Coletânea de Textos brasileiros

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tenho partilhado as angústias e vitórias destes últimos cinco anos de trabalho. A partir do 3º ano do Projeto, a responsabilidade passou a ser da Delegacia de Ensino e continuei contando com a ajuda das ATPs da Delegacia de Ensino (hoje Diretoria Regional). E, para visitar os alunos cujas famílias por algum motivo não vêm às reuniões para acompanhar a trajetória dos filhos, conto com a companhia da minha mãe. Rapidamente o trabalho das Classes de Aceleração, em Caieiras, confundiu-se com o meu trabalho; em 1998, a FDE resolveu transformar as minhas experiências no livro Aqui entre nós: ”correspondência entre professoras". Foi muito gratificante poder compartilhar com muitos outros professores o que tenho aprendido – com os livros, com quem os escreve, com a vida, comigo mesma e principalmente com meus filhos e meus alunos. As cartas que compõem esse livro não foram escritas visando a uma publicação, mas quando isso aconteceu, achei que era uma oportunidade preciosa de dizer para outros professores que compartilhar nossos medos, dúvidas, angústias, esforços e esperanças, não apenas para desabafar, mas também para refletir, é um caminho infalível na busca do aprimoramento da prática pedagógica. Falar ajuda a organizar o pensamento. Além da fala, outro poderoso instrumento de reflexão é o registro escrito das situações ocorridas em sala de aula, do processo de aprendizagem dos alunos e do nosso próprio processo, das nossas intervenções etc. Através dessas formas de expressão, podemos "visitar" muitas vezes a situação vivida, compreendê-la cada vez melhor, criando possibilidades de enfrentar situações semelhantes de formas diferentes e propor encaminhamentos cada vez mais acertados. Em 1997, a prefeitura de Caieiras, introduziu na Rede Municipal de Educação o trabalho com Projetos. A Diretora do Departamento indicou-me para compor sua equipe pedagógica, como Professora de Apoio. Eu deveria acompanhar toda a rede, assessorando as professoras e dando-lhes o apoio necessário nesse período de transformação da prática. Assumi as atividades e, ainda no 1º ano, todas as professoras apresentaram um desempenho excelente, mudando toda a estrutura da rede. Para mim não poderia ter sido mais gratificante. Era a primeira vez que eu orientava profissionais e ao mesmo tempo aprendia com elas, uma experiência totalmente nova para mim: lidar com crianças de 0 a 6 anos. Até então, eu só conhecia os problemas de aprendizagem depois de instalados. Foi interessante conhecer o processo desde o início. Nesses dois anos e meio, interagindo com creches e pré-escolas, pude perceber, observar, anotar e refletir como tem sido o processo de ensino-aprendizagem das crianças. Foi através desse trabalho com a prefeitura que pude participar também de três semestres do curso "Teoria e prática de formação de professores", com Telma Weisz. O curso foi de grande importância na minha formação profissional; pude fundamentar um pouco mais minhas teorias e intuições sobre a aprendizagem, e percebi uma grande semelhança entre os meus alunos e as crianças pequenas em seus processos de descoberta da leitura e da escrita. Apesar do foco central do curso ser a educação infantil, pude identificar nas minhas turmas os temas abordados durante as reuniões, e fui adaptando os encaminhamentos ou interferências a serem feitos. Em 1999, fui vencedora do Prêmio Victor Civita – Professor Nota 10, promovido pela revista Nova Escola, com o projeto "correspondência", desenvolvido pela minha classe em 98. Para mim, toda a recompensa pelo meu trabalho é ver crianças aprendendo com felicidade, mas esse prêmio

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