Conteudos nº2

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UNIDADE DE SAÚDE PÚBLICA ACES PINHAL LITORAL

Conteúdos

Q U A D R I M E S T R A L

e-Boletim da Unidade de Saúde Pública

ACES PINHAL LITORAL

N Ú M E R O

AUTORES

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S E T E M B R O

D E

2 0 1 5

Ana Silva

Construir o caminho...

Fátima Soares Fernanda Santos Helena Sofia Costa Isabel Craveiro

Diz o provérbio que “Longas viagens começam com um passo” e, de facto, o percurso vai-se construindo, com aprendizagem e

Jorge Costa Lourdes Costa Odete Mendes Olinda Nogueira Paula Fernandes Ruben Rodrigues Rui Passadouro

SUMÁRIO Construir o caminho... 1 A propósito dos LSP Uma reflexão (mais do que….) pessoal

1

Consumo de quinolonas e cefalosporinas no ACeS Pinhal Litoral em 2013 e 2014

2

Integração do estudante com diabetes 3 tipo 1 em contexto escolar: uma proposta de abordagem… Projeto Escolas sem Ruído

4

Efeitos nocivos da exposição ao ruído

5

Exposição ao ruído ocupacional e sua repercussão na saúde dos trabalhadores numa cimenteira

6

DDO no ACeS Pinhal Litoral e SINAVE

8

Os nossos filhos

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BTT ao domingo

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Os Homens...

9

Estórias… da História 10 da Saúde Pública: O início

Jorge Costa

Coordenador da Unida de Saúde Pública

perspectiva colectiva, relativa às instituições e à sociedade.

da Saúde.

As Unidades de Saúde Pública constituem-se hoje, na promoA Saúde Pública do século XXI depara-se com novos problemas, ção da saúde e na salvaguarda da saúde pública, como a rede mas também com novos recurde contacto entre o Estado e os sos e novas oportunidades. E é Cidadãos. Mas a sua neste contexto, tencapacidade de resdo em conta o passaposta encontra difi“… o percurso do, que se deve construir o presente, com vai-se culdades a vários níveis, tais como, a vista a atingir no fuconstruindo, amadurecimento, desde que se escassez de recursos turo os objectivos de saiba para onde se quer ir. com humanos e materiSaúde pretendidos. O desafio que se colocou, depois A herança das antigas aprendizagem e ais, o modelo de funcionamento e de de lançado o primeiro número Delegações de Saúde, amadurecimento, organização e até o deste eBoletim, foi precisamente com uma presença desde que se seu contexto institu“fazer caminho”, tornando-o um muito próxima da cional. projecto mais rico e mais partici- comunidade, é ainda saiba para onde pado. Planificou-se melhor a sua hoje um factor imse quer ir” Um editorial é necesestrutura, aprofundaram-se os sariamente um espaportante que se deve conteúdos, alargou-se o corpo ço mínimo para o valorizar e prestigiar. editorial… e reflectiu-se muito. Assim como o Delegado de Saú- debate, mas é suficiente para Construir o caminho é, aliás, um de, em muitos locais, continua a lembrar a necessidade de se desiderato universal, quer se fale ser a imagem de referência, não reflectir. Assim, seja esta refleapenas como defensor da Saúde xão a chama que permita consda perspectiva pessoal (familiar ou profissional), quer se trate da Pública, mas até como Provedor truir o futuro.

A propósito dos Laboratórios de Saúde Pública Odete Mendes Uma reflexão (mais do que…) pessoal

Médica de Saúde Pública

Perante a mudança anunciada e a concretizar de imediato nos Laboratórios de Saúde Pública (LSP), agitam-se serviços, profissionais e outros, porque estão em causa, dizem, estruturas fundamentais, investimentos técnicos e humanos, receios (legítimos) e alguma apreensão face à perda de respostas de proximidade. Sim, mudar é possível e, citando autor desco-

nhecido, “o mundo é redondo, por isso aquilo que nos pode parecer o fim é afinal o princípio!”. Estamos perante a maior reestruturação dos LSP, coordenada pelo INSA e baseada nas conclusões do grupo de trabalho nacional e multidisciplinar, traduzida no encerramento (de alguns), reorganização (de outros) e transferência (de algumas competências) para Unida-

des Hospitalares, mantendo a aposta, dizem, na resposta às necessidades em Saúde Pública baseada na uniformidade técnica (INSA) e complementaridade de acção, definida estrategicamente desde 1971. Mudanças com as quais os LSP têm convivido, considerando as inúmeras “turbulências” ao longo dos anos, nas orientações (por vezes falta delas), >>> p. 7


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Consumo de quinolonas e cefalosporinas no ACeS Pinhal Litoral em 2013 e 2014 A descoberta dos antibióticos na década de 40 do século XX, revolucionou o tratamento das infeções e contribuiu significativamente para a redução da morbimortalidade. No entanto, o aparecimento de resistências, problema complexo resultante de múltiplos fatores, entre os quais se encontra o uso indiscriminado dos antibióticos, constitui uma ameaça à saúde pública, levando ao aumento dos custos com os cuidados de saúde, ao insucesso terapêutico e, por vezes, à morte (1). Afeta tanto os países desenvolvidos como os em desenvolvimento e potencia o aparecimento de infeções multirresistentes de tratamento difícil e oneroso (2).

Rui Passadouro

Médico de Saúde Pública

Isabel Craveiro

Técnica Superior de Saúde - Farmacêutica

início do século “… é imperativo XX, contudo o monitorizar a seu uso em granprescrição, de de escala levou acordo com as ao aparecimento Uma das competências do Programa recomendações da DGS, com a de Prevenção e Controlo de Infeções e de estirpes bacterianas resistencriação de um de Resistência aos Antimicrobianos Programa de (PPCIRA) é coordenar e apoiar as ativi- tes, de tratamenAssistência à dades que promovam o uso adequado to difícil. Perante a situação detePrescrição de de antimicrobianos e a prevenção de Antibióticos tada, é imperatiresistências. No ACeS Pinhal Litoral (PAPA) de forma a vo monitorizar a deu-se prioridade à monitorização do reduzir prescrição, de consumo de quinolonas e cefalosporisubstancialmente nas nas várias unidades funcionais (UF) acordo com as a pressão recomendações nos anos de 2013 e 2014. antibiótica” da DGS, com a Em relação ao consumo de quinolonas criação de um (figura 1) e de cefalosporinas (figura 2) Programa de Assistência à Prescrição A Organização Mundial de Saúde (OMS) de Antibióticos Figura 2- DHD Cefalosporinas 2013-14 nas UF e ACES PL Figura 1 - DHD Quinolonas 2013-14 nas UF e ACES PL (PAPA)(7) de forma a reduzir substancialmente a pressão antibiótica, utilizando-os apenas quando existe infeção bacteriana e durante o mínimo tempo indispensável (8).

considerou a resistência aos antibióticos um problema prioritário. Desde 2001 instituiu medidas globais para o seu controlo, salientando-se a vigilância da resistência, a educação dos prescritores, dos profissionais de saúde e do grande público e a regulamentação da promoção de antibióticos pela indústria farmacêutica (2). O consumo de antibióticos, em doentes da comunidade europeia, apresenta um gradiente norte-sul, com menor consumo no norte e alto no sul (3). O seu consumo é avaliado em dose diária definida por 1000 habitantes por dia (DHD)(4). Em 2002, França tinha o maior consumo (32,2 DHD) e a Holanda o menor (10,0 DHD). Portugal ocupava a 3ª posição com cerca de 27 DHD (3). No distrito de Leiria, em 2007, o consumo de quinolonas em ambulatório foi de 3,01 e no Continente 2,87 DHD. Relativamente às

cefalosporinas foi de 3,18 DHD no distrito de Leiria e 2,11 no continente (5, 6), revelando um maior consumo no distrito em relação ao continente.

verificou-se um ligeiro decréscimo de consumo médio no ACES de 2013 para 2014. O consumo de quinolonas passou de 0,57 DHD para 0,52 DHD e o de cefalosporinas de 0,56 DHD para 0,47 DHD. Da análise global das 15 UF do ACES PL verifica-se uma grande assimetria de consumos, que varia em 0,08 DHD para a UF com menor consumo e 0,94DHD para a de maior consumo, no ano de 2013, sendo, no ano de 2014 de 0,13 DHD para a de menor consumo e 0,82 DHD para a de maior consumo (figura 1).

A situação é semelhante para as quinolonas, com grande variabilidade entre as UF, variando entre 0,05 e 0,50 DHD em 2013 e 0,14 e 0,77 DHD em 2014. Os antibióticos revolucionaram o tratamento dos doentes com infeção, no

Referências Bibliográficas 1. ECDC. Antimicrobial resistance surveillance in Europe. Sweden2012. Available from: http:// ecdc.europa.eu/en/publications/Publications/antimicrobial-resistancesurveillance-europe-2012.pdf.

2. WHO. World Health Organization global strategy for containment of antimicrobial resistance: World Health Organization; 2001. 3. Goossens H, Ferech M, Vander Stichele R, Elseviers M. Outpatient antibiotic use in Europe and association with resistance: a crossnational database study. The Lancet. 2005;365 (9459):579-87. 4. WHO Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology. Guidelines for ATC classification and DDD assignment 2014. Oslo2013. Available from: http://www.whocc.no/atc_ddd_publications/guidelines/. 5. Ramalhinho I, Ribeirinho M, Vieira I, Cabrita J. A evolução do consumo de antibióticos em ambulatório em Portugal continental 20002009. 2012. 2012;25(1):20-8. 6. Ramalhinho I, Cabrita J, Ribeirinho M, Vieira I. Evolução do consumo de antibióticos em Portugal Continental (2000-2007) 2010. Available from: www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/ MONITORIZACAO_DO_MERCADO/OBSERVATORIO/ ESTUDOS_REALIZADOS_PROTOCOLOS/Evolu%E7% E3o_Consumo_Ab_Portugal.pdf

7. DGS. Programa de prevenção e controlo de infeções e de resistência aos antimicrobianos2014. Available from: Retrived from:

https://www.dgs.pt/estatisticas-de-saude/estatisticas-de-saude/ publicacoes/portugal-controlo-da-infecao-e-resistencia-aos-antimicrobianos -em-numeros-2014.aspx.

8. DGS. NOC 6/2014: Duração de terapêutica antibiótica. 2014.

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Integração do estudante com diabetes tipo 1 em contexto escolar: uma proposta de abordagem…

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Maria de Fátima Soares Enfermeira

A Orientação da Direção Geral de Saúde número 3 de 2012, de 18 de Janeiro de 2012 recomenda que, no âmbito da Escola Inclusiva e das crianças e jovens com Necessidades de Saúde Especiais, a Escola identifique as situações de alunos com Diabetes tipo 1, a fim de se poderem mobilizar os recursos para o apoio necessário ao seu bem-estar e à sua inclusão escolar, promovendo o acompanhamento, a manutenção do tratamento e a gestão de situações intercorrentes na Diabetes. No sentido de dar resposta a esta

tos e competências dos professores e assistentes operacionais no acompanhamento de estudantes com diabetes tipo 1 e dar formação aos enfermeiros no sentido do desenvolvimento do projeto. O estudo longitudinal, quasiexperimental do tipo pré e pós teste sem grupo de controlo, utiliza vários instrumentos no sentido da avaliação da efetividade do projeto. Numa fase piloto de desenvolvimento do projeto efetuou-se a avaliação da intervenção dirigida aos profissionais escolares, tendo os resultados preliminares evidenciado efetividade do projeto. Dos 88 participantes verificámos que 24,1% tinham a categoria profissional de Assistente operacional, 62,1% de Professores e 13,8 tinham outra profissão. Das 17 questões constantes do instrumento verificou-se orientação desenvolveu-se o projeto que em média antes da formação os DARE+: “Diabetes+ Apoio pelos Resformandos acertaram em 9,9±0,4 e deponsáveis Escolares” às crianças com pois da formação passaram a acertar em diabetes tipo 1, que se encontra em média em 11,4 ±0,5. Verificamos assim fase de estudo piloto na Unidade de que a formação foi eficaz (t=-2,019; Saúde Pública do ACES PL. p<0,05). Este Projeto apresenta entre outros Verificamos igualmente que antes da objetivos melhorar os conhecimenformação o nível de conhecimentos não

dependia da profis“ … o projeto são mas no fim da formação verifica- DARE+: “Diabetes+ mos que foram os Apoio pelos assistentes operaResponsáveis cionais que mais Escolares” às aprenderam com a crianças com formação. diabetes tipo 1, A formação dos que encontra-se enfermeiros de em fase de estudo saúde escolar no piloto na Unidade sentido de dar conde Saúde Pública tinuidade ao prodo ACES PL” jeto será a próxima etapa.

Autores: Maria de Fátima Soares (USP ACES Pi-

nhal Litoral); Eva Menino, Maria dos Anjos Dixe, Sara Gordo, Clementina Gordo, Helena Catarino, Teresa Kraus (Unidade de Investigação em Saúde da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria)

Profissionais da Unidade de Saúde Pública Médicos de Saúde Pública: Amália Assis, Ana Isabel Nascimento, Ana Silva, Clarisse Bento, Corneliu Tapu (ISP), Jorge Costa (Coordenador), José Luis Ruivo, Lourdes Costa, Odete Mendes, Ruben Rodrigues (ISP), Rui Passadouro, Vitor Sousa, Yaroslav Savaryn (ISP) Enfermeiros: Dina Pascoal, Fátima Soares, Hélder Carreira

Técnicos de Saúde Ambiental: Anabela Cruz, Cátia Santos, Claudia Serrano, Helena Costa, Laurinda Lopes, Manuel Cardoso, Olinda Marques, Regina Costa, Rosália Campos, Teresa Gameiro Assistentes Técnicos: Carolina Jordão, Conceição Nolasco, Fernanda Santos (CEI), Gracinda Coutinho, Helena Carvalho, Margarida Santos, Olinda Nogueira, Olívia Sousa (CEI), Rosário Correia Engenheira Sanitarista: Paula Fernandes (DSP/ARSC)

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ISP: Interno de Saúde Pública


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Projeto Escolas sem Ruído

Paula Fernandes

Técnica Superior de Saúde - Engenheira Sanitarista

O ruído é um dos determinantes OMS, um Ruído Ambiental no recreio ambientais aos quais estamos ex- exterior das escolas de LA,eq ≤ 55 dB postos quotidianamente e dos (A) durante as pausas letivas.(1) quais podem resultar efeitos nociNíveis sonoros % vos no organismo, constituindo um Local em dB (A) dos reconhecidos factores de de50 - 64 14 gradação da qualidade de vida na Zonas 65 - 74 46 Polivalentes sociedade actual. (1) 75 - 84 32 Exteriores ≥ 85 8 As escolas com a sua população 50 - 64 1 específica deveriam ser um local Zonas 65 - 74 0 saudável e de promoção de comPolivalentes 75 - 84 75 Interiores portamentos salutares. No entan≥ 85 24 to, será que o ruído existente nas 50 - 64 1 escolas não constituirá uma situa65 - 74 0 Refeitórios 75 - 84 70 ção de risco para a saúde dos que ≥ 85 29 frequentam ou trabalham nas esOs resultados obtidos demonstram comprovadamente que este ruido O Projeto “Escolas sem Ruído”, pode contribuir, não só para a ocoriniciado em 2010 no âmbito do Departamento de Saúde Pública da rência de problemas de saúde, que ARS Centro, procurou dar resposta vão desde os zumbidos, dores de a esta questão, em parceria com a cabeça e perturbações gástricas até Direção-Geral dos Estabelecimen- distúrbios cardio-vasculares e surdez, mas também para outro tipo de tos Escolares (DGEstE). problemas, relacionados com o baixo É constituído por 2 fases complerendimento escolar e os comportamentares, incidindo a 1ª Fase na mentos agressivos e anti-sociais. avaliação dos níveis sonoros de (1,2,3) ruído ambiente nas Escolas do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico (EB 2,3) Após a apresentação e discussão e a 2ª Fase, que se encontra agora pública dos resultados obtidos com a DGEstE, Diretores dos Agrupamentos em desenvolvimento, intervindo Escolares e Unidades de Saúde Públinestes espaços escolares com o objectivo de reduzir os riscos asso- ca (USP), iniciou-se a 2ª Fase do Prociados à exposição elevada ao ruí- jeto (anos lectivos 2014/2015 e 2015/2016) sob a responsabilidade do. dos Coordenadores das USP. A 1ª Fase, de Diagnóstico (anos lectivos 2010/11 e Pretende-se a intervenção local ao … “será que o nível destes esruído existente nas 2011/12) envolveu a me- tabelecimentos dição dos níveis sonoros escolas não em 73 escolas EB 2,3 das escolares e da constituirá uma 113 existentes na Região população em situação de risco Centro, tendo as restan- geral, principalpara a saúde dos tes sido excluídas por se mente através que frequentam ou encontrarem em proces- de ações de sensos de remodelação físi- sibilização junto trabalham nas da comunidade cos e/ou funcionais. escolas?!...” escolar (alunos, Foram avaliados os seus funcionários e diferentes espaços com professores) e a exceção das salas de aula, designa- abordagem, caso damente, as zonas polivalentes a caso, de cada uma das escolas com interiores e exteriores e os refeitó- recomendações para alterações funrios, locais onde os alunos perma- cionais, da decoração, mobiliário ou necem nos tempos livres entre as equipamento, que possam minimizar aulas. os efeitos adversos do ruído. Pelo quadro resumo dos resultados Não há dúvida que a principal fonte obtidos, pode constatar-se que a de ruído nas escolas são as vozes e realidade está muito longe do ide- certos comportamentos inadequaal, que deveria ser, segundo a dos dos alunos, contudo, foram tamcolas?!...

bém identificadas inúmeras situações em que a própria estrutura arquitectónica dos edifícios e a organização espacial favorece a ocorrência de eco e reverberação. É, pois, fundamental que haja consciencialização dos intervenientes na elaboração dos projetos de arquitectura das escolas e dos responsáveis pela sua manutenção, para a necessidade de melhorar a qualidade acústica dos edifícios escolares. Mas há também, toda uma série de pequenas intervenções de grande utilidade que podem ser realizadas pela própria comunidade escolar. São exemplos, a colocação de biombos ou de quadros em material absorvente para exposição de trabalhos de alunos também em materiais absorventes em locais estratégicos, a colocação de plantas, a colocação nos tetos de pendentes temáticos feitos pelos alunos, a colocação de borrachas nos pés das mesas e das cadeiras, a colocação de cortinas nas janelas,… consoante as situações. Há muito que se pode e deve fazer e aconselhar para reduzir o ruido nas escolas… Impensável é constatar a existência de um problema e nada fazer para o ultrapassar!

Referências bibliográficas: 1. Berlund, B; Lindvall, T; Schwela, DH – Guidelines for Community Noise. WHO 1999 2. Celani, AC; BevilacQua, MC; Ramos CR – Ruído em Escolas. Pró-fono, 1994 3. Cereges, SNY – Ruído em ambiente escolar: estudo das interferências na relação entre o ensino e a aprendizagem. Curitiba: BIO editora, 2005

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Efeitos Nocivos da Exposição ao Ruído De acordo com World Health Organization's Guidelines for Community Noise, o ruído constitui um problema crescente de saúde pública (1). Definido como todo o som desagradável e suscetível de provocar danos na saúde dos indivíduos (2,3) (provocado por causas naturais ou humanas), é um dos determinantes ambientais a que estamos expostos diariamente e do qual podem advir efeitos nocivos para a saúde (4). Com repercussões não apenas na saúde auditiva, a exposição ao ruído excessivo prejudica seriamente a saúde humana, interferindo no rendimento físico e psicológico dos indivíduos a ele expostos e condicionando a realização das atividades diárias, seja no contexto escolar, no trabalho, em casa ou mesmo durante o tempo de lazer (5). São efeitos adversos possíveis: a perda da acuidade auditiva; distúrbios do sono; problemas do foro cardiovascular e psicofisiológico; irritabilidade, redução da capacidade de concentração e alterações no comportamento social (5,6) (Figura 1).

Ruben Rodrigues

Médico Interno de Saúde Pública

tibilidade individual (4) (crianças, idosos, doentes crónicos e, ainda, trabalhadores por turnos, sobretudo se irregulares, e residentes em habitações com fracas condições de isolamento sonoro são, atualmente, considerados grupos vulneráveis) (1,6).

re is a reasonable possibility that the public health will be endangered, even though scientific proof “A Organização Mundial may be lacking, de Saúde (OMS) action should recomenda a be taken to A Organização Mundial de Saúde (OMS) manutenção de níveis protect the recomenda a manutenção de níveis sosonoros inferiores a 30 public health, noros inferiores a 30 dB(A) durante a dB(A) durante a noite, without waiting noite, por forma a assegurar um sono por forma a assegurar the full scientide boa qualidade, 35 dB(A) em salas de um sono de boa fic proof. Action aula, como condição essencial para uma qualidade, 35 dB(A) em should be taken boa aprendizagem, e um limite de 55dB salas de aula, como where possible (A) em espaços exteriores durante o dia to reduce noise condição essencial para (1,6). at the souruma boa aprendizagem, Por outro lado, estima-se que cerca de ce” (1). e um limite de 55dB(A) 40% da população nos países da União em espaços exteriores Europeia (EU) se encontra exposta ao durante o dia” ruído de tráfego rodoviário em níveis superiores a 55 dB(A), 20% é exposta a níveis superiores a 65 dB(A) durante o dia, e mais de 30% é exposta a níveis Referências Bibliográficas superiores a 55 dB(A) à noite (6). 1. Berglund B, Lindvall T, Schwela DH. Guidelines for

A exposição ao ruído é, de facto, um problema crescente, particularmente em áreas urbanas, tanto em países industrializadas como nas regiões do

Figura 1. Efeitos na saúde da exposição ao ruído.

Os efeitos provocados pelo ruído dependem, naturalmente, da intensidade dos níveis sonoros, do tempo de exposição, assim como da susce-

mundo em desenvolvimento (7). Isto implica que em pleno século XXI a exposição ao ruído continuará a ser um problema de saúde pública (7). “When the-

Community Noise [Internet]. Geneva: World Health Organization; 1999. Available from: http:// www.euro.who.int/en/health-topics/environment -and-health/noise/publications 2. Belojevic G, Jakovljevic B, Slepcevic V. Noise and mental performance: personality attributes and noise sensitivity. Noise Health [Internet]. 2003;6(21):77–89. Available from: // www.noiseandhealth.org/text.asp? 2003/6/21/77/31680 3. Hammer MS, Swinburn TK, Neitzel RL. Environmental noise pollution in the United States: Developing an effective public health response. Environ Health Perspect [Internet]. 2014;122(2):115– 9. Available from: http:// dx.doi.org/10.1289/ehp.1307272 4. Fernandes P, Branco E, Marques O. Projeto “Escolas sem Ruído”: Relatório síntese. Departamento de Saúde Pública da Admnistração Regional de Saúde do Centro; 5. WHO. Noise [Internet]. WHO Regional Office for Europe. [cited 2015 Aug 13]. Available from: http:// www.euro.who.int/en/health-topics/ environment-and-health/noise/noise 6. WHO. Noise: Data and statistics [Internet]. WHO Regional Office for Europe. [cited 2015 Aug 13]. Available from: http://www.euro.who.int/en/health -topics/environment-and-health/noise/

data-and-statistics 7. Passchier-Vermeer W, Passchier WF. Noise Exposure and Public Health. Environ Health Perspect [Internet]. 2000;108 Suppl:123–31. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC1637786/

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Ruído ocupacional: Repercussão na saúde dos trabalhadores de uma cimenteira “Introdução: O ruído ocupacional encontra-se presente em maior ou menor grau em todos os locais de trabalho, tornandose particularmente perceptível em contexto industrial. O ruído é um importante factor de risco para os trabalhadores, afectando a sua saúde física e psicológica e a sua segurança, ao mesmo tempo que diminui a qualidade do trabalho e a produtividade.

e 5% utilizam às vezes. Quanto ao tipo de protectores, a maioria dos trabalhadores utiliza os dois tipos (auriculares e abafadores). 9,2% dos trabalhadores afirmam que esquecem de aplicar os protectores, 13,2% consideram que não são importantes, 28,9% referem que se sentem desconfortáveis e curiosamente 48,7% citaram outros motivos. Quando questionados se estavam diariamente expostos ao ruído, 69% referiram que estavam diariamente expostos Material e métodos: O presene 31% que não estavam. Do total te estudo incidiu sobre uma de trabalhadores, estão sujeitos a população de 208 trabalhadoruído contínuo 54,5%, 37,5% a res duma empresa cimenteira, descontínuo, 3,6% não se enconno ano de 2009, tendo sido tram sujeitos nem a ruído contírecolhidas 112 resnuo nem descontínuo, 2,7% não postas válidas. Preresponderam e 1,8% submetidos tendeu-se analisar a aos dois tipos. Verificou-se que exposição ao ruído mais de metade dos trabalhadores ocupacional e sua tem dificuldade na audição, 53% “… São repercussão na saúde responderam que sim comparannecessárias dos trabalhadores. O do com 47% que responderam tratamento dos damelhorias que negativamente. 45% dos trabalhados foi efectuado permitam reduzir dores relataram que sentiam zumutilizando o software bidos e tonturas e 55% negaram a eficazmente as estatístico SPSS versua existência. Apurou-se uma emissões de ruído são 16.0. notável percentagem de activos na fonte e sugere- Resultados: Na distri- 94%, que pensam ser muito imse que seja buição por grupo portante proteger-se do ruído. implementado um etário dos casos conSobre a existência de anteriores siderados, encontrou Plano de doenças otológicas somente 8% -se uma frequência Conservação da respondeu afirmativamente a esta aproximada no grupo pergunta. Após análise dos audioAudição…” etário dos trabalhagramas concluiu-se que 55% dos dores de idades comtrabalhadores possuíam traçado preendidas entre os não normal, contrariamente, 45% 30 – 50 e os de idaapresentaram traçado normal. De des superiores a 50 salientar que 13,8% apresentam anos, sendo que apenas 5 poshipoacúsia grave, 11,9% hipoacúsuem menos de 30 anos. sia moderada e 29,4% hipoacúsia Na distribuição por sexo verifi- ligeira. ca-se que predomina o sexo Discussão: Ao cruzar o número de masculino (94%). anos que os trabalhadores trabaDos 112 inquiridos, só 31% lham em locais ruidosos com os usam protecção, 64% não usam resultados do audiograma verifica-

Helena Sofia Costa

Técnica de Saúde Ambiental

se a existência de uma relação estatisticamente significativa. Tal permite concluir que quanto mais tempo os trabalhadores estão expostos ao ruído, maiores os danos provocados. Uma situação semelhante ocorre ao cruzar os dados relativos ao tempo de trabalho com as respostas dadas pelos trabalhadores quanto à sua acuidade auditiva. Perante isto, será de reforçar a necessidade de se fazer recurso habitual a audiogramas para aferir as condições de saúde dos trabalhadores, uma vez que a percepção que cada um tem da sua própria condição nem sempre é real. Da mesma forma verificouse grande relação entre o número de anos em local ruidoso e a dificuldade auditiva apresentada. Conclusão: O presente estudo demonstra-nos que o ruído representa um sério problema de saúde para os trabalhadores deste tipo de indústria uma vez que a incidência da patologia auditiva nos trabalhadores é acentuada. São necessárias melhorias que permitam reduzir eficazmente as emissões de ruído na fonte e sugere-se que seja implementado um Plano de Conservação da Audição para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores. Também a selecção adequada dos “protectores auriculares” é um ponto que deve merecer uma análise detalhada.

Palavra-chave: ruído ocupacional; investigação; cimenteira; prevenção.”

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A propósito dos Laboratórios de Saúde Pública Uma reflexão (mais do que…) pessoal (continuação)

>>> na estrutura organizacional (com vel), acompanhando a mudança do parabase nas alterações legislativas) e nos digma da Saúde (Pública), simultaneainvestimentos (por vezes falta deles). mente complexa e mutável, numa cada vez maior diferenciação técnica, não Todos iguais .. todos diferentes, asdesvirtuando a sua filosofia de intervensim poderão ser definidos os LSP, ção - promoção da saúde e prevenção. traduzidos em práticas gerais semelhantes e outras bem diferentes, com história construída na proximidade (ou não) com os Serviços de Saúde Pública, de acordo com as especificidades regionais, com uma crescente diferenciação nas metodologias, técnicas e procedimentos com garantia de qualidade (desde sempre), objetivada nos resultados obtidos nos programas de avaliação externa de qualidade e no controlo interno diário. Com muito esforço, é certo, nem sempre reconhecido, porque simultaneamente foram sofrendo perdas de recursos humanos, chegando a atingir nalguns casos mais de 40%.

Falar de LSP é pois dar a conhecer um percurso de 40 anos, num trabalho multidisciplinar e diferenciado, em que os técnicos de laboratório são apenas uma parte (invisível) da rede de profissionais que se pretende próxima e complementar - dificilmente se poderá discutir a Saúde Pública sem os LSP e será também dificil intervir nos LSP sem envolver os profissionais de Saúde Pública (e outros).

A proximidade entre Serviços de Saúde Pública e LSP (ainda que varíável em cada região) fortalecida na ARS Centro desde 2000, permitiu identificar como imprescindível esta relação, nem sempre fácil, com mais-valias na complementariSe as fases de implementação e con- dade de saberes, num melhor planeasolidação, nas décadas de 70 e 80, mento, na normalização de procedimenforam de intensa estruturação e tos, na avaliação de programas implecapacitação dos profissionais, e o mentados, assim como na identificação Projeto Life e o III Quadro Comunitá- de necessidades e de respostas a novos rio, permitiram acrescentar investiproblemas de saúde. Também, inúmeras mentos em equipamentos trazendo são as vantagens da articulação funcioaos “Laboratórios Distritais” novas nal entre LSP, desde a complementaridaáreas de intervenção, respostas a de, intervenção mais abrangente, unifornecessidades sentidas e até nalguns a mização de métodos de trabalho e mateacreditação, por vezes a ausência de riais, troca de experiências, técnicas e uma clara definição da política dos procedimentos e incentivo dos profissioLSP, tornou a sua evolução mais nais potenciando os conhecimentos “solitária”. Nesta fase, dependentes através da rede de laboratórios, cuja das Sub Regiões de Saúde, traduziestruturação na ARS Centro se traduziu ram-se num caminho “per si”, mas em ganhos na diferenciação dos messimultaneamente recheado de aspe- mos, melhoria do desempenho e numa tos muito positivos pelas respostas gestão mais eficiente dos recursos.(1) de proximidade, sendo disso exemSendo a essência dos LSP o apoio à interplo a então Sub Região de Saúde de venção em Saúde Pública, estão organiLeiria com forte investimento na for- zados em áreas funcionais de acordo mação conjunta dos profissionais do com critérios de qualidade, com uma Laboratório e de Saúde Pública e capacidade analítica diversa na Microbiaquisições diversas, fundamentadas ologia e Química de Águas e Alimentos, em necessidades expressas e estuLegionella, Cianobactérias, BK, Hansen e dos custo/benefício. alguns deles também na Clínica e BacteAtualmente, na dependência dos Departamentos de Saúde Pública das ARS (mas nem todos os profissionais), os LSP neste longo percurso foram-se adaptando aos desafios (inúmeros) em Saúde (Pública), procurando satisfazer as novas necessidades de forma ajustada (e a possí-

riologia Geral, intervindo também na formação de profissionais (Licenciatura Análises Clínicas e Saúde Pública, Universidades e Internatos Médicos) e no apoio a populações vulneráveis (protocolo com Estabelecimentos Prisionais) e a programas prioritários de saúde

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Odete Mendes

Médica de Saúde Pública

nomeadamente o Programa de Prevenção e Controlo da Infeção e Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), de que foi exemplo de Boas Práticas a experiência com o ACES Pinhal Litoral. Estão hoje os Serviços de Saúde Pública… perante este desafio: a (re)estruturação dos LSP, que têm sido e continuarão a ser de forma inequívoca, instrumentos fundamentais de avaliação e monitorização, geradores de evidência, objetivando muitas decisões em Saúde Pública e das Autoridades de Saúde e com contributos imprescindíveis em diversos programas de saúde. Diz a sabedoria popular, que o caminho se faz caminhando … e que as crises, são oportunidades de mudança, mas cabe aos profissionais e às instituições intervir nas mesmas com sabedoria e arte e, certamente, assim farão. Aos profissionais dos LSP, os de hoje e os de ontem, porque merecido, um sincero reconhecimento, pelo trabalho e pela resiliência. E, perante este desafio tão atual quanto profundo, sustentado na missão dos LSP, nas mais valias do passado e nos seus profissionais, esperamos que esta reestruturação seja partilhada, eficaz e eficiente, garante de respostas às necessidades sentidas e aos programas de saúde, em rede e de proximidade, assente na complementaridade, credibilidade, qualidade e rentabilização, que só poderá traduzir-se (e queremos acreditar que sim) em efetivos ganhos em saúde das populações onde as perdas (que também existirão) serão efetivamente residuais. Que a apreensão, de hoje e de muitos, seja efémera e que a evidência futura se apresse a contrariá-la…. Sabemos bem que “As gerações futuras farão justiça serena do que nós em saúde formos capazes de fazer, nesta época, no sentido de dar a toda a população o que já é possível e a que ela tem todo o direito, e o que deixámos de fazer por ignorância, incapacidade ou desinteresse.” Gonçalves Ferreira. In: Política de Saúde e Serviço Nacional de Saúde em Portugal. Lisboa, 1975 (1) Questionários Médicos Saúde Pública e Técnicos Saúde Ambiental, Leiria 2003 e 2005,

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Doenças de Declaração Obrigatória no ACeS Pinhal Litoral e SINAVE A implementação do Programa SINAVE aumentou o número de notificações das Doenças de Declaração Obrigatória (DDO) a nível da Unidade de Saúde Pública (USP) do ACeS Pinhal Litoral, sendo os Concelhos de Leiria e Pombal os que apresentam um maior número de notificações (Gráfico 1).

pação quando notificam. De notar que a necessidade de confirmação resulta do facto de haver uma vacina em jogo e, no caso de utentes vacinados, sabermos se houve ou não “falha” da vacina.

De uma forma geral, os casos notificados têm sido confirmados, havendo apenas algumas situações em que a doença não foi confirmada ou era uma doença já previamente conhecida. Mais especificamente, dos 70 casos notificados no primeiro semestre de 2015, 18 deles, após o Inquérito epidemiológico realizado, não se confirmaram como caso.

tes foram as Hepatite B e C e a Sífilis, sendo as Hepatites, na sua quase totalidade, casos antigos. A Parotidite Epidémica e as Salmonelose não typhi e não paratyphifoi foram a quarta patologia com maior número de notificações seguidas da Malária, Tuberculose Pulmonar e VIH.

Entre os casos não confirmados, salienta-se a Parotidite Epidémica, havendo ainda a destacar um caso de Hepatite A, que se tratava de um utente com IgG positivo e IgM negativo e que, por lapso, foi notificado como doença aguda.

Dos casos notificados no primeiro semestre de 2015, tal como observado no gráfico 2, as doenças mais frequen-

Ana Silva

Médica de Saúde Pública

saber se o utente fez ou não tratamento. Nos primeiros seis meses de 2015, foram notificados dois casos no Centro de Saúde Dr. Arnaldo de Sampaio que não haviam iniciado “A implementação a terapêutica do Programa por negligência SINAVE aumentou do utente. Optou-se, nestes o número de dois casos, por notificações das administrar Doenças de terapêutica injeDeclaração tável na sede da USP. De notar Obrigatória (DDO) que o sigilo, nos a nível da Unidade casos de Sífilis, é discutível, pois de Saúde Pública trata-se de uma (USP) do ACeS doença com Pinhal Litoral” tratamento, é importante que o mesmo seja iniciado de forma célere e que seja cumprido.

Por último, é apenas de notar que a necessidade de realizar análises e/ou eventualmente outros exames complementares de diagnóstico justifica que, em alguns casos, o preenchimento do Inquérito epidemiológico se tenha atrasado em cerca de 8 a 15 dias. Contudo, para que se trabalhe com credibilidade, Uma outra preocupação que temos tido refere-se aos casos de Sífilis notifi- deverá proceder-se à confirmação sempre que possível. cados, nomeadamente, tentando-se

No que se refere à Parotidite Epidémica, tem-se solicitado aos médicos notificadores que tentem confirmar a doença, pedindo ecografia e anticorpos IgM e IgG para o vírus da papeira, logo que recebem a notificação. Há inclusive médicos de família que já têm esta preocu-

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Os nossos filhos

Olinda Nogueira Assistente Técnica

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É preciso dizer “amo-te”. A felicidade familiar vale qualquer trabalho. O processo de parentalidade é importante, intenso, dinâmico e sempre novo. É o processo mais elaborado e fantástico de uma pessoa, o que não quer dizer que quem não tenha filhos seja infeliz ou menos do que os outros. “Há muita gente que ainda não percebeu bem o que é uma criança

nas suas diversas vertentes: física, emocional, psicológica e sentimental. É que as crianças não são adultos em miniatura: são frágeis, inexperientes, com uma visão muito pouco sistémica da vida.” (Mário Cordeiro – Pediatra)

Os filhos são a nossa continuidade; quase diria que a vida que eles somam e desenvolvem faz-se, em parte, à custa da nossa própria vida, da nossa energia vital. Isso é bom se a autonomia se fizer nos

dois sentidos: a dos filhos, mas também a dos pais. Não há um manual de instruções para as crianças, porque serão os pais que o irão escrevendo na vivência do quotidiano. E no final pode deitar fora esse manual porque, como cada pessoa é única, irrepetível e imprescindível, o manual de um não serve para os outros.

Fórnea ao domingo de BTT com os Trilhos Sem Fim Nesse Domingo conseguimos reunir as condições necessárias para fazer o mítico passeio da Fórnea. A disponibilidade do grupo e a meteorologia unidas facilitaram a concretização do objetivo. Iniciámos a marcha junto ao rio, em Porto de Mós. Vale acima, fomos testando a nossa capacidade física. As subidas eram de difícil "escalada", quer pela inclinação, quer pela lama, quer pela pedra, que era abundante. A paisagem, sempre deslumbrante, deixava ver a serra a dominar completamente o nosso horizonte. Um sentimento ambíguo de proteção proveniente das altas montanhas, por um lado, e por outro, a sensação de encarceramento resultante do grande muro que representa aquela serra e que tínhamos que ultrapassar. Gostei mais do sentimento de proteção! Passámos ao largo da Fórnea. Mantivemos a marcha a subir. Subitamente lá estava ela, a grande subida, a serpentear encosta acima. Ficámos extasiados com a imponência da natureza. Umas vezes extasiados, muitas mais cansados, quase esgotados. Uns com ela à mão, ou-

tros em cima dela, todos chegámos com as bikes ao cume. Fizemos uma pequena pausa e tivemos o prazer, quase único, de aí tomar uma pequena refeição, dominando o horizonte. Continuámos o passeio. Por um trilho estreito, muito técnico, fomos avançando até ao local onde iriamos avistar a melhor paisagem. Feita a foto de grupo avançámos pelo desfiladeiro. Uma paisagem indescritível. A natureza a esmagar os visitantes com tanta beleza. Trilho adiante, pedra atrás de pedra, sem uma única distração, vencemos o medo e fizemos o percurso sem sobressaltos. A Fórnea de Alvados, vista do cume, é um espetacular anfiteatro com cerca de 1 km de diâmetro. Está escavado nos calcários margosos e nos calcários do Ju-

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Os Homens…

Fernanda Santos

“Um dia perguntaram a Dalai Lama: - O que mais o surpreende na Humanidade? E ele respondeu: - Os Homens … Porque perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem dinheiro

para recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tives-

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Rui Passadouro

Médico de Saúde Pública

rássico inferior e médio. É rico em fósseis de amonites e belemnites. Nas suas vertentes existem várias nascentes temporárias, que pela erosão, dão origem à Fórnea. Do alto avistámos ainda o belo castelo de Porto de Mós e admirámos a vista sobre a Vila Forte, com a ciclovia a serpentear na montanha. Concluímos, sem dúvida, um passeio admirável e por isso convido os leitores desta crónica a visualizar o vídeo, clicando na foto, e a fazer uma visita ao local.

Assistente Técnica (CEI)

sem vivido.”

Esta resposta reflete a vivência de muitos utentes que encontrei ao longo do período que contatei com eles …. vamos pensar nisto.

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Estórias… da História da Saúde Pública: O início Conceituar Nova Saúde Pública não é elementar, perante a pluralidade de opiniões dos vários autores. A definição de Saúde Pública espelha o contexto social, cultural, económico e político do momento.

A “Organização Mundial de Saúde” define a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doenças ou enfermidades”. A Nova Saúde Pública, tendo por base este pressuposto dinâmicosocial e socioeconómico, pode considerar-se como a resposta da sociedade à prevenção, promoção e preservação da saúde e bem-estar individual e coletivo das comunidades. A Saúde Pública inovadora, dinâmica, intimamente articulada com outros sectores, como outras disciplinas científicas tem uma história que pode ser ilustrada por múltiplas histórias (1). Conhecer esta história ilustra a situação atual da Saúde Pública e deixa-

Maria de Lourdes Costa Médica de Saúde Pública

nos apreender o caminho percorrido, convivendo e prosperando com as demandas históricas mundiais e a evolução do conhecimento científico e da sociedade. O início da Saúde Pública remonta a Hipócrates (460 a.c.), universalmente considerado o fundador da Medicina. Na sua obra, ele abordou questões e problemas de Saúde Pública, designadamente no âmbito da descrição de doenças transmissíveis e da saúde ambiental (1). Contudo, é na idade média, com a pandemia da peste negra, que se propagou ao longo de vários séculos, vitimando as populações europeias e fazendo milhares de mortos, que emerge, de facto, o papel da Saúde Pública como configuradora da aplicação de medidas preventivas. Pode dizer-se que a perceção da saúde como bem-estar coletivo começou com as primeiras epidemias, que, ao atingirem grande número de pessoas e se propagarem com celeridade, começaram a levantar questões acerca da sua epidemiologia. Assim, e apesar do conhecimento sobre a transmissão da doença derivar apenas de observações empíricas no século XIV, subtendem-se já algumas medidas preventivas de Saúde Pública, tais como a higienização das habitações, o isolamento dos doentes e disciplinação da cidade e dos seus habitantes. Por outro lado, conscientes de que a chegada da peste à Europa estava associada às caravanas de comércio que vinham da Ásia através do Mar Mediterrâneo e que aportavam nas

aldeias europeias, foi instituída a quarentena. No século XVII foram instauradas um conjunto de medidas estatais sobre Saúde Pública que visavam favorecer as condições de vida, tais como, a imprescindibilidade do sepultamento/ incineração dos cadá- “A Saúde Pública veres, a fiscalização inovadora, dos locais de trabadinâmica, lho, a inspeção e fiscalização do comérintimamente cio dos alimentos e o articulada com saneamento das habitações. A esta interoutros sectores, venção do estado como outras convencionou chadisciplinas mar-se “Polícia Médica”(2). científicas tem Por último, no século uma história que XIX foi criada uma pode ser ilustrada “Junta de Saúde”, que visava adotar por múltiplas medidas preventivas histórias.” relativas à peste. Em 1990, o fundo da “Junta de Saúde” foi transferido para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo (3). Sucederam-se uma “Comissão de Saúde Pública”, que entre outros problemas, se preocupou com a Instituição Vacínica e o “Conselho de Saúde Pública”.

Referências Bibliográficas: (1) Textos de Francisco George, DGS, Lisboa 2011. (2) Cadernos de Saúde Pública, Vol.3, Nº1, Rio de Janeiro 1997; (3) Arquivo Nacional da Torre do tombo, Direcção -Geral de Arquivos 2008; Jorge Fernando Alves; “Um Marco na Estruturação dos Serviços de Saúde Pública em Portugal”

Ficha Técnica Propriedade: Unidade de Saúde Pública do ACeS Pinhal Litoral Corpo Editorial: Fátima Soares; Jorge Costa; Manuel Cardoso; Odete Mendes; Rosário Correia; Ruben Rodrigues; Rui Passadouro Contactos:

eBoletim da USP Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio

Estrada da Mata, nº 56

Marrazes

2419-014 LEIRIA

Tel.: 244 849 000/10; Fax: 244 849 001; Correio eletrónico: conteudos@acesleiria.min-saude.pt Estatística do eBoletim Conteúdos nº1: 425 leituras; 24 104 apresentações em plataformas CONTEÚDOS: E-BOLETIM DA UNIDADE DE SAÚDE PÚBLICA A C E S

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