Versus Magazine #24 Fevereiro/Março 2013

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Parabéns pelo novo álbum. Penso que conseguiram capturar na perfeição aquele feeling selvagem old school das bandas thrash mais influentes. Foi esta a vossa intenção? Jonah: Obrigado, Ernesto, mas esse não foi o nosso objectivo. Sei que muitos músicos vão buscar inspiração às bandas que eles próprios veneram. No entanto, acho que já lá vão os tempos em que thrashavamos ao som dos Kreator e não nos cansávamos disso. Não é que eu tenha alguma coisa contra isso; só acho é que as nossas influências de hoje vão muito além deste género de metal. Depois de ouvir os vossos riffs criativos e saber que são belgas, lembrei-me imediatamente de uma banda da vossa terra, minha preferida mas altamente subestimada: os Cyclone. Vocês são demasiado jovens para os terem visto ao vivo, mas suponho que devem conhecer os discos. Que

acham deles? Sim, somos muito novos; nunca os vimos a tocar. No entanto temos o privilégio de sermos amigos pessoais do vocalista deles, o Guido Gevels. É um tipo espectacular que está sempre pronto para contar histórias do tempo dos Cyclone. Temos o hábito de beber uns copos no bar dele. Quanto à música, penso eram muito intensos e coesos, especialmente no que toca à voz. Foram a melhor banda belga do seu tempo. O som que faziam era cortante, como uma faca a passar através de manteiga. Segundo o press release da vossa editora, este álbum “é o produto de uma banda farta de nostalgia e de cópias baratas de álbuns dos Exodus”. No entanto, paradoxalmente, este disco emana… nostalgia por todos os lados! Sim, eu compreendo, mas isto é tudo material composto em 2012. Nunca foi nossa intenção que este álbum soasse como se fosse um

disco dos 80s. Contudo, se é essa a sensação do ouvinte, tudo bem. Para nós até é um elogio dado que foi nos 80s que se criaram os melhores discos do género. De qualquer das maneiras, sublinho que não foi esse o nosso objectivo. Então o que é que os Evil Shepherd trazem que as muitas bandas desta recente onda revivalista de thrash metal já não tenham apresentado? Bem, esperamos ter conseguido injectar muito variedade nas nossas canções, a par de riffs originais, mudanças de velocidade, etc. Os temas que já compusemos a seguir à publicação deste álbum são mais arrojados. Continuam a ter como base o thrash metal, mas incluem agora um leque mais alargado de influências. Sei que há por aí muito boas bandas (por exemplo os Hatchet, que são uma das minhas favoritas dentro dessa onda revivalista que referes) mas, caramba, também há muita merda!


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