Versus Magazine #17 Dezembro/Janeiro 2012

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sidade e peso. Apesar de as composições não transbordarem originalidade, têm algumas sequências e riffs que podem ficar na memória auditiva. A produção nada fica a dever à qualidade como seria de esperar numa banda que já começa a ser conceituada no meio. Porém gostaria que o som da tarola estivesse um pouco menos “oco” e que no geral tivessem feito algo que amarrasse mais quem escuta ao álbum uma ou duas vezes. No entanto fica aqui a nota de que escutar este «Gallows» poderá ser algo a considerar. [7.5/10] Sérgio Teixeira MYTHOLOGICAL COLD TOWERS «Immemorial» (Cyclone Empire) Apesar de desconhecidos por estas paragens, os brasileiros Mythological Cold Towers contam já com dezassete anos de actividade, tendo assinado em 1996 um álbum – «Sphere of Nebaddon» – que marcou a vaga doom/death da época e que adquiriu, com o tempo, um certo estatuto de culto. Chegados agora ao quarto registo de originais, a formação de São Paulo continua tão interessante como outrora, mostrando que continua a dominar como poucos os recantos sónicos mais sombrios e mais belos do som eterno. “Lost path to Ma-Noa” e “Akakor”, os magníficos dois primeiros temas deste «Immemorial», reflectem da melhor maneira essa capacidade artística da banda, sendo faixas que ficam gravadas na mente logo à primeira audição tal é o dramatismo quase Pink Floydiano das suas passagens. Já a seguinte, “Enter the halls of petrous power”, surge com uma queda acentuada nas melodias pegajosas – estilisticamente é mais death e menos gótica, mudança que enriquece o álbum na sua variedade –, exigindo, por conseguinte, mais algum tempo para soar confortável ao ouvido. “The shrines of Ibez” regressa ao apelo e à qualidade do início com uma linha central de guitarra muito à lá My Dying Bride, e “Like an ode forged in immemorial eras” segue atroadora e brilhantemente pesarosa, num espírito que faz lembrar os Theatre of Tragedy da na fase «Velvet Darkness They Fear». Avassalador nos seus riffs e trágico nas suas belas melodias, este é um disco com o dom de nos transportar, como que por magia, numa viagem de sonho através das ruínas de antigas civilizações pré-colombianas há muito desaparecidas. Obrigatório para fãs de doom. [8.5/10] Ernesto Martins NIGHT IN GALES «Five Scars» (Lifeforce Records) Conhecendo este agrupamento alemão desde 1997 com o seu primeiro álbum, «Towards the Twilight», um excelente debut que vomita uns dos melhores riffs que já ouvi no Death-Metal melódico, tive o cáustico prazer de ouvi-los em «Thunderbeast», o seu segundo álbum, este apresentando uma boa dose de razões para quase partir o pescoço. Se aos dois álbuns seguintes não prestei muita atenção, tal não foi por desconhecimento de causa, mas porque há muito que se pode ou não fazer nesta vida de altos e baixos. No entanto, descobrindo que tinham editado recentemente um novo álbum, apressei-me a ouvi-lo e é claro que sorri ao descobrir que a banda ainda possui aquela vontade de cortar qualquer obstáculo com instrumentos afiados pela perseverança e uma qualidade muito superior a certos agrupamentos menos iluminados pela inspiração. Embora os membros tenham participado em outros projectos (Deadsoil, The Very End, Grind Inc, In Blackest Velvet…), os Night in Gales estiveram afastados da edição de álbuns desde 2001, tendo editado em 2005 um Ep «Ten Years of Tragedy» (download gratuito) celebrando os 10 anos de existência. Com este novo álbum, surge outra vez aquela libertinagem enraivecida que nos arrepia como a neve e as letras tão surreais quanto Dali embriagado. As músicas são habilmente contempladas com diversos apontamentos melancólicos que seduziriam qualquer alma penada a assombrar com maior eloquência mas, o que mais inspira a rasgar a cara com sorrisos, é saber que a banda está de volta. E, claro, a comunidade Metal agradece!!! [9/10] Jorge Ribeiro de Castro


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