Versus Magazine #20 Junho/Julho 2012

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soalmente, não conheço melhor maneira nos Moonspell sem ser com este tipo de voz. Já a mensagem do «Omega White», que é o disco bónus da edição especial, é diferente: um disco com uma voz interior. Mas, definitivamente, o «Alpha Noir» é um disco para ser gritado! Foi a forma apropriada de fazer a minha parte nas composições que o Pedro, o Ricardo, o Mike e o Aires escreveram para este disco de Moonspell. VH – É por isso que há um toque mais “rock‘n’rol” no «Alpha Noir»? Acho que sim! Nós quisemos fazer uma música que soasse mais viva e mais vibrante. O próprio Heavy Metal é um descendente que, provavelmente, começou com os Black Sabbath. Era uma banda de Rock, que fundou o Heavy Metal – apesar de já haver os Led Zep-

influências que voltaram a existir nos Moonspell e são muito mais predominantes neste disco. Depois as pessoas não se podem esquecer que os músicos também ouvem música e nós temos ouvido muita coisa que tem a ver com rock’n’roll, como os álbuns de Satyricon, banda que faz uma fusão de Black Metal com Rock que me influencia bastante, e álbuns de Black Metal antigo, como os Darkthrone, apesar do som mais sujo e tenebroso. Também tenho por ali Celtic Frost e mesmo puro Rock como os Turbonegro, por exemplo. Além disso, o Mike, o nosso baterista, nasceu nos Estados Unidos e, ao contrário de nós, viveu muito o fenómeno do Rock – os Kiss, os Mötley Crüe, os Skidrow e até os Cinderella, entre tantas outras (o Mike e o Ricardo estão sempre a ouvir Rock) – e a maneira dele tocar também é bastante influente

disco, deparámo-nos com três canções bastante distintas: “Lycanthrope”, que acabou por ser o primeiro vídeo do «Alpha Noir», “Love is Blasphemy”, também do «Alpha Noir», e uma canção intitulada «White Omega», que acabou por ser a primeira do “Omega White”. Reparámos que tínhamos duas fontes diversas e pensámos que poderíamos tentar, de alguma forma, o que fizemos noutros discos – como a “Luna”, no «Memorial», ou a “Scorpion Flower”, no «Night Eternal», – mas não quisemos fazer isso. Plantando estas sementes em terras diferentes, quisemos ver como elas brotavam. Acho que foi para nós muito melhor termos este princípio criativo, enquanto ainda estávamos no período de composição. Tornouse tão contagiante saber o que era o Alpha e o que era Omega, que decidimos fazer deste princípio

“Acho que o facto de ser português é muito marcante para os Moonspell, […] a nível lírico, musical e territorial […]” pelin, os Pink Floyd ou mesmo os Queen, entre outros. O facto de o álbum soar mais vibrante tem exatamente a ver com alguma faceta rock‘n’rol que, provavelmente, as pessoas não esperariam, mas que já existia nos Moonspell em canções como “Raven Claws”, “Firewalking”, “Devilred” e mesmo a própria “Opium”, que têm um feeling Rock. Também há uma influência marcante do Speed e do Thrash Metal, que eram estilos que o Ricardo ouvia, e nós também, no liceu. E, por isso, a orientação das guitarras neste disco foi para ter esse pulso e essa vibração e, de alguma forma, para não serem tão densas como no «Night Eternal», com os acordes mais “fechados”, e para terem um certo “drive”, um certo “groove” ou ritmo, que apontasse para cima. E penso que o rock’n’roll e o Thrash Metal são

neste disco e, sem dúvida, tem a assinatura dos bateristas de Rock, com um estilo mais simples e direto, que mexa um bocado com a vibração que passa para as pessoas quando elas ouvem um disco dos Moonspell. CSA – E quem fez o quê neste álbum, no «Alpha Noir»? Houve alterações de papéis no «Omega White»? Na banda, quisemos manter o princípio criativo que nos apareceu. Não decidimos do dia para a noite fazer um álbum duplo. O que decidimos fazer foi mais canções e levar mais tempo a escrevêlas, porque sentíamos que era esse retorno que tínhamos que dar a todas as coisas boas que nos aconteceram com o «Memorial» e o «Night Eternal». Quando começámos a fazer as maquetes deste

criativo a base de todo o álbum. Penso que demos um “passo atrás” para ganharmos mais perspetiva. Enfim, os álbuns de Moonspell geram sempre amores e ódios – acho que é mau sinal que uma banda agrade a toda a gente. Sem dúvida que foi isto que nos orientou criativamente. Não foi um movimento calculado, nem um plano que tivéssemos há muito tempo. Mas foi exatamente assim que a música nos apareceu e foi assim que decidimos trabalhar nela até à sua conclusão. CSA – Pegando no artwork do Spiros, não haverá nele alguma referência ao «Omega White», já que há duas figuras, uma com um cisne branco e outra com um cisne negro? Quando trabalhamos com os nossos designers – desta vez, trabalhá-


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