Versus Magazine #21 Agosto/Setembro 2012

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CHAOS INCEPTION «The Abrogation» (Lavadome Productions) Há quem deseje as mais violentas tempestades de modo a exteriorizar os seus demónios e assim propagar aquela virulenta inconformidade em relação aos devaneios de outros que se dizem senhores e apenas possuem uma loucura que nada de criativo traz. O mesmo se pode dizer dos Chaos Inception que, com este segundo álbum, servem toda a fúria e dor em consonância com as lâminas mais afiadas e mostram um tamanho empenho e habilidade em criar músicas que destoam da tepidez. Ao ouvir «The Abrogation» somos quase consumidos pela criatividade inerente aos elementos desta banda, pois, tais piranhas esfomeadas, sem medo do que encontram à sua frente, demonstram a sua força através de músicas admiravelmente intricadas e coesas. Sendo originários de Alabama (EUA), este quarteto desintegra as notas desde 2008, as suas influências sendo Morbid Angel, Krisiun, Hate Eternal, Origin e outros. Por isso, já se sabe exactamente o que nos espera… Para os menos atentos, os seus membros já focaram energias em bandas mais ou menos conhecidas como Fleshtized, Monstrosity, Blood Stained Dusk e Converge from Within. Por isso, já se sabe que não são “novinhos” na cena… Se tudo o que vos interessa é brutalidade, qualidade e eficácia, de certeza que se sentirão satisfeitos com a audição desta hecatombe musical. É claro que a banda não se responsabiliza por quaisquer traumatismos, que outras pessoas menos corajosas possam ter. [8.5/10] Jorge Ribeiro de Castro DEATHSPELL OMEGA «Drought» (Season of Mist) Sendo uma das mais interessantes bandas de black metal da actualidade, os franceses Deathspell Omega, começam o seu novo trabalho em formato de EP, com o instrumental “Salowe vision” bem doom - ao estilo de uns Mar de Grises - para assim nos mergulhar numa atmosfera pré-apocalíptica, antes de nos presentear com uma descarga de black metal atestada de experimentalismo e contornos mais progressivos/avant-garde, que caracterizam esta banda, sempre com a temática satânica e metafísica subjacente. O ritmo avassalador imposto por “Fiery visions” e “Scorpions & drought”, é meramente interrompido por “Sand”, música com uns escassos 1:41 minutos, seguido por outra obscura descarga visceral de nome “Abrasive swirling murk” para concluir com outro instrumental “The crack led book of life” que resume o EP «Drought». Musicalmente bem conseguido, misturando várias sonoridades de outras paragens num moderno black metal, «Drought» não deixa ninguém indiferente na sua passagem. Só é pena os franceses não terem apostado em escrever mais duas ou três músicas e elevar esta pérola musical à categoria de LP, o qual acho que seria bem merecido. Esta proposta peca pela escassez dos seus pouco mais de 21 minutos de duração, curtos é certo, mas intensos. Depois de uma trilogia de LPs bastante aclamada, que culminou uma década de trabalho, os homens de Poitier estão definitivamente a preparar a sua banda para outros níveis, vincando a sua inequívoca singularidade musical. [8.5/10] Carlos Filipe ECLIPSE «Bleed And Scream» (Frontiers Records) Os Eclipse lançam em Agosto de 2012 o seu 4º registo de originais. E que registo! Esta banda de Hard-Rock melódico transporta-nos para os anos 80 e faz-nos viajar ao mundo do Rock populado por bandas como Whitesnake, Europe, Cinderella, e por aí fora. Mas eu não estaria a gastar espaço na Versus a falar sobre estes 11 temas se não tivessem algo de especial; desde as excelentes vocalizações, passando pelo trabalho de guitarra, solos, ritmos made in 80’s, tudo isto é possível ser feito no ano de 2012, conciliando uma magnânima sonoridade dos dias de hoje com o espírito único do Hard-Rock dos anos 80. E é aqui que reside a chave de ouro deste álbum. Ressuscita do baú dos CDs antigos algo que muito poucas bandas conseguem fazer sem cair no precipício da repetição/imitação. As composições são simplesmente brilhantes e conseguem criar um espaço de originalidade e de dinâmicas sonoras que tiram o álbum da mediania. Os coros surgem com pertinência, os solos são “unha e carne” com a estrutura delineada para cada tema, as linhas de guitarra têm pormenores que não se limitam a encher, o trabalho de bateria apesar de aparentar ser pouco imaginativo não o é devido a limitações técnicas do baterista Robban Bäck mas


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