Versus Magazine #24 Fevereiro/Março 2013

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THE FALL OF EVERY SEASON «Amends» (Grau Records) Trondheim, Noruega. Projecto de um homem só. Majestoso e intenso. Parece improvável que todas estas características se refiram a um só projecto, mas é esse o caso. Marius Strand é o homem por detrás desta ambiciosa abordagem a um doom progressivo com notas de death metal. Seria de prever que o álbum fosse mais direccionado para um elemento em detrimento dos outros; onde prevalecesse o elemento para o qual Marius é mais vocacionado, mas todo o álbum é muito coeso, e há um grande equilíbrio entre todos os instrumentos, entre guturais e vocais limpos, o que demonstra a multiplicidade deste músico. O contraste entre trechos soturnos, pesados, em que predominam ritmos mais lentos, contrasta com trechos mais melodiosos e harmónicos com uma sonoridade que me relembra Katatonia e Anathema, principalmente nas faixas “Sole passenger” e “Aurelia”. A faixa “A portrayal” constitui, para mim, o momento mais melancólico do disco, onde a acústica confere um ambiente envolvente e calmante. O clímax, e que posso até arriscar a dizer que serviu de inspiração à capa do álbum, é Aurelia, concentrando em pouco mais de onze minutos todos os elementos constituintes do álbum, desde a sonoridade ambiental, progressiva e melódica, a trechos mais negros e obscuros, voltando à sonoridade mais lenta e controlada, instiga uma montanha de emoções que apenas com a música de consegue transmitir. «Amends» sucede a «From Below», cinco anos depois do lançamento deste, e a espera valeu muito a pena. É um álbum que apetece ouvir em loop consecutivamente. [9/10] Susana Cardoso THE GODSPEED SOCIETY «Killing Tale» (Raging Planet Records) Acho incrível como uma banda deste calibre e com um álbum de estreia desta envergadura não obtém o reconhecimento merecido. Sendo um ouvinte mais ou menos assíduo de programas de rádio, principalmente, aqueles com mais audiência, sou assolado por um sentimento de admiração, revolta e choque por não ver o trabalho deste grupo reconhecido. Ooops... Peço desculpa! Passo a apresentar os The Godspeed Society: São Portugueses, são originais e têm TONELADAS de qualidade. «Killing Tale» não é só música. A banda foi muito mais além e desenvolveu uma história em torno de um assassinato, numa cidade chamada Bloody City. Curioso é o facto dos elementos da banda serem, também, apresentados como as personagens da história: Baby, NoFace, Jack, etc. Musicalmente «Killing Tale» é muito diversificado, multi-instrumental, fugindo ao que é normal: Acordeão, clarinete, saxofone e flauta. Tudo isto é misturado de forma soberba criando uma variedade de estilos - Blues, Jazz ou rock-gótico - e ambientes musicais. A voz da Sílvia é quente e sedutora, contrastando com os riffs de guitarra e o ambiente criado pelos instrumentos de sopro. Uma palavra final para todo o design em volta do álbum... até neste aspeto os The Godspeed Society demonstram uma originalidade e qualidade sem precedentes.Face a tanta mediocridade na música Portuguesa e à falta de algo (verdadeiramente) original é incrível e tremendamente injusto como os The Godspeed Society não obtêm o reconhecimento merecido. Sílvia Guerreiro concedeu-nos uma EXCELENTE entrevista que sairá na próxima edição da Versus. [9.5/10] Eduardo Ramalhadeiro THE MOANING «Blood from Stone» (Century Media) Dos tempos áureos e ainda formativos do death metal melódico cheganos esta pérola originalmente publicada em 1997 pela defunta No Fashion Records e agora reciclado pela Century Media. Confesso que nunca ouvi falar antes dos The Moaning, mas pelo que vejo, parece que perdi algo significativo. «Blood from Stone», o único registo que a banda sueca deixou para a posteridade, é um trabalho de death/black rápido e intenso, com uma atmosfera tipicamente gelada ao estilo Dissection, e reminiscente também de uns In Flames na fase «Lunar Strain» ou de uns Dark Tranquillity» do tempo de «The Mind’s I». Além dos solos decentes e do festival de riffs melódicos que dotam todas as canções sem excepção com algo de muito atractivo, o que torna este disco de 16 anos de idade ainda extremamente refrescante para os padrões actuais, é a variedade rítmica das composições. São exactamente as alternâncias rítmicas que nos deixam grudados aos temas desde o início até ao fim, e basta ouvir faixas como “Darkness I breed” ou “Dying internal embers” para perceber que estes rapazes teriam talento em dose suficiente para os levar tão


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