prosa 2

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distribuição gratuita

O

com pr sa Março de 2012 - ano 1 - n˚ 2

Noel Rosa - o poeta da vila

dança cinema.avi artes visuais celton grupo espanca polivoz grupo teresa

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índice teatro 4dança 6 cinema música12 8 literatura HQ’s Espanca

Carne e Carnaval Grupo Teresa

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Noel Rosa Sem Temer a Boêmia

Cinema.AVI

Pedaço de Papel

artes visuais 30 polivoz 28 Entre as pegadas da cidade Nelson Bordello Gruta

editorial

Experimentar: v.t. Ensaiar, verificar as qualidades de, pôr à

prova:

experimentar uma ponte, a honestidade de alguém. / Conhecer por experiência, : experimentar alegria. / Sofrer, suportar: EXPERIMENTAR dificuldades.

sentir

(Fonte: dicionário Aurélio)

revista prosa produzida pelo studio v artes visuais ano 1 – n˚ 2 – março de 2012 rua desembargador jorge fontana, 80 – 8o andar tel: (31) 3658.1992 belo horizonte/mg e-mail: studiov@studiovartesvisuais.com.br diretora: letícia lima mendanha editorial: letícia lima mendanha juliana antunes arte e diagramação: tiago farias coordenação comercial: mariana silveira revisão: alcindo ribeiro impressão: paulinelli serviços gráficos

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tiragem: 5.000 exemplares


teatro

Juliana Antunes

! A C N A P ES

as s, atore s, pe sso á re o t e ir d m o c os ag ssos co-cr iat iv a roupagem ao te at ro em Be e c o r p m e o d n lh a no v Sempre t raba ore s de r ua, e le s de ram uma d comuns e mora O grupo começou assim: em 2004, a Grace, o Marcelo e eu, junto aos atores Paulo Azevedo e Samira Ávila, e as produtoras Fernanda Vidigal e Juliana Sevaybricker fundamos o Espanca! por meio de uma cena no Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto. Por Elise ganhou o festival. Não foi só ganhar! A cena foi muito bem aceita, estávamos felizes... E foi em uma época em que não era comum fazer uma cena, montar um grupo. Essa cena virou a primeira peça do grupo. Em 2005 estreamos o espetáculo em Curitiba. Neste ano apresentamos em vários estados, sempre distante daqui. O início do grupo foi esse: festivais e centros culturais fora de Belo Horizonte. Infelizmente, a cidade não tinha estrutura para sustentar um grupo com apenas um trabalho. No fim desse ano, conseguimos uma lei municipal para pagarmos quem trabalhou em Por Elise e publicamos um livro. Nossa segunda peça, Amores Surdos, foi viabilizada com o estímulo às artes, pelo Palácio das Artes. Daí, alugamos um espaço, ensaiamos por seis meses e tínhamos dois “produtos” a serem vendidos. Viajamos pelo país e para a Alemanha com essas peças. Dois anos depois, estreamos o Congresso Internacional do Medo, sem o Paulo e a Samira, no FIT - Festival Internacional de Teatro. Nesse congresso, convidamos seis atores que não eram do grupo e que estão com a gente até hoje. Em 2010 nos mudamos para São Paulo para a criação da Marcha para Zenturo em uma parceria cocriativa com o Grupo XIX de Teatro, para o Acto 1. Foi uma grande mistura entre os grupos. Pouco tempo depois, o Espanca! coordenou o processo de criação do espetáculo de formatura do curso profissionalizante de teatro do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes, junto aos alunos. Depois da notícia da aprovação do edital da Petrobrás, combinamos que a parceria do grupo seria com Beagá. Antes, dependíamos de coisas fora daqui para viabilizar o nosso

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trabalho, de convites para existir. E viemos para o hipercentro, debaixo do viaduto. Começamos a fazer projetos com a cidade. Sempre houve um desejo dos artistas do Espanca! em continuar estudando. Ao invés de nós três fazermos esse estudo, abrimos para a capital. A primeira turma tinha quinze pessoas, gente que nem ator é! Fomos abrindo para pessoas interessadas no grupo e tornou-se um ‘’intercâmbiozão’’! E tudo vai virando um grande processo de intercâmbio com a cidade. O que fazemos no Espanca! é uma preocupação nossa em abrir para públicos diferenciados, idades diferenciadas... Depois recebemos o Marginalia Lab, que é um evento de arte e tecnologia na sede do Espanca! Além disso, o festival de performance também instalou-se na Aarão Reis. Foi uma semana de evento aberto para a população. E a grande atração foram os moradores de rua, que ficaram vendo e fazendo performance, o que também é um intercâmbio com a cidade. Outro grupo que recebemos na sede foi a Cia Brasileira, para o Acto 2! . Nós convidamos outros grupos para se apresentarem na sede, dando ajuda de custo. Outro projeto para 2012 são os Núcleos de Criação. A ideia de não fazer uma oficina e sim um curso, aberto a atores e estudantes de artes são motes para uma criação que vai se dar junto. Os núcleos de 2012, ministrados na sede do Espanca!, terão os seguintes temas: treinamento em viewpoints e suzuki – coordenado por Marcelo Castro; arte e ativismo – coordenado por mim e pelo Berro; um treinamento para virar flecha – coordenado por Grace Passo. As inscrições poderão ser feitas pelo espanca.com. O último projeto que faremos nesse ano será um espetáculo dirigido pelo dramaturgo argentino Daniel Veronese. Nós trouxemos para Beagá e fizemos uma mesa redonda, aberta ao público e com convidados. Iremos para a Argentina e estreiaremos o espetáculo na nossa sede. *Gustavo Bones é diretor, ator e dramaturgo do Espanca!


Por Elise Uma Dona-de-Casa que narra histórias de seus vizinhos; um Cão que late palavras; um Lixeiro em busca de seu pai que há anos não vê; uma Mulher perdida; um funcionário que trabalha como recolhedor de cães doentes, protegido por um uniforme que faz com que ele não sinta nem quando o espancam, nem quando o amam. Por Elise é a primeira criação do Espanca! e deu base para a origem do grupo. É composta por situações que primam pela teatralidade nas revelações constantes das relações humanas, pois é no encontro entre esses personagens que se revela o universo humano de cada um. Como uma fábula sobre o comportamento do homem contemporâneo: as contradições dos sentimentos, as formas como vive medindo o quanto se envolve com as coisas, o quanto se protege delas. E nessa busca, o amor espanca os homens, docemente.

Congresso Internacional do Medo Convidados vindos de lugares distantes do mundo integram este Encontro Internacional na tentativa de conceituar algumas questões que dizem respeito à humanidade. É a partir dessas distâncias que a peça propõe o encontro das similaridades por meio das diferenças; e busca encontrar o grande tesouro do conhecimento humano na ciência ou na simples contemplação da natureza. Dentre as conclusões tiradas, está a amedrontadora constatação de que somos efêmeros e provisórios. No terceiro espetáculo do grupo, há alguns novos e outros antigos parceiros artísticos, fortalecendo vínculos criativos com pessoas admiradas. Desejo de abertura de diálogos e ampliação de possibilidades. Um Congresso com países, línguas e filósofos inventados mostra aos participantes que o medo é a véspera da coragem...

Amores Surdos Uma família dita comum convive em situações corriqueiras: toma café, briga entre si, alguém adoece… enfim, vive seus problemas cotidianos. O espetáculo fala da capacidade do homem de estar dormindo, mesmo quando acordado; porque, mesmo quando acordados, os personagens não se ouvem, não se enxergam, não se percebem, em rituais do cotidiano que conduzem à alienação e à incomunicabilidade. Tudo corre como o esperado, até que todos são obrigados a reconhecer e conviver com as consequências desse amor alimentado por todos, diariamente. Segundo trabalho do grupo, Amores Surdos é a continuação de um caminho. Dessa vez, em parceria com a diretora Rita Clemente. Esse encontro nos consolidou como grupo, nos desafia como criadores e nos posiciona como artistas. Em princípio uma história normal, afinal, todas as histórias do mundo já foram contadas.

*sinopses retiradas do site www.espanca.com

Localizado no hipercentro de Belo Horizonte, na rua Aarão Reis, o Espanca! é um grupo formado por Aline Vila Real, Grace Passô, Gustavo Bones e Marcelo Castro

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dança

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Cris Oliveira

TECNOLOGIA Arte, experimentação,

da PEL E

pesquisas interdisciplinares e a dança

Desde o surgimento da Performance Art e a Arte Conceitual, na segunda metade do século XX, artistas investigaram a experimentação artística desenvolvendo hibridismos de linguagem ao explorar a interdisciplinariedade. Influênciados por estes movimentos, os artistas de hoje desenvolvem propostas artísticas cada vez mais complexas, tanto em termos de formatos (suportes), quanto em conteúdo conceitual, onde os processos de pesquisa e criação chegam a durar vários anos. Um exemplo disso são as experiências radicais na área de arte e biotecnologia. O conhecimento que vinha pela vivência da pele é agora deslocado pela vinda da tecnologia. É difícil definir em critérios de metabolismo o que é ser vivo ou não. Os artistas ambicionam criar uma nova realidade, e propõem a interação de interfaces; misturam substâncias, matérias vivas, na busca por sentidos outros; eles vêm trabalhando de uma maneira holística e globalizada. Com relação à pesquisa e sua estrutura, esta é permeada pela formulação de hipóteses, experimentos e aplicação de determinados procedimentos. Outro ponto importante é a busca por estratégias de adaptação em face de obstáculos, ou seja, quando falamos de arte investigativa não existe um ‘ideal’ de obra, sendo esta resultado de um processo de descoberta.

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Este preceito parte do cultivo da ‘permeabilidade’ interdisciplinar, que consiste em propor o cruzamento de dados, enfatizando a importância do experimento empírico como meio de se ampliar ou multiplicar pontos de vista.

“Pensemos o processo criativo como (...) uma ação complexa e interdisciplinar que envolve os mais diversificados recursos comunicativos, os mais amplos meios materiais e as mais variadas nuances expressivas. (...) O artista age, sim, com ampla subjetividade e com tamanha objetividade. (...) A criação artística, assim, deve ser compreendida como uma multitarefa. O artista, enquanto cria, se envolve com toda sorte de conhecimento – em contínuo desafio.” (A arte e sua natureza interdisciplinar – Rizolli, Marcos) Com isso, podemos afirmar que o processo de pesquisa e criação na arte compartilha dois paradigmas da ciência – descoberta e invenção. No entanto, as duas áreas têm compromissos diferentes – a ciência com o empírico, a vida prática e objetiva; enquanto


que a arte tem seu maior compromisso com a evocação da subjetividade, o deleite dos sentidos e da imaginação. Alinhada a essas propostas, a dança contemporânea permite-se mergulhar na interdisciplinariedade, envolvendo-se com áreas como a antropologia, as artes visuais, a tecnologia, entre outras, desenvolvendo especialidades, fortalecendo a dança como campo do conhecimento. Modificamos a natureza do fazer ao ampliar conceitos sobre corpo, e formular perguntas como: o que é movimento e como ele se processa. O bailarino não é apenas reconhecido por sua habilidade e competência na execução de movimentos; ele utiliza técnicas corporais para treinamento e como ferramenta de exploração criativa nos processos de pesquisa. O objetivo é encontrar outros corpos, possibilidades de movimento e re-significações. No campo da coreografia, compreendemos que coreografar não se reduz à ação de inventar uma sequência de passos e ordená-los no tempo-espaço. A figura do coreógrafo exerce hoje a função de estimular criadores-intérpretes a desenvolver ações e pensamentos a partir do estabelecimento de regras, procedimentos e jogos compositivos que exploram a determinada temática e trabalho. Ele é, muitas vezes, o organizador e ‘coordenador’ de uma série de informações/ processos que emergem do trabalho com o bailarino. Experiências como essas visam um processo mais aberto em termos de ‘formato’ e concepção do trabalho, instaurando assim um Cris Oliveira é bailarina, pesquisadora, performer e gestora cultural. É formada em Artes Cênicas e pós-graduada em Gestão Cultural. Tem formação na área de pesquisa e composição coreográfica pela Fondation Royaumot – Paris (FR). Dançou obras de vários coreógrafos na Cia. de dança Palácio das Artes, Minas Gerais (2001-2009) onde também desenvolveu trabalhos como criadora-intérprete. Faz parte da plataforma de cooperação artística internacional ‘Interferências’, participa de residências artísticas e apresenta trabalhos autorais no Brasil e no exterior.

novo paradigma relacionado à autoria da obra. As universidades de dança no Brasil têm contribuído para formação e aperfeiçoamento de bailarinos, coreógrafos e pesquisadores da área, abrindo espaço para desenvolvimento de metodologias, e potencializando a promoção de debates, realização de fóruns e publicações, entre outras ações de suma importância para o fortalecimento e reconhecimento da classe profissional. No entanto, um assunto a se pensar é que a universidade não deve se tornar entidade legitimadora da obra de arte, nem mesmo autoridade no ditame de tendências do mercado cultural, pois assim corremos o risco de empobrecer a diversidade das propostas artísticas. O fundamental é mantermos viva a chama que move e alimenta tanto o artista quanto o cientista: a curiosidade e criatividade.

www.destilarpele.blogspot.com www.interferenciasmexico.com destilarpele@gmail.com

REFERÊNCIAS: “A arte e sua natureza interdisciplinar” -Marcos Rizolli “Anarquismo e conhecimento” -Alberto Oliva “O novo espírito científico” -Gaston Bachelar

ARTIGOS: “Le grammaire des anzymes” (A gramática das enzimas) -Jens Hauser

LISTA DE LINKS: Artista Myriam Gourfink: www.myriam-gourfink.com Artista Wim Delvoye: www.wimdelvoye.be/cloacafactory.php Fondation Royaumont: www.fondationroyaumont.com Prix Ars Eletronika: www.aec.at/news

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cinema

Nathalia Pires

CINEMA.AVI Sobre novas mídias e o cinema Softwares gratuitos, produções independentes, fácil e ilimitado acesso a conteúdos diversos . Não é segredo que o que dita a comunicação na sociedade contemporânea é a internet, com seu infinito leque de recursos incrivelmente acoplados em um único lugar: a sua tela. Tempos modernos, onde é o consumidor quem coloca as regras e faz o jogo, literalmente, se assim ele desejar. Faz o jogo, produz o filme, edita a música e a capa do álbum. Uma nova forma de se comunicar com o mundo surge, novos hábitos, uma expansão do pensamento. E essa tão forte presença das novas mídias em nosso dia-a-dia gerou a necessidade da reestruturação das outras, até então ocupantes deste espaço. Não, claro que elas não são substituíveis. Na minha opinião de leitora e espectadora, nada se compara ao prazer de folhear as páginas de um livro, de preferência com uma caneca de café ao lado. Ou a pipoca com guaraná em frente à telona do cinema que você não tem em casa. Pequenos detalhes que fazem a praticidade ficar em segundo plano. Mas e aquela semana em que os compromissos ocupam todo o espaço? Aí a gente recorre sem pestanejar às maravilhas da modernidade. O jornal deixa de ter cadernos, e

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no próprio telefone, que você usa para escutar sua seleção personalizada de músicas enquanto vai para o trabalho, já se leem as notícias do dia, responde-se aquele e-mail urgente e ufa! Precisaríamos de um dia de 48 horas, se não fossem tantos os recursos. A realidade é que temos dias atribulados, a vida exige uma dinâmica rápida, prática e objetiva. Uma pesquisa, realizada em 2011 pela empresa norte-americana ComScore, aponta que 84% dos internautas com 15 anos ou mais assistem vídeos na Internet (uma média de 79 vídeos por mês). Esse dado define bem quem somos nós, consumidores do século XXI. Tempo e dinheiro batem de frente, é claro que tantos recursos não viriam sem um preço... Pagamos caro pela comodidade e acabamos por nos tornar adeptos do “cinema em casa”. Lazer e ócio tornaram-se artigos de luxo. A telona, um delicioso luxo, porém já na linha dos produtos de segunda necessidade. É, a adaptação dos meios fez-se imprescindível, e quem não está receptivo a “upgrades sociais” só tem a perder. A lei da mídia atual é o custo zero: aquele que se recusa a disponibilizar seu material, está perdendo mercado. Disseminar a filantropia obviamente não é o objetivo, o interessante é pensar que até mesmo


os meios de obtenção de lucros mudaram, a via é de mão dupla. Perde-se em bilheteria, ganha-se em visibilidade. Quanto mais visibilidade, mais lucro com propaganda. E por sua vez, o consumidor lucra também, ganhando um mercado de mídia mais democrático. Para a indústria cinematográfica, resta o desafio de cativar o público; e nessa difícil missão a internet pode ser uma aliada e tanto! Para se ter uma ideia, em 2007, pela primeira vez na história do Brasil, foram vendidos mais computadores do que televisores. O cenário audiovisual tem mudado. Um quesito que se tornou muito importante é a interatividade, essa conexão que permite que possamos ser mais que meros receptores e tenhamos de fato um papel participativo. Passamos a ser parte do elenco. O que não significa que os filmes estejam em baixa. O consumo caseiro de material cinematográfico tem gráfico crescente, seja de forma oficial ou não-oficial, quer dizer, meios legais ou não. Essa realidade pode mudar com o recente projeto-de-lei da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, instaurado com o intuito de vetar a pirataria, o SOPA (Stop Online Piracy Act). O projeto amplia os meios legais para que detentores de direitos de autor possam combater o tráfico online de propriedade protegida e de artigos falsificados. O que deve reduzir significativamente o fluxo de acesso às mídias online e vem causando polêmica e indignação aos assíduos do mundo virtual. Esta é talvez uma tentativa de alterar o quadro da redução das bilheterias. Pouco provável, portanto, que uma mudança comportamental (positiva?) se dê por meio de repressão, visto que, uma vez que tivermos meios livres de informação e nos munirmos de conhecimento, dificilmente não brigaríamos contra uma “ditadura virtual”. Compreender e aprofundar conhecimentos, agregar valores e conquistar espaço democraticamente, mídias digitais como auxiliares da cultura. Cinema, teatro, cada coisa em seu lugar.

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Nathalia Pires

CURTA O CURTA: PEDAÇO DE PAPEL

Até onde somos capazes de ir por dinheiro? É o questionamento levantado por Cesar Raphael, que escreveu, dirigiu, produziu e atuou no projeto de curta metragem Pedaço de Papel. O premiado minifilme retrata os vários caminhos que uma nota de dinheiro pode percorrer, apontando para diversos problemas sociais. Como é o caso da prostituição, corrupção na polícia, tráfico e também violências mais sutis (porém não menos agressivas), por exemplo, o atentado à boa- fé alheia. Um projeto independente, executado com orçamento escasso e bastante suor de uma equipe de mais de 200 profissionais, que no final deu supercerto. Depois de concluído, o sucesso foi tamanho que inspirou a produção do longa “The Traveler”, sendo produzido atualmente em Los Angeles, Estados Unidos, com orçamento estimado em US$ 6,5 milhões. Projeto de Thiago Bento, com roteiro do próprio Cesar Raphael e Amanda Moresco, nada menos que filha de Bobby Moresco, produtor de Crash e coprodutor de Menina de Ouro. Impressiona o currículo de Cesar que, com apenas 15 anos e o incentivo do pai, montou sua produtora de vídeo, a

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“Jam produções”; hoje, com 25 anos, carrega na bagagem dois curtas (O Jogo e Pedaço de Papel), 9 prêmios e uma futura produção Hollywoodiana. As gravações irão começar no primeiro semestre deste ano, com previsão de estreia para o final de 2013, e será ambientado no Brasil e em Nova Iorque.


Comunicação Interativa Para fazer a divulgação do filme Pedaço de Papel e de seu lançamento em Belo Horizonte, a Lumiart elaborou um planejamento com ações voltadas para as mídias espontâneas e para as novas tecnologias, sobretudo, as redes sociais. O trabalho de assessoria de imprensa foi realizado junto à grande mídia e às mídias especializadas em cultura. Por meio de um contato individualizado e direto com os jornalistas, apresentaram-se o projeto do filme, as premiações recebidas e o evento de lançamento. Como resultado, mais de 40 veículos de Belo Horizonte e do interior de Minas, entre TVs, rádios, jornais e sites, veicularam notícias sobre Pedaço de Papel. Já em relação às novas mídias, apostouse na divulgação do projeto por meio de

uma música-tema do filme e de um clipe promocional. Em apenas três semanas o acesso ao vídeoclipe ultrassou a marca de 2.000 acessos no youtube. Esforços também foram direcionados à convergência midiática. Por meio do blog do Pedaço de Papel, buscou-se a integração entre Twitter, Orkut, Facebook, Youtube, Flickr, entre outros, estimulando a interatividade. Constantemente atualizado com notícias, vídeos e fotos, o blog serviu como fonte de informações não só para o público, mas também para a imprensa. Como resultado de todo o trabalho, mais de 700 pessoas compareceram ao evento de lançamento, ocorrido no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes.

(Retirado do site oficial: www.lumiart.art.br)

Fenômeno nos festivais, a trama arrebatou 12 prêmios ao redor do mundo, entre eles: Melhor Curta-Metragem (escolha do público) - Festival Internacional de Cinema de Itu (2009) Melhor Diretor, para Cesar Raphael, e Melhor Curta-Metragem (2º colocado) - Los Angeles Reel Film Festival (2009)
 Merit Award - The Acollade Film Awards (2010)
 Melhor Curta-Metragem - Gasparilla International Film Festival (2010)
 Melhor Diretor, para Cesar Raphael, e Melhor Curta-Metragem - The Indie (San Diego’s Independent Film Festival - 2011)
 Melhor Curta-Metragem em Live Action - World Fest Houston (2011) Melhor Curta-Metragem - Los Angeles Brazilian Film Festival (2011)
 Prêmio de Excelência - Curta-Metragem e Direção - Best Shorts Competition (2011)
 Prêmio de Mérito - Criatividade/Originalidade - Best Shorts Competition (2011)

O filme e mais informações estão disponíveis na web, de forma oficial e gratuitamente pelo site: www.lumiart.art.br Vale a pena conferir.

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música

Juliana Antunes

Carne e Carnaval

Nas ruas de Belo Horizonte; uma manifestação cultural!

Alcova Libertina Os Libertinos Unidos pelo conceito da Antropofagia, Beto Mundinho, Bruno Medeiros, Cabelos ao Vento, Cris Noli, Gerinha, Ivan Martimer, Rafael Ludicanti e Renata Languardia se motivam a trabalhar criativamente em um apartamento, na praça do Santa Tereza, desde abril de 2010. Abster de preconceitos, ser espontâneo,viver na imprevisibilidade, seguir o próprio ímpeto e acreditar no que faz – mesmo sem a certeza disso são algumas características dos libertinos. O Atelier Inspirados no romance de Marquês de Sade, Filosofia na Alcova, o atêlier da Alcova Libertina foi criado para questionar o formato das produções artísticas e ter uma linha de produção própria. Seguindo as próprias regras e sem concessões, Cinema, Desenho, Design, Fotografia, Literatura, Música e Pintura movem o apartamento da Alcova. Além de espaço para oficinas ministradas ao público, o atelier funciona como acervo particular de novos artistas. A Fabulosa Banda Dionisíaca dos Libertinos Por não acreditar que tem que se adaptar ao carnaval de rua como ele geral-

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mente é feito – somente com marchinhas, o carnaval da Alcova é um evento fixo, no coreto da principal praça do Santa Tereza. O processo cocriativo entre as bandas acontece no atelier, onde quase todos os membros são músicos. Na formação da Fabulosa Banda Dionisíaca dos Libertinos, estão os membros da Alcova, alguns membros do Fritto na Hora, Graveola e Lixo Polifônico, Queijo Elétrico,Vermute, Transmissor, Dead Lovers e Junkie Dogs. Alegoria do atelier, o bloco da Alcova é uma forma de transpor o “way of life” dos integrantes. Ganha contexto e se comunica com pessoas que têm resistên“Vou me embora agora, não me leve a mal, mas hoje é carnaval e isso não é nem um estigma, é a razão de ser do carnaval.” cia, porque é carnaval! “O carnaval é um evento libertino. Um país inteiro pára por dias. Existe essa essência de livre, pois ninguém vai ficar sabendo do que aconteceu”, afirma Rafael Ludicanti. Com um repertório que começa nos anos 60 e chega até 2012, a Fabulosa Banda Dionisíaca dos Libertinos fez a noite do domingo de carnaval do Santa Tereza. Blur, Bob Dylan, The Beatles, The Mammas & The Papas, The Rolling Stones, The White Stripes, The Strokes e os Tropicalistas são interpretados juntamente com a Marchinha da Alcova e o samba autoral: O carnaval não tem fim.


Chuta! Chuta! Chuta! Chuta, a Família Mineira! Os moralistas estão chegando Mas os Libertinos não os deixarão passar Estão montadas as nossas barricadas Das torres de marfim podemos ver descortinada a ilusão Os moralistas, com seu juízo Querem calar a esperança e o sorriso Mas no Carnaval, a Alcova Libertina vai trazer o vendaval Os moralistas, com sua batuta Estão tentando nos impor sua conduta Os moralistas, com suas conquistas Querem riscar os nossos nomes das suas listas Os moralistas, com sua batina Querem fechar a Alcova Libertina (Trecho extraído da Marchinha da Alcova, Rafael Ludicanti)

Liberdade ainda que agora: Batuque para Zumbi Organizado por meio de um evento no Facebook, o bloco surgido em 2012 saiu nos dias 18 às 13h e 20 às 00h do Instituto Helena Greco localizado na Hermílio Alves, 290, Santa Tereza. Seguindo trajetos pelo bairro até a Praia da Estação - manifestação cultural ocorrida aos sábados na Praça da Estação, para se encontrar com outros blocos. O bloco, que questiona a resistência das ocupações urbanas, conta com duas alas -a dos Burgueses Caricatos e a das Casas Populares- e teve a participação de Pedro Rennó, Firmirinia Rodrigues, Kenny Mendes, Thiago Almeida, entre outros. Apesar da tentativa de censura do advogado do presidente da Câmara de Belo Horizonte Léo Burguês, a marchinha “Na coxinha da Madrasta”, de Flávio Henrique, inscrita no concurso de marchinhas da Banda Mole para o carnaval de Beagá é um dos ritmos do bloco.

Marchinha “Na coxinha da Madrasta” Não sei se é ladrão Pervertido ou pederasta E tem gente metendo a mão Na coxinha da madrasta Milhares de reais por mês Pro lanchinho do burguês Milhares de reais por mês Pro lanchinho do burguês E o nosso dinheiro ele gasta Na cozinha da madrasta Na cozinha da madrasta Tira a mão! Tira mão! É hora de dar um basta A grana da população foi parar Na cozinha da madrasta Agora Beagá Já tem Édipo e Jocasta Em Burgês pôs o seu cigarrete

Outros Blocos do carnaval de 2012: do Aproach do Angu do Beijo Elétrico da Cidade Cacete de Agulha Coletivo Delírio Cuequinhas do papai Filhos de Tcha Tcha Fora Lacerda! do Grito Mamá na Vaca do Manjericão de Moreré Pão Molhado Do Peixoto Podia ser Pior da Praia da Estação da Simone Santo Bando S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L da Tetê, a Santa do Tico Tico Serra Copo Trema da Linguiça Unidas dos Grandes Lábios Unidos do Barro Preto Unidos do Samba Queixinho Vira o Santo Vi Uvas no Carnaval

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HOJE TEM SAMBA, TEM TERESA O Grupo Teresa surgiu em março de 2010. Durante essa trajetória tocou em diversos bares de BH em que o samba e a MPB são o repertório principal. Dentre os locais que as meninas tocam atualmente, se destacam os bairros Santa Tereza e Santa Efigênia, sinônimos da boemia belorizontina Como foi que nasceu o Grupo Teresa? Pedaço: O grupo nasceu de encontros inusitados. Soraya e eu nos encontramos na Praça 7 e depois de muita conversa descobrimos a afinidade da música. Já tinhamos o pandeiro e a voz, só faltava um violão. Foi quando ela recebeu um convite pra tocar em um bar e comentou com a Lui, que topou o desafio. Luiza: No dia tinham varias apresentações, e como não tivemos muito tempo para ensaio, foi uma semana só, foi um fiasco. Mas a gente curtiu a ideia de fazer um som juntas e começamos a ensaiar e escolher o repertório. E a cada encontro surgiam coisas novas e viemos trabalhando nisso até hoje. Pedaço: Aí formou! Num susto gostoso. E vocês já eram envolvidas com música quando formaram o grupo? Soraya: No meu caso, tinha contatos, frequentava o cenário do movimento musical de BH, mas nada profissional. Luiza: Bom, eu comecei tocando percussão, né?! Meu pai é músico e eu comecei no palco com ele. Sempre que eu podia, tocava uma música ou outra no violão, fazendo participações nos shows dele ou de outros músicos. Mas nunca imaginei que viesse a formar uma banda onde eu seria a violonista. Isso foi um desafio pra mim.

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Pedaço: Eu não... seguia tocando em meu quarto, pra curtir. Cada uma de vocês vem de um estilo musical. Como vocês caíram no samba? Luiza: Eu tenho uma pegada no violão mais MPB e bossa, mas cresci ouvindo samba e quando a Soraya me chamou pra tocar topei na hora! Pedaço: Minha estrada até o samba tem muitas curvas interessantes. Eu venho do rock e por meio dele conheci Cássia Eller, uma das minhas referências musicais. Além do rock, ela passeava por diferentes estilos e um deles era o samba. Foi nesse momento que os meus caminhos do rock e do samba se cruzaram. Aí virei na esquina do samba e por esse caminho me perdi, ou me encontrei, né? É um mexido musical muito bom! Soraya: Sempre escutei MPB e samba por influência da minha mãe e frequentava os movimentos culturais de BH voltados para essa vertente… Quais são as referências do Grupo Teresa para fazer o som da banda e escolher repertório? Soraya: Adoniran Barbosa, Cartola, Noel, Pixinguinha, Bezerra, Nelson Sargento, Vinicius, Erasmo Carlos. Pedaço: Gostamos de músicas animadas,


porque tentamos passar uma energia boa pra quem nos escuta. Interpretamos diferentes compositores... Luiza: Fazer essa mistura de ritmos é que deu a nossa cara no samba. A gente vem trabalhando em fazer coisas diferentes, reinventar as músicas dando uma nova roupagem a elas. Dentro do samba, eu sempre gostei muito de Cartola, Noel e Chico. E essa pegada samba-canção, misturado com partido alto e samba de roda, deu certo. Pedaço: Sobre Noel Rosa houve uma situação

“...tocar junto é sempre muito bom. Digo que é uma orgia boa. (risos)” muito inusitada. Logo no início, início mesmo, da minha amizade com a Soraya estávamos em um bar e ela batucando na mesa cantou ao garçon a música “Conversa de Botequim”. Tanta espontaneidade me causou certo estranhamento, mas ao mesmo tempo fiquei alegre e ainda fico toda vez que a escuto cantando, pois visualizo a cena do sujeito malandro, dobrando o garçon e o tempo. Um tempo que para ele passava devagar. Luiza: Quando começamos a escolher o repertório, vimos que estávamos fazendo um resgate do bom samba, tocando Nélson Cavaquinho, Noel, Clara Nunes, Zé Kéti, Paulinho da Viola e misturando com os sambas atuais, Martinho, Zeca, Roberta Sá e Mart’nalia. E nesse meio, como eu e a Pedaço viemos de outras vertentes musicais, resolvemos trazer isso pro repertório também, colocando a MPB numa pegada mais samba-rock.

A banda tem pouca estrada mas já tem música própria. Como funciona a parte de composição dentro do grupo? Pedaço: Nossa! É uma sintonia muito bacana que há. Existe uma letra que unimos a uma melodia e, por fim, um jeito de cantar. Luiza: Compor é a parte mais gostosa da música, tanto no processo de criação, pegar o violão e fazer nascer uma melodia, quanto na hora de mostrar para o público. Nossas músicas nasceram assim, a Pedaço fazia a letra, eu já dava esboço em uma melodia e depois vamos delineando uma música com a voz da Soraya. É um processo bacana... Pedaço: Não há nada pronto, cada uma modifica a composição naquilo que lhe agrada. Eu já vi o Grupo Teresa dividindo os palcos com outros músicos convidados e também fazendo participação em shows. Rola essa união, um apoio por parte dos músicos? Luiza: O cenário musical vem se estendendo, né?! Muitos músicos e muitos palcos. Acaba que criamos uma amizade dentro do nosso trabalho. Todos querem ajudar e fazer junto. Soraya: Temos muitos amigos e parceiros que estão na torcida pelo nosso sucesso, acreditamos que existe espaço para crescimento de todos no cenário da música e as Januária Vargas

E esse som tem alguma característica marcante? Pedaço: Tem a nossa alegria. Fazemos o que foi um dia ser novamente, com um jeito de fazer que é bem nosso. Soraya: ... inovações por meio de releituras e resgates do Samba e da MPB, isso é uma marca do Grupo.

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parcerias só engrandecem o show para apresentarmos ao nosso público! Pedaço: ...tocar junto é sempre muito bom. Digo que é uma orgia boa. (risos) E os planos da banda, quais são? Novos projetos? Pedaço: Nossa... planos temos muitos! Luiza: Vem um projeto aí pela frente que vamos fazer um resgate do samba-canção, contando um pouco da história de compositores e intérpretes das décadas de 30 a 60. A abertura, que deve acontecer em março, entra com Noel Rosa puxando o carrochefe. Reviver suas canções é uma honra

Pedaço: É muito gratificante. Achamos que o nome “Grupo” surge daí. Porque apesar de nós três estarmos no palco, Teresa só está completo quando o público canta junto. Soraya: O Grupo correu muito atrás, por meio de divulgação (mídias sociais, jornal, programa de tv, boca-a-boca), shows, pesquisamos a opinião do público sobre o repertório e além de tudo teve a ajuda de nossos fiéis amigos e familiares que acreditam em nosso potencial. Quando vimos tínhamos conquistado o público que vem crescendo e nos surpreendendo a cada dia. No show do Grupo Teresa tem alguma música que a galera pede pra tocar? Voz: Soraya Veiga

Percussão: Fernanda Régila (Pedaço) Voz e violão: Luiza Leandro

para nós... mas vamos mostrar também o trabalho de Orlando Silva, Silvio Caldas, Dunga, que também foram fundamentais nesse processo. Soraya: Ah, gravação de um cd demo e um clipe para divulgação!

Pedaço: Me surpreende quando pedem músicas autorais que ouviram em outros shows. Soraya: Somos sempre surpreendidos por pedidos inusitados, mas os clássicos de Noel Rosa - Com que Roupa, Fita Amarela - se destacam.

E em pouco mais de um ano, vocês já contam com um público fiel nos shows. Como é isso?

E pra terminar, tem algum samba que defina o Grupo Teresa?

Luiza: A receptividade da galera é que nos faz continuar. Começaram com os nossos amigos, no inicio né, mas hoje já temos pessoas que acompanham nossos shows e que conheceram nosso trabalho na noite.

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Todas: Samba de teresa – música autoral! Contato: (31)99176179 – Marilene Veloso (31)86482989 – Luiza Leandro grupoteresa.wordpress.com


Agora vou mudar minha condu Eu vou prá luta, Pois eu quero me arrumar Vou tratar você com força bruta, Prá poder me reabilitar Pois esta vida não está sopa, E agora, com que roupa, eu vou Pro samba que você me convidou me convidou Com que roupa eu vou, com qu roupa eu vou? Pro samba que você me convidou Seu Português agora deu o fora, foi embora, E levou seu capital Esqueceu quem tanto amou outrora E foi no Adamastor prá Por tugal. Pra se casar com uma cachopa E agora com que roupa, eu vou Pro samba que você me convidou me convidou Com que roupa eu vou, Com que roupa eu vou, Pro samba que você me convidou 17


É na esquina da vida Que assisto à descida De quem subiu... Faço o confronto Entrepronto o malandro E o otário Que nasceu pra milionário EObservo na esquinao valor da vida Que o homem dá à mulher e ao amor E é por isso que ela Em qualquer situação Zomba da gente, sempre cheia de razão É na esquina da vida Que espero ver você Estendendo a mão E implorando Já desiludida O meu perdão xxxxx

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Sthefanny Gozze

Sem temer a Boemia Um dos maiores compositores de música popular brasileira do século XX, Noel Rosa não tinha medo de viver uma vida regada a promiscuidade Quem vive sambando leva renomados, como Cartola, a vida para o lado que quer. Dorival Caymmi, Ary Barroso Este trecho da letra “Capri- e Adoniram Barbosa comcho de Rapaz Solteiro”, do pletavam a cena dos sambismusicista Noel de Medeiros tas da gema carioca da época Rosa, popularmente conhe- de ouro do carnaval nacional. cido por Noel Rosa, resume Com o passar do tempo, sua experiência em vida. Noel sempre marcava preFilho de Martha de Medei- sença na boêmia e até largou ros Rosa, professora, e de Manuel Garcia de Belo Horizonte Medeiros Rosa, comerciante, Noel cresceu em Deixa que eu conte O que há de melhor pra mim ambiente modesto no Não é o bordão deste meu violão bairro Vila Isabel, zona Nem é a prima que eu firo assim norte do Rio de Janeiro. Não é cachaça Na adolescência aprenNem a fumaça deu a tocar bandolim, Que no meu cigarro vi e de tanto ouvir e parBelo Horizonte ticipar dos encontros de Deixa que eu te conte samba, os dedos, facilBem mesmo é estar aqui... mente deslizaram sobre as cordas do violão. Belo Horizonte Na década de 1930, Atrás do monte suas composições voltaRosinha deu pro Leitão Arrependida se pôs a chorar das para temas do cotidiJurado que nunca mais ia dar ano e amor, ganharam Porém, no outro dia, prestígio entre os músiLeitão comia cos e entre a classe méNa cama outro jantar dia, que ouvira suas canE a Rosinha, ções por meio do rádio Tão pobrezinha, (era o auge da difusão De inveja quis se matar... do rádio no país): “Com que Roupa?”, “Dama do Cabaré”, “Gago Apaixonado”, a faculdade de medicina “Fita Amarela”, “Três Apitos” (chegou a cursar dois anos) e “O X da Questão” foram para se dedicar à vida artística, às músicas que o lançaram a qual lhe dava pleno prazer ao sucesso. Nessa mesma (nos intervalos das aulas ele época, outros compositores compunha). Entre rodas de

samba, cabarés, mulheres, cigarros e álcool, Noel vivia a vida que queria. Mas por ironia do destino, ainda jovem, aos vinte e poucos anos, entrou em uma batalha contra a tuberculose. Por causa da doença, fazia viagens periódicas em busca de clima puro, tendo chegado a residir em Belo Horizonte uma temporada. Ele gostou tanto da cidade que compôs uma canção. Sem temer a vida boêmia e na volta para o Rio de Janeiro, rapidamente caía na farra na região do centro e nas ruas da Lapa, sem abrir mão do cigarro, da cachaça e das amantes. Sua mãe e sua esposa Lindaura (da alta sociedade do RJ) o acompanharam até o fim. Em quatro de maio de 1937, no aconchego de sua casa em Vila Isabel, aos 26 anos, Noel partira. Deixou um legado de mais de 250 composições e é tido por gênio musical entre os mais importantes sambistas brasileiros. Suas músicas, muitas de teor humorístico são cantadas nas marchinhas de carnaval, mantendo viva a condição que um bom samba de morro tem.

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A Escola Unidos de Vila Isabel no desfile carioca de 2010 preparou enredo de carnaval com o samba intitulado “Noel: A presença do poeta da vila”, autoria de Martinho da Vila. Na época, a escola não ganhou o título, mas, perdura a relevância musical que ele deixou para nós. Noel Rosa foi uma daquelas pessoas que vivem intensamente, sem medo de ser feliz. Teve uma vida breve, recheada de poesia e não menos que brilhante. Escreveu algumas radionovelas, gostava de desenhar caricaturas, não se prendia à labuta, gastava tudo o que Esquina da Vida É na esquina da vida Que assisto à descida De quem subiu... Faço o confronto Entre o malandro pronto E o otário Que nasceu pra milionário E na esquina da vida Observo o valor Que o homem dá à mulher e ao amor E é por isso que ela Em qualquer situação Zomba da gente, sempre cheia de razão É na esquina da vida Que espero ver você Estendendo a mão E implorando Já desiludida O meu perdão Para eu dizer que não

tinha nos vícios e com prostitutas, não se importava em dormir nos bancos de praça. Ernani Braga (músico guitarrista e produtor), formado na Escola de Música do Palácio das Artes, colabora com a Prosa sobre sua posição: Qual a contribuição de Noel Rosa para a música popular brasileira? Ernani Braga: Um dos ícones do samba, Noel contribuiu na difusão do samba carioca para o mundo com suas letras bem humoradas e ao mesmo tempo críticas.

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Para você, como os mineiros enxergam Noel? E.B.: Os mineiros adoram Noel Rosa. Creio que ele foi, é e sempre será fonte de inspiração para compositores, instrumentistas e sambistas em geral das montanhas de Minas. Com que roupa? Agora vou mudar minha conduta Eu vou prá luta, Pois eu quero me arrumar Vou tratar você com força bruta, Prá poder me reabilitar Pois esta vida não está sopa, E agora, com que roupa, eu vou, Pro samba que você me convidou, me convidou Com que roupa eu vou, com que roupa eu vou? Pro samba que você me convidou? Seu Português agora deu o fora, foi embora, E levou seu capital Esqueceu quem tanto amou outrora E foi no Adamastor prá Portugal. Pra se casar com uma cachopa E agora com que roupa, eu vou, Pro samba que você me convidou, me convidou Com que roupa eu vou, Com que roupa eu vou, Pro samba que você me convidou. Agora estou pulando feito um sapo Pra ver se escapo Dessa praga de urubu O meu paletó já virou estopa Eu vou acabar ficando nu Pois esta vida não está sopa E eu não sei mais com que roupa, eu vou Ao samba que você me convidou, me convidou, Com que roupa, eu vou, com que roupa eu vou? Ao samba que você me convidou...

Em BH tem algum ponto de encontro que faz questão de pôr as músicas de Noel Rosa? E.B.: Conheço várias bandas, cantores e músicos mineiros que têm músicas dele em seus repertórios. Nos barzinhos mesmo sempre tem alguém tocando ou alguém pedindo alguma canção do Noel. Homenagens e tributos também sempre acontecem em Belo Horizonte.

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literatura HQ’s

! E M LEIA

do!” n e d n e v u o t s e “Eu fiz e

Lacarmélio Alfêo de Araújo nasceu em Itabirinha, Vale do Rio São Mateus e se mudou com toda a família para Belo Horizonte em 1972. No começo da década de 80 lançou de maneira independente as suas primeiras revistas em quadrinhos, Celton. Em seguida vieram diversos personagens e títulos, sempre com o bom humor das ruas e assuntos da cidade ou do pais. Desde então ele se dedica a todo o processo de criação, elaboração, diagramação, publicação e venda de suas revistas. No início da década de noventa, lançou a revista Belô, com a cidade de Belo Horizonte como cenário. Em pouco tempo a revista voltou a chamar Celton. Conhecido como o maior vendedor independente de quadrinhos no Brasil, pode ser visto frequentemente pelos sinais da cidade, com sua moto e sua grande placa amarela com os dizeres Leia Celton. Com toda essa dedicação e paixão pelo trabalho, Lacarmélio se tornou uma lenda urbana da capital mineira e vem conquistando também leitores em São Paulo, onde tem planos de fazer da cidade, mais um cenário de seus quadrinhos.

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“Celton é o nome da personagem que eu criei para as histórias em quadrinhos. Virou o meu nome!”

“Eu não largaria a revista para fazer outra coisa. Mesmo que ganhasse mais dinheiro. É minha paixão total!”

“Por sair mais na mídia tem uma cobrança que não existia antes, inclusive, comportamental.”

“Lacarmélio, eu, danço de acordo com a música.”

(Lacarmélio, tentando se definir, deixando o CELTON, personagem, um pouco de lado)

(Lacarmélio, falando da sua paixão pela revista)

“Hoje eu estudo desenho como não fazia antes. Como nunca na minha vida.”

“Eu sou o tipo que não acredita muito em talento e sim, na pesquisa e dedicação. É isso que eu acredito!”

“Desenhe 50 vezes, é como decorar poesia.”

“A rua é como se fosse a minha loja, com balcão e tudo.”

(Lacarmélio, em entrevista ao Globo Repórter)

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artes visuais xxxxx

bruno grossi(begĂŞ)

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thiago valle

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polivoz xxxxx

Sthefanny Gozze

Entre pegadas na cidade Passos de diversos ritmos descobrem novas possibilidades ao transitar os espaços urbanos de Belo Horizonte

Despertar, levantar, tomar café, ir ao trabalho ou estudar são atividades que fazem parte do cotidiano das pessoas. Mas, a rotina pode ser imprevisível e pegar-nos de surpresa na volta para casa. Alguns espaços públicos da cidade belo-horizontina atuam de alguma forma com a arte democrática. O viaduto Santa Tereza, a Rodoviária, o Metrô, a Praça da Liberdade, o Parque Municipal são pontos específicos da cidade onde a presença artística é fortemente estabelecida. Quem não se deparou com os shows e apresentações teatrais na hora do rush do metrô da estação central? O projeto Quarta Cultural do metrô leva mensalmente músicas de qualidade com cantores locais e nacionais para a população desfrutar de um happy hour enquanto espera o trem chegar. A orquestra filarmônica de Minas Gerais apresenta-se gratuitamente na Praça da Liberdade, às vezes em carne e osso e, às vezes, em tela gigante. Trata-se de uma maneira interessante e considerável de levar a música erudita para aqueles que não têm possibilidade ou simplesmente porque a desconhecem. Até a banda Hocus Pocus, já de renome

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entre as bandas covers de Beatles em BH, teve sua parcela de exposição para celebrar as noites de domingo com muito rock in roll. Quem tem o costume de viajar, seja a trabalho, seja por lazer, certamente já se deparou com inúmeras atividades recreativas na rodoviária. Também há shows ao vivo, eventualmente numa das áreas mais fresquinhas e arborizadas da cidade, o Parque Municipal. De vez em quando, aos domingos e/ ou feriados, há espetáculos regados de samba, música popular brasileira, chorinho e estilos variados que alegram a população, em um ambiente aconchegante e familiar que o parque propicia. Sem falar no famoso viaduto Santa Tereza, que desde a década de 1990, é considerado um dos patrimônios urbanos do estado de Minas Gerais. É palco de atividades artísticas, como dança, música, intervenções teatrais e poesia. Semanalmente, há quatro anos, na parte inferior do viaduto, têm ocorrido apresentações de duelo de MC’s. O estilo hip hop tem agregado valor junto ás comunidades locais. E o duelo, como é de hábito, é regido por assuntos específicos que dão o tom na construção das rimas.


Sobre o duelo, confira a entrevista que o happer Fabrício FBC esclarece para a Prosa: Como surgiu o movimento do duelo dos MC’s no viaduto Santa Tereza? E por que a escolha do viaduto? BH não teria uma opção mais adequada? Fabrício FBC: O duelo surgiu de confraternizações onde os MC’s se encontravam na Praça Sete, domingo sim, domingo não. O aumento da demanda de MC’s e a ocorrência da liga dos MC’s em BH motivaram um coletivo e esse mesmo grupo começou a se encontrar na Praça da Estação todas as sextas-feiras. Com o passar do tempo foi ficando difícil manter o espaço. Daí veio a ideia, em um dia de chuva de levar o duelo para debaixo do viaduto Santa Tereza, no qual permanecemos até hoje. Por ser um lugar esquecido marginalizado, era um local ideal para manifestação da cultura hip-hop, pois lá precisa de intervenções culturais que reivindiquem direitos a população. Este é o consenso geral dos organizadores e do público, pois outros lugares da cidade não dariam a originalidade que o evento carrega desde o início. O duelo dos MC’s se apresenta desde que ano e quantas vezes por semana? Fabrício FBC: Desde 2007, toda sextafeira começando às 21 horas com término à meia-noite (exigência da prefeitura). Em quais locais de BH são encontrados os espaços para grafites?

Fabrício FBC: Em todos os lugares: esgotos, viadutos, prédios abandonados e galerias de arte. O grafite em BH é um dos mais sólidos e expressivos do país, com inúmeros nomes de peso como Hiper e Da Lata, entre outros. Qual a relação do grafite com o hip hop? Fabrício FBC: Todas possíveis, apesar de o grafite ter vindo antes que o hiphop, os dois não seriam o que são se essa junção não tivesse sido feita nos meados dos anos 70. Que graça teria a festa sem dança? A dança sem expressão, expressão sem arte, arte sem ritmo, ritmo sem batida... Alguém que leve isso à massa de forma responsável e consciente, a relação do grafite com o hip hop e cumplicidade e amor respeitando as diferenças e crenças isso traz a excelência ao hip-hop. A seu ver, as pessoas apóiam a atitude do grupo e suas apresentações? Fabrício FBC: Sim, apesar do oba-oba que alguns enxergam ou praticam, a porcentagem de quem acredita no hip hop como agente de transformação social é maior do que aqueles que nasceram para os comentários e maldições. O mais belo do duelo é a unidade das pessoas que têm fé num futuro mais sustentável e digno para todos. Saiba mais sobre o trabalho dos MC’s. É só ir ao blog e conferir: www.duelodemcs.blogspot.com Ilustração da matéria por Thiago Valle

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polivoz

NELSON BORDELLO Trata-se de um espaço de experimentações artísticas, gastronômicas e comportamentais, que homenageia os bordeis da antiga zona boêmia na Rua Guaicurus, como o famoso Montanhês comandado pela lendária Hilda Furacão

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Numa esquina fica a Praça da Estação, na outra a Serraria Souza Pinto. Logo em frente, está o Viaduto Santa Tereza. Abaixo deste, o palco em que MC’s realizam duelos de rap e jovens organizam o movimento Praia da Estação, fazendo da rua Aarão Reis o endereço preferencial da arte urbana belo-horizontina. Em meio a esse cenário efervescente da revitalizada região central da capital, no número 554 da mencionada rua está o bar, restaurante e cabaré Nelson Bordello. A programação, sempre diversificada, traz novidades de terça-feira a domingo. Tem para todos os gostos. Toda terça-feira acontece o Momento Literário, espécie de strip-tease poético em que convidados especiais exibirão seus versos mais despudorados. Na quarta-feira, o Nelson Bordello assume, de uma vez por todas,


seu lado cabaré com pocket shows apimentados, capazes de remexer no túmulo o travesti Cintura Fina, fiel escudeiro de Hilda Furacão.

Histórias de Nelson Contam, não se sabe ao certo, pois tudo sobre a pessoa de Nelson Bordello está revestido de um pesado veludo vermelho de lendas, inverdades, suposições, difamações e doenças sexualmente transmissíveis. Do que se sabe, no entanto, vem de depoimentos orais que se perdem e se confundem a um mar de lendas entrelaçadas a de tantos outros personagens não menos eloquentes e cheios de espirituosidade e amor pra dar. A seu respeito pouco podemos afirmar, pois sua figura tem o carimbo do clichê, do cinema feito na boca do lixo, de um homem maneiroso, cabelo brilhantina, impecavelmente elegante e cheirando a água velva. Soma-se a tal clichê a dedicação férrea, comparada à de um funcionário público exemplar, à vida boêmia, à libertinagem, ao vício do jogo de azar e, em igual teor, ao vício às drogas legais e ilegais, sendo essas últimas consideradas por ele também como muito legais. No mais, as histórias de vida desse homem de fala mansa e mão leve não passam de especulações. Em nossas sondagens teve até quem afirmasse categoricamente que Nelson Bordello formou-se advogado na África do Sul, tendo defendido uma única causa: a da guerrilha armada. Acreditar ter ele sido terrorista fica até improvável, diante de outros depoimentos colhidos que alegam que, se por acaso o nosso personagem desempenhou uma atividade qualquer, essa foi a de cancioneiro de pérolas musicais. Aqueles que defendem essa tese contam, como se tivessem lendo passagens bíblicas, que Nelson era um exímio tocador

de cavaquinho, instrumento que depois viria a trocar pela paixão pelo pinho, tocado soberbamente com apenas dois dedos da mão direita, deixando boquiabertos seus amigos mangueirenses: Cartola e Carlos Cachaça. De nada podemos fazer se as pessoas que contam acrescentam um ou mais pontos. Mas são narrativas de quem admira o “seu” Nelson, de quem tem um pezinho na malandragem. De certo, de concreto, só mesmo a fidúcia de que a simples menção de seu nome é o bastante para despertar em nós, mortais que somos, o incontrolável apetite pelas coisas mundanas, a lascívia e a luxúria. O instigante nessa coisa toda é quando nos voltamos para as histórias relacionadas à sua origem, sua infância, seus amores incontáveis, os lugares por onde passou. Ao investigar o inconfessável somos sumariamente arremessados para dentro de um lugar que se parece mais com um cabaré, um bordel se preferir. Pesquise um Nelson qualquer e ajude na elucidação dessa figura, desse “menino que vê o amor pelo buraco da fechadura” e entre para a galeria daqueles que gozam a vida e dela sabem retirar algum prazer!!

Rua Aarão Reis, 554 – Centro Belo Horizonte Telefone: (31) 3564.3323 nelsonbordello@gmail.com Horário de funcionamento: de terça a quinta, das 21h às 3h; sexta e sábado, das 21h às 5h.

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Juliana Antunes

NO HORTO, UMA 8001 / 9105 Centro

Rua Pitangui, 3613

PARE

Último ponto da Av.. Silviano Brandão, 2502

Casa de Passagem Ministrado pelos caseiros Admar Fernandes, Joyce Malta e Luciana Gomes, o projeto Casa de Passagem é responsável por diversas ações culturais na região leste de Beagá. Seu atual espaço de ocupação é a Gruta! O Casa de Passagem busca dar apoio e incremento a eventos voltados para o bairro e que fomentem o questionamento das pessoas envolvidas . Querida Genoveva O Querida Genoveva tem como proposta a ocupação do espaço público para dialogar com a comunidade. Na sua primeira edição, transformou a Rua Genoveva de Souza, no bairro Horto, em um palco circense. Além disso, apresentações teatrais e uma oficina de pintura facial para crianças tomaram conta da rua, que se une à Rua Pitangui por meio da Gruta! A pretensão da ação foi convocar a população

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Av. Assis Chateubriand / Flávio dos Santos

local para uma tarde de encontro com arte e democratizar o acesso à cultura produzida em Belo Horizonte, pois o público presente não frequenta teatros, cinemas e museus da capital.

A Gruta! Baile Soul Inspirado nos antigos bailes do Seu Osvaldo e sua Orquestra Invisível, Big Boy e Ademir Lemos, que embalavam as festas pelo Brasil, o Baile Soul é uma parceria entre a DJ Black Josie e os dançarinos Walter Soul e D’mi Brown. Uma viagem pelo soul, funk e disco dos anos 70, com direito a uma passagem pelos sons dos Black Brazucas, Tim Maia, Gerson King Combo, Toni Tornado, passa pelo salão especialmente encerado da Gruta!, para que os dançarinos fiquem à vontade para deslizar na pista.


Coletivo Djeias O “Coletivo Djeias” é uma iniciativa voltada para o estímulo e a valorização das mulheres frente às pick-ups. A cada edição, o coletivo abre espaço para apresentações de sets inéditos por meio de pesquisas, experimentos e intervenções musicais. O projeto apresenta como proposta o desenvolvimento do tema “Ocupação Sonora”. Partindo do princípio de que a atuação de um DJ durante a discotecagem pode ser vista como uma “intervenção sonora” ou ocupação do espaço com sons que estimulem as pessoas a dançar, o projeto propõe a ocupação sonora coletiva concomitante. Todas as Djeias – residentes e convidadas, tocam em um duelo de DJs. Tudo começa quando uma Djeia “joga” uma música na pista com intenção de estimular o público e criar um clima sonoro. Inspiração para a música seguinte, outra Djeia deve “lançar” na sequência. Além da dependência do set , há interferência na música delas com criação de samplers, instrumentos e programas. Djeias residentes: Black Josie, DJota Experimenta, experimenta! Criado com a intenção de oferecer a oportunidade de propor intervenção na Gruta!, uma pessoa ou um grupo é convidado a ocupar e

dialogar com espaço por quatro dias para investigar, elaborar, ensaiar e testar seu projeto. No último dia de ocupação, as portas do espaço são abertas ao público que é convidado a entrar e conhecer o resultado dessa ocupação, ou dessa experimentação. A primeira edição convidou o coletivo Os Conectores www.osconectores.ato.br que apresentaram Metrotrama ao público. O segundo Experimenta!, Ninho: Festa para Dionísio e a Grande Mãe, de Viviane Ferreira, fez parte de um projeto que mescla arte e ciência, para performance ArteVida e autonomia do paciente sobre medicação que inclui a Cannabis no tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar. Tapete Vermelho O Tapete Vermelho abre o palco para realização de shows musicais de parceiros do Casa de Passagem. Já passaram por lá: Sérgio Pererê, Suvaca de Vó, Marcelo Veronez , Milena Torres e Spooler. O Bloco na Rua O Casa de Passagem carnavalizou no dia 20/02, segunda-feira de carnaval durante o dia inteiro na Rua Genoveva de Souza, nos fundos da Gruta! A Tropicália e as marchinhas tomaram conta do Horto.

O que rolou...

Programação e Informações: www.facebook.com/pages/Gruta (31)2511-6770

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xxxxxNathalia Pires

RELEITURAS DE ROMERO BRITTO: TINTA ACRÍLICA SOBRE TELA Romero Britto é um dos mais importantes nomes brasileiros da arte da atualidade. Seu trabalho, baseado em tons vivos, figuras alegres e um belíssimo arranjo gráfico, caiu no gosto popular pela alegria e autenticidade.

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Interessou? Entre em contato: Nathalia Pires – (31) 8259-8627 piresn@hotmail.com

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colaboradores



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