Revista CNT Transporte Atual-DEZ/2007

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EDIÇÃO INFORMATIVA DO SEST/SENAT ANO XIII N Ú M E RO 148

CNT T RA N S P O R T E

AT UA L

FÉRIAS COM SEGURANÇA CRISE AÉREA, CRESCIMENTO DA FROTA DE VEÍCULOS E PRECARIEDADE DAS RODOVIAS EXIGIRÃO MAIS CUIDADOS DOS MOTORISTAS

LEIA ENTREVISTA COM MARIO CESAR MANTOVANI




CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio So a res de Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Th i e rs Fa ttori Costa VICE-PRESIDENTES DA CNT

Pe d ro José de Olive i ra Lopes Oswaldo Dias de Ca st ro Daniel Luís Ca rvalho Au g osto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Vi a n a Au g u sto Dalçóquio Neto Eu c l i d esHaiss Paulo Vice n te Ca l effi Fra n c i sco Pelúcio

TRA N S P O RTE DE CA RGAS

N ew ton Jerônimo Gibson DuarteRo d r i g u es TRA N S P O RTE AQ UAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton So a res Júnior TRA N S P O RTE DE PASSAG E I ROS

Marco Antonio Gulin TRA N S P O RTA D O R ES AU T Ô N O M OS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRA N S P O RTE DE PASSAG E I ROS

Otávio Vi e i ra da Cunha Filho Ilso Pe d ro Menta TRA N S P O RTE DE CA RGAS

Flávio Benatti Antônio Pe re i ra de Siqueira

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Beze r raLe i te J a cob Barata Filho J osé Au g u sto Pinheiro Marcus Vinícius Gravina Tarcísio Sc h ettino Ribeiro J osé Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knite l l Abrão Abdo Iza cc Fra n c i sco Saldanha Beze r ra J e rson Antonio Picoli J osé Nolar Schedler Mário Martins

TRANSPORTADORES AU T Ô N O M OS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fo n se ca Lo p es Mariano Costa TRA N S P O RTE AQ UAVIÁRIO

Glen Gordon Findlay Hernani Goulart Fo rtuna TRA N S P O RTE FERROV I Á R I O

Rodrigo Vi l a ç a Nélio Ce l so Carneiro Tava res TRA N S P O RTE AÉREO

Wolner José Pe reira de Aguiar José Afonso Ass u m p ç ã o CONSELHO FISCAL (TITULARES) D avid Lopes de Olive i ra Éder Dal’lago Luiz Maldonado Mart h os José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Olive i ra José Veronez DIRETORIA TRANSPORTE RO D OVIÁRIO DE CA RGAS

Luiz Anselmo Trombini Eduardo Ferreira Re b u zzi Paulo Brondani Irani Be rtolini

T RA N S P O RTA D O R ES AU T Ô N O M OS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de So u sa J osé Alexandrino Ferreira Neto J osé Pe rc i d esRodrigues Luiz Maldonado Mart h os Sandoval Geraldino dos Sa n tos D i rceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Mariano Costa J osé da Fo n se ca Lopes Claudinei Natal Pelegrini G etúlio Vargas de Moura Bra a tz N i l ton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Luiz Rebelo Neto Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Olive i ra M o a cyr Bonelli J osé Ca r l os Ribeiro Gomes Paulo Sergio de Mello Cotta Marcelino José Lobato Nascimento Ronaldo Mattos de Olive i ra Lima J osé Ed u a rdo Lopes Fernando Ferreira Becker Pe d ro Henrique Garcia de Jes u s J o rge Afo n so Quagliani Pereira Claudio Ro b e rto Fernandes Deco u rt Pe d ro Lopes de Olive i ra

Vi rgílio Co e l h o

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Celso Marino - cel/rádio (11) 9141-2938 Publicação do Sest/Senat, registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Editada sob responsabilidade da AC&S Assessoria em Comunicação e Serviços Ltda. Tiragem 40 m il e xemplares

Os co n ce i tos emitidos nos art i g os ass i n a d os não refl etem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

PRAÇAS DE PEDÁGIO

FERROVIAS

Êxito da licitação das rodovias federais altera regras para o Rodoanel

BNDES estuda implantação de novas linhas de trens de passageiros

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TURISMO

Os nav i os que estarão no país no período de férias e as atrações que oferecem para atrair os brasileiros

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ANO XIII | NÚMERO 148 ENTREVISTA Mario Cesar Mantovani, diretor da SOS Mata Atlântica, fala sobre a qualidade do diesel Página 10

DESPOLUIR

No ano em que o aquecimento global se tornou uma realidade preocupante, a busca por combustíveis alternativos ganhou as manchetes e virou prioridade mundial

REPORTAGEM DE CAPA

A venda recorde de automóveis e a opção pelas est radas para fugir da crise aérea são alguns dos fatores que contribuirão para aumentar o movimento nas rodovias durante o verão

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E MAIS Editorial Cartas Alexandre Garcia Mais Transporte Certificado de Neutralização de Carbono Roubo de cargas Mundo da simulação Sest/Senat Idet Debate Humor CAPA MARCOS ISSA/ARGOSFOTO

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PRÊMIO CNT 2007 Rodrigo Cavalheiro é o vencedor com reportagem “Propina na ruta 14” PÁGINA

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“Entre os inúmeros feitos realizados pela CNT no decorrer de 2007, vale destacar o lançamento do Despoluir, em julho passado” EDITORIAL

CLÉSIO ANDRADE

2008 - um ano de es p e rança

O

s tra n s p o rta d o res bra s i l e i ros aguard a m 2008 com es p e ranças re n ovadas de que o setor possa se dese nvo l ver de maneira mais firme ao longo do ano, a partir do cresc i m e n to dos re cu rsos públicos e privad os na melhoria da inf ra - est r u tu ra de tra n s p o rte bra s i l e i ra. A Co nfe d e ração Nacional do Transporte acred i ta na vo n tade política dos gove r n a n tes de a tender as re i v i n d i ca ç õ es dos tra n s p o rta d o res, que têm como único objet i vo dotar o Brasil de co n d i ç õ esfísicas com capacidade de sustentar a expansão eco n ô m i ca interna e a elevação das ex p o rta ç õ es e importa ç õ es nos próximos anos. O PAC (Pro g rama de Ace l e ração do Cresc i m e n to) do governo fe d e ral é uma prova dessa vo n tade. Neste ano de 20 07, a CNT reforçou junto aos e n tes públicos e priva d os seu papel de re p rese nta n te máxima do tra n s p o rte bra s i l e i ro, enca m inhando às auto r i d a d es gove r n a m e n tais e órg ã os afins planos, pro p osta s, pesquisas e sugestões relacionadas com as dife re n tes modalidad es de tra n s p o rte. O Se rviço Social do Tra n s p o rte (Sest) e o Se rviço Nacional de Apre n d i zagem do Tra n s p o rte (Se n a t), a ela vincu l a d os, também perseve ra ram em 20 07 na sua missão de melhorar as co n d iç õ es de vida do trabalhador em tra n s p o rte, co m o ofe re c i m e n to de ate n d i m e n tosmédico e odonto l ó g i coe de cu rsos de qualifi cação profi ssional, a b rangendo vários se g m e n tos do seto r. Se este ano que finda foi de difi cu l d a d es para alguns modais de tra n s p o rte, também foi um pe-

ríodo de co n q u i stas legislativas hist ó r i cas para a Co nfe d e ração, como a entrada em vigor da lei que re g u l a m e n tou o tra n s p o rte ro d oviário de ca rg a s. Entre os inúmeros fe i tos rea l i za d os pela CNT no deco r rer de 20 07, vale desta car o lançamento do Des p o l u i r, o Pro g rama Ambiental do Tra n sporte, em julho passa d o. Hoje o Despoluir é a grande contribuição do setor de tra n s p o rte brasileiro à co n se rvação do meio ambiente. O Pro g rama tem como objet i vo criar uma cultu ra de res p o n sabilidade ambiental no setor tra n s p o rtador bra s i l e i ro e contribuir com os esfo r ç os mundiais para reduzir a emissão de CO 2 , um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. Como forma de co l a b o rar para a efet i va ç ã o de invest i m e n tos na área de logíst i ca, a CNT lançou em sete m b ro de 20 07 o Plano de Lo g í st i ca para o Brasil - PLB, que sugere 496 pro j etos, co m i nvest i m e n tos de R$ 223 bilhões para a melhoria da inf ra - est r u tura de tra n s p o rte do país. Por sua vez, a Pesq u i sa Ro d oviária CNT 20 07 co n sta tou nova m e n te o estado precário da malha ro d oviária nacional. De aco rdo com o estu d o, 73,9% dos 87.592 km de ro d ovias ava l i a d os em todo o país aprese n tam algum tipo de problema de pav i m e n to, sinalização ou de engenharia. A p esar dos obst á cu l os enf re n ta d os, os tra n sporta d o res bra s i l e i ros mantêm o otimismo para 2008, ce rtos de que o Brasil é bem maior do que seus problemas e saberá superá-los em benef ício de seu povo.


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Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes revistacnt@acsmidia.com.br PEDÁGIOS M u i to esc l a re ce d o ra a matéria “Ta r i fas rea l i sta s” so b re os preços dos pedágios nas rodovias bra s i l e i ra s. Mesmo que a dife rença de va l o res co b ra d os possa ser ex p l i cada, toda a sociedade ganhará muito com um pedágio mais justo, pois é no n osso bolso que pesa ta n to uma est rada malco n se rvada, quanto uma com pedágio alto. Os gove r n os não podem ser l ev i a n os ao leiloar as n ossas rodov i a s. Maciel de Fre i ta s S i m õ es Filhos - BA C O M B USTÍVEL LIMPO Parabéns à revista CNT Tra n s p o rte Atual pela matéria “Os benef í c i os do combust í ve l limpo”. É muito importa n te que a humanidade pesq u i se, divulgue e coloque em p r á t i cameios alternativos e não-poluentes de obtenção de energia veicular. Ca so contrário, a humanidade cavará o seu próprio fim. Parabéns também para o Programa Despoluir da Confederação Nacional do Transporte. É sa l u tar saber que a confederação não está preocupada apenas com os interesses dos transportadores. Erimar Sa n tos Olive i ra São Mateus - ES

“O AQUECIMENTO GLOBAL, TEMA R ECO R R E N T E ATUALMENTE, DEVE SEMPRE SER DISCUTIDO” PESQUISA Gostei muito da matéria “Clima de euforia na feira” sobre a Fenatran. A tecnologia apresentada em alguns modelos é muito original e interessante. Espero que a CNT Transporte Atual publique mais reportagens que tratem de pesquisas e inovações no quesito tecnologias de segurança da indústria automotiva. Adriano Ferreira da Silva Sobral - CE HIDROVIAS

A matéria “Rios com potencial inex p l o ra d o”, ve i culada na última edição da rev i sta CNT Transporte Atual, traz à tona a importância de investimentos e pro j etos para que as h i d rovias bra s i l e i ras possa m ser mais bem aprove i ta d a s. Além do cu sto mais baixo, em co m p a ração aos outros

DOS LEITORES modais do transporte, a opção para o tra n s p o rte de ca rgas via siste m a h i d roviário é uma alte r n a t i va p a ra que o setor possa colaborar com o meio ambiente, uma vez que a e m i ssão de CO2 nesse tipo de tra n s p o rte é bem menor. Tomara que as autoridades possam refletir melhor so b re o tema e to m e m providências para que o transporte hidroviário se torne uma alte r n a t i va co n c reta em todo o território nacional. José Souza Filho Belo Horizonte - MG ENTREVISTA

Muito inte ressa n te a entrev i sta da edição 147 da rev i sta CNT Tra n s p o rte Atu a l com o diplomata S é rgio Se r ra. O aquecimento global, tema tão re co r re n te nos últimos tempos, deve ser discutido sempre. Serra está correto ao afirmar que todos nós temos responsabilidade no que se refe re às drásticas mudanças ambientais. É muito bom saber que o Brasil te m se pre o cupado co m essa realidade e d ese nvolvido políticas para e nf re n tar as mudanças c l i m á t i ca s, dentre outros

a s p e c tos re l a t i vos ao a q u e c i m e n to global. H a m i l ton Cáss i o Esmeraldas - MG PESQUISA Gostaria de parabenizar a Confederação Nacional do Transporte pela pesq u i sa rodoviária realizada anualmente. Reportagem de capa da última edição da CNT Transporte Atual, a pesquisa mostra, a cada ano, uma realidade que só nossa s autoridades não enxergam: a situação de calamidade que nossos motoristas encontram pelas estradas do Brasil. Contudo, a Pesquisa Rodoviária CNT é fundamental para pontuar os trechos que mais necess i tam de cuidados e aqueles que estão em bom estado. A análise, além do levantamento das condições atuais das malhas rodoviárias do país, se rve de instrumento para orientar os moto r i stas que tanto sofrem com as más condições das rodovias brasileiras. Cristina Helena Santos Belo Horizonte - MG

CA RTAS PA RA ESTA SEÇÃO

Rua Ed u a rdo Lo p es, 591 31 230-200 - Belo Horizo n te (MG) Fax (31) 3411-7007 E-mail: rev i stacnt@acsmidia.com.br Por mot i vo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sof rer cortes


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“Nós não conseguimos perceber que tudo funciona melhor quando o inte resse de to d os se so b repõe aos egoísmos” 0PINIÃO

ALEXANDRE GARCIA

O futuro e as oportunidades

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rasília (Alô) - A Fundação Getúlio Vargas pesquisou empresários sobre as expectativas de 2008 e a maioria respondeu que vai fa turar mais, empregar mais e investir mais. Isso é sinal de que vamos crescer no próximo ano. O que signifi ca mais carga para transp o rtar, mais riqueza para escoar. Está desa celerando a economia americana? O governo só finge que vai fazer uma reforma tributária? Não importa. Vamos faturar mais e ganhar mais. Enquanto existir o entusiasmo pelo lucro, vai existir o motor do cresc imento, do investimento, do emprego. Não foi outro o mot i vo do chamado milagre brasileiro. O Brasil cresceu à média de 11,2% ao ano, durante três anos, enquanto o mundo crescia 5,4%, porque havia entusiasmo. É essa vontade de faturar, empregar e investir, às vezes sem outro motivo que não o entusiasmo, que faz arrastar a bola de ferro amarrada nos nossos calcanhares, com o rótulo de burocracia, excesso de leis, excesso de tributos e de Estado. Excesso de Estado, eu escrevi? Desculpem-me pela afirmação impensada. Ao contrário, há carência de Estado. Na segurança, na educação, na saúde, na justiça, na infra-estrutura. Essa é uma verdade óbvia, que não necessita de demonstração. Mas não é só isso. Há o outro lado, em que sobra Estado nas contratações de gente sem concurso os filiados e afilhados - e nas “bondades’ que viciam, como o Bolsa Família e seus afins. Não vou falar em corrupção, porque o Estado, esse ser impessoal, não tem culpa. A culpa é das pessoas que não tiveram, em casa, família que lhes mostrasse o bom caminho. Para esses, eu desejo, do fundo do coração, um bom regime chinês.

Há dias, eu fazia uma palestra no Teatro Guararapes lotado, em Recife, quando afirmei que gostaria de ver a cara da Infraero e das empresas aérea s, se na crise dos aero p o rtos tivéssemos um bom se rviço de velozes trens de passageiros. A platéia, de mais de 2.000 pessoas, interrompeu-me para aplaudir. Vou repetir mil vezes, se necessário, que a falta de trilhos neste Brasil de 8,5 milhões de quilômetros quadrados é a maior prova de imbecilidade estratégica dos nossos gove r n os. Ca rgas e passageiros, à medida que o Brasil cresce, clamam por trilhos. Culpamos o Estado, culpamos governos, mas eles são o nosso espelho. Não nos entendemos no condomínio, na associação, no sindica to, na confederação e reclamamos que os partidos políticos são incoerentes, que o Executivo atrapalha, as leis tolhem, a justiça se arrasta, os políticos só pensam em si, o Congresso nada reso l ve. Mas nós não conseguimos perceber que tudo funciona melhor quando o interesse de todos se sobrepõe aos egoísmos. A iniciativa privada, no entanto, tem uma vantagem sobre o Estado. Sabe o quanto custa o trabalho, o investimento, o tributo, a produção, o armazenamento, o transporte. Os gove r n os sabem? Podem até saber, mas em geral não se importam. Para provar isso, basta comparar uma Vale estatal e uma privada. Uma siderúrgica esta tal e uma privada. Uma estrada pública e uma privatizada. Somos o país das oportunidades perdidas. Por isso o futuro nunca chega. Neste momento, começa a se esgotar mais uma oportunidade: a de termos aproveitado uma época boa, de bonança na economia, de equilíbrio nas contas públicas, para reduzir os impostos.


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"Qualquer motor pode ser adaptado, não tem um cu sto elevado. O diesel bom vai, a perfo r m a n ce do motor. Mas se tiver que importar motor, é melhor do que

ENTREVISTA

MARIO CESAR MANTOVANI

BRASILEIROS CONTAMIN POR ANA CRISTINA D’ ANGELO

qualidade do diesel brasileiro beira o caos. O índice de enxofre adicionado ao produto está em níveis muito mais eleva dos que o dos países desenvolvi dos e o estabelecido em países vizinhos como o Chile e o México. A prática é mais um agravante para a situação ambiental, ele vando as emissões de CO2 em ci dades brasileiras que já apresen tam uma situação limite de po luição. O tema é o foco da repre sentação que entidades ambien tais e da sociedade civil impetra ram junto ao Ministério Público e a Procuradoria Geral da Repúbli ca. O coordenador da medida ju rídica, Mario César Mantovani, diretor de Mobilização da Funda ção SOS Mata Atlântica, acredita que a representação possa re verter o modo de operação da Petrobras, responsável única e direta pela qualidade do com bustível usado no país, além de conscientizar a população sobre

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maneiras viáveis de se reduzir as emissões de CO2. Nesta entre vista à CNT Transporte Atual, Mantovani comenta ainda o Pro grama Despoluir, lançado pela Confederação Nacional do Transporte. Para ele, o trabalha dor do setor de transporte tem papel fundamental na dissemi nação das informações ligadas ao meio ambiente. Por que esta representação questionando a qualidade do diesel brasileiro? As pessoas tendem a condenar o trabalhador, o ca ra que fica nos congestionamentos nas re g i õ es met ro p o l i ta n a s. Mas a res p o n sabilidade é dos d i r i g e n tes da Pet ro b ra s, unicamente. Um caminhoneiro hoje n os co n g estionamentos nas reg i õ es metro p o l i tanas abso rve o equiva l e n te a fumar seis cigarros. O trabalhador e as pessoas estão se co n taminando. E ssa discu ssão está vindo ago-

ra porque a Pet ro b ras faz propaganda de que é sustentável, mas na realidade não é. Te n ta b u scar subterfúgios na lei, nas agências reguladoras, mas não cu m p re a lei ambiental. A Petrobras busca refúgio na ANP (Agência Nacional de Pet r ó l e o), mas não basta. É como se reso l vesse fa zer um aero p o rto e falasse que vai dar sa t i sfação à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), mas a ninguém da área ambiental. Está claramente ex p resso que quem responde pelas leis ambientais é o Conama (Co n selho Nacional de Meio Ambiente) e a Petrobras não quer dar sa t i sfação ao órg ã o. Nós acháva m os que as agências seriam um meio efic i e n te e hoje se mostram inst r u m e n tos vulneráve i s. Quais são os índices de enxofre no diesel hoje e o que manda a lei? As emiss õ es de enxof re

são medidas por ppm (parte por milhão). São matérias part i culadas medidas no prod u to. O que manda a lei bra s ileira é que esse nível seja de 500 ppm nas re g i õ es met ropolitanas e de 2.000 ppm no resto do país. Enquanto isso, a norma européia já está falando de 10 ppm e o México já usa 50 ppm. Mas nosso índice está em 2.000 ppm. Sa b e m os que não estão cu m p r i n d o nada. É como se você dissesse que o pulmão do bra s i l e i ro pode suportar isso. Você pode dar mais exemplos do índice de enxofre fora do Brasil? A Europa vai para 10 ppm a g o ra. A partir de 2008, os E sta d os Unidos usarão 15 ppm, o México e o Chile ta mbém estão indo para 15 ppm. O Brasil é o pior exemplo de qualidade do diesel, porque não cu m p re a legislação.


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FOTOS TÂNIA RÊGO

inclusive, melhorar t ro car pulmão"

ADOS A Petrobras é a única responsável? É. Não há como fugir, é monopólio. E os motores dos veículos brasileiros podem receber o diesel de qualidade, com menor índice de enxofre? Qualquer motor pode ser a d a pta d o, não tem um custo elevado. O diesel bom vai, inclusive, melhorar a perfo r m a n ce do motor. Mas se tiver que importar m otor, é melhor do que tro ca r pulmão. Quais entidades assinam a resolução? O pessoal da Fa culdade de Saúde Pública (da Universidade de São Paulo), a OAB, o Greenpeace, muita gente que está começando a perceber o que está se ndo feito. E o trabalhador que está lá no caminhão acaba pagando uma conta que não é dele. Ele é v i sto como vilão, mas você con-

dena o cara que é o fim de uma linha, não o mal encarnado. Para se ter uma idéia da poluição no trânsito em São Paulo, hoje na região central as pessoas abso rvem todos os produtos químicos equivalentes a três cigarros.

E a gasolina e álcool usados pelos carros, qual o índice de poluição hoje? Hoje muito menos que antes, a tecnologia tem mostrado que é possível reduzir as emissões. O diesel preocupa muito mais.

Qual o instrumento jurídico usado? É uma representação junto ao Conama com base no Índice de Su ste n tabilidade Empresa r i a l , que condicionou a Petrobras a cumprir essa determinação. Queremos mostrar também para o investidor da Petrobras que ele está sendo sócio disso e estamos fazendo pressão junto ao Ministério Público. Fizemos ainda uma reunião com a Procuradoria Geral da República.

A SOS Mata Atlântica está envolvida em outros programas para reduzir emissões de poluentes? Nós participamos do Nossa São Paulo e do programa de despoluição do rio Tietê. Um jacaré apareceu nesse rio e isso desencadeou uma mobilização i n c r í vel, não sei quantas mil pessoas part i c i p a ram, foi o maior abaixo-assinado da história e com isso foram obtidos US$ 2,6 bilhões em 30 anos para

despoluir o Tietê. Nessas grandes campanhas há uma catarse co l et i va em que as pessoas acordam para alguns temas. A gente está esperando que com essa representação questionando a qualidade do diesel também haja esse despertar coletivo porque não é possível você aceitar essa morte invisível. Nós fi ze m os há alguns anos uma campanha chamada Desperta São Paulo em que distribuíamos lençóis para pendurar do lado de fora de casa, uma idéia que a gente trouxe da Itália. Você deixa o lençol um tempo do lado de fora de casa e depois você olha a sujeira da poluição impregnada no tecido. Olha esse lençol o que tem! Por que as pessoas não percebem a fuligem, não


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“Nosso índice está em 2.000 ppm. Sa b e m os que o país não está cumprindo a lei. É como se você dissesse que o pulmão do brasileiro pode suportar isso”

8ºC na temperatura. Tem um trabalho que a gente fez, publicado em 1988, que se chamava “Ilhas de Calor”, mostrando essas diferenças absurdas de temperatura dentro da própria cidade. Na linha de “Não Verás País Nenhum” (livro de Ignácio de Loyola Brandão). A preocupação inicial da SOS se ampliou então? Claro. Mas continuamos lutando para preservar os 7% restantes da Mata Atlântica. Imagina, você reduz uma floresta a 7% da área original. Chegamos há uns anos atrás a destruir o equivalente a um campo de fuCRÍTICA Mantovani desaprova a atuação das agências reguladoras tebol a cada quatro minutos. A floresta produz água para a cidade, garante a questão climátipassam a mão nos móveis, na isso é medieval em algumas ca para a cidade, é um termoscortina para ver. Essa campanha áreas. Você tem 17 milhões de tato, como se fosse uma gelateve um impacto muito grande, pessoas, 35 municípios, tudo é deira. Nós tentamos relacionar há uns cinco anos. no limite. O estresse é no limite, a floresta com o dia-a-dia das o congestionamento é no limite. pessoas para mudar o sentido E em questões ligadas ao O que atrai gente a essa cidade? das coisas, alterar as situações transporte? Pelo dinheiro você arrisca sua limites e não criar mais um indiNós hoje somos do comitê de vida? É esse tipo de coisa que cador de degradação. Então esmeio ambiente do Nossa São vamos ter de pensar. A gente tamos tentando fazer as pesPa u l o, desperta m os para a quer chamar a atenção para soas entenderem a Mata Atlânquestão do rodízio porque todo isso. Isso é do ponto de vista fí- tica, a importância da existêndia você tem 500 carros novos s i co, do seu re l a c i o n a m e n to cia da floresta para garantir a rodando, isso é impossível. São com a cidade. Quando você olha vida da cidade. Paulo vive no limite de qualida- os indicadores de mudanças clide de água, de desperdício, a máticas, aumentos em não sei Para 2008 o que está progente joga 30% de água tratada quantos graus, o mundo em pe- gramado? fora. Tem o desperdício de área rigo, só em São Paulo hoje você A gente quer chamar a atenverde, o problema do esgoto, tem entre bairros diferenças de ção do eleitor para cobrar dos

candidatos coisas como essas que esta m os co nve rsa n d o, já que é ano eleitoral. E as áreas verdes? Vai dar isenção de impostos para quem mantiver área verde? Se a população não reagir, vai sempre ficar aquele cara que leva vantagem colocando família para morar em vale, área de rio, condenando as pessoas a permanecerem nessa situação. Vão permanecer os que pensam que preservar meio ambiente impede o progresso. Vamos fazer a plataforma ambiental para prefeitos e vereadores, plantando árvores. Hoje mais de 10 mil pessoas plantam árvores diariamente através do nosso site (www.sosmatatlantica.org.br). O que você acha do Programa Despoluir? Hoje a situação ambiental é tão grave que cada um deve fazer sua parte. Eu sou ambientalista, tem gente fazendo trab a l h os na unive rs i d a d e, te m quem vai para rua protestar. Então aí está a importância do setor de transporte conscientizar, por exemplo, os empregados. Os caminhoneiros cruzam o país de fora a fora e vão levando essa informação, gente que vai somando iniciativa s. Acho importante então a CNT informar e levar adiante essa ● campanha.


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MAIS TRANSPORTE NTC&LOGÍSTICA/DIVULGAÇÃO

MARATONA A 4ª edição da Maratona de Eficiência Energ é t i ca foi realizada em novembro, em São Paulo. A campeã da ca tegoria g a solina foi a equipe da Unicamp, com um protótipo com a ca renagem fe i ta a base de fi b ras e resina de bananeira. Na ca tegoria elétrico, ve n ceu a equipe da Universidade Federal de Sa n ta Maria (RS), com um protótipo com a estrutura toda fe i ta em bambu. Na ca tegoria projetos de ve í cu l os, a Ulbra, também gaúcha, foi a premiada. Mais informações: www.maratonadaeficiencia.com.br

PRODUTOS QUÍMICOS A Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) realizou, em novembro, em São Paulo, o 4º Workshop Parceiros da Atuação Responsável. A programação incluiu palest ras sobre biodiesel, gestão sustentável e investigação de acidentes de trânsito, além de apresentação sobre prevenção do uso de drogas e álcool no transporte. Os participantes analisaram a aplicação do programa Atuação Responsável nos fornecedores da indústria química nas áreas de importação e exportação, transporte, distribuição, armazenagem, logíst i ca e serviços de meio ambiente.

FLÁVIO BENATTI ASSUME A NTC&LOGÍSTICA e m p resário Flávio Benatti foi eleito pres id e n te da NTC& Lo g í stica para o mandato 20 0 8 20 1 0. A posse simbólica e solene de Be n a tti foi uma das a t ra ç õ es do 10º Prêmio NTC Fornecedores do Tra n s p o rte 20 07, rea l i zada no dia 23 de n ove m b ro, no Tom Brasil, em São Pa u l o. P res i d e n te da Fetces p (Fe d e ração das Empresas de Tra n s p o rte de Cargas do Estado de São Pa u l o) e da seção de tra n s p o rte de ca rg a s da Co nfe d e ração Nacional

O

do Transporte, Be n a tti ass ume a ca d e i ra de seu antecessor na NTC, Geraldo Vianna, no dia 2 de janeiro próxim o. Ele anunciou em seu p r i m e i ro discu rso público, após a eleição, que o principal objet i vo de sua gestão será “o de trabalhar para uma maior inte g ração nacional, principalmente na á rea co m e rcial das empresas de transportes”. Uma de suas propostas é “ l evar o suporte técnico que a entidade dispõe a cada empresário do setor

p a ra se rvir de inst r u m e n to p a ra o ganho de pro d u t i v id a d e, de qualidade e de res u l tado na sua atividade e m p resarial”. A festa de entrega das Medalhas de Mérito do Tra n s p o rte - N TCe dos ve n ced o res do 10º Prêmio NTC Fo r n e ce d o res do Transporte 20 07 co n tou com a prese n ç a de 800 co nv i d a d os, de to d a s as regiões do país. A relação das empresas ve n cedoras da 10ª edição do Prêmio NTC pode ser co nferida no site : www. n tce l o g i st i ca .o rg . b r.


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MAIS TRANSPORTE A n á l i se dos principais livros e e n sa i os de Gilberto Frey re, de forma a re construir a formação do inte l e c tual e de sua influência na historiogra fia brasileira. De Guillermo Giucci e Enriqueta Larreta. Ed. Record, 658 págs, R$ 80

INOVAÇÃO

Refill para pneus de carga Michelin anunciou, no dia 27 de novembro, em sua fábrica em Bet i m , Minas Gerais, o lançamento de um produto inova d o r: o Refill, que visa aumentar a vida útil do pneu de carga, desa fiando uma opção já incorporada na cultura brasileira - a re capagem. Tratase de um serviço exclusivo para a carcaça Michelin com tecnologias de durabilidade desenvo lvidas pela empresa. Segundo p esquisas feitas pela Michelin com o Refill, o rendimento quilométrico do pneu será superior a 40%, se comparado à atual ofe rta do mercado, além de fazer o pneu usado ficar novo. O diretor comercial de pneus de carga da Michelin América do Sul, Nour Bouhassoun, garante que o destaque do Refill é o fator econômico. “O resultado é uma economia inédita no cu sto por quilômetro rodado para o cliente e maior va n tagem co mpetitiva no mercado de transp o rtes”, diz. Para aplicação do Refill, a carcaça Michelin é submetida a uma espécie de teste que valida sua condição para re ceber uma banda de rodagem, com composto de borracha diferenciado.

A

A banda recebe dois tipos de borracha, o que proporciona menor aquecimento da carcaça, garantindo mais vida ao pneu. De acordo com o diretor comercial, com o novo serviço, a carcaça do pneu de carga terá “três vidas totais com a mesma qualidade”. A empresa introduziu um Sistema de Informação que possibilita o acompanham e n to do pneu dura n te sua

vida útil. O sistema, ao rast rear o pro d u to, permitirá o a co m p a n h a m e n to individual das ca rcaças em todas as etapas do pro cesso, re g i st ro e co n t role da garantia, além do aco m p a n h a m e n to à distância de cada licenciado Michelin. A previsão é que o Refill tenha um custo até 10% mais caro que a re ca p agem conve n c i o n a l . (Por Letícia Simões) MICHELIN/DIVULGAÇÃO

NOVIDADE Michelin diz que Refill eleva economia dos pneus

História do co m b u st í vel desde os tempos da cana-de-a ç ú car até o atu a l momento de sucesso mundial. O livro traz tabelas com estatíst i cas variadas e considerações técnica s. De J. Natale Netto. Ed. N ovo Século, 343 págs, R$ 55

Biografia de Ayaan Hirsi Ali, mulher muçulmana que desa fiou os líderes religiosos da Somália, seu país natal, e as brutalidades que sofreu até se tornar uma das pessoas mais influentes do mundo, segundo a “Time”. De Ayaan Hirsi Ali. Ed. Companhia das Letras, 504 págs, R$ 49


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“Agora, já são 88 distribuidores exclusivos, especializados em ca m i n h õ es, es p a l h a d os por todo o Brasil” PEDRO DE AQUINO

ENTREVISTA PFRA EDNROCISCO DE AQUINO MADEIRA

CHARGE PREMIADA A charge ve i culada na edição 147 da rev i sta CNT Transporte Atu a l, de a u toria do cartunista e i l u st rador mineiro Ed u a rd o d os Reis Evangelista, o Duke, re cebeu o primeiro lugar no 3º Salão de Humor de Pa raguaçu Pa u l i sta (SP), na ca tegoria ca rtum. O eve n to, rea l i zado no dia 15 de nove m b ro, re cebeu, este a n o, 1.412 trabalhos de 40 países. Duke, natu ral de Belo Horizo n te, é fo r m a d o pela Escola de Belas Artes da UFMG, com es p e c i a l i zação em Cinema de Animação.

O cartu n i sta foi selecionado em todos os salões de humor que participou no Brasil e no ex te r i o r, recebendo dive rsos prêmios. Publicou os livros "Uma 'Doze' de Humor" (co l etânea de charg es de 12 cartu n i stas mineiros), "As Ave n tu ras de Xa n d e" (história em quadrinhos fe i ta em parceria com o ca rtunista Lo r), "Pa ra Zoar At l etica n o" e “Pa ra Zo a r C r u ze i re n se”, livros de piadas fute b o l í sticas em p a rceria com o jornalista e humorista Mário Brito. DUKE

Desempenho ro b u sto POR

LETÍCIA SIMÕES

Em 2007, a Ford Caminhões comemora 50 anos da produção de seu primeiro caminhão brasileiro. Junto às comemorações, a montadora anunciou, durante a Fenatran 2007, investimentos em toda a América do Sul. O gerente de Marketing da Ford Caminhões, Pedro de Aquino, falou à CNT Transporte Atual sobre as novidades da empresa. As vendas de caminhões da montadora cresceram, no primeiro semestre deste ano, 38,9%. Quais ações foram significativas para tal crescimento? O maior fator, claro, foi o crescimento do próprio mercado, de 28% no mesmo período. Mas a Ford cresceu mais, ganhando participação de mercado. As principais ações que permitiram esse desempenho foram o lançamento de dois novos modelos: o Cargo 712 e o Cargo 4532e. Outro fator foi a expansão da Rede de Distribuidores exclusivos de caminhões. Agora, já são 88 distribuidores exclusivos, especializados em caminhões, espalhados por todo o Brasil. Por que a montadora optou pela ampliação da linha Cargo? O Cargo 712 chegou para reforçar a sua posição de liderança no segmento de veículos comerciais leves no mercado brasileiro. As dimensões compactas do veículo asseguram boa capacidade de manobra em espaços curtos. Ao mesmo tempo, seu balanço dianteiro mais curto permite acomodar uma plataforma maior de carga. A principal novidade do Cargo 4532e MaxTon é o transporte de 1.550 kg a mais de carga, que eleva a sua capacidade de tração para 45.150 kg. Como o investimento de R$ 300 milhões será aplicado na América do Sul? Será aplicado nos próximos cinco anos, principalmente no desenvolvimento de novos produtos, no crescimento e profissionalização da rede de distribuidores de caminhões e na melhoria da fábrica, incluindo o aumento da capacidade de produção. O investimento principal será no desenvolvimento de novos produtos, devendo atingir a maioria dos segmentos do transporte no Brasil e na América do Sul.

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MÍDIA

PREMIADOS Jornalistas agraciados com o Prêmio CNT de Jornalismo, que este ano registrou 339 trabalhos inscritos, um recorde

SUCESSO COMP RECORDE DE INSCRIÇÕES EM SUA 14ª EDIÇÃO ATESTA O PRESTÍGIO NA IMPREN POR

RAFAEL PAIXÃO

om um recorde no número de inscrições neste ano, o Prêmio CNT de Jornalismo foi entregue no dia 28 de novembro, em uma festa prestigiada no Marina Hall, em Brasília. A apresentação

C

ficou a cargo do jornalista Chico Pinheiro, da TV Globo, e o público presente, formado por autoridades, representantes do setor de transportes e jornalistas, assistiu, no encerramento, ao show da cantora Elba Ramalho. O vencedor do Grande Prêmio foi Rodrigo Cavalheiro, do

jornal “Zero Hora” (RS), com a matéria “Propina na Ruta 14”, que revelou a extorsão de motoristas brasileiros por policiais rodoviários argentinos em uma estrada na fronteira entre os dois países. O gaúcho de 29 anos recebeu R$ 30 mil pelo trabalho. A reportagem foi feita em parceria com o

jornal argentino “Clarín”. Cavalheiro conta que, mesmo com todos os equipamentos do veículo em perfeitas condições, o motorista era obrigado a pagar uma propina para ser liberado na Ruta 14, que liga Uruguaiana (RS) e Buenos Aires. “Essa história sempre foi comentada, mas o


FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT/DIVULGAÇÃO

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na história da premiação, o que comprova a sua importância na imprensa

ROVADO SA DO PRÊMIO CNT DE JORNALISMO diferencial da matéria foi mostrar que, ao pagar o primeiro suborno, o motorista recebia um comprovante que servia como um salvo-conduto para aquele dia na estrada. Ou seja, ele só pagava uma propina por dia”, diz. A matéria teve repercussão imediata. “Recebi 400 e-

mails, em um mês, de brasileiros que passaram por essa experiência. Além disso, o governo argentino instalou câmeras nos postos de fiscalização e demitiu seis policiais envolvidos.” Na categoria Internet, o ganhador foi Antônio Biondi, do site Agência Carta Maior,

com a série de reportagens “SP (quase) parada”. A matéria revelou que, se nada for feito para resolver os problemas do trânsito na cidade, São Paulo vai parar até 2012. “O setor de transportes hoje é um dos maiores gargalos do país. É muito difícil andar em São Paulo”, afirma o paulistano de 29 anos, que ganhou R$ 10 mil – o mesmo valor foi dado aos vencedores nas outras categorias. Biondi elogia a iniciativa da CNT em premiar reportagens que abordam o transporte. “O prêmio é um incentivo às reportagens bem-feitas e aos jornalistas que trabalham para a sociedade, que pode cobrar soluções depois de ver matérias como essa.” Reportagem sobre as condições de trabalho dos motoristas de ônibus interestaduais deu aos jornalistas Paulo Renato Soares e Francisco Regueira, da TV Globo-RJ, o Prêmio CNT na categoria Televisão. Quatro reportagens revelaram a sobrecarga de trabalho, o consumo de drogas e o excesso de velocidade por parte dos condutores. Ima-

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gens mostraram motoristas dormindo enquanto dirigiam, colocando a vida dos passageiros em risco. Os jornalistas divulgaram que um estudo na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) demonstrou que 43% dos condutores de ônibus sentem sono nas viagens e 16% admitem cochilar várias vezes no trajeto. “Depois da matéria, as empresas mudaram alguns procedimentos e a Câmara tirou da gaveta o projeto que regulamenta a carga horária dos motoristas de ônibus interestaduais”, diz o paulistano Soares, de 37 anos. “Estamos orgulhosos do prêmio, que a cada ano está com uma qualidade melhor e com mais inserção. Além disso, o prêmio faz com que o assunto da matéria volte a ser discutido”, afirma Soares, parceiro do mineiro Regueira, de 26 anos. Na categoria Rádio, a agraciada foi Carolina Ercolin, da Rádio Bandeirantes de São Paulo, com a reportagem “Caminho alternativo”, sobre os meios de condução aos quais o paulistano apela para fugir do trânsito. Por três semanas,


“Em 2007, o prêmio cresceu muito, não só em quantidade, como CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT

ela andou de bicicleta, ca r roça, helicóptero, balsa e a pé p a ra most rar que nem só de ca r ro, ônibus e metrô é possível se des l o car pela cidade. “Todos esses meios era m mais rápidos e dive rt i d os. Pe rcebi que tem muita gente louca nesse mundo”, diz a p a u l i stana de 26 anos. Ela dem o n st rou que, para andar 15 km de ca r ro, o morador de São Paulo pode gastar até uma hora e meia. “A matéria m ost rou que qualquer um pode escolher ca m i n h os alte r n a t i vos.” Pa ra ela, é uma “ h o n ra que uma co m i ssão formada com gra n d es profi ssionais da área” tenha esco l h i d o sua re p o rtagem como a melhor do ano. A foto em que pessoas tive ram de se abaixar para não ser atingidas por tiros num trem do Rio de Janeiro deu a M á rcia Fo l etto, do jornal “O G l o b o” (RJ), o segundo Prêmio CNT da sua ca r re i ra. Em sete m b ro deste ano, os ministros Márcio Fo rtes (C i d a d es) e Pe d ro Brito (Po rtos) fo ram ao Rio de Janeiro para a inauguração das obras de rev i ta l i zação do acesso fe r roviário ao porto da cidade. No tra j eto, o trem em que estavam auto r id a d es e jornalistas foi alvejado por tiros de tra fi ca n tes da favela do Jaca rez i n h o. “Todos t i ve ram que se abaixa r, inclu-

sive eu, mas quando eu vi aquelas pessoas no chão me leva n tei por inst i n to e tirei a foto”, diz a gaúcha de 39 a n os. Em 20 03, ela co n q u i sto u o prêmio por uma foto em que um urubu estava próximo de um av i ã o. Uma ra d i o g ra fia do ca os n os aero p o rtos bra s i l e i ros deu a Leila Su w wan de Felipe, do jornal “Folha de S. Pa u l o” , o prêmio na ca tegoria Mídia I m p ressa. A re p ó rter Ve ra M a g a l h ã es re cebeu o prêmio em nome de Leila, que estava em um co m p ro m i sso profi ssional. Ve ra leu uma carta em que a ve n cedora lamentava não estar presente, e que dizia que o jornal aposto u numa re p o rtagem que levou m eses para ser fe i ta. N este ano, a CNT criou o Prêmio Especial de Meio Amb i e n te e a ve n ce d o ra foi a equipe da TV Globo de Bra s í l i a pela matéria “Ag ro e n e rgia”. A d i reto ra de Jornalismo da e m i ssora, Silvia Faria, re ce b e u o prêmio, desta cando que o Brasil pode assumir a liderança do mercado de bioco m b u st í veis no mundo. Ela ressaltou que a reportagem envo l ve u p rofi ssionais de Brasília, São Pa u l o, Rio de Janeiro, Fra n ç a e Esta d os Unidos. E sta foi a 14ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo, que tem como meta prestigiar

os trabalhos jornalíst i cos que desta cam o papel fundamental do transporte no dese nvo lv i m e n to eco n ô m i co, so c i a l , político e cu l tu ral do país e ressaltam dife re n tes aspectos l i g a d os ao tema, além de apontar os problemas e as soluções para o seto r. N este ano, 339 tra b a l h os fo ram inscritos, co n t ra 275 em 2006, o que revela o prestígio cada vez maior do prêmio. “Em 20 07, o prêmio cresceu muito, não só em quantid a d e, com um aumento de 50% na inscrição, como na qualidade das re p o rta g e n s. Além disso, criamos o Prêmio Especial de Meio Ambiente, que é uma pre o cupação da CNT. Nosso objet i vo maior é premiar os melhores trabalhos jornalísticos que most rem a realidade da área de t ra n s p o rtes, seja ela boa ou ruim”, declarou o pres i d e n te da CNT, Clésio Andra d e. Nesta edição, os jura d os foram a jornalista Cláudia Bo mtempo, da TV Globo, Carlos Zarur, jornalista, professor e exp residente da Ra d i o b r á s, Daniel Christ i n o, ambienta l i sta , fi l ó sofo e jornalista, Paulo César Marq u es, professor titular de mest rado e douto rado do P ro g rama de Tra n s p o rtes da Unive rsidade de Brasília, e Vivaldo So u za, professor e jornalista da “Folha de S. Pa u l o”.

PRÊMIO CN VEJA QUEM SÃO OS

TELEVISÃO Paulo Re n a to e F Re g u e i ra (TV Globo-RJ) re ce b e de Flávio Be n a tti, pres i d e n te d de Tra n s p o rte de Ca rgas da CN

FOTOGRAFIA Márcia Fo l etto a premiação de Rodrigo Vi l a ç a Seção de Transporte Fe r rov i á r


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na qualidade das reportagens”

T DE JORNALISMO 2007 VENCEDORES:

G RANDE PRÊMIO Rodrigo Cava l h e i ro (Ze ro Hora) re cebe a premiação de Th i e rs Fa tto r i Costa, presidente de honra da CNT

Fra n c i sco em o prêmio da Se ç ã o NT

MÍDIA IMPRESSA Vera Magalhães recebe o prêmio por Leila Suwwan de Felipe (Folha de S.Paulo) das mãos de Newton Gibson, vice-presidente da CNT para Transporte de Cargas

INTERNET Antônio Biondi (Agência Ca rta M a i o r) re cebe a premiação de José Fiorava n t i , v i ce - p res i d e n te da CNT para Transporta d o res Au t ô n o m os, de Pessoas e de Be n s

(O Globo) re ce b e a, pres i d e n te da rio da CNT

RÁDIO Carolina Ercolin (Rádio Ba n d e i ra n tes) re cebe o prêmio de Glen Gordon Findlay, pres i d e n te da Seção de Tra n s p o rte Aq u aviário da CNT

ESPECIAL MEIO AMBIENTE Silvia Faria, diretora regional da Rede Globo Brasília, recebe o prêmio de Otávio Vieira da Cunha, presidente da Seção de Transporte de Passageiros da CNT

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ORDEM DO MÉRITO

CNT ENTREGA MEDALHA A

Co nfe d e ração Nacional do Tra n s p o rte a g raciou dive rsas perso n a l i d a d es no dia 28 de nove m b ro o, no Memorial JK, em B rasília, com a Ordem do Mér i to do Transporte Brasileiro. A co n d e co ração homenageia a n u a l m e n te pessoas que co nt r i b u í ram com suas ações p a ra o dese nvo l v i m e n to do setor de tra n s p o rte no Brasil. A Ordem do Mérito do Transporte Bra s i l e i ro, inst i tuída em 1 9 92, é uma homenagem da Co nfe d e ração Nacional do Tra n s p o rte a pessoas física s ou jurídicas que se desta ca m pela prestação de serv i ç os ao setor, em quaisquer de suas modalidades. O Pa t rono da Ordem do Mér i to do Tra n s p o rte Brasileiro é o ex- p res i d e n te da Re p ú b l i ca, J u scelino Ku b i tschek de Olive i ra, que teve seu gove r n o marcado pela co n strução de est ra d a s, implantação da indústria automobilística no p a í s, a co n strução de Brasília e por dive rsas ações que resulta ram no desenvo l v i m e n to do setor de tra n s p o rtes. Po r i sso, a Ordem do Mérito do Tra n s p o rte Bra s i l e i ro é ta mbém chamada de “Medalha J K” e entregue no Memorial JK. Pa rticiparam da cerimônia p e rso n a l i d a d es do meio político e empresarial e lideranças do setor transporta d o r. ●

Fernando Fe r re i ra Be c ker com o presidente da CNT, Clésio Andrade

A n tonio de Olive i ra Ferre i ra com Costa, presidente da honra da CNT

Pe d ro Ro b e rto Olive i ra Almeida é co n d e co rado por Th i e rs Fattori Costa

Valdemar Be r n a rdino da Silva recebe de Thiers Fattori Costa

Karina Araújo (filha de Jésu Ignácio de Araújo) ao lado de Thiers Fattori Costa

Roberto Sffair (filho de Hélio Sffa i r) Costa


JK

Th i e rs Fa tto r i

a medalha JK

com Thiers Fatto r i

Deputado Mauro Lo p es co nve rsa com o deputa d o Camilo Co l a

Vi c torino Aldo Sa ccol com o pres i d e n te da CNT, Clésio Andrade

José Luiz Ribeiro Gonçalves é co n d e corado por Th i e rs Fa ttori Costa

Moacyr Bonelli é agraciado pelas mãos de Thiers Fattori Costa

MEDALVEJA QUEM SÃO OS AGRACIADOS

G R Ã - C RUZ • Deputado Mauro Lo p es

Jaime Gomes da Silveira é homenageado com a medalha JK pelas mãos de Thiers Fattori Costa

G RANDE OFICIAL • Vi c torino Aldo Sa cco l • Paulo Sérgio Ribeiro da Silva • Fernando Fe r re i ra Be c ke r OFICIAL • A n tonio de Olive i ra Fe r re i ra • José Luiz Ribeiro Gonçalves • Moacyr Bo n e l l i • Pe d ro Ro b e rto Oliveira Almeida • Valdemar Be r n a rdino da Silva • Jaime Gomes da Silve i ra

Tânia Mara Gouveia Leite (viúva de Armando de Medeiros Hinds) recebe medalha das mãos de Thiers Fattori Costa

OFICIAL (POST MORT E M ) • Jésu Ignácio de Ara ú j o • Hélio Sffa i r • Armando de Medeiros Hinds


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DESPOLUIR

UM ANO PARA

FICAR NA HISTÓRIA

U SO DE CO M B U STÍVEIS ALTERNATIVOS ENTRA DE VEZ NA AGENDA FACE AOS ALERTAS DE AQUECIMENTO GLOBAL POR RA FAEL

O

s combustíveis alternativos entraram definitivamente na pauta dos assuntos mais importantes de 2007, ano em que os alertas sobre o aquecimento global e as conseqüências das mudanças climáticas foram oficializados pelo relatório alarmante do IPCC (Painel Inte rg ove r n a m e n tal de Mudanças Climáticas) da ONU (Organização das Nações Unidas). Apesar de quase tudo indicar que a humanidade está perdendo a corrida contra o tempo para salvar o planeta, quem olha para a frente consegue enxergar uma luz no fim do túnel. No Brasil e no mundo, a pesquisa e o uso de fontes de energia menos poluidoras do que os combustíveis fósseis ganharam espaço, inclusive no setor de transportes, que é um dos principais consumi-

SÂNZIO

dores de derivados do petróleo, cujo barril bate recordes sucessivos de cotação. Na lista de novas fontes alternativas de energia para o setor de transporte, surgem opções como o etanol (o tradicional álcool), o biodiesel, a eletricidade e as células de hidrogênio. Co nforme o diretor de comissões técnicas da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), Luso Ventura, uma das principais novidades em termos de fontes alternativas de energia para o transporte no Brasil foram as ações para consolidar a infra-estrutura de produção de biodiesel. O biodiesel é um co m b u st í vel biodegradável obtido a partir do processam e n to de óleos ve g etais ou gord u ra animal com um álcool (etanol ou metanol) e gera menos poluentes do que o diese l de pet r ó l e o. A partir de 2008, o biodiese l


FORAM INVESTIDOS

deverá ser adicionado obrigatoriamente à proporção de 2% no diesel mineral, uma mistu ra conhecida como B2 . Em 20 1 3, a lei estabelece a adição de 5% , chamada B5. A ação que impulsionou a infra - est r u tu ra do biodiesel no Brasil aconteceu em novembro, quando o governo federal garantiu, em dois leilões organizados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), a compra de 380 milhões de litros do combustível, o suficiente para a produção do B2 no primeiro semestre de 2008. A maior parte, cerca de 304 milhões de litros, será fornecida por empresas detentoras do Selo Combustível Social, do Ministério do Dese nvo l v imento Agrário, concedido a usinas de biodiesel que adquirem matéria-prima da agricu l tu ra familiar. Com isso, o fantasma do encarecimento dos alimentos por conta do uso de produtos como a soja, na produção de biodiesel, começa a ser exorcizado, pois ela não é o principal produto da agricultura familiar. Apesar de moto r i stas de ve í culos com motor a diesel não desconfiarem, a mistura de B2 já entrou em muitos tanques de comb u st í vel em 2007. Co nforme o vice-presidente do Sindicom (S i ndicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lu-

R$ 100 MI NA ADAPTAÇÃO DE BA

brificantes), Alísio Vaz, 60% do diesel vendido pelas empresa s vinculadas à entidade, que representam 80% do mercado, já tem a adição de 2% de biodiesel, apesar de o uso do B2, em 2007, ser apenas facultativo. Para se adequarem ao uso do biodiesel, as dist r ibuidoras investiram R$ 100 milhões na adaptação de bases de distribuição em todo o país. Ventura acrescenta que em 2007 as montadoras nacionais aumentaram a competência no uso do biodiesel, testando motores com misturas de 5% (B5) e 20% (B20). Na MercedesBenz, por exemplo, o uso de biodiesel puro (B100) chegou a ser demonstrado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Vale também adotou o biodiesel antecipadamente. A empresa anunciou o uso da mistura B20 nas locomotivas da Estrada de Ferro Carajás e da Estrada de Ferro Vitória a Minas. A medida, somada ao uso de B2 em caminhões fora-de-estrada, locomotivas e geração elétrica da companhia, resultará na não emissão de 224 mil toneladas de gás carbônico equivalentes na atmosfera. O Brasil não está sozinho na corrida pelo biodiesel. Em maio de 2008, entrará em vigor no Reino Unido o RTFO (Renewable Tra n sport Fuel Obligation, obrigação de

MISTURA Legislação estabelece que até 2013 a adição de biodie


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SES DE DISTRIBUIÇÃO DE BIODIESEL

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PANORAMA DOS COMBUSTÍVEIS VERDES EM 2007 Biodiesel • Leilões de compra de biodiesel garantiram a oferta do produto para o primeiro semestre de 2008 no Brasil • Locomotivas de duas ferrovias da Vale passaram a usar diesel com 20% de biodiesel • 60% do diesel vendido pelas principais distribuidoras de combustíveis do Brasil já tinham adição de 2% de biodiesel • A agricultura familiar ganhou espaço na produção de matérias-primas para o combustível

PETROBRAS/DIVULGAÇÃO

sel ao diesel mineral deve ser de 5%

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uso de co m b u st í vel re n ov á ve l para tra n s p o rte), determinando m i stura de 2,5% ao diesel. A França, por sua vez, elevará a mistura para 6,28% a partir de janeiro. Na Itália, a mistura deverá ser da ordem de 2%. A Alemanha, que já usa o B5, discute quando adotará o B7. A Espanha usará mistura de 3,4% em 2009, e de 5,8% em 2010. Entre as fontes alternativas ao petróleo, o etanol, já usado nos tanques de combustível dos carros brasileiros há mais de duas décadas, chegou aos veículos comerciais. A Scania apresentou ao público um ônibus movido a álcool que roda em fase de testes em São Paulo. Enquanto o Brasil incrementa as possibilidades de uso do álcool combustível no setor de transportes, outros países começam a to rnar essa fonte viável em seus merca d os domést i cos. Não por a ca so, o presidente dos Estados U n i d os, George W. Bush veio ao Brasil no início do ano para discutir acordos de cooperação no setor de biocombustíveis, o que inclui o álcool e o biodiesel. Para o governo americano, a meta é reduzir o consumo de gasolina em 20% até 2017, o que exigirá fo r n ecimento externo de biocombust íveis e novas tecnologias. Conforme Plínio Nastari, pres idente da consultoria Datagro, o ál-

Etanol • Os EUA despertaram para a importância do combustível e buscaram se associar ao Brasil • A produção de etanol dos EUA superou a do Brasil pelo segundo ano consecutivo • O consumo de álcool no Brasil bateu o recorde de 1,452 bilhões de litros em outubro • 85% da frota de automóveis e co m e rciais leves licenciadas até outubro era de carros bicombustíveis – a álcool e gasolina Hidrogênio • Foi apresentado o primeiro ônibus a hidrogênio do Brasil • A Honda anunciou o início das vendas de seu primeiro carro a hidrogênio Eletricidade • O carro elétrico brasileiro continuou em testes • Híbridos – com motor elétrico e a combustão – ganharam espaço na Europa e no Japão • Impulsionada pelas vendas de híbridos nos Estados Unidos, a Toyota chegou a liderar o mercado global durante o primeiro semestre do ano

cool já é um combustível conso l idado no Brasil. “A participação do álcool nos motores de Ciclo Otto (também chamado de quatro te mpos), em combustível equivalente, já é de 38% no Brasil. No mundo, é de 4,6% e cresce rapidamente.” O impulso para o álcool co mbustível no Brasil veio do lançamento dos carros flex, que podem rodar com qualquer mistura de álcool ou gasolina ou com apenas um desses combustíveis. Isso deu ao consumidor o poder de decidir como abaste cer o carro, de aco r-

do com os pre ç os nas bombas. Conforme a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), os carros bicombustíveis atingiram 85,2% da frota de 1,8 milhão de automóveis e comerciais leves licenciada até outubro deste ano. De acordo com Nastari, Brasil e Estados Unidos são os dois maiores produtores de etanol, mas desde 2006 os norte-americanos superaram a capacidade de processamento das usinas brasileiras. Em 2007, a produção de eta-


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TOYOTA/DIVULGAÇÃO

BRIUS Modelo híbrido da Toyota é uma estratégia da montadora para assumir a liderança no mercado

nol dos Estados Unidos deve chegar a 26,2 bilhões de litros, enquanto o Brasil deve colocar 20,5 bilhões de litros no mercado. Os norte-americanos também seguem o exemplo brasileiro de adicionar álcool à gasolina. Mas, nos Estados Unidos, cada Estado tem leis específicas sobre a proporção da mistura, diz Nastari. “Isso cria um mercado bastante diversificado, mas, no conjunto, é um mercado em crescimento.” As políticas em relação ao álcool combustível nos dois países podem se aproximar, mas há diferenças econômicas e ambientais em jogo, devido à matéria-prima utilizada para produzir o combustível. Nos Estados Unidos, o álcool é produzido a partir do milho, enquanto que no Brasil a matériaprima é a cana-de-açúcar. O álcool obtido do milho norteamericano goza de protecionismo alfandegário e de subsídios à agricultura, co i sa que não acontece

com o produto brasileiro. Além disso, o álcool de milho tem menor eficiência energética em re l ação ao álcool produzido a partir da cana-de-açúcar. A eficiência energética é a relação entre a energia gasta para a produção do álcool e a energia que será gerada pelo combustível. O milho exige mais energia para produzir álcool, gerando um excedente de 20%, enquanto no caso da cana esse excedente pode chegar a 700%. Mas o Brasil não aposta suas fichas apenas em biocombustíveis. Neste ano, foi aprese n tado ao mercado nacional o primeiro ônibus movido a célula de hidrogênio do país, em pro j eto idea l i zado pelo Ministério de Minas e Energia e pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), que deverá começar a rodar em 2008 na região do ABC paulista. O modelo será o primeiro de uma série de cinco e terá propulsão híbrida: o movimento do

carro vai carregar baterias elétricas que poderão ser utilizadas quando o tanque de hidrogênio estiver vazio. Segundo Ventura, veículos a hidrogênio fazem parte do que há de mais avançado em termos de fontes de energia, com a vantagem de não emitirem gases de efeito estufa, mas apenas vapor de água. O especialista esclarece que esses veículos têm um tanque abastecido com hidrogênio gasoso, que é enviado para uma membrana onde há um catalisador de platina, que gera eletricidade para o motor elétrico. Ou seja: não há a queima de combustível, como acontece nos motores do Ciclo Otto. Em novembro, a Honda lançou, nos Estados Unidos, o Honda FCX Clarity, um modelo a hidrogênio que será vendido em série limitada na Califórnia. Na visão da montadora, o hidrogênio é o combustível do futuro.

No Brasil, a Fiat, em associação com a geradora de energia Itaipu, a suíça especializada em energia renovável KWO e outras empresas, desenvolveu um protótipo do modelo Palio movido exclusivamente a bateria que, para ser reabastecido, depende apenas de uma tomada. O ve í culo, que tem potência máxima de 37,8 cavalos, d ese nvo l ve até 110 km/h, tem a u tonomia de 120 km e pre c isa de 8 horas para re ca r regar a bateria. Segundo a Fiat, o o b j et i vo é dese nvo l ver um ca r ro absolutamente eco l ó g ico, com zero de emissão de p o l u e n tes e pra t i ca m e n te sem ruídos. A eletricidade também é um dos propulsores dos chamados carros híbridos, que fazem sucesso nos mercados dos países ricos. Esses carros alternam o uso do motor a gasolina ou diesel com o uso do motor elétrico, de acordo com a avaliação de um computador de bordo. Uma das barreiras para sua rápida adoção pelos consumidores é o preço, quase o dobro de um carro com motorização comum. Em parte graças ao sucesso dos ca r ros híbridos nos Estados Unidos, a japonesa Toyota – p i o n e i ra nessa tecnologia vem disputando com a Genera l Moto rs a liderança mundial do m e rcado auto m ot i vo.


DESPOLUIR

Programa chega a todo o país até o final de 2007 POR LETÍCIA

D es p o l u i r, Pro g ra m a A m b i e n tal do Tra n sp o rte da CNT, chega ao final de 20 07 com um sa ldo mais que pos i t i vo. Até o final de deze m b ro, o Des p oluir chegará aos 26 Esta d os b ra s i l e i ros e ao Dist r i to Fed e ral. Atu a l m e n te, 20 Estad os têm o Pro g rama implem e n ta d o. Outras ações ta mbém co n te m p l a ram esses c i n co meses do Des p o l u i r. O Pro g rama, lançado nac i o n a l m e n te no dia 18 de julho deste ano, distribuiu 54 ve í cu l os equipados co m o p a c í m et ro (e q u i p a m e n to p a ra medição de poluição ve i cular), em 21 fe d e ra ç õ es. O equipamento foi desenvo lv i d o, junta m e n te com um softwa re que o acompanha, de aco rdo com as normas b ra s i l e i ra s. A CNT desenvo lveu os dois pro d u tos exc l us i va m e n te para atender ao P ro g rama Des p o l u i r. O opacímetro NA9000E foi lançado pela CNT, em sua sede, em Brasília, no dia 11 de outubro. O equipamento tem tamanho reduzido, o que facilita seu transporte e seu manuseio. O diferencial do software que acompanha o opacímetro é a capacidade de gerenciamento, acesso e envio bidirecionais de dados a um servidor que concentrará nacionalmente os dados de todas as aferições. O lançamento faz parte do Pro j eto I do Pro g ra m a D espoluir que tem co m o objet i vo a redução de poluentes atmosf é r i cos emiti-

O

d os pelos ve í cu l os, co n t r ibuindo com a so c i e d a d e para a melhoria da qualidade do ar e o uso racional de co m b u stíve i s. As unidades móveis equipadas com opacímet ro são operadas pelas federações de transportadores e vão atender as empresas de transporte e os caminhoneiros autônomos, aferindo a emissão de poluentes, conforme prevê o Conama (Co n selho Nacional do Meio Ambiente). Além disso, as federações vão incentivar e orientar empresários e motoristas a fazer os ajustes mecânicos nos veículos para reduzir a emissão de material p a rt i culado (fumaça preta) lançado por veículos a diesel e o consumo de combustíveis. Com os novos equipam e n tos, as unidades mó-

SIMÕES

veis do Despoluir vão realizar as aferições de opacidade ve i cular, gerenciar e atu a l i zar os dados dos veícu l os afe r i d os e emitir relat ó r i os, poss i b i l i tando um total co n t role das info r m aç õ es co l etadas. Em nove m b ro, o Pro g rama aferiu 30 ve í cu l os a diesel do Senado Fe d e ral. As a fe r i ç õ es serão rea l i za d a s, periodica m e n te, pelo Despoluir, em toda frota a diesel do Se n a d o, que se enco n t ra fo ra dos padrões de qualidade ex i g i d os e necess i tam de regulagem nos m oto res. O Despoluir atendeu 888 e m p resas e rea l i zou mais de 21 mil aferições, desde seu lançamento. O Pro g rama co n ta hoje com parcerias com inst i tu i ç õ es priva-

das e públicas de âmbito federal, estadual e municipal. PARTICIPAÇÃO Para ampliar a participação das empresas e autônomos nas ações do Despoluir, a CNT criou o hot site do Programa e o 0800 Ambiental. Através do h ot site, os interessados poderão conhecer as ações ambientais promovidas pelo Despoluir e ter acesso aos canais de informações ambientais. O 0800 Ambiental foi criado, dentro do Projeto V, Caminhoneiro amigo do meio ambiente. Assim, o ince n t i vo à atu ação do caminhoneiro como vigilante do meio ambiente poderá ser viabilizado. Por meio do número 0800-7282891 será p oss í vel denunciar danos e c r i m es ambientais oco r r i d os nas estradas brasileiras. ● CNT/DIVULGAÇÃO

DIFERENCIAL O Despoluir se co n solida como uma ação efetiva em favor do meio ambiente


FÉRIAS

POR ANA PAULA PEDROSA

A

costa de mais de 8.000 km de ex te nsão e paisagens paradisíaca s, aliada à cotação do dólar em baixa e à disponibilidade cada vez maior de nav i os, tem feito os cruze iros marítimos ca í rem no gosto do bra s i l e i ro. A te m p o ra d a 20 07/2008 começou no fi n a l de outu b ro e vai se este n d e r até abril, com picos na alta te m p o rada, entre as festas de fim de ano e o Ca r n aval. N este ve r ã o, serão 14 navios, dois a mais que na te mporada ante r i o r, 252 viagens e 4 30 mil passa g e i ros. O número de partidas é 30% maior que em 2006, mesmo perce ntual de cresc i m e n to no número de turista s. A te m p o ra d a passada já tinha aprese n ta d o c rescimento de 56% em re l ação ao verão ante r i o r. Os números são animadores e abrem um enorme desafio ao país: equipar os portos p a ra re ceber cada vez mais nav i os e turistas e co n so l i d a r o Brasil como destino para esse tipo de viagem, co m o aco n te ce com o Ca r i b e, a Po l inésia e o sul da Ásia. Segundo

VEDETES DA

V I AGENS MARÍTIMAS PELO LITO RAL BRAS I L E I RO CAEM NO GOSTO DO a Clia (C r u i se Line International Asso c i a t i o n), ce rca de 11 milhões de pessoas no mundo fa zem cruze i ros marítimos atualmente. O pres i d e n te da A b remar (A ssociação Bra s i l e ira de Re p rese n ta n tes de Emp resas Marítimas), Ed u a rd o Nasc i m e n to, diz que as persp e c t i vas para que o Brasil se j a o destino escolhido por um n ú m e ro cada vez maior de tur i stas são boas. De aco rdo com ele, os por-

tos estão rea l i zando obras para m e l h o rar a inf ra - est r u tu ra e oferecer mais conforto aos p a ssa g e i ros e melhores co n d iç õ es aos nav i os. “Eles têm mel h o rado bastante, apesar de h aver muito a ser fe i to”, diz. E n t re os investimentos, ele d esta ca o do porto de Sa n tos, que ampliou seu terminal de p a ssa g e i ros antes do prev i sto. Sa n tos é o principal te r m inal de embarque e dese m b a rque no Brasil. Os portos de

Sa l vador e do Rio de Janeiro também são utiliza d os co m o p o n to de partida e chegada para as viagens. Outros portos e píeres entram nos rote i ros como pontos de parada dos n av i os, que permanecem anco ra d os por um ou dois dias. Os tu r i stas que querem dese m b a rcar são levados até a praia por te n d e rs (barcos que fa zem o tra j eto entre o nav i o e a costa). Entre esses te r m inais estão Re c i fe (PE), Mace i ó


PA RA VIAJAR Onde comprar Os pacotes estão à venda nas agências de viagem de todo o Brasil. Pa ra saber a mais próxima consulte o site das operadoras CVC: www.cvc .com.br Costa Cruze i ros: www.costacruzeiros.com.br M SC Cruzeiros : www.msccruzeiros.com.br Sun & Sea: www. s u n sea.com.br

TEMPORADA

TURISTA E OPERADORAS FEST E JAM AU M E N TO DA DEMANDA

“Os portos têm melhorado bastante, apesar de haver muito a ser feito” EDUARDO NASCIMENTO, PRESIDENTE DA ABREMAR

(A L), Ilhéus (BA), Ilhabela (S P ) , Po rto Belo (SC), Búzios, Angra d os Reis e Cabo Frio (RJ). Segundo a Concais, que opera o complexo turístico do porto de Santos, as obras de ampliação e modernização do terminal de passageiros estavam previstas para a te m p o ra d a 2008/2009 e orçadas em R$ 7 milhões, mas a forte demanda fez a empresa antecipar o investimento para este ano e aumentar os recursos para R$ 9,3

milhões. Com as obras, a capacidade diária do terminal passou de 23 mil passageiros para 34 mil pessoas. Em 23 de novembro, começou a operar o novo Salão Principal do terminal, destinado a acomodar os p a ssa g e i ros antes do embarque. Antes, os turistas esperavam em salões menores. O novo espaço tem ainda se rv i ç os como lojas, informações turísticas e acesso à internet. O programa de investimen-

Exemplo Roteiro: Santos - Ilha Grande - Rio de Janeiro A partir de US$ 360 por pessoa (se m taxa s) em cabine dupla interna, para viagem em dezembro no navio MSC Opera

tos de 2007 também incluiu a compra de mais equipamentos de se g u rança dest i n a d os aos salões de embarque e de bagagem, como scanners para verificar o conteúdo das malas. Até 2010, a Concais deve investir mais R$ 3,5 milhões no terminal, somando R$ 39,5 milhões aplica d os no porto desde 1998, quando assumiu a administração do complexo turístico. Nesse período, a área do complexo de passageiros passou de 11.800


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PACOTES

Agências já vendem para 2009 A te m p o rada de cruze iros já está em cu rso, e quem pensa em embarca r n este verão ainda pode enco n t rar uma vaga. As opç õ es, no enta n to, já est ã o limitadas. O diretor da Amér i ca do Sul da Costa Cruze iros, Renê Hermann, diz que, q u a n to maior a ante ce d ê ncia da co m p ra, maiores são os desco n tos. A empresa tem planos como o Pague Já, que ofere ce desco n tos ex p ress i vos a quem fe c h a negócio antes. O sucesso é ta n to que em deze m b ro já começam as vendas para a temporada 20 0 8/20 0 9. Na CVC, comprar adiantado também signifi ca mais vantagens, como terceiro passageiro grátis na mesma cabine dos dois pagantes. A promoção só está disponível em algumas cabines, normalmente as que são vendidas primeiro. Nesta época do ano, em muitos casos, é pre c i soentrar na lista de es p e ra para co n seguir uma vaga a bordo. O valor dos pacotes e as des p esas durante a viagem são calculados em dólar. No caso dos pacotes, é feita a conversão no momento da compra e o parcelamento é lançado em reais. Como a moeda americana está cerca de 17% mais barata que na mesma época de 2006, os pacotes também ficaram com preços mais acess íveis aos brasileiros. As refe i ç õ es e a maior

parte do entrete n i m e n to estão incluídos no preço do pacote. Em alguns nav i os, ex i ste o sistema “tudo incluído” , que co b re também todo tipo de bebida. Pa ra jogar no ca ssino ou fa zer co m p ras nos shoppings do nav i o, é preciso levar dólares ou um ca rtão de crédito internacional. As gorjetas e as ta xas portuárias são pagas quando o tu r i sta co m p ra o pacote. A professora Eliane Marques dos Reis, de São Paulo, fez um cruze i ro pela primeira vez na sua lua-de-mel, em 2003. Na é p o ca, ela já tinha uma filha de 2 anos e a família passou cinco dias em alto-mar, num roteiro que começou em Sa n tos, passou por Búzios e Ilhabela. “No navio, tínhamos atividades durante todo dia e à noite também, tudo muito bom. Gostei muito da estrutura do nav i o, era muito luxo”, diz. A viagem saiu por US$ 330 por pessoa mais as ta xa s. O cruzeiro não foi a primeira opção de viagem. Primeiro, ela procurou um pacote convencional, com passagens aéreas e hospedagem em hotéis, mas não encontrou um com saída na data desejada. Hoje, não conseguiria pensar em maneira melhor para celebrar a união, tanto que pensa em fazer um novo cruzeiro com as duas filhas que estão com 7 e 3 anos. “Gostaria muito de levá-las, está nos meus planos”, afirma.

CONHEÇA OS NAVIOS Island Escape Bandeira: Bahamas Tonelagem: 40.132 Comprimento: 185 m Largura: 27 m Velocidade: 18 nós Capacidade: 1.720 hóspedes Tripulação: 540 profi ssionais Cabines: 771 Número de decks : 11 Data de chegada ao Brasil: dezembro/20 07 Estrutura: 3 restaurantes, cassino, teatro, boate, lojas, spa, piscina Costa Magica Bandeira: italiana Tonelagem: 105 mil Comprimento: 272,2 m Largura: 35,5 m Velocidade: 22 nós Capacidade: 3.470 hóspedes Tripulação: 1.027 profi ssionais Cabines: 1.358 (522 com varanda) Data de chegada ao Brasil: dezembro/20 07 Estrutura: 4 piscinas (1com teto retrátil e 1 infantil), 6 jacu zz i s, teatro com 1.350 lugares, 4 restaurantes Grand Voyager Bandeira: N a ssau Tonelagem: 25 mil Comprimento: 180 m Largura: 26 m Velocidade: 28 nós Capacidade: 890 hóspedes Tripulação: 360 profissionais Cabines: 41 8 Data de chegada ao Brasil: outubro/20 07 Estrutura: 1 piscina, 2 jacu zz i s, sauna, teatro para 410 pesso a s, salão de jogos, bibliote ca, cassino, sala de ginást i ca, 2 restaurantes MSC Opera Bandeira: Panamá Tonelagem: 60 mil Comprimento: 251 , 25 m Largura: 28,8 m Velocidade: 21 nós Capacidade: 2.170 hóspedes Tripulação: 740 profissionais Cabines: 85 6 Data de chegada ao Brasil: Novembro/20 07 Estrutura: minigolf, academia, sauna, salão de beleza, 2 piscinas, 2 jacuzzi, inte r n et café, 4 restaurantes, 7 bares, teatro com 7.131 lugares, discote ca, ca ss i n o, minisshopping

CRONOGRAMA

metros quadrados para 36.500 metros quadrados. Os espaços de apoio logístico para o fluxo de ônibus, veículos de traslado e automóveis particulares foram pavimentados. Em Sa l vador, os invest i m e ntos pesa d os ainda não co m e ç aram, mas, segundo a Codeba (Companhia de Docas do Estado da Ba h i a), que administra o porto, desde o início do ano ex i ste uma co m i ssão formada por representa n tes dos governos federal, estadual e municipal estudando a modelagem a ser aplicada na co n strução de um te rminal marítimo para atendimento aos gra n d es transatlânticos.


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CONCAIS/DIVULGAÇÃO

CVC/DIVULGAÇÃO

Opera d o ra do porto de Sa n tos antecipou investimentos para atender a demanda

Por enquanto, o terminal opera com uma est r u tura provisória para a temporada de cruzeiros. Em 2006, fo ram aplica d os R$ 28,8 milhões no porto de Sa l vador em obras de ampliação e modernização de inf ra - est r u tu ra, sistema de a cesso te r rest re e marítimo, d ragagem de manutenção e a p rof u n d a m e n to, que permite atra cação de nav i os de maior porte, e subesta ç õ es elétrica s. Mesmo com os investimentos, a Codeba diz que as cond i ç õ es de Sa l vador ainda não são as idea i s. Segundo informações enviadas pelo órg ã o, o porto “é destinado a ca rg a s

e ainda não está dev i d a m e n te p re p a rado para re ceber os g ra n d es tra n satlânticos. Há uma est r u tu ra provisória simp l es para atender à temporada de cruze i ros”. O diretor para a América do Su l da Costa Cruze i ros, uma das operadoras responsáveis pelos nav i os que estarão no litoral brasileiro neste verão, Renê Hermann, diz que a infra-estrutura portuária é um dos fa to res dete r m i n a n tes para a escolha das rotas dos cruzeiros marítimos. De acordo com ele, os portos estão empenhados em realizar os investimentos necessários para atrair mais turistas. “A tendência é de investimentos

LAZER Conforto é uma atrações no interior dos navios

na capacitação dos portos e melhoria da estrutura nas escalas turísticas, que se multiplicam como opções de dest i n os”, diz. Os 14 navios que navegarão pela costa brasileira neste verão são administra d os por quatro empresas, Costa Cruzeiros, CVC, M SC Cruzeiros e Sun & Sea. O pres i d e n te da Abre m a r, Eduardo Nascimento, diz que o hábito de viajar de navios pela costa brasileira existe desde a década de 60, quando foi inaugurado o Departamento de Cruzeiros Marítimos, já extinto. Nos anos 80, esse tipo de viagem foi proibido e os cruzeiros de passageiros só foram reativados na década seguinte.

Hoje, diz Nascimento, a viagem de navio conquistou os turistas por ser cômoda e ter bom cu stobenefício. “Não é preciso arrumar e desarrumar malas, fazer traslados entre hotéis e aero p o rtos, nem se submeter a inúmeros check ins e check outs como em outros tipos de viagem. Além disso, há um charme especial nos cruzeiros, vendido especialmente nos filmes românticos”, afirma. Ele destaca ainda que os nav i os oferecem inúmeras opções de entretenimento como boates, cassinos, shows, academias de ginást ica, fartas refe i ç õ es e roteiros temáticos para solteiros, de música eletrônica e outros. ●


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RESPONSABILIDADE

ESFORÇO RECOMPENSADO

REVISTA CNT TRANSPORTE ATUAL RECEBE “CERTIFICADO DE NEUTRALIZAÇÃO DE CARBONO” E O SELO “CO2 CARBONO NEUTRO” POR LETÍCIA SIMÕES

A

res p o n s a b i l i d a d e de cada indivíduo na busca por um mundo ambienta lm e n te equilibrado ganha, a cada dia, mais importância. E n t i d a d es e institu i ç õ es dos mais va r i a d os se g m e n tos têm trabalhado para que os i m p a c tos ao meio ambiente sejam minimiza d os, através de uma gama de ações e projetos. A rev i sta CNT Tra n s p o rte Atual também faz a sua parte para a preservação da b i o d i ve rsidade e re cebeu, em n ovembro, o “Ce rtifi cado de N e u t ra l i zação de Ca r b o n o” e

o selo “CO2 Carbono Neutro” , co n ce d i d os pela CO2 So l uç õ es Ambienta i s. A CO2 So l u ç õ es efetuou a compensação das emissões de carbono da CNT Tra n s p o rte Atual relativas a um ano de p ro d u ç ã o, impressão e dist r ibuição da rev i sta. Foram co mpensadas 469, 89 t CO 2 e, por meio do plantio de 3.134 árvores nativas da Mata Atlântica, no pro j eto Floresta da Família, da ONG Ecoar Florestal, no Estado de São Pa u l o. O re g i st ro e o aco m p a n h a m e n to das ativid a d es das empresas que re cebem a certifi cação são adquir i d os mediante questionários d ese nvo l v i d os es p e c i fi ca m e n-

te para a entidade envolvida. De aco rdo com Gabriel Rib enboim, diretor da CO2 So l uç õ es Ambientais, os refl o resta m e n tos exe cu tados pela empresa estão em áreas co n s i d eradas prioritárias para a co nserva ç ã o, conhecidas como h otspots. “Essas área s possuem altos índices de biodive rs i d a d e, com pelo menos 1.500 espécies endêmicas de p l a n ta s, e estão ameaçadas em um grau muito eleva d o, tendo perdido mais de 3/4 de sua ve g etação original, co m o é o ca so da Mata At l â n t i ca ” . Segundo Ribenboim, o selo “ CO2 Carbono Neutro” é obt ido “quando as emiss õ es de

CONTRIBUIÇÃO

carbono de uma atividade, p ro d u to, se rviço ou de toda a e m p resa são co m p e n sa d a s por projetos que absorve m carbono ou ev i tem emiss õ es de carbono à atmosfe ra ” . Pa ra o direto r, o co - financiam e n to de créditos de carbono nas pro p o r ç õ es das emiss õ es p roduzidas “é uma maneira co nve n i e n te e eco n ô m i ca de uma inst i tuição co n t r i b u i r com a mitigação das mudanças climáticas e com o desenvo l v i m e n to suste n t á vel”. A CO2 é es p e c i a l i zada na s u ste n tabilidade ambienta l , na neutra l i zação de carbono e na produção e venda de créditos de ca r b o n o. At ravés dos


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ECOAR/DIVULGAÇÃO

Lo cal onde serão plantadas árvo res pela co m p e n sação de créditos de carbono da CNT Transporte Atu a l

EMISSÕES

Pa d ro n i zação segue re g ras da ONU A quantificação de emiss õ es de GEEs (gases de efeito estufa) envolve uma análise de ciclo de vida, em que todos os processos e materiais envolvidos na produção e distribuição do produto ou pro cesso das empresas ce rt i fi cadas são identifica d os e quantificados. As emiss õ es de GEEs são expressas em toneladas de CO2 e q u i va l e n te (t CO 2 e), medida p a d ro n i zada pela ONU para

quantifi car as emissões glob a i s, usando como parâmetro o CO2. O cálculo do tCO2e é resultado da multiplicação das emiss õ es de um determinado GEE pelo seu potencial de aquecimento global. Após a análise dos dados adquiridos, para o cálculo das emiss õ es lançadas na produção da CNT Transporte Atual, a CO2 Soluções produziu um Relatório de Emissões detalhan-

do as fontes de emiss õ es de GEEs relacionadas à atividade da rev i sta. Através do refloresta m e n to, diz Gabriel Ribenboim, será poss í vel melhorar a qualidade ambiental da área que se apresenta degradada, “além da contribuição para o combate às mudanças climáticas, através da fixação do ca rbono nas árvores na quantidade equivalente às emiss õ es produzidas pela rev i sta”.

se l os “CO2 Carbono Neutro” e “ CO2 Carbono Consc i e n te” – que são padrões de exce l ê ncia na redução e co m p e n sação de emiss õ es de carbono – a CO2 Soluções Ambientais auxilia dive rsas inst i tu i ç õ es a evidenciar a co n sciência ambiental. Ribenboim desta ca que as a t i v i d a d es da CO2 So l u ç õ es são abra n g e n tes. “Nossos p ro j etos também provêm de vários benef í c i os adicionais às co m u n i d a d es aonde eles se s i tuam, incluindo benef í c i os à sa ú d e, geração de empre g o, a u m e n to da biodive rs i d a d e l o cal e prese rvação dos recu rsos hídricos.” A exemplo da revista, a Co nfe d e ração Nacional do Transporte atua em benefício do meio ambiente através do P ro g rama Despoluir (Programa Ambiental do Tra n s p o rte) . Uma das principais metas do D espoluir é justa m e n te diminuir a emissão de CO2. O Programa co n ta com a part i c i p ação de 31 fe d e ra ç õ es regionais v i n culadas ao Sistema CNT. São 70 mil empresas de transporte e 700 mil ca m i n h oneiros e ta x i stas autônomos, o que signifi ca ce rca de 2,5 m i l h õ es de tra b a l h a d o res a tuando ao lado das empresas para que o meio ambiente seja mais equilibrado e suste n t á vel para to d os. ●


REPORTAGEM DE CAPA

O VERÃO NA

EXPECTATIVA É DE MOVIMENTO INTENSO NAS O QUE EXIGE MAIS CUIDADO DOS MOTORIST MOTORIS


ALEXANDRE VIEIRA/FUTURA PRESS

AS RODOVIAS

ESTRADAS BRASILEIRAS DURANTE AS FÉRIAS, TAS E ATUAÇÃO FIRME DO PODER PÚBLICO


POR ALINE

RESKALLA

O

medo de passar boa p a rte das sonhadas férias nos saguões dos aero p o rtos e as vendas recordes de veículos em 2007 devem gerar uma corrida às estradas neste fim de ano e início de 2008. Diante da eterna preca r i edade das rodovias do país, o fenômeno acende o sinal de alerta para motoristas e autoridades, que pre c i sam fazer o dever de ca sa para que o lazer não se transforme em mais uma maratona de sofrimento para os bra s ileiros. Para se ter uma idéia, de janeiro a outubro deste ano, as montadoras venderam 2 milhões de ca r ros, superando o recorde hist ó r i co de 1,94 milhão obtido em 1997, considerado o melhor ano para o setor automobilístico. Na outra ponta, houve uma queda de 25% na procura por pacotes turísticos aéreos no país. O refl exo na busca por viagens terrestres foi automático. As pessoas começaram a usar seus próprios veículos para fazer turismo num raio de 400 km ao redor de suas cidades. De acordo com a Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagem), isso fez com que houvesse aumento de 20% na procura por hotéis no entorno das metrópoles. “As pessoas deixaram de fazer viagem de avião em pacotes turísticos e optaram, principalmente, pelos seus

ALERTA Fiscalização será intensificada nessas férias juntamente com o aumento de radares

veículos, por cruzeiros marítimos ou vôos diretos para o exterior”, a firma Ca r l os Alberto Amorim, presidente da entidade. Mauricio Marques, presidente da Fresp (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo), diz que o turismo rodoviário poderia crescer 15% a 20% a mais em vendas, se não fossem as péssimas condições das rodovias. Principalmente no interior dos Estados, é usual a prática de turismo rodoviário, daí a importância de se ter uma infra-estrutura apropriada. “As transporta-

doras têm capacidade técnica e econômica, serviços de logística e de apoio para garantir eficiência, ra p i d ez e se g u ra n ç a aos passageiros. Mas o fato é que o segmento sofre com a falta de estradas viáveis para crescer na proporção que merece”, afirma Marques. O presidente da A b av co n co rda. “A ex p a n s ã o ainda é incipiente porque as estradas não ajudam muito.” Segundo a Pesq u i sa Ro d oviária CNT 20 07, 73,9% dos 87.592 quilômet ros analisa d os a p rese n tam algum tipo de deficiência, o que exige cu i d ad os, es p e c i a l m e n te em tre-

c h os no Nord este, no Norte e no Ce n t ro - O este. Mesmo longe da infra-est r u tura ideal, a realidade é que as viagens de ônibus ganharam fôlego com a crise aérea. No Terminal Rodoviário Tietê, o maior em movimento de passageiros da América Latina, com 1,6 milhão de embarques e desembarques por mês, as empresas relataram expansão de 30% neste ano nas rotas tradicionalmente ocu p a d a s pelo setor aéreo, que ligam São Paulo a outras capitais como Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Rio de Janeiro. A informação é do gerente de Opera ç õ es da Socicam


CELSO AVILA/FUTURA PRESS

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FAÇA A SUA PARTE Cuidados para uma viagem tranqüila O percu rso • Conheça prev i a m e n te o itinerário de sua viagem • Cheque as co n d i ç õ es das ro d ovias fe d e rais do percu rso no site da CNT (www.c n t.o rg . b r) e do Dnit (w w w.d n i t.g ov.br). No ca so das esta d u a i s, pro cu re a PRE O ve í cu l o • A n tes de viajar, faça uma revisão co m p l eta • Ve r i fique as co n d i ç õ es dos pneus, dos equipamentos obrigatórios (ex t i n to r, maca co, este p e, chave de ro d a , triângulo etc), do sistema de iluminação e de sinalização

nas est radas para ev i tar abusos dos moto r i stas e diminuir acidentes

“O segmento sofre com a falta de estradas viáveis para crescer na proporção que merece" MAURICIO MARQUES, PRESIDENTE DA FR ES P

(empresa de tecnologia e serv i ç os voltada para os sistemas de integração de transportes), Antonino Alibrando, que administra o te r m inal. Nas férias de verão, Alibrando estima um movimento 8% maior que no mesmo período do ano p a ssado. Ele diz que um esquema especial está sendo montado para garantir a tranqüilidade dos passa g e i ros. Haverá aumento de 20% no quadro de funcionários e as empresas, que também reforçarão seus quadros, se r ã o o r i e n tadas a obedecer rigorosa m e n te os horários e agiliza r o ate n d i m e n to para ev i tar filas. “Temos uma média de

O co m p o rta m e n to • Leve os docu m e n tos obrigatórios do ve í culo e a CNH • O co n d u tor que tra n s p o rtar menores que não fo re m pare n tes até 3º grau pre c i sa de autorização dos pais ou do Juizado de Menores • Pa re 15 minutos a cada 2 horas de viagem • Res p e i te e obedeça a sinalização e os limites de ve l o c i d a d e. O excesso de velocidade é a ca u sa da maioria dos acidentes • Ultrapasse so m e n te um ve í culo por vez, em locais permitidos e com abso l u ta ce rteza do sucesso da manobra • Fa c i l i te a ultra p a ssagem de outro ve í cu l o • M a n tenha a distância de se g u rança para com o ve í culo da frente • Certifique-se que to d os os ocu p a n tes do ve í cu l o estejam com o cinto de se g u ra n ç a • Se beber, não dirija. Álcool e direção não co m b i n a m ✔ Em casos de emergência ou denúncia, disque 191 e acione a PRF Fo n te: PRF


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VOÔS INTERNACIONAIS

Venda de pacotes cresce 15% Sem enfre n tar a mesma fila dos vôos domést icos e ainda impulsionados pelo dólar cada vez mais b a i xo, os vôos inte r n a c i onais são a grande ve d ete do turismo bra s i l e i ro neste fim de ano. A Abav (A ssociação Bra s i l e i ra das Agências de Vi a g e m) est ima em 15% o cresc i m e n to nas vendas de pacotes n esse se g m e n to, enquanto no país o que se vê é a ret ração de 20% nas demandas por viagens aéreas nacionais. Pa ra a Europa, rota que também se tornou atra t i va pela desva l o r i zação de 30% do e u ro fre n te ao real, neste ano, ainda é poss í vel garantir a passagem. E para garantir que o p a sseio dos bra s i l e i ros não se torne uma via-crúc i s, os órgãos que administram o sistema aéreo, sob o comando do Ministério da Defesa, gara n te m que uma grande operação de fim de ano vai garantir a tranqüilidade dos passa g e i ros. Em nota enviada à imp re n sa, o minist ro Nelson Jobim afirma que as medidas necessárias já es-

tão sendo discutidas e a d otadas pela Inf ra e ro, pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), pelo Comando da Ae ro n á u t i ca e por outros órg ã os de gove r n o. Uma delas, segundo Jobim, é a co n t ratação temporária de a p rox i m a d a m e n te 500 f u n c i o n á r i os te rce i r i zados para auxiliar nas operações da Inf ra e ro, princip a l m e n te nos equipamentos de ra i os X. Pa ra reduzir as fi l a s d u ra n te esse período, além da co n t ratação de trabalhadores te rce i r i zad os para a Inf ra e ro, está p rev i sto o aumento de se rvidores da Polícia Fed e ral. Segundo Jobim, o m i n i st ro da Justiça, Tarso Genro, pro m eteu contratar funcionários administra t i vos que possam ass umir atividades-meio hoje o cupadas por policiais fed e ra i s. Isso liberaria mais a g e n tes nos guichês de p a ssa p o rte e agilizaria o fl u xo. O ministério acre d ita que esse se rviço também deverá se to r n a r mais ágil com os novos p a ssa p o rtes, que já estão sendo fo r n e c i d os pela PF.

FLUXO Mesmo com corrida para as rodovias, aeroportos devem

PRF VAI INSTALAR

500

RADARES NAS ESTRADAS MAIS CHEIAS

1.300 partidas de ônibus por dia e esse número deve ser ampliado em 250”. Na rodoviária de Belo Horizonte, o movimento deve cresce r 50% a partir do dia 10 de dezembro, a mesma expansão registrada nas férias do final do ano passado, segundo o gerente do terminal, Ricardo Coutinho. Embarcam e desembarcam ce rca de 34 mil pessoas por dia no local. Coutinho diz que, pelo menos em BH, não houve aumento significativo


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JUNIOR LAGO/FUTURA PRESS

AERO P O RTO EM TRANSE Saiba como minimizar os transtornos Previna-se do prejuízo a. Exija informações detalhadas sobre o vôo no check in. A companhia aérea deve informar o tempo mínimo de atra so, se houver b. Caso perceba divergência entre as informações recebidas oralmente e aquelas nos painéis, tire fotos, anote os dados fornecidos e o nome do funcionário que os repassou c. Se não desejar mais viajar, dirija-se à empresa e formalize o pedido de desistência e reembolso da passagem e des p esas efetuadas d. Se o vôo foi cancelado, procure a companhia para saber o horário do próximo vôo disponível e. Se for obrigado a fi car muitas horas no aero p o rto, guarde odas as notas fi scais (do almoço ao hotel). Procure a companhia aérea para obter o reembolso. Se não for atendido, o ca m i n h o é a Justiça f. Bilhetes emitidos e cancelados devem ser utilizados em até 12 meses.

manter bom movimento durante as férias

no fluxo de passageiros em função da crise nos aeroportos. As linhas que fazem o trecho BH-São Paulo chegaram a registrar, no auge do ca os aéreo, demanda 20% maior, mas esse fenômeno, segundo o gerente, já se reve rteu. Para administrar o aumento no fluxo e evitar transtornos aos passageiros, a administração da rodoviária já iniciou a temporada de reuniões com os representantes das empresas, cuidando dos horários de implantação de linhas

Aumente suas chances de embarque a. Ligue para a companhia aérea para confirmar a rese rva. Isso evita que você seja encarado como um potencial no-show (apelido dos passageiros que não aparecem para embarcar e não ca n celam as rese rvas) b. Quanto mais cedo for feito o check in, menor é a chance de não viajar. Chegue ao aeroporto com mais de 1 hora de antecedência, em ca so de vôo nacional. Se for internacional, chegue mais de 2 horas antes c. Gestantes, crianças, idosos e porta d o res de necessidades especiais têm prioridade no check in e no embarque d. Se necessitar de embarque urg e n te, esteja com um comprovante do compromisso a ser cumprido e exija o endosso imediato do bilhete Prote j a - se do extravio da bagagem a. Ca so sua bagagem seja danifi cada ou extraviada, não deixe o aero p o rto antes de fa zer uma reclamação formal, por escrito b. A companhia aérea tem que fornecer formulário no qual o cliente informará os itens perdidos c. Exija reembolso do que pre c i sar comprar, até a devolução da bagagem, guardando todas as notas fi scais e recibos. Fo n te: Instituto de Defesa do Consumidor

extras e da logística especial de férias. “Vamos evitar que os ônibus extras operem antes das 22h, para não co n g estionar ainda mais os horários de pico. A estratégia é planejamento”, diz Coutinho. Ele afirma que o reforço de pessoal, da segurança ao atendimento ao usuário e convênios com órgãos de trânsito são as alternativas para minimizar os congestionamentos no entorno do terminal e fechar as portas para a violência. Nas estradas, porém, a sorte está lançada. Para se ter uma idéia, durante a Operação Verão da Polícia Rodoviária Federal encerrada em março deste ano, foram 1.400 mortos em 27 mil acidentes, número 7% maior que no ano anterior, crescimento trágico que se repete a cada ano. O prejuízo ca l culado pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), apenas nos 80 dias da operação, foi de R$ 1,5 bilhão. O valor é o mesmo que a AutoBAn investiu nos 316,75 km do Sistema Anhangüera-Bandeirantes desde 1997, quando assumiu o trecho, e que permitiu uma redução de 23% nos índices de acidentes e de 48% no número de mortes em dez anos. O sistema liga a capital paulista à região de Campinas. É composto pelas rodovias Anhangüera (SP 330), Bandeirantes (SP 348), Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (SP 300) e a interligação Adalberto Panzan (SP 102/330 ) . Tem um fluxo médio de 300 mil


PESQUISA RODOVIÁRIA

S i te orienta motorista s Quem sai de Belo Horizonte em direção ao Espírito Santo ou ao Rio de Janeiro, tradicionais dest i n os dos mineiros, vai encontrar ro d ovias com pav i m e n to em condições re g u l a res. Para o Rio, a principal rota é a BR-040. Segundo a Pesquisa Rodoviária CNT 2007, pavimento, geometria e sinalização estão regulares. Para o Espírito Santo, a rota é a BR-381, cujo pavimento está em boas condições, e n q u a n to sinalização e geometria são classificadas como regulares. Já os paulistas, que mal podem esperar para deixar a capital rumo às cidades do litoral do Estado, não têm que se preocupar com a situação das vias (Rodovia dos Bandeirantes, Castelo Branco e Raposo Tavares, principalmente), apenas com o tradicional aumento no tráfego e as esperadas retenções. Afinal, os dez melhores tre c h os ava l i a d os pela CNT estão em São Pa u l o. “Os moto r i sta s precisam apenas fa zer a sua parte e dirigir com prudência”, alerta o inspetor da PRF, Paulo Ba h i a . De São Paulo para o sul do país, a situação das rodovias também é favorável aos viajantes. Se o destino for Foz do Iguaçu, por exemplo, o trajeto inclui as BRs 116, 277 e 376, todas avaliadas positiva m e n te pela pesquisa. Quem deixa o Rio de Janeiro rumo à Bahia, trafe-

gará pelas vias federais 116, 393 e 458, que se encontram em condições regulares, o mesmo ocorrendo com quem segue de Salvador rumo a Natal (BRs 101, 230, 235 e 349). Na BR-116, que faz a ligação entre a capital fluminense, Teresópolis e Além-Paraíba, o motorista tem que se preocupar apenas com as curvas sinuosas e algumas obras na pista. Para a Região dos Lagos, as vias também estão em bom estado. No Nord este, Fo rta l eza também é um dos destinos preferidos dos brasileiros. Turistas do Sul, Sudeste e capitais do Nordeste (exceto Teresina e São Luis), chegam à cidade pela BR-101. Segundo a pesquisa da CNT, na Bahia, a est rada está com pavimento em condições regulares, mas enfrenta problemas de sinalização, considerada ruim, e na geometria. Mas em Alagoas, as condições pioram de forma generalizada. E, por fim, o motorista pegará novam e n te a BR-116, ava l i a d a como regular no trecho até Fortaleza. O moto r i sta que quiser se informar so b re as co nd i ç õ es das estradas antes de viajar pode acessar o s i te da Co nfe d e ração Nacional do Tra n s p o rte www.c n t.o rg , b r, que co l ocou à disposição um mapa detalhado da malha ro d oviária e a situação d os trechos, já com os res u l ta d os da Pesq u i sa Rod oviária 20 07.

ÔNIBUS Administração do Terminal Rodoviário Tietê, em São Paulo,

veícu l os por dia, número que, segundo o diretor da concessionária, Geraldo Ribeiro, está 7,7% acima da média do ano passado. Ainda sem a estimativa de crescimento no tráfego em função das férias, Ribeiro afirma que a AutoBAn, assim como a PRF, realizará sua operação especial de verão, que deve começar por volta do dia 15 de dezembro. Para evitar que os números trágicos do verão passado se repitam, a PRF promete apertar o cerco aos motoristas infratores, instalando mais 500 radares nas estradas mais movimen-

tadas. O inspetor Pedro Bahia, da PRF de Brasília, admite que os investimentos em infra-estrutu ra não aco m p a n h a ram, nem de longe, o crescimento da frota. “O próprio efetivo da PRF é o mesmo de dez anos atrás”, diz o policial. D os R$ 15,2 bilhões auto r izados para serem gastos este ano com as obras do PAC (Programa de Ace l e ração do Cresc i m e n to), apenas R$ 4,4 bil h õ es fo ram efet i va m e n te aplica d os de janeiro a outubro, incluindo o pagamento de ações iniciadas no ano


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MARCELLO LOBO

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VIAJE TRA N Q Ü I LO DE ÔNIBUS Confira dicas para sua proteção e seus direitos Previna prejuízos • Chegue ao terminal com pelo menos 30 minutos de antecedência • Em hipótese alguma deixe que um est ranho tome conta de suas malas • Veja se há limite de peso/volume para bagagem • Identifique a mala por dentro e por fora com endereço de origem e de destino • Se estiver transportando prese n tes, levar na bagagem de mão as notas fi sca i s • Ca r regar os documentos pessoais e objetos de valor, como jóias, também na bagagem de mão • Exija que um funcionário da empresa transportadora identifique toda a bagagem com um tíquete próprio, do qual uma parte fi ca com o passageiro • Atenção aos pertences de mão, principalmente nas paradas e esca l a s,momentos em que podem ocorrer roubos e furtos • Ao chegar ao local de destino, ve r i fique se todas as malas estão em perfeito estado. Em caso de perda ou extrav i o, entre em contato imediatamente com a empresa e formalize a reclamação

estima aumento de 30% para este ano

p a ssa d o. É uma exe cução inferior a 30%. O Plano de Logística para o Brasil, lançado pela CNT, aponta 496 projetos considerados estratégicos que exigiriam investimento ainda maiores, de R$ 223,8 bilhões. Os recursos seriam aplicados em todos os modais do transporte para eliminar os gargalos da infra-estrutura e garantir cresc imento nos próximos 30 anos. Enquanto medidas est r u turais não saem do papel, a alternativa é remanejar as escalas dos 9.500 agentes da corporação, que trabalharão em tempo integral nos

Informe-se • As empresas de ônibus devem manter painéis ou ca rtazes discriminando o destino, horários de saída e preço, em lugar visível e de fácil acesso • Fique atento quanto ao seguro fa cultativo, cujo valor o usuário não é obrigado a pagar • Se for embarcar passageiro menor de idade, procure o posto do Juizado de Menores da rodoviária Seus direitos • No ca so de interrupção ou atrasos superiores há duas horas, o passageiro tem direito a alimentação e pousada por conta da empresa • Em caso de desistência da viagem, as empresas são obrigadas a devolver o valor da passagem (descontados 5%), desde que comunicada com antecedência de até 3 horas • O Estatu to do Idoso garante dois asse n tos gratu i tos em viagens de ônibus interestaduais para pessoas com 60 anos ou mais, que pre c i sam comprovar renda de até dois sa l á r i os mínimos • Se a cota legal já estiver completa, a empresa é obrigada a vender as passagens por 50% do valor original ✔ Denúncias ou reclamações: vá ao posto da ANTT da rodoviária ou ligue 0800-610300 Fontes: Procon-SP e So c i cam

quase três meses da Operação Verão 2008. Segundo Pe d ro Bahia, o fluxo deve aumentar cerca de 40% a partir de mea d os de dezembro e a situação é pre o cupante. “Já tínhamos um quadro complica d o, que piorou bastante com a crise aérea”, afirma. A PRF recorrerá também ao patrulhamento aéreo para identifi car os trechos mais tumultuados e agilizar o atendimento a vítimas. “Também es p e ramos re ceber novas viaturas nesse período.” Para a Abrati (Associação Brasileira de Transporte Terrestre de Passageiros), no entanto, nem o aumento da demanda, considerado pontual pela associação, fará com que o setor deixe de fechar mais um ano no vermelho. O presidente da entidade, Sérgio Augusto Almeida, diz que as péssimas condições das estradas contribuem para um aumento de até 30% no custo de operação das empresa s de ônibus, trazendo não só prejuízos como um desconfo rto para os usuários do sistema, que têm suas viagens aumentadas em até 50% no número de horas. Nessas férias, segundo Almeida, o setor espera o tradicional aumento de 50% no movimento. “O ano de 2007 não foi dos melhores para o setor de transporte rodoviário de passageiros.” ●




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PEDÁGIO

MUDANÇA

DE RUMO SUCESSO DE LEILÃO DE RODOVIAS FEDERAIS ALTERA PREÇO PREVISTO PARA LICITAÇÕES EM SÃO PAULO POR

O

res u l tado do bemsucedido leilão de sete tre c h os de rod ovias pro m ov i d o pelo governo Lula em outub ro respingou no Estado de São Pa u l o. O deságio de 65% n os preços dos pedágios oferecido pela empresa ve n ced o ra de cinco desses tre c h os, a espanhola OHL, fez com que o governo paulista mudasse no meio do caminho as reg ras para a co n cessão do trecho oeste do Rodoanel Mário Cova s, co m p l exo de ro d ov i a s em torno da capital paulista ,

EDSON CRUZ

que deve ser leiloado no início de 20 0 8 . As re g ras antigas previam que ve n ceria o leilão a empresa que ofe rtasse a maior outo rg a em dinheiro (mínimo de R$ 1,6 bilhão). O pedágio estava est ipulado em R$ 4,40 e o período de co n cess ã o, em 25 anos. De a co rdo com a nova modelagem, vai ve n cer quem estipular o menor preço de pedágio (n o máximo R$ 3). A outo rga foi fixada em R$ 2 bilhões e o tempo de co n cess ã o, em 30 anos. A dife rença básica com relação ao modelo federal que bali-

zou o leilão dos sete tre c h os, que tota l i zam 2.600 km, é a outo rga de R$ 2 bilhões. O gove rno fe d e ral não co b rou nada pelo dire i to de ex p l o ração das ro d ov i a s. O dinheiro da outo rg a exigida pelo governo paulista d eve ser usado na co n st r u ç ã o do trecho sul do Rodoanel, que está orçado em R$ 3,6 bilhões. Pa ra tra fegar pelo Ro d o anel, os moto r i stas devem pagar R$ 0,09/km, valor mais ca ro que o previsto para a Fernão Dias (que liga São Paulo a Belo Horizonte) - segundo a pro p osta da OHL, a

TARIFA ALTA Trânsito de


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ADRIANO LIMA/FUTURA PRESS

automóveis em uma das praças de pedágio instaladas no Estado de São Paulo

ta r i fa deve ficar em R$ 0,0 1 por quilômet ro rodado assim que entrar em opera ç ã o. Mas a ta xa a ser paga no Ro d o a n e l é bem menor do que a co b rada por co n cessionárias de o u t ras ro d ovias paulista s. H o j e, o moto r i sta que tra fe g a pela Anchieta - I m i g ra n tes, co m p l exo que liga a ca p i tal ao lito ral sul e ao porto de Sa n tos, tem que desembolsar R$ 0, 26 por quilômet ro ro d ad o. Na Ba n d e i ra n tes, acesso à região de Ca m p i n a s, o preço é de R$ 0,12. A pesq u i sa “Das Co n cess õ es Ro d oviárias às Pa rcerias Público-Privadas: Pre o cupação co m o Valor do Pedágio”, do Ipea (Inst i tu to de Pesq u i sa Eco n ô m ica Aplica d a), most ra que o pedágio nas ro d ovias Anhangüera e Ba n d e i ra n tes teve um aumento real de 20 4% no período entre 1994 e 2006 em relação ao IPC (Índice de Preços ao Co n s umidor) da Fipe (Fundação Inst itu to de Pesq u i sas Eco n ô m i ca s) . Ou seja, mais que triplicou nesses anos. Au to res da pesq u i sa do I p ea, Rica rdo Pe re i ra So a res e Ca r l os Álva res da Silva Ca mp os Neto dizem que é inegáve l que a política de co n cess õ es tem melhorado as condições das ro d ovias pedagiadas, mas chama a atenção o grande número de praças de pedágios

que surg i ram nos últimos anos, principalmente nas regiões Su d este e Sul. O estudo co m p rovou que ex i stem pelo menos 321 pontos de co b ranças no Brasil (39 do governo fe d e ral e 282 das co ncessionárias priva d a s). As co ncessionárias privadas co n t rolam 90% das est radas com pista dupla e respondem por ce rca de 40% do tráfego de ve í cu l os das ro d ovias bra s i l e i ra s, embora signifique apenas 6% da malha ro d oviária nacional. Pa ra e l es, o pior é que a maior parte d os pro d u tos que abaste cem as principais cidades bra s i l e i ras é o n e rada ao ter que tra fegar por ro d ovias pedagiadas. Ou seja, indireta m e n te, outros cidadãos bra s i l e i ros também estão pagando as ca ras ta r i fa s. Não foi à toa que, após o leilão de outu b ro, o TCU (Tribunal de Co n tas da União) ordenou que a ANTT (Ag ê n c i a Nacional de Tra n s p o rtes Terrest res) reavaliasse os co nt ra tos de co n cessão de ro d ovias fe d e rais privatizadas em 1990 e que gara n tem uma rentabilidade entre 17% e 24% ao ano para os co n cess i o n á r i os. Pe rce n tuais de lucro inaceitáveis pelo tribunal num ce n ário de economia est á vel. A ANTT não viu mot i vos para rever os co n t ra tos. Técnicos da agência disse ram que os co n-


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COMPARE OS PREÇOS DE PEDÁGIO EM SP Rodovia

Tarifa por km rodado R$ 0,26

Ano da concessão 1998

Administradora Ecovias

Modelo de concessão Com outorga

Bandeirantes Anhanguera

R$ 0,12 R$ 0,12

1998 1998

AutoBAn AutoBAn

Com outorga Com outorga

Nova Dutra Fernão Dias (*)

R$ 0,07 R$ 0,01

1990 2007

Nova Dutra OHL

Menor ta r i fa de pedágio Sem outorga e com teto

Anchieta-Imigrantes

para o pedágio (*) Preço estimado

REVISÃO Re g ras de co n cessão

t ra tos são considera d os atos j u r í d i cos perfe i tos e inco n test áve i s. Fo ram realizados num tempo em que o risco Brasil (que determina o grau de instabilidade eco n ô m i ca do país) era a l t í ssimo e as ta xas de juros c h e g avam a 26% ao ano. E s p e c i a l i sta em dire i to do E stado e estu d i oso em priva t iza ç õ es, o professor da PUC-S P, Luiz Ta rcísio Teixeira Ferreira, diz que é impensável uma repactuação com relação aos co n t ra tos vigentes. Mesmo porque qualquer mudança nas regras impostas pelo governo iria inibir invest i m e n tos inte r n a c i on a i s. “Num mundo globaliza d o, a so b e rania dos Esta d os nacionais choca - se com o poder das

grandes empresas multinacion a i s. A possibilidade de que as e m p resas possam agir livrem e n te em todos os merca d os é condição para que haja invest im e n to. Quando há quebras de co n t ra tos, simples m e n te as empresas deixam de investir no país”, diz o es p e c i a l i sta. De aco rdo com Ferreira, há o u t ras formas de reduzir o preço do pedágio sem alte ra ç õ es de co n t ra tos vigentes. “O melhor é deso n e rar os co n cess i onários de obrigações ex i ste n tes n os co n t ra tos”, diz o professor. Com isso, obras pro g ramadas poderiam ser canceladas. O pres i d e n te da ABCR (A ssociação Bra s i l e i ra de Co n cess i onárias de Rodov i a s), Moacyr

D u a rte, co n co rda. Ele diz que o melhor era rever o cro n o g rama de invest i m e n tos com a sua co m p a t i b i l i zação com a evo l ução efet i va do fl u xo de ve í cu l os. “Outras alte r n a t i vas seriam aum e n tar o número da base de pagantes, com um maior número de praças de pedágios e instalação de praças auxiliares, e que o governo bra s i l e i ro pro p iciasse melhor acesso às linhas de financiamento do BNDES e i se n ta sse as co n cess i o n á r i a s do pagamento de tributo sobre os invest i m e n tos rea l i za d os.” Recém-eleito pres i d e n te da NTC (Associação Nacional do Transporte de Ca rga e Logística), o empresário Flávio Be n a tt i diz que a entidade defende uma

revisão nas re g ras dos contratos das ro d ovias co n cess i o n ad a s. “Eles fo ram fe i tos há mais de dez anos numa outra rea l id a d e. So m os contra a quebra de co n t ra to, mas é pre c i so adequar as re g ras ao novo cenário bra s i l e i ro, desde que seja de comum aco rdo com as empresas co n cess i o n a d a s.” Ele ta mbém defende a ampliação da b a se de pagantes como a melhor maneira de deso n e rar os p re ç os dos pedágios. Em todos os co n t ra tos em vigor no Brasil há cláusulas que exigem obras periódicas das co n cess i o n á r i a s, mas a conta gera l m e n te é paga pelo usuário das vias no rea j u ste anual dos pedágios. Pa ra técnicos da


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ARMANDO AUGUSTO/DERSA/DIVULGAÇÃO

do trecho oeste do Rodoanel paulista sof re ram alte ra ç õ es após licitação de tre c h os de ro d ovias fe d e ra i s

ANTT, outra forma poderia ser a redução de ce rtos luxos ofe rec i d os por algumas co n cess i on á r i a s. Na ro d ovia Imigra n tes, em dias de mov i m e n to, até 70 g u i n c h os são co l o ca d os à disp osição dos usuários. Uma outra maneira de re d uzir as ta r i fa s, de acordo com os es p e c i a l i stas da ANTT, seria a mudança na forma da cobrança de pedágio. Em vez de os u s u á r i os pagarem ta r i fa s c h e i a s, como aco n te ce nos principais pontos bra s i l e i ros, as empresas poderiam adota r o modelo europeu. Nesse tipo de modelagem de cobrança, o usuário só paga por tre c h os efet i va m e n te perco r r i d os. Mas os próprios técnicos da

ANTT re co n h e cem que esse modelo atualmente seria inadequado para a realidade bra s i l e ira já que os meca n i s m os de co n t role são frágeis. De aco rd o com eles, em alguns tre c h os da N ova Dutra (São Paulo ao Rio de J a n e i ro), 90% dos usuários nem pagam pedágio porque há m u i tas rotas de fuga. Os usuários co n seguem se livrar do pagamento passando por vias alte r n a t i vas loca l i zadas em cidades à margem da ro d ov i a . MODELOS Atu a l m e n te, ex i stem no B rasil cinco modelagens de co n cess õ es de ro d ovias: co m o u to rga, sem outo rga e co m teto para o pedágio, o misto,

o modelo para n a e n se e as P P Ps (Pa rcerias Público - P r ivadas) originais. No modelo com outo rga, a empresa que ofe re cer o maior valor para o Estado ve n ce a co n corrência. Esse modelo é o das ro d ovias paulistas Anchieta / I m i g rantes e Ba n d e i ra ntes/Anhangüera. No segundo modelo, é ve nce d o ra da licitação a empresa que ace i tar receber o menor pedágio sem ter que pagar nada para o Esta d o. Foi o usado pelo governo no leilão dos c i n co trechos em outu b ro. No s i stema misto, que vai ser adotado em São Paulo no leilão do Rodoanel, ve n ce a empresa que ofe re ce a maior ou-

to rga com o menor preço do pedágio. A empresa ve n ce d o ra no modelo no Pa raná, que vigora d esde 1996, é a que se co m p rometeu a co n struir o maior número de trechos de ro d ov i a s. A PPP vai ser usada nos 15 ou 16 leilões rodoviários que o gove rno de Minas Gerais pretende fazer nos próximos meses. Nessa modelagem, a empresa ve n cedora re cebe um subsídio do governo que, por sua vez, é quem estipula o preço dos pedágios. Autores da pesquisa do Ipea, Ricardo Pereira Soares e Carlos Álvares da Silva Campos Neto dizem que há três variáveis importantes na es colha de uma empresa vencedora de uma licitação rodoviária. É preciso se considerar o preço da tarifa de pedágio, o fluxo de veículos (demanda) e o prazo de concessão. De aco rdo com eles, melhor seria se os processos licita t ór i os fossem definidos a favo r das empresas que aprese n ta ssem a melhor combinação ent re o menor preço de pedágio e o menor tempo de co n cess ã o. A redução do pra zo estimularia o u t ras firmas a participar de lic i ta ç õ es e induziria as co n cessionárias a invest i rem em produtividade para se mante re m no negócio. ●


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ROUBO DE CARGAS

PERIGO NAS

ESTRADAS AUMENTO NAS OCO R R Ê N C I AS EM TRECHOS PAULISTAS ALERTA PA RA O CRESCIMENTO DE ASSA LTOS A CA M I N H O N E I ROS POR P E D RO BLANK

P

ela malha rodoviária brasileira boa parte da riqueza do país é transportada. Nas mudanças de marchas e aceleradas dos caminhoneiros, o Brasil se desenvolve, porém, os profissionais e empresas do setor, vitais para a saúde da economia, estão ameaçados. Um retrato da situação alarmante ocorre no Estado mais rico da União. Em São Paulo, o roubo de cargas em rodovias começa a crescer e já causa preocupação. Por causa da violência, algumas empresas recusam tra n s p o rtar dete r m i n a d a s

cargas e diminuem seus lucros só para evitar assaltos. As estatísticas mais precisas e recentes sobre assaltos em rodovias paulistas foram divulgadas pela Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo) em parceria com a Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de São Paulo). De acordo com o estudo das entidades, em 2006 registrou-se, em média, 513,2 ocorrências de roubo de cargas por mês. Neste ano, o levantamento revelou que ocorreram 4.656 assaltos até setembro, o que perfaz a

média de 517 por mês, gerando uma elevação de 0,78%. Da média de roubos mensais, 16,58%, conforme o estudo, ocorreram em rodovias. A campeã nesse ques i to é a Anhanguera, que responde por 15,16% do total. Administrada pela co n cess i o n á r i a Auto BAn desde 1998, a estrada conta com um policial rodoviário em todas suas cabines de pedágio. A assessoria de imprensa da empresa afirmou que, mesmo não tendo poder de polícia, a concessionária auxilia as auto r i d a d es disponibilizando as imagens de suas câmeras de segurança.

O assessor de segurança da Setcesp, coronel Paulo Roberto de Souza, avalia que a estatística de ligeiro aumento no roubo de cargas demonstra a necessidade de atenção com os caminhões em rodovias. Em sua análise, entretanto, não é possível encontrar uma razão especifica para os assaltos em rodovia, como falta de policiamento, por exemplo. “Medidas de segurança já foram tomadas, e hoje o roubo de cargas ocorre em grande parte dentro das cidades”, declara. Mest re em dire i to pela USP (Universidade de São Paulo), o advogado Rodrigo Maluf diz que as


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MARCELLO LO BO

OCORRÊNCIAS Trecho da Ba n d e i ra n tes, ro d ovia que está entre as que mais sof rem assa l to em São Pa u l o

co n cessionárias não podem tomar nenhuma ação direta para conter o problema de violência contra os caminhoneiros. Dessa forma, a polícia é o único órgão com poder de prender e abordar poss í veis suspeitos. “A segurança pública não pode ser terceirizada por um preceito constitucional. Os patrulheiros das concessionárias estão na rodovia para ajudar e socorrer ca so seja necessário. O roubo de carga é um problema de segurança pública.” As seqüelas de uma situação de pânico atormentam os ca m inhoneiros, maiores vítimas dessa

escalada da violência nas est radas. V. M., paulista, foi roubado pela primeira vez em 2003, na Anhanguera. Na ocasião, acabou demitido no dia seguinte. Co m medo de novas retaliações, pede p a ra o seu nome não ser publicado. “Fui abordado por quatro p essoas vestidas de policiais federais e ameaçado de morte. Levaram tudo. Ninguém imagina o que é um assa l to. Amarraram-me, jogaram no mato e apenas fui socorrido na manhã se g u i n te por um ônibus de turismo. O patrão não me auxiliou e me mandou embora um dia depois.”

"Acho que investir 13% do faturamento em segurança prejudica qualquer empresa" DONIZETE PATRIANE, DIRETOR DA DVA EXPRESS

Natural de Guarulhos, José Heleno é autônomo, acumula dez anos de profissão e alguns assaltos. O momento mais desesperador aconte ceu este ano. Quando dirigia rumo a Capão Bonito (SP), pela SP-258, Heleno foi abordado por três pessoas armadas e perdeu R$ 6.000 em dinheiro. Os bandidos desistiram de levar o ca m inhão em virtude do rastreador. “A tecnologia evita o roubo, pois é fácil achar o caminhão. Mas o meu prejuízo de R$ 6.000 ninguém assumiu. Para o caminhoneiro, é muito terrorismo.” O Comando de Policiamento


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ORIENTAÇÃO

Sest/Senat apóia motoristas Em to d os os assa l tos o co r r i d os nas est radas de São Pa u l o, variam as cargas roubadas, a ação dos bandidos e até a forma da res p osta policial. Somente um item permanece co n stante em todos os roubos: o caminhoneiro. Pe n sando nisso e na se g urança dos homens que fazem a economia brasileira girar pelo asfa l to do Brasil, o Sest/Senat mantém em vár i os locais do Estado postos de atendimento onde os motoristas podem descansar. Na cidade de Guarulhos, no KM 210,5 da Nova Dutra, há o maior deles, gerenciado por José Valdercir Capille. São 500 vagas de estacionamentos para caminhões com câmeras ligadas 24 horas, restaurante, vestiário para banho e unidade do programa Siga Bem. Capille lembra que na unidade o

Rodoviário de São Paulo diz que não há nenhuma evidência que comprove o fato de as estradas concessionadas serem palco de mais assa l tos. Em nota enviada à re p o rtagem, a assessoria do órgão re l evou que a exercício das a t i v i d a d es do policiamento no ca so específico das concessionárias, há ainda os convênios de ajuda mútua com as empresas administradoras das estradas, as quais, além das responsabilidades individuais e conjuntas, prevêem o estabelecimento de diret r i zes para a integração, com o poder público. Os novos contratos estabelecem

caminhoneiro dispõe de todos os serviços para uma boa viagem e pode desca n sar sem correr riscos. “Hoje não tem como dormir na estrada. É quase que pedir para ser assaltado. Aqui no posto o motorista conta com toda a infraestrutura e segurança para passar a noite tranqüilamente sem riscos”, diz o gerente da unidade de Guarulhos. O posto conta ainda co m atendimento dentário e médico. Os se rviços médicos são gratuitos e para utilizál os basta provar ser co n t r ibuinte do sistema Sest/Senat – o caminhoneiro só precisa a p rese n tar o ca n h oto de contribuição pago. Para saber onde existem postos do Sest/Senat em São Paulo e em todo o Brasil, acesse o www.sestsenat.org.br ou ligue para 0800-7282891.

que as co n cessionárias deve m equipar e auxiliar as polícias, equipando-as e disponibilizando infraestrutura de trabalho. Além da Auto Ban, mais 12 concessionárias administ ram ro d ovias em São Paulo. De acordo com a ABCR (Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias), todas enfatizam a necessidade de um trabalho conjunto com a polícia para minimizar os roubos em rodovia. A entidade representativa das concessionárias também desta ca que nos novos lotes de licitação do governo federal e de São Paulo os contratos exigem

S????? EGURA??????? NÇA Unidade do Sest/Senat em Guarulhos (SP) possui 500 vagas de

que as concessionárias forneçam viaturas e equipamentos para as polícias rodoviárias. Para o coronel So u za, a parceria entre o poder público e a inic i a t i va privada tem produzido bons resultados, embora as estatíst i cas detectem um ligeiro aumento no número de assaltos de ca rga. So b re os roubos registrados em 2007 e aponta d os pela pesq u i sa Fetces p/Setces p, So u za pondera que houve uma mudança no perfil dos crimes. Segundo ele, 81% das ocorrências são de assa ltos cujo valor não ultrapassa R$ 30 mil. “Esses números reforçam a

tese de que os caminhões não são alvos fáceis nas estradas.” A pre o cupação com a segurança acaba elevando o preço do transporte. O diretor da DVA Express, Donizete Patriane, informa que investe 13% de seu fa tu ramento bruto em equipamentos e serviços de segurança. “Acho que investir 13% do faturamento em segurança prejudica qualquer empresa. Só que não há alternativa”, diz Patriane, apontando que os maiores gastos se concentram em ra st rea m e n to e monitoramento dos caminhões. “Graças aos nossos investimentos, o número de


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TELEFONES Polícia Rodoviária Estadual: (11) 3327 2727 Concessionárias AutoBAn: 0800 055 5550 Auto Vias: 0800 707 9000 Centrovias: 0800 17 8998 Ecovias: 0800 19 7878 Intervias: 0800 707 1414 NovaDutra: 0800 017 3536 Renovias: 0800 055 9696 Colinas: 0800 703 5080 SPVias: 0800 703 5030 Tebe: 0800 55 1167 Triângulo do Sol: 0800 701 1609 Via Norte: 0800 701 3070 Via Oeste: 0800 701 5555 Unidades do Sest/Senat (SP)

estacionamento com câmeras 24 horas

assaltos em rodovia diminuiu, entretanto, a hora da carga e desca rga segue sendo um problema.” Os seguidos roubos terminam com algumas modalidades de negócios. O proprietário da Profissional Logística, Nicola Frederich, optou em não transportar medicamentos. Para ele, alguns tipos de carga são bastante visados pelos bandidos e “fugir deles” acaba sendo garantia de economia. Por isso, o empresário prefere manter sua empresa como familiar e seguir “pequeno”. “Para ampliar a frota da transportadora é fundamental trabalhar com cargas muito cobi-

Agudos – Posto Garbrás: (14) 2362 2425 Cubatão - Posto Markon: (13) 3367 1705 Guarulhos – Posto Sakamoto 2: (11) 6431 1347 Limeira – Posto Castelo: (19) 3451 1004 Marilia – Posto Gigantão: (14) 3425 3923 Matão – Posto Cambuí (16): 3304 8260 Nova Alexandria – Posto Alexandria: (18) 3349 7250 Regente Feijó – Posto Espigão: (18) 3244 1125 Paulínia – Terminal Cargas Perigosas Paulicentro: (19) 3874 4931 Registro – Posto Petropen: (13) 3856 1607 Santa Cruz do Rio Pardo – Posto Cruzadão: (14) 3372 4829 São Paulo – Fernão Dias: (11) 6983 2232

N Ú M E ROS DO CRIME De janeiro a sete m b ro de 20 07 RODOVIA OCORRÊNCIAS S P -330 (A n h a n g u e ra) 117 B R -116 (Dutra) 114 B R -116 (Régis Bi tte n court) 87 S P -280 (Ca stelo Bra n co) 57 B R -381 (Fernão Dias) 56 S P -3 48 (Ba n d e i ra n tes) 46 SP-065 (Pe d ro 1º) 25 S P - 070 (Ayrton Se n n a) 22 S P - 075 (Sa n tos Dumont) 22 S P -160 (Imigra n tes) 18 O u t ras ro d ov i a s 189

VARIAÇÃO 1 5,1 6% 1 4,77% 1 1 , 27% 7,38% 7, 25% 5,96% 3, 24% 2,85% 2,85% 2,33% 24,48% Fo n tes: Fetces p/Setcesp

çadas pelos assaltantes, como os remédios. É tanta preocupação que prefiro permanecer pequeno.” Tamanha possibilidade de roubo deixa as seguradoras em pânico. O gerente-geral da Multi Modo, G u stavo Naliato, revela que o seguro de uma carga pode represe ntar até 20% do frete. O cliente, segundo ele, fi ca assustado com o valor e opta em correr o risco. A transportadora, por sua vez, acaba obrigada a segurar a responsabilidade pela carga. “Para a maioria dos clientes, fi ca inviável repassar o custo do seguro. E o risco é cada vez mais alto”, diz.

O u t ra arma usada pelas tra n sportadoras na prevenção contra a ssa l tos é a educação dos motor i sta s. Por meio de palest ra s, os p rofissionais são orienta d os a a d otar normas de se g u rança em est rada, como não parar em locais escu ros, definir a melhor hora para as viagens e como lidar com situ a ç õ es de tensão. “Prom ove m os periodicamente palestras para educar nossos co l a b oradores”, diz Patriane. O proce d im e n to também é utilizado na Multi Modo. “Acre d i to que a prevenção é a única coisa que podem os faze r”, afirma Naliato. ●


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AVIAÇÃO VIRTUAL

MUITO ALÉM DE UMA

BRINCADEIRA SIMULADORES E GAMES DE VÔO VIRAM IMPORTANTES FERRAMENTAS PARA DESPERTAR TALENTOS E PARA A FORMAÇÃO DE PILOTOS POR

ilotar um avião, cruzar as principais rotas aéreas e ainda aprender a lidar com situações de risco é algo cada dia mais acessível. E o melhor, bastante real. Seja por meio de um game ou por um simulador, os apaixonados por aviação e profissionais do ramo usam o meio virtual para diversão e também para treinamento de pilotos. Além disso, a tela do computador começa a virar um instrumento dinâmico para despertar talentos e estimular jovens

P

PEDRO BLANK

a escolher o manche como carreira. Em virtude de os simuladores estarem muito próximos dos modelos originais, quem manuseia um software precisa ter conhecimentos mínimos do segmento para poder voar virtualmente. A troca de experiências entre os aficionados pelos ares conta com a ajuda da internet para criar fóruns e montar verdadeiras companhias aéreas na rede. Uma das maiores comunidades é a Vatsim (www.jo.eng.br), fundada há oito anos. Trata-se de um

site mundial que reúne cerca de 140 mil usuários e possui filiais em 15 países - cerca de 8% dos participantes são ligados à aviação real. Por lá, existe plano de vôo, controladores, aeroportos e, como destaca o responsável pela página no Brasil, José Olyntho, 59 anos, não é competição. Para participar do Vatsim, é necessário apenas ter instalado no computador a versão 2004 do Flight Simulator - programa desenvolvido pela Microsoft e o mais popular simulador. Outra

exigência é ser capaz de decolar e pousar um Cessna 172. Cumprido os requisitos, basta efetuar o cadastro e agir. Voando conectado à Vatsim, os pilotos enxergam aeronaves que estão próximas e as mesmas características verificadas na realidade, como pintura e velocidade. Da mesma forma, vêem paisagem, controlam temperaturas, administram as condições meteorológicas, como rajadas de vento, nevoeiro e tempestade. “Há controladores, radares e tudo o que


WWW.JO.ENG.BR

SIMULAÇÃO Aviões de transporte de passageiros pousados no aeroporto de Okecil, em Varsóvia, na Polônia, conectados à rede Vatsim

existe na aviação. Quando o piloto efetua seu cadastro, ele aceita um Código de Conduta que o obriga a respeitar seus colegas e voar com segurança”, diz Olyntho, engenheiro civil de profissão e que materializa no computador os seus sonhos de piloto. O avião virtual acaba sendo um aperitivo para a entrada do “jogador” em uma aeronave de verdade. Roberto Giannotti teve o primeiro contato com games de aviação aos 15 anos. Ficou fascinado. Atualmente, dez anos de-

“O Código de Conduta obriga o piloto a respeitar seus colegas e voar com segurança” JOSÉ OLYNTHO, ENGENHEIRO CIVIL

pois, mantém o hábito de voar virtualmente na Pstair (www.pstair.com.br), página que reproduz exatamente o ambiente de uma companhia aérea, com venda de passagem e até diretoria. Mas o hobby virou obrigação. Ele é piloto privado e está concluindo o curso de piloto comercial. Na Pstair, porém, já está mais do que familiarizado com os comandos dos Boeing 757 e 767, que pretende controlar em breve. Giannotti revela que se tornou piloto graças aos games. Pelo

joystick, comandou aviões de guerra, helicópteros e planadores. A cada novo game, ia estudando manuais, melhorando a técnica de pilotagem até descobrir que gostaria de fazer da brincadeira o seu ganha-pão. “Tive contato com games aos 15 anos e sou piloto totalmente influenciado pelos simuladores”, afirma Giannotti, lembrando que não pretende abandonar a Pstair, classificada como uma VA (Virtual Airline) e que só aceita membros que conheçam a simulação. Antes


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RIGOR

Anac fiscaliza simuladores Atenta à qualidade da formação dos pilotos brasileiros, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) fiscaliza com rigor a condição dos simuladores usados como ferramenta de ensino para os futuros comandantes. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, os simuladores profissionais são parte obrigatória na grade curricular. Ainda segundo a assessoria da Anac, as companhias aéreas comerciais que não p ossuem simuladores para um d eterminado modelo de av i ã o, são obrigadas a enviar os pilotos para centros como os Estad os Unidos e a França. “O simulador é fundamental para o p i l oto antes de ele assumir um av i ã o”, diz a assessoria da Anac à re p o rtagem. Para que o simulador se j a considerado adequado para fins acadêmicos, a Anac informa que pre c i sa vistoriar o e q u i p a m e n to. Ca so cu m p ra as exigências, a agência homologa o “avião virtual”. Do contrário, a máquina pode ser encarada apenas como recreação para os amantes da aviação virtu a l .

Ex-agente de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, o comandante a p osentado Célio Eugênio avalia que o simulador “profiss i onal” exerce um papel decisivo no aprendizado do piloto, afinal, é a chance de o aluno se ntir o que é guiar um avião a 900 km por hora e ter uma pane ou perder uma turbina. “Em sã consciência, ninguém vai co l o car um Airbus ou um Boeing no céu e simular uma pane. O risco é enorme e o custo idem. Agora, com umas sessões no simulador você pode treinar vários problemas com o mesmo grau de realismo verificado em uma cabine”, diz Célio Eugênio, ex-piloto da Transbrasil e da Varig. Mas, antes de entrar no simulador, ele alerta que é imprescindível o aluno receber um treinamento teórico para conhecer todo o sistema do e q u i p a m e n to que terá em m ã os. “Não adianta pular etapas. Como o realismo é gra nd e, o domínio de todos os sistemas de um avião pre c i sa ser total, pois o simulador irá cobrar isso”, afirma.

P I LOTO ON-LINE Ae ro n aves

de “entrar no clube”, o candidato tem de fazer uma prova e pode ser reprovado. “Às vezes, damos bomba e a pessoa refaz o teste”, diz Giannotti. Hoje, a Pstair co n ta com cem pilotos cadastrados. O simulador ganha um tom mais sério quando o assunto é aprendizado. Na formação do pil oto, as horas de vôo virtuais exercem um peso grande. Antes de um novo modelo ser lançado, por exemplo, o comandante e o co-piloto já acumulam horas de experiência em simulação. Recentemente, a Airbus lançou o seu moderno A-380. Meses antes da

“estréia” do maior modelo comercial, com capacidade para 850 passageiros, a tripulação já acumulava horas a bordo da aero n ave. “Antes de um avião sa i r de fábrica, ele tem um programa de simulação que visa o treinamento dos pilotos”, declara Hélio E st rela, administrador de empresas e pro p r i etário da BR Simulations, fabricante de simuladores que fornece equipamento para várias companhias. No caso do treinamento de pilotos, saem o joystick e o Flight Simulator de ação. Entra em cena uma reprodução idên-


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DeHavilland DHC-2 em simulação virtual conectadas na rede Vatsim

tica à de uma aeronave e a possibilidade de treinamento para situações de emergência como pane, incêndio e avarias na fuselagem. O preço também sobe co n s i d e rave l m e n te. De aco rd o com Est rela, o invest i m e n to para se ter um simulador utilizado em aeroclube e companhias aéreas varia de R$ 80 mil a R$ 300 mil, tendo o selo de homologação e qualidade da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Para efeito de comparação, o Flight Simulator, versão original para computador, custa em torno de R$ 150.

“Tive contato com games aos 15 anos e sou piloto totalmente influenciado pelos simuladores” ROBERTO GIANNOTTI, PILOTO

A Edapa, escola de aviação que fi ca em Campinas (SP), mantém convênio com a TAM para preparar os futuros pilotos da e m p resa. O inst r u tor Antônio Ca r l osCruz desta ca os benef í c i os do simulador para fins pedagógicos. Segundo ele, os alunos amadure cem antes do primeiro contato com o avião. “No simulador, o aluno entra em contato com o dia-a-dia de sua futura realidade. Ele vê como é uma despressurização, pre c i sa conversar o tempo inteiro em inglês e é obrigado a co n s u l tar to d os os manuais. Quando est i ver em um avião na p r á t i ca, ele terá experimentado como tudo funciona. Nada mais será surpresa”, diz Cruz, 31 anos, que iniciou a carreira como piloto de acrobacia em 1997 e desde 2006 é instrutor. O tempo de preparação de um piloto comercial em um simulador varia de 40 a 80 horas, dependendo do desempenho do aluno, e o cu sto individual do treinamento fi ca em torno de R$ 4.000. Se o mesmo cu rso acontecesse na sede da Airbus, em Toul o u se (França), co nforme relata Cruz, o preço subiria para US$ 17 mil (ce rca de R$ 30 mil). “Há a economia no cu rso, afinal, voar em simulador é muito mais barato que em um avião de verdade. Sem falar que a tecnologia evoluiu muito e hoje reproduzimos to d os os equipamentos de um avião”, afirma. Em um simulador

assim, o inglês é a língua padrão. “Verificamos que os pilotos têm problemas com o inglês, a língua da aviação. No simulador, eles são obrigados a usar o inglês”, relata Cruz. Embora o uso de simuladores profi ssionais seja mais utilizado para treinamento e aperfeiçoamento, é possível um “aventureiro” ex p e r i m e n t á - l os. A Edapa abre ao público seu simulador do Boeing 737 NG, um dos mais modernos do Brasil. Nele, é possível saborear a se n sação - e a tensão - de alcançar 900 km/h e atingir 10 mil pés de altura (cerca de 3 km). Antes, porém, o interessa d o tem de comprovar que possui noç õ es elementares de av i a ç ã o. “Você precisa tirar o avião do chão e pousar com ele. Do nada, realmente fica complicado”, declara Cruz. Mais consolidada na área da aviação, a simulação começa a evoluir em outros tipos de transp o rte, como navegação marítima, nave g a d o res, opera d o res p o rtu á r i os e até na Fórmula 1. N este ano, o inglês Lewis Hamilton est reou na McLaren e antes de cada Grande Prêmio descobria os se g redos dos circu i tos. “Os benefícios para as atividades operacionais que a simulação possibilita são enormes, portanto, acho que o status que a aviação atingiu em termos virtuais será levado para outros meios de transporte”, diz Estrela. ●


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SEST/SENAT

CUIDADOS

COM A SAÚDE U N I DA D ES AMPLIAM ATENDIMENTOS E MELHORAM A V I DA DOS TRABALHADORES E DE SEUS FAMILIARES POR

G

IONE MARIA

a rantir a melhoria da qualidade de vida d os tra b a l h a d o res em tra n s p o rte, t ra n s p o rtadores autônomos, seus dependentes e à co m u n idade em geral é um dos objet i vos dos invest i m e n tos fe i tos pelo Sest/Senat na área de sa ú d e. Em 20 07, a inst i tu i ç ã o fechou seu balanço com mot ivos para co m e m o ra r. É que o ano foi marcado pela melhora d os se rv i ç os presta d os à po-

p u l a ç ã o. De janeiro a sete mbro deste ano, as horas de ate n d i m e n to médico tive ram um acréscimo de 13% se co mp a radas ao mesmo período do ano passado. O número de co n s u l tas também subiu em 18%. Já as horas de ate n d imento odontológico aumenta ram em 6% e o atendimento, em 10%. No ques i to educação para sa ú d e, o acrésc i m o foi de 5% . O moto r i sta Laércio Caldato u t i l i za os se rviços do Sest/Senat desde que entrou em uma

e m p resa paulista de tra n s p o rte há quatro anos. “Há muita s co i sas lá que são gratuita s. Out ras a gente paga uma ta xa mínima. Em nove m b ro eu passe i no oftalmologista e não paguei nada, se eu tivesse ido a um outro médico tinha pagado em torno de R$ 150. Pa ra nós é uma exce l e n te oportu n i d a d e” , ex p l i ca Ca l d a to. Pessoas do setor tra n s p o rtador e suas fa m ílias podem utilizar gra tu i tam e n te os ate n d i m e n tos básicos de saúde do Sest/Se n a t. Já a comunidade paga um pre ç o

mínimo, abaixo das ta xas de m e rca d o. As unidades da inst itu i ç ã o, espalhadas por todo o Brasil, possuem clínica gera l , pediatria, oftalmologia, ginecologia, ca rdiologia e medicina do tra b a l h o. Re ce n te m e n te, o ajudante de moto r i sta José Paulo de Pina tomou co n h e c i m e n to da a ss i stência na área de sa ú d e da unidade de Ara ç a tuba (S P ) , por meio da empresa em que trabalha. “Já há uns seis meses que eu co m e cei a usa r. Já fui ao dentista e ao clínico gera l .


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FOTOS SEST/SENAT/DIVULGAÇÃO

PROCURA A clínica médica é a que mais presta atendimento

VISÃO Paciente recebe tratamento oftalmológico em unidade do Sest/Senat

O ate n d i m e n to é muito bom. A n tes eu ia ao posto de sa ú d e. O ate n d i m e n to do Sest/Senat é o u t ro”, diz Pina. Este ano, 278,5 mil usuários re ce b e ra m a te n d i m e n to médico das unidades do Sest/Se n a t. Dos ate ndidos, a maioria foi co m p osta de tra b a l h a d o res em tra n s p o rte e outra parte de pessoas da comunidade e de outros se gm e n tos. As unidades do Sest/Senat ate n d e ram 550 mil p essoas na ass i stência odonto l ó g i ca, sendo a maior parte t ra b a l h a d o res em tra n s p o rte e

uma outra parcela de outros se g m e n tos. A dona-de-casa Delba Crist ina Malagoli vai aos dentistas do Sest/Senat em Co n tagem (MG) há aproximadamente dez anos. “Utilizo a odontologia de lá desde que eu me ca sei. Meu marido é ta x i sta e eu sou dependente dele. Meus dois filhos também utilizam o se rv i ç o. Eu acho exce l e n te, não tenho nada a rec l a m a r”, co n ta a dona-de-ca sa. Ela ex p l i ca que não paga nada p e l os tra ta m e n tos básicos, apenas quando surge a necess i d a-

PREVENÇÃO Uma boa orientação ajuda a combater doenças

de de algo mais es p e c í fi co. “Quando é necessário colocar uma peça ou fa zer um tra tam e n to de canal é pre c i so pagar uma ta xa, mas que é bem menor que o dentista normal. Compensa demais”, diz. Os ate n d i m e n tos médicos da inst i tuição possuem um car á ter ambulatorial, apenas de consultas clínica s, pequenos cu ra t i vos e pro ce d i m e n tos. A m a n u tenção das es p e c i a l i d ades visa suprir as carências locais da rede pública de sa úde e ofe re ce r, ao trabalhador

do setor e aos dependentes, a te n d i m e n tos nas doenças hab i tu a i s. Na odontologia, os p rofi ssionais vão além da ação cu ra t i va, atuando fo rte m e n te em medidas preve n t i va s. O t rabalhador autônomo do setor de tra n s p o rte da re g i ã o metro p o l i tana de Belo Horizo nte Célio de Ba rce l os faz co n s u lta com dentistas do Sest/Se n a t há dois anos. “Eu fui, achei muito bom e estou lá até hoje. É bom e bara to. Meus fi l h os e minha mulher são meus depend e n tes”, diz Ba rcelos. ●


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FERROVIA

A VEZ DOS PASSAGEIROS GOVERNO FEDERAL LANÇA PROJETOS PARA A IMPLANTAÇÃO DE 14 TRENS REGIONAIS POR

D

espedidas, abraços e a ce n os. Esta ç õ es cheias de gente à espera do trem. A cena já não é vista com freqüência desde o início da década de 60. Em 1996, a privatização das ferrovias priorizou as cargas e pôs fim ao transporte ferroviário de passageiros. Hoje, em meio ao caos aéreo e às deficiências das estradas, o Ministério dos Transportes já pensa em ampliar o t ra n s p o rte ferroviário e te m projetos para 14 trens regionais. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) liberou R$ 1,5 bilhão. Mas a

TRILHOS CARIOCAS

QUEILA ARIADNE

solução não é tão simples, pois há dúvidas sobre o retorno do investimento. Enquanto historiadores e alguns consultores em logística defendem a construção ou reativação de linhas ferroviárias de passageiros, outros especialistas e empresários do mercado rodoviário alegam que não haverá demanda suficiente para justificar o investimento. Polêmicas à parte, o Ministério dos Transportes está apostando na colaboração da iniciativa privada para implantar trens de integração regional e interestadual. Segundo Afonso Carneiro, di-

retor do Departamento de Relações Institucionais da Secretaria de Po l í t i ca Nacional de Tra n s p o rte do Ministério dos Transportes, a primeira etapa já foi feita: o BNDES encomendou um estudo ao Coppe (Instituto Alberto Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), para selecionar linhas ferroviárias de interesse econômico e social. O próximo passo é realizar um estudo de viabilidade para a implantação dessas linhas. Carneiro anuncia que, até o fim de dezembro de 2007, essa

segunda etapa será iniciada para pelo menos quatro dos 14 projetos de trens regionais. “Vamos priorizar os Estados que têm apenas um projeto, que são Bahia, Paraná, Sergipe e Pernambuco”, afirma. O levantamento vai definir a demanda de passageiros para cada trecho e quantas viagens terão que ser feitas. A partir daí, explica Carneiro, serão determinados a quantidade de material rodante, as melhorias necessárias nas estações atendidas e o valor do bilhete para o investimento ser vantajoso. “Para ser interessante, terá que ser um


SUPERVIA/DIVULGAÇÃO

Movimentação de passa g e i ros na estação Ce n t ral do Brasil, administ rada pela concessionária Su p e rvia

“Vamos priorizar a indústria nacional para a compra dos equipamentos para as linhas ferroviárias” AFONSO CA R N E I RO, DIRETOR DO MINISTÉRIO D OS TRANSPORT ES

preço semelhante ao das passagens de ônibus”, diz ele. Depois de tudo definido, será possível projetar o orçamento e estabelecer quem assumirá o compromisso. De aco rdo co m Carneiro, existem três modelos de investimento. “Ou será feito totalmente pela iniciativa privada, ou por meio de uma PPP ( Pa rceria Público-Priva d a) ou por um consórcio público com município, Estado e União, como os convênios que já existem no Brasil para a construção de hospitais, por exemplo.” Os primeiros estudos serão para os seguintes trechos: Lon-

drina-Maringá, no Paraná, Recife - Caruaru, em Pe r n a m b u co, Conceição da Feira-Salvador/Lagoinhas, na Bahia, e São Cristóvão-A ra ca j u - L a ra n j e i ra s, em Sergipe. Em 2008, afirma Carn e i ro, começarão os estu d os para os demais trens regionais para os quais o BNDES já aprovou os recursos (veja quadro). A proposta é que esses trens funcionem com velocidade de 80 a 100 km/h, movidos a diesel ou biodiesel. “Vamos priorizar a indústria nacional para a compra dos equipamentos necessários para as melhorias nas linhas ferroviárias”, diz Carneiro,

lembrando que a meta é provar que há demanda para trens de passageiros e, assim, desafogar o tráfego rodoviário. De acordo com Paulo Henrique do Nascimento, coordenador da Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Púb l i co) Associação Amigos do Trem, as concessionárias deixaram de investir em transporte de passa g e i ros e prioriza ra m somente o de cargas, que tem uma lucratividade maior, alegando que não há volume suficiente de passageiros. No entanto, para Nascimento, esses projetos do Ministério d os Tra n s p o rtes e do BNDES comprovam a existência da demanda. “Os projetos foram feitos a partir de consultas nas prefeituras e com a população, que demonst rou inte resse. É preciso pensar no bem-estar social da população, que só tem a ganhar com as ligações intermunicipais, principalmente diante dessa crise da aviação e do transporte rodoviário. Cabe ao governo oferecer vantagens aos empreendedores, pois qualquer concessão tem subsídio do governo e, se há subsídio, fica mais fácil ter retorno”, afirma Nascimento. Na opinião de Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF (Associação Nacional dos Tra n s-


TRANSPORTE DE CARGA

P rodutividade cresce 74% Uma em cada quatro ca rgas transportadas pelo Brasil vai de trem. Segundo dados da ANTF, as ferrovias são responsáveis por 25% do transporte de cargas nacional enquanto a participação das rodovias é de 61%. A iniciativa privada vem lutando para aumentar a produtividade, que cresceu 74% nos últimos dez anos. Segundo Rodrigo Vilaça, direto rexecutivo da ANTF, o incremento foi movido por invest imentos da ordem de R$ 15,3 bilhões, uma média de mais de R$ 1 bilhão por ano. E sses investimentos cruzaram a cu rva do crescimento após a privatização. Em 1997, o valor aplicado foi de R$ 252,9 milhões. Para este ano, a previsão é de R$ 3,51 bilhões, 58% a mais do que o volume aplicado no ano passado e 527% maior do que o montante investido no primeiro ano após a desestatização da malha fe rroviária nacional. Quando a iniciativa privada

assumiu a maioria das operações em 1997 - de responsa b ilidade da estatal RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.) até então - as ferrovias contavam com 43.796 vagões para as operações, sendo que 42% estavam sucatea d os. Das 1.144 loco m ot i vas em atividade na é p o ca, 30% aprese n tavam péssimo estado de co n se rvação. Em dez anos, as concessionárias praticamente dobraram a frota de material rodante em operação, que hoje co nta com 81.642 vagões e 2.227 locomotivas. Apesar do crescimento, as co n cessionárias se pre o cupam com a continuidade que, de acordo com Vilaça, depende também de re cu rsos do gove r n o. “Se a contrapartida da União continuar reduzida, a produção do setor poderá parar de crescer entre 2010 e 2012, comprometendo a eficiência da infra-estrutura logíst i ca e o desenvolvimento econômico do país”, diz.

EVOLUÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGA Ano 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007***

Milhões de toneladas* 252 ,9 258,5 255 286,8 289,9 314,7 33 4,7 367 391 ,9 404 440

Investimento (milhões de R$)** 560 49 9 583 673 824 724 1.124 1.96 6 3.158 2.222 3.512

* Crescimento de 1997 a 2007: 74% ** Crescimento de 1997 a 2007:527% *** Previsão Fonte: ANTF

D E M A N DA A Est rada de Fe r ro Vi toria-Minas está em

portadores Ferroviários), usar a c r i se aérea e a precariedade das estradas para trazer à tona a discussão do transporte ferroviário de passageiros é inadequado. “Quem defende essa justificativa se esquece que o sistema existente hoje não permite velocidade, que a malha ferroviária brasileira tem 12,4 mil passagens de nível e que, porta n to, investir no tra n s p o rte ferroviário regional ou interestadual, salvo algumas situações, não é economicamente viável, tanto que até hoje não apareceu ninguém interessado em investir”, afirma Vilaça. Segundo o dirigente da ANTF,

o transporte de passageiros é viável apenas se for pensado para as novas linhas ferroviárias que serão construídas no Brasil, como a Transnordestina, a Ferronorte e a Norte Sul. “Não dá para pensar em colocar passageiros na malha atual, que tem velocidade baixa e vai trazer interferências para a população”, diz. Na avaliação de Fábio Ba rbosa, co n s u l tor de turismo fe rrov i á r i o, a demanda de passag e i ros ex i ste e só caiu devido à fa l ta de invest i m e n tos do governo que, depois da priva t i zação da malha fe r roviária, em 1 9 96, não incluiu o tra n s p o rte


TRENS TURÍSTICOS PEDRO VILELA

o p e ração desde 1903 e tra n s p o rta por ano 1,2 milhão de passa g e i ros

de passa g e i ros na regulamentação das co n cess õ es, que foram apenas para as ca rg a s. Segundo ele, se houvesse invest im e n to na malha, haveria passa g e i ros para viajar e, co n seq ü e n te m e n te, apare ceriam inte ressa d os em invest i r. De acordo com Barbosa, a linha Vitória-Minas, mantida pela Companhia Vale do Rio Doce, é a prova de que é viável manter um trem de passageiros, não só pelo lucro, mas pelos benefícios sociais. O trem da EFVM (Estrada de Ferro Vitória-Minas) está em operação desde 1903. Por ano, transporta 1,2 milhão de passageiros.

De Belo Horizonte a Vitória, o trem passa por 30 estações ou paradas, num percurso de 664 km, que leva em média 13 horas, quatro a mais do que a viagem de ônibus. Os preços das passagens de Belo Horizonte-Vitória são R$ 39 (classe econômica) e R$ 60 (executiva), e Vitória-Belo Horizonte, R$ 37 (econômica) e R$ 56 (executiva). “O trem de passageiros é um negócio que se mantém e tem foco social, voltado ao atendimento das comunidades por onde passa”, diz Luiz Cassa, gerente do trem de passageiros da EFVM. O diretor da Abottc (A ssociação Brasileira dos Operado-

Garantia de passeio agradável O chacoalhar da Maria Fumaça, os sons característicos do trem e as atrações culturais no meio do caminho fazem de uma viagem de trem um verdadeiro mergulho na h i stória. Seja entre cidades hist ó r i cas como São João del Rei e Tiradentes (Minas Gerais), seja na agitação do forró em Recife, ou entre cidadespólo como Campinas e Jaguariúna (São Paulo), os trens turísticos garantem um agradável passeio. Segundo a Abottc (Associação Brasileira de Operadores de Trens Turísticos Cu l turais), cerca de 20 trens desse tipo estão em operação no país. De acordo com Geraldo Godoy, diretor da Abottc e relações públicas da ABPF (Associação Brasileira Prese rvação Fe r rov i á r i a), manter esses trens em funcionamento é um desa fi o. “Há 30 anos a ABPF vem fazendo isso, sem nenhuma ajuda do governo”, afirma ele, lembrando que, além dos trens, ainda são mantidos oito m u seus ferroviários. Segundo Godoy, se dependesse apenas da arrecadação das passagens, “seria muito difícil custear as operações”. Para ajudar, a ABPF conta com apoio de empresas privadas. “Outro fator fundamental para garantir a manutenção é a col a b o ração dos funcionários, praticamente 90% deles são voluntários. Nenhum diretor da ABPF recebe salário, por exemplo.” O Trem do Corcovado, no Rio de Janeiro, é um dos mais importantes do Brasil. Foi o primeiro a ter uma estrada de fer-

ro elétrica. Todos os anos, ele leva mais de 600 mil pessoas ao Cristo Redentor, o passeio turístico mais antigo do país. Quem viaja no Trem das Águas, por exemplo, além de conhecer uma antiga ferrovia projetada e construída pelos i n g l eses há 115 anos, ainda pode trilhar pelo legendário caminho de ferro percorrido por D. Pedro 2º. São 10 km de pura história, entre São Lourenço e Soledade de Minas (sul de Minas Gerais), com direito a ouvir os ruídos provoca d os pela expulsão do vapor de uma Maria Fumaça original, construída em 1925 pelos ingleses.

OS PRINCIPAIS TRENS TURÍSTICOS DO BRASIL • Corcovado (RJ) • Campinas-Jaguariúna (SP) • São João del Rei-Tiradentes (Estrada de Ferro Oeste de Minas) • Trem do Forró (Recife, PE) • Estrada de Ferro Campos do Jordão (SP) • Maria Fumaça Sesc Mineiro • Grussaí (São João da Barra, RJ) • Serra Verde Express (Curitiba, PR) • Trem da Serra do Mar (Rio Negrinho, SC ) • Trem da Serra da Mantiqueira (Pa ssa Quatro, MG) • Trem das Águas (São Lourenço, MG) • Trem das Termas (Pirituba, SC) • Trem do Contestado (Piratuba e Po rto União, SC) • Trem do Vinho (Bento Gonçalves, RS) • Trem dos Imigrantes (SP) • Trem Estrada Real (Paraíba do Sul, RJ) * Para informações sobre horários, pre ç os das passagens e tra j etos, acesse os sites da Abottc (www. a b ottc.com.br) e ABPF (www. a b pf.org . b r)


PROJETOS DE TRENS DE PASSAGEIROS CPTM/DIVULGAÇÃO

Confi ra a lista das linhas aprovadas pelo BNDES Primeira etapa • Paraná Londrina-Maringá • Pernambuco Recife-Caruaru • Bahia Conceição da Feira-SalvadorLagoinhas • Sergipe São Cristóvão-Aracaju-Laranjeiras Segunda etapa • São Paulo Campinas-Araraquara São Paulo-Itapetininga • Minas Gerais Belo Horizonte-Ouro P reto-Conselheiro Lafa i ete Bo caiúva-Janaúba • Rio de Janeiro Niterói-Itaboraí Rio Ca m p os-Macaé • Rio Grande do Sul Be n to Gonçalves- Caxias do Sul Pe l otas-Rio Grande I tajaí-Rio do Sul (SC ) • Nordeste Codó (MA)-Teresina (PI) Fonte: Abottc

res de Trens Tu r í st i cos Cu l tura i s), Geraldo Godoy, que ta mbém é re l a ç õ es públicas da ABPF (A ssociação Brasileira de P reservação Fe r rov i á r i a), afi rma que a demanda está diretamente relacionada a um se rv iço de qualidade. Ele lembra que, até a década de 60, os trens de passa g e i ros funcionavam muito bem e tra n s p o rtavam até 12 vezes mais a ca p a c idade de um ônibus. “Depois as viagens começaram a atra sar e os passa g e i ros des i stiram de viajar de tre m”, diz. Só as linhas operadas pela Fe p a sa (Ferrovia Pa u l i sta) em São Paulo tinham 150 trens por dia, transportando cerca de 84 mil pesso a s. “Cada vagão de passageiro de um trem tem capacidade média para levar 80

LOTADO Movimentação é inte n sa to d os os dias na Estação da Luz, na ca p i tal paulista

pessoas, o dobro de um ônibus. Um trem com sete carros é capaz de tirar 14 ônibus das ruas, o que é importante para aliviar o tráfego rodoviário”, diz Godoy. O problema, afirma ele, não é que a malha do Brasil seja pequena, mas é que o governo não investe nas melhorias. “Se o governo não investe, as concessionárias também não querem investir”, diz Godoy, enfatizando a necessidade de garantir subsídios para atrair investidores. Pa ra o pres i d e n te da Abra t i (A ssociação Bra s i l e i ra das Empresas de Tra n s p o rte Te r rest re de Pa ssageiros), Sérgio Au g u sto de Almeida, seriam necess á r i os subs í d i os não só na instalação das re d es, como na sua opera ç ã o. “Só para lembrar, o transporte ro d ov i á r i o

não goza de nenhum benefício fi scal ou tributário para sua o p e ração e mesmo assim ofere ce uma das melhores re l aç õ es cu sto/benefício do mundo na área”, diz Almeida. Se co m p a ra d os os invest imentos necess á r i os por lugar ofe rtado no tra n s p o rte fe r roviário aos invest i m e n tos por lugar ofe rtado no transporte ro d ov i á r i o, “o ro d oviário se mp re demonst ra um melhor cu sto/benef í c i o, razão basta n te p a ra a opção ro d oviária em benefício da sociedade co n s umidora bra s i l e i ra”, diz o pres id e n te da Abra t i . Na avaliação de Célio Jos é Losnak, professor de hist ó r i a do Brasil da Faculdade de Arq u i tetu ra Artes e Co m u n i cação da Unesp (Universidade

Estadual de São Paulo), a preferência do governo pelas rod ovias é um ca so antigo. A explicação é o cu sto do investim e n to, que é infe r i o r. Losnak ex p l i ca que o fi m do transporte fe r roviário de p a ssa g e i ros começou no governo de Getúlio Va rgas e cu lminou no período de Jusce l ino Ku b i tschek. “A partir dos anos 30, investir em ro d ov i a já era mais interessa n te. Nos anos 50, com a chegada das multinacionais e o lobby para expansão do mercado automot i vo, isso foi co nfi r m a d o. E se na virada do século 20 a fe r rovia era sinônimo de desenvo l v i m e n to, nos anos 50 as estradas passa ram a se r símbolo de moderniza ç ã o” , diz o historiador. ●


MODAL RO D OVIÁRIO DE CA RGAS julho a outubro - 2007 (milhares de toneladas)

ESTATÍSTICAS

MÊS

INDUSTRIAL

OUTRAS CARGAS

TOTAL

Julho Ag osto Sete m b ro O u tu b ro

46.963,60 / 49. 598 ,17 / 5, 61 % 5 0.383,40 / 1,58% 53. 857,03 / 6,89 %

52 .9 0 9,03 / 52 .1 5 0,64 / -1,43% 45.1 0 4,42 / -1 3, 51% 45.587,44 / 1,07%

9 9. 872 , 63 / 1 0 1 .748,81 / 1,88% 95.487,82 / -6,1 5% 9 9.4 4 4,47 / 4,1 4%

Fonte: Idet/CNT-Fipe

CRESCIMENTO

EXPRESSIVO T RA N S P O RTE RO D OVIÁRIO DE CARGAS REGIST RA ALTA DE 4,14% EM OUTUBRO

O

transporte rodoviário de ca rgas por terce i ros apresentou em outu b ro aumento de 4,1 4% na movimentação mensal. Contribuiu para esse aumento o cresc i m e n to co n stante da mov i m e n tação de produtos industriais. A tonelagem transportada de outros produtos aprese n tou aumento de 1,07% na mov i m e n tação de outu b ro. Os desta q u es são as segundas sa f ras de milho e trigo, principais lavouras cultivadas no inverno. A tonelagem industrial aprese n tou o maior cresc i m e n to (6,89%). No ano, o transporte ferroviário de ca rgas acumula 31 3,50 milhões de toneladasúteis (TU) e 169,11 bilhões de TKU. Quanto ao volume mensal de cargas transportado pelo modo ferroviário em setembro de 2007, a TU e a TKU alca n ç a ram 36,68 milhões de toneladas e 19, 83 bilhões respectivamente, apresentando quedas em re l ação a agosto de 4,33% e 4, 6 4%. Os dados da malha norte da ferrovia ALL ainda não foram disponibiliza d os pela empresa. Co m isso, as estatíst i cas do último mês info rmado por essa empresa, julho de 2007, continuam sendo inseridas para que as variações tenham co n s i stência. O modo aquaviário apresentou queda de 3,23% na movimentação mensal de

cargas em setembro de 2007. Apesar do resultado geral, os portos de Santos (SP), Vila do Conde (PA), Porto Alegre (RS) e os portos baianos tiveram bons desempenhos no mês. Em outu b ro de 20 07, o transporte ro d oviário de passageiros aprese n to u aumento no total de usuários tra n sporta d os da ordem de 4,11% no inte rmunicipal e 2,81% no inte restadual. O se g m e n to intermunicipal acumula aum e n to no ano de 0, 65%. O modo aeroviário de passa g e i ros c resceu 12,64% na mov i m e n tação mensa l , e n q u a n too acumulado no ano é de alta de 1 0, 58%, o que indica que o setor retomou seu cresc i m e n to em outu b ro. O Idet CNT/Fipe-USP é um indicador m e n sal do nível de atividade eco n ô m i ca do setor de transporte no Brasil. As inform a ç õ es do índice revelam, em números a bso l u tos, tonelagem, tonelagem-quilôm et ro, passa g e i ros, passageiros-quilômet ro e quilomet ragem rodada para os vár i os modais de ca rga e passa g e i ros. 

Para esc l a recimentos e/ou para download das tabelas do Idet, acesse www.cnt.org.br ou www.fi p e.com.br

MODAL RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS TIPO

USUÁRIOS TRANSPORTADOS

Intermunicipal Interestadual

50.909.203 5.593.076

- OUTUBRO/07 4,11% 2,81%

Fonte: Idet/CNT-Fipe

MODAL AEROVIÁRIO DE PASSAGEIROS MÊS

USUÁRIOS TRANSPORTADOS

Jul/07 Ago/07 Set/07 Out/07

3.549.763 3.1 8 6 .1 89 3.405.551 3.836.160

-10,24% 6,88% 12,64%

Fonte: Idet/CNT-Fipe

MODAL FERROVIÁRIO DE CA RGAS (milhares de toneladas) MÊS

VOLUME TRANSPORTADO

Jun/07* Jul/07* Ago/07* Set/07*

35.428,02 36.887,30 38.348,12 36.687,48

-1,69% 4,12% 3,96% -4,33%

*não foi considerada a malha norte da ALL, antiga Brasil Ferrovias

Fonte: Idet/CNT-Fipe

MODAL AQUAVIÁRIO DE CA RGAS MÊS

VOLUME TRANSPORTADO

M a i /07 Jun/07 Jul/07 Ago/07 Set/07 Fonte: Idet/CNT-Fipe

37. 632 , 2 1 40.674,20 44.666,14 45.515,76 37.154,18

- 0,77% 8,08% 9,81% 1,90% -3,23%


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"A GRANDE DIFICU L DADE SERÁ NA INSTALAÇÃO DE NÚMERO SUFICIENTE DE ANTENAS PARA COBRIR O TERRITÓRIO NACIONAL" DEBATE

O CHIP PA RA AUTOMÓVEIS É INVAS I VO?

Mais um ônus entre ta n tos impostos e taxas existentes DIOGENES CORTIJO COSTA

Co n t ran (Conselho Nacional de Trânsito) publicou em 13/11/06 a resolução nº 212, que dispõe sobre o Siniav (Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos) com utilização de radiofreqüência, cu j a s ca ra c te r í st i cas estão especificadas no Anexo II dessa resol u ç ã o. O sistema tem como objetivo dotar os órg ã os exe cut i vos de trânsito de fe r ra m e nta que propicie o planejamento, a fisca l i zação e a gestão da frota de veículos, e ta mbém coibir furtos e ro u b os de ve í culos de ca rg a s. Tal iniciativa é um fator importante no controle veicular, pois estabelece que em todos os ve ículos seja instalado um chip - placa eletrônica, que co n tará com um número serial, chassi, placa e código Renavam. Os dados da placa eletrônica serão captados por antenas de radiofreqüência quando da passagem do veículo por elas e transmitidos para centrais de controle e gestão do sistema que farão a verificação da regularidade do veículo quanto à docu-

O

DIOGENES CO RTIJO COSTA Engenheiro, professor doutor do Departamento de Transportes da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp

mentação e se o mesmo foi furtado ou roubado. Do ponto de vista da gestão do trânsito em grandes centros, como é o caso de São Paulo, tem-se um ótimo mecanismo de fiscalização do rodízio, retirada de circulação de veículos em mau estado de conservação e outras irregularidades existentes, mas no meu entender a grande dificuldade será na instalação de número suficiente de antenas para cobrir todo o território nacional; est i m a - se que somente na cidade de São Paulo serão necessárias mais de 3.000 antenas em locais seguros e est ra t é g i cos para esse fim. Outro ponto discu t í vel são as es p e c i fi ca ç õ es técnicas de l e i tu ra e esc r i ta das info r m aç õ es da “placa elet r ô n i ca” co nforme estabelece o anexo II, pois apesar da evolução te c n ológica, inúmeras falhas poderão ocorrer no início da implantação do siste m a . Paralelamente, através da resolução nº 245 de 27/7/07, o Co ntran esta b e l e ce o prazo de 24 m eses para a instalação de ou-

t ro equipamento antifurto, com s i stema de bloqueio e ra st reamento, como o AVL (Automatic Vehicle Lo cation) em veículos nacionais e estrangeiros, ca b e nd o, no enta n to, a habilita ç ã o (com cu stos) ao pro p r i etário do veículo. Deve - se ressa l tar que, a p esar de cumprir o mesmo papel no combate a furtos e ro ub os, esse dispos i t i vo pode se r considerado mais efi caz na coerção do crime organiza d o, com empresas privadas já exe rcendo essa atividade junto a t ra n s p o rtadoras e se g u radoras. O cu sto para implanta ç ã o d esse sistema para o poder púb l i co provavelmente é menor, pois não necess i taria de um número elevado de antenas, em compensação a antena GPS de ra st reamento de satélites de posição, que deve ser instalada em cada veículo, tem um cu sto mais e l evado. Atente - se para o fa to de que os cu stos de ambos os s i stemas serão necessa r i a m e nte abso rv i d os pelo cidadão, o que não deixa de ser mais um ônus dentre outros tantos imp ostos e ta xa s.


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“A TECNOLOGIA A SER ADOTADA AINDA CARECE DE ESTUDOS, EM ESPECIAL, OS VOLTADOS À SEGURANÇA E SIGILO DOS DADOS”

Projeto que propicia um salto tecnológico e não tem similar MAURO MAZZAMATI

B

a s i ca m e n te o Sistema Nacional de Identifi cação de Veí cu l os - co n h e c i d o por Siniav - é co m p osto por p l a cas eletrônicas instaladas n os ve í cu l os, antenas de leitu ra de sinais emitidos por ra d i of reqüência e ce n t ra i s de pro cessa m e n to dos dados e m i t i d os. Um veículo com a placa e l et r ô n i ca, ao passar por uma antena, re co n h e c i d a como perte n ce n te ao Siniav, estabelece uma comunicação entre ambas quando se re g i st ra a passagem daquele veícu l o. Os re g i st ros dos ve í culos são estatíst i cos e deve r ã o ser armaze n a d os por cu rtos p e r í o d os de te m p o. Os ve í cu l os que aprese nta rem algum tipo de irre g ul a r i d a d e, seja do ponto de v i sta de inf ra ç õ es de trânsito, regularidade fi scal (lice nc i a m e n to, IPVA, multa s) ou m esmo veícu l os furta d os ou ro u b a d os, poderão ser fi scal i za d os e abordados nas blit-

ze policiais com maior pre c is ã o. Em qualquer situação, os dados são sigilosos e os estu d os da tecnologia est ã o se dese nvo l vendo de forma a p ropiciar o grau de se g u ra nça necessário e dese j a d o. Os dados de passa g e m se rvem para gerar info r m aç õ es de co n tagem veicular, velocidade média nas vias, p esq u i sas de origem e dest ino necessárias ao planejam e n to, gere n c i a m e n to de t r á fego e, principalmente, p a ra implantar medidas que venham a aumentar a mobilidade das pessoas nos ce ntros urbanos, podendo até tra n sfo r m a r- se na principal fe r ra m e n ta para induzir o aumento do transporte co l et i vo em det r i m e n to do tra n sporte individual. Os re g i st ros também poderão se rvir para aplica ç õ es co m e rc i a i s, tais como gerenciamento de frotas e algum g rau de ra st rea b i l i d a d e, como meio de pagamentos, d esde que auto r i za d os pelos p ro p r i et á r i os.

A instalação da placa eletrônica nos auto m ó veis deverá ser fe i ta em locais específicos a se rem dete r m inados pelos Det rans em núm e ro e co n d i ç õ es para dar um bom ate n d i m e n to aos usuários. O sistema deverá estar em co n d i ç õ es operacionais até a metade do próximo ano. A definição da tecnologia a ser adotada ainda ca re ce de estu d os complementa res, em especial, aqueles vo l ta d os à se g u rança e sigilo das info rmações. As implica ç õ es te c n o l ó g icas têm relação direta com o custo dos equipamentos e esta m os buscando uma so l ução que tenha o melhor cu sto - b e n ef í c i o. O Sistema Nacional de Identificação de Ve í cu l os é um pro j eto que propicia um sa l to te c n o l ó g i co nas áreas de micro e l et r ô n i ca e tra n smissão de dados por radiof reqüência, não tendo pro j etos similares com sua magnitude no mundo.

MAURO MAZZAMATI Engenheiro civil, coordenador Geral de Planejamento Normativo e Estra t é g i co do Denatran

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HUMOR DUKE




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