Versus Magazine #13 Abril/Maio 2011

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“ Acho que [o Fado] tem muita alma em si, e eu gosto imenso dessa “alma” que o fado emana, parece que fala por si. […] acho que representa muito bem as pessoas daqui” que eu vivo. Vivo da música, de compor, de tocar, das tournées. Aqui em Portugal, encontrei o lugar certo para ter paz, tranquilidade, reflectir e construir um ambiente sólido à minha volta. Beber um copo de vinho e escrever música com criatividade, esse é o segredo. Como é que surgiram os Ava Inferi e puseste a banda de pé, sediando-a em Almada? Depois dos Mayhem, porquê os Ava Inferi? Antes de mais, eu mudei-me para aqui já há alguns anos, antes de ter iniciado a tournée dos Mayhem com os «Chimera». Acho que os Ava nasceram da exaustação de andar sempre a viajar pelo mundo fora, do cansaço dessa vida itinerante. Depois, quando me mudei para Portugal, comecei a ver a minha vida de uma forma diferente e comecei a ver aquilo que necessitava mudar. Tinha uma vida bastante dura e ao vir para aqui, de certa forma, acalmou-me muito. Mudei-me para aqui essencialmente por causa da Carmen e vivemos juntos deste então. Consegui criar e desenvolver uma base sólida na minha vida, a qual me proporciona uma grande estabilidade pessoal. A estabilidade fez-me questionar muitas coisas de forma profunda e ver aquilo que quero fazer e o que não quero fazer, e os Ava Inferi também nasceram destes pensamentos, de eu querer algo que fosse diferente

na minha vida, em que me pudesse focar, em vez de a arruinar. Os Ava Inferi são a minha catarse. E a Season of Mist? Estão com os Ava desde o início. Qual foi o factor que proporcionou isso? Essa é uma pergunta fácil. Quando os Mayhem assinaram com a SoM nos finais de 90, eles eram uma pequena editora em ascensão, que logo depois explodiu, tornando-se numa editora maior. Por outro lado, os álbuns dos Mayhem começaram a vender muito bem, álbuns dos quais eu tive uma forte participação. Eles nunca questionaram a minha integridade como artista, sempre gostaram da minha música, pelo que quando lhes disse que tinha um projecto de uma estranha doomy banda na calha, eles não puseram nenhuma objecção, “Fixe, claro, nós lançamo-lo”, e foi assim que a coisa começou. Eles adoraram o primeiro e o último álbum. Os dois do meio não gostaram lá muito [Risos]… mas o primeiro álbum adoraram mesmo muito, o que não deixa de ser estranho para mim. Eles estavam muito excitados desde o início e mesmo que os álbuns não vendessem muito não perderam dinheiro connosco. E como os álbuns têm vendido mais e mais a cada saída, eles têm-se mantido sempre contentes connosco. Não vendemos 50.000 cópias, até porque somos uma pequena estranha banda, mas o saldo é


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