profissionalismo que estes têm demonstrado. A subida do Ac. Viseu à Liga Profissional era um tónico importantíssimo para todos que o servem e têm responsabilidades. A fase final do Campeonato não é fácil e será quase um «milagre» o clube subir. Fica a aplicação, o não atirar a toalha ao chão numa época em que os problemas com salários continuam. Na cidade já se começa a falar no Académico, no campeonato, há expectativas e isso é muito importante para o clube. A incerteza dos acontecimentos é sempre mais difícil de suportar do que o próprio acontecimento. Cabe a todos nós saber gerir as incertezas. Vivê-las com paixão. Crescemos e ajudamos o clube a crescer com estes momentos. A existência de problemas de ordem organizacional e de funcionamento do clube têm de ser resolvidos por Técnicos. Estes existem para resolver problemas. Foram criados com essa finalidade. A formação especializada que receberam, teórica e/ou prática, permite-lhes versar estas vertentes. Acreditemos nos Técnicos. "Qualquer caminho os leva ao destino" provérbio chinês de grande veracidade.


Cartoon de Paulo Medeiros, no Jornal O Derby, reportando a forma de pagamento de salários ao profissionais do Ac. Viseu SAD

Adeus Sr. Carlos Costa Não posso deixar de recordar aqui o Sr. Carlos Costa, jornalista que aprendi a ler e respeitar desde cedo. Aqui mesmo neste jornal, neste espaço, transmitiu-nos sempre coisas novas. O Sr. Carlos Costa era uma verdadeira enciclopédia do futebol, do jornalismo regional que nunca deixou de partilhar os seus conhecimentos, de uma forma apaixonada, com quem o procurasse, como foi o meu caso. Até sempre e obrigado.

2005/03/18

Assembleia do Ac. Viseu: não houve inversão O Académico de Viseu viveu na sexta-feira mais uma Assembleia-geral. As expectativas criadas por um comunicado da Direcção do Clube foram defraudadas. Apareceram meia centena de sócios dos quais muito poucos tinham perfil ou motivação para poder integrar uma nova Direcção. O comunicado da Direcção, na qual eu estava integrado, falava em futuro. Dizia: caso não haja inversão, não vislumbramos outra solução que não seja a extinção do CAF. Este alerta chocou muita gente. Não se entende porquê, quando são conhecidas as graves dificuldades pelas quais o Clube passa o abandono a que tem sido sujeito. Esta Assembleia teve o condão de dar a conhecer a vida do clube aos sócios que andavam afastados, mas não serviu para criar uma solução, um tomar de um novo rumo. Reflicta-se sobre a vivência actual do clube e discuta-se. Durante a semana, a comunicação social deu voz a muita gente que se pronunciou sobre o CAF. E tanta insensatez no vocabulário usado!!... Falou-se em cancro, leprosos, defuntos que falta de bom senso. Tanta presunção. O cidadão anónimo, quando escutado pela mesma comunicação social, teve discurso no sentido contrário de quem tem responsabilidade e demonstrou respeito, carinho pela Instituição. Para os elementos que compõem a actual Comissão Administrativa vai um voto de força para o trabalho que têm pela frente. É gente que merece a nossa consideração; foram corajosos ao assumir a responsabilidade de assegurar condições para que os nossos jovens acabem a época tranquilamente. Conheço-os, são gente de trabalho, responsáveis, verdadeiros academistas, mas que precisam de se sentir apoiados por todos nós. Até final da época, e antes dos períodos de férias, o clube tem de ganhar outro rumo. Adiou-se por mais uns dias a discussão sobre a inversão que o CAF tem de fazer.


Comissão Administrativa do CAF 2005

João Manuel é dos nossos: Força campeão Conheci o João Manuel em 1977 quando fazíamos parte da selecção de futebol do Distrito de Viseu, que disputou os Jogos Nacionais de Futebol Juvenil, em Santarém. Tínhamos 10 anos. Esta selecção era formada por miúdos de Viseu, com a excepção de 5 vindos do norte do Distrito, em que um deles era o João Manuel, que aparece pela «mão» do Prof. Amaro, que o descobriu em Moimenta da Beira. Na década de 70, as assimetrias regionais eram bastante mais significativas. Uma criança que viesse de Moimenta da Beira para a cidade tinha sempre mais dificuldades de integração. Com o João não foi diferente no início, até pelo seu modo humilde e discreto. Mas isto acontecia só fora do campo de futebol. Dentro das 4 linhas, o João era sempre titular. No campo soltava-se e depressa ganhou a consideração de todos nós. Não era fácil. Mas ele, sem muitas palavras, integrou-se de uma forma simples e tranquila. Com a sua vinda, mais tarde, para o Viseu e Benfica intensificou-se o nosso contacto e não mais deixámos de comunicar. Em Coimbra, eu a estudar, o João já na Académica, encontrávamo-nos casualmente, muitas vezes, pela Praça da República. Esta pequena história serve só para dizer que «cresci» com o João e que hoje é difícil gerir a situação por que passa. A vida atraiçoa-nos muitas das vezes. Uma doença de foro neurológico veio acabar uma carreira de futebol digna de um grande profissional. Espero, sinceramente, que Viseu e os seus clubes não se esqueçam de um profissional que os serviu de uma forma inexcedível e que é um ser humano de grande valor. O tempo pode não permitir que se faça uma grande manifestação, mas trazer o João ao Fontelo, para que lhe seja transmitido que estamos a torcer por ele, que podemos ajudá-lo a vencer mais esta partida que a vida lhe prega.


Viseu e Benfica e Académico devem num próximo jogo do CAF em Viseu reunir os seus atletas desde as escolas até ao topo e, com o João Manuel no relvado do Fontelo, fazer uma homenagem simples mas sentida. Quando, nesta coluna, defendi a colocação de fotos de equipas, público e de profissionais de futebol de Viseu no Estádio do Fontelo aqui está uma oportunidade para se concretizar. Força João.

João Manuel

2005/03/04

Assembleia Geral do CAF discute dissolução do clube Está prevista para de hoje a uma semana, 11 de Março, mais uma Assembleiageral de Associados do Académico de Viseu. Ponto único em discussão: Dissolução do Clube. A actual Direcção do Clube colocou o lugar à disposição em Maio de 2004 de forma a permitir que aparecesse um novo elenco e preparasse a época de 2004-2005. O que se verificou foi a sucessão de convocatórias de Assembleias-gerais que não se realizavam por ausência de sócios, algumas até alvo de «piadas» pela presença de um só associado, por exemplo. Viseu corre assim o risco de perder a sua grande Instituição desportiva de referência nacional, se não aparecer numa semana o que não apareceu num ano, uma nova Direcção. A, possível, extinção do clube é o terminar de longas décadas de uma sobrevivência difícil. Não é fácil tomar uma decisão deste tipo, mas uma Direcção de meia dúzia de pessoas é impotente para governar uma Instituição que criou ao longo de anos muitas dívidas e viu a Região alhear-se. Todos somos responsáveis. Quer por não termos conseguido, quer por nos termos desinteressado. Quem nada faz também tem culpa. A subida à 1.ª Divisão Nacional de Futebol em 1978 trouxe ao Académico uma dimensão demasiado grande para quem viveu durante anos com contas de merceeiro. O clube nunca se organizou. O que se passa no CAF não é exemplo único em Portugal, mas com os problemas dos outros podemos nós bem, como se costuma dizer. O que possa vir a acontecer terá consequências no âmbito desportivo das secções, dos atletas. Onde vão praticar desporto centenas de crianças e jovens que o fazem no Académico? E a SAD Academista? Os atletas integrar-se-ão em outros clubes? Cria-se um novo clube? Criam-se vários clubes? Vamos ter o Clube de Andebol de Viseu? O Natação de Viseu? O Clube de Formação de Viseu? O Concelho de Viseu deixa em termos de futebol sénior de ter clube em Nacionais? Reduz-se ainda mais o desporto continuado na cidade? Muitas perguntas podem ser feitas, caso se concretize o triste fim do Académico de Viseu.


Mas poucas respostas se podem dar neste momento. Que os projectos desportivos existentes sejam engrandecidos, que os que possam aparecer sejam bem delineados. Há muito recurso humano de valor na nossa região. O associativismo já não seduz, hoje o conforto das nossas casas e a existência de alternativas culturais/lúdicas são nos mais atractivas. O trabalho realizado em prol das colectividades, as horas tiradas às famílias não é reconhecido pela sociedade na maioria das vezes. Pena, poder, ver o nosso Estádio do Fontelo deixar de ser a residência de uma equipa, de referência, as paredes esquecem as grandes enchentes de outros tempos, os nossos atletas caem no esquecimento. As fotos essas não existem para perpetuar momentos desportivos, que da memória ninguém nos tira. Aqui em Viseu os políticos ocuparam essas paredes. Quem conhece o Estádio Municipal Cidade de Coimbra sabe o encanto que têm as paredes daqueles corredores com as fotos de momentos e de desportistas da Académica de Coimbra. Pipa, Rodrigo Moura, João Bastos, Eduardito, Penteado, Leal, João Manuel, João Luís, João Vinagre, Rui Manuel tantos e bons atletas viseenses que lotaram o Estádio do Fontelo e que deviam ficar para sempre ligados a este lugar. É por isto, também, que o Académico tem vindo a desaparecer. Que Viseu passa ao lado do desporto de alta competição através dos nossos clubes, dos nossos atletas. Acontece a quem não tem memória. Os iniciados do Clube fizeram os jogos do Campeonato Nacional 2004-2005 em Paradinha, para onde foram deslocados para se proceder à requalificação do campo 1.º de Maio. Já acabou o campeonato! Espera-se uma semana de discussões, pena que não seja de decisões. Uma palavra para a Escola de Futebol Os Vasquinhos do CAF. Projecto que criei e coordenei durante os dois primeiros anos de existência. Nem sempre correu como previsto, as dificuldades são muitas, mas a base de algo de maravilhoso está ali a acontecer e custa ver acabar. Mas a vida continua e novas perspectivas desportivas para as nossas crianças virão. Fica a pergunta final: Viseu deixa cair a sua referência desportiva, o Clube da região?!


Equipa do CAF em 1977

2005/02/18

Nova legislatura, novo olhar para a Formação Desportiva No próximo domingo, 20 de Fevereiro, Portugal vai a votos para eleger mais de duas centenas de deputados. Façamos votos que os eleitos do povo, sejam cinzentos ou multicores, tenham a coragem de criar uma legislação desportiva menos populista e mais consentânea com o País que somos. Defendo a reforma do sistema desportivo com uma aposta forte na iniciação e formação no desporto. Não acredito num sistema que diariamente vê jogadores em greve, sem receber salários, com clubes que à sexta-feira ainda não sabem se comparecem ao jogo de domingo. O futuro do desporto português passa pela formação. Portugal vai ter de dar um passo atrás para poder dar muitos à frente, a médio prazo. Não é fácil mudar mentalidades. Mas dos fracos não reza a história. Viseu tem cidadãos interessados, pessoas que têm a vivência do desporto e muitos com a complementaridade académica que lhes transmitiu conhecimentos que continuamos a desperdiçar. A formação não tem resultados imediatos, é um caminho longo e nem sempre há paciência para esperar pelos resultados. Necessitamos de criar um esforço comum, que nos envolva a todos: crianças, pais, treinadores, dirigentes. Os pais têm de ter a vivência no desporto que têm na escola, no acompanhamento dos filhos. Cada ano é uma fase, não se pode saltar. As crianças são iludidas com sucesso fácil. Chega-se a dar como prémio de sucesso escolar a ida ao Porto, Lisboa para treinar num clube de topo. Vaidades despropositadas e perigosas. Hoje qualquer jovem pode treinar nestes clubes que numa aposta de marketing têm datas para receber atletas que os pais «empurram» para o que pensam ser mais fácil alcançar o sucesso. Hoje já se trabalha bem em quase todo o lado. Para se fazer um jogador de top, dezenas de jovens viram as suas vidas frustradas pela aposta «cega» no desporto. Os treinadores têm também um papel decisivo. Em Viseu há gente tão boa como em outros lados na área do treino desportivo. Hoje todos temos acesso a informação, ao conhecimento técnico. A diferença faz-se na liderança, nos recursos físicos e não no desconhecimento ou na ignorância. Ainda são o elo de ligação entre toda uma estrutura que começa no clube e acaba na criança, passando pela família. Gerir toda esta organização nem sempre é fácil e desgasta. Começa a ser imprescindível a criação de estruturas fortes de componente técnica e directiva que tenham um projecto sério. Ainda há treinadores, são os velhos do Restelo, que pensam saber tudo mas que são importantes demais para treinar jovens! Mas já são poucos. Os jovens atletas ganhem ou percam divertem-se na competição sendo o resultado uma mera indicação para o treinador avaliar, internamente, a evolução dos seus atletas. É preciso tempo. Mas é gratificante. Os dirigentes desportivos têm na formação quase sempre a única fonte de receitas e de resultados desportivos. Quando perceberem isso e sorrirem com a visão de uma criança a jogar à bola tudo pode melhorar. É simples, acreditemos. A nova Taça de Lisboa é uma iniciativa que me parece de louvar e um bom exemplo a seguir. Criada para gerar receitas, consiste numa competição entre os clubes


de Lisboa em 12 modalidades durante um breve período de tempo. Ao contrário dos jogos da amizade, esta é virada para aqueles que fazem desporto de competição todo o ano. É justo. Não precisam de alterar Bilhetes de Identidade para praticarem desporto. Proporciona o progresso e reforço das Instituições desportivas, como defendo, e promove a competição com índices de motivação elevados por se tratarem de Derby´s que movimentam sempre muitos intervenientes e adeptos. Uma competição que permite a partilha de conhecimentos entre os vários agentes desportivos que vivem a mesma realidade.

Equipa de iniciados do CAF na fase final do Campeonato da categoria na Ilha da Madeira.

Viseu Futsal 2001 Abro um parêntesis para uma palavra ao Viseu Futsal 2001. As excepções confirmam as regras, e pelo que conheço deste novo clube, julgo ser uma das boas excepções. Trouxe dirigentes novos, apresenta um discurso sólido, acredita no projecto que criou. Até na forma como se «defendeu» aqui marcou a diferença. Pela positiva. Divulgar actividades, promover espectáculos, apresentar linhas orientadoras não é protagonismo. É informação. Parece-me que é isso que o Viseu Futsal 2001 tem feito. Mais o fizessem. Por último, nunca tive intenção de retirar direitos a quem quer que seja. A Constituição da República, em 299 Artigos dá-nos direitos e impõe-nos deveres. Eu faço por usufruir os direitos e cumprir os deveres. 2005/02/04

Estar calado tem o seu tempo, falar também Esta frase ilustra na perfeição o que se tem vindo a passar no meio desportivo viseense em relação ao Ac. Viseu SAD. As dificuldades que o clube tem vindo a atravessar e a solução encontrada com a entrada da Administração actual, levou a que se criasse o consenso de que não era momento de se falar, mas de dar tranquilidade e tempo. Mas o Académico tem o seu único objectivo traçado por esta Administração, a subida de divisão, seriamente comprometida. Será justo fazer qualquer tipo de crítica a esta Administração, quando ninguém mais teve coragem, ideias ou o «dever» de entrar ou ficar?! Parece-me que é chegada a altura de se dizer algo.


A SAD Academista parece que tem vindo a liquidar dívidas, a negociar conflitos laborais. Não se tire o mérito a quem o tem. Têm chegado a Viseu atletas com currículo e que afirmam nas conferências de imprensa acreditar no projecto do Ac. Viseu SAD. Nós só sabemos que a subida de divisão à primeira Liga em 2/3 anos é o objectivo. O projecto reduz-se a este objectivo?! Não creio. Não acredito em modelos perfeitos, ideais ou infalíveis. Acredito em trabalho, em bom senso. E aqui no Ac. Viseu SAD parece-me haver. Falta uma convergência no caminho a trilhar entre Académico SAD e Clube. Mas agora era altura de arrumar a casa... aceita-se este afastamento por enquanto. A equipa de futebol tem hipotecado todo este trabalho. Algo não funciona. A equipa técnica, parece-me, bem liderada e com ideias concretas. Rui Bento, com um passado notável como profissional de futebol, apostou vir para Viseu dar início a uma carreira de treinador porque acreditou em si e no grupo que lhe colocaram nas mãos. Os atletas são do que melhor existe na 2.ª Divisão B. Que tem falhado?! Porque não funciona a equipa enquanto tal?! A sociedade desportiva viseense tem auxiliado ao dar tranquilidade a este grupo de trabalho. É altura de gerar rupturas, de movimentar as águas, de forma a sacudir para a frente esta equipa. Por vezes, como José Mourinho afirma, criar rupturas, conflitos, desperta sentimentos que são muitas das vezes factores determinantes nas atitudes dos atletas, na forma de encararem o jogo. Mexer, se for preciso, com o brio destes profissionais. Preferível isto a uma paz podre. Esta é uma equipa toda nova, que precisava de tempo, mas no mundo em que vivemos não é permitido esbanjar tanto. Na sociedade actual, devagar e bem ninguém vai a lado nenhum. Tem de ser depressa e bem. Acreditemos neste Ac. Viseu, mas tem de vir de dentro do campo para fora um novo sinal de esperança, de motivação. Têm o nosso voto de confiança. A saída do atleta Rui Lage é mais um golpe na estrutura viseense. É que começa a ser este um clube desligado da cidade, sem referências, e para um clube que está em estado comatoso, não as ter, não ter o melhor do seu passado presente podem ser irreparáveis os danos. Ordenados em atraso?! Continua na mesma o Ac. Viseu? Radicalizem-se posições, mas mortes lentas e agonizantes, não. É chegada a hora de avaliar desempenhos, resultados, objectivos da equipa e dos profissionais. E tirar conclusões de forma a ainda se ir a tempo de andar depressa e bem ou, simplesmente, deixar de andar.


Sérgio e Ruy Lage: atletas referência do CAF

2005/01/21

Criar clubes para duas ou três pessoas é protagonismo Portugal é um País muito sui generis. Existem presidentes e treinadores a mais e directores e atletas a menos. Em tempos, o Prof. Carlos Queirós falou da necessidade urgente de Portugal aumentar o número de praticantes de futebol. Pregou no deserto. Que temos hoje? Muitos clubes, campeonatos a mais, treinadores no desemprego e uma falta enorme de atletas. Os clubes estão em falência, os campeonatos não têm qualidade, valha-nos a qualidade existente a nível de treinadores e atletas. Mas isto, todo sabemos. É uma constatação. São factos. Nem vale falar na ausência de público nas bancadas, da falta de adeptos. Perante esta situação que fazer?! Criam equipas, pois nem clubes os podemos considerar. É verdade. Esta é a solução que alguns iluminados encontram para a resolução da «crise», para darem entrevistas e se apresentarem como salvadores da Pátria. Aparecem, sem recursos físicos nenhuns, sem um suporte financeiro garantido, mas um protagonista mor isso não falta de certeza. É preciso de uma vez por todas exigir requisitos mínimos. Não devia ser possível criar um clube sem ter «casa», sem ter receitas, sem ter um projecto desportivo sério e rigoroso. Não são alternativas, não trazem nada de novo, vêm para subtrair. Criar clubes com base e para duas ou três pessoas é protagonismo. Não serve o desporto, não serve a região. Amanhã, estão na Câmara Municipal a exigir subsídios. O subsídio-dependência é tão triste, mas bem português e fácil. Defendo o reforço e crescimento dos clubes existentes. Viseu já tem clubes que a sirvam, agora é unir esforços e partilhar recursos. Dividir para reinar não serve ninguém. Consolidemos o que temos e só depois partimos para novas alternativas. Há lugar para todos mas só se corrermos na mesma direcção. Servindo e não nos servimos. Imagine-se uns campeonatos distritais de futsal, de andebol, de râguebi entre as equipas do Repesenses e do Lusitano de Vildemoínhos; do Ranhados com o Viseu e Benfica. Outras localidades têm estatuto para aparecerem como são exemplo o Farminhão e Rio de Loba. Não acredito que estes clubes fechem a porta a novas secções, caso estas sejam apresentadas com credibilidade e sempre com uma autonomia total. Estes clubes têm adeptos, têm história, têm atletas só que também têm Presidente, treinadores e estes é que são os lugares que os protagonistas ambicionam. Uma imagem fica este fim de semana em todos nós: a do pequeno Martunis de 7 anos, que com a camisola portuguesa vestida sobreviveu 19 dias depois da catástrofe do Tsunami. O futebol tem destes contrastes, também tem destas histórias bonitas. A reflectir.


Martunis com a Selecção Nacional em Lisboa (foto Lusa)

2005/01/07

A minha cidade (desportiva) do meu Sonho de Natal Vivo num País, pequeno, com muito sol e mar. Neste meu País as pessoas lutaram muito para conseguirem a liberdade. Hoje já existe essa liberdade e essas pessoas já fizeram a sua parte. Os seus filhos ficaram com a sorte de poderem trabalhar um projecto de um País novo, moderno e solidário. Mas o tempo foi passando e tudo se consumiu num só dia. Foram-se os anéis e nem os dedos ficaram. A luta pelo poder foi-se apoderando dos habitantes deste meu País e quase nada foi pensado e construído, com qualidade, para as gerações que se lhe seguem. O mérito, o valor parecem não ser exigências para quem tem a responsabilidade de projectar, construir, dirigir e decidir. No meu País os profissionais do desporto descansam na quadra natalícia e os amadores jogam! Mas… a minha cidade é linda, neste meu sonho. Aos fins-de-semana é ver as crianças e os jovens a praticarem desporto com os que vêm de outras paragens. É uma festa andar pelas ruas, pelos cafés que existem e que estão abertos aos fins-de-semana no Centro da minha cidade. As cores misturam-se, os sotaques são variados. O parque desportivo da minha cidade está inserido numa área que é uma bênção da natureza. Aqui há um Pavilhão Multiusos vocacionado para a prática desportiva de várias modalidades e está inserido no local próprio e não onde se comercializam produtos e serviços. Os campos, vários, são relvados (natural ou artificialmente). Vários jogos se realizam naqueles espaços com muitos familiares, amigos e visitantes a aplaudirem e a viverem momentos felizes de convívio, promovidos pelo desporto. Neste parque desportivo ouvem-se os cânticos saídos do Pavilhão Multiusos que nos orgulha, onde vários jogos, das mais diversas modalidades, se realizam de uma forma contínua. Das modernas Piscinas são os aplausos que mais se fazem ouvir. Nesta minha cidade reconstruiu-se uma casa antiga que serve de apoio ao desporto, a todos os desportistas e acompanhantes. São informações, são roteiros


turísticos, é o restaurante, é o lar de atletas, são as Associações, de tudo… que esta nossa Casa de Desporto congrega. O fim-de-semana acaba em beleza com a realização do jogo de futebol do clube da minha cidade. O Campo de futebol foi pensado e reconstruído faseadamente, não vai sendo remendado. Tem o nome da minha cidade desenhada nas cadeiras das bancadas e não umas simples 3 letras que não transmitem mensagem nenhuma. Milhares de pessoas vibram neste Campo da minha cidade. Não lembro qual o resultado, nem é importante. Lembro é que todos recolhem a casa sorrindo e com a certeza que viram um excelente espectáculo, numa casa bonita e em que não houve lugar a que alguém se sentisse defraudado. No clube da minha cidade os atletas profissionais recebem os ordenados! Na minha cidade há Formação e Alta competição. Nesta minha cidade não há protagonistas. Na minha cidade há desportistas, políticos, académicos, militares, etc. Cada um tem a sua função e todos têm o mesmo objectivo: engrandecer desportivamente, socialmente e culturalmente a minha cidade. A todos os homens que constroem, diariamente, esta minha cidade agradecemos humildemente por pensarem nas nossas crianças, nos nossos jovens, no nosso bemestar. Não é fácil construir esta minha cidade. Mas é com muito orgulho que dizemos: esta é a nossa linda cidade. Assim o meu País fica um pouco melhor, pelo exemplo positivo da minha cidade do meu Sonho de Natal. Votos de um Bom Ano de 2005 a todos os leitores e amigos.

Ceia de Natal da Escola de Futebol Os Vasquinhos 2004


2004/12/16

FORMAÇÃO: Não se devem criar expectativas injustas Os factos estão bem à vista de todos nós. O futebol português está falido nos moldes actuais. Diariamente, ainda, é notícia a falta de pagamentos de ordenados a profissionais de futebol, de passivos mortíferos em inúmeros clubes. Vive-se com o que se não tem, com o que se não vai ter. No campo a verdade desportiva não existe, pois o confronto está viciado à partida pelas condições diferentes postas à disposição dos clubes. Aqui entra a Formação. Fica sempre bem, num discurso bem preparado, dizer: "mas nós apostamos na Formação dos nossos jovens». Que grande mentira esta. Mas Viseu tem no concelho alguns exemplos positivos, de instituições que funcionam trilhando um caminho realista. O Académico de Viseu tem estado nos últimos anos sempre presente nos Nacionais dos vários campeonatos. E, este Ac. Viseu, tem o seu lugar num 2º escalão nacional dos campeonatos. É que tudo está a mudar. Com a passagem de um campeonato dividido em vários grupos para Campeonatos Nacionais, em duas séries, Viseu deixa de ter argumentos para disputar de igual para igual lugares cimeiros. É que não chega ter recursos humanos, ter jovens com aptidão e depois andar no «desenrasca». É preciso mais, muito mais. Só pode exigir receber quem dá. O modelo actual do Ac. Viseu está esgotado. O Académico, tem um número muito reduzido de dirigentes para o número de equipas e atletas que movimenta. Valelhe os pais de alguns atletas, que sentem a necessidade de "deitar a mão", caso queiram os seus filhos a jogar à bola. Mas tem sempre o reverso da medalha. A dependência, seja do que for, tem sempre o seu preço. Os adeptos, os familiares, a imprensa regional não devem falar pela fotografia que lhes chega mas pelos remedeios em que se vive. Não se deve dar destaque a incidentes isolados de comportamento anti desportivo, fazendo destes o aspecto mais significativo de uma partida ou competição. Devem realçar o empenho, a atitude desportiva, pois os jovens não são profissionais em miniatura e «estes» adultos não os devem crucificar, como não devem criar expectativas injustas sobre a sua evolução. O caminho é longo. O Académico jogando fora do Fontelo tornou-se um clube fechado, com um público muito restrito. Os Repesenses são, por mérito, uma referência no futebol juvenil distrital. Percebe-se porquê. Um clube com pessoas dedicadas, com a construção de uma casa própria, com um público presente. Pode-se não gostar da forma, mas o conteúdo está lá, é positivo. O lugar do Repesenses passa pelos Nacionais acompanhando o Ac.Viseu e lutarem contra Aveiro, Porto, Coimbra. Cidades do Euro2004. Sem importância! Lusitano de Vildemoínhos, Viseu e Benfica e Ranhados são clubes já com tradição nas camadas jovens distritais. O Viseu e Benfica começa a ter bons resultados de apostas feitas em anos transactos. Lusitano e Ranhados começam a querer recuperar um tempo que perderam, apostando em voltar a dar condições para o desenvolvimento do futebol juvenil distrital. Os Povoenses (Póvoa de Sobrinhos), Casa do Benfica de Viseu são equipas que preenchem uma lacuna que sentiram existir. A equipa de iniciados do Povoenses tem, já esta época, alcançado bons resultados, fruto de uma organização que tem no apoio aos seus atletas uma aposta primordial e na capacidade técnica de quem dirige jovens desta idade. A Casa do Benfica só agora começou.


Vamos esperar que seja uma agradável surpresa. É que a formação em Portugal é de elite no que toca a clubes e a cidades. O sol, da formação de jovens praticantes de futebol, quando nasce não é para todos. Nem todos podem ser Seleccionados. Mas assistir, apoiar, incentivar, aplaudir as nossas crianças, os nossos jovens nas competições desportivas é, ainda, a melhor forma de relaxarmos e de contribuir para uma geração de jovens saudáveis.

Equipa de Infantis do Clube Académico de Futebol 2001

2004/12/03

Está perto o derby distrital da 2.ª Divisão Nacional B Académico de Viseu e Penalva do Castelo são as equipas mais representativas do distrito em termos de seniores. Com objectivos diferentes, ambas estão a sentir muitas dificuldades para atingir os objectivos a que se propuseram. Rui Bento e Carlos Agostinho são intocáveis no comando técnico e estão à espera de reforços de Inverno. Das alterações, a efectuar-se nos planteis, muito se vai decidir para concretização dos objectivos. O Ac. Viseu através de uma estrutura organizacional moderna aposta muito na subida à liga profissional, como única forma de sobrevivência. Com atletas de 1.ª liga a equipa tem perdido alguns pontos que lhe podem vir a ser fatais. O Penalva é uma equipa gerida nos moldes tradicionais com alguns atletas a atingirem o topo com a chegada à 2.ª Divisão B. Em casa tem perdido pontos que, talvez, não se previam. Uma observação mais atenta permite-nos ver que dois clubes tão diferentes em termos de objectivos e de gestão, vivem ambos na necessidade de buscarem novas aquisições, de mexerem nas suas equipas de futebol com o sentido de rentabilizarem todo o potencial que têm. Muitas das vezes, como é o caso, estas aquisições são mais valias que proporcionam um crescimento na qualidade da equipa e novos índices de motivação. Certeza é que ambos os técnicos acreditam nas suas equipas mas não abdicam de fazer os ajustes que acham necessários.


O Penalva é uma equipa, quase, 100% regional ao contrário do Académico que este ano apostou em jogadores de «fora». Os balanços fazem-se no fim mas são duas opções credíveis. Agora só falta mesmo ir ao Estádio. Está perto o derby distrital da 2.ª Divisão.

Capa do jornal O Derby noticiando a subida histórica do Penalva do Castelo

2004/11/19

Valerá a pena continuar a procura? O Ac. Viseu tem este domingo mais uma Assembleia Geral. Mais uma!. Começa a prolongar-se de forma quase dramática a entrada de novos Corpos Sociais para dirigirem o clube. Em Maio a, ainda, Direcção do Académico propôs a antecipação de eleições de forma a se preparar a nova época. Os sócios demarcam-se deste processo. A cidade ignora-o. Valerá a pena continuar a procura? O Académico tem o caso Paulo Ricardo como entrave ao desenvolvimento corrente das suas actividades. Ou é este o pretexto para se justificar a ausência de novos dirigentes, o cansaço dos «velhos». Falta gente no dirigismo desportivo, não pode uma Instituição como o CAF ter 4/5 directores por mandato. Cansa quem está, desilude quem quer entrar. O clube é viável, o passado é que o pode matar. A crise que o clube atravessa vem de longe, as dividas são de outrem mas o diaa-dia de dezenas de jovens está afectado e se há uma identificação de problemas não se vêem soluções para os mesmos. E não vale criar expectativas a estes jovens, se há falta de um projecto desportivo se junta a falta de entrada de dinheiro! Soluções de recursos, fugas para a frente não servem. É só adiar e prolongar o caos.


Valerá a pena desistir? Começar de novo ou deixar Viseu no marasmo desportivo em que vive? Deixamos os espaços, poucos mas nossos, para os meninos de fora usarem? Já estamos habituados ao show das competições efémeras em Viseu. Os nossos jovens é que não têm tanta sorte, mas sempre podem ir aplaudir os que cá vêm competir. O Ac. Viseu já não movimenta multidões, porque não está na super liga. Não haja dúvidas disto. O Clube é a nível nacional dos que está melhor situado geograficamente para ser porta-bandeira de uma região. É preciso, e de uma vez por todas, esclarecer o que se quer para Viseu. Mais do que o clube é a cidade, a região que têm uma palavra a dar. Vamos ser sempre telespectadores? Assumam-no. Vamos ser sempre sócios correspondentes dos clubes de Lisboa e Porto? Se é isso que se quer. Aplaudir os meninos das sub? Já nem para isso se vai ao Fontelo. Viseu precisa de uma revolução na sua mentalidade desportiva. Não se pode dizer mal por dizer de quem está de corpo e alma nos clubes. Não se pode rotular as pessoas que servem os clubes de uma forma totalmente desinteressada, que as priva de muito da sua vida profissional e familiar. Também por isto ninguém quer ser dirigente!

Clube Académico de Futebol – Escolinhas 2004


Agosto 2004

Artigo publicado no Livro da Feira de São Mateus 2004

Académico de Viseu

1978-2003 Bodas de prata da primeira subida à 1.ª Divisão Nacional

Comemorou-se no ano transacto 25 anos que o Académico de Viseu subiu pela primeira vez à 1.ª Divisão Nacional. Nos 90 anos de existência, foi certamente, o momento mais sentido que o clube e a cidade viveram. A história do Académico de Viseu, da qual se orgulham os viseenses, está recheada destas vivências ímpares. Este feito, enorme, não foi agora no seu 25º aniversário comemorado da forma que se exigia. Os seus intervenientes mereciam-no. O Clube merecia. Durante estes 25 anos, o clube viveu fases que muito orgulham os beirões. O Fontelo era quase sempre exíguo para tantos sócios e adeptos. Na condição de visitante, o CAF, era apoiado por centenas de pessoas, fazendo do Académico de Viseu uma referência no panorama desportivo nacional. Vestir a camisola preta do Viseu é, ainda hoje, motivo de orgulho. A euforia, a subida vertiginosa, não foi boa conselheira nem acompanhada da criação de recursos físicos e humanos. Nestes últimos 25 anos, no entanto, muitos jogos se ganharam, muitos jogadores se formaram, num clube sempre vivo e que é vivido intensamente por todos. O tempo é de mudança. “SÃO MATEUS, PADROEIRO VISEENSE, SE ACHARES QUE NÃO É PEDIR MUITO, DÁ AO CAF A FORÇA DO VIRIATO, A NOBREZA DO INFANTE E O COLORIDO DO GRÃO VASCO” Dr. José Costa (presidente do CAF)

O Clube Académico de Futebol dividiu-se em duas entidades: SAD e Clube. Se a SAD academista procura um rumo nestes primeiros anos de vida o CLUBE continua a crescer em termos humanos e institucionais. Neste conceito o Clube Académico de Futebol não é diferente a todos os outros grandes clubes portugueses. Grande, porque continua a ser o maior representante da nossa região.


Grande, porque continua a ser querido por todos os atletas e técnicos que se conhece. Grande, porque continua a movimentar mais de 700 atletas nas modalidades de futebol: 11 e futsal; andebol, basquetebol, natação, atletismo. Grande, porque tem em cada criança um fã. O biénio de 2003-2004 foi para o Clube de crescimento, de conhecimento de si próprio. A Ceia de Natal de 2003 foi um momento de grande celebração da família academista. E quem assim celebra, é grande. Agora é continuar a crescer. O clube tem na iniciação, na formação as nossas crianças e jovens que são o garante de que o Académico de Viseu tem de viver e, não sobreviver. A escola de desporto Os Vasquinhos do CAF, congrega 150 crianças até aos 12 anos. A base do Ac. Viseu dos próximos anos está aqui.

Objectivos do Clube Académico de Viseu do século XXI: • • • •

Desenvolver nos jovens valores e princípios, condizentes com o exercício pleno da cidadania; Fomentar, através do desporto, qualidades fundamentais para a vida, como a vontade, honestidade, espírito, sacrifício, empenho, respeito e solidariedade; Formar desportistas e homens; Incrementar nos atletas, para além do gosto pelo desporto em geral e do futebol em particular, o respeito por esta grande Instituição e Marca que é o Académico de Viseu;

Equipa de Escolinhas campeã Distrital da AFV em 2002/2003


Plantel do Ac. Viseu na 1.ª Divisão em 1979

2004

A participação dos pais na actividade desportiva dos filhos Nos tempos que correm a participação dos pais nas actividades dos filhos é frequente. Esta participação é feita a todos os níveis quer seja escolar, social, desportiva ou lúdica. Para isso devem tanto os pais como os filhos sentirem-se agradados com a presença de ambos e não serem motivos de «stress». Esta participação no que respeita à escola tem sido alvo de muitos e variados estudos. Podemos transferir muito do que esses dados já estudados e analisados na escola nos fornecem para a prática desportiva. Os intervenientes e as funções são iguais: Aluno = Atleta; Professor = Formador / Treinador; Classe / Turma = Equipa e a Família. É comum vermos nos campos um comportamento menos próprio dos pais, quer criticando o treinador, dirigentes ou ameaçando os adversários e árbitros. Esta não é certamente a melhor forma de transmitir valores aos atletas, que observam muitas das vezes estas atitudes com vergonha e se transfiguram. A participação deve ser feita num todo, no incentivo à equipa, ao desportivismo. Se aos pais desagrada ficarem embaraçados pelo comportamento dos seus filhos, também aos atletas embaraça o comportamento público dos seus pais quando estes dão «espectáculo». O «triângulo desportivo» formado pelo treinador, pelos atletas e pelos pais é inevitável na prática desportiva das crianças e jovens. Mas é acima de tudo desejável. Em primeiro lugar porque os atletas querem que os pais os vejam a participar, partilhem da sua satisfação e experiências e lhe dêem o seu apoio.


Os jovens esforçam-se por fazer o seu melhor, querem agradar, mostrar como são «bons» a fim de receberem a aprovação, a estima, o carinho e a atenção pelo seu desempenho. Em segundo lugar os pais fornecem apoios indispensáveis: eles são seccionistas, eles oferecem o lanche convívio, servem, quando necessário, de árbitro, conseguem apoios financeiros e, chegam mesmo a conduzir os atletas para os treinos e jogos. Os pais devem ser os melhores adeptos da equipa, dar um bom exemplo num relacionamento amigável com os adversários, não devem pressionar ou intrometer-se, mas aplaudir, incentivar, realçar o prazer de fazer desporto e a alegria que é nele participar. Nunca interferir no trabalho do treinador ou alimentar, com elogios fáceis, o aparecimento de atitudes de vaidade, de vedetismos. Ao estar sempre presente na actividade desportiva do seu filho está a contribuir para uma formação cuidada e saudável. A criação de uma Associação de Pais dentro da organização dos clubes / escolas de futebol é uma necessidade nos moldes das que já existem no meio escolar. A participação dos pais na actividade desportiva é positiva e tem de ser sempre uma mais valia, não o contrário. Uma participação negativa, mesmo pontual, tem sempre mais consequências que muitas positivas.

Vítor Santos (Director da Escola de Futebol Os Vasquinhos/CAF)

A

participação dos pais na actividade desportiva é positiva


Vítor Augusto Andrade Santos é licenciado em Comunicação Social.

Técnico do Académico de Viseu Futebol Clube na categoria de Juniores A (2007 / 2008) Técnico do Sport Viseu e Benfica na categoria de Juniores A (Abril de 2005 / 2007) Técnico do Clube Académico de Futebol nas seguintes categorias:  2003/2005 Juniores C (Iniciados);  2002/2003 Escolinhas;  2000/2002 Infantis. Autor do Projecto de Criação da Escola de Futebol Os Vasquinhos do Clube Académico de Futebol (Viseu) e coordenador da mesma entre 2002-2005. Desde 2004, colabora com o Jornal do Centro de Viseu com uma coluna de opinião desportiva. De 1 de Agosto de 2003 a 15 de Maio de 2004, exerceu funções no Jornal O Derby: Semanário Desportivo das Beiras integrado na Sociedade de Imprensa Viseense, com a categoria de Chefe de Redacção e Jornalista. Comissão da Carteira Profissional de Jornalista TE947 Nos escalões de formação, federado, representou o BUB, Ac.Viseu e Viseu e Benfica, na modalidade de futebol e a Associação Académica de Viseu em Voleibol e Andebol. Sitio na Internet: www.vaas.no.sapo.pt


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