Vidas Anônimas no jornal O Dia Alagoas

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O DIA ALAGOAS l 29 de junho a 5 de julho I 2014

CULTURA

redação 82 3023.2092 e-mail redacao@odia-al.com.br

PROJETO VIDAS ANÔNIMAS ganha as páginas de O DIA ALAGOAS. Jovens jornalistas vão à procura do extraordinário na vida comum

O olho da rua Da Redação

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pintor, dono de um pincel mágico, que busca descobrir qual cor o tornará visível ao olhar alheio. O porteiro que distribui bênçãos às centenas de moradores do edifício em que trabalha. O homem que é anônimo na maioria dos 365 dias do ano, mas durante os festejos de momo se tornava o Rei do Carnaval alagoano. A senhora que entre pontos altos, baixos, médios e inteiros, tricotou-se em pontos quebrados. A doce senhorinha que cheira a saudade, a tempo, a lembranças de uma vida

vivida e hoje esquecida. Neste mês de julho, você encontrará nas páginas da editoria de Cultura de O DIA ALAGOAS essas e outras histórias extraordinárias da vida real. As próximas quatro edições estarão associadas ao projeto Vidas Anônimas, que tem como propósito narrar acontecimentos banais que normalmente não virariam notícia, e das pessoas que não são celebridades. “Contar os dramas anônimos como se cada Zé fosse um Ulisses, não por favor ou exercício da escrita, mas porque cada Zé é um Ulisses. E cada pequena vida uma Odisseia.”

As palavras são da jornalista Eliane Brum, que ao lado de Gay Telese, Truman Capote, Paulo Barreto e outros nomes do jornalismo brasileiro e internacional, foram fonte de inspiração para este projeto. Recém-nascido, o Vidas Anônimas é uma publicação on-line e independente destinada a leitores interessados em descobrir o que está além. Sua autoria é de quatro amigos reunidos em torno de um denominador comum: a vontade de contar histórias e a generosidade em dividi-las com os leitores. Ana Cecília, Elayne Pontual, Francisco Ribeiro (também repórter de O DIA) e Glória

Elayne Pontual

Francisco Ribeiro

S

abe aquela moça que senta ao seu lado no ponto de ônibus ou o porteiro do condomínio onde você mora? Lembra do pintor que deixou suas paredes branquinhas ou até mesmo as pessoas que vêm e vão despercebidas nas ruas do Centro da cidade? Pois bem, estes personagens são a matéria-prima do Vidas Anônimas. Falamos sobre aquelas pessoas que estão presentes no nosso cotidiano, mas que não enxergamos, no sentido de não percebermos ou considerarmos suas existências. Falamos do mendigo, da vizinha abandonada, de você e de nós mesmos. Nossa principal ferramenta é a sensibilidade e nela nos apoiaremos para encontrarmos outro ângulo, outro foco, outro olhar. O principal desafio será esvaziar nossas visões de mundo, deixar de lado os preconceitos e julgamentos, para assim podermos dar lugar à voz do outro. Sempre tive muita curiosidade em relação à história alheia. Gosto de ir a um restaurante ou sentar na praia e ficar imaginando como aquelas pessoas vivem, o que pensam de estar aqui e agora, dividindo o mundo com gente desconhecida, feita da mesma matéria, mas que talvez nunca cheguem a trocar uma palavra sequer. O que pensam de existir? Antes de dormir, o que fazem? Têm amigos, família? São sozinhos no mundo? Sempre preferi ouvir a falar. Acho que quando falo sobre mim posso estar perdendo algo extraordinário que vem inteiramente do outro, daí decido fechar a matraca e ser só ouvidos. Foi por conta dessa curiosidade latente e da vontade de dividir com o mundo o que de fascinante podemos descobrir do outro que eu e mais três grandes amigos colocamos o Vidas Anônimas em prática. Com ele, estamos buscando também um sentido para essa existência louca e faremos o possível para alcançar nosso objetivo.

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projeto Vidas Anônimas é resultado de uma ideia simples e generosa: contar histórias de gente feita de verdade e a vontade de dividi-las com vocês. Aliás, não haveria como ser de outra forma. Criado por quatro amigos, quatro perspectivas diferentes sobre a vida, porém marcados pela mesma sina: insistir que os milagres são cotidianos. Se temos um ideal (palavra forte, né?) é a nossa fé no homem. Não faço outra coisa melhor senão olhar, observar as minúcias, os detalhes. O desimportante é o extraordinário para mim. Cada história que escrevo é a história de um olhar. “Um olhar que enxerga. E por enxergar, reconhece. E por reconhecer, salva”, assim como disse a repórter e escritora Eliane Brum. Mas só consigo ver o que é alheio para a maioria, porque existe algo belo no que é desapercebido. Certa vez, um colega jornalista disse não suportar as pessoas, o convívio entre gente comum. Toda vez que me lembro dessa afirmação, eu sinto arrepios e corre um frio na espinha. Pois me acostumei a ouvir de grandes repórteres que a matéria-prima do jornalismo é o rosto anônimo que cruzamos todos os dias em cada esquina. É nisso que acredito. Por isso, escrevo. E deixo em meus textos um pedaço de mim.

Ana Cecília da Silva

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les estão nas esquinas, nas praças, nas ruas e, sem dúvida, têm muito o que falar. São como eu, você, têm as mesmas alegrias, medos e anseios. Contar histórias de anônimos, esses heróis sem capa nem escudo, é um grande desafio do qual tenho a honra de participar. O que afinal essas pessoas pensam sobre a existência? O que escondem em seu anonimato? O Vidas Anônimas pretende preencher o vazio e quebrar o silêncio dessas vozes, mostrar a cara daqueles que não viraram notícia, revelando ao leitor a realidade, essa que vai além das capas de jornais e revistas. A realidade que é mais complexa que simples palavras, feita também de nuances e de silêncio.

Damasceno são os nomes dos jovens jornalistas que assinarão os textos publicados neste espaço. Na contramão do timing dos jornais, das revistas e da internet, o projeto traz imagens e textos mais reflexivos, que contam a vida de pessoas-estatísticas, de gente que dribla as armadilhas do cotidiano brasileiro, de rostos anônimos que desejam bem mais do que sobreviver. Um mergulho no dia a dia de alagoanos para provar que não existem vidas comuns. A seguir, quatro breves perfis dos autores do projeto e suas motivações. Confira.


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O DIA ALAGOAS l 29 de junho a 5 de julho I 2014

CULTURA Glória Damasceno

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Vidas Anônimas é um projeto feito de vontade e delicadeza. Aprender a ouvir, arrepiar a existência de ganhos e de perdas; tecer de palavra, coerência e coesão os desalinhos de um tricô costurado de pontos quebrados; Ou ser o ponto de intersecção entre o que alguém gostaria de dizer e não consegue, porque só conhece a vogal “o”, por “tomar café num copo”. É isto o que move cada toque do meu teclado. O Vidas Anônimas representa a possibilidade de enxergar o outro e a mim, porque quando a gente o enxerga, a gente também se vê.

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GUIA CULTURAL DOMINGO ENCERRAMENTO DO SÃO JOÃO EM MACEIÓ É FESTA, FUTEBOL E FORRÓ. Jaraguá. Programação completa: www.maceio.al.gov.br. Neste domingo, dia 29 de junho, acontece o último dia de festa no Arraial Central, em Jaraguá, onde foi montada a vila cenográfica a partir de elementos da cultura popular

SEGUNDA

Serviço www.vidasanonimas.com.br www.facebook.com/anonimasvidas www.instagram.com/vidasanonimas

REMINISCÊNCIAS: DO MIJÃOZINHO AO SEM-TERRA. Pinacoteca Universitária (Pç. Visconde de Sinimbu, 206, Centro / 3214-1545). Visitação: até 01 de agosto; seg. e qui., das 08h às 20h; ter., qua. e sex., das 08h às 18h. Aberto ao público. A Pinacoteca Universitária recebe a exposição Reminiscências: do mijãozinho ao sem-terra, que traz imagens capturadas pelas

TERÇA O ÍNDIO QUE VOCÊ NÃO VÊ. Museu Théo Brandão (Av. da Paz, 1490, Centro). Visitação: até o dia 9 de agosto; de terça a sexta-feira, das 9h às 17h; aos sábados, das 14h às 17h. Entrada gratuita. Mais informações: (82) 3214-1710 ou 3214-1715. Entra em cartaz no Museu Théo Brandão, a mostra fotográfica O índio que você não vê.

QUARTA GRUPO CONTEMPORÂNEO POPULAR. Rex JazzBar (Rua Dr. Antônio Mendonça, Praça Rex, Jajuçara). No dia 02 de julho, a partir das 21h. Couvert: R$ 7. Mais informações: 9330 2880. Criado por quatro estudantes do curso de Música da Ufal, o grupo do Contemporâneo

PREPARE-SE ELETRO WHITE. Musique Maceió (Rua José Soares Sobrinho, 69, Stella Maris. No dia 19 de julho, a partir das 22h. Ingressos: 1º lote: R$ 50 (meia) e R$ 100 (inteira); R$ 75 (mezanino) e R$ 100 (frontstage). Pontos de venda: Musique Store (www.store.musiquemcz.com), Folia Brasil (GBarbosa Stella Maris e Unicompra Ponta Verde), Acesso Vip (Unicompra Farol, Bompreço Ponta Verde e Parque Shopping Maceió) e Viva Alagoas (Maceió Shopping). Classificação: 18 anos. Mais informações: (82) 33278700 e 9306-9306. A 6ª edição da Eletro White traz um line-up caprichado para animar os apaixonados por música eletrônica. Com muita house e electro, os disc-jóqueis convidados prometem eletrizar a pista. São eles: Renato Cordista, Paulo Pringles (SP), banda

nordestina e do amor ao futebol, presentes no tema dos eventos: “São João em Maceió é festa, futebol e forró”. Já subiram ao palco principal do Jaraguá grandes nomes da música nordestina no Brasil: Lucy Alves, Alceu Valença, Caju e Castanha, Flávio José, Geraldo Azevedo e Jorge de Altinho. O evento foi promovido pela Prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC).

lentas da câmera da artista visual alagoana Viviani Duarte. O trabalho fala da memória da praça Sinimbu, antigo espaço de encontro e lazer das famílias maceioenses, e guarda várias referências visuais importantes para a cidade de Maceió, dentre as quais a pequena escultura do mijãozinho, hoje desaparecida. Ao longo dos anos o local se transformou e é atualmente marcado pelas ocupações dos grupos sem-terra. A exposição tem curadoria do crítico de arte Marcos Lontra.

Composta por quarenta fotografias em preto e branco, capturadas pelas lentes do fotógrafo e estudante de Ciências Sociais da Ufal, Alfredo M. Pontes. Os registros foram realizados em onze comunidades indígenas no Agreste e no Alto Sertão de Alagoas. A exposição é fruto de edital público, aberto no final do ano passado, cujo propósito era de selecionar dois trabalhos e abrigá-los nas salas de exposições temporárias do museu. A curadoria é de Cláudia Mura e Siloé Amorim.

Popular será a atração do projeto Quartas de Rex, do Rex JazzBar. Formado por Elizaubo Wandenbergue (sax Tenor e clarinete), Fagner Magrinelli (violino), Felipe Burgos (violão) e Maglione Santos (bateria), o quarteto apresentará um repertório instrumental composto por jazz, samba, bossa nova, chorinho, baião, forró e diversos gêneros da música popular mundial. No dia, o couvert custará R$ 7. Que tal?

YOW (SSA), Hands Up (PR) e Ely Yabu (SC). Para a turma não fazer “feio” na produção, vale lembrar que o branco é a “cor oficial” da festa. COMBINATION #3 - À GOSTO! Kfofo Show House (Rua Barão de Jaraguá, 569, Jaraguá). No dia 09 de agosto, a partir das 20h. Ingressos: R$ 10. Ponto de venda: na bilheteria do local. Mais informações: (82) 8702-7044. Classificação: não divulgada. O Combination é um evento de bandas alagoanas cuidadosamente escolhidas para serem lançadas aos olhos do público em uma noite cheia de música boa, autoral e independente. Promovido pelo Coletivo Combo, a terceira edição contará com a participação de Fantasmas de Marte (rock alternativo), Correndo Por Fora (pop rock), Los Prego (surf rock instrumental) e Chase (rock alternativo). A noitada terá ainda a discotecagem do DJ #KILLTHEBITCH.

Envie um e-mail para cultura@odia-al.com.br e divulgue seu evento


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