Versus Magazine #22 Outubro/Novembro 2012

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GRAVE DIGGER «Clash of the Gods» (Napalm Records) Os Grave Digger, como é sabido têm apostado desde à 16 anos em álbuns conceptuais ou maioritáriamente subordinados a um tema. História da Escócia, queda dos Templários, contos de Edgar Allan Poe, Lenda Arturiana, rebelião e escravidão judaica de 66-70 D.C., vida de Jesus, etc. Este «Clash of the Gods» não é excepção e versa sobre a mitologia grega, nomeadamente sobre as mais negras personagens como Hades, Cérbero, Medusa e sobre a Odisseia de Ulisses. Aliás, esta forma de fazer discos continua a ser um dos grandes pontos de interesse sobre cada novo trabalho da banda. Em termos musicais, continua o Heavy-Power com a voz quasi-Death Metal do carismático Chris Boltendhal, assim como o peso da guitarra com distorção ligeiramente “suja” (neste disco, um pouco “suja” demais), os coros bem Heavy Metal, próprios para cantar em uníssono nos concertos, assim como a secção rítmica maquinal, mas bem orgânica. A intro “Charon” é cantada em alemão e cria um ambiente bem Rammstein, o que é curioso. Em “Helldog”, “God of terror” e “Medusa”, os ritmos e solos de guitarra fazem lembrar os do anterior guitarrista Manni Schmidt quando estava nos Rage. “Death angel and the grave digger” e “Walls of sorrow” são outros bons temas. A identidade dos Grave Digger continua vincada neste disco, alternando entre os temas mais acelerados e outros mais mid-tempo ou a roçar o Doom, como “Clash of the gods”. Não sendo uma obra de referência como «The Reaper» ou marcante como foram «Heart of Darkness» ou «Tunes of War», «Clash of the gods» é um álbum com vida própria que nos grita alto e bom som com a sua sinistra voz rouca, que o cavador de sepulturas nos vai continuar a assombrar. Heavy Metal Breakdown, pessoal! [8/10] Joey GRAVE «Endless Procession of Souls» (Century Media) Com o sétimo álbum de originais chegam os Grave ao ano de 2012. Já com uma considerável história dentro do Death-Metal «old school» os Grave são um dos dinossauros vivos dentro deste género musical e transportam tudo aquilo que é genuíno em termos de sonoridades. Assim o que era expectável deste «Endless Processions of Souls» é o que sai precisamente do CD. Death-Metal “old school” sem dó nem piedade. Os temas que mais me chamaram à atenção foram “Disembodied steps”, “Encountering the divine” e “Epos” com riffs completamente encaixados dentro do Death-Metal mas com um misterioso toque de originalidade. Eu julgava que todos os riffs dentro deste género musical tinham já sido inventados e reinventados mas estes Grave continuam a desencantar maneiras de fazer renascer o Death-Metal. Talvez o facto de Ola Lindgren ter de certo modo delegado uma parte do trabalho de composição no baterista Ronnie e no baixista Tobias tenha contribuído para algum sangue fresco vir ao de cima nas dinâmicas melódicas deste álbum. A coerência da execução instrumental e das sonoridades pesadas apesar do line-up relativamente rejuvenescido está bem patente. No entanto não deixamos de estar perante um género musical já com bastante história pelo meio e portanto o que de novo surge não deixa de estar enquadrado na previsibilidade dos que acompanham esta vertente do metal. Resumidamente os que sabem o que são os Grave e o que representam dentro da cena metaleira não podem deixar passar ao lado este «Endless Procession of Souls». [8.5/10] Sérgio Teixeira GROAN «The Divine Right of Kings» (Soulseller Records) E eis que, de vez em quando, surgem autênticas pérolas que ressuscitam o todo-poderoso género musical, pai de todas as influências (ok… aqui posso estar a exagerar) e normalmente bem acolhido por todos os adeptos das guitarras chamado Rock-and-Roll. E os Groan não deixaram por mãos alheias esta tarefa nobre de tratar o Rock muito bem, vestindo-o de umas roupagens bem interessantes. Antes de mais para quem não conhece, o estilo da banda assenta em Stoner Hard-Rock. Ora sendo o estilo Stoner já bem delimitado e bem caracterizado, onde está a chave mágica é na capacidade de fazer composições que respiram métricas, ritmos, melodias bem integradas e que sobretudo renovam o espírito Rock de um modo claro e inequívoco. Bom, parte dessa renovação é devido a energéticas e abertas tonalidades nas vocalizações


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