TRIBUNA FEIRENSE SETEMBRO 2019

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FEIRA DE SANTANA-BAHIA, SETEMBRO DE 2019

ANO XX- Nº 2.619

R$ 1

ATENDIMENTO (75)3225-7500

Feira: crescimento e avanços

Foto: Carlos Augusto/ornal Grande Bahia

Em Setembro, Feira de Santana comemora os 186 anos de sua Emancipação Política. Por isso, dedicamos a ela essa edição especial, na qual destacamos projetos e iniciativas que engrandecem a Princesa do Sertão, promovendo avanços e contribuindo para o seu crescimento e desenvolvimento social, educacional e cultural. Com quase 700 mil habitantes, o município ainda enfrenta um grave déficit no atendimento hospitalar, sobretudo pela sobrecarga de pacientes, já que também abarca a demanda de mais de 128 municípios circunvizinhos. Mas uma iniciativa do Governo do Estado promete, senão resolver, pelo menos amenizar os problemas relacionados à escassez de leitos. Autorizado em janeiro de 2019 e já em fase

avançada de construção, o Hospital Geral Clériston Andrade 2 está sendo concebido para figurar como a mais moderna e bem equipada unidade hospitalar da cidade. Nossa equipe fez uma reportagem especial sobre o empreendimento, que tem previsão de ser entregue em tempo recorde: 5 de abril de 2020. O projeto está orçado em R$ 37,2 milhões e o investimento total, entre obras e equipamentos, é de R$ 50 milhões. Outra iniciativa que traz imenso benefício à população feirense foi inaugurada em julho e veio para suprir uma grande lacuna na área de Cultura. O moderno Complexo Cultural construído pelo Sesc é tema de outra reportagem, onde detalhamos não apenas a importante atuação da entidade enquanto formadora de

plateias e leitores, bem como os projetos desenvolvidos por ela, nos mais diversos campos artísticos e do conhecimento. Como não podia deixar de ser, cobramos, uma vez mais, a restauração do casarão colonial localizado no terreno doado ao Sesc, em 2007, pela Prefeitura, sob a condição de preservá-lo e recuperá-lo. Patrimônio de Feira de Santana, o Feira Tênis Clube ou FêTêCê, como era, carinhosamente, chamado pelos feirenses, faz parte da história de toda uma geração que viveu a adolescência nos anos 60, 70 e 80 e que frequentou suas piscinas, matinês e famosos bailes pré-micaretescos. Afundado em dívidas, acabou indo a leilão, em 2013. Fechado e em estado de deterioração, vinha funcionando, nos últimos anos, como estacionamento, correndo

imenso risco de ser demolido. O atual prefeito de Feira, Colbert Martins Filho, no entanto, decidiu desapropriar o imóvel e, em março desse ano, comunicou à cidade que, além de preservar a sua estrutura, a prefeitura vai construir a sede da Secretaria Municipal de Cultura no local. Nossa reportagem apurou que a previsão do Governo Municipal é de entregar, em até dois anos, um moderno Complexo Educacional, com foco, inclusive, na formação de alunos especiais. Nessa edição, trazemos ainda a coluna de André Pomponet, que aborda a curiosa inclinação da Câmara Municipal a uma abundante oferta de medalhas e honrarias, e a Bodega do Leegoza, de César Oliveira, discutindo questões cruciais da política, economia, sociedade e setor educacional.


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Feira de Santana-Bahia, Setembro de 2019

Obras do Complexo Educacional que revitalizará o

Foto: Reginaldo Pereira

Daniela Oliveira

Patrimônio de Feira de Santana, o Feira Tênis Clube ou FêTêCê, como era, carinhosamente, chamado pelos feirenses, faz parte da história de toda uma geração que viveu a adolescência nos anos 60, 70 e 80 e que frequentou suas piscinas, matinês e famosos bailes pré -micaretescos, a exemplo de Uma Noite no Hawaii. Fundado em 1944, o clube funcionava em um espaço de 15 mil metros quadrados, área equipada com piscinas para crianças e adultos, ginásio de esportes e diversos salões de festas, que receberam grandes astros e estrelas da música brasileira, como Maysa (1960), Clara Nunes (1976) e Emilinha Borba (1976). Apesar de muito prestigiado pela sociedade feirense, o Tênis, como o centro de entretenimento também ficou conhecido, começou a enfrentar graves problemas financeiros e trabalhistas, o que o levou a fechar as portas no início dos anos 2000. Afundado em dívidas, foi a leilão em 2013 e acabou arrematado por R$ 1,6 milhão. Com o tempo, o espaço foi se deteriorando e logo deu lugar a um estacionamento privado. Mas a história desse importante equipamento, que permanece na memória afetiva dos feirenses, merecia um destino diferente do que apenas servir para veículos estacionarem. A ideia de desapropriação vinha sendo aventada desde a gestão do ex-prefeito Tarcízio Pimenta, mas não havia sido levada adiante. Em março de 2019, no entanto, na gestão do atual prefeito Colbert Martins Filho, o Governo Municipal de Feira de Santana anunciou a desapropria-

ção do imóvel, que está situado na Rua Visconde do Rio Branco. No mês de julho, o Município fez um depósito judicial de R$ 9,2 milhões, concretizando o intento. O objetivo é que o FêTêCê se torne um moderno complexo educacional. A antiga estrutura arquitetônica, entretanto, será preservada, de acordo com a Prefeitura. Conforme o projeto, o novo empreendimento abrigará a Secretaria Municipal de Educação, que, atualmente, funciona em um prédio alugado, na Avenida Senhor dos Passos; um Centro de Educação Complementar, para a Rede Municipal de Ensino, com foco na formação de alunos especiais, no esporte e na cultura; além de auditórios, para eventos; salas destinadas a cursos de capacitação para professores e funcionários; e uma biblioteca, que abrigará toda a produção literária de autores feirenses, funcionando como um centro de preservação da história do Município. Orçado em quase R$ 30 milhões, o proje-

to tem previsão de ser iniciado em outubro. O investimento virá de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O prefeito Colbert Martins está entusiasmado com o novo empreendimento. “Vamos transformar o antigo Feira Tênis Clube em um novo espaço educacional. Fico muito alegre e satisfeito. Agradeço a Deus pela oportunidade de transformar aquela área, que estava abandonada e desprezada, em uma nova referência para a Educação”, comemora. De acordo com o gestor, o projeto faz parte do contexto de recuperação da zona central e comercial de Feira de Santana. “Toda aquela área passará a integrar o projeto de revitalização do Centro da cidade, onde serão investidos R$ 60 milhões, em projetos de iluminação, recuperação de calçadas e praças, bem como em sinalização horizontal e vertical do trânsito e segurança”, afirma.

Arquitetura do antigo clube será ser preservada, garante a prefeitura PROJETO

O secretário Municipal de Planejamento, Carlos Brito, explica que a ideia de construir um complexo educacional no local uniu duas necessidades: a de se preservar um bem histórico para o feirense e a de se ter uma sede própria para a Secretaria de Educação funcionar, o que, segundo ele, vai gerar economia para o Município. “Inicialmente, a Secretaria de Educação seria construída em uma área do Colégio Monteiro Lobato, mas, após longas conversas com os proprietários do Tênis, o prefeito entendeu que o melhor local para fazer a Secretaria de Educação era a sede do antigo clube, porque, além de preservar um

bem historicamente muito representativo para o povo feirense, tem uma estrutura ideal para a instalação de um centro de formação e de um complexo escolar para Portadores de Necessidades Especiais”, esclarece. Para Carlos Brito, o projeto atende a um importante reclame da sociedade feirense. “A preservação já era uma aspiração da cidade, então vamos preservar o espaço, dando a ele utilidade para a comunidade escolar”, ressalta. O prefeito Colbert Martins enfatiza que a iniciativa vai ajudar a melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Serão sete andares. Toda a estrutura da Secretaria

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de Educação vai pra lá. Ofertaremos entre 100 e 150 vagas para crianças especiais. Construiremos salas para cursos de formação contínua de professores, além de dois auditórios, com um total de mais de mil lugares. Tudo isso porque o nosso grande objetivo é sair desse incômodo Ideb de 4,2. Nosso desejo é que Feira de Santana salte no Ideb e que os 49 mil alunos da Rede Municipal possam dizer que estão estudando e que têm um valor reconhecido pelo Ideb, no país inteiro”, almeja. Quanto à estrutura arquitetônica do imóvel, o Governo Municipal garante que ela permanecerá com as mesmas características, sendo o restante da área modificada, para atender ao novo projeto. “A sede do Tênis será, sim, preservada. Toda ela, na sua essência. Apenas a parte interna sofrerá algumas alterações, pela necessidade de construção das salas de aula”, informa Carlos Brito. Segundo Brito, um ponto importante para

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Feira Tênis Clube devem ser iniciadas até dezembro

a mobilidade, no local, diz respeito à construção de um prédio garagem, com quatro andares. Com isso, a prefeitura visa que o aumento do fluxo de pessoas e de veículos não traga problemas àquele setor do centro da cidade. Outra iniciativa de extrema relevância, conforme o secretário, é o espaço destinado a obras de autores feirenses e que tratem da história da cidade. “Nesse centro de pesquisa, que ficará à disposição dos alunos da Rede Municipal, teremos trabalhos e livros de nossos autores e sobre a nossa cidade. É, portanto, um equipamento que vai transformar aquela região e vai ajudar na melhoria dos índices educacionais”, avalia. A expectativa é de que, até o final desse ano, a obra já esteja licitada e iniciada. “A parte executiva do projeto arquitetônico já está pronta. Estamos trabalhando com projetos complementares e esperamos que, até o final desse mês, estejam

Foto: Daniela Oliveira

De acordo com Carlos Brito, secretário Municipal de Planejamento, projeto está orçado em quase R$ 30 milhões e o investimento virá de recursos do Fundeb

todos prontos, para que possamos licitar e dar início à obra. Se, em outubro, se tivermos 30 dias para licitação, em novembro, já poderemos partir para a fase de homologação”, anseia Brito.

O prazo de conclusão da obra, de acordo com o prefeito Colbert Martins, está estimado em até dois anos. “Tenho a impressão de que concluiremos em, no mínimo, um ano e meio e, no máximo, em

dois anos. Devemos começar as obras antes do final do ano. E pretendo dar toda prioridade ao projeto”, garante.

CASA DA EDUCAÇÃO

Empossado no cargo

de secretário Municipal de Educação recentemente, Marcelo Neves ressalta o simbolismo de se criar um espaço que abrigue todos os projetos desenvolvidos no setor. “A importância desse complexo educacional é, antes de tudo, simbólica, no sentido de ser a casa da educação do município de Feira de Santana. É um equipamento que vai abrigar todo o pensar

da educação feirense. Teremos todo um trabalho voltado às questões pedagógicas, com auditórios, centros de avaliação, um acervo singular e até atividades voltadas a estudantes especiais, que têm uma grande demanda, na nossa Rede. Teremos também outros equipamentos esportivos e culturais, a serem desenvolvidos com a parte educacional”, celebra.


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André Pomponet

Economia em crônica

A fábrica de medalhas do Legislativo feirense Que a Câmara Municipal se especializou na distribuição de comendas e medalhas não é de hoje. Boa parte da população, inclusive, sabe da prática. Antigamente, a concessão era mais avara, havia algum critério, resquícios de pudor. Hoje, desavergonhou-se: pelo plenário, desfilam ilustres desconhecidos, saudados com discursos chochos, enfatiotados em paletós pouco habituais, gaguejando as virtudes da Feira de Santana. Exaltar as virtudes é manobra esperta: a maioria se resumiu a cuidar da própria vida e, contribuição efetiva à cidade, deram nenhuma. Mas é necessário fingir, manter o mistério, justificar a honraria. Muita gente se diverte, pelos bastidores, com essa fábrica de homenagens. Debocham, fare-

jam intenções ocultas, no agrado. Aqui ou ali, jocosamente, há quem se refira a um vereador ou a outro como Zé das Medalhas. Zé das Medalhas foi uma personagem de uma novela de muito sucesso, na década de 1980. Tomaram o apelido emprestado, porque traduz, com rara felicidade, o sentido da pilhéria. Às vezes, uma figura graúda – que sequer lembra da Feira de Santana – é alçada à condição de comendador ou de cidadão feirense. Sabe Deus se todo mundo vem receber o agrado. Alguns devem desdenhar. Outros, atarefados, passam apressados por aqui, embolsam a medalha, fazem uns elogios protocolares, garimpados por algum assessor, e vão embora. Talvez por falta do que fazer, a Câmara Mu-

nicipal resolveu investir nessas honrarias, nos últimos dias. Foram brindadas duas personagens graduadas da República: Jair Bolsonaro, o “mito” – aquele que chamou os governadores nordestinos de “paraíbas” –, e Damares Alves, ministra – a que se notabilizou pelo episódio da goiabeira, logo no início do governo.

“MITO” VISITANDO FEIRA

O “mito” já pisou o solo feirense? Se não, tem um bom pretexto para visitar a cidade, que fica na porção meridional da imensa “paraíba” que, para os letrados, corresponde ao Nordeste. Virá receber a medalha. Aqui, no prédio imponente do Legislativo, poderá contar piadas deploráveis de baiano – uma variação geográfica do “paraíba”

–, porque todos gargalharão escandalosamente, encantados com seu senso de humor. Quem sabe se não aparece um pintor conservador – fervoroso patriota –, para reproduzir a cena para a eternidade? Poderiam optar até por um daqueles painéis imensos, que, no passado, viam-se com frequência. Traço sisudo, com todo mundo com expressão digna, à altura das reverências ao “mito”. Imagens do gênero – coisa do século retrasado – ainda se veem em museus espalhados pelo mundo. Vai que, num surto de generosidade, o “mito” resolve conhecer as belezas da “paraíba” feirense? Percorreria viadutos e trincheiras – seria necessário bloquear o trânsito, para evitar en-

garrafamentos –, entraria em êxtase ao saber que restam poucas árvores, no perímetro urbano, e se resguardaria em gabinetes refrigerados, cujo acesso não é franqueado à patuleia.

CONCURSO PARA VEREADOR

A prolífica produção dos Zés das Medalhas, porém, bloqueia o debate, necessário, sobre os problemas da cidade. A cada legislatura, a situação torna-se pior. Mais recentemente, elevou-se a tendência de conceder honrarias, celebrar efemérides e esmerar-se em rapapés. Isso costuma render muito discurso inútil. Descontando as honrosas – e raras – exceções de praxe, não há parlamentar para conduzir um debate mais qualificado.

Servidor público – espécie que caminha para a extinção, no país das “boquinhas” – ingressa no Estado mediante concurso público. Habilidades e competências são cobradas, para o exercício da função. Alguns processos seletivos são extremamente disputados. Esculhambam, mas boa parte dos servidores brasileiros são muito qualificados. Por que não se adota critério semelhante para o Legislativo e o Executivo? Uma prova simples, que ateste conhecimentos. Depois, o candidato disputa o voto do cidadão, da mesma forma que é hoje. É óbvio que a fórmula não é perfeita, mas o filtro ajudaria a expurgar muitas incapacidades que se veem por aí, abundantes.


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César Oliveira

Bodega do Legozza

aldeias@uol.com.br

INSEGURANÇA

A queda de 22% nos crimes violentos, segundo mostra o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, é um feito extraordinário. Nesse Brasil primitivo, poupar mais de 6 mil vidas é um trabalho monumental. Evidente que a extensão desses dados, para o segundo semestre, exige a aprovação do pacote anticrime que está no Congresso, o combate ao tráfico, a vigilância de fronteiras, as parcerias internacionais, o enfrentamento às facções e o endurecimento das leis. Muitas medidas dependem do Congresso, que tem retardado a aprovação do projeto. E cada um se torna cúmplice das mortes não evitadas. Quem nunca esteve fora do Brasil não é capaz de imaginar o que é a sensação de andar pelas ruas – de dia ou de noite – sem o pânico da violência e o medo da morte, que tanto nos assustam, quando a noite cai. O relativismo criminal que vivemos, especialmente na última década; a desvalorização das forças de combate ao crime; a leniência da Justiça; e o enfraquecimento do cumprimento de penas são alguns dos elementos responsáveis pela composição desse desastre, que precisa continuar a ser enfrentado. Aqui, em Feira, a violência persiste, motivo pelo qual a instalação de uma Delegacia da Polícia Federal poderia contribuir para enfrentamento ao tráfico e o combate à corrupção.

SELVAGEM E ENVERGONHADOR

60% das crianças baianas vivem em estado de pobreza. Como a Bahia já tem o pior Ensino Médio do Brasil e a segunda pior educação básica, podemos afirmar que esses jovens têm sua infância roubada e seus sonhos destruídos. É inconcebível que qualquer governador, desde Mem de Sá, faça propaganda de seus governos – Correria ou não –, escondendo esse dado de pura selvageria.

DEVASTADOR

27,7% das crianças de 0 a 14 anos, na Bahia, estão em situação de extrema pobreza. A Bahia é o quarto pior Estado do Brasil, nesse aspecto.

ESGOTAMENTO SANITÁRIO

A edição passada do Tribuna Feirense mostrou a terrível limitação da cobertura de esgoto em nossa cidade. A Embasa precisa investir mais e melhorar seus resultados, não apenas ficar acomodada, com sua taxa de água e esgoto, vendendo propaganda enganosa.

LAVA-JATO

O Supremo Tribunal Federal (STF) é o maior estimulador da insegurança jurídica atual, criando leis esdrúxulas, violando princípios jurídicos (para se autoproteger) e dificultando o combate à corrupção. A instabilidade gerada pela Suprema Corte tem reflexos na economia e nos investimentos que o país recebe. Afinal, o investidor estrangeiro não quer colocar seu capital em uma nação na qual as condições de regulação desse capital não sejam estáveis.

STF

É impressionante e vergonhosa a incapacidade do país de reagir diante dos desmandos do STF, que arrebenta o sistema de freios e contrapesos, ao criar uma estrutura de poder mais poderosa do que todas as outras e que não pode ser regulada. A única chance de colocar o STF – sem o cabo e o soldado – sob limite é realizar o impeachment de algum Ministro, sendo Gilmar Mendes o que mais tem pecados capitais a serem punidos. É preciso sacrificar algum, para salvar o rebanho.

ECONOMIA

Em agosto, foram gerados 121.387 postos de trabalho. O melhor resultado para o mês, desde 2013. Os economistas revisaram o crescimento do PIB, de 0,8% para 0,9%, em 2019, e 1,8%, em 2020. Aos poucos – ainda que em ritmo angustiante –, o Brasil vai saindo da maior crise econômica que o país já teve – produzida por Dilma –, com 12 milhões de desempregados. As medidas econômicas precisam ser aprovadas, no Congresso, para avançarmos, em ritmo mais rápido.

EDUCAÇÃO

Pesquisa divulgada no Jornal Nacional mostrou as 100 melhores cidades do país, no Ensino Médio. Nenhuma, claro, da Bahia!

PAUTAS PARA A ANIVERSARIANTE *Finalização da Lagoa Grande *Preservação da Lagoa Salgada *Finalização do interminável BRT *Conclusão do Aeroporto *Duplicação do Anel de Contorno *Finalização da vergonha urbana da Artêmia Pires *Implantação da Região Metropolitana *Hospital Universitário (da Uefs) *Delegacia da POLÍCIA FEDERAL *Recuperação do Centro: sinalização, iluminação, urbanização *Centro de Convenções, com teatro (não auditório) *Exploração da Barragem Pedra do Cavalo *Nova Ceasa e revitalização do Centro de Abastecimento *Implantação da UFRB *Recuperação do Complexo Policial Investigador Bandeira *Conclusão do Viaduto (óbvio desde sempre) da NOIDE *Arborização urbana compatível com o porte da cidade *Conclusão do novo HGCA *Efetivação do Plano Diretor *Reordenamento da mobilidade urbana, com foco em ciclovias


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Novo HGCA promete desafogar

Foto ilustração: Secom Bahia

Karoliny Dias No dia 11 de janeiro de 2019, o governador Rui Costa autorizou a construção do Hospital Geral Clériston Andrade 2, em Feira de Santana. A promessa é que, em um prazo de 12 meses, os moradores da cidade e da região já possam contar com um complexo hospitalar com capacidade para 400 leitos. De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o novo Clériston será implantado na área do recuo do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA). Trata-se de uma área de intervenção de pouco mais de 19 mil metros quadrados, faceando, lateralmente, com a atual Unidade Ambulatorial, na Avenida Eduardo Froes da Mota. Segundo o órgão, a interligação entre os dois edifícios será feita através de uma circulação coberta, com laje plana,

no piso térreo, o que permitirá acesso direto ao Ambulatório e, na continuidade, ao corpo central do Hospital, passando pela Unidade de Diagnóstico por Imagem, pela Emergência, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Centro Cirúrgico, Internações e Apoios Técnicos e Logísticos. Ainda conforme a Sesab, o prédio que está sendo construído terá quatro pavimentos, três deles de atendimento hospitalar e um pavimento de área técnica, onde ficará a casa de máquinas dos elevadores, a casa de máquinas dos equipamentos de climatização, o barrilete (conjunto de tubulações hidráulicas) e o reservatório superior. Tudo isso configura uma área total construída de mais 7 mil metros quadrados. Já na área externa, será realizada uma reurbanização, com acessos, vias, estacionamentos, áreas de vivências, guarita e área técnica. No pavi-

Projeto do novo Clériston Andrade, que, de acordo com o Governo do Estado, será uma unidade hospitalar sustentável e de última geração mento térreo, funcionará o apoio ao diagnóstico e terapia, além da recepção e admissão, do setor de procedimentos endoscópicos e do setor de imagenologia. No primeiro pavimento, será instalado o atendimento em regime de internação, como UTI masculina e feminina. O andar contará ainda com uma recepção para espera, além de áreas de circulação, horizontais e verticais. No segundo pavimento, a Sesab explica

que ficará o centro cirúrgico. Também serão instalados aí o Centro de Recuperação Pós-Anestésica (CRPA), o conforto médico, a Central de Material Esterilizado (CME), os vestiários, áreas de circulação e mais uma recepção para espera. Além disso, o andar comportará a casa de máquinas e apoio logístico, a casa de máquinas para o ar-condicionado, barriletes, reservatórios e casas de máquinas para os elevadores.

A previsão para o término da obra é 5 de abril de 2020. O projeto está orçado em R$ 37,2 milhões. O investimento total é de R$ 50 milhões, entre obras e equipamentos. O novo prédio irá oferecer setor de Bioimagem, com ressonância magnética, dois tomógrafos, Raio-X, ultrassom, Doppler e ecocardiograma. Nesse momento, 22% das instalações já estão prontas. Na época da autorização da obra, foi dito que, no novo hospital, haverá um sistema digital de integração, fazendo com que a unidade funcione sem a necessidade de utilização de papel em prontuários, fichas e cadastros. As intervenções ainda contemplam mais de 17 mil metros quadrados de urbanização, paisagismo e praça de alimentação. O secretário Estadual de Saúde, Fábio Vilas -Boas, informa que o Clériston Andrade 2 será um hospital sustentável.

“A unidade contará com coleta de água da chuva, aquecimento solar, para garantir água aquecida nos banheiros. E estamos trabalhando para viabilizar a utilização de gás natural, em toda a infraestrutura de ar-condicionado, em substituição à energia elétrica”, revela. O médico emergencista e mestrando em Educação nas Profissões de Saúde, Rodrigo Matos, ressaltou que essa é uma obra muito importante não somente para Feira de Santana, mas também para a microrregião, talvez até macrorregião, a depender das especialidades oferecidas. “O novo hospital vem para compor a rede de urgência e emergência da cidade, já que existe um déficit de leitos grande. E vai ajudar a melhorar a qualidade da saúde do povo, compondo, junto com as outras unidades de urgência e emergência que o Município disponibiliza, a exemplo das Unidades de Pronto

Por um Hospital Universitário para a UEFS “Precisamos formar médicos maximamente eficientes e minimamente invasivos à integridade física, econômica e afetiva do paciente” César Oliveira


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saúde, em Feira de Santana e região Foto: Secom Bahia

“Levamos hospitais de alta complexidade para o interior e estamos ampliando as unidades, com investimentos de quase R$ 1 bilhão”, afirma o secretário Estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas Atendimento (UPA) e policlínicas, um grande complexo de saúde”, afirma. Há, ainda, os movimentos secundários, conforme o médico, uma vez que traz também geração de emprego, desde a construção até a prestação de serviços. “Acaba também desafogando uma demanda reprimida de pacientes que precisam ser internados e que, infelizmente, nem

sempre conseguem ser regulados para uma unidade hospitalar. É uma necessidade e cobrança antigas”, lembra. Rodrigo Matos diz que trabalhou, no HGCA, durante oito anos. Para ele, a nova unidade se integrará perfeitamente aos equipamentos públicos de saúde que a Rede Municipal já possui. “Eles já prestam um grande serviço ao paciente de emergência, em nossa cidade. Faltava

para Feira de Santana, desde que atenda às necessidades da população local. “Não adianta construir um hospital do porte do HGCA 2 e fazer dele um elefante branco. O atendimento tem que ser por demanda. O povo feirense merece um hospital no qual tenha direito de ser atendido, sem precisar de intermediários”, frisa. Sobre a situação do atual HGCA, ela diz ser lamentável o fato de ter perdido vários amigos, por não conseguirem atendimento na unidade. “Hoje, o Clériston fecha as portas para o povo. Existe uma Central de Regulação que, para mim, é a fila da morte. Não se consegue transfe-

rência para lá. Isso me deixa triste. Por que o povo não tem direito de entrar, mesmo sendo um hospital estadual?”, questiona, enfatizando a necessidade de mudança no sistema de acesso à unidade.

VISITA

Em visita ao canteiro de obras da nova unidade, na última quinta-feira (26), o secretário Fábio Vilas-Boas, que veio à cidade verificar se o andamento está de acordo com o cronograma, avaliou que a saúde, no Estado, teve um claro avanço, tanto na expansão de serviços, no interior, quanto na descentralização, regionalização e atendimentos de alta e média complexidades. “Hoje, Foto: Vicen Ferreres

a retaguarda a pacientes que demandam cirurgias ou internamentos clínicos”, explica. Mas o médico não considera o novo Clériston suficiente para resolver todo o problema que envolve a saúde, em Feira de Santana e região. “Creio que é uma etapa importante, mas não suficiente”, pondera.

CRÍTICAS

A vereadora Aldney Bastos, mais conhecida como Neinha (PDT), é uma das maiores críticas da forma como o Governo do Estado faz o atendimento em suas unidades de saúde. Entende, no entanto, que a construção do novo HGCA é uma boa iniciativa, já que, segundo ela, o atual Clériston está ultrapassado. “Nossa cidade, hoje, perde muitas pessoas, por termos um hospital sucateado, que não corresponde nem à demanda da cidade, quanto mais à de mais 128 municípios circunvizinhos”, observa. A edil acredita que o novo Clériston será bom

A vereadora Neinha (PDT) diz não concordar com atual sistema de Regulação do HGCA: “Para mim, é a fila da morte”, critica

estamos preenchendo um vazio que existia na atenção especializada, exames e consultas. Levamos hospitais de alta complexidade para o interior e estamos ampliando as unidades, com investimentos de quase R$ 1 bilhão”, destacou. Para os próximos anos, o gestor disse que o obje tivo é fechar o ciclo reestruturando a rede hospitalar do interior, principalmente as unidades de pequeno porte, a fim de se ter hospitais mais resolutivos.

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