Versus Magazine #22 Outubro/Novembro 2012

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estado mais virulento. A princípio, durante os poucos minutos da faixa de abertura, “Violence is golden”, fica-se como que deslumbrado com a impressão de estarmos perante algo na linha necro-terrorista dos Mysticum ou Anaal Nathrakh. Contudo, essa ideia desaparece à medida que vamos avançando no alinhamento do disco e nos damos conta de algo que subtrai a todo o peso, transformando o que poderia ser um bomba nuclear num bem menos letal cartucho de C4. Mais em concreto, o que encontramos em demasia são riffs genéricos e monótonos (e.g. “The gift of the furnace” ou “Fields of the crucified”), temas longos demais para tão pouca substância, e linhas melódicas que parecem colidir com o espírito venenoso e perverso que supostamente se pretende veicular, como é o caso de “30 seconds in the killhouse”, com a sua idiota melodia de guitarra que parece ter saído dum qualquer disco de Falkenbach ou Amon Amarth. O mesmo pode ser dito da melodia de base da faixa-título do álbum, que arruína totalmente a atmosfera pretensamente niilista. Segundo parece a banda de Montreal já começou a trabalhar no sucessor deste primeiro registo. Fazemos votos de que seja, pelo menos, diferente. [6.5/10] Ernesto Martins REPUGNANT «Hecatomb» (Hammerheart Records) Antes de mais gostaria de chamar a atenção para o facto de «Hecatomb» ser uma reedição de um EP já editado em 1999. Agora a questão é o porquê do destaque para esta reedição aqui no espaço da VERSUS. Sendo um EP de apenas 6 temas incluindo Intro e Outro, um punhado de músicas dentro do Death-Metal old school não é de facto algo que possa ser considerado o lançamento do ano. No entanto uma reedição não se faz se não houver algo que o justifique. Acho que a justificação é que encontramos neste «Hecatomb» o máximo de concentração Death-Metal old school por minuto decorrido e com uma excelente mistura de riffs de guitarra, percussões com alguns pormenores brilhantes e vocalizações bem demoníacas. Em cada um dos quatro temas principais há algum pormenor que os torna de certo modo únicos. Para quem não conhece este trabalho dos Repugnant, destacaria em especial o tema “Rapturous genocide” com um divinal pormenor na percussão no encadeamento do prato de choques, isto claro após uma abertura num registo bem vincado por puro Death-Metal proporcionada pelas guitarras. O tema “The usurper” também destaco sobretudo pelos riffs de guitarra bem demolidores que criam uma atmosfera 100% made in Death-Metal. Bom, resumindo se houvesse que preservar uma amostra de música que servisse de raiz comum para ser usada para definir todo um estilo e neste caso o Death-Metal old school, eu destacaria este EP pois congrega num punhado de temas e em boa medida as bases de todo este estilo musical. [7.5/10] Sérgio Teixeira SATAN’S WRATH «Galloping Blasphemy» (Metal Blade Records) Os Satans’s Wrath são uma banda formada em 2011 pelo multi-instrumentalista Tas Danazoglou, responsável pelas vozes, bateria e baixo. Stamos K complementa nas guitarras o trabalho necessário para criar este disco proveniente do território Grego. Ora tendo sido um álbum composto integralmente por Danazoglou seria de esperar homogeneidade na sucessão dos vários temas que nos são propostos. De certo modo esta homogeneidade revela-se particularmente no estilo HeavyMetal quase puro que impregna os cerca de 40 minutos do disco. Assim é inevitável alguma comparação com bandas consagradas no meio. Basicamente temos riffs com uma estrutura e sonoridade bem definidas, basta concentramo-nos apenas num instrumento, seja ele baixo ou uma das linhas de guitarra e podemos confortavelmente seguir as progressões melódicas sem sobreposição do princípio ao fim de cada tema. Está tudo lá, é tudo claro e nítido. Também não faltam os solos a assentar como uma cereja no topo do bolo; mas onde surge o corte do cordão umbilical com o Heavy-Metal clássico é nas vocalizações e nas letras, muito mais coladas ao Black-Metal. E aqui é uma mistura no mínimo original só que a originalidade acaba neste detalhe, pois ressuscitar todo um género tão trilhado sem cair em comparações é quase impossível. Há no entanto temas como “Hail tritone, tail Lúcifer”, “Galloping blasphemy”, “Death to life” ou “Satan’s wrath” que encaixam nos ouvidos e colam. Portanto quem estiver curioso em saber como resulta uma voz Black-Metal no meio de uma sonoridade essencialmente Heavy-Metal vai encontrar neste disco o espaço sonoro indicado. [8/10] Sérgio Teixeira


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