Versus Magazine #15 Agosto/Setembro 2011

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complicado ouvir bandas deste género que façam algo diferente e que não sejam uma colagem demasiado óbvia a “A”, “B” ou “C”. Pois, os Noruegueses Leprous, comandados por Einar Solberg, cuja voz encaixa na perfeição, têm uma identidade muito forte. Não estamos perante um daqueles álbuns extremamente complexos, progressivos no seu extremo mas para um álbum ser progressivo não tem que ser levado ao extremo da técnica. (falo das incontáveis mudanças de ritmo, compasso complexos, escalas intermináveis, etc. …). «Bilateral» é um álbum sóbrio, no entanto, complexo nas suas harmonias e “camadas” musicais. Podemos encontrar algumas influências de King Crimson, Pink Floyd, Devin Townsend, Porcupine Tree ou mesmo Opeth (nos seus momentos mais calmos) – “Mb. Indifferentia”, “Acquired Taste” e “Mediocrity Wins”. Por outro lado temos “Waste of Air” (puro Death Metal) o tema mais “violento” do álbum com uma voz nunca ouvida no álbum. Para terminar, todo o design é fenomenal. O artista responsável é Jeff Jordan e quem conhece a arte por trás dos The Mars Volta sabe daquilo que falo. Absolutamente obrigatório. [9/10] Eduardo Ramalhadeiro MACABRE «Grim Scary Tales» (Hammerheart Records) Depois de vinte e sete anos dedicados por inteiro a contar os feitos repugnantes dos mais notáveis assassinos psicopatas da história, os Macabre já mereciam, pelo menos, a atribuição de um doutoramento honoris causa num qualquer ramo da criminologia. Constituídos desde o primeiro dia por Corporate Death (guitarra, voz), Nefarious (baixo) e Dennis the Menace (bateria), o colectivo norte-americano é conhecido pelo seu característico ‘murder metal’, designação cunhada por eles próprios que se traduz numa estranha mescla de death, thrash e grind, com incursões frequentes em territórios estranhos ao metal, mas que funcionam bem e tendem a reforçar o humor negro das rimas jocosas que cantam. Esta é uma descrição particularmente adequada a este quinto registo de originais, um álbum um pouco menos extremo e mais apostado numa grande variedade desses tais elementos inusitados, que passam, por exemplo, pelo corridinho em estilo country de “The bloody Benders”, interpretado com um cómico sotaque sulista, pela trágica mas irresistível melodia de “Mary Ann”, pela lenga-lenga infantil de “Lizzy Borden” e pelos vocais operáticos em “Nero’s inferno”. Incluindo uma brilhante interpretação de “Countess Bathory”, original dos Venom, e especialmente concentrado desta vez nas atrocidades sangrentas de alguns dos mais infames serial killers de finais do séc. XIX, (cuidadosamente tratados na devida ordem cronológica) «Grim Scary Tales» é não só um inequívoco manifesto de talento do trio de Chicago mas, mais importante, um álbum divertido que promete arrancar mais do que alguns sorrisos. [8/10] Ernesto Martins MASTIPHAL «Parvzya» (Witching Hour Productions) São da Polónia e já datam de 1992. Uma demo, um álbum em 1995, outra demo e compilações, separam-se em 1998 e reúnem-se em 2009 com algum pessoal novo no grupo, e em 2011 lançam o segundo álbum de estúdio – «Parvzya». As diferenças do primeiro lançamento para este são muitas, mas o feeling que a banda expele é o mesmo – e até diria que a produção melhorada ajuda a sobressair esse feeling anti-cristão. Em «Parvzya» o Black Metal praticado é bastante mais directo e brutal, deixando de lado as texturas dos teclados o que faz evidenciar ainda mais a força do peso e o ritmo do som destes Mastiphal. Logo a abrir, “The wall of phantom” mostra-nos que os Mastiphal regressaram cheios de energia, com uns blastbeats aceitáveis mas nada que nos faça pensar que são desumanos. Não esperem apenas aquele tipo de Black Metal que se limita a malhar no ouvinte; felizmente os Mastiphal manejam a sua sonoridade de um modo dinâmico, mesmo entendendo que o que apresentam não é nada digno de mestria sobrenatural. É algo bem feito, mas nada surpreendente. Contudo, a cereja no topo deste bolo são os solos de guitarra que dão um toque old school ao trabalho destes polacos – acaba por ser um álbum de Black Metal com mais Metal. Já a voz é a esperada – ora fria como uma tempestade de neve, ora cavernosa e suja. Em suma podem contar com um bom álbum de Black Metal que proporcionará bons momentos de Metal que decerto repetirão. Não são os Behemoth (e ainda bem), são os Mastiphal que vieram provar que não são necessárias grandes complexidades musicais para cativar ouvintes. Os primeiros que se cuidem porque os segundos podem passar-lhes a perna. [7.5/10] Victor Hugo


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