Versus Magazine #20 Junho/Julho 2012

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Na tua opinião, a cena metal francesa é grande? Concordas com outras bandas do teu país que consideram que, em França, é difícil obter-se apoio, quando se faz música extrema? Heimoth: Atualmente, a cena metal francesa apresenta uma dimensão apreciável. Temos muitas bandas (não serão demais?), muito ativas e a tocar regularmente. Mas isso não significa forçosamente que tenhamos muitos fãs e que os que existem sejam muito entusiásticos. Continua a ser muito difícil reunir 250 fãs para assistir a um concerto. Mas penso que ainda é mais difícil conseguir público no estrangeiro, quando se vem de França. Não estou muito certo de que bandas como Gojira tenham conseguido realmente transformar este panorama. Independentemente das dimensões da cena, a França conta com algumas das melhores bandas de metal europeias da atualidade. Estou a pensar, por exemplo, em Blut Aus Nord, Alcest, Deathspell Omega e mesmo Gojira. Não te parece que o metal francês (e, nomeadamente, o black metal) é diferente do que se faz noutros países europeus? Se assim fosse, tal significaria que os franceses tinham uma cena musical singular ou uma identidade musical específica e um som que os distinguiria de todas as outras nações. Na minha opinião, não existe nada que se pareça com uma identidade metaleira especificamente francesa, o que é verdade para países como, por exemplo, a Suécia. Apesar de termos evoluído muito, infelizmente, de algum modo, continuamos a ser meros seguidores. Este álbum de Seth é absolutamente fantástico. Faz pensar numa espessa muralha de música melódica e fantasmagórica contra a qual se projeta uma voz obscura. Concordas com esta descrição? Cada ouvinte constrói de um álbum a sua própria imagem. Essa imagem é tua, é um feito teu, que eu vejo como uma forma de criatividade subjetiva inconsciente. Quando gravámos este álbum, há 15 anos atrás, estávamos provavelmente mais condicionados pela imagem do mesmo que tínhamos construído nas nossas mentes. Nessa altura, a banda queria exprimir, através da música, um sentido de imortalidade, que encerraria os ouvintes num círculo vicioso constituído por elementos como o nascimento, a vida, a morte e o renascimento. Por isso, nele aparecem títulos como “Le Cercle de la Renaissance”. A música de Seth parece não ter princípio, nem fim (pelo menos, em «Les Blessures de l’Âme»). Pára, porque não pode prolongar-se para sempre. É um efeito propositado?


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