TCC arqurbuvv Parque Lagoa Jacuném - Estudo Conceitual de Ocupação

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FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

PARQUE LAGOA JACUNÉM Estudo Conceitual de Ocupação

Vitor Fehelberg Pinto Braga

Vila Velha – ES Junho de 2014


PARQUE LAGOA JACUNÉM Estudo Conceitual de Ocupação

Trabalho de conclusão de curso elaborado pelo aluno Vitor Fehelberg Pinto Braga no 10º período, no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, sob a orientação do professor João Marcelo Moreira, entregue em 10 de junho de 2014.



FOLHA DE APROVAÇÃO

PARQUE LAGOA JACUNÉM – ESTUDO CONCEITUAL DE OCUPAÇÃO

Trabalho de conclusão do curso apresentado à Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para a obtenção de Grau em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovado em __/__/2014.

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________ Prof°. João Marcelo de Souza Moreira Universidade Vila Velha Orientador

_____________________________________ Prof°. Clovis Aquino de Freitas Cunha Universidade Vila Velha Coorientador

_____________________________________ Prof°. Dr°. André Tomoyuki Abe Convidado Externo 5


Aos meus pais e meus irm達os pelo apoio moral durante os anos de curso. 6


AGRADECIMENTOS

À Gabriela compreensão.

Siqueira

pela

ajuda

e

7


EPÍGRAFE

Eu não vi o mar Não sei se o mar é bonito, Não sei se ele é bravo, O mar não me importa

Eu vi a lagoa A lagoa sim é grande E calma também

Na chuva de cores Na tarde que explode A lagoa brilha A lagoa se pinta De todas as cores

Eu não vi o mar Eu vi a lagoa.

Carlos Drummond de Andrade. 8


RESUMO EM PORTUGUES

Este trabalho propõe a implantação de um parque – um estudo conceitual de ocupação – em uma pequena parcela da área abrangida pela Lagoa Jacuném no município da Serra, Espírito Santo. Este estudo representa um modelo a ser replicado nas demais áreas do entorno da lagoa que são consideradas – pelo presente trabalho – pertencentes a este parque. A proposição deste elemento busca a valorização do ser humano e suas relações entre a própria espécie e o meio ambiente. Igualmente a apropriação deste espaço tende a frear a degradação e propor a recuperação e proteção desta área, desta lagoa. A fim de que seja possível que o parque ali, de fato, se instale e a relação criada seja benéfica para todos os envolvidos. O Parque Lagoa Jacuném promove a melhoria da qualidade de vida através da melhoria do ócio do indivíduo e a possibilidade de aumento de renda em uma região que vive face a face com a criminalidade. Ócio este que é aprimorado com a oferta de espaços e atividades voltadas para a cultura, lazer, esporte e educação ambiental; renda esta atribuída às atividades pré-estabelecidas nos equipamentos construídos e às atividades (não) pré-estabelecidas nas praças e demais áreas.

Palavras-chave: urbanização, lagoa, meio ambiente, parque, qualidade de vida.

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ABSTRACT

This paper proposes the implementation of a park - a conceptual study of occupation - in a small part of the area covered by the JacunĂŠm lagoon of the city Serra, EspĂ­rito Santo. This study represents a model that be replicated in other areas around the lagoon that are considered - by this work - belonging to this park. The proposition of this element seeks the valuation of human beings and their relationships between own species and the environment. Also the appropriation of this space tends to stop the degradation and propose the recovery and protection of this area, this pond. In order to be able to park there, in fact, install and created the relationship is mutually beneficial to all involved. The Lagoon Park JacunĂŠm promotes the improved quality of life by improving the entertainment of the individual and the possibility of increased income in a region that lives face to face with the crime. Idleness that is enhanced with the offer of venues and activities for culture, leisure, sports and environmental education; income attributed to this pre-established builtings in equipment and activities (not) preestablished in plazas and other areas activities.

Key Word: urbanization, lagoon, environment, park, quality of life. 10


SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO

25

1.1 OBJETIVOS

25

1.2 ESTRUTURA

25

2 INTRODUÇÃO – O EMBASAMENTO CONCEITUAL: PARQUE

27

3 A EVOLUÇÃO DOS PARQUES

30

3.1 NA EUROPA

30

3.1 NO BRASIL

39

4 ESTUDO DE CASO

52

4.1 PARQUE INTERNACIONAL

52

4.1.1 CENTRAL PARK

52

4.1 PARQUE NACIONAL

63

4.1.1 PARQUE BARIGUI

63

4.1.2 PARQUE TANCREDO NEVES

72

5 ÁREA DE ESTUDO

81

5.1.1 ANÁLISE URBANA

81

5.1.2 ANÁLISE SOCIAL

91

5.1.3 ESCOLHA DO MUNICÍPIO

95

5.2 O MUNICÍPIO DA SERRA

95

5.2.1 CONTEXTO HISTÓRICO

95

5.2.2 ANÁLISE TERRITORIAL E SOCIAL

97

5.2.3 DEFINIÇÃO DA LAGOA

102

5.3 A LAGOA JACUNÉM

103

5.3.1 LOCALIZAÇÃO

103 11


5.3.2 ASPECTOS LEGAIS

104

5.3.3 ASPECTOS NATURAIS E URBANOS

106

5.3.4 INTENÇÕES PROJETUAIS DAS GLEBAS DO PARQUE

118

5.3.5 GLEBA A PROJETAR

124

6 PROJETO

127

6.1.1 INTENÇÕES PROJETUAIS

127

6.1.2 OS CAMINHOS

129

6.1.3 LOCALIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

135

6.1.1 O PARTIDO ARQUITETÔNICO

136

6.1.2 DESCRIÇÃO DOS ESPAÇOS

138

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

190

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

191

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Reconstrução do jardim romano da Casa dos Vettii, em Pompéia. A Casa dos Vettii era uma das mais luxuosas casas da cidade romana, devastada pelo Vesúvio em 79 D.C. Nota-se a sua primordial função contemplativa. Fonte: http://www.stoa.org/ Foto: sailko.................................................................................... 31 Figura 2 – Jardim botânico de Pádua, um dos mais antigos, fundado em 1545. Ao fundo a basílica de Santo Antônio. As plantas medicinais são organizadas em canteiros e são circundadas por um muro para proteger de roubo – prática comum à época. Ao centro a fonte que abriga espécies aquáticas. Nota-se que os caminhos estabelecidos formam um circuito gerando, portanto, um caminhar sem pretensões – para apreciar as plantas. Fonte: ortobotanico.unipd.it.................................................................................................................................. 31 Figura 3 - Boston Common nos EUA, o parque mais antigo do país. Este parque, diferente do Jardim botânico de Pádua, não era murado e sim, cercado, gerando pertencimento ao território urbano. Nota-se que os caminhos retilíneos cortam a área gramada em diversos pontos, tornando possível diversos circuitos, àquela época utilizada para apreciação da paisagem e convívio social. Fonte: http://wardmaps.com ..................................... 32 Figura 4 - Desenho mostrando as alamedas: larga (côncava) e a estreita (plana). Este traçado, diferente do traçado retilíneo de outros parques, enaltece o ar pitoresco criado com as árvores e outros elementos naturais. Torna-se, portanto, um pedaço do campo em meio à malha urbana e caótica. Fonte: Bellair & Bellair (1939). . 34 Figura 5 - As diversas flores e arbustos de diferentes tamanhos que compõe um cenário pitoresco do jardim inglês. Fonte: http://image.trickpod.net/. ............................................................................................................ 35 Figura 6 - Pintura “Boulevard Montmartre” de Camille Pissarro (1897). Percebe-se a arborização ordenada da cidade e a melhoria com a abertura do espaço urbano. Fonte: http://voony.files.wordpress.com/. ................... 36 Figura 7 - Apesar de inicialmente não existir quadra esportiva no Hyde Park, Londres, as grandes áreas gramadas serviam e ainda servem para prática de esportes como futebol. Este parque, com seu traçado orgânico e também retilíneo, possui alguns pontos de encontro (pequenas praças ou vias largas) e possibilita as práticas esportivas e de lazer – como piquenique. Fonte: http://wardmaps.com. ............................................... 37 Figura 8 - Ilustração do Palácio Friburgo, Recife. Autor desconhecido. Como o próprio nome diz: Palácio. Representa apenas o local da aristocracia. Seu parque é apenas uma extensão, um quintal da edificação. Fonte: Prefeitura do Recife. .............................................................................................................................................. 40 Figura 9 - Desenho original do Passeio Público do Rio com seu traçado romântico recortado por um lago. O parque foi inaugurado como um espaço contemplativo, com espécies diversas de árvores, plantas e esculturas. Fonte: MACEDO, 1999. .......................................................................................................................................... 42 Figura 10 - O Rio de Janeiro com a chegada da Corte Portuguesa passa por grandes transformações urbanísticas para que se torne um pedaço europeu em meio à América. Ruas são alargadas e arborizadas como nos moldes franceses. Fonte: literatura.atarde.uol.com.br. .................................................................................................... 43 Figura 11 - O Passeio Público no Rio de Janeiro foi repaginado. O muro deu lugar ao gradil, entre o traçado romântico dos caminhos e o lago alguns pequenos rios foram construídos, além de uma pequena ilha e uma ponte em forma de tronco. Além disse estátuas representando as estações do ano vieram de Paris para decorar 13


o espaço. Cisnes e marrecas foram trazidos para o lago e também dois peixes-bois. Fonte: passeiopublico.com. ............................................................................................................................................................................... 44 Figura 12 - Na arborizada avenida paulista, ao molde parisiense, do século XX os aristocratas disputavam que tinha a melhor casa e o melhor jardim. Fonte: paulista900.com.br. ..................................................................... 46 Figura 13 - Implantação na Vila Penteado, Rua Maranhão 88, São Paulo. É importante aqui destacar além da introdução da quadra de tênis – à esquerda –, como o traçado do parque e seus elementos ainda evocam o sentido contemplativo do parque. Apesar de este ser vivenciado agora por pessoas não mais em busca apenas da contemplação, mas do lazer. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. Higienópolis: grandeza de um bairro paulistano. ............................................................................................................................................................. 47 Figura 14 - Traçado original do Parque Dom Pedro II com caminhos orgânicos, vias de diferentes dimensões e formação de glebas, áreas com diferentes funções. Introduz-se ainda ao parque novas edificações. Fonte: MACEDO, 1999. ..................................................................................................................................................... 49 Figura 15 - Observe a dimensão do Central Park (limitado em verde, ao centro da imagem) em relação ao Distrito de Manhattan (limitado em vermelho). Fonte: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. .......................... 53 Figura 16 - Parque Birkenhead, na Inglaterra, no qual influenciou Olmsted no projeto do Central Park. Notam-se os diferentes traçados orgânicos para diferentes meios de transporte e áreas abertas e fechadas no tratamento paisagístico ao longo destes traçados. Fonte: courses.cit.cornell.edu (Acessado em 06 de abril de 2013). ......... 55 Figura 17 - Na figura acima as ruas em preto representam aquelas que possibilitam ao visitante cortar o parque. Em marrom o circuito principal e em branco os demais caminhos (em sua maioria trilhas). Fonte: blogs.cornell.edu (Acessado em 09 de abril de 2013)........................................................................................... 58 Figura 18 - Área do Central Park. Fonte: centralpark.com .................................................................................... 60 Figura 19 - Localização do Parque Barigui em Curitiba, PR. Fonte: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg .......... 63 Figura 20 - 1 – Salão de Atos / Restaurante; 2 – Pavilhão de Exposições; 3 – Parque de Diversões; 4 – Heliponto; 5 – Sanitários; 6 - Portal; 7 – Lanchonete; 8 – Churrasqueiras; 9 – Trilha de Obstáculos; 10 – Pista de patinação; 11 – Portal de Santa Felicidade; 12 – Museu do Automóvel; 13 – Academia de Ginástica / Lanchonete; 14 – Quadras Esportivas; 15 – Pista de caminhada / ciclovia; 16 – Pista de bicicross; 17 – Secretaria Municipal do Meio Ambiente; 18 – Sede dos escoteiros; 19 – Rio Barigui; 20 – Sede de manutenção; 21 – Equipamentos de Ginástica; 22 – Estacionamento; 23 – Trilhas; 24 – Ponte; 25 – Bistrô. Fonte: http://www.porthuseventos.com.br/ Acessado em 12 de maio de 2014. ............................................................ 65 Figura 21 - 1 Acesso ao centro de esportes e lazer; 2 Estacionamento; 3 Passarela; 4 Academia; 5 Piscinas; 6 Ginásio; 7 Quadra de futebol society; 8 Quadra de futebol de areia; 9 Quadra poliesportiva; 10 Praça central; 11 Lanchonete; 12 Playground; 13 Pergolado; 14 Pista de Skate; 15 Pista de Cooper; 16 Ciclovia; 17 Bicicletário; 18 Garagem de Barcos; 19 Rampa de Barcos; 20 Píer; 21 Píer para pesca recreativa; 22 Píer flutuante; 23 Base Operacional; 24 Castelo d’água; 25 Torre de Alta Tensão. Fonte: http://arcoweb.com.br/ ................................. 76

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Figura 22 - Mapa de evolução da malha urbana da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). À esquerda, RMGV na década de 70. À esquerda a RMGV na última década. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória. ......................................................................................................................... 82 Figura 23 - Processo evolutivo da Região Metropolitana da Grande Vitória. Observa-se que a faixa litorânea em Vitória e próxima a esta cidade se desenvolveu verticalmente, enquanto as demais áreas se desenvolveram horizontalmente. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória. ................................................ 83 Figura 24 - Mapa das áreas de restrições ambientais na composição do território da RMGV. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória. Elaboração: Myr Projetos Sustentáveis – produzido através de informações da GEOBASES e do SEAMA. ............................................................................................................... 86 Figura 25 - Mapa das Massas D’agua (Azul claro) e das Áreas Alagáveis (Azul escuro) que compõe o território da RMGV. Em circular pontilhado vermelho destaca-se a maior presença do recurso hídrico. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória. ............................................................................................................. 87 Figura 26 - 01) Vitória; 02) Cariacica; 03) Fundão. Em destaque a Zona Urbana da cidade e em círculo pontilhado vermelho as lagoas que encontram-se em perímetro urbano ou próximo a ele. Fonte: Google Maps e Prefeituras Municipais. Elaboração: Vitor Fehelberg. ........................................................................................... 89 Figura 27 - 01) Viana; 02) Vila Velha; 03) Guarapari; 04) Serra. Em destaque a Zona Urbana da cidade e em círculo pontilhado vermelho as lagoas que encontram-se em perímetro urbano ou próximo a ele. Fonte: Google Maps e Prefeituras Municipais. Elaboração: Vitor Fehelberg. .............................................................................. 90 Figura 28 - Mapa de concentração dos homicídios da Região Metropolitana da Grande Vitória – 2007. Fonte: SESP-ES/CIODES, 2007. .......................................................................................................................................... 94 Figura 29 - Quadro de evolução do município da Serra. 1) Anos 70; 2) Anos 80 e 90; 3) Anos 80 e 90; 4) Anos 2000 e projeção. Fonte: Jaime Lerner Arquitetos Associados. .............................................................................. 96 Figura 30 - Massa d’água, malhar urbana e principais elevações do município da Serra. Fonte: Prefeitura Municipal da Serra. Fonte cartográfica: GEOBASES. Elaboração: TECTRAN. ........................................................ 98 Figura 31 - Mapa das Regiões Especiais de Defesa Social no Município da Serra – Crimes Não Letais Contra a Pessoa. Escala de incidência vai do verde ao vermelho, sendo que o verde representa menor escala de crime. Fonte: SESP-ES, 2011. .......................................................................................................................................... 101 Figura 32 - Mapa das Regiões Especiais de Defesa Social no Município da Serra – Crimes Não Letais Contra a Pessoa. Escala de incidência vai do verde ao vermelho, sendo que o verde representa menor escala de crime. Fonte: SESP-ES, 2011. .......................................................................................................................................... 101 Figura 33 - Mapa de localização da Lagoa Jacuném. Fonte: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ................. 103 Figura 34 - Mapa da Área de Preservação Permanente da Lagoa Jacuném (área em amarelo no mapa). Fonte: Instituto Jones dos Santos Neves, 2010. .............................................................................................................. 105 Figura 35 - Mapa da Declividade da Bacia da Lagoa Jacuném. Fonte: BATISTA, C. José; FREIRE, Ana Paula. Técnicas de Sensoriamento Remoto aplicadas à análise do uso e ocupação do solo na bacia de contribuição da

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lagoa Jacuném, e seu reflexo na qualidade de água da lagoa. Vitória, UFES, Monografia de Pós-Graduação em Gestão Ambiental, 2005. ..................................................................................................................................... 107 Figura 36 - Mapa da Hipsometria da Bacia da Lagoa Jacuném. Fonte: BATISTA, C. José; FREIRE, Ana Paula. Técnicas de Sensoriamento Remoto aplicadas à análise do uso e ocupação do solo na bacia de contribuição da lagoa Jacuném, e seu reflexo na qualidade de água da lagoa. Vitória, UFES, Monografia de Pós-Graduação em Gestão Ambiental, 2005. ..................................................................................................................................... 108 Figura 37 - Mapa de Uso do Solo da Bacia da Lagoa Jacuném. Fonte: BATISTA, C. José; FREIRE, Ana Paula. Técnicas de Sensoriamento Remoto aplicadas à análise do uso e ocupação do solo na bacia de contribuição da lagoa Jacuném, e seu reflexo na qualidade de água da lagoa. Vitória, UFES, Monografia de Pós-Graduação em Gestão Ambiental, 2005. ..................................................................................................................................... 111 Figura 38 - As setas em vermelho identificam onde ocorrera crescimento da malha urbana entre o período de 11 de junho de 2003 e 23 de abril de 2013. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ......... 113 Figura 39 - Setores identificados ao entorno da lagoa Jacuném. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ................................................................................................................................................... 114 Figura 40 - Zoneamento Municipal. Fonte: Plano Diretor Municipal da Serra, de novembro de 2009. .............. 115 Figura 41 - As setas em vermelho identificam projeção do crescimento da malha urbana. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ...................................................................................................... 115 Figura 42 - Divisão dos setores existentes no entorno da Lagoa Jacuném. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ...................................................................................................................................... 119 Figura 43 - Divisão das áreas consolidadas, área de preservação e possíveis áreas a serem anexadas a mesma no entorno da Lagoa Jacuném. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ....................... 120 Figura 44 - Nova área de preservação ambiental. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ............................................................................................................................................................................. 121 Figura 45 - Divisão visual da área em glebas. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. . 122 Figura 46 - Área do parque a ser projetada. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ... 125 Figura 47 - As regiões do parque: 01, 02 e 03 e suas intenções projetuais em conformidade com o natural e o contexto urbano adjacente. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ............................ 126 Figura 48 - As setas vermelhas representam as novas interligações, através de pontes, entre as penínsulas existentes. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. ....................................................... 128 Figura 49 - Mapa do Parque Lagoa Jacuném. Fonte: Arquivo Pessoal. ............................................................... 129 Figura 50 - Topografia do Parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal. ........................................................ 129 Figura 51 – Topografia do Parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal. ....................................................... 130 Figura 52 - Mapa das vias veiculares do parque. Fonte: Acervo Pessoal. ........................................................... 131 Figura 53 - Mapa de caminhos do parque. .......................................................................................................... 134 Figura 54 - Mapa de caminhos do parque. Fonte: Acervo Pessoal. ..................................................................... 135 Figura 55 - Localização do acesso principal. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................... 139 16


Figura 56 - Localização da Sede Administrativa. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................ 141 Figura 57 - Localização da trilha. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................................................... 144 Figura 58 - Localização do Centro Comunitário. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................. 147 Figura 59 - Localização do portal do Centro Esportivo. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................. 150 Figura 60 - Localização do Centro Comunitário. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................. 152 Figura 61 - Localização do Centro de Vivências. Fonte: Arquivo Pessoal. ........................................................... 160 Figura 62 – Localização da área do piquenique, churrasqueiras e mirante com café-livraria. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................................................................................................................ 174 Figura 63 – Localização da área gramada. Fonte: Acervo Pessoal. ..................................................................... 177 Figura 64 - Localização da área de camping. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................. 179 Figura 65 – Localização do Aquaviário e da ponte que interliga à península 01. Fonte: Acervo Pessoal. ........... 181

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LISTA DE IMAGENS Imagem 1 - Foto atual do parque localizado na COHAB 2, em Itaquera, São Paulo. O Parque surgiu na década de 30 no local de uma antiga Chácara. O lazer e o esporte no parque estão presentes desde a sua inauguração, segundo a Prefeitura de São Paulo. Fonte: prefeitura.sp.gov.br ........................................................................... 50 Imagem 2 - Foto atual do parque localizado na COHAB 2, em Itaquera, São Paulo. O Parque surgiu na década de 30 no local de uma antiga Chácara. O lazer e o esporte no parque estão presentes desde a sua inauguração, segundo a Prefeitura de São Paulo. Fonte: prefeitura.sp.gov.br ........................................................................... 50 Imagem 3 - Foto que mostra a integração e a inserção do Central Park na cidade de concreto. Fonte: blogs.villagevoice.com (Acessado em 06 de abril de 2013). .................................................................................. 54 Imagem 4 - Composição de fotos da paisagem do Central Park. O paisagismo é diferenciado em cada canto do parque. Fonte: semmundo.com (Acessado em 09 de abril de 2013). .................................................................... 57 Imagem 5 - O caminho na área conhecida como The Ramble (O Passeio) é estreito e a vegetação em alguns pontos é bastante fechada dando ao transeunte sensação de estar realmente fora da cidade de Nova Iorque. Foto por: Cecília Lucchese. Fonte: theurbanearth.wordpress.com (Acessado em 09 de abril de 2013). ............... 59 Imagem 6 - The Mall possui um caminho mais formal – retilíneo – e arejado, além de conter equipamentos urbanos ao longo de seu trajeto. É utilizado, segundo a arquiteta Cecília Lucchese, por boa parte dos visitantes, pois também é reduto dos artistas de rua, segundo a arquiteta. Fonte: theurbanearth.wordpress.com (Acessado em 09 de abril de 2013). ........................................................................................................................................ 59 Imagem 7 - Vista área do Parque Barigui. Nota-se a relação com o entorno. Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/ Foto: Michel Willian. ............................................................................................. 64 Imagem 8 - Heliponto do parque Barigui. Nesta imagem é possível notar como é feita a separação com a Avenida Manoel Ribas. Fonte: http://flickr.com/ .................................................................................................. 66 Imagem 9 – Pista para caminhada e ciclovia e a aproximação com a massa d’água. Fonte: http://flickr.com/.. 66 Imagem 10 – Vista do Pavilhão de Exposição do Parque Barigui. Fonte: http://flickr.com/ ................................. 67 Imagem 11 – Salão de Atos da Prefeitura Municipal de Curitiba. Fonte: http://flickr.com/ ................................. 68 Imagem 12 – Modelo de churrasqueira do Parque Barigui. Fonte: www.vectraclube.com.br ............................. 68 Imagem 13 – Relação estabelecida entre a lanchonete e a lagoa Barigui. Fonte: http://www.guiaturismocuritiba.com/ ................................................................................................................. 69 Imagem 14 – Museu do Automóvel. Fonte: http://www.guiaturismocuritiba.com/ ............................................ 69 Imagem 15 – Bistrô do Parque Barigui. Fonte: http://www.guiaturismocuritiba.com/ ....................................... 70 Imagem 16 – Ponte sobre o rio Barigui que forma a lagoa do parque. Fonte: http://www.guiaturismocuritiba.com/ ................................................................................................................. 70 Imagem 17 – Trilha do parque em área de mata fechada. Fonte: http://transpirando.com/ .............................. 71 Imagem 18 – Secretaria do Meio Ambiente instalada no Parque Barigui. Fonte: http://www.guiaturismocuritiba.com/ ................................................................................................................. 71

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Imagem 19 - Localização do Parque Tancredo Neves em Vitória, ES. Fonte: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. .............................................................................................................................................................. 72 Imagem 20 – Vista superior do antigo projeto do Parque Tancredo Neves em Vitória, ES. Fonte: Google Earth. 73 Imagem 21 – Antigo passeio do Parque Tancredo Neves em Vitória, ES. Fonte: Prefeitura de Vitória. ................ 74 Imagem 22 – Vista da área esportiva do antigo Parque Tancredo Neves em Vitória, ES. Fonte: Prefeitura de Vitória. ................................................................................................................................................................... 74 Imagem 23 - Waterfront do Parque Tancredo Neves. Fonte: http://www.vitruvius.com.br/ ............................... 75 Imagem 24 – O ginásio de esportes com arquibancada com capacidade para 1754 pessoas. Fonte: http://arcoweb.com.br/ ........................................................................................................................................ 77 Imagem 25 – A área das piscinas vista da arquibanca. Ao fundo edificação destinada aos vestiários e academia. Fonte: http://arcoweb.com.br/ ............................................................................................................................. 77 Imagem 26 – A piscina serve para competições e aulas de natação e hidroginástica à comunidade. Fonte: http://www.vitoria.es.gov.br/ ............................................................................................................................... 78 Imagem 27 – Vista das quadras esportivas do Parque Tancredo Neves. Fonte: http://arcoweb.com.br/ ............ 79 Imagem 28 – A pista de skate é uma das áreas mais utilizadas pela população. Ao fundo uma das comunidades beneficiadas diretamente pelo projeto do Parque Tancredo Neves. Fonte: http://www.vitoria.es.gov.br/ ......... 79 Imagem 29 - Foto da Lagoa Jabaeté, em Vila Velha. Ao fundo região rural da cidade. Fonte: Arquivo pessoal, 18 de julho de 2011. ................................................................................................................................................... 88 Imagem 30 - Foto da Lagoa Jacuném, Serra, apresentando o relevo da lagoa e a vegetação existente. Fonte: Acervo pessoal, 11 de novembro de 2012. .......................................................................................................... 107 Imagem 31 - Macrófitas cobrindo a lagoa. Presença desta alga denuncia a poluição. Proximidades do bairro Barcelona. Fonte: Rubens Pereira Barbosa, 2010. .............................................................................................. 109 Imagem 32 - Edificações às margens do córrego Barro Branco, no bairro Nova Carapina, próximo à Bacia da Lagoa Jacuném. Fonte: Rubens Pereira Barbosa, novembro de 2010. ................................................................ 110 Imagem 33 - À esquerda solo exposto nas duas margens da lagoa Jacuném. À direita solo exposto por movimentação de terra. Ao fundo polo industrial em expansão. Fonte: Alexandre 2010. ................................. 111 Imagem 34 - À esquerda fotografia aérea da Lagoa Jacuném e seu entorno em 11 de junho de 2003; À direita mesma área em 23 de abril de 20013. Fonte: Google Earth. .............................................................................. 112 Imagem 35 - Vista da lagoa Jacuném pela Estrada Castelândia. Na parte central do mapa, ao fundo, área industrial. Fonte: Acervo pessoal, 03 de março de 2013. .................................................................................... 117 Imagem 36 - Entrada e vista do Condomínio pela Avenida Telma Rodrigues Ribeiro. Privatização de recurso natural. Fonte: Acervo pessoal, 11 de novembro de 2012. ................................................................................. 117 Imagem 37 - Atividade pesqueira ao centro da imagem em contraste com a fiação do polo industrial. Fonte: Acervo pessoal, 11 de novembro de 2010. .......................................................................................................... 118 Imagem 38 - Pista de rolamento ao nível das calçadas – preferência ao pedestre e ciclista. Ao fundo área destinada ao descanso do visitante. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................................... 132 19


Imagem 39 - Área de descanso sob sombra do pergolado integrada ao ponto de ônibus. Bancos, bebedouro e banheiros. Área para guarda e aluguel de bicicleta. Fonte: Acervo Pessoal. ...................................................... 132 Imagem 40 - Área de descanso sob sombra do pergolado integrada ao ponto de ônibus. Bancos, bebedouro e banheiros. Área para guarda e aluguel de bicicleta. Fonte: Acervo Pessoal. ...................................................... 133 Imagem 41 - Área de descanso sob sombra de pergolado integrada ao ponto de ônibus. Bancos, bebedouro e banheiros. Área para guarda e aluguel de bicicleta. Fonte: Acervo Pessoal. ...................................................... 133 Imagem 42 - A sede da Administração do Parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal. ............................... 136 Imagem 43 - Residência construída por Jaime Lerner que serviu durante muito tempo como sua residência. Posteriormente foi adaptada para abrigar o seu escritório. Fonte: http://www.archdaily.com.br/ Foto: Ricardo Perini.................................................................................................................................................................... 136 Imagem 44 - Vista área da edificação modelo do parque. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................. 137 Imagem 45 - Vista área da edificação modelo do parque. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................. 138 Imagem 46 - Vista do acesso ao Parque Lagoa Jacuném. O verde se faz presente nas árvores, grama, arbustos e no florido canteiro central. Ao lado direito da imagem: a guarita. Fonte: Acervo Pessoal. ................................ 140 Imagem 47 - A guarita também tem área para descanso e guarda/aluguel de bicicleta sob a sombra de pergolado. Fonte: Acervo Pessoal. ...................................................................................................................... 140 Imagem 48 - Organização espacial da praça da sede administrativa (300m²) do parque, com 37 vagas de estacionamento, quadra de vôlei e pista de cooper. Fonte: Acervo Pessoal. ...................................................... 142 Imagem 49 - Vista da ambiência modelo do parque. Fonte: Acervo Pessoal. ..................................................... 142 Imagem 50 - Pista de cooper próxima a sede da Administração. Fonte: Acervo Pessoal. .................................. 143 Imagem 51 - Ambiente ligeiramente fechado, com árvores mais próximas da trilha. Fonte: Acervo Pessoal. ... 144 Imagem 52 - A área de descanso construída em pergolado em meio às árvores e o campo verde. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................................................................................................................ 145 Imagem 53 - A área de descanso construída em pergolado em meio às árvores e o campo verde. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................................................................................................................ 145 Imagem 54 - Primeira visão da praça da comunidade através da trilha. Fonte: Acervo Pessoal. ....................... 146 Imagem 55 - Implantação humanizada da área destinada à comunidade. Fonte: Acervo Pessoal. ................... 147 Imagem 56 - Praça destinada ao convívio e a feiras diversas. Fonte: Acervo Pessoal. ....................................... 148 Imagem 57 - Praça destinada ao convívio e a feiras diversas. Fonte: Acervo Pessoal. ....................................... 148 Imagem 58 - Estrutura que abriga os campos de bocha e as mesas de jogos. Fonte: Acervo Pessoal. .............. 149 Imagem 59 - Praça destinada ao convívio e a feiras diversas. Fonte: Acervo Pessoal. ....................................... 149 Imagem 60 - Vista da chegada ao portal de acesso ao centro de esportes. Fonte: Acervo Pessoal. .................. 150 Imagem 61 - Vista da chegada ao portal de acesso ao centro de esportes. Visitante é recepcionado com jatos d’água. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................................................................................ 151 Imagem 62 - Vista da chegada ao portal de acesso ao centro de esportes. Estrutura em concreto com cascata de água – denotando a importância deste elemento ao parque. Fonte: Acervo Pessoal. .................................. 151 20


Imagem 63 - Vista da chegada ao portal de acesso ao centro de esportes. Estrutura em concreto com cascata de água – denotando a importância deste elemento ao parque. Fonte: Acervo Pessoal. .................................. 152 Imagem 64 - Vista aérea da área do centro esportivo. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................. 153 Imagem 65 - Acesso ao espelho d’água através do portal do centro esportivo. Trilha mais curta, e ambiente fechado para causar surpresa. Fonte: Acervo Pessoal. ...................................................................................... 154 Imagem 66 - A primeira visão do espelho d’água do centro esportivo. Fonte: Acervo Pessoal. ......................... 154 Imagem 67 - O espelho d’água, sua dimensão e ambiência. Possibilidade de caminhar ao entorno ou apenas sentar-se/deitar-se na beira do espelho d’água. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................ 155 Imagem 68 - Os desníveis do parque. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................................. 156 Imagem 69 - Vista das quadras e da arquibancada no desnível provocado. Fonte: Acervo Pessoal. ................. 157 Imagem 70 - A composição da arquibancada permeada por áreas de sombreamento. Fonte: Acervo Pessoal. 157 Imagem 71 - Vista da quadra de futebol society e da arquibancada. Fonte: Acervo Pessoal. ............................ 158 Imagem 72 - Local de descanso sombreado por árvore no topo da topografia. Fonte: Acervo Pessoal. ............ 159 Imagem 73 - A área do centro de vivências e suas atividades: playground; área de descanso e academia ao ar livre. Próximas a quadra de tênis. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................................................. 160 Imagem 74 - A guarita também tem área para descanso e guarda/aluguel de bicicleta sob a sombra de pergolado. Fonte: Acervo Pessoal. ...................................................................................................................... 161 Imagem 75 - O pergolado curvilíneo que induz o visitante a adentrar a área do espelho d’água. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................................................................................................................ 161 Imagem 76 - Área do playground com piso emborrachado e caixa de areia. Fonte: Acervo Pessoal. ................ 162 Imagem 77 - Área de mesas de apoio para o restaurante e as lanchonetes do centro de vivências. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................................................................................................................ 163 Imagem 78 - Área do centro esportivo. Fonte: Acervo Pessoal. .......................................................................... 163 Imagem 79 - Pista de skate com piscina grafitada por artistas da comunidade e externos. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................................................................................................................................. 164 Imagem 80 - Pista de skate e arquibancada. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................. 165 Imagem 81 - Área sombreada de acesso às arquibancadas e à pista de atletismo e ginásio de esportes. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................................................................................................................... 165 Imagem 82 - Vista da arquibancada da área de tênis. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................... 166 Imagem 83 - Entrada da pista de atletismo. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................................. 167 Imagem 84 - Vista da pista de atletismo e da área inclinada para lazer, em especial, das crianças. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................................................................................................................ 168 Imagem 85 - Visão da composição da arquibancada com a pista. Fonte: Acervo Pessoal. ................................ 168 Imagem 86 - Imagem ao alto da pista de atletismo – com visão para o campo de futebol americano. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................................................................................................................... 169

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Imagem 87 - O projeto da pista de atletismo do estúdio espanhol Subarquitetura. Fonte: http://www.dezeen.com/ .................................................................................................................................... 169 Imagem 88 - Vista do estacionamento arborizado – modelo em todo o parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................................................................................................................ 170 Imagem 89 - Vista do acesso à cobertura verde do ginásio de esportes. Fonte: Acervo Pessoal. ....................... 171 Imagem 90 - Vista do alto do Ginásio de Esportes. Fonte: Acervo Pessoal. ........................................................ 171 Imagem 91 - Imagem da área das piscinas. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................... 172 Imagem 92 - Área das piscinas. Fonte: Acervo Pessoal. ...................................................................................... 172 Imagem 93 - Vista da arquibancada superior da área das piscinas. Fonte: Acervo Pessoal. .............................. 173 Imagem 94 - Área das churrasqueiras, com caminho orgânico para flanar ou correr; acima área do mirante para a ponte/lagoa com estrutura de café-livraria. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................... 174 Imagem 95 - A churrasqueira em pergolado. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................ 175 Imagem 96 - A estrutura da churrasqueira e a pequena horta para cultivo de ervas. Fonte: Acervo Pessoal. ... 175 Imagem 97 - Gramado da região para práticas diversas. As árvores aqui são frutíferas e propiciam ambiente para piquenique. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................................................................. 176 Imagem 98 - Café-livraria. Ao fundo a ponte do parque. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................... 177 Imagem 99 - Área gramada para instalações efêmeras e práticas de atividades não pré-estabelecidas. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................................................................................................................... 178 Imagem 100 - Praça da área de camping segue o mesmo modelo do parque. Ao fundo quadra de campo society e estrutura para banheiros. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................................................ 179 Imagem 101 - Imagem da visão do gramado e da floresta do entorno a partir da área da churrasqueira. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................................................................................................................... 180 Imagem 102 - Vista da lagoa, do declive do terreno e da churrasqueira da área de camping. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................................................................................................................ 180 Imagem 103 - Imagem da área do Aquaviário e adjacência. Nota-se uma pequena praça com 2 quadras poliesportivas próxima ao estacionamento e a ponte que liga as penínsulas do parque. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................................................................................................................................. 182 Imagem 104 - Vista da ponte. Fonte: Acervo Pessoal. ........................................................................................ 182 Imagem 105 - Vista da lagoa através da ponte. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................. 183 Imagem 106 – Ponte Juscelino Kubitschek em Brasília. Foto: Mario Roberto Duran Ortiz. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................................................................................................................................. 183 Imagem 107- A praça superior do Aquaviário. Fonte: Acervo Pessoal. ............................................................... 184 Imagem 108 - Outra visão da praça superior do Aquaviário. Fonte: Acervo Pessoal. ......................................... 185 Imagem 109 - Elevador Lacerda em Salvador. Fonte: http://www.bahiatododia.com.br/ ................................ 185 Imagem 110 - Vista a partir do píer do Aquaviário. Fonte: Acervo Pessoal. ....................................................... 186 Imagem 111 - Vista do píer destinado às atividades aquáticas. Fonte: Acervo Pessoal. .................................... 187 22


Imagem 112 - Mesas e cadeiras do lado externo trazem à tona outro clima ao usuário do restaurante. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................................................................................................................... 187 Imagem 113- Vista da arquitetura projetada para a área do Aquaviário. Fonte: Acervo Pessoal. ..................... 188 Imagem 114 - Degraus no deck possibilitam uma maior aproximação do visitante à lagoa. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................................................................................................................................ 189 Imagem 115 - O caminho formal e outro lúdico garantem a experiência inesquecível de visitar a área e o parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal. .............................................................................................................. 189

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - PIB a preços de mercado, por município da RMGV – 2003 a 2009. Fonte: IJSN e IBGE. Autor da tabela: Vitor Fehelberg. ..................................................................................................................................................... 84 Tabela 2 - Representatividade das Áreas de Preservação Permanente na composição do território da RMGV. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória. Elaboração: Myr Projetos Sustentáveis – produzido através de informações das Prefeituras Municipais e GEOBASES. ........................................................................ 85 Tabela 3 - Representatividade das áreas de restrições ambientais na composição do território da RMGV. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória. Elaboração: Myr Projetos Sustentáveis – produzido através de informações das Prefeituras Municipais e GEOBASES. ........................................................................ 85 Tabela 4 - Total da População na Região Metropolitana da Grande Vitória – 2000 e 2010. Fonte: IBGE, Resultados do Censo 2000 e 2010. Elaboração da Tabela: Vitor Fehelberg. ......................................................... 91 Tabela 5 - Taxa de Homicídios por mil habitantes das Regiões Metropolitanas Brasileiras – 1980 a 2002. Apesar da distância temporal apresentada (uma década) Vitória ainda é considerada uma das capitais mais violentas do país. Fonte: Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo. Elaboração: CERQUEIRA; LOBÃO; CARVALHO, 2005, p. 5. ............................................................................................................................. 92 Tabela 6 - Taxa de Homicípio por 100 mil Habitantes – 1980 a 2007. Fonte: Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo. Elaboração: SIMDATASUS, 1979-2004; CIODES, 2005-2007. ............................. 93 Tabela 7 - Análise comparativa do PIB por setores econômicos no munícipio da Serra – 2000 a 2008. Fonte: Prefeitura da Serra / IBGE. Elaboração: PMS/Seplae/DAE. ................................................................................... 99 Tabela 8 - Número e taxas médias (em 100 mil) de homicídio nos municípios com mais de 10.000 habitantes. Brasil, 2008-2010. Fonte: Instituto Sangari. ........................................................................................................ 100

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1. APRESENTAÇÃO

1.1 OBJETIVOS

O trabalho visa apresentar um estudo conceitual de ocupação na Bacia da Lagoa Jacuném, no município da Serra. Para tal é necessário passar por um processo de entendimento da importância de um parque para a cidade e para os seus moradores, como o mesmo pode beneficiar a população e modificar a realidade, trazendo autoestima, gerando qualidade ao tempo livre do trabalhador e até mesmo renda. Vale ressaltar que o parque modelado tem o intuito primordial de suprir as carências do entorno, buscando melhor qualidade de vida da população e conscientizar a mesma da importância do meio ambiente.

1.2 ESTRUTURA

No segundo capítulo – o primeiro refere-se à Apresentação – busca-se a definição de “parque”, palavra esta que apresenta divergências entre os autores sobre a sua abrangência, para elucidar o objetivo deste trabalho. O terceiro capítulo apresenta o histórico de evolução do parque para entender quem é esta população que usufruiu deste elemento ao longo do tempo, qual a relação do parque com o meio urbano e com os processos evolutivos da economia, quais são as funcionalidades deste elemento. Será que sempre fora público? Destinado ao lazer? Já o quarto capítulo refere-se a estudos de casos relacionados aos objetivos do trabalho. Identificam-se parques que possam ajudar na concepção, seja pelos caminhos traçados, pelo público alcançado, pelas atividades envolvidas ou simplesmente pela relevância ao tratamento arquitetônico e paisagístico. 25


O quinto capítulo trata da escolha do terreno para o projeto do parque urbano. Para tal é necessário analisar a Região Metropolitana da Grande Vitória para definir o município que melhor atende à proposta e, em seguida, de maneira mais detalhada, definir a localização. O sexto capítulo é destinado à apresentação do estudo conceitual de ocupação do parque. As intenções projetuais, o partido arquitetônico e as informações necessárias para o entendimento da proposta. O sétimo capítulo é reservado às considerações finais.

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2 INTRODUÇÃO – O EMBASAMENTO CONCEITUAL: PARQUE Raramente se encontra elucidado nas pesquisas uma definição unânime acerca do termo “parque”. Desse modo, é necessária a compreensão de sua peculiaridade e complexidade. Nota-se que a deficiência quanto ao esclarecimento e conceitualização do termo, no entanto, não é restrita somente à legislação brasileira, mas também aos autores das literaturas pesquisadas – tanto nacionais quanto estrangeiros – que raramente quando o utilizam fazem menções aos conceitos inerentes ao mesmo. Visto isto, propomos que o termo seja analisado minuciosamente por sua etimologia, ou seja, através das definições das mesmas, no intuito de afunilar e pretender contribuir na supressão da ausência de uma definição clara e objetiva, e de se ter um pensar mais uniforme a respeito do tema. Deste modo, temos que a palavra portuguesa “parque” tem origem do francês parc, “reserva fechada, arborizada, destinada para recreação ou à caça” (Castelnou, 2006), que por sua vez deriva do germânico parruk, “área cercada”1 e esta, por fim, deriva do latim parricus “recinto com arvoredo”2. Nestas etimologias primeiras citadas, contudo, a expressão “parque” denota significados já incomuns aos utilizados atualmente. Seu sentido traria, então, que “parque designava um local delimitado no qual animais viviam na natureza em áreas sob a responsabilidade do rei" (MORSELLO, 2001, p. 22). Ao buscar, portanto, a definição atual encontra-se, segundo o dicionário Michaelis (2012): Parque. sm (fr parc) 1 Terreno mais ou menos extenso, com muitas árvores de grande porte, destinado a passeios, exposições, ou ambos ao mesmo tempo. 2 Jardim extenso, particular ou público.[..] (Moderno Dicionário da Língua Portuguesa – Michaelis, 2012, grifo nosso).

Percebe-se que a definição encontrada no dicionário não especifica com clareza o parque com relação às suas dimensões. Também se limita quanto às funções, à localização, bem como ao tratamento dado e aos equipamentos encontrados no mesmo. É necessário, então, com o intuito de abranger o termo à especificidade da pesquisa, recorrer às fontes e autores imperativos ao tema. Neste sentido, recorremos aos estudos vinculados ao paisagismo de parques que pudessem nortear a questão. Temos assim, a definição cunhada pelo arquiteto americano Frederick Law Olmsted (apud Walnyce Scalise): Reservo a palavra parque para lugares com amplitude e espaço suficientes e com todas as qualidades necessárias que justifiquem a aplicação a eles daquilo que pode ser encontrado na palavra cenário ou na palavra paisagem, no seu sentido mais antigo e radical, naquilo que os aproxima muito de cenário. (SCALISE, W. Parques Urbanos - evolução, projeto, funções e uso. Revista da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia Vol. 4 Nº 1 Out. 2002 ISSN 1517 – 7432.)

1

Oxford Dictionaries (2013).

2

Dicionário da Lingua Inglesa Merriam-Webster (1998). 27


Frederick Olmsted, portanto, descreve o parque através de sua construção de cenários, da paisagem em si. Outros autores situam funcionalmente o parque associando-o à realização de atividades de lazer como, por exemplo, afirmam Macedo e Sakata (2003, p. 14) ao definirem em poucas palavras que o parque é “[...] um espaço livre público estruturado por vegetação e dedicado ao lazer da massa urbana.”. De tal modo, verifica-se que alguns autores já tendem, naturalmente, a definir e enunciar “parque” como “parque urbano”. Isso nos permite significar, então, o termo “parque urbano” – tendo em vista, ainda, que o contexto de inserção de parque em meio urbano é incorporado no presente estudo. Neste sentido, a arquiteta-paisagista Rosa Grena Kliass afirma que: Os parques urbanos são espaços públicos com dimensões significativas e predominância de elementos naturais, principalmente cobertura vegetal, destinados à recreação. (KLIASS, R. G. Os Parques Urbanos de São Paulo. São Paulo: Pini,1993.).

O arquiteto-paisagista Juan Luiz Mascaró (2008, p. 17-18) destaca a relação do parque com sua localização ao dizer que as áreas dos parques urbanos “devem estar envolvidas pelo tecido urbano ou, pelo menos, encostadas nele, com uma boa ligação ao sistema de transporte público e privado da cidade.” Mascaró ainda aprofunda o significado sobre parque urbano dizendo que: [...] a vegetação domina os materiais inertes, é um espaço aberto, de vários hectares, geralmente cruzado por vias de circulação que permitem o acesso dos visitantes aos diferentes setores do parque. (MASCARÓ, Juan Luiz. Infra-estrutura da Paisagem. Porto Alegre, RS, Masquatro Editora, 2008. Pág. 29)

Essa vegetação, ainda segundo Macedo (2008), é composta por “[...] árvores preferencialmente nativas e grama, para simultaneamente ter facilidade de utilização e baixos custos” e os diferentes setores do parque incluem “[...] áreas especiais como as destinadas a exposições, feiras, lagoas de recreação, explanadas para grandes eventos, etc.”. Os pesquisadores Macedo e Sakata (2003, p. 14) complementam ainda que os parques são: [...] todo espaço de uso público destinado à recreação de massa, qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura morfológica e auto-suficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por nenhuma estrutura construída em seu entorno. (Macedo e Sakata (2003, p. 14).

E por fim Lima (1994, p.15), numa linha que se aproxima ao objetivo do trabalho, define que parque urbano “é uma área verde, com função ecológica, estética e de lazer, entretanto com uma extensão maior que as praças e jardins públicos”. Com relação à função ecológica, entende-se que o espaço do parque visa preservar, de certo modo, as relações dos seres vivos com seu meio natural. Parque, então, sendo do ponto dimensional um objeto subjetivo, pode ser definido como espaço aberto que agrega área verde – natural ou projetada (a depender do 28


sítio) – que evoca a construção de um ou mais cenários, tendo nele presente espaços destinados ao lazer – edificados ou não. Entende-se também como lazer as práticas esportivas. Vale ressaltar, ainda, que por ser dedicado ao lazer da massa seus equipamentos devem atender aos anseios da mesma, além de contar com infraestrutura adequada que se relacione com a cidade e que cause a mínima interferência possível na relação dos seres vivos com seu meio natural.

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3 A EVOLUÇÃO DOS PARQUES

3.1 NA EUROPA

Na Europa os parques surgem, em um primeiro momento, como pequenos jardins privados dos aristocratas – a princípio servindo para contemplação da paisagem, prazer ao olfato e cultivo de hortaliças para próprio consumo da família – figura 01. Estes jardins, a princípio limitados aos lotes, extrapolam os limites dos lotes privados e passam a compor o meio urbano dos bairros burgueses – como forma de manutenção do status –, denominando-se dali em diante, então, parques. O processo de ruptura com o lote privado acontece na Idade Média (séc. V a séc. XV) a partir de novos conhecimentos que foram desenvolvidos com o surgimento dos jardins botânicos – figura 02. Estes jardins ganham força no Renascimento (séc. XIII a séc. XVII), época em que há um avanço no cultivo e manutenção de espécies medicinais que são coletadas de diversas regiões e expostas no Velho Mundo. Embora evoluam para lotes públicos, pode-se dizer que estes parques – ainda que em função contemplativa e botânica – por estarem localizados somente em bairros burgueses não eram na prática públicos – mas de serventia de uma única classe. (MACEDO, 1999)

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Figura 1 - Reconstrução do jardim romano da Casa dos Vettii, em Pompéia. A Casa dos Vettii era uma das mais luxuosas casas da cidade romana, devastada pelo Vesúvio em 79 D.C. Nota-se a sua primordial função contemplativa. Fonte: http://www.stoa.org/ Foto: sailko.

Figura 2 – Jardim botânico de Pádua, um dos mais antigos, fundado em 1545. Ao fundo a basílica de Santo Antônio. As plantas medicinais são organizadas em canteiros e são circundadas por um muro para proteger de roubo – prática comum à época. Ao centro a fonte que abriga espécies aquáticas. Nota-se que os caminhos estabelecidos formam um circuito gerando, portanto, um caminhar sem pretensões – para apreciar as plantas. Fonte: ortobotanico.unipd.it

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Este panorama começa a mudar somente a partir do século XVI, simultaneamente com o que ocorre na América – mais precisamente nos Estados Unidos (figura 03). Os espaços verdes passam a fazer parte aos poucos da cidade como forma de urbanização e consolidação dos espaços urbanos, visto que os avanços científicos modificam também neste período o olhar sob o meio urbano. Vale ressaltar que esta participação dos espaços verdes em meio urbano intensifica-se na Revolução Industrial na Inglaterra, em meados do século XVIII. O intenso deslocamento – devido à perda da terra e a busca por melhores condições de vida – da população que vivia na área rural para a área urbana gera grandes impactos na cidade – principalmente quanto à questão da malha urbana e a da salubridade. (IGLÉSIAS, 1981). (SEGAWA,1996).

Figura 3 - Boston Common nos EUA, o parque mais antigo do país. Este parque, diferente do Jardim botânico de Pádua, não era murado e sim, cercado, gerando pertencimento ao território urbano. Nota-se que os caminhos retilíneos cortam a área gramada em diversos pontos, tornando possível diversos circuitos, àquela época utilizada para apreciação da paisagem e convívio social. Fonte: http://wardmaps.com

Devido à vida insalubre, em costumeira pressão trabalhista, sem hora livre e o fato da máquina ser mais eficiente que o homem – e, portanto, reduzir o número de 32


funcionários necessários nas fábricas – surge movimentos sociais contra a Revolução como, por exemplo, o Movimento Ludista (1811-1812)3. Este início de movimentação social desenrola-se na ilegalidade até 1824, quando o parlamento inglês, em vista dos prejuízos causados4, reconhece em lei a organização sindical. A partir deste momento, então, os sindicatos ganham força5 com a adesão de mais trabalhadores e, por fim, maior reconhecimento da sociedade. (HOBSBAWN, 1981). Graças a esta luta sindical dos trabalhadores que os parques urbanos sofreram profundas transformações. As conquistas sindicais, em especial a redução da jornada de trabalho, fazem surgir novas necessidades. O relativo aumento do tempo livre provoca o pensar na cidade, visto que esta era desenvolvida somente em prol da burguesia. A massa trabalhadora passa a reclamar melhores condições de vida em seu tempo de folga. Estas condições rebatem, num primeiro plano, justamente em maiores alternativas ao lazer que pouco é trabalhado na cidade em relação ao trabalhador em contraposição aos parques, às praças, aos teatros – com seus concertos e peças teatrais –, às festividades e inúmeras atividades existentes que são desenvolvidas para atender à burguesia. O arquiteto Silvo Soares Macedo (1999) sobre esta época afirma:

Na primeira metade do século XIX, as pressões sociais urbanas, derivadas das péssimas condições de trabalho e habitabilidade das grandes cidades europeias, ensejam a criação e abertura dos primeiros parques urbanos para o morador comum da cidade. Esse fato marca um momento significativo na concepção do espaço público e consolida uma forma de espaço livre importante no contexto da cidade do futuro século XX. (MACEDO, 1999).

3

O Movimento Ludista (1811-1812) – o primeiro e um dos mais famosos – invadiu e destruiu os equipamentos das fábricas – tendo como reação burguesa a aprovação de uma lei em 1812 que punia com a pena de morte os que quebravam equipamentos. (HOBSBAWN, 1981).

4

Por serem proibidos, os patrões não tinham como negociar as reivindicações de melhores condições dos trabalhadores, visto que ao negociar estariam legitimando o movimento.

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Para se ter ideia da força do movimento operário em 1780 a jornada de trabalho era de 80 horas semanais e em 1820, a jornada de trabalho fora reduzida para 67 horas semanais – além dos benefícios de melhores salários (aumento do poder de compra) e melhores condições de trabalho (ambientes menos insalubres). (HOBSBAWN, 2003). 33


A abertura ou consolidação de espaços abertos na cidade transformam-se como bandeira dos sindicatos dos trabalhadores na medida em que as condições em que o povo é submetido ao morar em meio urbano pioram ou estagnam. Este questionamento quanto ao aproveitamento das horas livres aliado à necessidade da cidade possuir espaços que amenizassem a estrutura urbana – devido ao alto adensamento em consequência da Revolução Industrial – modifica o cenário da cidade neste século, o modelo paisagístico de jardim (parque) inglês – figura 04. Sobre o jardim inglês Lima afirma que:

“O Estilo Inglês rompe a retidão e simetria das linhas e distribuição dos maciços arbóreo/arbustivos, uma das características principais dos outros estilos da época, promovendo uma nítida aproximação com a natureza. Predominado pelas linhas curvas das alamedas, conduz à observação tanto de pontos de destaque, através de espaços deixados entre maciços, quanto de impedir totalmente a vista do observador, através da implantação de maciços arbóreo/arbustivos em locais estratégicos, causando a impressão, de se estar caminhando dentro de uma mata fechada” (Lima, 1987).

Figura 4 - Desenho mostrando as alamedas: larga (côncava) e a estreita (plana). Este traçado, diferente do traçado retilíneo de outros parques, enaltece o ar pitoresco criado com as árvores e outros elementos naturais. Torna-se, portanto, um pedaço do campo em meio à malha urbana e caótica. Fonte: Bellair & Bellair (1939).

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Dentro deste estilo ainda, segundo Mercadal (1949), há a adoção de flores e grandes plantas ornamentais, arbustos de diversos tamanhos, riachos, colinas artificiais, rochas, labirintos e quiosques para dar a sensação de um cenário pitoresco, digno de pintura – figura 05.

Figura 5 - As diversas flores e arbustos de diferentes tamanhos que compõe um cenário pitoresco do jardim inglês. Fonte: http://image.trickpod.net/.

Segundo ainda Silvio Soares Macedo:

Os boulevards parisienses, com sua arborização ordenada, a concepção de cidades e bairros-jardim, os hortos botânicos, os parques públicos, as viasparque, as praças ajardinadas, a residência isolada no lote e cercada de jardins tratados são figuras urbano-paisagísticas que se consolidam durante o século XIX e início do XX, caracterizando uma forma nova de encarar o espaço e a paisagem urbana.

De meados do século XIX em diante, portanto, os parques passam a fazer parte do dia-a-dia da população – não sendo restrita esta mudança somente à Inglaterra, pois 35


a Revolução Industrial espalha-se para os demais países da Europa e num momento posterior a outros continentes. Juntamente com esta revolução agrega-se um novo modelo de vida, um novo modo de pensar a cidade – figura 06.

Figura 6 - Pintura “Boulevard Montmartre” de Camille Pissarro (1897). Percebe-se a arborização ordenada da cidade e a melhoria com a abertura do espaço urbano. Fonte: http://voony.files.wordpress.com/.

As contínuas lutas sindicais por melhores condições de vida provocaram significativas mudanças na paisagem urbana ao longo dos últimos séculos. O processo evolutivo no qual passou – e passa – a cidade é reflexo do processo evolutivo da sociedade. É a adequação do espaço físico ao modo de pensar. Se em um determinado momento os parques são criados para lazer contemplativo da burguesia é devido à organização social presente. Com o caminhar das mudanças econômicas e crescente população de menor poder aquisitivo – surgimento dos operários –, fortalece-se uma força que não detêm nenhum poder político, mas que se estrutura ao longo dos anos em organizações que pressionam os governantes. Esta pressão gerada pela maior parte da população constituinte faz o governo negociar, quando possível, ou acatar as exigências, visto que os reclamantes, de uma forma simplificada, são quem verdadeiramente movimentam a economia. Por 36


terem este poder, de paralisar a nação, as cidades passam a representar também neste momento parte dos anseios desta classe – e não somente da classe burguesa. Por conta disto, em relação ao presente estudo, ocorrem ao longo do período de revolução industrial diversas alterações nas formas de concepção e ocupação dos espaços de lazer. Embora estas alterações comecem por volta do início do século XVII é somente no século XX que se assume verdadeira alteração funcional dos parques, fazendo com o mesmo seja elevado efetivamente ao real significado de público. Segundo Carlos Augusto da Costa Niemeyer (2002) é somente o século XX que consagra o “lazer ativo” – em oposição ao “lazer contemplativo” (figura 07).

Figura 7 - Apesar de inicialmente não existir quadra esportiva no Hyde Park, Londres, as grandes áreas gramadas serviam e ainda servem para prática de esportes como futebol. Este parque, com seu traçado orgânico e também retilíneo, possui alguns pontos de encontro (pequenas praças ou vias largas) e possibilita as práticas esportivas e de lazer – como piquenique. Fonte: http://wardmaps.com.

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Este novo panorama segundo Hannah Arendt (1981) é a “[...] transformação efetiva de toda a sociedade em sociedade operária”, visto que a sociedade passa, então, a prestigiar o trabalho. Vale ressaltar que esta valorização, esta conquista do direito de lazer do operário só é aceita pela burguesia através de diversos estudos científicos. São estes estudos que convencem a elite a mudar de opinião e entender que o lazer é, na verdade, “[...] necessário como suporte ao aumento da produtividade industrial.” (NIEMEYER, 2002) Esta aproximação aos cientistas ainda na metade do século XIX gera, então, a chamada Higiene Social. Segundo ainda Niemeyer é válido afirmar que:

“[...]a Higiene Social integra-se ao urbanismo, requalificando o parque público como importante condicionante do futuro comportamento social do trabalhador ao passo que reivindicava-se uma nova ordem urbana que incluirá a dotação de áreas verdes como antídoto aos rigores da urbanização desenfreada.” (NIEMEYER, Carlos Augusto da Costa. 2002)

Com estes preceitos o parque é remodelado com o objetivo de aliviar às tensões urbanas através de seus equipamentos e elementos de lazer que buscam efetivar a fuga da realidade em um espaço de características que se remetem ao meio rural, mas ainda estando inscrito ao meio urbano. (NIEMEYER, 2002) Os novos equipamentos de lazer como, por exemplo, campos esportivos, playgrounds e ringues de patinação, passam a conviver ao lado de elementos de contemplação – naturais ou produzidos pelo homem –, bem como as áreas destinadas à preservação e estudo ambiental. (NIEMEYER, 2002) O parque, portanto, assumem o formato utilizado ainda hoje. As diferenças existentes ficam por conta da arquitetura e dos projetos envolvidos, em especial, o paisagismo.

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3.1 NO BRASIL

No Brasil a evolução dos parques ocorreu de forma semelhante à evolução na Europa devido a grande influência exercida pelo país colonizador ao modo de vida da população. Embora o processo de colonização tenha sido exploratório, ou seja, com objetivo único de extrair as matérias-primas, o país teve ao longo das primeiras décadas de colonização influência cultural europeia com apropriação da cultura nativa – apropriação esta muito devida ao clima tropical, diferente do clima em que estavam acostumados em Portugal e em outros países europeus. Estas adaptações ao clima são refletidas em novos costumes aos habitantes e em pequenas mudanças arquitetônicas – em suma na espessura das paredes – nos modelos europeus a fim de melhorar a temperatura interna das edificações. Mas no geral a forma de se conceber uma cidade foi meramente uma cópia. Portanto, a criação de parques urbanos e do tratamento paisagístico das vilas e cidades brasileiras ocorreu tardiamente – em comparação com a Europa –, seguindo a lógica de que os modelos urbanos eram todos importados. (MACEDO, 1999) De acordo com Silvio Soares Macedo (1999) os espaços particulares além da edificação da casa são utilizados pelos seus proprietários como espaço de cultivo, seja de flores ou de fruta ou mesmo de hortaliças. Já os membros da sociedade que possuíam mais posses “[...] passam boa parte do seu tempo em propriedades rurais vizinhas aos núcleos urbanos, o que caracteriza a pouca importância desses núcleos.”. (MACEDO, 1999) Dentro desses núcleos o estabelecimento de praças ou qualquer outro tratamento paisagístico ocorre de forma tímida nos primeiros três séculos de colonização portuguesa, visto que não era uma necessidade urgente. “A população local, esparsa e pequena, tinha no seu cotidiano um constante relacionamento com o meio ambiente, com a vegetação tropical luxuriante, com as águas e animais.”. (MACEDO, 1999) 39


A única ressalva a ser feita é da cidade de Recife, que no século XVII, ocupada pelos holandeses, “foi provavelmente o primeiro núcleo urbano a dispor de arborização de rua no continente americano, e teve o primeiro parque público construído no Brasil: o do Palácio de Friburgo, desaparecido logo após a retirada dos holandeses de Pernambuco.”. (MACEDO, 1999) Sobre este Palácio de Friburgo é importante saber que:

“[...] ficava situado no centro de um jardim zôo-botânico, onde foi reunida uma grande variedade de exemplares da flora e da fauna dos trópicos, que serviram de fonte para os primeiros tratados escritos de história natural do Brasil, como as obras Historia naturalis Brasiliae e De medicina brasiliensi, dos

naturalistas

Williem

Piso

e

Georg

Marcgraf”.

(Fonte:

http://basilio.fundaj.gov.br/ Acesso em 10 de outubro de 2012)

Por se tratar de um palácio – figura 08 –, este jardim zôo-botânico, portanto, condiz ao histórico europeu levantado em que os tais parques públicos na época, na verdade, eram servidos a uma pequena parcela da sociedade – à aristocracia.

Figura 8 - Ilustração do Palácio Friburgo, Recife. Autor desconhecido. Como o próprio nome diz: Palácio. Representa apenas o local da aristocracia. Seu parque é apenas uma extensão, um quintal da edificação. Fonte: Prefeitura do Recife.

A preocupação com o tratamento paisagístico passa a ter relevância somente quando o processo de urbanização brasileiro consolida-se. Isto só é possível no 40


primeiro quartel do século XVIII, em 1720, quando o Rio de Janeiro é elevado à capital do Vice-Reinado, criando condições ao desenvolvimento urbano, visto que parte dos recursos da colônia passam a ser retidos na cidade. Este desenvolvimento urbano perdura de forma tímida durante as primeiras décadas da cidade como capital do Vice-Reinado. Somente:

Durante os anos de 1779 e 1783, na gestão do vice-rei Dom Luís de Vasconcelos, é construído na capital carioca o primeiro espaço público moderno e tratado do país – o Passeio Público. Construído sobre o aterro do Boqueirão da Ajuda, obra feita para complementar e melhorar a ligação do núcleo urbano com as regiões mais afastadas do sul corresponde à área que no século seguinte abrigaria os bairros do Flamengo e Botafogo. O Passeio, produto indireto desse aterro, colaborou na melhoria das condições locais de habitabilidade da região, que nas décadas seguintes seria intensamente urbanizada.. (MACEDO, 1999)

Este produto indireto do aterro de autoria do urbanista Mestre Valentim (1745-1813) seguiu exemplo do Passeio Público de Lisboa e dos jardins do Palácio Real de Queluz ao receber traçado romântico – mais orgânico –, incluindo ainda ser repleto de esculturas e elementos pitorescos. O Passeio – Figura 09 – além das esculturas era recortado por um grande lago de linhas sinuosas e originalmente tinha ligação com o mar – perdida pelos inúmeros aterros da região. (MACEDO, 1999)

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Figura 9 - Desenho original do Passeio Público do Rio com seu traçado romântico recortado por um lago. O parque foi inaugurado como um espaço contemplativo, com espécies diversas de árvores, plantas e esculturas. Fonte: MACEDO, 1999.

Fica, então, de forma muito clara que a funcionalidade – além do âmbito do saneamento, ordenamento e embelezamento – para qual foi projetada o Passeio Público do Rio Janeiro ainda era fortemente contemplativa, assim como os parques europeus, embora este continente estivesse já sob efeito da Revolução Industrial. O lazer urbano deste passeio é quase que uma apropriação de uso – assim como nos demais parques urbanos existentes até aquela época. Vale lembrar ainda que embora seja denominado de público o mesmo encontrava-se enclausurado por grades e portões – assim como a maioria dos parques da época. Ainda sobre o Passeio Público do Rio de Janeiro Macedo afirma que:

“O Passeio Público do Rio de Janeiro, feito para essas elites, entretanto é cercado e tem restrições de uso, com regras expressas de comportamento, o que também acontece em muitos espaços públicos do período. A população, em geral, está afastada dos novos espaços implementados durante o século, de modo incidental e esporádico, sem obedecerem a uma programação evidente ou a uma real demanda pública.” (MACEDO, 1999)

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Com a chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, há a introdução de hábitos e concepção arquitetônica europeia no país, alguns desses estranhos, incoerente com o clima da antiga colônia. (MACEDO, 1999) A nova concepção de cidade trazida ao país revela-se com a introdução não só da arquitetura neoclássica nas edificações, mas no tratamento dos espaços públicos. Passa-se a adotar um meio de embelezamento característico da Europa moderna, da cidade de Paris e de outras capitais europeias pioneiras das alterações sofridas frente à Revolução Industrial. É a adoção dos boulevards, dos bairros-jardim e da arborização ordenada – figura 10.

Figura 10 - O Rio de Janeiro com a chegada da Corte Portuguesa passa por grandes transformações urbanísticas para que se torne um pedaço europeu em meio à América. Ruas são alargadas e arborizadas como nos moldes franceses. Fonte: literatura.atarde.uol.com.br.

Estas mudanças, advindas com o estabelecimento da Corte Portuguesa no país, são a clara tentativa de adequação da cidade ao papel de uma importante capital da época, que pudesse competir com as demais cidades europeias. É, portanto, o estabelecimento da figuração de uma sociedade europeia.

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Os novos costumes aos poucos, segundo Macedo, são adotados em todas as camadas sociais, mesclando-se aos antigos costumes da colônia. As novas influências, seja na roupa, no comportamento familiar, no teatro ou na arquitetura transformam a cidade do Rio de Janeiro que, já no final do século XIX e com o advento da República Velha (1889-1930) apresenta-se como cidade-capital que nada tem a ver com a cidade do início do século, antes da chegada da Corte Portuguesa. Era, agora, a cidade europeia fora do continente europeu, com seus grandes edifícios, jardins, monumentos e ruas largas – figura 11. (MACEDO, 1999).

Figura 11 - O Passeio Público no Rio de Janeiro foi repaginado. O muro deu lugar ao gradil, entre o traçado romântico dos caminhos e o lago alguns pequenos rios foram construídos, além de uma pequena ilha e uma ponte em forma de tronco. Além disse estátuas representando as estações do ano vieram de Paris para decorar o espaço. Cisnes e marrecas foram trazidos para o lago e também dois peixes-bois. Fonte: passeiopublico.com.

Esta mudança significativa da paisagem estabelece-se principalmente a partir da segunda metade do século XIX, quando é introduzida na cidade uma linguagem romântica na arquitetura paisagística, que é inspirado na moderna cidade de Paris, que apresentava diversas obras de espaços livres públicos de utilização para todas as camadas sociais e não somente para a elite. (MACEDO, 1999)

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Mas vale ressaltar que esse ajardinamento do espaço livre na cidade brasileira não é um movimento aceito por todos, mas sim duramente criticado porque a vegetação tropical já se fazia presente em todos os cantos da paisagem e, portanto, não fazia sentido à adoção de novos cantos verdes, mas sim o contrário, a erradicação, segundo Macedo (1999), “tanto para o cultivo da terra como para a salubridade da urbanização.”. Portanto, a cópia do modelo de cidade europeia, que buscava a implantação do verde à cidade, tendo em vista a recuperação – até mesmo de forma cênica – da mata que boa parte da população abandonara para trabalhar na cidade por conta da Revolução Industrial, era de certo um modelo que ia de encontro aos anseios e necessidades da população brasileira. Era além de saudosismo da Corte Portuguesa uma tentativa política de mostrar poder ao mundo mesmo estando longe do país de origem. A ideia de transformação da cidade aos moldes europeus era de fato tão discordante da realidade que na Europa este novo modelo de cidade tinha como objetivo aliviar as tensões provocadas na Revolução Industrial: a nova extensão territorial e populacional e a poluição gerada. No Brasil, não havia nenhuma cidade em porte populacional e territorial como as cidades de Londres e Paris, por exemplo. Além disso, de acordo com o mesmo autor:

“As cidades brasileiras não eram industriais e tinham uma composição social bastante diversa, com uma pequena elite de poucas famílias, além de seus associados e parceiros, que conviviam com pequenos comerciantes, artesãos, libertos e uma grande quantidade de escravos.” (MACEDO, 1999)

Nesta época as cidades brasileiras se configuravam basicamente ao entorno desta pequena elite que possuía propriedades enormes em meio urbano. Seus jardins eram tão imensos, segundo Macedo (1999), que se constituíam verdadeiramente como parques, com uma estrutura totalmente independente. Ainda de acordo com o autor estes imensos jardins eram de função contemplativa “[...] voltando-se para o flanar, o encontro, para os almoços elegantes, bailes e convescotes de uma elite 45


restrita, que se visita e vive em um mundo à parte do resto da população.” Estavam tão à parte do resto da população que havia uma certa disputa entre as fachadas e jardins desta classe, principalmente nas novas vias residenciais do início do século XX: a Avenida Paulista, em São Paulo – figura 12 –, e a avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, segundo o arquiteto Macedo. (MACEDO, 1999)

Figura 12 - Na arborizada avenida paulista, ao molde parisiense, do século XX os aristocratas disputavam que tinha a melhor casa e o melhor jardim. Fonte: paulista900.com.br.

Todo este embelezamento era de influência europeia – da elite brasileira figurando um papel de nobreza europeia –, mas vale ressaltar que a europeização não deve ser enxergada somente de forma negativa. A Revolução Industrial aqui no Brasil também se fez presente, embora de forma tardia ao que se sucedeu na Europa e nos Estados Unidos da América. O avanço tecnológico consolida a cidade urbanoindustrial no país, redefinindo, então, a estrutura social presente e, por fim, a introdução da massa trabalhadora. Que, assim como a europeia, passa a exigir melhorias urbanas relacionadas ao uso do tempo livre e, por consequência, dos parques existentes. 46


Este fora um período fértil em acontecimentos políticos, de significativas mudanças quanto às demandas de lazer e a integração da massa trabalhadora ao meio social. (NIEMEYER, 2002) É somente no início do século XX que os parques ganham a introdução de atividade esportiva. Neste caso o tênis é introduzido, de acordo com Macedo (1999), como “uma prática comum a essa sociedade, e algumas quadras são construídas em jardins “categorizados”, como os da Vila Penteado em São Paulo (1903).” – figura 13.

Figura 13 - Implantação na Vila Penteado, Rua Maranhão 88, São Paulo. É importante aqui destacar além da introdução da quadra de tênis – à esquerda –, como o traçado do parque e seus elementos ainda evocam o sentido contemplativo do parque. Apesar de este ser vivenciado agora por pessoas não mais em busca apenas da contemplação, mas do lazer. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. Higienópolis: grandeza de um bairro paulistano.

O século XX, portanto, inicia com uma nova concepção de parque: o espaço se volta à contemplação da paisagem e ao lazer – atividades individuais e coletivas. Estas atividades exercidas no parque transformam-no em ponto de encontro de famílias, que se reúnem para piqueniques ou simplesmente para conversar. Os casais

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aproveitam o cenário estabelecido para namorar e os jovens para brincar das mais diversas formas. As grandes cidades brasileiras da época – São Paulo e Rio de Janeiro – enfrentam novas mudanças para adequação ao ainda modelo europeu. Cortiços e tantas outras edificações são derrubados para abertura de vias e seus respectivos ajardinamentos. A população de menor poder econômico transfere-se para locais mais afastados do centro. Nos espaços vazios gerados o mercado imobiliário constrói novas edificações. (MACEDO, 1999) Nas várzeas que cercavam o centro antigo da cidade de São Paulo, na segunda década do século XX, são construídos dois parques – Dom Pedro II e Anhangabaú – no intuito de promover, além do lazer urbano, a salubridade da região – visto que a mesma era grande foco de insetos. Era este o início de uma série de estudos de ocupação das várzeas – terrenos às margens de rio que se inundam em época de enchente – que representavam boa parte do território da cidade de São Paulo, visto que os rios na região tinham como característica serpentear, gerando assim imensas áreas de enchente, como afirma Geraldo Sesso:

“Pelas encostas da Tabatingüera e do Pátio do Colégio, bem embaixo de nossos pés, as águas [...] vinham serpenteando pela Várzea do Carmo, dando-nos a impressão de nos acharmos diante dos canais da cidade de Veneza.” (Geraldo Sesso Junior, op. Cit., p. 29. / p. 53 do trampo de Maria Luiza Ferreira de Oliveira – O registro dos limites da cidade: imagens da várzea do Carmo no século XIX).

No Parque Dom Pedro II – imagem 14 –, que ocupa, então, a antiga Várzea do Carmo, o rio Tamanduateí foi canalizado e toda a área drenada. Neste parque, de intensa utilização durante a primeira metade do século, de acordo com Macedo, era comum a prática dos piqueniques e dos passeios da população nas áreas de quiosques e ao decorrer do grande gramado composto de árvores frondosas. (MACEDO, 1999)

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Figura 14 - Traçado original do Parque Dom Pedro II com caminhos orgânicos, vias de diferentes dimensões e formação de glebas, áreas com diferentes funções. Introduz-se ainda ao parque novas edificações. Fonte: MACEDO, 1999.

Embora o início do século XX tenha iniciado com a introdução do esporte no parque com as quadras de tênis – esporte da elite – é na década de quarenta que este setor ganha real importância nos parques, saindo da sua condição informal. O futebol, esporte popularizado já na década de 20, é introduzido oficialmente com a construção de quadras e campos devidamente demarcados – imagem 01. A natação em 1940 é costumeiramente praticada em rios, praias e, claro, nas piscinas – novo símbolo de status da elite, assim como o automóvel. É desta época também a introdução do playground – imagem 02 –, o parque para as crianças, influência norte-americana, que contribuí para a redução dos espaços para a recreação – visto que passa a concentrar as atividades desenvolvidas. (MACEDO, 1999)

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Imagem 1 - Foto atual do parque localizado na COHAB 2, em Itaquera, São Paulo. O Parque surgiu na década de 30 no local de uma antiga Chácara. O lazer e o esporte no parque estão presentes desde a sua inauguração, segundo a Prefeitura de São Paulo. Fonte: prefeitura.sp.gov.br

Imagem 2 - Foto atual do parque localizado na COHAB 2, em Itaquera, São Paulo. O Parque surgiu na década de 30 no local de uma antiga Chácara. O lazer e o esporte no parque estão presentes desde a sua inauguração, segundo a Prefeitura de São Paulo. Fonte: prefeitura.sp.gov.br

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De acordo com Macedo:

A sociedade do século XX destituiu dos grandes espaços públicos o hábito de flanar como principal atividade de lazer, privilegiando as atividades esportivas, que se tomam comuns a ponto de muitas vezes eliminar por completo o passeio ocioso nos novos espaços construídos (em especial no final do século). (MACEDO, 1999)

A partir daí, portanto, os inúmeros parques construídos são aos poucos ocupados pelas quadras esportivas e pela ocupação de outras atividades na área dos lagos – como o remo e a natação, por exemplo. A valorização das plantas nativas ocorrida no Ecletismo forma, em parte, de acordo com Macedo (1999), a base técnica e cultural para o Modernismo que valoriza de forma “[...] exacerbada a vegetação tropical no tratamento e formalização dos seus projetos”.

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4 ESTUDO DE CASO

Os presentes estudos de caso fornecem algumas informações necessárias para o estudo conceitual de ocupação. Desde a forma do traçado das vias e suas dimensões, bem como o tratamento paisagístico adotado de forma seccionada – evocando ao parque a composição de mais de um cenário –, mas que se conecta com o todo. Além de possibilitar o entendimento da localização dos equipamentos e suas dimensões, denotando a criação de zonas específicas para um determinado grupo de atividades, e também as diversas relações propostas e não propostas com a massa d’água e com o meio ambiente. Dar-se também ideia de como um parque pode agregar valor a uma região e a uma cidade.

4.1 PARQUE INTERNACIONAL

4.1.1 CENTRAL PARK

O Central Park, em português Parque Central, é um parque localizado no distrito de Manhattan, na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos da América – figura 15.

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Figura 15 - Observe a dimensão do Central Park (limitado em verde, ao centro da imagem) em relação ao Distrito de Manhattan (limitado em vermelho). Fonte: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

É o mais importante parque da cidade e reconhecido em grande parte do mundo. Ao entorno de sua área de 3,4 km² está o distrito caótico, a vida corrida nova iorquina e os arranha-céus – imagem 03. Este contraste entre o espaço verde e o espaço cinza – alusão às construções – compõe a paisagem de maneira singular desta cidade.

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Imagem 3 - Foto que mostra a integração e a inserção do Central Park na cidade de concreto. Fonte: blogs.villagevoice.com (Acessado em 06 de abril de 2013).

4.1.1.1 BREVE HISTÓRICO

O norte-americano Frederick Law Olmsted, referenciado como pai da arquitetura paisagística, projetou o Central Park, sendo influenciado, segundo autores, anos antes pelo projeto do Birkinhead Park (Inglaterra) – o primeiro parque construído com recursos públicos, em 1843 – (figura 16) durante uma viagem feita pela Europa em 1850. Antes de iniciar sua carreira de arquiteto paisagístico, Frederick realizou muitas outras viagens nas quais viu diversas paisagens naturais e construídas.

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Figura 16 - Parque Birkenhead, na Inglaterra, no qual influenciou Olmsted no projeto do Central Park.

Notam-se os diferentes traçados orgânicos para diferentes meios de transporte e áreas abertas e fechadas no tratamento paisagístico ao longo destes traçados. Fonte: courses.cit.cornell.edu (Acessado em 06 de abril de 2013).

Ao voltar aos Estados Unidos desejou planejar um parque voltado especificamente para o público – algo que não havia na América –, mas este desejo só foi concretizado anos mais tarde após vencer, em parceria com o arquiteto inglês Calvert Vaux (responsável pelo projeto arquitetônico), um concurso em Nova Iorque – daquilo que viria a ser, então, o Central Park. De acordo com Frederick em relação a realizar a construção de um parque voltado ao público:

“É agora evidente que o movimento não foi levado em um país para o outro, no entanto, pode ter sido influenciado ou acelerado. Ele não funcionou como uma moda. Seria mais parecido ter sido um movimento espontâneo comum[...].”

Definindo assim, portanto, que a concepção de projetos voltados ao público era mais uma questão de evolução social, de novas ideias e visões a respeito do ambiente urbano. 55


O Central Park foi inaugurado em 1858 e tinha como objetivo receber um grande público, dado o tamanho do seu território – como visto anteriormente na imagem 03 – que fora justificado pela previsão de crescimento populacional da cidade. De acordo com Carlos Augusto da Costa Niemeyer (2002) o projeto era um grande sucesso já em 1871, recebendo 50 mil pessoas em um dia de final de semana. Segundo Diane Beverley Hinds este sucesso ocorre desde o início, tendo o parque quatro milhões de visitantes em 1863 (cerca de onze mil/dia), sete milhões e quinhentos mil em 1865 (cerca de vinte mil/dia) e onze milhões em 1871 (aproximadamente trinta mil/dia).

4.1.1.2 O PARQUE

O Central Park fora projetado para ser um escape da estressante vida urbana – problema relatado já no século XIX –, oferecendo equipamentos e serviços que possibilitassem este desligamento temporário do cidadão com a cidade. Frederick Law Olmsted, de origem rural, desenhou o parque de forma a proporcionar ao visitante uma experiência com paisagens que remontam ao cenário campestre. Para tal o arquiteto utilizou-se do artifício de ao redor do parque plantar inúmeras árvores que não só encobrissem, mas fechassem as perspectivas existentes daquilo que ele considerava caótico: as construções do entorno. Isto também possibilitou um relativo bloqueio dos ruídos da cidade. Infelizmente, com o início da construção dos arranhacéus perdeu-se esta sensação de mata fechada, de ambiente rural. Ao longo deste parque inúmeros cenários foram criados para promover o relaxamento dos seus visitantes – imagem 04. Em alguns pontos o cenário é composto por pedras aparentes, já outros são verdadeiras áreas pantanosas, o que demonstra, portanto, a grande diversidade criada por Olmsted, que tinha o intuito de oferecer a sensação de ambiental rural até mesmo para o cidadão mais pobre de Nova Iorque.

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Imagem 4 - Composição de fotos da paisagem do Central Park. O paisagismo é diferenciado em cada canto do parque. Fonte: semmundo.com (Acessado em 09 de abril de 2013).

A respeito do traçado dos caminhos Olmsted separou a circulação em quatro tipos: 1) transeuntes, cavaleiros, carruagens e o tráfego comum de rua. Esta separação é de certo uma influência do Birkenhead Park, que era separado entre carruagens e pedestres. Segundo Diane Beverley Hinds o traçado do Central Park foi feito:

“[...] em diferentes níveis para se adaptar aos contornos da terra. O valor dessa inovação não reside apenas em maior segurança para os pedestres e outros veículos, mas também na liberdade de distração e maior relaxamento oferecido para as pessoas que usavam o parque.”

A intenção destes diferentes caminhos, além das citadas por Diane, era propiciar sensações variadas e que atendessem a todo tipo de usuário. Como pode ser visto 57


na figura a seguir – figura 17 – há no Central Park três ruas que o cortam de forma a atender aos usuários que simplesmente querem atravessar o terreno de forma rápida, sem querer usufruir propriamente do ambiente – mas de outros serviços da cidade. Há ainda um caminho que se estende por todo o parque, formando um circuito. Este circuito é o percurso principal e serve para os diferentes modais.

Figura 17 - Na figura acima as ruas em preto representam aquelas que possibilitam ao visitante cortar o parque. Em marrom o circuito principal e em branco os demais caminhos (em sua maioria trilhas). Fonte: blogs.cornell.edu (Acessado em 09 de abril de 2013).

Ao longo do parque, entre as glebas formadas por estes dois sistemas acima citados, existem outros percursos, sendo a maioria denominado de trilha por serem relativamente estreitos, remontando a ideia de paisagem rural. O circuito principal e estes outros caminhos do parque não são retilíneos, mas curvos (orgânicos) – acompanhando, quando possível, a topografia. Isto gera, portanto, um passeio mais longo, colocando o objetivo de atravessar o parque como secundário – menos importante. Ao longo deste passeio, por não ser possível visualizar todo o percurso, o visitante tem diversas surpresas com os ambientes projetados por Olmsted e Vaux, que criam neste intuito de sensação de surpresa ambientes formais como, por exemplo, The Mall (Praça de Pedestres) – imagem 06 - e Literary Walk (Caminho Literário) e outros pastorais – The Ramble (O Passeio) – imagem 05 -, por exemplo.

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Imagem 5 - O caminho na área conhecida como The Ramble (O Passeio) é estreito e a vegetação em alguns pontos é bastante fechada dando ao transeunte sensação de estar realmente fora da cidade de Nova Iorque. Foto por: Cecília Lucchese. Fonte: theurbanearth.wordpress.com (Acessado em 09 de abril de 2013).

Imagem 6 - The Mall possui um caminho mais formal – retilíneo – e arejado, além de conter equipamentos urbanos ao longo de seu trajeto. É utilizado, segundo a arquiteta Cecília Lucchese, por boa parte dos visitantes, pois também é reduto dos artistas de rua, segundo a arquiteta. Fonte: theurbanearth.wordpress.com (Acessado em 09 de abril de 2013).

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O parque em si oferece diversas atividades – formais ou informais – aos seus visitantes. Há o museu Metropolitano de Arte, restaurantes, anfiteatro, zoológico, quadra de tênis, basquete, vôlei, rinque de patinação, playgrounds, jardins para contemplação, diversas trilhas para caminhada a pé ou – hoje mais comumente – de bicicleta, passeios de carruagem e a cavalo. Nos lagos há a possibilidade de desfrutá-los através do pedalinho. Central Park conta com diversas praças – sendo The Mall um reduto de artistas de rua – e espaços verdes e abertos que além da serventia para o piquenique são famosos pela principal atividade do nova-iorquino e dos turistas no parque: banho de sol. Vale ressaltar que alguns desses elementos foram introduzidos posteriormente e, portanto, não faziam parte do projeto original do parque.

Figura 18 - Área do Central Park. Fonte: centralpark.com

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Como pode ser notada na figura anterior – figura 18 -, cada uma dessas glebas formadas pelo arruamento principal forma uma espécie de zona em que uma ou mais atividades descritas anteriormente fomentam a sua ocupação, dão vida ao local. No entorno do parque há diversos museus – Museu da Cidade de Nova Iorque; Museu Del Barrio; Museu do Judeu; Museu Guggenheim; Museu Cooper Hewitt; e o Museu Americano de História Natural –, o planetário Hayden, diversas lojas e restaurantes. Estas outras atividades complementam a experiência do visitante ao reduto do Central Park. Estações de metrô e pontos de ônibus facilitam o acesso à região. Em relação à arquitetura dos ambientes o parque oferece equipamentos para fins de relaxamento e contemplação da paisagem. Nas praças é possível encontrar obeliscos, fontes, esculturas – algumas efêmeras (principalmente próximo ao Museu Metropolitano de Arte). As edificações existentes possuem estilos diversificados, acompanhando a atmosfera criada em cada ambiente. Como exemplo, pode-se citar o Castelo Belvedere que é um híbrido da arquitetura gótica e românica, situado em The Ramble – ambiente de aspecto selvagem, que remonta a Idade Média. Em contrapartida o Museu Metropolitano de Arte é uma arquitetura eclética, provinda da escola de Belas Artes, caracterizado pela simetria e busca de grandiosidade. Este estilo integra-se com o ambiente mais formal em que se encontra, principalmente por estar voltado para às ruas da cidade, onde há diferentes estilos de arquitetura. Das questões paisagísticas referentes à fauna e flora, o parque possui pelo menos 174 espécies – nativas e exóticas. São cerca de 25 mil árvores plantadas – sendo 1,7 mil Elm Americano -, das quais apenas 150 árvores estão lá desde a criação do parque por Frederick Law Olmsted e Calvert Vaux. O Central Park, segundo Lewis B. Woodruff e Augustus G. Paine, em 1886 possuía 121 espécies de aves. Em 1967 o ambientalista Roger Pasquier catalogou 266 espécies de aves. Cerca de ¼ das espécies de aves dos Estados Unidos já foram vistas no parque, o que torna o ambiente um importante observatório do país e do mundo. Quanto às espécies terrestres e aquáticas, não foram encontrados dados quantitativos para elucidar o trabalho, mas encontram-se no parque pelo menos 61


duas espécies de esquilo, além de guaxinins e gambás. Em 2002 fora descoberta uma nova espécie de centopeia – Nannarrup hoffmani.

4.1.1.3 RELEVÂNCIA AO ESTUDO CONCEITUAL DE OCUPAÇÃO

É importante destacar que o Central Park modificou não só o aspecto visual da cidade, mas a economia da mesma – pelo grande volume de turistas que atrai. Promove um espaço de bem-estar e saúde à população, sendo recomendado como tratamento em inúmeros casos por médicos. O parque é habitat de muitas espécies, tendo aves que costumam migrar para a região, agregando, portanto, grande valor ambiental – que atrai além de turistas, pesquisadores na busca por novas espécies ou no interesse pelo estudo e manutenção do Central Park. Tal parque delimita muito bem a questão dos caminhos, promovendo diferentes usos através de suas dimensões e sentidos. Criou diversos cenários ao longo dos mesmos que possibilitam ao visitante pensar que está, de fato, longe da cidade. Quando, na verdade, está dentro da mesma. Seus equipamentos, em foco à cultura e ao esporte, sua apropriação da lagoa, seus gramados para atividades não préestabelecidas e para instalações efêmeras são de grande inspiração a este presente trabalho.

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4.1 PARQUE NACIONAL

4.1.1 PARQUE BARIGUI

O Parque Barigui está localizado próximo ao centro da cidade de Curitiba, Paraná. Entre a Avenida Manoel Ribas e a BR-277, sendo cortado pela Avenida Candido Hartmann – figura 19. Possui 1,4km² e é o parque mais frequentado da cidade. Sua escolha para análise é devido não só a relação que faz com a água, mas pela diversidade de equipamentos nele contido – decisões projetuais – de grande relevância e, é claro, o objetivo que envolveu a implantação do mesmo.

Figura 19 - Localização do Parque Barigui em Curitiba, PR. Fonte: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg

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4.1.1.1 BREVE HISTÓRICO

O Parque Barigui – imagem 07 – era uma antiga sesmaria pertencente a Martins Mateus Leme e foi transformado em parque em 1972 pelo, então, prefeito da cidade Jaime Lerner. O projeto é de autoria do arquiteto Lubomir Ficinski. O nome Barigui tem origem indígena: rio do fruto espinhoso. Tal nome é uma alusão às pinhas de araucárias nativas, ainda presentes no local. A ideia de transformar a área que engloba a região da lagoa faz parte de uma política municipal de preservação de fundos de vale, cujo objetivo é evitar o assoreamento e a poluição dos rios, proteger a mata ciliar e impedir a ocupação irregular das suas margens. Além de servir de refúgio para diversos animais, seus bosques servem para regular a qualidade do ar da capital e a lagoa, de 230 mil m², originada pelo represamento do rio, ajuda a conter as enchentes do Rio Barigui.

Imagem 7 - Vista área do Parque Barigui. Nota-se a relação com o entorno. Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/ Foto: Michel Willian.

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4.1.1.2 O PARQUE

Figura 20 - 1 – Salão de Atos / Restaurante; 2 – Pavilhão de Exposições; 3 – Parque de Diversões; 4 – Heliponto; 5 – Sanitários; 6 - Portal; 7 – Lanchonete; 8 – Churrasqueiras; 9 – Trilha de Obstáculos; 10 – Pista de patinação; 11 – Portal de Santa Felicidade; 12 – Museu do Automóvel; 13 – Academia de Ginástica / Lanchonete; 14 – Quadras Esportivas; 15 – Pista de caminhada / ciclovia; 16 – Pista de bicicross; 17 – Secretaria Municipal do Meio Ambiente; 18 – Sede dos escoteiros; 19 – Rio Barigui; 20 – Sede de manutenção; 21 – Equipamentos de Ginástica; 22 – Estacionamento; 23 – Trilhas; 24 – Ponte; 25 – Bistrô. Fonte: http://www.porthuseventos.com.br/ Acessado em 12 de maio de 2014.

O parque público – figura 20 –, aberto 24h, todos os dias, se desenvolve ao longo do trecho do Rio Barigui que desemboca na lagoa. Possui áreas de estacionamento – 1950 vagas com canteiros arborizados –, próximas aos equipamentos e um heliponto – imagem 08 – na entrada principal que serve para o visitante desfrutar da vista aérea do parque, bem como, de outros pontos turísticos da cidade de Curitiba. Nesta entrada também se encontrava o parque de diversões, hoje não mais existente. 65


Imagem 8 - Heliponto do parque Barigui. Nesta imagem é possível notar como é feita a separação com a Avenida Manoel Ribas. Fonte: http://flickr.com/

Logo após a área de estacionamento e do antigo parque de diversões está a lagoa do Rio Barigui. Ao entorno da mesma há pistas para caminhada e para ciclovia, arborizadas, que formam um circuito que vai até o outro acesso ao parque – imagem 09.

Imagem 9 – Pista para caminhada e ciclovia e a aproximação com a massa d’água. Fonte: http://flickr.com/

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Ao longo deste circuito encontra-se o Pavilhão de Exposições, de arquitetura singular, com seus 10 mil metros quadrados e 6 metros de pé-direito – imagem 10. Além do Salão de Atos da Prefeitura Municipal de Curitiba – imagem 11. Entre estas duas estruturas, há uma área de quiosques com churrasqueiras – imagem 12 –, uma trilha de obstáculos e uma lanchonete à beira da lagoa – imagem 13 –, envolta por duas massas vegetativas propiciam ao visitante outro cenário. Uma relação mais íntima com o corpo d’água e com a vegetação. Ainda neste circuito, após o Salão de Atos, está a pista de patinação – bastante utilizada, em especial, pelos jovens.

Imagem 10 – Vista do Pavilhão de Exposição do Parque Barigui. Fonte: http://flickr.com/

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Imagem 11 – Salão de Atos da Prefeitura Municipal de Curitiba. Fonte: http://flickr.com/

Imagem 12 – Modelo de churrasqueira do Parque Barigui. Fonte: www.vectraclube.com.br

68


Imagem 13 – Relação estabelecida http://www.guiaturismocuritiba.com/

entre

a

lanchonete

e

a

lagoa

Barigui.

Fonte:

No acesso ao parque pela Avenida Cândido Hartmann situa-se à sua margem o estacionamento, o Museu do Automóvel – imagem 14 –, o Bistrô – restaurante – (imagem 15), equipamentos de ginástica e quadras esportivas.

Imagem 14 – Museu do Automóvel. Fonte: http://www.guiaturismocuritiba.com/

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Imagem 15 – Bistrô do Parque Barigui. Fonte: http://www.guiaturismocuritiba.com/

Ao longo do trecho do Rio Barigui que faz parte do parque há outro circuito com pistas para caminhada e ciclovia que se desenvolve até próximo a Avenida Manoel Ribas, atravessando o rio através de uma ponte – imagem 16. Nesta área final há trilhas envoltas por vegetação – imagem 17 – que dão acesso à área de quiosques de churrasqueiras, sede dos escoteiros e a sede da Secretaria Municipal do Meio Ambiente – imagem 18.

Imagem 16 – Ponte sobre o rio Barigui que forma a lagoa do parque. Fonte: http://www.guiaturismocuritiba.com/

70


Imagem 17 – Trilha do parque em área de mata fechada. Fonte: http://transpirando.com/

Imagem 18 – Secretaria do http://www.guiaturismocuritiba.com/

Meio

Ambiente

instalada

no

Parque

Barigui.

Fonte:

É possível ainda retornar ao circuito por outra trilha que dá acesso à área de quadras esportivas, academia de ginástica e pista de bicicross.

71


4.1.1.3 RELEVÂNCIA AO ESTUDO CONCEITUAL DE OCUPAÇÃO

O Parque Barigui demonstra a transformação real de um terreno em parque, assim como o Central Park, sem que se isole das conexões viárias existentes na cidade – ou ainda que propostas ao longo do projeto. Criou diversas atividades e redutos destinados à comunidade local e ao visitante que promovem a socialização – como as churrasqueiras. Além, é claro, de ocupar o espaço com equipamentos do órgão público para promover a circulação e utilização do parque.

4.1.2 PARQUE TANCREDO NEVES

O Parque Tancredo Neves – imagem 19 –, mais conhecido como Tancredão, está localizado no bairro Mário Cypreste na capital do Espírito Santo, Vitória. Fica próximo a Segunda Ponte – Ponte do Príncipe – e do Terminal Rodovíario Carlos Alberto Vivácqua. Possui área de aproximadamente 52 mil m² e é uma das poucas áreas de lazer da Região Metropolitana da Grande Vitória – que engloba 7 municípios e uma população superior a 1,6 milhão de habitantes.

Imagem 19 - Localização do Parque Tancredo Neves em Vitória, ES. Fonte: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. 72


4.1.2.1 BREVE HISTÓRICO

O parque ou ainda Centro Esportivo Tancredo Neves de Almeida foi inaugurado pela primeira vez em 30 de abril de 1986 em área aterrada durante a década de 60 e 70. Área esta que se constituía originalmente de mangue e de água da baía de Vitória. O primeiro projeto – imagem 20 – é de autoria do arquiteto capixaba Carlos Alberto Vivacqua Campos. No terreno, de formato triangular, estavam dispostas três quadras esportivas. Os caminhos sinuosos e pavimentados cortavam o parque interligando os equipamentos - formando também os espaços gramados. Havia além das quadras esportivas, um anfiteatro circular, um relógio de sol em concreto e equipamentos destinados ao lazer infantil e à ginástica.

Imagem 20 – Vista superior do antigo projeto do Parque Tancredo Neves em Vitória, ES. Fonte: Google Earth.

Entretanto a área foi abandonada. A falta de manutenção, o mau uso e a falta de segurança aos visitantes provocaram debates com a comunidade. Através da pressão popular a Prefeitura reformou o local em 2004, cercando-o, construindo 73


guaritas e portais de acesso, bem como, remodelando as quadras, com novos alambrados e vestiários – imagem 21 e 22.

Imagem 21 – Antigo passeio do Parque Tancredo Neves em Vitória, ES. Fonte: Prefeitura de Vitória.

Imagem 22 – Vista da área esportiva do antigo Parque Tancredo Neves em Vitória, ES. Fonte: Prefeitura de Vitória.

74


Em 2006, em organização do Departamento Espírito Santo do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/ES), a Prefeitura realizou um concurso denominado “Concurso Público Nacional para o projeto de Arquitetura do Novo Parque Tancredo Neves”. O projeto vencedor é de autoria da equipe de Francisco Spadoni.

4.1.2.2 O PARQUE

O atual Parque Tancredão – imagem 23 e figura 21 – apresenta um aspecto muito interessante que é o zoneamento de funções. Ao contorno do parque, incluindo o trecho da orla, nenhuma função específica. É dado a este o lugar do ócio, da contemplação da paisagem.

Imagem 23 - Waterfront do Parque Tancredo Neves. Fonte: http://www.vitruvius.com.br/

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Figura 21 - 1 Acesso ao centro de esportes e lazer; 2 Estacionamento; 3 Passarela; 4 Academia; 5 Piscinas; 6 Ginásio; 7 Quadra de futebol society; 8 Quadra de futebol de areia; 9 Quadra poliesportiva; 10 Praça central; 11 Lanchonete; 12 Playground; 13 Pergolado; 14 Pista de Skate; 15 Pista de Cooper; 16 Ciclovia; 17 Bicicletário; 18 Garagem de Barcos; 19 Rampa de Barcos; 20 Píer; 21 Píer para pesca recreativa; 22 Píer flutuante; 23 Base Operacional; 24 Castelo d’água; 25 Torre de Alta Tensão. Fonte: http://arcoweb.com.br/

O projeto não fora executado em sua totalidade – como pode ser notado pela inexistência do trecho final da passarela que delimita e marca o eixo leste-oeste –, entretanto, permanece com suas zonas bem definidas. Ao longo do waterfront um calçadão de 463 metros 3 metros de largura dá acesso aos píers. Atrás uma ciclovia com 2,50 metros de largura e 520 metros de comprimento, separa-se da pista de cooper – formando glebas verdes – de 410 metros e 2,50 metros de largura. Esta por sua vez, engloba a área administrativa do parque e corta a área que dá acesso a garagem de barcos. Mais ao longe do mar, no acesso ao parque, o estacionamento com 202 vagas atende ao fluxo gerado, principalmente pelo Ginásio de Esportes, com capacidade para 1754 pessoas – imagem 24. Ginásio este que possui uma quadra poliesportiva que atende a diferentes interesses e modalidades. Tendo a possibilidade ainda de realização de shows – devido ao tratamento acústico. Ao lado deste complexo encontra-se a área de piscinas – uma semi-olímpica e outra recreativa – e com arquibancada para 304 lugares – imagem 25 e 26. 76


Imagem 24 – O ginásio de esportes com arquibancada com capacidade para 1754 pessoas. Fonte: http://arcoweb.com.br/

Imagem 25 – A área das piscinas vista da arquibanca. Ao fundo edificação destinada aos vestiários e academia. Fonte: http://arcoweb.com.br/

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Imagem 26 – A piscina serve para competições e aulas de natação e hidroginástica à comunidade. Fonte: http://www.vitoria.es.gov.br/

Acima desta área diversas quadras de esportes e outro acesso à área – imagem 27. O Parque Tancredão conta ainda com lanchonetes e uma praça central; além de aproximadamente 1000 m² de pista para skate – imagem 28.

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Imagem 27 – Vista das quadras esportivas do Parque Tancredo Neves. Fonte: http://arcoweb.com.br/

Imagem 28 – A pista de skate é uma das áreas mais utilizadas pela população. Ao fundo uma das comunidades beneficiadas diretamente pelo projeto do Parque Tancredo Neves. Fonte: http://www.vitoria.es.gov.br/

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4.1.2.3 RELEVÂNCIA AO ESTUDO CONCEITUAL DE OCUPAÇÃO

O Parque Tancredo Neves apresenta dentro dos estudos de caso elencados o melhor zoneamento de funções e ainda possibilita a total integração com a comunidade ao promover aulas em seus equipamentos esportivos. Além disso, possui uma relação muito interessante com a água, de forma contemplativa, como cenário de fundo de outras atividades e também de forma ativa, quando permite a ocorrência de esportes aquáticos ao propor uma edificação para a guarda de barcos e permitir o livre acesso à massa d’água.

80


5 ÁREA DE ESTUDO

5.1.1 ANÁLISE URBANA

Para a análise urbana é necessário compreender a evolução urbana da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). Esta evolução do ponto de vista territorial, populacional e econômico começou tardiamente, em comparação com outras regiões metropolitanas do Brasil como, por exemplo, São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Recife. O processo de industrialização destas cidades, já no início do século XX, propiciou a expansão territorial e, consequentemente, a rápida conurbação – aglomeração – de suas cidades e o crescimento populacional. Segundo consta no Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória, produzido pelo Governo do Estado do Espírito Santo em parceria com a Secretaria de Estado de Economia e Planejamento (SEP) e o Instituto de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento Jones dos Santos Neves (IPES), a RMGV teve este processo industrial somente a partir da década 70 – tendo anteriormente o café como poder econômico –, com a instalação de grandes complexos industriais e de logística em seu território, contribuindo, então, ao desenvolvimento de núcleos familiares em seu entorno. Estas indústrias, portanto, instaladas em diversos pontos ampliaram o horizonte territorial das cidades, gerando ocupação dispersa e fragmentada – como se pode analisar nas figuras de evolução urbana a seguir – figura 22 e 23.

81


Figura 22 - Mapa de evolução da malha urbana da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). À esquerda, RMGV na década de 70. À esquerda a RMGV na última década. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória.

82


Figura 23 - Processo evolutivo da Região Metropolitana da Grande Vitória. Observa-se que a faixa litorânea em Vitória e próxima a esta cidade se desenvolveu verticalmente, enquanto as demais áreas se desenvolveram horizontalmente. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória.

Estas indústrias, que se instalaram a princípio nas cidades de Vitória e Serra e posteriormente Cariacica, Vila Velha e Viana – tendo pouco desenvolvimento industrial nas cidades de Guarapari e Fundão – contribuíram não só para o crescimento territorial e populacional como mostra a figura acima, mas para o crescimento econômico. 83


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) a RMGV concentra mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Espírito Santo – como pode ser visto na tabela a seguir (tabela 01).

Tabela 1 - PIB a preços de mercado, por município da RMGV – 2003 a 2009. Fonte: IJSN e IBGE. Autor da tabela: Vitor Fehelberg.

Este poder econômico expressivo atrelado ao processo de industrialização, que culminou na expansão territorial e populacional destas cidades, trouxe uma série de problemas às mesmas devido à falta de planejamento. Os problemas de infraestrutura presenciados não atingem tão somente a população, mas também ao meio ambiente. A Região Metropolitana da Grande Vitória6 possui cerca de 30,20% do território constituído em Áreas de Preservação Permanente (APP) – de acordo com os limites de restrições ambientais definidos pela legislação – tabela 02. Este número aumenta para 44,50% quando as restrições são também relacionadas aos aspectos ambientais como relevo e áreas alagadas – tabela 03.

6

De acordo com os Estudos Integrados de Uso e Ocupação do Solo e Circulação Urbana da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), desenvolvido pelo Governo do Estado do Espírito Santo, em parceria com a Secretaria de Estado de Economia e Planejamento (SEP) e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). 84


Tabela 2 - Representatividade das Áreas de Preservação Permanente na composição do território da RMGV. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória. Elaboração: Myr Projetos Sustentáveis – produzido através de informações das Prefeituras Municipais e GEOBASES.

Tabela 3 - Representatividade das áreas de restrições ambientais na composição do território da RMGV. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória. Elaboração: Myr Projetos Sustentáveis – produzido através de informações das Prefeituras Municipais e GEOBASES.

Observa-se no mapa a seguir – figura 24 – todas estas restrições de aspectos ambientais no território da RMGV. É importante salientar que o processo de urbanização ao longo das últimas décadas encaminhou-se para estas áreas e a tendência de crescimento urbano nas décadas seguintes é de prosseguir o avanço 85


sobre estas áreas, embora de forma gradativa devido à pressão social quanto aos aspectos ambientais.

Figura 24 - Mapa das áreas de restrições ambientais na composição do território da RMGV. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória. Elaboração: Myr Projetos Sustentáveis – produzido através de informações da GEOBASES e do SEAMA.

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Nota-se que dentre os catorze aspectos ambientais citados anteriormente, nove tem relação com água, o que demonstra de forma clara a importância deste elemento. Em razão desta importância é necessário analisar através de mapa – figura 25 –, então, como o mesmo encontra-se no território da RMGV.

1

Figura 25 - Mapa das Massas D’agua (Azul claro) e das Áreas Alagáveis (Azul escuro) que compõe o território da RMGV. Em circular pontilhado vermelho destaca-se a maior presença do recurso hídrico. Fonte: Relatório da Região Metropolitana da Grande Vitória.

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Pode-se notar, sem a presença da malha urbana, como a massa d’água está estabelecida na região. Nos círculos pontilhados em vermelho destaca-se a maior presença destes cursos d’água, caracterizando áreas de alagamento, parte deles formando grandes lagoas, como o caso da lagoa Jabaeté, em Vila Velha – imagem 29.

Imagem 29 - Foto da Lagoa Jabaeté, em Vila Velha. Ao fundo região rural da cidade. Fonte: Arquivo pessoal, 18 de julho de 2011.

Todas as cidades em questão são cortadas por rios, mas algumas delas possuem este elemento natural em maior número – como observado no mapa anterior o município da Serra – o que delimita o crescimento, em tese – não é o que ocorre em prática –, da cidade, em sua expansão horizontal.

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Tendo como base a importância dos aspectos ambientais, em principal os recursos hídricos, é necessário que a intervenção, o estudo conceitual de ocupação do parque ocorra em uma destas áreas, visto que a preocupação de proteger este recurso natural da expansão urbana visa além de tudo a sobrevivência humana. Vale lembrar aqui que a água, possui além de valor ambiental, valor econômico. Portanto ao presente estudo consideram-se as lagoas que se encontram em eminente ameaça urbana, ou seja, já sendo parte da malha urbana atual ou próxima à mesma. A análise a seguir – figura 26 e 27 –, então, verifica a existência das mesmas que estão nestas condições na Região Metropolitana da Grande Vitória.

01

02

03

X ’

Figura 26 - 01) Vitória; 02) Cariacica; 03) Fundão. Em destaque a Zona Urbana da cidade e em círculo pontilhado vermelho as lagoas que encontram-se em perímetro urbano ou próximo a ele. Fonte: Google Maps e Prefeituras Municipais. Elaboração: Vitor Fehelberg. 89


01

03

02

04

Figura 27 - 01) Viana; 02) Vila Velha; 03) Guarapari; 04) Serra. Em destaque a Zona Urbana da cidade e em círculo pontilhado vermelho as lagoas que encontram-se em perímetro urbano ou próximo a ele. Fonte: Google Maps e Prefeituras Municipais. Elaboração: Vitor Fehelberg.

Dentro os municípios da RMGV, nota-se que todos possuem problemas de ocupação em relação aos aspectos ambientais – o que pode vir a ocasionar graves ocorrências como deslizamentos de terra (em áreas de encostas) e enchente, por exemplo. Sendo o aspecto ambiental relevante a este estudo, visto que o mesmo tem como objetivo provocar o pensar sobre um novo modelo de ocupação ao meio urbano – sem a máxima degradação do meio ambiente –, e a sua preocupação em conter o avanço urbano frente aos recursos naturais, em especial às lagoas – que resguardam em seu entorno um micro ecossistema (que pode ser único do ponto de vista das espécies nele contida) – há cinco municípios que se enquadram para a devida intervenção: Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória. 90


Embora Fundão tenha próximo ao seu território urbano a presença de algumas lagoas, o avanço urbano desta cidade ocorre de forma mais lenta já que a mesma, apesar de pertencer à Região Metropolitana da Grande Vitória, ainda detêm características de cidades do interior por ter sua economia baseada no setor agrícola. Portanto, descarta-se a sua inclusão desta localidade ao trabalho por não ter a ocupação urbana como ameaça iminente ao recurso hídrico. Já Cariacica é o único município que não possui lagoas dentro ou próximo de seu perímetro urbano, mas em compensação faz limite com a Baia de Vitória, importante bacia hidrográfica da região.

5.1.2 ANÁLISE SOCIAL

Em relação à população, segundo dados do IBGE, quase metade do Estado do Espírito Santo mora na Região Metropolitana da Grande Vitória – tabela 04.

Tabela 4 - Total da População na Região Metropolitana da Grande Vitória – 2000 e 2010. Fonte: IBGE, Resultados do Censo 2000 e 2010. Elaboração da Tabela: Vitor Fehelberg.

91


Esta população, em crescente aumento, demanda de investimentos contínuos e cada vez maiores a fim de suprir as suas necessidades básicas como moradia, educação, saúde, emprego, saneamento básico e segurança. A falta de investimento do poder público permite que a situação precária se perpetue nos bairros periféricos das cidades, que tem o desemprego como consequência de sua

baixa

escolaridade

ou

falta

de

qualificação

profissional,

visto

que

majoritariamente os moradores destas regiões são oriundos de atividades agrícolas ou de migrações diversas. Estes moradores, em grandes parte os jovens, fragilizados socialmente pela falta de condições no mercado formal e por consequência na não evolução de sua situação financeira e, é claro, da melhora de autoestima e perspectiva de vida são, mais susceptíveis à criminalidade. Vale ressaltar que a metrópole do Estado que é a quinta maior potência econômica do país (IBGE 2010) é a mesma metrópole que tem as maiores taxas de homicídio – tabela 05. Isto demonstra a ineficiência ou ausência de políticas públicas, da intervenção do governo em ações contra o crescimento desordenado das cidades e suas consequências.

Tabela 5 - Taxa de Homicídios por mil habitantes das Regiões Metropolitanas Brasileiras – 1980 a 2002. Apesar da distância temporal apresentada (uma década) Vitória ainda é considerada uma das capitais mais violentas do país. Fonte: Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo. Elaboração: CERQUEIRA; LOBÃO; CARVALHO, 2005, p. 5. 92


De forma mais detalhada, como pode ser vista na tabela a seguir, a RMGV em comparação com o Estado e os demais municípios apresenta a maior taxa de violência urbana – tabela 06. 140,0

Taxa de Homicídio (por 100 mil hab.)

120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0

ES

RMGV

2007

2006

2005

2004

2003

2002

2001

2000

1999

1998

1997

1996

1995

1994

1993

1992

1991

1990

1989

1988

1987

1986

1985

1984

1983

1982

1981

1980

0,0

Demais Municípios

Tabela 6 - Taxa de Homicípio por 100 mil Habitantes – 1980 a 2007. Fonte: Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo. Elaboração: SIMDATASUS, 1979-2004; CIODES, 2005-2007.

Esta alta taxa presente também em outros municípios que possuem maior grau de urbanização como, por exemplo, Linhares, expõe os problemas sociais deflagrados pela desorganização da ocupação urbana. A falta de equipamentos urbanos – de ensino (escolar e técnico), postos de saúde, parques, praças, dentre outros – a não abrangência total da cobertura da iluminação pública, da segurança e do saneamento básico aliam-se a desestruturação familiar, a falta de oportunidade de emprego e de melhoria de vida, tornando os jovens as maiores vítimas da violência urbana, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Espírito Santo – SESP-ES –, por terem este ambiente propício para entrada no mundo do crime. É notável, portanto, que a violência urbana aconteça em maior número, de acordo com a ocupação da Região Metropolitana da Grande Vitória, em áreas afastadas do centro, em bairros periféricos, como pode ser observado na figura 28. Bairros estes que sofrem com a carência dos serviços mais básicos, em que o desenvolvimento é 93


relativamente menor daqueles bairros que compõe a faixa litorânea da RMGV como, por exemplo, Enseada do Suá e Jardim Camburi, em Vitória, e Praia da Costa, em Vila Velha.

Figura 28 - Mapa de concentração dos homicídios da Região Metropolitana da Grande Vitória – 2007. Fonte: SESP-ES/CIODES, 2007. 94


5.1.3 ESCOLHA DO MUNICÍPIO

Dentre todos os dados apresentados os municípios de Vila Velha e Serra se destacam nas duas esferas analisadas – urbana e social. Entretanto, o objetivo do trabalho é a implantação de um parque ambiental em uma lagoa que esteja dentro do contexto urbano ou próximo a ele. Embora as lagoas de Vila Velha se enquadrem neste objetivo, vale ressaltar que a região urbana – ao sul da cidade – da qual são limítrofes não representam grau de risco maior ao comparar-se com as lagoas presentes no município da Serra, que em maior número, apresentam-se confinadas à malha urbana, colocando em risco iminente o meio ambiente. Portanto, o município da Serra, dentre os que compõem a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) é o que, em primeiro momento, tem maior urgência a esta intervenção urbana.

5.2 O MUNICÍPIO DA SERRA

5.2.1 CONTEXTO HISTÓRICO

O município, segundo dados da Prefeitura Municipal da Serra, teve sua economia estabelecida na agricultura até o início dos anos 60, quando a cidade passou pelo processo de industrialização. Em 1963 foi construído o Porto de Tubarão, próximo a cidade de Vitória, e no final da década, em 1969, a implantação do CIVIT I – Cidade Industrial de Vitória –, próximo à lagoa Jacuném. Já nas décadas de 70 e 80, além da construção da Companhia Siderúrgica de Tubarão, ao sul do município, inúmeras

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outras indústrias se instalaram na região – em maior parte em CIVIT I e CIVIT II e no eixo rodoviário – BR101. A evolução, porém, ocorreu de forma dispersa e fragmentada, visto que a cidade desenvolveu-se através de 4 núcleos: Serra Sede, Nova Almeida, Laranjeiras e Jacaraípe – figura 29. Este desenvolvimento da cidade tem criado ao longo dos anos diversos vazios urbanos – áreas sem ocupação ao longo da malha urbana. Em parte uma consequência do relevo e hidrografia da região.

1

3

2

4

Figura 29 - Quadro de evolução do município da Serra. 1) Anos 70; 2) Anos 80 e 90; 3) Anos 80 e 90; 4) Anos 2000 e projeção. Fonte: Jaime Lerner Arquitetos Associados. 96


5.2.2 ANÁLISE TERRITORIAL E SOCIAL

O

relevo

da

cidade,

segundo

dados

da

Prefeitura,

é

constituído

geomorfologicamente em três estruturas básicas: solo arenoso – que compreende a faixa litorânea da cidade –, baixo planalto – que é a região onde se desenvolve boa parte da cidade – e região montanhosa – área do Morro do Mestre Álvares e dos demais morros ao longo do oeste da cidade, próximo à divisa. De maneira geral o relevo aumenta na medida em que se afasta do mar. Quanto à hidrografia, a Serra é cortada por inúmeros rios, córregos e lagoas – figura 30. A região, de acordo com a Prefeitura, de baixo planalto – elevado do mar, mas que mantém pouca variação de altura ao longo da mesma – é propicia a alagamentos. Como pode ser visto no mapa a seguir, a cidade em relação aos fatores urbanos apresenta como já mencionada anteriormente, urbanização dispersa e fragmentada, o que provoca uma maior demanda por recursos naturais e a ampliação dos custos de manutenção da cidade, visto que as distâncias a serem percorridas são maiores do que a cidade de Vitória, por exemplo, em que há conexão estabelecida entre os bairros.

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Figura 30 - Massa d’água, malhar urbana e principais elevações do município da Serra. Fonte: Prefeitura Municipal da Serra. Fonte cartográfica: GEOBASES. Elaboração: TECTRAN.

Embora tenha evoluído nas últimas décadas de forma horizontal, nos últimos anos houve uma ampliação nos investimentos à verticalização da cidade, transformando a paisagem urbana da cidade. Entretanto, segundo a Prefeitura, este investimento à construção de novos condomínios e empreendimentos comercias, por parte do setor privado, são voltados para as pessoas com faixa de renda de 5 a 10 salários mínimos. O que contradiz a realidade da cidade, que segundo o IBGE em seu Censo de 2010, possui cerca de 50% da população com rendimento mensal inferior

98


a 1 salário mínimo e que entorno de 44 mil pessoas moram em moradia precária ou não possuem moradia, representando, portanto, 10% da população do município. Há ainda alta concentração de renda do município, que abriga 44 das 200 maiores empresas do Estado do Espírito Santo, segundo dados da secretaria da Serra, tendo o segundo maior PIB do Estado do Espírito Santo (IBGE Censo 2010). Não obstante, cerca de 63 mil pessoas trabalham por conta própria na cidade, o que demonstra que há, nos últimos anos, uma ligeira mudança no cenário econômico da cidade: transição do modelo industrial para o de comércio e serviços – seguindo os passos da capital, Vitória – tabela 07.

Tabela 7 - Análise comparativa do PIB por setores econômicos no munícipio da Serra – 2000 a 2008. Fonte: Prefeitura da Serra / IBGE. Elaboração: PMS/Seplae/DAE.

É importante dizer que para efeito de escolha da lagoa para implantação do parque ambiental, deve-se levar em conta não somente o entorno físico, dotado da iminência

de

desastre

ambiental

por

conta

do

desenvolvimento

urbano

desorganizado, mas também a qualidade de vida da população do entorno. Visto isto, é importante ressaltar que apesar da mudança de postura econômica da cidade, no âmbito social a cidade continua a ser considerada violenta no cenário nacional – tabela 8. Houve uma melhora nos últimos anos, saindo de 2° lugar para 16°, mas encontrava-se – em 2010 – ainda em primeiro lugar no âmbito estadual.

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Tabela 8 - Número e taxas médias (em 100 mil) de homicídio nos municípios com mais de 10.000 habitantes. Brasil, 2008-2010. Fonte: Instituto Sangari.

Os dados da violência urbana são também de extrema importância para a definição do local, pois a mesma é, no geral, reflexo das carências sociais e da ausência de políticas públicas. Levando-se em conta, portanto, o mapa da violência urbana no município da Serra e a localização das lagoas inscritas ou próximas ao meio urbano tem-se o cenário representado pelos mapas a seguir – figura 31 e 32. Vale lembrar que as lagoas que se encontram nesta condição são: 1) Lagoa Juara, com aproxidamente 2,9km²; 2)Lagoa Jacuném, com cerca de 1,4km²; 3) Lagoa de Carapebus, com 140 mil m²; respectivamente representadas nos mapa.

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1 2

3 Figura 31 - Mapa das Regiões Especiais de Defesa Social no Município da Serra – Crimes Não Letais Contra a Pessoa. Escala de incidência vai do verde ao vermelho, sendo que o verde representa menor escala de crime. Fonte: SESP-ES, 2011.

1 2

3 Figura 32 - Mapa das Regiões Especiais de Defesa Social no Município da Serra – Crimes Não Letais Contra a Pessoa. Escala de incidência vai do verde ao vermelho, sendo que o verde representa menor escala de crime. Fonte: SESP-ES, 2011.

101


Estas três lagoas, estabelecidas como Área de Preservação Ambiental pelo município da Serra através do Plano Diretor Municipal (PDM) ou através de órgãos superiores do Estado ou da Federação Nacional, estão claramente ameaçadas pelo desenvolvimento urbano, pois o mesmo tende a formar uma malha urbana mais coesa, adensando não somente a faixa litorânea, mas avançando ao interior do município.

5.2.3 DEFINIÇÃO DA LAGOA

Dentro as três lagoas, nota-se pelos dados apresentados que a Lagoa Juara, embora de maior dimensão entre as encontradas, não sofre ameaça iminente da urbanização, visto que apenas uma pequena parcela da mesma encontra-se em contato com a malha urbana – e a maior parcela encontra-se em território rural. As demais lagoas – Jacuném e Carapebus – encontram-se em estágio mais alarmante, porque ao seu redor há a presença da malha urbana. As duas apresentam áreas próximas de considerável violência urbana – áreas carentes. Entretanto, há uma maior preocupação quanto à lagoa Jacuném, pois a mesma encontra-se na mais importante área industrial do município, a área do CIVIT I e CIVIT II e dos bairros inicialmente destinados aos operários das fábricas. Devido também a sua abrangência e localização – entre o tripé Serra Sede, Laranjeiras e Jacaraípe – e proximidade com dois dos bairros mais violentos do município – Feu Rosa e Vila Nova de Colares – define-se a lagoa Jacuném para, portanto, implantação do parque ambiental.

102


5.3 A LAGOA JACUNÉM

5.3.1 LOCALIZAÇÃO

A lagoa Jacuném encontra-se entre as coordenadas 20º09’40’’ S e 40º13’08” W e possui área aproximada de 1,4km². Ao leste da lagoa encontra-se o Mestre Álvaro, ao norte a lagoa Juara e ao sudeste os bairros, já citados em subcapítulo anterior, Vila Nova de Colares e Feu Rosa. Também ao sudeste da região localiza-se a região de Manguinhos. Em proximidade à lagoa encontram-se a Estrada Serra Dourada – Jacaípe; a Avenida Eldes Scherrer de Souza/ Avenida CIVIT7 II; a Avenida Brasília e Rodovia Norte-Sul; e a Avenida Telma Rodrigues Ribeiro – figura 33.

Figura 33 - Mapa de localização da Lagoa Jacuném. Fonte: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. 7

CIVIT: Centro Industrial de Vitória. 103


5.3.2 ASPECTOS LEGAIS

A lagoa Jacuném é considerada desde 25 de novembro de 1998 como Área de Preservação Ambiental (APA) – Lei Municipal n° 2.135 (figura 34). Segundo esta lei a APA da Lagoa Jacuném tem como objetivo:

I – A proteção da Lagoa Jacuném e de todos os seus contribuintes. II – Preservação da vegetação e dos remanescentes florestais, considerados de pr/eservação permanente nos termos do art. 2º da Lei Federal n° 4771 de 15 de setembro de 1965 e art. 3º, Item VII da Resolução CONAMA, nº 004, de 18 de setembro de 1985; Lei n° 5361, Política Florestal do ES. III – Desenvolvimento de programas setoriais incluindo a agricultura, turismo, urbanismo, educação, fiscalização e monitoramento ambiental; IV – Desenvolvimento do turismo regional integrado às paisagens e belezas cênicas local; V – Proteção da fauna aquática e proteção dos corredores ecológicos; VI – Incentivar os projetos de pesquisas buscando preservar, conservar e recuperar a biodiversidade local e os recursos hídricos; VII – Implantação de equipamentos e de serviços públicos nas comunidades abrangidas.

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Figura 34 - Mapa da Área de Preservação Permanente da Lagoa Jacuném (área em amarelo no mapa). Fonte: Instituto Jones dos Santos Neves, 2010.

As leis citadas acima são pertinentes ao presente estudo e merecem melhores explicações. A Lei Federal n° 4771 de 15 de setembro de 1965 fora revogada pela Lei Federal n° 16.651 de 25 de maio de 2012, mas seu artigo 2° dispunha sobre as delimitações das áreas de preservação permanente. A nova lei trata deste mesmo assunto em seu art. 4°. Em relação a uma lagoa circunscrita em meio urbano temos que as delimitações ocorrem para: II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; 105


V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. A Resolução CONAMA, nº 004, de 18 de setembro de 1985 citada na Lei da APA Lagoa Jacuném trata no art. 3º, Item VII define que são reservas biológicas “as restingas, em faixa mínima de 300 (trezentos) metros a contar da linha de preamar8 máxima”. A Lei n° 5361 de 30 de dezembro de 1996 do Espírito Santo dispõe sobre a Política Florestal do Estado. Em seu art. 2° diz que tem como objetivo preservar, conservar, recuperar, ampliar (conectar fragmentos) e utilizar de maneira apropriada as florestas – seguindo políticas de desenvolvimento sustentável visando atender necessidades econômicas, sociais, ambientais e culturais. Estas políticas envolvem também a promoção da educação ambiental a todos os cidadãos.

5.3.3 ASPECTOS NATURAIS E URBANOS

Segundo dados de C. José Batista e Ana Paula Freire na Bacia da Lagoa Jacuném predomina o relevo plano (terreno com inclinação nula ou até 3%), sendo neste aspecto, portanto, demonstrando a facilidade de ocupação da região por parte do mercado imobiliário ou por qualquer projeto por parte do setor público – figura 35 e imagem 30.

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Linha de preamar máxima refere-se ao nível mais alto da maré. 106


Figura 35 - Mapa da Declividade da Bacia da Lagoa Jacuném. Fonte: BATISTA, C. José; FREIRE, Ana Paula. Técnicas de Sensoriamento Remoto aplicadas à análise do uso e ocupação do solo na bacia de contribuição da lagoa Jacuném, e seu reflexo na qualidade de água da lagoa. Vitória, UFES, Monografia de Pós-Graduação em Gestão Ambiental, 2005. .

Imagem 30 - Foto da Lagoa Jacuném, Serra, apresentando o relevo da lagoa e a vegetação existente. Fonte: Acervo pessoal, 11 de novembro de 2012.

Quanto às altitudes do terreno é importante destacar que ela pode ser dividida em duas classes: de 0 a mais 20 metros do nível do mar; e de mais 20 a mais 40 metros do nível do mar – conforme a figura 36. Apesar dessa diferença, as duas regiões são

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ocupadas independentemente pela malha urbana. A lagoa em si encontra-se no nível mais baixo do terreno e os rios perdem altitude de oeste para leste – figura 36.

Figura 36 - Mapa da Hipsometria da Bacia da Lagoa Jacuném. Fonte: BATISTA, C. José; FREIRE, Ana Paula. Técnicas de Sensoriamento Remoto aplicadas à análise do uso e ocupação do solo na bacia de contribuição da lagoa Jacuném, e seu reflexo na qualidade de água da lagoa. Vitória, UFES, Monografia de Pós-Graduação em Gestão Ambiental, 2005.

Os principais córregos que desaguam na lagoa são: Veneer, Barro Branco e Jacuném. Este último junto com efluente da lagoa Juara continua o percurso, formando o rio Jacaraípe, importante rio da cidade. Entretanto, está importância parece ser reduzida, já que a água da lagoa encontra-se em estado de poluição em alguns pontos, pois segundo C. José Batista e Ana Paula Freire, a presença de macrófitas aquáticas denuncia a poluição da lagoa, já que esta proliferação está ligada ao acumulo de matéria orgânica – imagem 31.

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Imagem 31 - Macrófitas cobrindo a lagoa. Presença desta alga denuncia a poluição. Proximidades do bairro Barcelona. Fonte: Rubens Pereira Barbosa, 2010.

Estes problemas ligados à poluição, segundo a Prefeitura, tem relação com ocupação urbana desordenada, que aterra alguns dos contribuintes da lagoa e também do lançamento de efluentes “in natura”. Isto pode ser observado nas já existentes áreas de campo e pastagem que aos poucos são substituídas pela malha urbana – imagem 32.

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Imagem 32 - Edificações às margens do córrego Barro Branco, no bairro Nova Carapina, próximo à Bacia da Lagoa Jacuném. Fonte: Rubens Pereira Barbosa, novembro de 2010.

Na Bacia da Lagoa Jacuném, verifica-se intensa ocupação de sua face leste, sul e oeste que juntas visualmente aproximam-se de 50% da área, entretanto apenas 6% estão dentro da Área de Preservação Ambiental, de acordo com as Zonas de Ocupação da cidade e de estudo levantado por C. José Batista e Ana Paula Freire. Na região encontra-se também problema relativo a solo exposto, resultado de movimentação de terra não natural. A mata ciliar em si representa apenas uma pequena parcela, tendo maior presença os campos e as pastagens. Estas informações podem ser visualizadas no mapa a seguir – figura 37 e imagem 33.

110


Figura 37 - Mapa de Uso do Solo da Bacia da Lagoa Jacuném. Fonte: BATISTA, C. José; FREIRE, Ana Paula. Técnicas de Sensoriamento Remoto aplicadas à análise do uso e ocupação do solo na bacia de contribuição da lagoa Jacuném, e seu reflexo na qualidade de água da lagoa. Vitória, UFES, Monografia de Pós-Graduação em Gestão Ambiental, 2005.

Imagem 33 - À esquerda solo exposto nas duas margens da lagoa Jacuném. À direita solo exposto por movimentação de terra. Ao fundo polo industrial em expansão. Fonte: Alexandre 2010.

Esta malha urbana da Serra desenvolve-se, em grande parte, nas áreas mais altas – em terreno plano – do que as massas d’água. Por ser cortado por diversos corpos d’água a cidade tem configuração espacial dispersa e fragmentada. Este crescimento territorial, em foco da região da Lagoa Jacuném, pode ser analisado através de imagens retiradas do software Google Earth – imagem 34.

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Imagem 34 - À esquerda fotografia aérea da Lagoa Jacuném e seu entorno em 11 de junho de 2003; À direita mesma área em 23 de abril de 20013. Fonte: Google Earth.

Observa-se que em aproximadamente 10 anos as áreas previamente loteadas foram e ainda estão em processo de ocupação. A ocupação e loteamento do território são em grande parte resultante da presença de um polo industrial na região (CIVIT 9 I e CIVIT3 II), uma vez que o trabalhador tende a permanecer próximo ao local de trabalho. As indústrias além de empregarem um grande contingente da população acabam por fomentar a instalação de outros comércios e serviços – padaria, supermercado, escola, banco, posto de saúde, farmácia, escritórios, et cetera. No mapa a seguir é detalhado o crescimento da malha urbana nos últimos anos – figura 38.

9

CIVIT: Centro Industrial de Vitória. 112


Figura 38 - As setas em vermelho identificam onde ocorrera crescimento da malha urbana entre o período de 11 de junho de 2003 e 23 de abril de 2013. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

As extensões ocorridas neste período são atribuídas às áreas industriais e residenciais da região. Apesar de a extensão ter ocorrido apenas nestes dois segmentos, é importante ressaltar que na região é possível identificar no território: 1) Área Industrial; 2) Área Residencial; 3) Área Rural; 4) Equipamento Urbano de Grande Porte. A área industrial é compreendida pelas indústrias instaladas na região de CIVIT 10 I, CIVIT3 II e Área de Expansão da SUPPIN11; A área residencial – englobando o comércio e serviço – da região compreende os bairros de Serra Dourada II, Parque Residencial Tubarão, Planície da Serra, Porto Canoa, Mata da Serra, Maringá, Barcelona, Taquara II e o Condomínio Ecológico Parque da Lagoa. A área considerada rural é identificada como Fazenda Capivari e o equipamento urbano 10

CIVIT: Centro Industrial de Vitória.

11

SUPPIN: Superintendência dos Projetos de Polarização Industrial. Órgão vinculado a Secretaria de

Estado de Desenvolvimento (SEDES) que tem por objetivo oferecer suporte à industrialização do Espírito Santo – em substituição ao modelo agrário-exportador.

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abrange o Kartódromo, o Barródromo e a área destinada ao aeromodelismo. Estas informações são apresentadas no mapa a seguir para melhor compreensão dos fatos – figura 39.

Figura 39 - Setores identificados ao entorno da lagoa Jacuném. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

Segundo o Plano Diretor Municipal da Serra, datado de novembro de 2009, as áreas anteriormente identificadas como Área de Expansão da SUPPIN, Fazenda Capivari e Equipamento Urbano – Kartódromo, Barródromo e Aeromodelismo – são Zonas de Expansão Urbana (ZEU) (áreas que são consideradas como campo e pastagens atualmente). As demais áreas descritas são catalogas como Zona de Expansão Industrial (ZEI), Zona de Ocupação Preferencial (ZOP), Zona de Ocupação Controlada (ZOC) e Zona Especial de Interesse Social (ZEIS). Este zoneamento pode ser observado no mapa a seguir – figura 40.

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Figura 40 - Zoneamento Municipal. Fonte: Plano Diretor Municipal da Serra, de novembro de 2009.

Tendo como base, portanto, a lógica de ocupação do território dos últimos anos e a permissividade da lei é possível traçar um cenário futuro para a região do entorno da Lagoa Jacuném – figura 41.

Figura 41 - As setas em vermelho identificam projeção do crescimento da malha urbana. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg. 115


A ocupação ao redor da lagoa Jacuném impossibilita a conexão do fragmento de floresta existente com os demais do entorno, ferindo, portanto, o disposto na Lei n° 5361 de 30 de dezembro de 1996 de Política Florestal do Espírito Santo. Pode-se ainda argumentar que a existência de áreas que, segundo o Plano Diretor Municipal, são receptíveis a ocupação podem vir a ferir também o disposto na Lei n° 2135 de 25 de novembro de 1998 a respeito da criação da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Jacuném visto que esta APA tem com objetivo proteger a fauna aquática e os corredores ecológicos. Uma maior ocupação na região, fomentada possivelmente pela instalação de novas indústrias, pode acarretar maiores danos ambientais à lagoa que hoje se encontra em processo de poluição causado pelo esgoto doméstico, segundo dados da própria Prefeitura da Serra. A instalação de indústrias no local, portanto, relacionar-se-ia prejudicialmente mais ao fomento à ocupação do que a danos ambientais diretos. Vale ressaltar ainda que dentre as perdas que podem ser catalogadas há a perda visual, já impactante hoje, visto que só é possível observar a Lagoa Jacuném pelo trajeto da Estrada Castelândia – imagem 35. As demais tomadas de visuais estão bloqueadas pelas construções e só é possível observar a Lagoa Jacuném estando quase à sua margem, nos poucos acessos existentes. O acesso à lagoa Jacuném, aliás, é outro motivo de debate, visto que ocorre neste caso um processo de privatização do bem natural. Isto pode ser evidenciado com o Condomínio Ecológico Parque da Lagoa que se apropria das visuais ao ter seu território configurado às margens da massa d’água, tornando impossível ao cidadão o acesso à lagoa – imagem 36.

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Imagem 35 - Vista da lagoa Jacuném pela Estrada Castelândia. Na parte central do mapa, ao fundo, área industrial. Fonte: Acervo pessoal, 03 de março de 2013.

Imagem 36 - Entrada e vista do Condomínio pela Avenida Telma Rodrigues Ribeiro. Privatização de recurso natural. Fonte: Acervo pessoal, 11 de novembro de 2012.

Em relação à variedade de espécie da flora tem-se ao menos catalogadas 79 (Revista Árvore, 2011), entretanto em relação às espécies da fauna não há informações a respeito, porém a presença crescente de macrófitas aquáticas mencionadas anteriormente é preocupante. Esta floração de algas muda, por consequência, a estrutura da cadeia alimentar da lagoa Jacuném, visto que

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aumenta-se a acidez do ambiente, reduzindo espécies que não consigam se adaptar ao meio. (Smol, 2002). A lagoa ainda é utilizada para pesca por alguns moradores da região, embora esta atividade, segundo os mesmos, está em declínio – ao contrário da lagoa Juara que além de receber pescadores da Serra e de outros municípios, arrecada com o turismo através da venda dos peixes em restaurantes próximos – imagem 37.

Imagem 37 - Atividade pesqueira ao centro da imagem em contraste com a fiação do polo industrial. Fonte: Acervo pessoal, 11 de novembro de 2010.

5.3.4 INTENÇÕES PROJETUAIS DAS GLEBAS DO PARQUE

É de suma importância distinguir as áreas ao entorno da Lagoa Jacuném que não apresentam sinais de ocupação das que se encontram consolidadas pela malha urbana e as que estão em processo de consolidação. Estas últimas podem e devem ser anexada ao território do Parque Lagoa Jacuném já que, como visto anteriormente, as Zonas de Expansão Urbana – prevista no Plano Diretor Municipal -

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ferem os objetivos da lei existente que configura a região como Área de Preservação Ambiental – figura 42.

Figura 42 - Divisão dos setores existentes no entorno da Lagoa Jacuném. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

É válido ressaltar aqui que a desapropriação de parte do Condomínio Ecológico Parque da Lagoa e das áreas de expansão das zonas industriais reitera o valor e a importância da existência de um parque nesta região singular. Aos desapropriados não ocorre nenhuma perda que se possa equiparar aos danos ambientais já existentes ou que poderiam vir a existir nesta área. Além do mais para estes a ocupação não é rigidamente estabelecida como única e exclusivamente naquela região, podendo, então, serem realocadas para outras áreas da cidade, em foco, nos vazios urbanos que não estão atrelados às causas ambientais, mas sim, por mera especulação imobiliária. Cabem a estes, portanto, o papel de reduzir o aspecto dispersivo e desfragmentado presente na malha urbana da Serra e não contribuir para que a mesma continue a replicar este modelo negativo de ocupação. Não é 119


papel deste presente trabalho apontar um novo local para os desapropriados – figura 43.

Figura 43 - Divisão das áreas consolidadas, área de preservação e possíveis áreas a serem anexadas a mesma no entorno da Lagoa Jacuném. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

Ao destacar estas áreas acima citadas e anexar as Zonas de Expansão Urbana ao território atualmente considerado como A.P.A. Lagoa Jacuném nota-se a formação de quatro glebas – delimitadas pela malha urbana e pelas massas d’água – figura 44.

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Figura 44 - Nova área de preservação ambiental. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

A gleba 01 situa-se em região residencial e sua preservação e manutenção consolidam o objetivo da Política Florestal do Espírito Santo de formar corredores ecológicos – conectar florestas (Mestre Álvaro). Esta localidade, portanto, é propícia a receber equipamentos ligados a questões ambientais e também equipamentos urbanos destinados ao lazer e esporte que tenham esta mesma linguagem. Estes equipamentos devem podem ser inseridos como parques lineares ao longo dos corredores vegetativos existentes entre os bairros servindo como inibidor da ocupação desordenada da cidade e protegendo os contribuintes aquíferos da lagoa Jacuném – figura 45.

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Figura 45 - Divisão visual da área em glebas. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

A gleba 02 está inserida em área residencial, parte do território do CIVIT I e Fazenda Capivari – como visto em mapas anteriores. A área forma conexão com a Lagoa Juara, situada do outro lado da Estrada Castelândia, esta na qual já se desenvolve a atividade pesqueira e culinária local – segundo dados da Prefeitura Municipal da Serra. A Fazenda Capivari já apresenta uma estrutura de fomentação da culinária local e em vista disso – e de seu entorno – parte desta gleba pode ser trabalhada para os pescadores e a culinária da região, conectando-se com a Lagoa Juara, formando um grande reduto culinário. Na porção leste, em proximidade com os bairros, se trabalha majoritariamente com equipamentos urbanos de lazer e esporte e na porção sul, relativa à área que hoje é de expansão do CIVIT I, intensifica-se a questão da educação ambiental visto o meio no qual está inserido – bairro industrial. A gleba 03 é a área em que se encontra em maior conservação ambiental – é composta por diversos corredores verdes rodeados pela malha urbana. Sua conformação espacial é resultante do avanço da malha sobre as áreas planas da 122


cidade. Embora não seja área plana e o Plano Diretor Municipal indique como Área de Preservação Ambiental, não se pode garantir que na mesma não haverá ocupações futuras, prejudicando a fauna e flora que compõe a A.P.A. Lagoa Jacuném. Esta área é inteiramente favorável para pesquisas a respeito da biodiversidade local e, portanto, de acesso restrito à população de um modo geral. A gleba 04 é formada pela área de expansão da SUPPIN, parte do Condomínio Ecológico Parque da Lagoa – área em processo de consolidação – e pelos equipamentos urbanos – kartódromo, barródromo e aeromodelismo. Conecta-se por uma pequena parte com a Lagoa Juara e é a região em que se principia o Rio Cacu, no qual se une ao longo de seu trajeto ao Rio Jacaraípe – um importante rio da cidade proveniente da Lagoa Juara. Esta gleba é territorialmente interrompida pelo condomínio, que é de alto poder aquisitivo e contrasta com os bairros do outro lado da rodovia de baixo poder aquisitivo - Vila Nova de Colares e Feu Rosa. A divisão dada por este condomínio divide o território em área da SUPPIN e área dos equipamentos urbanos. A hoje área de expansão da SUPPIN, que há maior proximidade com os bairros do entorno e com a gleba 03, tem condições de agregar equipamentos ligados às questões ambientais – incluindo de educação –, dado a sua proximidade com a área industrial, a gleba 03 – que apresenta maior conservação ambiental –, áreas já degradadas ou em processo de degradação e a população carente. O seu entorno ainda indica a necessidade de implantação de equipamentos urbanos de lazer e esporte. Ao outro lado do condomínio, a região dos equipamentos urbanos – kartódromo, barródromo e aeromodelismo – é passível de reestruturação e integração ao parque. Além disso, a localidade apresenta uma grande área baixa alagável em determinadas épocas que deve ser mais bem monitorada, preservada e recuperada. Bem como as outras glebas já destacadas.

123


5.3.5 GLEBA A PROJETAR

Devido à extensão da área e a complexidade dada, o projeto será desenvolvido apenas em parte de uma das glebas anteriormente descritas. A intenção deste trabalho é tratar toda a área descrita acima como um único parque, mas apresentar um estudo conceitual de ocupação em apenas um trecho. Como modelo a ser aplicado nas outras áreas, nas quais já foram dadas as macro intenções projetuais de acordo com a análise superficial do seu entorno. É importante salientar que dentro da gleba escolhida haverá concordância, conexão com as demais glebas adjacentes, na medida do possível, para não criar áreas que destoem ao ponto de romper com a identidade, o conceito geral do parque. A gleba escolhida é a 04 pela questão socioeconômica apresentada – contraste do entorno entre ricos e pobre, tendo o parque papel importante de aproximar estes por ser um espaço, a princípio, de convivência –, pela carência de equipamentos urbanos no entorno, pela proximidade com a área industrial em processo de expansão, por ter uma grande área alagável a ser tratada, assim como as demais áreas desmatadas catalogadas, como observado anteriormente, como campos e área de pastagem e a iminente preocupação em relação aos equipamentos urbanos existentes dados a pressão e o crescimento imobiliário na cidade da Serra nos últimos anos que podem vir a ocupar este espaço, trazendo grandes perdas ao município e também à sociedade capixaba – figura 46.

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Figura 46 - Área do parque a ser projetada. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

Dentro desta gleba – figura 47 – é possível notar a existência de três regiões distintas. Separadas pela lagoa ou mesmo por sua área alagável. Das regiões apresentadas a 1 e 3 apresentam-se distantes da zona residencial próxima – Vila Nova de Colares e Feu Rosa. Devido ao seu posicionamento, mais próximo à gleba 03 anteriormente apresentada, e por fazer divisa ao CIVIT, tem-se a região 01 susceptível a equipamentos ligados a questões ambientais como destacamento da polícia ambiental, centros de pesquisas, Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) em conjunto com um mini zoológico (para abrigar aqueles indivíduos que não podem ser devolvidos à natureza) e equipamentos governamentais como a sede da Secretaria do Meio Ambiente. A fim de promover o uso e a ocupação do local e o gerenciamento desta área. A região 03, por estar relativamente próxima ao terminal rodoviário – Jacaraípe – e ter uma conformação mais próxima à via é susceptível a ter equipamentos culturais de grande aglomeração – como Centro de Exposição – ou de estudos – como faculdade voltada ao estudo e preservação do meio ambiente e centro de capacitação técnica (devido ao contexto urbano da cidade). Nesta região encontramse ainda outros aglomerantes: o kartódromo, o barródromo e a pista de aeromodelismo – que devem ser reformados.

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Figura 47 - As regiões do parque: 01, 02 e 03 e suas intenções projetuais em conformidade com o natural e o contexto urbano adjacente. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

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6 PROJETO

O projeto a seguir, um estudo conceitual, insere importantes aspectos analisados nos estudos de caso, busca valorizar o ser humano e fortalece a necessidade da recuperação da lagoa Jacuném, em estágio de degradação. O estudo social anteriormente apresentado, em foco à violência, não significa que o parque será, de fato, indutor da redução dos índices desta criminalidade, mas que em meio ao abandono e descaso público até então presente pela ausência de equipamentos públicos será, de certa forma, suprida pelo mesmo. Dando ao indivíduo melhoria ao seu tempo de ócio e oportunidade de melhoria de renda.

6.1.1

INTENÇÕES PROJETUAIS

Com base nos dados apresentados anteriormente a área delimitada para o Estudo Conceitual de Ocupação do Parque Lagoa Jacuném visa servir à comunidade adjacente, sendo um local de convivência e troca de experiência. Tem como intuito promover a melhoria de qualidade de vida do indivíduo – através do esporte, lazer, cultura e educação ambiental – e possibilidade de melhoria de renda atribuída às atividades pré-estabelecidas nos equipamentos construídos e às atividades (não) pré-estabelecidas nas praças e demais áreas. Interligam-se as penínsulas através de pontes (figura 48), tornando a lagoa como parte da cidade, da cidade e para a cidade, o presente trabalho garante as visuais existentes e a criação de novas sem gerar grandes impactos. Promove através do desenho a acessibilidade, permeabilidade do solo, e dá prioridade ao pedestre e ao ciclista. Trabalha-se ainda com a questão da eficiência energética com a instalação de placas solares em suas edificações e também em seus postes de iluminação.

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Além disto, suas edificações captam água da chuva e fazem reuso da água, haja vista a importância deste recurso natural.

Figura 48 - As setas vermelhas representam as novas interligações, através de pontes, entre as penínsulas existentes. Fonte da imagem base: Google Earth. Edição: Vitor Fehelberg.

O parque, voltado à população adjacente, evoca em seus equipamentos o pensar sobre o meio ambiente – como através do cultivo e manejo da horta pela comunidade – e a preservação de visuais naturais em contraposição ao modelo existente além das divisas do parque. O Ginásio de Esportes, a pista de Atletismo e a pista de skate possibilitam ao visitante apreciar estas modalidades também por meio da realização de eventos esportivos – que também podem ser realizados na própria lagoa Jacuném. Muito além de equipamentos, o parque busca trazer melhoria à qualidade de vida, ao relacionamento humano e ao meio ambiente. De quadras a churrasqueiras, de camping a trilhas. De campos sem atividade pré-definida a zonas de piquenique ou relaxamento. O estudo conceitual de ocupação propõe um parque – figura 49 – com zonas bem definidas, tal qual visto em estudos de caso. Nos campos abertos tem-se ainda a possibilidade de apropriação pela arte, por esculturas e instalações efêmeras. Sejam elas produzidas pela comunidade, a qual é alicerce desta estrutura ou por artistas externos a ela.

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Lagoa Jacuném Área Alagável Massa Vegetativa Área gramada

Figura 49 - Mapa do Parque Lagoa Jacuném. Fonte: Arquivo Pessoal.

6.1.2

OS CAMINHOS

O traçado do caminho principal é essencialmente orgânico, acompanhando as curvas de nível do terreno. Terreno este em grande parte plano. Com declive em suas bordas, formando vales – aos quais se encontra a lagoa Jacuném e sua área alagável. Como pode ser visto nas figuras 50 e 51.

Figura 50 - Topografia do Parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal. 129


Figura 51 – Topografia do Parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal.

Os veículos automotores possuem uma faixa de rolamento e deslocam-se em um circuito que se interliga com os demais segmentos através de uma rotatória. Há bolsões de estacionamento próximos às edificações e atividades. Os pontos de ônibus também ocorrem nesta mesma lógica. Foram desenvolvidos para suportar até ônibus de linha – de 12,6 metros de comprimento -, entretanto, por se tratar de um parque que tem como conceito a eficiência energética tem-se o intuito de que a circulação local ocorra de forma exclusiva por micro-ônibus elétrico, interligando-se com os terminais próximos existentes – Jacaraípe e Laranjeiras. Ver figura 52.

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Figura 52 - Mapa das vias veiculares do parque. Fonte: Acervo Pessoal.

Ao longo do parque é possível notar não somente a acessibilidade do local, mas a preferência dada em desenho ao pedestre e ciclista. Juntamente com a faixa de rolamento dos veículos, separada por um canteiro, ocorre a faixa destinada para ciclovia e pedestre. Nos cruzamentos que dão acesso aos equipamentos a via veicular eleva-se ao encontro do nível do pedestre e do ciclista – imagem 38. Nas paradas de ônibus há um recuo destinado a este mobiliário urbano. Também é nesta zona em que ocorre a parada de descanso. Nela há banheiros, bebedouros, um espaço para sentar-se sob a sombra do pergolado e possibilidade de alugar uma bicicleta – imagem 39, 40 e 41. Os perfis das vias podem ser vistos também a seguir.

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Imagem 38 - Pista de rolamento ao nível das calçadas – preferência ao pedestre e ciclista. Ao fundo área destinada ao descanso do visitante. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 39 - Área de descanso sob sombra do pergolado integrada ao ponto de ônibus. Bancos, bebedouro e banheiros. Área para guarda e aluguel de bicicleta. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 40 - Área de descanso sob sombra do pergolado integrada ao ponto de ônibus. Bancos, bebedouro e banheiros. Área para guarda e aluguel de bicicleta. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 41 - Área de descanso sob sombra de pergolado integrada ao ponto de ônibus. Bancos, bebedouro e banheiros. Área para guarda e aluguel de bicicleta. Fonte: Acervo Pessoal.

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Ao longo de todo o percurso principal de circulação do parque ocorrem zonas de sombreamento em decorrência da vegetação, intercaladas com zonas abertas – onde não há sombreamento – e zonas de sombreamento por pergolado, onde ocorre o descanso anteriormente citado. Nas áreas internas formadas por este trecho situam-se os equipamentos e seus espaços de convívio. Não há separação formal entre ciclovia e passeio nestas praças. Os equipamentos são interligados por caminhos internos orgânicos (trecho secundário) que apresentam dimensão menor – 1,2 metros – que a do trecho principal (primário) – 2 metros – por se tratarem de áreas em que o objetivo principal não é atravessar o local em direção ao outro, mas flanar – passear sem destino, sem pressa, por mera distração (figura 53).

Figura 53 - Mapa de caminhos do parque.

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6.1.3

LOCALIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

Os equipamentos esportivos estão distribuídos ao longo do parque e em maior concentração no Centro Esportivo. Anexos ou relativamente próximos a uma praça, ao estacionamento, parada de ônibus e um equipamento com vestiários e outras atividades pré-estabelecidas – não necessariamente de apoio a prática esportiva.

Figura 54 - Mapa de caminhos do parque. Fonte: Acervo Pessoal.

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6.1.1

O PARTIDO ARQUITETÔNICO

A arquitetura da edificação – imagem 42 – e do parque em si evoca os elementos conceituais e a topografia da região. Inspirada na residência de Jaime Lerner, arquiteto, cujo qual é autor do projeto desta casa – imagem 43.

Imagem 42 - A sede da Administração do Parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 43 - Residência construída por Jaime Lerner que serviu durante muito tempo como sua residência. Posteriormente foi adaptada para abrigar o seu escritório. Fonte: http://www.archdaily.com.br/ Foto: Ricardo Perini. 136


A edificação em si, de teto inclinado, denota o relevo da região em que se encontra a lagoa Jacuném. O solo em que se repousa a estrutura é transferido à cobertura e também para uma parede lateral inclinada – que dá o aspecto de fazer parte da topografia. Nestas duas faces – cobertura e lateral inclinada – um feixe de luz adentra ao edifício através de aberturas vedadas com painéis de vidros. Externamente, portanto, é um conceito imagético do rio descendo o relevo. Nesta linha de raciocínio também o volume da caixa d’água, no topo, compõe o que se chama de cidade. Faz alusão à ocupação territorial no município da Serra – imagem 44 e 45.

Imagem 44 - Vista área da edificação modelo do parque. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 45 - Vista área da edificação modelo do parque. Fonte: Acervo Pessoal.

Em complemento a isto temos ainda a eficiência energética na figura dos painéis solares representando o parque, aquele que é capaz de recompor a energia do ser humano em constante estresse. As duas fachadas laterais, em recuo devido ao sol, compostas de vidro e um jogo em linha de concreto representam o subsolo – frente ao solo interpretado pela cobertura verde –, dando ênfase à importância da água e do seu reaproveitamento.

6.1.2

DESCRIÇÃO DOS ESPAÇOS

O ato de flanar ou ainda praticar caminhada é incentivado através da ambiência do entorno, da relação entre os espaços construídos e não construídos. Os caminhos, de dimensões reduzidas, apresentam diversos cenários. Ora abertos, ora fechados no intuito de provocar a sensação de surpresa e encanto por um ambiente diferente daquele em que se estava. 138


Ao adentrar o parque – figura 55 –, o visitante percorre uma alameda arborizada que provoca ao mesmo tempo encantamento e ruptura com o modelo atual de ocupação da cidade – a massa cinza de concreto, pouca vegetação e o mínimo espaço para circulação do pedestre e o quase inexistente espaço ao ciclista – imagem 46 e 47.

Figura 55 - Localização do acesso principal. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 46 - Vista do acesso ao Parque Lagoa Jacuném. O verde se faz presente nas árvores, grama, arbustos e no florido canteiro central. Ao lado direito da imagem: a guarita. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 47 - A guarita também tem área para descanso e guarda/aluguel de bicicleta sob a sombra de pergolado. Fonte: Acervo Pessoal.

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Frente a esta alameda compõe o cenário a sede da administração, com 200m² ocupados pela administração deste setor e do parque, além do centro de informações. Na praça da sede – figura 56 e imagem 48 – o visitante tem o primeiro contato com a linguagem dos espaços de convívio. Árvores dispostas em ilhas de grama e seixos rolados ambientam e oferecem conforto ao seu descanso – imagem 49. Bancos, sem encosto, com encosto, de diferentes alturas. Há nesta área um campo de vôlei e uma pista para a prática de Cooper – imagem 50. Esta praça pode ser vista nas imagens a seguir.

Figura 56 - Localização da Sede Administrativa. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 48 - Organização espacial da praça da sede administrativa (300m²) do parque, com 37 vagas de estacionamento, quadra de vôlei e pista de cooper. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 49 - Vista da ambiência modelo do parque. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 50 - Pista de cooper próxima a sede da Administração. Fonte: Acervo Pessoal.

Desta praça prossegue uma longa trilha – figura 57 – que se une a um circuito que ao final forma a área da sede comunitária. No início da trilha muitas árvores próximas compõe o ambiente – imagem 51. Ao longo da caminhada as árvores se afastam, dando lugar a um imenso gramado. A atividade aqui é subjetiva, não é prédefinida – para que o usuário sinta-se livre. O local possui apenas uma estrutura de apoio aos visitantes, uma área de pergolado – inclinado, em conformação com a arquitetura geral – com espelhos d’água e bancos. Uma área para refletir e relaxar – imagem 52 e 53.

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Figura 57 - Localização da trilha. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 51 - Ambiente ligeiramente fechado, com árvores mais próximas da trilha. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 52 - A área de descanso construída em pergolado em meio às árvores e o campo verde. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 53 - A área de descanso construída em pergolado em meio às árvores e o campo verde. Fonte: Acervo Pessoal.

Adiante pela trilha novamente segue-se com árvores próximas que sombreiam o visitante até a próxima área gramada que dá a primeira visão da praça da sede 145


comunitária – imagem 54. Há a opção de seguir adiante pela trilha ao encontro de um pequeno refúgio em forma circular – nova área de descanso e contemplação da paisagem – antes de entrar na praça.

Imagem 54 - Primeira visão da praça da comunidade através da trilha. Fonte: Acervo Pessoal.

A praça em si – figura 58 – além do estacionamento oferece uma estrutura física para a comunidade – com 100m² –, no intuito de gerir e fomentar atividades comunitárias no parque. Ao seu lado nota-se a presença uma horta e espaço gramado – para eventual expansão desta atividade. A horta, em princípio, tem o intuito de abastecer a estrutura local – lanchonetes e restaurantes. Além de reduzir custos e emissão de gás carbônico – via transporte – a horta serve para nutrir o sentimento de zelo pelo local como um todo, incentivar a melhoria de qualidade de vida e até mesmo renda. Entre os bancos e árvores há espaço para realização de feiras – sejam elas gastronômicas ou mesmo artesanais – ou apresentações. Para recreação e relaxamento a praça possui uma quadra society e uma edificação contendo dois campos de bocha separados por uma área sombreada por pergolado

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para o convívio social e jogos de mesa. Esta área pode ser visualizada nas imagens a seguir – imagem 55, 56, 57, 58 e 59.

Figura 58 - Localização do Centro Comunitário. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 55 - Implantação humanizada da área destinada à comunidade. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 56 - Praça destinada ao convívio e a feiras diversas. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 57 - Praça destinada ao convívio e a feiras diversas. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 58 - Estrutura que abriga os campos de bocha e as mesas de jogos. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 59 - Praça destinada ao convívio e a feiras diversas. Fonte: Acervo Pessoal.

Retomando a trilha principal, onde há pista de rolamento para os automóveis, e passando a rotatória o visitante chega a uma praça linear com jatos d’água e uma 149


imensa estrutura inclinada de concreto – alusão à topografia – e vidro com cascatas de água, que remete à lagoa. Este Portal de acesso – figura 59 – ao Centro esportivo – figura 60 e imagem 64 – pode ser visualizado nas imagens a seguir – imagem 60, 61, 62 e 63.

Figura 59 - Localização do portal do Centro Esportivo. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 60 - Vista da chegada ao portal de acesso ao centro de esportes. Fonte: Acervo Pessoal. 150


Imagem 61 - Vista da chegada ao portal de acesso ao centro de esportes. Visitante é recepcionado com jatos d’água. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 62 - Vista da chegada ao portal de acesso ao centro de esportes. Estrutura em concreto com cascata de água – denotando a importância deste elemento ao parque. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 63 - Vista da chegada ao portal de acesso ao centro de esportes. Estrutura em concreto com cascata de água – denotando a importância deste elemento ao parque. Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 60 - Localização do Centro Comunitário. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 64 - Vista aérea da área do centro esportivo. Fonte: Acervo Pessoal.

O visitante aqui tem três opções de caminho. O caminho do meio revela-se em uma trilha menor que dá acesso a uma área contemplativa, de caminhada e convívio social bastante arborizada com a presença de um grande espelho d’água, cujas suas bordas possibilitam ao visitante se sentar – ou mesmo deitar – imagem 65, 66 e 67. Ela encontra-se no centro das atividades físicas e cumpre seu papel de relaxamento.

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Imagem 65 - Acesso ao espelho d’água através do portal do centro esportivo. Trilha mais curta, e ambiente fechado para causar surpresa. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 66 - A primeira visão do espelho d’água do centro esportivo. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 67 - O espelho d’água, sua dimensão e ambiência. Possibilidade de caminhar ao entorno ou apenas sentar-se/deitar-se na beira do espelho d’água. Fonte: Acervo Pessoal.

A área esportiva como um todo foi concebida com diferentes curvas de níveis, não somente para tornar este cenário único, causar surpresa ao espectador, mas fazer analogia à topografia do município. Estas curvas, de 0,5m a 1,5m não provocam perda total da visão do horizonte, mas parcial, justamente para que o mesmo descubra a atividade existente do outro lado. Os caminhos obedecem a máxima inclinação de 8,33% - imagem 68. Como pode ser conferido na imagem a seguir.

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Imagem 68 - Os desníveis do parque. Fonte: Acervo Pessoal.

Devido a estas curvas de nível em toda a área esportiva é possível repousar sobre as mesmas arquibancadas em concreto, permeadas por árvores, a fim de sombrear a área e dar leveza. Estas arquibancadas não provocam, portanto, significativas mudanças no aspecto visual topográfico – imagem 69 e 70.

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Imagem 69 - Vista das quadras e da arquibancada no desnível provocado. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 70 - A composição da arquibancada permeada por áreas de sombreamento. Fonte: Acervo Pessoal.

Dos três caminhos mencionados anteriormente, dois formam o circuito principal desta região – no qual o espelho d’água, já citado, situa-se ao centro. São trilhas 157


mais largas em que ao longo da mesma encontram-se o playground e o centro de vivências, além de quadras de esportes e uma academia ao ar livre. Em seu entorno, portanto, há: 2 quadras poliesportivas, 2 quadras de vôlei, 2 quadras de society e 2 quadras de tênis – imagem 71.

Imagem 71 - Vista da quadra de futebol society e da arquibancada. Fonte: Acervo Pessoal.

Ao topo da topografia o circuito forma um local de descanso sombreado por árvore – imagem 72. É possível daqui seguir três rotas: 1) retornar ao circuito em direção às quadras de tênis e centro de vivência; 2) seguir adiante em uma trilha menor em encontro com a pista de skate e as quadras de futebol society – e ao ginásio de esportes; 3) prosseguir entre uma região mais sombreada, que dá acesso às arquibancadas do tênis e da área de skate e, mais adiante, a pista de atletismo, o estacionamento e o ginásio de esportes;

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Imagem 72 - Local de descanso sombreado por árvore no topo da topografia. Fonte: Acervo Pessoal.

À primeira opção o visitante depara-se com a praça do centro de vivências – figura 61 – repleta de vida. Há pessoas utilizando a academia ao ar livre – imagem 74; crianças divertindo-se no playground – piso emborrachado e caixa de areia (imagem 76); pais e demais visitantes sentados sob a sombra de um pergolado que em sua forma induz ao visitante adentrar a área de relaxamento do espelho d’água – imagem 75 –, já mencionado anteriormente. Como pode ser vista na imagem 73.

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Figura 61 - Localização do Centro de Vivências. Fonte: Arquivo Pessoal.

Imagem 73 - A área do centro de vivências e suas atividades: playground; área de descanso e academia ao ar livre. Próximas a quadra de tênis. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 74 - A guarita também tem área para descanso e guarda/aluguel de bicicleta sob a sombra de pergolado. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 75 - O pergolado curvilíneo que induz o visitante a adentrar a área do espelho d’água. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 76 - Área do playground com piso emborrachado e caixa de areia. Fonte: Acervo Pessoal.

A praça ainda dispõe de bancos angulares contínuos que possibilitam ao usuário apreciar a partida de tênis, o convívio social, uma leitura ou simplesmente ao descanso. Nesta área há diversas mesas ao ar livre para satisfazer os usuários das lanchonetes e do restaurante do centro de vivências – imagem 77. Neste centro – imagem 78 – ainda o visitante encontra uma loja souvenier.

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Imagem 77 - Área de mesas de apoio para o restaurante e as lanchonetes do centro de vivências. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 78 - Área do centro esportivo. Fonte: Acervo Pessoal.

Para as rotas número 2 e 3, o visitante depara-se com a pista de skate de 6000 m², que serve também a outras modalidades como bicicleta, patins, patinete, etc. A pista 163


em si é demarcada por vários elementos de diferentes níveis de dificuldade. Além disso, ela possui uma piscina vazia de concreto e é envolta por uma mureta de proteção. Estes dois elementos são trabalhados por artistas locais através do grafite. Como pode ser visto nas imagens a seguir – imagem 79 e 80.

Imagem 79 - Pista de skate com piscina grafitada por artistas da comunidade e externos. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 80 - Pista de skate e arquibancada. Fonte: Acervo Pessoal.

No caminho em direção ao atletismo, o visitante percorre a área, sombreada por vegetação – imagem 80 –, que dá acesso superior às arquibancadas da pista de skate e das quadras de tênis – imagem 81.

Imagem 81 - Área sombreada de acesso às arquibancadas e à pista de atletismo e ginásio de esportes. Fonte: Acervo Pessoal. 165


Imagem 82 - Vista da arquibancada da área de tênis. Fonte: Acervo Pessoal.

Ao chegar à área da pista de atletismo o visitante nota uma estrutura que aparenta ser apenas a arquibancada do local – imagem 83. Mas releva-se como não somente acesso à arquibancada, mas em banheiros e vestiários, sala de guarda de material e apoio e sala para atendimentos médicos – primeiros socorros.

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Imagem 83 - Entrada da pista de atletismo. Fonte: Acervo Pessoal.

É somente na pista de atletismo que o visitante tem o entendimento daquela estrutura – imagem 84, 85 e 86 –, que não só agrega as atividades acima listadas, mas uma pista não convencional – por ser inclinada – e que colabora aos visitantes, em especial, as crianças, a terem experiências únicas no parque. Vale ressaltar que esta ideia é baseada no projeto de pista de atletismo em Alicante do estúdio espanhol Subarquitetura – imagem 87.

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Imagem 84 - Vista da pista de atletismo e da área inclinada para lazer, em especial, das crianças. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 85 - Visão da composição da arquibancada com a pista. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 86 - Imagem ao alto da pista de atletismo – com visão para o campo de futebol americano. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 87 - O projeto da pista de atletismo do estúdio espanhol Subarquitetura. Fonte: http://www.dezeen.com/

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No Parque da Lagoa Jacuném a pista de atletismo abriga ainda um campo de futebol americano – esporte em ascensão no estado. Este campo pode ser adequado também para outros esportes como o próprio futebol. Entre a pista de atletismo e o ginásio de esportes, encontra-se o estacionamento principal do parque. Com 364 vagas e todas devidamente sombreadas – imagem 88.

Imagem 88 - Vista do estacionamento arborizado – modelo em todo o parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal.

Ao lado esquerdo, por último, está o Ginásio de Esportes. Obedecendo o mesmo princípio da inclinação da cobertura verde em alusão a topografia local, porém neste caso, o visitante tem livre acesso à estrutura. Possibilitando, portanto, agregar valor à sua experiência como visitante ao ter uma outra visão do entorno – imagem 89 e 90.

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Imagem 89 - Vista do acesso à cobertura verde do ginásio de esportes. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 90 - Vista do alto do Ginásio de Esportes. Fonte: Acervo Pessoal.

A estrutura do Ginásio do Esportes contem duas piscinas ao ar livre, sendo uma para saltos ornamentais – imagem 91, 92 e 93. A arquibancada, com capacidade 171


para 550 visitantes, desta modalidade encontra-se embaixo da cobertura verde que une-se ao ginásio. Há banheiros e vestiários, hall de acesso e lanchonetes disponíveis ao longo desta estrutura curvilínea.

Imagem 91 - Imagem da área das piscinas. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 92 - Área das piscinas. Fonte: Acervo Pessoal. 172


Imagem 93 - Vista da arquibancada superior da área das piscinas. Fonte: Acervo Pessoal.

O Ginásio de Esportes em si foi concebido para ter uma quadra multiuso, podendo ser realizado, então, diversos torneios de diferentes esportes. A estrutura fora dimensionada em referência ao ginásio do Parque Tancredo Neves, em Vitória, que tem capacidade para 1700 pessoas. Além das estruturas administrativas, de apoio, banheiros e vestiários o Ginásio possui uma academia, uma área destinada a esportes de lutas e ginástica. A área gramada em frente ao ginásio tem a possibilidade de receber grandes eventos – esta relativamente próxima ao estacionamento e em área de fácil controle. Retornado ao portal de acesso o visitante pode visualizar no outro lado da rua a área destina às churrasqueiras – imagem 94. São ao todo 9; e 2 estruturas destinadas aos banheiros – figura 62.

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Figura 62 – Localização da área do piquenique, churrasqueiras e mirante com café-livraria. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 94 - Área das churrasqueiras, com caminho orgânico para flanar ou correr; acima área do mirante para a ponte/lagoa com estrutura de café-livraria. Fonte: Acervo Pessoal.

A churrasqueira releva o mesmo desenho arquitetônico das edificações do parque. Mas, entretanto, é feita de pergolado – imagem 95. Além disso, cada estrutura

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possui um pequeno jardim de ervas suspenso para melhorar a experiência gastronômica dos seus usuários – imagem 96.

Imagem 95 - A churrasqueira em pergolado. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 96 - A estrutura da churrasqueira e a pequena horta para cultivo de ervas. Fonte: Acervo Pessoal. 175


Nesta área também há um circuito destinado para flanar/caminhar e as árvores são frutíferas, fomentando a ocorrência de piqueniques na região – imagem 97.

Imagem 97 - Gramado da região para práticas diversas. As árvores aqui são frutíferas e propiciam ambiente para piquenique. Fonte: Acervo Pessoal.

Atravessando a quadra o visitante pode desfrutar de um pequeno café-livraria e da vista do deck à ponte que liga as penínsulas do parque – imagem 98. É o primeiro contato do mesmo com a Lagoa Jacuném. O visitante neste local é livre para descer e ficar mais próximo da lagoa.

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Imagem 98 - Café-livraria. Ao fundo a ponte do parque. Fonte: Acervo Pessoal.

Adiante no parque o visitante pode escolher dois caminhos: o primeiro dá acesso ao Aquaviário e a ponte; o segundo a área de camping. Antes de chegar aos dois destinos, o indivíduo pode desfrutar de um imenso campo verde – figura 63 – para fazer piquenique ou quaisquer outras atividades de lazer – imagem 99.

Figura 63 – Localização da área gramada. Fonte: Acervo Pessoal. 177


Imagem 99 - Área gramada para instalações efêmeras e práticas de atividades não pré-estabelecidas. Fonte: Acervo Pessoal.

Ao caminhar em direção ao camping é possível notar que o estacionamento do mesmo encontra-se ligeiramente afastado – cerca de 300 metros. O intuito de separar a área de camping do estacionamento é justamente para elevar a máxima da atividade – que é estar em contato com a natureza. Contato este que por vezes perde-se o encanto próximo a vias e carros. Na área do camping há uma pequena praça, arborizada, com quadra society e estrutura para banheiros. Há também uma pequena trilha que dá acesso a 3 churrasqueiras. Próximo a estas churrasqueiras é possível vislumbrar a lagoa Jacuném. O acesso à mesma é livre. A área do camping em si é destinada a toda a região gramada. Pequenas trilhas permeiam em meio à densa floresta à direita do parque. Nesta área também é possível praticar arvorismo. Estas informações podem ser mais bem analisadas nas imagens a seguir – figura 64 e imagens 100, 101 e 102.

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Figura 64 - Localização da área de camping. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 100 - Praça da área de camping segue o mesmo modelo do parque. Ao fundo quadra de campo society e estrutura para banheiros. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 101 - Imagem da visรฃo do gramado e da floresta do entorno a partir da รกrea da churrasqueira. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 102 - Vista da lagoa, do declive do terreno e da churrasqueira da รกrea de camping. Fonte: Acervo Pessoal.

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Ao outro caminho, anteriormente citado, o indivíduo tem acesso ao Aquaviário – figura 65 e imagem 103. Se por bicicleta, pode chegar ao mesmo contornando toda a área gramada e desfrutando ao final das curvas de nível – e do visual da Lagoa Jacuném. Na região do Aquaviário além de estacionamento e uma pequena praça anexa contendo duas quadras poliesportivas, o visitante tem a possibilidade de atravessar a lagoa através da ponte e ter outra visão acerca do local – imagem 104 e 105.

Figura 65 – Localização do Aquaviário e da ponte que interliga à península 01. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 103 - Imagem da área do Aquaviário e adjacência. Nota-se uma pequena praça com 2 quadras poliesportivas próxima ao estacionamento e a ponte que liga as penínsulas do parque. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 104 - Vista da ponte. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 105 - Vista da lagoa através da ponte. Fonte: Acervo Pessoal.

Tal ponte foi concebida para não tocar o corpo d’água. Para vencer o vão de cerca de 240m foi utilizada, então, uma estrutura atirantada que compõe o cenário, formando um novo morro a quem olha do horizonte. A ponte em si remete-se a diversas outras de mesma estrutura e desenho semelhante como a Ponte Juscelino Kubitschek em Brasília – imagem 106.

Imagem 106 – Ponte Juscelino Kubitschek em Brasília. Foto: Mario Roberto Duran Ortiz. Fonte: Acervo Pessoal. 183


A praça superior do Aquaviário – imagem 107 -, em formato mais orgânico, é o ponto de encontro e de convívio social. De contemplação, de leitura, do sentar e relaxar. Do apreciar a paisagem ou mesmo do flanar. Árvores permeiam as zonas gramadas promovendo sombra ao cidadão.

Imagem 107- A praça superior do Aquaviário. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 108 - Outra visão da praça superior do Aquaviário. Fonte: Acervo Pessoal.

Para acessar o aquaviário, a cerca de 20m abaixo, a solução arquitetônica adotada partiu do mesmo princípio do Elevador Lacerda, em Salvador – imagens 108 e 109.

Imagem 109 - Elevador Lacerda em Salvador. Fonte: http://www.bahiatododia.com.br/ 185


No parque, no caso, a estrutura superior além de servir de passarela, é composta por café, livraria e, é claro, um restaurante. Conecta-se com a edificação inferior através de escadas e elevadores unificados em uma só estrutura vertical. O deck que dá acesso à lagoa possui dois píers, com atividades distintas. Enquanto um serve ao visitante de maneira geral, com serviço de aquavíario com rota, a princípio, turística – image 110; o outro é destinado à atividades esportivas. Para tanto conta inclusive com rampa de acesso ao corpo d’água – imagem 111. A edificação em si, obedece essa separação. Se de um lado há loja de souvenier e restaurante – com área externa para mesas – image 112; do outro há espaço para guarda de canoas e outros materiais como pranchas de stand-up paddle, além de sala de atendimento médico – primeiros socorros – e sala para eventuais aulas e palestras – image 113.

Imagem 110 - Vista a partir do píer do Aquaviário. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 111 - Vista do píer destinado às atividades aquáticas. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 112 - Mesas e cadeiras do lado externo trazem à tona outro clima ao usuário do restaurante. Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 113- Vista da arquitetura projetada para a área do Aquaviário. Fonte: Acervo Pessoal.

Apesar da divisão de atividades, o deck possui conexão em sua frente. Árvores compõe e sombreiam a área, que é convidativa até mesmo para sentar-se em um banco para ler ou desenhar a paisagem. Ao visitante é possível maximixar a experiência, chegar mais próximo à lagoa, através dos degraus ao final do deck – imagem 114. Pelo lado do restaurante é possível chegar alí por dois caminhos: um formal, obedecendo a inclinação natural; e outro lúdico – análogo às curvas de nível; para intreter, em especial, as crianças e tornar a experiência de visitar o parque inesquecível – imagem 115.

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Imagem 114 - Degraus no deck possibilitam uma maior aproximação do visitante à lagoa. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 115 - O caminho formal e outro lúdico garantem a experiência inesquecível de visitar a área e o parque Lagoa Jacuném. Fonte: Acervo Pessoal.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante destacar aqui que o município da Serra apresenta forte relação com a evolução histórica do parque, visto que os dois estão intimamente ligados às indústrias. Não há melhor formar de estabelecer a definição do local de um parque se não após análise ambiental e social de toda a Região Metropolitana da Grande Vitória. Obviamente que todos os municípios possuem anseio por um equipamento de grande porte, que possa contribuir com a melhora da qualidade de vida da população, e ainda, um equipamento que promova a educação ambiental, entretanto o município da Serra apresentou o pior cenário quanto ao dano ambiental iminente. Diante disso o município serrano fora escolhido para ter projetado o parque ambiental para que as projeções futuras negativas não fossem concretizadas, tornando, então, a lagoa Jacuném de fato um bem natural público. Trabalhar em macro escala é de fato um desafio, mas não há nada mais satisfatório do que ver o fruto deste trabalho em um estudo conceitual de ocupação, cujo objetivo, além de tudo é demonstrar as inúmeras possibilidades existentes para aquela região – além do ocupar por uma malha urbana. Acredita-se que tal trabalho definiu bem as intenções projetuais, bem como as zonas de ocupação. Promovendo o uso do parque como um todo e fomentando a importância da comunidade na construção de um ambiente mais humano e saudável.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MAGNAGO, Luiz Fernando Silva; SIMONELLI, Marcelo; MARTINS, Sebastião Venâncio; MATOS, Fabio Antonio Ribeiro; DEMUNER, Valdir Geraldo. Variações estruturais e características edáficas em diferentes estádios sucessionais de floreta ciliar de tabuleiro, ES. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.35, n.3, p.445-456, 2011. FREIRE, Ana Paula. Caracterização Morfológica, Hidrológica e Ambiental e Análise de Conflito do Uso do Solo da Bacia da Lagoa Jacuném. Vitória, UFES, Pós-Graduação em Gestão Ambiental, 2005.

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