Versus Magazine #24 Fevereiro/Março 2013

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queremos respeitar as regras, temos de coexistir com elas. Mas, pela minha parte, prefiro trilhar o caminho que eu próprio tracei, que é certamente muito mais interessante do que estes caminhos pré fabricados. As minhas vertigens pessoais, os meus demónios, levaram-me a lugares muito diferentes, que eu gostei de conhecer. Mas é muito difícil prever onde me levarão no futuro. «Vertigo» tem um som militar, ritual. Há alguma relação entre ele e o conceito subjacente ao álbum? Kvass: Como já disse, «Vertigo» refere-se aos poderes invisíveis que controlam a nossa vida e às reações que provocam na alma humana. As suas faixas procuram captar diversas formas de os encarar. Algumas canções (como “IntroVertigo” e “Inertia Corridors”) são angustiadas e claustrofóbicas, tratando temas como os limites da sanidade mental e o pensamento doentio. Outras (como “Totalt Sjelelig Bankerott” e “Stolichnaya Smert”), marcadamente mais punk, são muito niilistas. Há ainda canções como “Goat Lodge” e “Phantom Kosmonaut”, que falam da solidão e incluem partes muito sombrias, adequadas à sua expressão. E como é que as vossas letras exprimem essas ideias? Lamento, mas não tive acesso a elas. Kvass: Esforçámo-nos por fazer com que as letras refletissem os sentimentos expressos pela música, tanto quanto possível. Logo, todas elas estão associadas ao grande tema deste álbum. Vão ser impressas no álbum e tencionamos disponibilizá-las online. Metade delas está escrita em norueguês, por isso vamos ter de pensar em como vamos torná-las compreensíveis para quem não conhece a nossa língua materna. Consultem a nossa página no facebook (www. facebook.com/koldbrannofficial). A capa do álbum é assaz surpreendente. Não se parece nada com uma capa típica de um álbum de black metal. Parece feita de aço, logo é mais facilmente associada a heavy metal. Foi uma escolha da banda, ou do artista, ou uma combinação dos gostos

dos dois? Mannevond: Obrigado. Vejo esse comentário como um elogio. Estou farto das bandas que fazem exatamente o que se espera delas, quer em termos musicais, quer visuais. Com «Vertigo», sentimos que estamos a explorar novas fronteiras e pareceu-nos que a capa do álbum e o seu grafismo deviam refletir essa ideia. Para este álbum, procurávamos algo com um ar autoritário e ameaçador, com linhas retas e arestas afiadas. Por isso, procurámos o estúdio Trine+Kim (conhecido pelo seu trabalho com os Mayhem, Virus etc.), que também já tinha trabalhado para nós antes. Estamos mais do que satisfeitos com o resultado final. A vossa música é coerente e coesa. Será por que todos os membros da banda participam na composição? Kvass: Se bem te percebo, pretendes dizer que as diferentes partes da música e todos os instrumentos encaixam perfeitamente na nossa música. Se assim é, estou inteiramente de acordo contigo. Experimentámos várias abordagens, quando estávamos a compor as faixas para este álbum. Umas vezes, combinávamos os instrumentos, recorrendo a um programa de computador, outras vezes tocávamos juntos, na sala de ensaios, e assim íamos construindo partes das canções. Para cada música, há um compositor principal e, por vezes, mais do que um. A melhor forma de criar um bom som é trabalhar duramente e aperfeiçoar ao máximo os detalhes das canções, mesmo antes de se entrar no estúdio. E não te esqueças de ser escrupuloso, quando se trata de avaliar a qualidade do que criaste. Além disso, todos os membros dos Koldbrann se conhecem há largos anos. Estamos habituados à forma como cada um usa o seu instrumento. Por esta altura, estamos muito conscientes da forma como conseguimos trabalhar juntos e como queremos que a nossa música soe. A Season of Mist apresenta-vos como bons músicos para festivais. Conhecem algum festival português? Já tocaram em Por-

tugal? Mannevond: Só toquei uma vez em Portugal: com os Urgehal, no SWR Festival, em Barroselas, em 2009, creio eu. Fomos muitíssimo bem recebidos pela multidão e o ambiente do festival era fantástico. Gostava muito de tocar novamente no teu país. Sei que também fazes parte dos Nettlecarrier (que entrevistei entretanto). O que significam para ti as outras bandas de que fazes (ou fizeste) parte? Mannevond: Permitem-me explorar outros temas, sons e atmosferas, que não estão tão presentes em Koldbrann. As três bandas (incluindo Urgehal) estão todas relacionadas com o black metal de origem norueguesa, que surgiu nos anos 90, mas todas o vivem de maneira diferente. Nettlecarrier é a mais primitiva, com temas líricos mais obscuros e ocultos. Urgehal tem uma atitude mais misantrópica, combinando uma velocidade satânica com o groove infernal do rock n’ roll. Koldbrann tem um som mais moderno, porque está mais aberta a outras influências e incorpora estilos mais variados na sua música. Além disso, desempenho papéis diferentes nas três bandas. Koldbrann é a minha maior prioridade, enquanto nas outras sou apenas um dos elementos. Nos Urgehal, limitava-me a tocar baixo, já que o Enzifer e o Trondr Nefas eram responsáveis pela música e pelas letras. Em Nettlecarrier, asseguro os vocais e o baixo, mas o T. Ciekals é o autor da música e das letras. Já estamos em 2013. Quais são os vossos planos para este ano, que ainda está no seu início? Mannevond: O lançamento do álbum está iminente: na Europa, sai a 25 de janeiro. Estamos ansiosos por ver como vai ser recebido e onde nos levará. Para já, parece muito prometedor, em todos os aspetos. Já estamos convidados para ir tocar numa série de festivais e estamos a preparar uma digressão na Europa. Estamos prontos para atacar! Entrevista: CSA


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