Versus Magazine #15 Agosto/Setembro 2011

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s i a c i s u m s e õ x e l f e r

dico

Um estilo, vários estilos I – As várias faces do Metal Possivelmente o leitor nunca pensou nisso, mas a ausência de classificação das bandas em géneros e subgéneros musicais geraria o caos no mercado, trazendo inúmeros contratempos aos seus agentes. As editoras veriam agravada a comunicação eficaz dos produtos em catálogo, os jornalistas e críticos de música teriam o seu trabalho dificultado quanto à retratação estilística das bandas, os retalhistas enfrentariam significativos entraves na distribuição dos CD’s nas prateleiras e os fãs submergiriam num oceano de música desorganizada, impossibilitados de selecionar os géneros que melhor refletem os seus gostos musicais. A classificação das bandas em géneros e subgéneros revela-se pois determinante para maximizar a eficácia da mensagem transmitida ao mercado e auxiliá-lo nas suas escolhas. É indiscutível e comummente aceite a legitimidade e pioneirismo de subgéneros como o Speed Metal, o Thrash Metal, o Black Metal, o Power Metal (europeu e norte-americano), o Prog Metal, o Death Metal, o Grindcore, o Metal Neoclássico, o Goth Metal, o Metal Industrial, o Metal Alternativo, o Nu Metal ou o Doom Metal. Autónomos dos estilos originais – o Heavy Rock, o Hard Rock e o Heavy metal, inúmeras vezes confundidos –, estes subgéneros foram gerando, por sua vez, outros subgéneros, como o Black Metal Sinfónico, o Death Metal Progressivo, o Swedish Death Metal, o Brutal Death Metal, o Grind / Gore, o Techno Thrash (que nos anos 80 designava bandas cuja estrutura musical se baseava na técnica e no virtuosismo instrumental, em nada se relacionando com a música Techno), etc. O próprio Hard Rock gerou descendência direta por via de estilos como o Hard FM, o Pop Metal e o AOR (Adult Oriented Rock). Por outro lado, dada a natural evolução dos estilos, o tempo encarregou-se de impor a justificada recategorização de alguns subgéneros. É o caso, por exemplo, do Death Metal original,

extremamente pesado, balançado e cadenciado, com produção crua e guturais extremos, agora conhecido por Old School Death Metal. Ou do Glam Metal norte-americano dos anos 80, com os seus músicos carregados de maquilhagem, roupas efeminadas, cabeleiras espampanantes e trejeitos ridículos, agora justa mas depreciativamente apelidado de Hair Metal. Ou do Doom Metal original, pesadíssimo, arrastado, envolto em guturais assombrosos, incidindo em temáticas obscuras e depressivas, atualmente designado Funeral Doom, reservando-se o epíteto Doom a grupos como os Candlemass ou Solitude Aeturnus. Ou do Heavy Rock típico dos anos 70, sujo, direto, pesado, cru e orgânico, obviamente gravado com equipamento analógico (o único disponível na época), hoje conhecido por Stoner Rock ou Stoner Metal. Ou ainda do Speed Metal original de grupos como os Helloween, hoje adequadamente designado Power Metal europeu. Estas modificações, adequadas e corretas face à evolução musical, são comummente aceites pelo mercado, tendo reconfigurado a categorização e, em última instância, a árvore genealógica do Metal. Por outro lado, a fusão de estilos como o Death ‘n’ Roll, o Hard’n’Heavy, o Death / Thrash (conhecido nos anos 80 como Deathrash), o Black / Death, o Deathcore ou o Crossover (fusão Thrash / Hardcore de espírito Punk fundada nos anos 80, agora designada Thrashcore ou, numa vertente mais popular, Metalcore), entre vários outros, veio adensar a confusão instalada. Aliás, a “subjetividade” da classificação dos géneros musicais (que só existe para quem desconhece as características distintivas de cada subgénero) expressa-se de várias formas. Por exemplo, enquanto a generalidade dos fãs (eu incluído) e especialistas inserem corretamente os W.A.S.P., King Diamond, Gwar ou Ozzy Osbourne na “pasta” do Heavy Metal, classificam Alice Copper, Lordi ou Kiss de Hard Rock e atribuem o epíteto de Metal Industrial a Marylin Manson outros colocam-nos indistintamente no “saco” do Shock Rock, reduzindo-os às vertentes estética (principalmente) e lírica, renegando por completo a música! Porquê? Porque o Shock Rock incide unicamente sobre o visual e as letras. Finalmente, um esclarecimento: ao contrário do que alguns pseudo-especialistas defendem, a New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), a New Wave of Swedish Death Metal (NWOSDM) e a New Wave of American Metal (também conhecida como New Wave of American Heavy Metal - NWOAHM) não constituem subgéneros do som pesado. São, isso sim, movimentos no âmbito dos quais se formam grupos de vários subgéneros. Na próxima edição aprofundarei o tema desta crónica. Dico P.S. – Conhece os subgéneros do Metal? Teste os seus conhecimentos em http://www.sporcle.com/games/archaia/metalsubgenres Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico


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