Versus Magazine #13 Abril/Maio 2011

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Pode não vir a figurar nas listas dos melhores álbuns do ano, mas é com certeza o disco mais marcante até agora na carreira ainda florescente dos Helrunar. Um trabalho monumental em dois CDs, que vê a formação alemã descolar finalmente dos estereótipos sónicos de origem norueguesa que moldaram algo excessivamente o cru e directo «Baldr ok Íss», para progredir agora de forma determinada na direcção de um black metal musicalmente mais maduro e bem mais interessante. Desde o início esmagador de “Kollapsar” até ao desfecho apoteótico da faixa-título, «Sól» mostra a dupla Skald Draugir/Alsvartr a apostar desta vez numa composição mais variada, profunda e atmosférica, com andamentos mais lentos, sem esquecer os já habituais interlúdios acústicos e introspectivos. A primeira parte, «Sól I», inclui o material mais abrasivo e violento, enquanto «Sól II» é marcado pelas peças mais moderadas e experimentais. É nesta segunda parte que se identificam algumas inflexões que remetem de imediato (e de maneira talvez demasiado óbvia) para os compatriotas Secrets of the Moon. A sonoridade, sinistra e avassaladora, saída das mãos de Markus Stock, é aqui um elemento fundamental sem o qual o disco não teria o mesmo impacto. De lamentar desta vez, e mais do que nunca, o idioma nativo da banda, que dificulta o acesso à dimensão lírica, aparentemente extraordinária, deste trabalho conceptual. No fim fica a clara convicção de estarmos perante um colectivo capaz de levar a sua música para além do paradigma convencional, sendo «Sól», sem dúvida, um passo de gigante nesse sentido. [8/10] Ernesto Martins

sua qualidade. Por outro lado, os pontos vão para a produção que está melhorada. Um bom álbum para terminar o Inverno – não o ouçam na Primavera nem no Verão porque correm o risco de perderem o encanto pela vida devido às energias opostas (ironia). [7/10] Victor Hugo

LIFELOVER «Sjukdom» (2011 / Prophecy Productions) Quem teve o deleite de experienciar a música destes suecos deve ter reparado na ironia do nome da banda, já que dela transparece um negrume arrebatador de onde se pode descortinar várias sensações – entre elas ódio, depressão, suicídio, drogas, miséria e humor negro. Desde 2006 que a banda não pára de lançar trabalhos, não fugindo em nada à sonoridade proposta pela banda desde o «Pulver». Bem se pode dizer que ela tem sido igual a si mesma e, para bem do povo que aprecia a sonoridade, ainda bem que assim é porque a verdade é que a música destes loucos é apelativa e um tónico destacado de tanta mesmidade que passa pelos nossos ouvidos. Assim, «Sjukdom» não foge às regras legisladas pela banda, transparecendo, portanto, uma música com tonalidades ora Rock ora Black Metal acompanhado por um toque de melodia – a exemplo, a primeira faixa, “Svart Galla”, anuncia essa melodia proporcionada pelas notas de piano – vamos percebendo que essa melodia está na génese de quase todos os temas. A voz do Sr. ( ) continua fria e negra, caracterizada pelos ambientes Depressive Rock/ Black Metal, e que tão bem encaixa nos temas. Em suma, o novo dos Lifelover não trás nada de novo ao que eles já criaram, embora haja temas que merecem destaque pela

PUTERAEON «The Esoteric Order» (2011 / Cyclone Empire) Apesar de toda a técnica instrumental que Jonas Lindblood (Taetre) soube dar a conhecer ao longo dos anos, com Puteraeon, surgido em 2008 na cidade de Gotemburgo, mostra como é que se deve sulcar as viscosas saliências de paisagens arduamente revestidas pela perversão, malhadas a ferro e respiradas a fogo. Sendo estas anteriormente desbravadas por certas monstruosidades como Dismember, Unleashed, Grave e Entombed no inicio dos anos 90, podemos assumir que tal não é uma tarefa fácil mas que dizer do trabalho de alguém que também esteve no início de um movimento que, vinte anos depois, ainda perdura? Após três demo-CD e já com um alinhamento mais consentâneo com a ideia de banda, este é o primeiro álbum e, se por um lado notamos que os abismos pelos quais singra têm uma correspondência tão mordaz quanto a ideia de inferno, por outro verificamos que os asquerosos ritmos que tão bem arrepiam o espírito em nada impelem ao


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