Versus Magazine #11 Dezembro 2010

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A vossa banda faz Viking metal. Por que decidiram dar-lhe um nome relacionado com um jogo de cartas?

Qual o papel dos elementos doom na vossa música?

Mats: Na minha opinião, Ereb Altor não é uma banda de Viking Metal, apesar de tratarmos temas relacionados com os Vikings e a mitologia nórdica em algumas das nossas canções. O som que fazemos é tipicamente escandinavo e, por vezes, assemelha-se a hinos vikings. O nosso tema de eleição é a herança cultural escandinava. Por isso, usamos melodias escandinavas na nossa música e tratamos temas escandinavos nas nossas letras. É a herança cultural escandinava que me fascina. Quero que as histórias dos Ereb Altor se relacionem com ela. A primeira história [deste álbum] – “Myrding” – refere-se a um mito sueco sobre uma criança assassinada que não consegue encontrar a paz. Quando a li, fiquei arrepiado e senti que precisava de criar algo sobre aquele tema. A história em três partes com o título “The End” é a única canção do nosso álbum que trata um tema associado à mitologia nórdica viking. Ereb Altor não é propriamente o nome de um jogo de cartas. A expressão refere-se a um mundo onde se passavam as aventuras de um antigo jogo de cartas sueco que se chamava “Drakar och Demoner“ [N. R.: um jogo de cartas sueco, no género do Magic]. É um mundo imaginário, semelhante ao criado por Tolkien, nos seus romances.

Como produzem os elementos Viking e doom na vossa música?

Em tudo o que li sobre a vossa banda faz-se referência a Bathory. Aceitam esta influência? Claro que sim. A nossa banda foi formada como um tributo a Quorthon. De certo modo, queremos manter viva a herança que ele deixou ao mundo da música extrema. Ainda não ouvi nenhuma banda que se tivesse sequer aproximado do seu estilo épico e nós tentámos atingir esse objectivo. Mas não tenho a certeza de que tenhamos sido bem sucedidos no nosso intento.

E quem refeririam como influência para os elementos doom presentes na vossa música. Reparei que, frequentemente, se associa Ereb Altor a Candlemass e, por vezes, a Isole. Qual é a vossa opinião sobre estas ligações musicais? É difícil falar de influências. Nem sempre é fácil dizer o que te influencia. No que se refere à presença do doom na nossa música, eu mencionaria Bathory. Os seus álbuns épicos também contêm muitos elementos doom. Daí a sua presença na nossa música. Quanto à influência de Isole, é inevitável. No entanto, não consigo ver na nossa música nada que nos possa aproximar de Candlemass.

Gosto muito de doom, porque, para mim, o mais importante na música são as emoções associadas a melodias melancólicas. Para mim “Hammerheart” e “Twilight of the Gods” são álbuns de Doom Metal. Bastou-me ouvir “Hammerheart” uma vez, para eu decidir que era este o caminho que queria seguir e que essa seria a minha maior influência. Lembro-me disso como se tivesse acontecido ontem! Ao escutar “Shores in Flames”, parecia-me que estava a ouvir o barulho do barco a balançar nas ondas, longe da costa. É um álbum incrível. Geralmente, o único Viking Metal que ouço é mesmo Bathory.

Os elementos doom surgem quase automaticamente, no meu trabalho criativo. De facto, por vezes, até me esforço por recorrer menos a eles. Os elementos viking são construídos sobretudo através do recurso a coros grandiosos, melodias e linhas vocais. Nada disto me custa a fazer, porque sou um grande admirador de Bathory da época viking e sou um músico tendencialmente doom.

E como organizam o trabalho da banda durante as fases de composição e de gravação? Frequentemente, sou eu que tenho as primeiras ideias e isso acontece-me quando estou sozinho, a caminhar ou a guiar. Depois, pego na minha guitarra acústica e tento transformar as minhas ideias em canções. Por vezes, “roubo” um riff ou dois ao Ragnar, se me parecem adequados à música que estou a compor. Depois gravo a parte instrumental das canções sozinho no estúdio e, de seguida, levo o Ragnar para lá para que ele me dar a sua opinião e trabalhar as linhas vocais das canções. É isto que fazemos habitualmente nos Ereb Altor. Leio livros sobre mitos e lendas da nossa cultura e dessas fontes é que me vem a inspiração para as letras das canções. O nosso folclore nacional é também uma grande fonte de inspiração.

Numa das críticas que li, dizia-se que o facto de tu tocares todos os instrumentos na banda, por vezes, torna a vossa música um tanto monótona. O que pensas desta observação? Talvez haja alguma verdade nesse comentário. Só que a própria música é feita para ser um bocado monótona, é assim mesmo. Talvez, no futuro, contratemos alguém para a bateria.


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