A vida dificil de uma manteigueira

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com o apoio:

A VIDA DIFÍCIL DE UMA MANTEIGUEIRA

Uma ideia original:

ISABEL ZAMBUJAL • RODRIGO GOULÃO DE SOUSA

COLEÇÃO ZERO DESPERDÍCIO

Pobre Manteigueira! Não conseguia fazer amigos no “lar frio lar”, pois nunca a arrumavam no mesmo sítio. Ou ocupava um lugar na prateleira de cima, junto dos desenxabidos peixe e carne crus, onde também se encontravam os enjoados bolinhos com creme, ou a atiravam para as prateleiras do meio, perto dos seus primos iogurtes e queijos. Já sem falar dos dias em que a depositavam na parte mais baixa e quente do frigorífico, onde quase se derretia com a beleza da fruta e dos legumes. Mas como é que se pode fazer amigos assim? Achas que é possível criar laços de amizade frequentando todos os dias uma escola diferente? Naquela casa, ninguém desperdiçava nada. Além de se aproveitar sempre o que sobrava de cada refeição, tinha-se o cuidado de arrumar no frigorífico os alimentos, bem-acondicionados e nas prateleiras certas. Só a Manteigueira é que ocupava um lugar sempre diferente.

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A VIDA DIFÍCIL

DE UMA MANTEIGUEIRA


ISABEL ZAMBUJAL • RODRIGO GOULÃO DE SOUSA

A VIDA DIFÍCIL

DE UMA MANTEIGUEIRA

A presente edição segue a grafia do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 199O. © 2O15, ISabel zambujal (Texto) e rodrigo goulão de sousa (Ilustrações) Título: A vida difícil de uma manteigueira autora: isabel zambujal ilustrações: rodrigo goulão de sousa ideia original: J. Walter Thompson Revisão: J. Walter Thompson e clube do autor Design e paginação: J. Walter Thompson / rodrigo goulão de sousa Impressão e acabamento: printer ISBN:978-989-724-22O-5 Depósito legal: 39O289/15 1.ª edição: abril de 2O15


Chamavam-lhe simplesmente Manteigueira. Partilhava a vida com aquela família, do pequeno-almoço à ceia. Mas, mesmo sendo desejada e acarinhada, não se sentia feliz. O desperdício incomodava-a e não conseguia fazer amigos no frigorífico. Ninguém se preocupava com a sua melhor conservação. Ou a abandonavam na mesa da cozinha, no balcão junto à torradeira, num tabuleiro florido, ou a atiravam para dentro do frigorífico, onde supostamente se deveria sentir em casa, junto de vizinhos que se poderiam ir tornando amigos.


Era naquele espaço, no frigorífico, que esperava encontrar o merecido consolo de tanta agitação, ou mesmo agressão. Quantas vezes davam ao seu conteúdo golpes desnecessários com a faca? É sabido que possuía um excelente poder de cicatrização, bastava amolecer um pouco.


Pobre Manteigueira! Não conseguia fazer amigos no “lar frio lar”, pois nunca a arrumavam no mesmo sítio. Ou ocupava um lugar na prateleira de cima, a mais fria, junto dos desenxabidos peixe e carne crus, onde também se encontravam os enjoados bolinhos com creme, ou a atiravam para as prateleiras do meio, perto dos seus primos iogurtes e queijos.


Já sem falar dos dias em que a depositavam na parte mais baixa e quente do frigorífico, onde quase se derretia com a beleza das frutas e dos vegetais. Mas como é que se pode fazer amigos assim? Achas que é possível criar laços de amizade frequentando todos os dias uma escola diferente?


Naquela casa, só a Manteigueira ocupava um lugar incerto no frigorífico. Todos se preocupavam com o desperdício, mas, mesmo assim, às vezes esqueciam-se de aproveitar os alimentos que sobravam de uma refeição. A Manteigueira ficava doente, pois sabia que o seu conteúdo fazia milagres a uns restos de massa, arroz, carne, peixe ou mesmo legumes já cozinhados.


Foi durante um demorado pequeno-almoรงo de domingo que o pai, enquanto barrava uma torrada, reparou que a velha Manteigueira tinha a tampa rachada e que, lรก dentro, a aรงoriana Manteiga se encontrava cheia de migalhas e acabara de sofrer golpes com alguma profundidade.


– Precisamos de ter um bocadinho mais de cuidado com esta velha Manteigueira, que já nos acompanha há tantos anos. Mesmo rachada não há razão para a trocar por uma nova. Seria um desperdício! – disse o pai, acrescentando: – E, a partir de hoje, o seu lugar é na porta do frigorífico, mesmo ao lado dos ovos.


E foi assim que a Manteigueira ganhou os ovos como os seus melhores amigos. Ela relatava-lhes o que se passava no resto da casa, pois eles sabiam que, uma vez que saĂ­ssem do frigorĂ­fico, nunca mais voltariam a entrar.


Mas o melhor de a arrumarem sempre no mesmo sítio foi conhecer as vizinhas do andar de baixo: as garrafas. Eram as únicas que viviam em festa! Sempre que alguém abria a porta, dançavam e tilintavam de alegria. Era um grande desperdício perder aquela animação! FIM


Para o ar circular, o frigorífico não deve estar demasiado cheio. Não devemos juntar os alimentos crus com os cozinhados.

como arrumar o frigorífico como arrumar o frigorífico

As bebidas ou os alimentos quentes devem arrefecer antes de os guardarmos no frigorífico. Os alimentos devem estar em caixas fechadas ou tapados com película.


Se a tua Manteigueira não couber na porta do frigorífico, não te preocupes, ela fica feliz junto das compotas e dos primos iogurtes e queijos.


uase q i u q tais. aa Guard uta e os vege fr toda a s bananas, a as, Menos ses, as batat na . os ana s, os alhos.. la as cebo

Mantém a temperatur a do frigorífico a pe menos 5ºC lo .

ase u u q ente o s go r à fr os. i t n ta d is a m es ueci a s m deve esq o t en razo carem m ali de p ão fi s O ra a n fo par

podes m é b m a T sobras s a r a l e g n co feição, e r a m u e d apetecer e t o ã n e s -las nos á t i e v o r p a ntes. i u g e s s a i d


Sugestões de atividades 1.

vai ao teu frigorífico e inventa UMA receita com o que sobrou do almoço ou do jantar. Bom proveito!

2.

escreve a tua história zero desperdício, imaginando que as personagens são os meninos e as meninas da tua sala de aula. não desperdices ideias!

3.

Em casa, desenha o interior do teu frigorífico ou, se preferires, tira uma fotografia e cola-a numa folha. a seguir, leva o teu desenho, ou fotografia, para a escola e apresenta-o aos teus colegas e professores. já reparaste se a tua manteigueira tem sempre as mesmas vizinhas? em conjunto, poderás discutir com os teus colegas a melhor forma de organização dos alimentos. quem sabe se ainda ganhas o prémio de “melhor arrumador de frigoríficos”. boa sorte!


ISABEL ZAMBUJAL Isabel Zambujal nasceu em Lisboa, em 1965. Cedo percebeu que as ideias e as palavras não eram para desperdiçar e inscreveu-se no curso de Marketing e Publicidade do IADE. Trabalhou em diversas agências de publicidade como copywriter e, em 2O14, já ocupando um dos lugares da Direção Criativa da Ogilvy, deixou as grandes agências e ganhou tempo para se dedicar à escrita. Com dezenas de títulos publicados, vários deles presentes no Plano Nacional de Leitura, diverte-se a criar mundos menos sérios e sisudos. Mas o mundo onde vive também a surpreende: Brasil, Colômbia, Espanha e Bélgica são alguns dos países onde já foi lançada a coleção da Levoir “Grandes Compositores”. Presentemente prepara-se para editar mais um conto, Dias felizes de uma nódoa teimosa, novos títulos da Coleção “Vou Pensar Nisto” e a Coleção “Grandes Pintores”. Planos para o futuro? Continuar com o seu lema: zero desperdício para as coisas boas com que os seus dias se cruzam.

RODRIGO GOULÃO DE SOUSA Rodrigo Goulão de Sousa nasceu a 16 de agosto de 1996, em Lisboa, e desde pequeno que manifesta um grande interesse pelo desenho e pela arte em geral. Em 2O1O, participou pela primeira vez no concurso de banda desenhada da Amadora BD, obtendo o terceiro lugar no escalão jovem, e, no ano seguinte, com apenas 15 anos, ganha o primeiro prémio. Enquanto aluno do liceu francês Charles Lepierre, participou na criação de vários cartazes de eventos promovidos pela escola, culminando com a ilustração da capa de um livro. Atualmente na licenciatura de Arte Multimédia na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, Rodrigo tem o objetivo de chegar à animação 3d, tendo já feito o design e as animações de um jogo para plataformas digitais (“Blockalicious” para android). Joga rugby há 9 anos e integra hoje a seleção nacional sub-2O, participando em competições internacionais.

PORTUGAL NÃO SE PODE DAR AO LIXO. Era uma vez um planeta onde refeições inteiras iam para o lixo todos os dias. Até que um grupo de cidadãos portugueses decidiu fazer alguma coisa sobre o assunto. Depois de muito pensar e estudar, desafiou várias empresas, escolas e instituições e criou o Movimento Zero Desperdício. este movimento recupera esses alimentos e encaminha-os para as famílias que mais precisam deles. Este livro é o segundo de uma coleção que conta histórias sobre as atitudes que podemos mudar no dia a dia para que o Movimento Zero Desperdício possa continuar a crescer e a ajudar cada vez mais gente. Espero que gostem desta iniciativa e que mantenham bem viva esta ideia que Portugal oferece ao mundo. António Costa Pereira Fundador do Movimento Zero Desperdício

Agradecimentos Isabel, Patrícia, Paula, Carlos, Nuno, Salvador, Rui e Tó, que comigo foram além-palavras e fundaram a Dariacordar. À J. Walter Thompson, que esteve na génese da criação do Movimento Zero Desperdício, e tem participado desde os “primeiros passos” nestes livros. À Câmara Municipal de Lisboa, que acreditou no Programa Zero Desperdício, para Lisboa, e logo “comprou a ideia” dos livros que serão lançados nas suas escolas de Ensino Básico. À Fundação EDP, que aceitou participar neste projeto e custear uma parte das despesas de publicação dos livros. À Fundação Calouste Gulbenkian, que é parceira da Dariacordar e da Câmara municipal de Lisboa, no Movimento Zero Desperdício para Lisboa. à isabel zambujal e ao rodrigo goulão de sousa, que se apaixonaram pelo projeto e criaram esta história. À editora Clube do Autor, que se juntou a este lançamento assim que soube que o Zero Desperdício queria chegar aos mais novos.



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A VIDA DIFÍCIL DE UMA MANTEIGUEIRA

Uma ideia original:

ISABEL ZAMBUJAL • RODRIGO GOULÃO DE SOUSA

COLEÇÃO ZERO DESPERDÍCIO

Pobre Manteigueira! Não conseguia fazer amigos no “lar frio lar”, pois nunca a arrumavam no mesmo sítio. Ou ocupava um lugar na prateleira de cima, junto dos desenxabidos peixe e carne crus, onde também se encontravam os enjoados bolinhos com creme, ou a atiravam para as prateleiras do meio, perto dos seus primos iogurtes e queijos. Já sem falar dos dias em que a depositavam na parte mais baixa e quente do frigorífico, onde quase se derretia com a beleza da fruta e dos legumes. Mas como é que se pode fazer amigos assim? Achas que é possível criar laços de amizade frequentando todos os dias uma escola diferente? Naquela casa, ninguém desperdiçava nada. Além de se aproveitar sempre o que sobrava de cada refeição, tinha-se o cuidado de arrumar no frigorífico os alimentos, bem-acondicionados e nas prateleiras certas. Só a Manteigueira é que ocupava um lugar sempre diferente.

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DE UMA MANTEIGUEIRA


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